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CARREIRAS

JURÍDICAS

CARREIRAS JURÍDICAS

DIREITO TRIBUTÁRIO

CAPÍTULO 5
Recado para você que está assistindo às videoaulas

Prezado aluno, a princípio, estamos trazendo algumas informações relevantes para você
que está assistindo às nossas videoaulas e complementará os estudos através do conteúdo do
nosso CERS Book. Portanto, você deve estar atento que:

O CERS book foi desenvolvido para complementar a aula do professor e te dar um suporte
nas revisões!

Um mesmo capítulo pode servir para mais de uma aula, contendo dois ou mais temas,
razão pela qual pode ser eventualmente repetido;

A ordem dos capítulos não necessariamente é igual à das aulas, então não estranhe se o
capítulo 03 vier na aula 01, por exemplo. Isto acontece porque a metodologia do CERS é baseada

no estudo dos principais temas mais recorrentes na sua prova de concurso público, por isso,
nem todos os assuntos apresentados seguem a ordem natural, seja doutrinária ou legislativa;

Esperamos que goste do conteúdo!

1
Assim, os assuntos de Direito Tributário estão distribuídos da seguinte forma:

CAPÍTULOS

Capítulo 1 – Tributos 


Capítulo 2 – PARTE 1 - O Estado e o poder de tributar. PARTE 2 -

Sistema Tributário Nacional
Capítulo 3 – Competência Tributária 

Capítulo 4 – PARTE 1 - Legislação Tributária. PARTE 2 - Obrigação



Tributária

Capítulo 5 (você está aqui!) – Responsabilidade Tributária 

Capítulo 6 – Crédito Tributário 

Capítulo 7 – Suspensão do Crédito Tributário 

Capítulo 8 – Extinção do Crédito Tributário 

Capítulo 9 – Exclusão do Crédito Tributário 

Capítulo 10 – Garantias e Privilégios do Crédito Tributário 


Capítulo 11 – Administração Tributária 

Capítulo 12 – Disposições Finais e Transitórias do CTN 


Capítulo 13 – Processo administrativo fiscal 
Capítulo 14 – Processo judicial tributário. Ações de iniciativa do fisco.

Ações de iniciativa do contribuinte
Capítulo 15 – Tributação internacional 
Capítulo 16 – Aspectos tributários da Lei de Responsabilidade Fiscal 
Capítulo 17 – Aspectos tributários da Lei de Diretrizes Orçamentárias 
Capítulo 18 – Aspectos tributários da Lei n° 4.320 
Capítulo 19 – Ilícito tributário. Ilícito e sanção. Ilícito administrativo

tributário. Ilícito penal tributário
Capítulo 20 – Sistema integrado de pagamento de impostos e

SIMPLES Nacional
Capítulo 21 – Lei Complementar n.º 116/2003 

2
SOBRE ESTE CAPÍTULO

Neste capítulo, você aprenderá as principais noções acerca da responsabilidade tributária,


bem como as disposições do Código Tributário Nacional que tratam da divisão entre as
hipóteses de responsabilidade em três categorias: responsabilidade dos sucessores, de terceiros
e por infrações, perpassando os dispositivos legais pertinentes, a jurisprudência relevante aos
seus estudos e o respaldo da melhor doutrina.

Ao operador do Direito é indispensável o conhecimento acerca do Direito Tributário e de


todo o conjunto das leis reguladoras da arrecadação dos tributos (taxas, impostos e contribuição
de melhoria), bem como de sua fiscalização, considerando as relações entre o fisco e as pessoas
sujeitas a imposições tributárias de qualquer espécie.

Atente que esta disciplina é especialmente exigida em certames para Procuradoria


Estadual, com recorrência relevante também em provas para a Magistratura Estadual, Federal
seguidos por Ministério Público e Defensoria Pública.

No Direito Tributário você deve privilegiar o estudo da Lei Seca, sendo certo que o
Examinador tem predileção por disposições objetivas da letra da lei. Todavia, não deve-se olvidar
da doutrina, especialmente quanto às questões conceituais, e da jurisprudência relativa aos
diversos temas que abrangem o plexo de relações jurídicas entre Estado e contribuinte.

3
SUMÁRIO

DIREITO TRIBUTÁRIO .............................................................................................................................. 5

Capítulo 5 .................................................................................................................................................. 5

5. Responsabilidade Tributária ........................................................................................................... 5

5.1 Responsabilidade Tributária ............................................................................................................................. 5

5.2 Responsabilidade dos sucessores ............................................................................................................... 15

5.3 Responsabilidade de terceiros ..................................................................................................................... 26

5.4 Responsabilidade por infrações ................................................................................................................... 29

5.5 Denúncia espontânea....................................................................................................................................... 31

QUADRO SINÓPTICO ............................................................................................................................ 35

QUESTÕES COMENTADAS ................................................................................................................... 36

GABARITO ............................................................................................................................................... 56

QUESTÃO DESAFIO ................................................................................................................................ 57

GABARITO QUESTÃO DESAFIO ........................................................................................................... 58

LEGISLAÇÃO COMPILADA .................................................................................................................... 60

JURISPRUDÊNCIA................................................................................................................................... 62

MAPA MENTAL ...................................................................................................................................... 66

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .......................................................................................................... 67

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DIREITO TRIBUTÁRIO

Capítulo 5
Neste capítulo, você aprenderá as principais noções acerca da responsabilidade tributária,

bem como as disposições do Código Tributário Nacional que tratam da divisão entre as
hipóteses de responsabilidade em três categorias: responsabilidade dos sucessores, de terceiros

e por infrações, perpassando os dispositivos legais pertinentes, a jurisprudência relevante aos


seus estudos e o respaldo da melhor doutrina.

5. Responsabilidade Tributária

5.1 Responsabilidade Tributária

A princípio, vamos relembrar algumas disposições tratadas no capítulo anterior. Você já

sabe que o tributo deve ser cobrado da pessoa que pratica o fato gerador.

Assim, surge o sujeito passivo direto, chamado contribuinte. Há determinadas situações,


no entanto, nas quais o Estado pode ter necessidade de cobrar o tributo de uma terceira pessoa,

que não o contribuinte, que será o sujeito passivo indireto, chamado de responsável tributário 1.

Sabbag (2016) explica que em sentido estrito, é a sujeição passiva indireta a submissão ao
direito de crédito do Fisco, em virtude de expressa determinação legal, de pessoa diversa do

contribuinte, desde que tenha um vínculo indireto com a situação que corresponda ao fato
gerador, nos termos do art. 128 do CTN.

Nesse sentido, Hugo de Brito Machado ensina que:

“No Direito Tributário a palavra responsabilidade tem um sentido amplo e outro


estrito. (...) Em sentido amplo, é a submissão de determinada pessoa, contribuinte

1
Vide questão 6
5
ou não, ao direito do Fisco de exigir a prestação da obrigação tributária. (...) Em
sentido estrito, é a submissão, em virtude de disposição legal expressa, de
determinada pessoa que não é contribuinte, mas está vinculada ao fato gerador da
obrigação tributária, ao direito do Fisco de exigir a prestação respectiva”.

De acordo com o citado art. 128 do CTN, a responsabilidade tributária consiste em uma
sujeição passiva indireta – sem relação pessoal e direta com a obrigação, tendo em vista que

essa é uma característica própria do contribuinte –, decorrente de expressa determinação legal.

CUIDADO! O responsável deve ter algum vínculo com o fato gerador da obrigação

tributária, ainda que indireto e não pessoal.

Quanto aos efeitos da responsabilidade, esta pode ser subsidiária (é a regra, salvo
disposição de lei em contrário), solidária (depende de previsão legal, a teor do art. 124, inciso

I, do CTN) ou pessoal (exclusiva – a obrigação se dirige somente ao responsável –, também

decorre da atuação positiva do legislador).

No que tange à classificação, embora o Código Tributário Nacional não utilize


expressamente estes termos, a doutrina define que a responsabilidade pode se dar de duas

modalidades: por substituição e por transferência.

A responsabilidade por substituição, segundo Eduardo Sabbag (2017), é fixada pela lei
antes da ocorrência do fato gerador. Não há uma alteração subjetiva, uma vez que o substituto

(responsável) ocupa o polo passivo da obrigação tributária desde seu nascimento.

Exemplo: o empregado é contribuinte do Imposto de Renda de Pessoa Física (IRRF), mas

a lei atribui ao empregador o dever recolhê-lo na fonte – consequentemente, o contribuinte


sequer tem acesso ao valor do imposto. A sistemática da substituição existe exclusivamente no

que tange aos impostos e às contribuições.

Nas palavras de José Eduardo Soares de Melo:

Trata-se a substituição de imputação de responsabilidade por obrigação tributária


de terceiro que não praticou o fato gerador, mas que tem vinculação indireta com
o real contribuinte. O substituto tem que decorrer naturalmente do fato imponível,
da materialidade descrita (hipoteticamente) na norma jurídica, não podendo ser
configurado por mera ficção do legislador.

6
Deve inserir-se em uma realidade do sistema jurídico, permeada pelos princípios da
segurança, certeza e do direito de propriedade, uma vez que o patrimônio das
pessoas só pode ser desfalcado por fatos efetivamente realizados, e que contenham
ínsita a capacidade contributiva.

Para otimizar seu entendimento, perceba que o regime jurídico da substituição tributária se

justifica, basicamente, por três importantes motivos:

1. Dificuldade em fiscalizar contribuintes extremamente pulverizados;

2. Necessidade de evitar, mediante a concentração da fiscalização, a evasão fiscal


ilícita; e

3. Medida indicada para agilizar a arrecadação e, consequentemente, acelerar a


disponibilidade dos recursos

Para facilitar seu entendimento, veja bons exemplos de substitutos tributários elencados

por Sabbag (2018):

1. O empregador, com relação ao IRRF relativo à renda do empregado;

2. A Caixa Econômica Federal, com relação ao IR incidente sobre o prêmio da loteria

auferido pelo ganhador da receita;

3. Os fundos de previdência privada, que devem reter o IR na fonte e repassar à

União;

4. Os órgãos, autarquias, fundações da administração pública federal, quando

pagam valores, a outras pessoas jurídicas, pelo fornecimento de bens ou


prestação de serviços (IRPJ, CSLL, PIS e COFINS; art. 64 da Lei n. 9.430/96) 16;

7
5. O laticínio, com relação ao ICMS devido pelo produtor rural na comercialização

de leite cru;

6. A usina, com relação ao ICMS devido pelo produtor rural na comercialização da

cana em caule; entre outros.

Quanto ao substituto tributário, segue interessante julgado do STJ:

EMENTA: PROCESSUAL CIVIL E TRIBUTÁRIO. MANDADO DE SEGURANÇA.


ILEGITIMIDADE PASSIVA DO PRESIDENTE DA FUNDAÇÃO SISTEL DE SEGURIDADE
SOCIAL PARA FIGURAR COMO AUTORIDADE COATORA. ATIVIDADE EXERCIDA DE
MERA RETENÇÃO DO IMPOSTO DE RENDA SOBRE O SAQUE DAS CONTRIBUIÇÕES
DE PREVIDÊNCIA PRIVADA.

1. Tratam os autos de mandado de segurança impetrado por Iraci Ferreira de Souza


Lima e Outros em face de ato do Delegado da Receita Federal no Distrito Federal e
do Presidente da Fundação Sistel de Seguridade Social objetivando excluir a
incidência do IRRF sobre o saque das contribuições efetuadas à entidade de
previdência privada. (...)

2. Esta Corte possui o entendimento de que o fundo de previdência privada é o


responsável tributário por substituição, estando obrigado a reter na fonte e a
repassar o imposto de renda aos cofres da União. Tal atividade, porém, não o
legitima para figurar no polo passivo da ação de mandado de segurança na
qualidade de autoridade coatora.

3. Autoridade coatora é o agente que, no exercício de atribuições do Poder Público,


é o responsável pela prática do ato impugnado e contra quem se deve impetrar a
ação mandamental.

8
4. Recurso especial provido, excluindo-se da lide a Fundação Sistel de Seguridade
Social ante a sua ilegitimidade passiva. Prejudicada a análise das demais questões.
(REsp 664.503/DF, 1ª T., rel. Min. José Delgado, j. em 21-10-2004).

Compreenda que, se o empregador, deixar de reter o IRRF, a ação do Fisco deve dirigir-
se contra ele, e não contra o empregado, por este ficar excluído da relação jurídico-tributária.

Se a empresa proceder ao desconto do valor do imposto no salário do empregado e não

o recolher aos cofres públicos, haverá apropriação indébita e seus administradores serão

pessoalmente responsáveis pelos créditos tributários,

Sabbag (2018) aponta que, em 20 de maio de 2014, a 1ª Turma do STJ, no REsp

1.318.163/PR (rel. Min. Benedito Gonçalves) entendeu que não tem legitimidade para pleitear
a restituição do indébito a pessoa jurídica que retém na fonte o IRPJ a maior, relativo às

importâncias pagas à outra pessoa jurídica pela prestação de serviços caracterizadamente de

natureza profissional.

Dando prevalência para quem assumiu efetivamente o ônus financeiro do tributo, a Corte
Superior entendeu que a empresa substituta (fonte pagadora) não possui legitimidade ativa

“ad causam” para levar a bom termo a pretensão restituitória, por meio da ação judicial

pertinente.

Como responsável tributário (por substituição) – e devendo se colocar apenas como

entidade que retém e repassa ao Fisco a exação (art. 45, parágrafo único, do CTN) –, a entidade
retentora, segundo o STJ, não realiza propriamente pagamento, uma vez que o ônus econômico
da exação é suportado direta e exclusivamente pela contribuinte que realizou o fato gerador

correspondente (a empresa substituída), cabendo a esta, tão somente, o direito à restituição.


No máximo, poder-se-ia cogitar de seu ingresso na demanda, em nome da contribuinte

substituída, na qualidade de mandatária, mas não em nome próprio (art. 6º do CPC [atual art.

18 do NCPC]).

A terminologia consagrada que qualifica a substituição tributária como “para frente” ou


“para trás” se dá sob a ótica do substituído.

9
 Substituição tributária “para frente”/progressiva: as pessoas que se encontram em

posições posteriores na cadeia de produção e circulação são substituídas no dever


de pagar tributo pelas ocupantes das posições anteriores (ALEXANDRE, 2017, p. 376-

377).

Exemplo: uma indústria de bebidas é a responsável pelo pagamento dos tributos


referentes à vendas; em uma cadeia de produção indústria – varejo – consumidor,
os ocupantes das duas últimas posições (venda das bebidas feita do lojista ao

consumidor) são substituídos pela indústria, anterior, que arca com o ônus – mesmo

antes da ocorrência do fato gerador.

O cálculo do recolhimento total é realizado sobre o valor pelo qual se presume que

a mercadoria será vendida ao consumidor. Tal montante é definido mediante a

aplicação do regime de valor agregado.

Na substituição tributária para frente, não ocorre o recolhimento do tributo antes da


ocorrência do fato gerador da respectiva obrigação (não há antecipação da incidência

tributária), mas tão somente o pagamento antecipado.

Novais (2018) aponta que a doutrina apresenta duras críticas a essa substituição, alegando que

estariam sendo exigidos tributos que ainda não tiveram fatos geradores praticados, ferindo
a legalidade e o não confisco.

Contudo, preste atenção, a jurisprudência nacional aceita essa aplicação, compreendendo que

não estaria ocorrendo cobrança de tributo antes do fato gerador e sim pagamento
antecipado (para o STJ – REsp 89.630/PR) ou recolhimento cautelar (para o STF – RE
194.382/SP).

10
Ademais, a EC 3/1993 acrescentou o § 7º no art. 150 da CF, expressamente legitimando a

utilização dessa sistemática para impostos e contribuições, presumindo os valores dos fatos

geradores nas próximas operações.

Tratando da a substituição tributária progressiva, o referido § 7º do art. 150 da CF

autoriza a devolução dos valores pagos antecipadamente se os posteriores fatos geradores

presumidos não ocorrerem.

A discussão estaria em torno da ocorrência a menor ou maior dos fatos geradores

presumidos e o consequente valor antecipadamente pago.

Para facilitar a compreensão da celeuma, Novais (2018) traz a seguinte situação:

Imaginemos que a bebida do exemplo citado deveria ter sido vendida ao


consumidor final pelo valor presumido de R$ 3,00 (três reais), no qual houve
recolhimento antecipado do ICMS. Contudo, qual seria o procedimento adotado
caso a bebida tivesse sido vendida por R$ 2,00 (dois reais) em uma promoção? Ou
mesmo majorada para R$ 4,00 (quatro reais) em decorrência de evento local? A
maioria dos Estados da Federação aderiu ao convênio 13/97 optando por não exigir
eventual diferença não recolhida, caso o valor de venda fosse maior que aquele
presumido; bem como não realizar a devolução do tributo se o presumido fato
gerador ocorresse à menor.

Recentemente o Supremo Tribunal Federal enfrentou definitivamente a matéria


consagrando aos contribuintes o direito a restituição dos valores caso o fato gerador presumido

ocorresse de forma menor que aquela anteriormente presumida (ADI 2.675/PE, ADI 2.777/SP,

RE 593.849/MG1).

Vejamos:

Recurso extraordinário. Repercussão geral. Direito tributário. Imposto sobre


Circulação de Mercadorias e Serviços – ICMS. Substituição tributária progressiva ou
para frente. Cláusula de restituição do excesso. Base de cálculo presumida. Base de
cálculo real. Restituição da diferença. Art. 150, § 7º , da Constituição da República.
Revogação parcial de precedente. ADI 1.851. 1. Fixação de tese jurídica ao Tema 201
da sistemática da repercussão geral: “É devida a restituição da diferença do Imposto
sobre Circulação de Mercadorias e Serviços – ICMS pago a mais no regime de

11
substituição tributária para frente se a base de cálculo efetiva da operação for
inferior à presumida”. 2. A garantia do direito à restituição do excesso não inviabiliza
a substituição tributária progressiva, à luz da manutenção das vantagens
pragmáticas hauridas do sistema de cobrança de impostos e contribuições. 3. O
princípio da praticidade tributária não prepondera na hipótese de violação de
direitos e garantias dos contribuintes, notadamente os princípios da igualdade,
capacidade contributiva e vedação ao confisco, bem como a arquitetura de
neutralidade fiscal do ICMS. 4. O modo de raciocinar “tipificante” na seara tributária
não deve ser alheio à narrativa extraída da realidade do processo econômico, de
maneira a transformar uma ficção jurídica em uma presunção absoluta. 5. De acordo
com o art. 150, § 7º , in fine, da Constituição da República, a cláusula de restituição
do excesso e respectivo direito à 11.2 11.2.1 restituição se aplicam a todos os casos
em que o fato gerador presumido não se concretize empiricamente da forma como
antecipadamente tributado. (...) 8. Recurso extraordinário a que se dá provimento
(RE 593.849, Tribunal Pleno, Rel. Min. Edson Fachin, j. 19.10.2016, DJe-065, divulg.
30.03.2017, public. 31.03.2017, Republicação: DJe-068, divulg. 04.04.2017, public.
05.04.2017).

 Substituição tributária “para trás”/regressiva/antecedente: as pessoas que se


encontram em posições anteriores na cadeia de produção e circulação são
substituídas no dever de pagar tributo pelas ocupantes das posições posteriores

(ALEXANDRE, 2017, p. 375).

Para exemplificar, Rafael Novais (2018) traz a seguinte situação: imaginemos a cadeia
de alimentos. Produtores rurais de frutas, verduras, eite, queijo, ovos, entre outros,

escoaram sua produção para a indústria adquirente dessas mercadorias que, após

processamento industrial, abastecerá o comércio nacional.

Nesse contexto, para simplificar a atividade de fiscalização e cobrança, será


postergado o momento do pagamento de ICMS sobre a circulação dessas

mercadorias pelos produtores rurais até a indústria. A substituição, portanto, se dará


com a atribuição da responsabilidade ao industrial sobre os anteriores fatos

geradores que ele não praticou.

Logo, o pagamento do tributo referente ao fato gerador provocado pelo produtor

rural é adiado; diz-se, portanto, que há um diferimento do tributo.


12
SUBSTITUIÇÃO TRIBUTÁRIA “PARA FRENTE”

1ª posição - Indústria 2ª posição - Loja 3ª posição - Consumidor

Substituta (paga o tributo de Provoca um fato gerador, Provoca um fato gerador,

toda a cadeia, antes da mas sua parcela do tributo mas sua parcela do tributo

ocorrência de fatos geradores) já foi paga pela substituta já foi paga pela substituta

SUBSTITUIÇÃO TRIBUTÁRIA “PARA TRÁS”

1ª posição - Produtor rural 2 ª posição - Indústria 3ª posição - Loja

Provoca um fato gerador, Substituta do produtor Não integra a substituição, e

mas não paga o tributo (o rural, mas contribuinte em paga o tributo correspondente

pagamento é adiado) relação à loja ao fato gerador por ela causado

Em 2002, no julgamento da ADI nº 1.851/AL, o Supremo Tribunal Federal cristalizou o


entendimento de que a presunção do fato gerador do ICMS (no caso da substituição tributária
“para frente”, em que há pagamento antecipado e ainda não se sabe o valor exato da operação

13
tributada) é dotada de legitimidade definitiva, não cabendo qualquer restituição ou

complementação do imposto pago, salvo na hipótese de sua não realização final.

Entretanto, preste muita atenção neste ponto, a Corte alterou seu posicionamento em
2016, ao julgar o Recurso Extraordinário nº 593.849/MG, paradigma do Tema 201 de
Repercussão Geral.

Na ocasião, firmou-se a tese de que o contribuinte tem direito, na sistemática da


substituição tributária “para frente” em que há pagamento a maior, à diferença entre o valor
recolhido antecipadamente e o efetivamente devido após a ocorrência do fato gerador.

No ponto, confira-se:

RECURSO EXTRAORDINÁRIO. REPERCUSSÃO GERAL. DIREITO TRIBUTÁRIO.


IMPOSTO SOBRE CIRCULAÇÃO DE MERCADORIAS E SERVIÇOS - ICMS.
SUBSTITUIÇÃO TRIBUTÁRIA PROGRESSIVA OU PARA FRENTE. CLÁUSULA DE
RESTITUIÇÃO DO EXCESSO. BASE DE CÁLCULO PRESUMIDA. BASE DE CÁLCULO
REAL. RESTITUIÇÃO DA DIFERENÇA. ART. 150, §7º, DA CONSTITUIÇÃO DA
REPÚBLICA. REVOGAÇÃO PARCIAL DE PRECEDENTE. ADI 1.851.

1. Fixação de tese jurídica ao Tema 201 da sistemática da repercussão geral: “É


devida a restituição da diferença do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e
Serviços – ICMS pago a mais no regime de substituição tributária para frente se a
base de cálculo efetiva da operação for inferior à presumida”.

2. A garantia do direito à restituição do excesso não inviabiliza a substituição


tributária progressiva, à luz da manutenção das vantagens pragmáticas hauridas do
sistema de cobrança de impostos e contribuições.

3. O princípio da praticidade tributária não prepondera na hipótese de violação de


direitos e garantias dos contribuintes, notadamente os princípios da igualdade,
capacidade contributiva e vedação ao confisco, bem como a arquitetura de
neutralidade fiscal do ICMS. (...)

14
5. De acordo com o art. 150, §7º, in fine, da Constituição da República, a cláusula
de restituição do excesso e respectivo direito à restituição se aplicam a todos os
casos em que o fato gerador presumido não se concretize empiricamente da forma
como antecipadamente tributado. (...) (STF, RE, Rel. Min. Edson Fachin, Tribunal
Pleno, julgado em 19/10/2016, DJe 31/03/2017).

Ademais, na hipótese de o fato gerador acabar por não ocorrer, o art. 150, § 7º, da CF/1988

autoriza a restituição imediata e preferencial da quantia paga antecipadamente. Entendeu?

Vamos seguir.

Na responsabilidade por transferência, de outro lado, há uma verdadeira alteração

subjetiva, tendo em vista que a obrigação tributária surge com um sujeito passivo, mas, por um
evento descrito em lei, outra pessoa passa a ocupar o polo passivo.

Feitas tais ponderações, é importante que você saiba que o Código Tributário Nacional

divide as hipóteses de responsabilidade em três categorias: responsabilidade dos sucessores,


de terceiros e por infrações.

5.2 Responsabilidade dos sucessores

Uma das hipóteses de responsabilidade por transferência diz respeito à sucessão, em que

há uma mudança na sujeição passiva da obrigação tributária devido à impossibilidade, por

questões causa mortis ou inter vivos, de o contribuinte original permanecer nessa condição.

De partida, o art. 129 do CTN prevê que as normas sobre responsabilidade dos
sucessores se aplicam igualmente à totalidade das obrigações tributárias do sujeito

sucedido surgidas até a data da sucessão, independentemente da fase de constituição dos

créditos tributários2, bastando avaliar a data do fato gerador das obrigações.

Com efeito, elucida Eduardo Sabbag (2017):

Em síntese, pode-se afirmar que o sucessor assume todos os débitos tributários do


sucedido, relativos a fatos geradores ocorridos antes da data do ato ou fato que

2
Por ora, entenda-se constituição do crédito tributário como o procedimento pelo qual a autoridade tributária
estabelece vínculo jurídico com o sujeito passivo de uma obrigação e adquire o direito de exigir seu cumprimento.
15
demarcou a sucessão, sendo irrelevante o andamento da constituição definitiva do
crédito.

Assim, o que vai regular o conjunto de obrigações transferidas é o fato gerador, e


não o “momento do lançamento”, inibindo-se a alegação de vício de retroatividade
da atuação administrativo-fiscal.

No referido dispositivo, fica explicitado que os débitos conhecidos à data da


sucessão, ou seja, já lançados, bem como aqueles que estiverem em via de sê-los,
ou mesmo os débitos desconhecidos, mas que venham a ser posteriormente
lançados, podem ser irrogados aos sucessores.

O Código Tributário Nacional indica seis situações ensejadoras da responsabilidade dos

devedores sucessores:

(1) Sucessão imobiliária (art. 130 do CTN). Possui responsabilidade solidária (STJ, AgInt
no AREsp 942.940/RJ, julgado em 15/08/2017) o adquirente de bens imóveis no que

tange aos impostos cujo fato gerador seja sua propriedade, domínio útil ou posse
(exemplo: IPTU), bem como às contribuições de melhoria e às taxas pela prestação
de serviços referentes aos imóveis adquiridos, salvo quando conste do título a prova

de sua quitação.

 Tal regra não se aplica aos imóveis adquiridos por meio de hasta pública, uma
vez que o valor arrecadado com o leilão de bens penhorados visa justamente

a satisfazer do crédito do Poder Público; eventuais débitos tributários


pendentes sobre um imóvel devem ser incluídos em seu valor de arrematação
e se consideram quitados com a aquisição do bem ao arrematante, ainda que

o preço alcançado no leilão acabe por ser inferior ao do débito tributário3.

Nesse sentido, a propósito, já se posicionou o Superior Tribunal de Justiça:

(...) 5. No enfrentamento da matéria, o Tribunal de origem lançou os seguintes


fundamentos (fls. 122-123, e-STJ): "Assim, tem-se que o direito líquido e certo foi
bem demonstrado. Aliás, diz-se demonstrado porque, sem dúvida, o direito existe e
tem arrimo no parágrafo único do art. 130 do Código Tributário Nacional (...) Ora, a
hipótese traçada no dispositivo transcrito se amolda perfeitamente ao caso. Fique

3
Vide questão 13
16
bem claro que tratamos no presente caso do arrematante, não do antigo
proprietário. Sendo assim, não é possível a imposição da responsabilidade tributária
ao recorrido em relação ao período anterior à arrematação. Não há obstáculos,
portanto, para que se expeça a certidão negativa de débitos".

6. Nos termos do artigo 130 do CTN, os créditos relativos a impostos cujo fato
gerador seja a propriedade sub-rogam-se sobre o respetivo preço quando
arrematados em hasta pública, não sendo o adquirente responsável tributário pelos
tributos que oneraram o bem até a data da realização da hasta4.

7. Com efeito, ainda que o preço alcançado na arrematação do bem seja insuficiente
para a quitação do débito tributário, o arrematante não poderá ser responsabilizado
por dívidas contraídas por outrem, conforme a literalidade do parágrafo único do
art. 130 do CTN. Precedentes: AgRg no Ag 1.246.665/SP, Rel. Ministro Luiz Fux,
Primeira turma, DJe 22/4/2010; REsp 954.176/SC, Rel. Ministra Eliana Calmon,
Segunda turma, DJe 23/6/2009. 8. Agravo Interno a que se nega provimento (STJ,
AgInt no AREsp 1.076.860/SP, Rel. Min. Herman Benjamin, Segunda Turma, julgado
em 28/11/2017, DJe 19/12/2017).

 Outrossim, não há responsabilidade do adquirente em relação a tributos de

imóveis em cuja escritura conste menção à quitação dos tributos (certidão


negativa expedida pela Fazenda Pública). Saliente-se que essa exceção

prevalece inclusive na hipótese de equívoco quanto à informação constante


no registro imobiliário, pois não se pode exigir o pagamento de um tributo
do qual o adquirente não possuía – e sequer tinha condições para tanto –

conhecimento;

(2) Responsabilidade pessoal do adquirente ou remitente5, pelos tributos relacionados

aos bens adquiridos ou remidos (art. 131, inciso I, do CTN).

Na concepção de Eduardo Sabbag (2017), esse dispositivo se refere apenas a bens


imóveis, considerando-se que os imóveis são abrangidos pelo artigo anterior.

4
Vide questão 3
5
Entenda-se remitente como aquele que efetua o resgate de um bem penhorado por meio do pagamento ou consignação da
importância atualizada dívida (remição – art. 826 do CPC).
17
Ademais, diferentemente da regra aplicável à sucessão imobiliária, aqui não há

qualquer exceção legal à regra de responsabilidade.

(3) Responsabilidade pessoal do sucessor a qualquer título e do cônjuge meeiro, pelos

tributos devidos pelo de cujus até a data da partilha ou adjudicação (art. 131, inciso
II, do CTN).

Observe-se que a responsabilidade pelas dívidas tributárias se limita ao montante

adquirido em decorrência da sucessão. Exemplo: um sucessor único recebe a quantia


de R$ 100.000,00 (cem mil reais) a título de herança, e responde por todas as
obrigações tributárias pendentes do de cujus até esse valor, ainda que a totalidade

das dívidas por ele contraídas até o momento de sua morte o ultrapassem.

(4) Responsabilidade pessoal do espólio, pelos tributos devidos pelo de cujus até a data

da abertura da sucessão (art. 131, inciso III, do CTN).

Embora o CTN o trate como tal, o espólio não é uma pessoa física ou jurídica, mas a
integralidade dos bens e direitos incorporados ao patrimônio do de cujus.

Note-se que a diferença em relação à hipótese anterior se dá quanto ao momento


em que se finda a responsabilidade.

Apesar de o dispositivo legal tratar de responsabilidade por tributos, o STJ entende que também

devem ser incluídas nas regras as multas moratórias.

18
Nos casos de aplicação de multa “de ofício”, cuja responsabilidade seja pessoal do infrator, a

responsabilidade não é transferida aos sucessores.

A lógica adotada pelo legislador é simples: no momento da morte do contribuinte, ocorre a

abertura da sucessão. A partir desse marco temporal, todos os bens e direitos do de cujus
formam seu espólio, que deve ser utilizado para quitar todos os seus débitos tributários.

Realizada a partilha ou adjudicação, o espólio deixa de existir (perdendo, assim, a qualidade de


responsável tributário) e é incorporado ao patrimônio dos sucessores, sendo transmitida,
concomitantemente, a responsabilidade.

• É contribuinte das obrigações pode ele contraídas até o


De cujus
momento de sua morte.

• É responsável pelas obrigações contraídas pelo de cujus


Espólio
em vida.

• São responsáveis nos limites da sucessão, pelas


obrigações contraídas pelo de cujus em vida e pelas não
Sucessores
resolvidas pelo espólio até o momento da partilha ou
adjudicação.

19
(5) Sucessão empresarial (art. 132 do CTN). Nos casos de reorganizações societárias
(fusão, transformação ou incorporação de uma pessoa jurídica de direito privado a
outra), as sucessoras respondem pessoalmente pelos tributos devidos pelas

sucedidas até a data do ato 6.


O mesmo se aplica nos casos de extinção de pessoas jurídicas de direito privado,

quando a exploração da respectiva atividade seja continuada por qualquer sócio


remanescente, ou seu espólio, sob a mesma ou outra razão social, ou sob firma

individual.

 CUIDADO! Para fins de aplicação desse artigo, é irrelevante a manutenção


da forma da pessoa jurídica extinta (tanto a razão social quanto a categoria
de empresa podem ser alterados), bastando que a atividade realizada pelo

sócio remanescente permaneça a mesma, ainda que a extinção tenha


ocorrido de modo irregular ou fraudulento (art. 126, inciso III, do CTN) 7;

 Súmula nº 554/STJ: “Na hipótese de sucessão empresarial, a responsabilidade

da sucessora abrange não apenas os tributos devidos pela sucedida, mas


também as multas moratórias ou punitivas referentes a fatos geradores

ocorridos até a data da sucessão”8.

Preste muita atenção ao que dispõe a súmula 430 do STJ. Sua presença em
concursos públicos é muito recorrente!

 Súmula 430 do STJ: O inadimplemento da obrigação tributária, por si só, não

gera responsabilidade do sócio9.

6
Vide questão 1
7
Vide questão 11
8
Vide questão 10
9
Vide questões 7 e 8
20
Veja como a referida súmula foi cobrada em concurso público realizado pela CESPE em 2017
para Juiz Substituto do TJ-PR.

Uma sociedade limitada, tendo declarado regularmente seus tributos, deixou de pagá-los, sem
que houvesse qualquer fraude ou comportamento análogo. No momento da inscrição em
dívida ativa, apenas com base no inadimplemento, o sócio-gerente foi incluído como
responsável pelo crédito tributário. A respeito dessa situação hipotética e de aspectos diversos
a ela pertinentes, assinale a opção correta.

A) O sócio-gerente não responde por simples inadimplemento, devendo-lhe ser imputado, para
que haja a sua responsabilização, excesso de poderes ou infração de lei, contrato social ou
estatutos, sendo incabível a sua responsabilização no caso em questão.

B) Os sócios, administradores ou não, só respondem solidariamente no caso de liquidação


irregular de pessoa jurídica, sendo incabível a sua responsabilização na situação em apreço.

C) O sócio-gerente será responsável pelo crédito tributário apenas nos casos em que praticar
ilícitos penais ou agir com dolo específico.

D) No caso de impossibilidade de exigência do cumprimento da obrigação principal pelo


contribuinte, os sócios, apenas com base nessa condição, respondem solidariamente pelo
crédito tributário da pessoa jurídica, estando correta a responsabilização do sócio-gerente no
caso em questão.

Correto o que prevê a assertiva A. O STJ entende que o mero inadimplemento da obrigação
tributária não é passível de responsabilidade tributária do sócio.

Nesse sentido, a súmula 430, STJ: “O inadimplemento da obrigação tributária pela sociedade
não gera, por si só, a responsabilidade solidária do sócio-gerente".

21
A assertiva B está incorreta ao afirmar que apenas sócios com poderes de administração podem
ser responsáveis tributários. Sócios cotistas, que não atuam efetivamente na gestão da pessoa
jurídica, não podem ser responsabilizados. O segundo erro é a afirmação que apenas no caso
de liquidação irregular há responsabilidade tributária. A responsabilidade decorre de atos
praticados com "excesso de poderes ou infração de lei, contrato social ou estatutos" (art. 135,
CTN). Note-se que o previsto é mais amplo que apenas a liquidação irregular. Assim, apesar
de ser incabível a responsabilização na situação em apreço, os fundamentos apontados pela
alternativa estão errados.

Incorreta a letra C. Nos termos do art. 135, III, CTN, a responsabilidade do sócio gerente não
se restringe aos ilícitos penais, bastando caracterizar ato com "excesso de poderes ou infração
de lei, contrato social ou estatutos". Consequentemente, não se exige dolo específico para a
responsabilização tributária do sócio.

Por fim, incorreta a letra E. Não está correta a responsabilização do sócio-gerente no caso,
posto que se trata de mero inadimplemento. Assim, não é possível a cobrança para além da

pessoa jurídica contribuinte.

(6) Sucessão comercial (art. 133 do CTN). Não obstante a aparente similaridade entre esta
hipótese e a anterior, as consequências, para fins de responsabilidade, são diversas.

De fato, a pessoa natural ou jurídica de direito privado que adquire de outra fundo
de comércio10 ou estabelecimento11 (sob a mesma ou outra razão social) responde

pelos tributos relacionados ao que foi adquirido e devidos até a data do ato:
integralmente (segundo a parcela majoritária da doutrina, o termo equivale a

“pessoalmente”, embora haja divergências) se o alienante cessar a exploração do

10
“Conjunto de bens, materiais ou imateriais, agregados pelo empresário para a consecução de suas atividades.
Designa a universalidade harmônica de bens, utilizada na realização da atividade comercial. Exemplo: uma loja
possui, como ‘fundo de comércio’: prateleiras, balcões, máquinas, o ponto, a clientela, a marca etc.” (SABBAG, 2017).

11
“Identificação da unidade fisicamente autônoma, na qual uma pessoa física ou jurídica realiza suas atividades

comerciais. Significa a parte, a fração, e não a ‘totalidade de bens’ (típica do fundo de comércio)” (SABBAG, 2017).

22
comércio, indústria ou atividade; subsidiariamente, se o alienante continuar a

atividade comercial ou iniciar uma nova em 06 (seis) meses 12.

Observe-se que não é a própria empresa que é alienada, mas apenas o conjunto de

bens. Tem-se entendido que a alienação apenas da razão social não gera a sucessão
tributária em estudo.

 De acordo com os §§ 1º e 2º do ar. 132 do CTN, essa regra não se aplica nas

hipóteses de alienação em processo de falência ou de recuperação judicial


(no segundo caso, tratando-se de filial ou unidade produtiva isolada), ou se
o adquirente for: sócio da sociedade falida ou em recuperação judicial, ou
sociedade controlada pelo devedor falido ou em recuperação judicial; parente,
em linha reta ou colateral até o 4o (quarto) grau, consanguíneo ou afim, do

devedor falido ou em recuperação judicial ou de qualquer de seus sócios, ou;


identificado como agente do falido ou do devedor em recuperação judicial

com o objetivo de fraudar a sucessão tributária.

O tema deste tópico foi cobrado pela FCC em 2020 em certame do TJ-MS para Juiz Substituto.
Veja que o Examinador exigiu conhecimento da letra de lei e da jurisprudência pertinente:

À luz do Código Tributário Nacional e da jurisprudência atualmente sedimentada a respeito da

responsabilidade dos sócios de empresas limitadas e desconsideração da personalidade jurídica,

12
Vide questão 2
23
A) os sócios cotistas, sem poder de administração, também podem ser atingidos pelo

redirecionamento de ação de execução fiscal, ainda que o capital social esteja integralizado.

B) o ônus da prova de atos de excesso de poderes ou infração a lei, contrato social ou estatutos
é do fisco, ainda que o nome do sócio conste na certidão de dívida ativa.

C) a simples falta de pagamento do tributo configura fraude a lei para a responsabilização do


sócio que seja administrador da pessoa jurídica.

D) a pessoa jurídica tem interesse recursal para interpor medida contra decisão que determinou

o redirecionamento da execução fiscal em face dos sócios.

E) por ser matéria afeita a lei complementar, lei ordinária não pode criar hipótese de
responsabilidade solidária relativa a sócio sem poder de gestão em empresa constituída na

forma de sociedade limitada.

A assertiva A está incorreta. O capital social estar ou não integralizado não tem relevância, posto
que a responsabilidade do sócio não é subsidiária, mas pessoal, conforme dispõe o art. 135.

Além disso, o inciso III do referido dispositivo apenas aponta como possível responsável os

diretores, gerentes ou representantes da pessoa jurídica. Assim, não é possível redirecionar para
sócios cotistas.

Incorreta a letra B. A CDA tem presunção de certeza e liquidez, nos termos do Art. 204, CTN.

Porém, essa presunção é relativa. Assim, cabe ao sócio o ônus da prova nos casos em que seu
nome consta na CDA.

“A orientação da Primeira Seção do STJ firmou-se no sentido de que, se a execução


foi ajuizada apenas contra a pessoa jurídica, mas o nome do sócio consta da CDA,
a ele incumbe o ônus da prova de que não ficou caracterizada nenhuma das
circunstâncias previstas no art. 135 do CTN, ou seja, não houve a prática de atos
“com excesso de poderes ou infração de lei, contrato social ou estatutos” (AgRg no
AREsp 753.074/DF, DJe 18/11/2015).

Incorreto o disposto na assertiva C. A súmula 430 do STJ prevê que o inadimplemento da


obrigação tributária, por si só, não gera responsabilidade do sócio.

24
Incorreta a letra D. A pessoa jurídica não tem legitimidade nesse caso. Esse é o entendimento

do STJ, como no julgado a seguir:

Em execução fiscal, a sociedade empresária executada não possui legitimidade para


recorrer, em nome próprio, na defesa de interesse de sócio que teve contra si
redirecionada a execução. Isso porque, consoante vedação expressa do art. 6º do
CPC, ninguém poderá pleitear, em nome próprio, direito alheio, salvo quando
autorizado por lei. Dessa forma, como não há lei que autorize a sociedade a interpor
recurso contra decisão que, em execução ajuizada contra ela própria, tenha incluído
no polo passivo da demanda os seus respectivos sócios, tem-se a ilegitimidade da
pessoa jurídica para a interposição do referido recurso. REsp 1.347.627-SP, Rel. Min.
Ari Pargendler, julgado em 9/10/2013.

A letra E é o gabarito da questão. Essa questão baseia-se no entendimento do STF (RE 562276
- Tema 11 da repercussão geral) sobre o art. 13, da Lei 8620/93, que previa responsabilidade

tributária para sócios em relação a débitos com a seguridade social.

Esse artigo foi até revogado, mas antes disso o STF decidiu em sede repercussão geral ser
inconstitucional a instituição de responsabilidade tributária solidária em lei ordinária. O

entendimento do STF tem suporte no art. 146, CF.

Esse dispositivo prevê as matérias que devem ser veiculadas por lei complementar. No inciso III,
estão as normas gerais em matéria tributária, o que inclui questões relacionadas à obrigação e

responsabilidade tributária.

Vejamos:

1. [...] 6. O art. 13 da Lei 8.620/93 não se limitou a repetir ou detalhar a regra de


responsabilidade constante do art. 135 do CTN, tampouco cuidou de uma nova
hipótese específica e distinta. Ao vincular à simples condição de sócio a obrigação
de responder solidariamente pelos débitos da sociedade limitada perante a
Seguridade Social, tratou a mesma situação genérica regulada pelo art. 135, III, do
CTN, mas de modo diverso, incorrendo em inconstitucionalidade por violação ao
art. 146, III, da CF. (…)8. Reconhecida a inconstitucionalidade do art. 13 da Lei
8.620/93 na parte em que determinou que os sócios das empresas por cotas de
responsabilidade limitada responderiam solidariamente, com seus bens pessoais,
pelos débitos junto à Seguridade Social. (…) (STF – RE 562276, Relator(a): Min. ELLEN
GRACIE, Tribunal Pleno, julgado em 03/11/2010, REPERCUSSÃO GERAL – MÉRITO).

25
O STJ tem entendimento em sede de recurso repetitivo (Tema 382), no sentido que: "A

responsabilidade tributária do sucessor abrange, além dos tributos devidos pelo sucedido, as
multas moratórias ou punitivas, que, por representarem dívida de valor, acompanham o passivo

do patrimônio adquirido pelo sucessor, desde que seu fato gerador tenha ocorrido até a data

da sucessão"13.

5.3 Responsabilidade de terceiros

Os terceiros responsabilizados são pessoas que, em determinadas situações, falharam no

cumprimento de um dever legal de gestão ou vigilância do patrimônio do contribuinte.

A atribuição da responsabilidade às pessoas enumeradas abaixo depende da presença dos


seguintes requisitos:

a) impossibilidade do cumprimento da obrigação principal pelo contribuinte (a rigor, essa

responsabilidade não é solidária, mas subsidiária);

b) ação ou indevida omissão imputável à pessoa designada como responsável.

Nas hipóteses do art. 134 do CTN, os terceiros responsáveis atuam de forma regular,
mas respondem de forma solidária, independentemente de dolo, com o contribuinte incapaz

13
Vide questão 5
26
de cumprir a obrigação principal no que concerne aos atos em que intervierem ou às omissões

de que foram responsáveis. É o caso:

(1) dos pais, pelos tributos devidos por seus filhos menores;

(2) os tutores e curadores, pelos tributos devidos por seus tutelados ou curatelados;

(3) os administradores de bens de terceiros, pelos tributos devidos por estes;

(4) o inventariante, pelos tributos devidos pelo espólio;

(5) o síndico e o comissário, pelos tributos devidos pela massa falida ou pelo

concordatário;

(6) os tabeliães, escrivães e demais serventuários de ofício, pelos tributos devidos

sobre os atos praticados por eles, ou perante eles, em razão do seu ofício;

(7) os sócios, no caso de liquidação de sociedade de pessoas14.

Em matéria de multas, a solidariedade só é aplicável às penalidades pecuniárias de caráter


moratório (decorrentes de atraso no pagamento do tributo). Inteligência do art. 134,

parágrafo único, do CTN.

14
Vide questão 4
27
De outra banda, nos casos estampados no art. 135 do CTN, os terceiros responsáveis

atuam de forma irregular, violando a lei, o contrato social ou o estatuto, de modo que sua
responsabilidade não é apenas solidária, mas pessoal (o terceiro responde sozinho, com todo

o seu patrimônio, ficando afastada qualquer possibilidade de atribuição da sujeição passiva à


pessoa que, de outra forma, estaria na posição de contribuinte).

Aplica-se este artigo tanto às pessoas referidas no art. 134 do CTN quanto aos
mandatários, prepostos, empregados, diretores, gerentes ou representantes de pessoas jurídicas

de direito privado.

O vício do qual decorre a aplicação do art. 135 está no fato de o agente praticar um
ato contrariando os limites legais, estatutários ou contratuais de sua atuação, de forma que o
ato praticado não se caracteriza necessariamente como ilícito tributário. Na maioria dos casos,
o vício reside na ausência de legitimação ou de autorização.

Segundo o art. 30, XI da Lei 8935/94 é dever do oficial fiscalizar o recolhimento dos tributos
incidentes sobre os atos que praticar. Por isso, o art. 134, VI do CTN, prevê a "responsabilidade

solidária" dos titulares no recolhimento do tributo.

Não obstante a lei use o termo "solidária", como o próprio dispositivo estabelece que os

delegatários responderão "nos casos de impossibilidade de exigência do cumprimento da


obrigação principal pelo contribuinte", entende-se que, na verdade, trata-se de

responsabilidade subsidiária (REsp 1.526.674).

28
É inconstitucional lei estadual que disciplina a responsabilidade de terceiros por infrações de

forma diversa da matriz geral estabelecida pelo Código Tributário Nacional (CTN). Há, neste
caso, uma inconstitucionalidade formal.

Ao ampliar as hipóteses de responsabilidade de terceiros por infrações, prevista pelos arts. 134

e 135 do CTN, ou tratar sobre o tema de maneira diferente, a lei estadual invade competência
do legislador complementar federal para estabelecer as normas gerais na matéria (art. 146, III,

“b”, da CF/88).

É inconstitucional lei estadual que atribui responsabilidade tributária solidária por infrações a
toda pessoa que concorra ou intervenha, ativa ou passivamente, no cumprimento da obrigação

tributária, especialmente a advogado, economista e correspondente fiscal. STF. Plenário. ADI

4845/MT, Rel. Min. Roberto Barroso, julgado em 13/2/2020 (Info 966).

5.4 Responsabilidade por infrações

Aduz o artigo 136 do Código Tributário Nacional que “salvo disposição de lei em contrário,
a responsabilidade por infrações da legislação tributária independe da intenção do agente ou

do responsável e da efetividade, natureza e extensão dos efeitos do ato”.

Apesar de diferente, em essência, do instituto da responsabilidade civil, é possível afirmar

que o Direito Tributário consagra uma teoria civilista, qual seja, a Teoria da Responsabilidade

Objetiva.

29
As pessoas designadas como pessoalmente responsáveis por infrações são as que as

cometeram, tendo com elas relação direta e pessoal. Seriam, portanto, contribuintes da multa,
ainda que o Código Tributário Nacional não utilize essa palavra (é apenas uma questão de

nomenclatura).

Segundo o STJ (súmula 509), é lícito ao comerciante de boa-fé aproveitar os créditos de


ICMS decorrentes de nota fiscal posteriormente declarada inidônea, quando demonstrada a

veracidade da compra e venda.

De acordo com o art. 137 do CTN, há responsabilidade pessoal do agente15:

(1) quanto às infrações definidas por lei como crimes ou contravenções, salvo quando
praticadas no exercício regular de administração, mandato, função, cargo ou
emprego, ou no cumprimento de ordem expressa emitida por quem de direito

(excludentes);

(2) quanto às infrações em cuja definição o dolo específico do agente seja imprescindível

(quando não se configura a infração sem a intenção do agente).

A existência de dolo é irrelevante para fins de ocorrência de fato gerador e

cobrança de tributo, mas é obrigatória para que se constitua uma penalidade por

infrações;

(3) quanto às infrações que decorram direta e exclusivamente de dolo específico: das
pessoas referidas nos arts. 134 e 135 do CTN, quando a infração for direcionada

contra as pessoas a elas relacionadas.

Assim, por exemplo, os pais são pessoalmente responsáveis pelos atos cometidos por

seus filhos menores (art. 134, inciso I, do CTN).

Note que a responsabilidade do agente é relativa às infrações, pois a sujeição passiva quanto

ao tributo continua sendo da pessoa jurídica.

15
Saliente-se a adoção do termo “agente”, própria do Direito Penal, o que evidencia a vinculação do tema com a ocorrência de
infrações.
30
5.5 Denúncia espontânea

O agente pode confessar os ilícitos por ele cometidos através de uma “denúncia
espontânea de infrações”, medida de política tributária destinada a atrair os sujeitos passivos

das obrigações de volta à legalidade.

Realizada a denúncia espontânea e efetuado o pagamento do tributo e dos juros de mora,

a responsabilidade é excluída, ex vi do art. 138 do CTN16.

Não obstante, o caráter da espontaneidade se finda após o início de qualquer


procedimento administrativo ou medida de fiscalização relacionados com o ato ilícito (é

necessária a formal comunicação do início do procedimento administrativo ou medida de

fiscalização relacionados à infração, ao sujeito passivo).

Assim, se o Fisco tomar ciência acerca de uma infração e proceder a uma comunicação
formal ao agente, uma eventual denúncia não produzirá efeitos. Inteligência do artigo 138 do

Código Tributário Nacional.

A denúncia espontânea exclui tanto a incidência dos juros moratórios quanto punitivos.

Ressalte-se que o parcelamento não pode ser equiparado ao pagamento para efeitos de

gozo dos benefícios da denúncia espontânea.

A denúncia espontânea eficaz extingue a punibilidade tanto das multas punitivas quanto

das administrativas.

Segundo o STJ, o benefício da denúncia espontânea não se aplica aos tributos sujeitos a

lançamento por homologação regularmente declarados, mas pagos a destempo17.

Por fim, o STJ entende que o instituo não é aplicável nos casos de descumprimento de

obrigações meramente formais.

16
Vide questão 12
17
Vide Questão 3
31
A denúncia espontânea afasta a responsabilidade por infrações tributárias. É uma medida

de política tributária que visa a atrair de volta à legalidade contribuintes que dela se afastaram,

oferecendo em troca a garantia de não aplicação de medidas punitivas.

Para ter eficácia, a denúncia deve ser espontânea. Se se trata de infração conscientemente

praticada, a denúncia é motivada pelo arrependimento do infrator.

Súmula n.º 360, STJ. O benefício da denúncia espontânea não se aplica aos tributos

sujeitos a lançamento por homologação regularmente declarados, mas pagos a destempo.

Vejamos como este assunto foi cobrado em concurso público. Observe que o Examinador

exige conhecimento da letra da lei para a resolução da questão.

Em prova para o MPE-RS realizada em 2016 para o cargo de Promotor de Justiça


questionou-se o que segue:

Relativamente à responsabilidade tributária, é correto afirmar que

A) a responsabilidade tributária é pessoal, não podendo ser transferida a terceiros.

B) o sucessor é pessoalmente responsável pelos tributos devidos pelo de cujos, ainda que a

dívida tributária ultrapasse o valor do respectivo quinhão hereditário.

C) a extinção de pessoa jurídica de direito privado acarreta a extinção da obrigação tributária,


ainda que a exploração da atividade seja continuada por sócio remanescente.

D) a responsabilidade por infrações da legislação tributária depende da intenção do agente ou


do responsável e da efetividade, natureza e extensão dos efeitos do ato.

32
E) não se considera espontânea, para fins de exclusão da responsabilidade, a denúncia

apresentada após o início de qualquer procedimento administrativo ou medida de fiscalização,


relacionados com a infração.

A assertiva A está incorreta. Dispõe o Código Tributário Nacional:

Art. 128. Sem prejuízo do disposto neste capítulo, a lei pode atribuir de modo
expresso a responsabilidade pelo crédito tributário a terceira pessoa, vinculada ao
fato gerador da respectiva obrigação, excluindo a responsabilidade do contribuinte
ou atribuindo-a a este em caráter supletivo do cumprimento total ou parcial da
referida obrigação.

Letra B incorreta por incompatibilidade com o CTN, que dispõe:

Art. 131. São pessoalmente responsáveis:

I - o adquirente ou remitente, pelos tributos relativos aos bens adquiridos ou


remidos;

II - o sucessor a qualquer título e o cônjuge meeiro, pelos tributos devidos pelo de


cujus até a data da partilha ou adjudicação, limitada esta responsabilidade ao
montante do quinhão do legado ou da meação;

III - o espólio, pelos tributos devidos pelo de cujus até a data da abertura da
sucessão.

Assertiva C incorreta. Nesse sentido, o CTN:

Art. 132. A pessoa jurídica de direito privado que resultar de fusão, transformação
ou incorporação de outra ou em outra é responsável pelos tributos devidos até à
data do ato pelas pessoas jurídicas de direito privado fusionadas, transformadas ou
incorporadas.

Parágrafo único. O disposto neste artigo aplica-se aos casos de extinção de pessoas
jurídicas de direito privado, quando a exploração da respectiva atividade seja
continuada por qualquer sócio remanescente, ou seu espólio, sob a mesma ou outra
razão social, ou sob firma individual.

Incorre também a letra D. O CTN:

Art. 136. Salvo disposição de lei em contrário, a responsabilidade por infrações da


legislação tributária independe da intenção do agente ou do responsável e da
efetividade, natureza e extensão dos efeitos do ato.

33
Por fim, incorreta a assertiva E. Nesse sentido, dispõe o Art. 138 do CTN:

Art. 138. A responsabilidade é excluída pela denúncia espontânea da infração,


acompanhada, se for o caso, do pagamento do tributo devido e dos juros de mora,
ou do depósito da importância arbitrada pela autoridade administrativa, quando o
montante do tributo dependa de apuração.

Parágrafo único. Não se considera espontânea a denúncia apresentada após o início


de qualquer procedimento administrativo ou medida de fiscalização, relacionados
com a infração.

34
QUADRO SINÓPTICO

RESPONSABILIDADE TRIBUTÁRIA

 Sujeição passiva indireta – sem relação pessoal e direta com a obrigação.

 Subsidiária, solidária18 ou pessoal.


 Por substituição (“para frente” e “para trás”) e por transferência.

 Sucessões: imobiliária; por aquisição e remição


RESPONSABILIDADE DOS SUCESSORES
de bens móveis; causa mortis; comercial;
(ARTS. 129-133, CTN)
empresarial.

 Dos pais, pelos tributos devidos por seus filhos


menores; dos tutores e curadores, pelos tributos
devidos por seus tutelados ou curatelados; dos

administradores de bens de terceiros, pelos


tributos devidos por estes; do inventariante, pelos

RESPONSABILIDADE DE TERCEIROS tributos devidos pelo espólio; do síndico e o


(ARTS. 134-135, CTN) comissário, pelos tributos devidos pela massa falida

ou pelo concordatário; dos tabeliães, escrivães e


demais serventuários de ofício, pelos tributos

devidos sobre os atos praticados por eles, ou


perante eles, em razão do seu ofício; dos sócios, no
caso de liquidação de sociedade de pessoas.

RESPONSABILIDADE POR INFRAÇÕES  Responsabilidade pessoal do agente,

(ARTS. 136-137, CTN) independentemente de dolo.

DENÚNCIA ESPONTÂNEA  Exclui a responsabilidade por infrações, contanto


que realizada antes de comunicação formal por
(ART. 138, CTN) parte da autoridade tributária.

18
Vide questão 9
35
QUESTÕES COMENTADAS

Questão 1

(FCC - 2020 - TJ-MS - Juiz Substituto) À luz do Código Tributário Nacional e da jurisprudência

atualmente sedimentada a respeito da responsabilidade dos sócios de empresas limitadas e


desconsideração da personalidade jurídica,

A) os sócios cotistas, sem poder de administração, também podem ser atingidos pelo

redirecionamento de ação de execução fiscal, ainda que o capital social esteja integralizado.

B) o ônus da prova de atos de excesso de poderes ou infração a lei, contrato social ou estatutos
é do fisco, ainda que o nome do sócio conste na certidão de dívida ativa.

C) a simples falta de pagamento do tributo configura fraude a lei para a responsabilização do

sócio que seja administrador da pessoa jurídica.

D) a pessoa jurídica tem interesse recursal para interpor medida contra decisão que determinou
o redirecionamento da execução fiscal em face dos sócios.

E) por ser matéria afeita a lei complementar, lei ordinária não pode criar hipótese de

responsabilidade solidária relativa a sócio sem poder de gestão em empresa constituída na


forma de sociedade limitada.

Comentário:

A assertiva A está incorreta. O capital social estar ou não integralizado não tem relevância,
posto que a responsabilidade do sócio não é subsidiária, mas pessoal, conforme dispõe

o art. 135.

Além disso, o inciso III do referido dispositivo apenas aponta como possível responsável
os diretores, gerentes ou representantes da pessoa jurídica. Assim, não é possível
redirecionar para sócios cotistas.

36
Incorreta a letra B. A CDA tem presunção de certeza e liquidez, nos termos do Art. 204,

CTN. Porém, essa presunção é relativa. Assim, cabe ao sócio o ônus da prova nos casos
em que seu nome consta na CDA.

“A orientação da Primeira Seção do STJ firmou-se no sentido de que, se a execução foi


ajuizada apenas contra a pessoa jurídica, mas o nome do sócio consta da CDA, a ele
incumbe o ônus da prova de que não ficou caracterizada nenhuma das circunstâncias
previstas no art. 135 do CTN, ou seja, não houve a prática de atos “com excesso de poderes
ou infração de lei, contrato social ou estatutos” (AgRg no AREsp 753.074/DF, DJe
18/11/2015).

Incorreto o disposto na assertiva C. A súmula 430 do STJ prevê que o inadimplemento

da obrigação tributária, por si só, não gera responsabilidade do sócio.

Incorreta a letra D. A pessoa jurídica não tem legitimidade nesse caso. Esse é o
entendimento do STJ, como no julgado a seguir:

Em execução fiscal, a sociedade empresária executada não possui legitimidade para

recorrer, em nome próprio, na defesa de interesse de sócio que teve contra si


redirecionada a execução. Isso porque, consoante vedação expressa do art. 6º do CPC,

ninguém poderá pleitear, em nome próprio, direito alheio, salvo quando autorizado por
lei. Dessa forma, como não há lei que autorize a sociedade a interpor recurso contra

decisão que, em execução ajuizada contra ela própria, tenha incluído no polo passivo da
demanda os seus respectivos sócios, tem-se a ilegitimidade da pessoa jurídica para a

interposição do referido recurso. REsp 1.347.627-SP, Rel. Min. Ari Pargendler, julgado em
9/10/2013.

A letra E é o gabarito da questão. Essa questão baseia-se no entendimento do STF (RE

562276 - Tema 11 da repercussão geral) sobre o art. 13, da Lei 8620/93, que previa
responsabilidade tributária para sócios em relação a débitos com a seguridade social.

Esse artigo foi até revogado, mas antes disso o STF decidiu em sede repercussão geral
ser inconstitucional a instituição de responsabilidade tributária solidária em lei ordinária.
O entendimento do STF tem suporte no art. 146, CF. Esse dispositivo prevê as matérias

37
que devem ser veiculadas por lei complementar. No inciso III, estão as normas gerais em

matéria tributária, o que inclui questões relacionadas à obrigação e responsabilidade


tributária.

Vejamos:

1. [...] 6. O art. 13 da Lei 8.620/93 não se limitou a repetir ou detalhar a regra de


responsabilidade constante do art. 135 do CTN, tampouco cuidou de uma nova hipótese
específica e distinta. Ao vincular à simples condição de sócio a obrigação de responder
solidariamente pelos débitos da sociedade limitada perante a Seguridade Social, tratou a
mesma situação genérica regulada pelo art. 135, III, do CTN, mas de modo diverso,
incorrendo em inconstitucionalidade por violação ao art. 146, III, da CF. (…)8. Reconhecida
a inconstitucionalidade do art. 13 da Lei 8.620/93 na parte em que determinou que os
sócios das empresas por cotas de responsabilidade limitada responderiam solidariamente,
com seus bens pessoais, pelos débitos junto à Seguridade Social. (…) (STF – RE 562276,
Relator(a): Min. ELLEN GRACIE, Tribunal Pleno, julgado em 03/11/2010, REPERCUSSÃO
GERAL – MÉRITO).

Questão 2

(FCC - 2020 - TJ-MS - Juiz Substituto) A empresa Móveis Ltda., empresa de grande porte, em
boa saúde financeira e com vários estabelecimentos, vende um de seus estabelecimentos para

a empresa Sofás Ltda., em 10/01/2015. A atividade do estabelecimento é mantida, assim como


a da empresa Móveis Ltda. No instrumento do trespasse, a empresa Móveis Ltda. se compromete

a pagar todos os tributos referentes aos fatos geradores ocorridos até o dia 31/12/2014. Em
janeiro de 2018, houve uma fiscalização na qual foi lançado tributo referente a fatos geradores
de agosto de 2014 referentes ao estabelecimento em questão. Após o contencioso

administrativo, o tributo é inscrito em dívida ativa. A respeito desses fatos, à luz do Código
Tributário Nacional,

A) ambas as empresas poderão ser cobradas em ação de execução fiscal, mas Sofás Ltda.

somente subsidiariamente.

38
B) somente a empresa Móveis Ltda. poderá ser cobrada em ação de execução fiscal, pois assim

se comprometeu no trespasse.

C) somente a empresa Sofás Ltda. poderá ser cobrada em ação de execução fiscal, pois era a
empresa titular do estabelecimento no momento da fiscalização.

D) somente a empresa Móveis Ltda. poderá ser cobrada em ação de execução fiscal, pois era a
titular do estabelecimento no momento da ocorrência do fato gerador.

E) somente a empresa Sofás Ltda. poderá ser cobrada em ação de execução fiscal, pois houve

substituição tributária.

Comentário:

A assertiva A está correta, sendo o gabarito da questão. No presente caso, como a


empresa alienante prosseguiu na exploração da atividade, aplica-se o art. 133, II, CTN.

Art. 133 CTN. A pessoa natural ou jurídica de direito privado que adquirir de outra, por
qualquer título, fundo de comércio ou estabelecimento comercial, industrial ou
profissional, e continuar a respectiva exploração, sob a mesma ou outra razão social ou
sob firma ou nome individual, responde pelos tributos, relativos ao fundo ou
estabelecimento adquirido, devidos até à data do ato:

I - integralmente, se o alienante cessar a exploração do comércio, indústria ou atividade;

II - subsidiariamente com o alienante, se este prosseguir na exploração ou iniciar dentro


de seis meses a contar da data da alienação, nova atividade no mesmo ou em outro ramo
de comércio, indústria ou profissão.

Assertiva B incorreta. O fato de o contrato de trespasse prever a responsabilidade não

pode ser oposta em face do Fisco, de acordo com a regra prevista no art. 123, CTN.

Letra C errada. Como visto, o art. 133, II, CTN prevê a responsabilidade subsidiária nesse
caso, conforme já explicado.

Letra D incorreta. O art. 133, II, CTN prevê responsabilidade subsidiária nesse caso, como
você já viu acima.

39
Por fim, incorreta a letra E, posto que não se trata de substituição tributária, mas de

sucessão empresarial.

Questão 3

(CESPE - 2020 - MPE-CE - Promotor de Justiça de Entrância Inicial) João arrematou um imóvel
em hasta pública, tendo descoberto posteriormente que havia dívidas de IPTU relativas ao

imóvel, constituídas antes da data da arrematação e que não haviam sido informadas no leilão.

Nessa situação hipotética, de acordo com o Código Tributário Nacional (CTN), a sub-rogação
do crédito tributário ocorrerá sobre

A) o patrimônio do arrematante, o qual passa a ser pessoalmente responsável pela dívida.

B) o patrimônio do proprietário anterior, o qual deverá responder sozinho pela dívida tributária.

C) o preço pago pelo arrematante, não devendo ser gerado qualquer gravame no imóvel.

D) o imóvel, sobre o qual incidirá o gravame, até o limite do seu valor.

E) o patrimônio tanto do proprietário anterior quanto do arrematante, sendo hipótese de


responsabilidade solidária.

Comentário:

O gabarito da questão é a letra C. O IPTU que incide sobre o imóvel antes de sua efetiva
arrematação, a justiça entende que em regra aquele que arremata o imóvel o adquire

livre de qualquer ônus. Entende-se, pois, que nos termos do art. 130, parágrafo único, do
CTN, ocorrendo a arrematação em hasta pública, o arrematante adquire o imóvel livre de

quaisquer ônus, porquanto a sub-rogação ocorre sobre o valor arrecadado, vale dizer,
ocorre uma sub-rogação real, e não pessoal. Assim, o valor do débito tributário deve ser

abatido do produto da arrecadação.

Art. 130, CTN. Os créditos tributários relativos a impostos cujo fato gerador seja a
propriedade, o domínio útil ou a posse de bens imóveis, e bem assim os relativos a taxas
pela prestação de serviços referentes a tais bens, ou a contribuições de melhoria,

40
subrogam-se na pessoa dos respectivos adquirentes, salvo quando conste do título a prova
de sua quitação.

Parágrafo único. No caso de arrematação em hasta pública, a sub-rogação ocorre sobre o


respectivo preço.

Porém, caso esteja expresso no edital que o imóvel possui débitos de IPTU, deve o

arrematante assumi-los, conforme entendimento pacificado do Superior Tribunal de


Justiça, segundo o qual “o caput do art. do deve ser interpretado conjuntamente com o

seu parágrafo único. Nenhuma dúvida de que a sub-rogação do parágrafo único não
exclui a responsabilidade do proprietário anterior à transferência imobiliária. Tal raciocínio
há de ser aplicado na sub-rogação do caput, devendo a interpretação sistemática

prevalecer sobre a isolada.” (AgInt no AREsp 942.940/RJ, julgado em 15/08/2017).

Questão 4

(MPE-GO - 2019 - MPE-GO - Promotor de Justiça - Reaplicação) Sobre a obrigação tributária,


assinale a alternativa correta:

A) A obrigação tributária é principal e acessória. A obrigação tributária acessória não está sujeita
ao princípio da reserva legal e extingue-se juntamente com a obrigação principal.

B) O sujeito ativo da obrigação tributária é a pessoa jurídica de direito público, que possui a

capacidade tributária ativa, a qual é indelegável.

C) A responsabilidade tributária dos pais em relação aos tributos devidos pelos filhos menores
decorre de lei e dar-se-á naqueles casos em que os pais tiverem vinculação direta ou indireta,

em razão de ato comissivo ou omissivo, com a situação que constitui o fato gerador da
obrigação tributária principal e diante da impossibilidade de cumprimento da obrigação
tributária principal pelo filho contribuinte.

D) A definição do fato gerador da obrigação tributária principal só pode ser estabelecida em lei,
mas a definição do sujeito passivo dessa obrigação pode ser estabelecida por normas infralegais.

Comentário:
41
Assertiva A falsa. Segundo Roberval Rocha, diferentemente da obrigação principal, que

deriva da lei, o CTN permite que a obrigação acessória tenha como fonte a legislação
tributária, que, tal como definida no art. 96, compreende as leis, os tratados e as

convenções internacionais, os decretos e as normas complementares que versem, no todo


ou em parte, sobre tributos e relações jurídicas a eles pertinentes.

Ou seja: não se aplica às obrigações tributárias acessórias o princípio da reserva legal. O

que não quer dizer que a multa pelo seu eventual descumprimento possa ser aplicada
sem previsão legal.

De acordo com os arts. 175, parágrafo único, e 194, parágrafo único, ambos do CTN,

mesmo os casos de anistia, isenção e imunidade não dispensam o cumprimento das


obrigações acessórias nem afastam seu caráter autônomo, pois mesmo não existindo

obrigação principal a ser adimplida, pode haver obrigação acessória a ser cumprida.

O exemplo clássico é o dos isentos de impostos sobre circulação de mercadorias, que,


mesmo assim, veem-se obrigados a emitir notas fiscais das operações correspondentes e

a manter a escrituração fiscal em dia.

Incorreta a Letra B. O já citado autor aponta que a competência tributária não se confunde
com a capacidade tributária ativa, que é a capacidade de figurar no polo ativo da relação

jurídica obrigacional tributária ou o poder de cobrar, exigir e fiscalizar o tributo.

O INSS, por exemplo, é uma autarquia federal com o poder de arrecadar e fiscalizar
algumas contribuições sociais, mas isso não significa que possui 'competência' relativa a

tais tributos, que continua sendo exclusiva da União."

Dispõe o CTN:

Art. 7º A competência tributária é indelegável, salvo atribuição das funções de arrecadar


ou fiscalizar tributos, ou de executar leis, serviços, atos ou decisões administrativas em
matéria tributária, conferida por uma pessoa jurídica de direito público a outra, nos termos
do §3º do artigo 18 da Constituição.

A letra C é o gabarito da questão, conforme inteligência do art. 134 do CTN, in verbis:

42
Art. 134. Nos casos de impossibilidade de exigência do cumprimento da obrigação
principal pelo contribuinte, respondem solidariamente com este nos atos em que
intervierem ou pelas omissões de que forem responsáveis:

I - os pais, pelos tributos devidos por seus filhos menores;

Por fim, incorreta a letra D, por ser incompatível com o art. 97 do CTN.

Art. 97. Somente a lei pode estabelecer:

III - a definição do fato gerador da obrigação tributária principal, ressalvado o disposto no


inciso I do § 3º do artigo 52, e do seu sujeito passivo.

Questão 5

(CESPE - 2019 - TJ-PR - Juiz Substituto) A empresa X adquiriu todo o fundo de comércio da
empresa Y e passou a explorar o negócio sob outra razão social. Após a venda do fundo, Y

encerrou regularmente suas atividades, sem que tenha havido falência ou recuperação judicial.

De acordo com a jurisprudência majoritária do STJ, em relação a tributos e multas devidos pela
empresa Y e referentes a fatos geradores ocorridos até a data da sucessão, a empresa X

responderá

A) apenas pelos tributos devidos, e não pelas multas moratórias ou punitivas.

B) pelos tributos devidos e pelas multas moratórias, mas não pelas multas punitivas.

C) pelos tributos devidos e pelas multas moratórias ou punitivas.

D) apenas pelas multas moratórias ou punitivas, e não pelos tributos devidos.

Comentário:

A letra C é o gabarito da questão e seu fundamento justifica a incorreção das demais

alternativas.

O STJ tem entendimento em sede de recurso repetitivo (Tema 382), no sentido que:

43
"A responsabilidade tributária do sucessor abrange, além dos tributos devidos pelo
sucedido, as multas moratórias ou punitivas, que, por representarem dívida de valor,
acompanham o passivo do patrimônio adquirido pelo sucessor, desde que seu fato
gerador tenha ocorrido até a data da sucessão".

Questão 6

(CESPE - 2019 - TJ-BA - Juiz de Direito Substituto) Por expressa previsão legal do CTN,
entende-se como responsável tributário a pessoa que

A) figure como sujeito ativo de uma obrigação tributária acessória em razão da solidariedade,

substituição tributária ou sucessão.

B) figure como sujeito ativo de uma obrigação tributária sem que tenha a obrigação de efetuar
o pagamento do crédito tributário.

C) tenha relação pessoal direta com a situação que constitua o respectivo fato gerador e seja

obrigada ao pagamento de uma penalidade pecuniária.

D) esteja obrigada ao pagamento de tributo ou penalidade pecuniária sem ter relação pessoal
e direta com a situação que constitua o respectivo fato gerador.

E) esteja obrigada a prestações que constituam o objeto de uma obrigação acessória.

Comentário:

Letra A incorreta. Cuidado para não confundir solidariedade tributária com


responsabilidade tributária. A solidariedade está prevista no art. 124, CTN. Por sua vez, a

responsabilidade está no art. 135. Além disso, a responsabilidade está ligada ao


pagamento do tributo, e não às obrigações acessórias.

A letra B está incorreta. O responsável tributário tem obrigação de efetuar o pagamento


do crédito tributário.

44
Alternativa C errada. É o contribuinte que tem relação pessoal e direta com o fato gerador.

Alternativa D correta. Nos termos do art. 121, parágrafo único, II, do CTN, o responsável
é aquele que, sem revestir condição de contribuinte, sua obrigação decorra de disposição
expressa de lei.

Por sua vez, o contribuinte é aquele que tem relação pessoa e direta com a situação que
constitua o fato gerador.

Por fim, incorreta a letra E. O responsável está relacionado à obrigação principal, e não

apenas às obrigações acessórias.

Questão 7

(PGR - 2017 - PGR - Procurador da República) SOBRE A RESPONSABILIDADE TRIBUTÁRIA É


INCORRETO AFIRMAR QUE:

A) o inadimplemento da obrigação tributária pela sociedade gera, por si só, a responsabilidade

solidária do sócio-gerente;

B) na hipótese de sucessão empresarial, a responsabilidade da sucessora abrange não apenas


os tributos devidos pela sucedida, mas também as multas moratórias ou punitivas referentes a
fatos geradores ocorridos até a data da sucessão;

C) a lei poderá atribuir a sujeito passivo de obrigação tributária a condição de responsável pelo
pagamento de imposto ou contribuição, cujo fato gerador deva ocorrer posteriormente,

assegurada a imediata e preferencial restituição da quantia paga, caso não se realize o fato
gerador presumido;

D) a lei pode atribuir de modo expresso a responsabilidade pelo crédito tributário a terceira

pessoa, vinculada ao fato gerador da respectiva obrigação, excluindo a responsabilidade do


contribuinte ou atribuindo-a a este em caráter supletivo do cumprimento total ou parcial da
referida obrigação.

45
Comentário:

A assertiva A está errada por ir de encontro ao que dispõe a Súmula 430 do STJ que
dispõe: "O inadimplemento da obrigação tributária pela sociedade não gera, por si só, a
responsabilidade solidária do sócio-gerente". Deste modo, é o gabarito da questão.

A letra B está correta. O STJ firmou entendimento no seguinte sentido:

Súmula 554, STJ: Na hipótese de sucessão empresarial, a responsabilidade da sucessora


abrange não apenas os tributos devidos pela sucedida, mas também as multas moratórias
ou punitivas referentes a fatos geradores ocorridos até a data da sucessão.

A alternativa C está correta, em compatibilidade com a Constituição Federal que dispõe


em seu Art. 150, §7º que: a lei poderá atribuir a sujeito passivo de obrigação tributária a

condição de responsável pelo pagamento de imposto ou contribuição, cujo fato gerador


deva ocorrer posteriormente, assegurada a imediata e preferencial restituição da quantia

paga, caso não se realize o fato gerador presumido.

Por derradeiro, a assertiva D está correta. Nos termos do CTN que prevê:

Art. 128, CTN. Sem prejuízo do disposto neste capítulo, a lei pode atribuir de modo
expresso a responsabilidade pelo crédito tributário a terceira pessoa, vinculada ao fato
gerador da respectiva obrigação, excluindo a responsabilidade do contribuinte ou
atribuindo-a a este em caráter supletivo do cumprimento total ou parcial da referida
obrigação.

Questão 8

(CESPE - 2017 - TJ-PR - Juiz Substituto) Uma sociedade limitada, tendo declarado

regularmente seus tributos, deixou de pagá-los, sem que houvesse qualquer fraude ou
46
comportamento análogo. No momento da inscrição em dívida ativa, apenas com base no

inadimplemento, o sócio-gerente foi incluído como responsável pelo crédito tributário. A


respeito dessa situação hipotética e de aspectos diversos a ela pertinentes, assinale a opção

correta.

A) O sócio-gerente não responde por simples inadimplemento, devendo-lhe ser imputado, para
que haja a sua responsabilização, excesso de poderes ou infração de lei, contrato social ou

estatutos, sendo incabível a sua responsabilização no caso em questão.

B) Os sócios, administradores ou não, só respondem solidariamente no caso de liquidação


irregular de pessoa jurídica, sendo incabível a sua responsabilização na situação em apreço.

C) O sócio-gerente será responsável pelo crédito tributário apenas nos casos em que praticar

ilícitos penais ou agir com dolo específico.

D) No caso de impossibilidade de exigência do cumprimento da obrigação principal pelo


contribuinte, os sócios, apenas com base nessa condição, respondem solidariamente pelo crédito

tributário da pessoa jurídica, estando correta a responsabilização do sócio-gerente no caso em


questão.

Comentário:

Correto o que prevê a assertiva A. O STJ entende que o mero inadimplemento da


obrigação tributária não é passível de responsabilidade tributária do sócio.

Nesse sentido, a súmula 430, STJ: “O inadimplemento da obrigação tributária pela

sociedade não gera, por si só, a responsabilidade solidária do sócio-gerente".

A assertiva B está incorreta ao afirmar que apenas sócios com poderes de administração
podem ser responsáveis tributários. Sócios cotistas, que não atuam efetivamente na

gestão da pessoa jurídica, não podem ser responsabilizados. O segundo erro é a


afirmação que apenas no caso de liquidação irregular há responsabilidade tributária. A

responsabilidade decorre de atos praticados com "excesso de poderes ou infração de lei,

47
contrato social ou estatutos" (art. 135, CTN). Note-se que o previsto é mais amplo que

apenas a liquidação irregular. Assim, apesar de ser incabível a responsabilização na


situação em apreço, os fundamentos apontados pela alternativa estão errados.

Incorreta a letra C. Nos termos do art. 135, III, CTN, a responsabilidade do sócio gerente

não se restringe aos ilícitos penais, bastando caracterizar ato com "excesso de poderes
ou infração de lei, contrato social ou estatutos". Consequentemente, não se exige dolo

específico para a responsabilização tributária do sócio.

Por fim, incorreta a letra E. Não está correta a responsabilização do sócio-gerente no


caso, posto que se trata de mero inadimplemento. Assim, não é possível a cobrança para

além da pessoa jurídica contribuinte.

Questão 9

(TRF - 2ª Região - 2017 - TRF - 2ª REGIÃO - Juiz Federal Substituto) Entidade autárquica
federal adquire imóvel. Mais tarde, não se comprovando o recolhimento da taxa de coleta de

lixo, de período anterior à alienação, surge dúvida sobre a eventual responsabilidade da


autarquia em honrar tal débito. Sobre essa eventual responsabilidade, pode-se afirmar que:

A) Ela não existe, tendo em conta se tratar de autarquia.

B) A responsabilidade é subsidiária.

C) A responsabilidade é solidária.

D) A responsabilidade é regressiva.

E) A responsabilidade é autônoma, e apenas existe se o lixo foi recolhido.

Comentário:

O gabarito apresentado pelo Examinador foi a assertiva C. Todavia, há controvérsias. Ao


comentar o art. 130 do CTN a doutrina aponta:

48
“[...] À luz dessa responsabilização, o sujeito passivo de tais tributos passa a ser o novo
proprietário, posseiro ou foreiro, no lugar do alienante, independentemente de condições
quaisquer, havendo nítida sub-rogação pessoal ou responsabilidade por sucessão pessoal.
Veja que não é caso de “solidariedade”, nem nos parece hipótese de “responsabilidade
subsidiária”. [...] Saliente-se que é devido ao notário ou tabelião exigir todos os
documentos necessários à lavratura da escritura, os quais comprovem o recolhimento dos
tributos devidos. Caso contrário responde solidariamente com o contribuinte nos atos que
intervir ou pelas omissões que foi responsável. [...].” Trecho de: EDUARDO SABBAG.
“MANUAL DE DIREITO TRIBUTÁRIO - 5ª Edição”.

De fato, não é hipótese de solidariedade, pois em nenhum momento a lei remete ao art.
124 do CTN e nem menciona o antigo proprietário. Pelo contrário, afirma expressamente

que caberá ao adquirente e ponto.

Quando a lei diz: "salvo prova da quitaçao do tributo" está excluindo a responsabilidade
e não tornando ela solidária. E na questão ainda tem a peculiaridade de não existir a tal

prova de quitação, o que torna inaplicável a parte final do art. 130 do CTN.

Questão 10

(TRF - 2ª Região - 2017 - TRF - 2ª REGIÃO - Juiz Federal Substituto) Em 2014, empresa do
setor de alimentos adquire estabelecimento comercial de outra e passa, ali, a exercer a mesma

atividade da alienante.

A pessoa jurídica alienante deixa de existir e seus antigos sócios passam a atuar em outros
ramos. Dois anos depois, é lavrado auto de infração em razão do não recolhimento de Imposto

de Renda (IRPJ), acrescido de penalidade, tudo relativo ao ano base 2012.

Assinale a opção correta:

A) Apenas a alienante, cuja operação concretizou o fato gerador do tributo devido, responde
diretamente pelo tributo e pela penalidade. Seus sócios gerentes podem responder, comprovado

o encerramento irregular da pessoa jurídica.

B) A adquirente do estabelecimento responde diretamente pelo tributo e pela penalidade.

49
C) Alienante e adquirente respondem, na proporção de suas culpas, pelos tributos e penalidades

devidos.

D) O tributo pode ser exigido diretamente da adquirente, e a penalidade é integralmente devida


apenas pela alienante e seus antigos sócios, estes independentemente da dissolução irregular.

E) Apenas a alienante é devedora do tributo e da penalidade. A adquirente é responsável


subsidiária, e bem assim os sócios da alienante, independentemente da dissolução irregular.

Comentário:

O gabarito da questão é a letra B. A Pessoa Jurídica que vendeu o estabelecimento deixou

de existir, não confundindo sua personalidade com a dos antigos sócios.

Art. 133. A pessoa natural ou jurídica de direito privado que adquirir de outra, por qualquer
título, fundo de comércio ou estabelecimento comercial, industrial ou profissional, e
continuar a respectiva exploração, sob a mesma ou outra razão social ou sob firma ou
nome individual, responde pelos tributos, relativos ao fundo ou estabelecimento adquirido,
devidos até à data do ato:

I - integralmente, se o alienante cessar a exploração do comércio, indústria ou atividade;

II - subsidiariamente com o alienante, se este prosseguir na exploração ou iniciar dentro


de seis meses a contar da data da alienação, nova atividade no mesmo ou em outro ramo
de comércio, indústria ou profissão.

Súmula 554 STJ: Na hipótese de sucessão empresarial, a responsabilidade da sucessora


abrange não apenas os tributos devidos pela sucedida, mas também as multas moratórias
ou punitivas referentes a fatos geradores ocorridos até a data da sucessão.

Questão 11

(CESPE - 2019 - TJ-PR - Juiz Substituto) De acordo com o Código Tributário Nacional, o sujeito
ativo da obrigação tributária principal é a pessoa

A) jurídica de direito público titular da competência de exigir o cumprimento da obrigação.

50
B) jurídica de direito público destinatária do produto da arrecadação do referido tributo.

C) física ou jurídica obrigada ao pagamento do tributo ou da penalidade pecuniária de natureza


tributária.

D) física ou jurídica que tenha relação pessoal e direta com a situação que constitui o respectivo

fato gerador.

Comentário:

A assertiva A está correta. O art. 119 do CTN preconiza que sujeito ativo da obrigação é

a pessoa jurídica de direito público titular da competência para exigir o seu cumprimento.

O Sujeito Ativo é o credor da obrigação tributária, ou seja, é quem cobra o tributo,

fiscaliza, constitui crédito tributário mediante lançamento, inscreve em dívida ativa e exige
o pagamento por meio de ajuizamento de execução fiscal, quando necessário.

Trata‑se de uma pessoa jurídica de direito público, isto é, o próprio ente federativo (União,
Estados, Municípios e Distrito Federal), uma autarquia ou uma fundação pública.

Preste atenção! Ser sujeito ativo da tributação não é ser destinatário do produto da

arrecadação. Pessoas jurídicas de direito privado, que exerçam função pública sem fins
lucrativos, podem ser destinatárias do produto de determinadas contribuições instituídas

para tal fim, mas jamais comporão a relação jurídico‑tributária.

Segundo o CTN, o sujeito passivo da obrigação principal é a pessoa obrigada ao

pagamento de tributo ou penalidade pecuniária (art. 121) e o sujeito passivo da obrigação


acessória é a pessoa obrigada às prestações que constituam o seu objeto (art. 122).

Assertiva B incorreta. A pessoa jurídica destinatária do produto da arrecadação não é


considerada como sujeito ativo.

A letra C está incorreta. A definição da alternativa se refere ao sujeito passivo, nos termos
do art. 121, CTN.

51
Por fim, incorreto o disposto na assertiva D. Essa é a definição de contribuinte, prevista

como uma das espécies de sujeito passivo, nos termos do art. 121, I, CTN.

Questão 12

(MPE-RS - 2016 - MPE-RS - Promotor de Justiça - Prova Anulada) Relativamente à

responsabilidade tributária, é correto afirmar que

A) a responsabilidade tributária é pessoal, não podendo ser transferida a terceiros.

B) o sucessor é pessoalmente responsável pelos tributos devidos pelo de cujos, ainda que a
dívida tributária ultrapasse o valor do respectivo quinhão hereditário.

C) a extinção de pessoa jurídica de direito privado acarreta a extinção da obrigação tributária,

ainda que a exploração da atividade seja continuada por sócio remanescente.

D) a responsabilidade por infrações da legislação tributária depende da intenção do agente ou


do responsável e da efetividade, natureza e extensão dos efeitos do ato.

E) não se considera espontânea, para fins de exclusão da responsabilidade, a denúncia


apresentada após o início de qualquer procedimento administrativo ou medida de fiscalização,
relacionados com a infração.

Comentário:

A assertiva A está incorreta. Dispõe o Código Tributário Nacional:

Art. 128. Sem prejuízo do disposto neste capítulo, a lei pode atribuir de modo expresso a
responsabilidade pelo crédito tributário a terceira pessoa, vinculada ao fato gerador da
respectiva obrigação, excluindo a responsabilidade do contribuinte ou atribuindo-a a este
em caráter supletivo do cumprimento total ou parcial da referida obrigação.

Letra B incorreta por incompatibilidade com o CTN, que dispõe:

Art. 131. São pessoalmente responsáveis:

I - o adquirente ou remitente, pelos tributos relativos aos bens adquiridos ou remidos;

52
II - o sucessor a qualquer título e o cônjuge meeiro, pelos tributos devidos pelo de cujus
até a data da partilha ou adjudicação, limitada esta responsabilidade ao montante do
quinhão do legado ou da meação;

III - o espólio, pelos tributos devidos pelo de cujus até a data da abertura da sucessão.

Assertiva C incorreta. Nesse sentido, o CTN:

Art. 132. A pessoa jurídica de direito privado que resultar de fusão, transformação ou
incorporação de outra ou em outra é responsável pelos tributos devidos até à data do ato
pelas pessoas jurídicas de direito privado fusionadas, transformadas ou incorporadas.

Parágrafo único. O disposto neste artigo aplica-se aos casos de extinção de pessoas
jurídicas de direito privado, quando a exploração da respectiva atividade seja continuada
por qualquer sócio remanescente, ou seu espólio, sob a mesma ou outra razão social, ou
sob firma individual.

Incorreta também a letra D. O CTN:

Art. 136. Salvo disposição de lei em contrário, a responsabilidade por infrações da


legislação tributária independe da intenção do agente ou do responsável e da efetividade,
natureza e extensão dos efeitos do ato.

Por fim, incorreta a assertiva E. Nesse sentido, dispõe o Art. 138 do CTN:

Art. 138. A responsabilidade é excluída pela denúncia espontânea da infração,


acompanhada, se for o caso, do pagamento do tributo devido e dos juros de mora, ou do
depósito da importância arbitrada pela autoridade administrativa, quando o montante do
tributo dependa de apuração.

Parágrafo único. Não se considera espontânea a denúncia apresentada após o início de


qualquer procedimento administrativo ou medida de fiscalização, relacionados com a
infração.

Questão 13

(FAURGS - 2016 - TJ-RS - Juiz de Direito Substituto) Em 2013, F.S. adquiriu um imóvel em
hasta pública. O imóvel está localizado no município X, em área definida como urbana pela

legislação municipal. No local, há rede de abastecimento de água, iluminação pública e posto


53
de saúde. Em 2015, em face de execução fiscal movida pelo município, F.S. foi citado para pagar

o IPTU dos exercícios de 2010, 2011 e 2012. Neste caso, com relação à responsabilidade
tributária, pode-se afirmar que F.S.

A) é responsável pelo imposto relativo aos exercícios de 2010, 2011 e 2012.

B) é responsável pelo imposto relativo aos exercícios de 2011 e 2012, encontrando-se prescrito
o débito relativo ao ano de 2010.

C) é responsável pelo imposto relativo ao exercício de 2012, encontrando-se prescritos os

débitos relativos aos anos de 2010 e 2011.

D) não é responsável pelo débito, em face de sub-rogação sobre o preço.

E) não é responsável pelo débito, em face de sub-rogação aos respectivos adquirentes..

Comentário:

O gabarito da questão é a letra D. Quando a aquisição se dá em hasta pública (leilão),


sub-roga-se ao preço, o crédito tributário. O contribuinte paga pelo preço negociado e

caso haja crédito tributário como excedente, o fisco suportará o prejuízo. É uma espécie
de incentivo para as pessoas que adquirem bens em hasta pública. O adquirente só vai
pagar o preço adjudicado.

Observe a decisão do STJ quando a arrematação em hasta pública não for suficiente para
pagar todos os débitos tributários para com o fisco:

I – Na hipótese de arrematação em hasta pública, dispõe o parágrafo único do art. 130


do Código Tributário Nacional que a sub-rogação do crédito tributário, decorrente de
impostos cujo fato gerador seja a propriedade do imóvel, ocorre sobre o respectivo preço,
que por eles responde. Esses créditos, até então assegurados pelo bem, passam a ser
garantidos pelo referido preço da arrematação, recebendo o adquirente o imóvel
desonerado dos ônus tributários devidos até a data da realização da hasta.

II – Se o preço alcançado na arrematação em hasta pública não for suficiente para cobrir
o débito tributário, não fica o arrematante responsável pelo eventual saldo devedor. A

54
arrematação tem o efeito de extinguir os ônus que incidem sobre o bem imóvel
arrematado, passando este ao arrematante livre e desembaraçado dos encargos tributários
(STJ, 4.ª T., REsp 166.975/SP)

O CTN:

Art. 130. Os créditos tributários relativos a impostos cujo fato gerador seja a propriedade,
o domínio útil ou a posse de bens imóveis, e bem assim os relativos a taxas pela prestação
de serviços referentes a tais bens, ou a contribuições de melhoria, subrogam-se na pessoa
dos respectivos adquirentes, salvo quando conste do título a prova de sua quitação.

Parágrafo único. No caso de arrematação em hasta pública, a sub-rogação ocorre sobre o


respectivo preço.

Ainda o STJ:

A arrematação de bem móvel ou imóvel em hasta pública é considerada como aquisição


originária, inexistindo relação jurídica entre o arrematante e o anterior proprietário do
bem, de maneira que os débitos tributários anteriores à arrematação sub-rogam-se no
preço da hasta. (AGA 200901607662, Eliana Calmon, STJ. Segunda turma, dje
data:08/04/2010).

55
GABARITO

Questão 1 - E

Questão 2 - A

Questão 3 - C

Questão 4 - C

Questão 5 - C

Questão 6 - D

Questão 7 - A

Questão 8 - A

Questão 9 - C

Questão 10 - B

Questão 11 - A

Questão 12 - E

Questão 13 - D

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QUESTÃO DESAFIO

A responsabilidade dos sucessores é aplicada a créditos tributários


ainda não constituídos?

Responda em até 5 linhas

57
GABARITO QUESTÃO DESAFIO

Sim, a responsabilidade dos sucessores atinge os créditos tributários definitivamente

constituídos, ou em curso de constituição, e aos constituídos posteriormente, desde que


relativos a obrigações tributárias surgidas até os atos ou fatos determinantes da sucessão,

conforme art. 129 do CTN.

Você deve ter abordado necessariamente os seguintes itens em sua resposta:

 Obrigações surgidas até atos ou fatos da sucessão

A responsabilidade dos sucessores, disciplinada pelos art. 129 a 133 do CTN, ocorre com o
desaparecimento do devedor original, acarretando a transferência da obrigação tributária. Tal

transferência pode ser causa mortis, quando ocorre transmissão para herdeiros; e inter vivos,
quando se transfere para um comprador.

Quanto aos créditos atingidos, o autor Eduardo Sabbag descreve (SABBAG, Eduardo. Direito
Tributário Essencial. 6. ed. Rio de Janeiro: Editora Método, 2018. p. 194-194.): “A responsabilidade
dos sucessores, tratada nos arts. 129 a 133 do CTN, atingirá: os créditos definitivamente
constituídos (o lançamento já se realizou); os créditos em procedimento de constituição, na data
da ocorrência dos atos ou fatos determinantes da sucessão (o lançamento está em fase de

realização); os créditos ainda não constituídos, porém correspondentes a fatos geradores


ocorridos antes da realização dos atos ou fatos determinantes da sucessão (o lançamento ainda

não se realizou).”.

 Art. 129 do CTN

O art. 129 do CTN descreve quais os créditos tributários poderão ser sucedidos, entre eles estão
os constituídos posteriormente, desde que os atos relativos à obrigação tributária tenham
surgidos até a data determinante da sucessão.

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O autor Roberto Caparroz comenta (CAPARROZ, Roberto. Direito Tributário Esquematizado .
3. ed. São Paulo: Saraiva Educação, 2019. p. 598-598.): “A responsabilidade por sucessão parte
da premissa da continuidade econômica dos bens, direitos e obrigações transferidos ao

sucessor e alcança os débitos fiscais preexistentes, já lançados, bem assim aqueles que
porventura forem apurados posteriormente à sucessão, desde que relativos a fatos jurídicos

ocorridos antes desta. Diferentemente do que se possa imaginar, a transferência de uma dívida
tributária para o sucessor não fere a lógica jurídica nem impõe às pessoas um ônus adicional,

pois o débito está limitado à expressão econômica do bem ou direito transferido, como ocorre
nos casos de herança, em que o patrimônio do falecido suporta eventuais dívidas tributárias
existentes antes do evento morte.”.

59
LEGISLAÇÃO COMPILADA

RESPONSABILIDADE TRIBUTÁRIA

 Código Tributário Nacional: Arts. 128 a 137.

 Constituição Federal: Arts. 150, § 7º.

 Súmulas do STJ: 360, 30, 435

Os dispositivos compilados acima são as mais relevantes previsões legais sobre responsabilidade

e solidariedade tributária. Sua recorrência é grande em concursos públicos, sendo certo que seu
conteúdo estará presente em questões sobre o tema. Deste modo, é fundamental que você se

dedique especial atenção aos arts. 132, 136 e 138 do CTN, não dispensando sua leitura.

Quanto às súmulas, lembramos que o Examinador tem predileção pelo que dispõe a 430 do
STJ. Não esqueça o que ela dispõe!

 Súmula 360 do STJ

O benefício da denúncia espontânea não se aplica aos tributos sujeitos a lançamento por homologação
regularmente declarados, mas pagos a

destempo.

 Súmula 430 do STJ

O inadimplemento da obrigação tributária pela sociedade não gera, por si só, a responsabilidade solidária do sócio-
gerente.

 Súmula 435 do STJ

Presume-se dissolvida irregularmente a empresa que deixar de funcionar no seu domicílio fiscal, sem comunicação
aos órgãos competentes, legitimando o redirecionamento da execução fiscal para o sócio-gerente.

SOLIDARIEDADE TRIBUTÁRIA

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 Código Civil: Art. 264.

 Código Tributário Nacional: Arts. 124-125.

61
JURISPRUDÊNCIA

RESPONSABILIDADE TRIBUTÁRIA

 EMENTA: PROCESSUAL CIVIL E TRIBUTÁRIO. MANDADO DE SEGURANÇA. ILEGITIMIDADE


PASSIVA DO PRESIDENTE DA FUNDAÇÃO SISTEL DE SEGURIDADE SOCIAL PARA FIGURAR COMO
AUTORIDADE COATORA. ATIVIDADE EXERCIDA DE MERA RETENÇÃO DO IMPOSTO DE RENDA
SOBRE O SAQUE DAS CONTRIBUIÇÕES DE PREVIDÊNCIA PRIVADA. 1. Tratam os autos de
mandado de segurança impetrado por Iraci Ferreira de Souza Lima e Outros em face de ato do
Delegado da Receita Federal no Distrito Federal e do Presidente da Fundação Sistel de Seguridade
Social objetivando excluir a incidência do IRRF sobre o saque das contribuições efetuadas à
entidade de previdência privada. (...) 2. Esta Corte possui o entendimento de que o fundo de
previdência privada é o responsável tributário por substituição, estando obrigado a reter na fonte
e a repassar o imposto de renda aos cofres da União. Tal atividade, porém, não o legitima para
figurar no polo passivo da ação de mandado de segurança na qualidade de autoridade coatora.
3. Autoridade coatora é o agente que, no exercício de atribuições do Poder Público, é o
responsável pela prática do ato impugnado e contra quem se deve impetrar a ação mandamental.
4. Recurso especial provido, excluindo-se da lide a Fundação Sistel de Seguridade Social ante a
sua ilegitimidade passiva. Prejudicada a análise das demais questões. (REsp 664.503/DF, 1ª T., rel.
Min. José Delgado, j. em 21-10-2004).

Comentário: Atente que, se o empregador, deixar de reter o IRRF, a ação do Fisco deve dirigir-
se contra ele, e não contra o empregado, por este ficar excluído da relação jurídico-tributária.

Se a empresa proceder ao desconto do valor do imposto no salário do empregado e não o


recolher aos cofres públicos, haverá apropriação indébita e seus administradores serão

pessoalmente responsáveis pelos créditos tributários.

 Recurso extraordinário. Repercussão geral. Direito tributário. Imposto sobre Circulação de


Mercadorias e Serviços – ICMS. Substituição tributária progressiva ou para frente. Cláusula de
restituição do excesso. Base de cálculo presumida. Base de cálculo real. Restituição da diferença.
Art. 150, § 7º , da Constituição da República. Revogação parcial de precedente. ADI 1.851. 1.
Fixação de tese jurídica ao Tema 201 da sistemática da repercussão geral: “É devida a restituição

62
da diferença do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços – ICMS pago a mais no
regime de substituição tributária para frente se a base de cálculo efetiva da operação for inferior
à presumida”. 2. A garantia do direito à restituição do excesso não inviabiliza a substituição
tributária progressiva, à luz da manutenção das vantagens pragmáticas hauridas do sistema de
cobrança de impostos e contribuições. 3. O princípio da praticidade tributária não prepondera na
hipótese de violação de direitos e garantias dos contribuintes, notadamente os princípios da
igualdade, capacidade contributiva e vedação ao confisco, bem como a arquitetura de
neutralidade fiscal do ICMS. 4. O modo de raciocinar “tipificante” na seara tributária não deve ser
alheio à narrativa extraída da realidade do processo econômico, de maneira a transformar uma
ficção jurídica em uma presunção absoluta. 5. De acordo com o art. 150, § 7º , in fine, da
Constituição da República, a cláusula de restituição do excesso e respectivo direito à 11.2 11.2.1
restituição se aplicam a todos os casos em que o fato gerador presumido não se concretize
empiricamente da forma como antecipadamente tributado. (...) 8. Recurso extraordinário a que se
dá provimento (RE 593.849, Tribunal Pleno, Rel. Min. Edson Fachin, j. 19.10.2016, DJe-065, divulg.
30.03.2017, public. 31.03.2017, Republicação: DJe-068, divulg. 04.04.2017, public. 05.04.2017).

Comentário: Tratando da a substituição tributária progressiva, o referido § 7º do art. 150 da CF


autoriza a devolução dos valores pagos antecipadamente se os posteriores fatos geradores

presumidos não ocorrerem.

A discussão estaria em torno da ocorrência a menor ou maior dos fatos geradores presumidos

e o consequente valor antecipadamente pago.

Recentemente o Supremo Tribunal Federal enfrentou definitivamente a matéria consagrando


aos contribuintes o direito a restituição dos valores caso o fato gerador presumido

ocorresse de forma menor que aquela anteriormente presumida.

 RECURSO EXTRAORDINÁRIO. REPERCUSSÃO GERAL. DIREITO TRIBUTÁRIO. IMPOSTO SOBRE


CIRCULAÇÃO DE MERCADORIAS E SERVIÇOS - ICMS. SUBSTITUIÇÃO TRIBUTÁRIA PROGRESSIVA
OU PARA FRENTE. CLÁUSULA DE RESTITUIÇÃO DO EXCESSO. BASE DE CÁLCULO PRESUMIDA.
BASE DE CÁLCULO REAL. RESTITUIÇÃO DA DIFERENÇA. ART. 150, §7º, DA CONSTITUIÇÃO DA
REPÚBLICA. REVOGAÇÃO PARCIAL DE PRECEDENTE. ADI 1.851. 1. Fixação de tese jurídica ao Tema
201 da sistemática da repercussão geral: “É devida a restituição da diferença do Imposto sobre
Circulação de Mercadorias e Serviços – ICMS pago a mais no regime de substituição tributária
para frente se a base de cálculo efetiva da operação for inferior à presumida”. 2. A garantia do

63
direito à restituição do excesso não inviabiliza a substituição tributária progressiva, à luz da
manutenção das vantagens pragmáticas hauridas do sistema de cobrança de impostos e
contribuições. 3. O princípio da praticidade tributária não prepondera na hipótese de violação de
direitos e garantias dos contribuintes, notadamente os princípios da igualdade, capacidade
contributiva e vedação ao confisco, bem como a arquitetura de neutralidade fiscal do ICMS. (...)
5. De acordo com o art. 150, §7º, in fine, da Constituição da República, a cláusula de restituição
do excesso e respectivo direito à restituição se aplicam a todos os casos em que o fato gerador
presumido não se concretize empiricamente da forma como antecipadamente tributado. (...) (STF,
RE, Rel. Min. Edson Fachin, Tribunal Pleno, julgado em 19/10/2016, DJe 31/03/2017).

Comentário: Em 2002, no julgamento da ADI nº 1.851/AL, o Supremo Tribunal Federal cristalizou


o entendimento de que a presunção do fato gerador do ICMS (no caso da substituição tributária

“para frente”, em que há pagamento antecipado e ainda não se sabe o valor exato da operação
tributada) é dotada de legitimidade definitiva, não cabendo qualquer restituição ou

complementação do imposto pago, salvo na hipótese de sua não realização final.

Entretanto, preste muita atenção neste ponto, a Corte alterou seu posicionamento em 2016,

ao julgar o Recurso Extraordinário nº 593.849/MG, paradigma do Tema 201 de Repercussão


Geral. Na ocasião, firmou-se a tese de que o contribuinte tem direito, na sistemática da

substituição tributária “para frente” em que há pagamento a maior, à diferença entre o


valor recolhido antecipadamente e o efetivamente devido após a ocorrência do fato

gerador.

Ademais, na hipótese de o fato gerador acabar por não ocorrer, o art. 150, § 7º, da CF/1988

autoriza a restituição imediata e preferencial da quantia paga antecipadamente.

 (...) 5. No enfrentamento da matéria, o Tribunal de origem lançou os seguintes fundamentos (fls.


122-123, e-STJ): "Assim, tem-se que o direito líquido e certo foi bem demonstrado. Aliás, diz-se
demonstrado porque, sem dúvida, o direito existe e tem arrimo no parágrafo único do art. 130
do Código Tributário Nacional (...) Ora, a hipótese traçada no dispositivo transcrito se amolda
perfeitamente ao caso. Fique bem claro que tratamos no presente caso do arrematante, não do
antigo proprietário. Sendo assim, não é possível a imposição da responsabilidade tributária ao
recorrido em relação ao período anterior à arrematação. Não há obstáculos, portanto, para que
se expeça a certidão negativa de débitos". 6. Nos termos do artigo 130 do CTN, os créditos

64
relativos a impostos cujo fato gerador seja a propriedade sub-rogam-se sobre o respetivo preço
quando arrematados em hasta pública, não sendo o adquirente responsável tributário pelos
tributos que oneraram o bem até a data da realização da hasta . 7. Com efeito, ainda que o preço
alcançado na arrematação do bem seja insuficiente para a quitação do débito tributário, o
arrematante não poderá ser responsabilizado por dívidas contraídas por outrem, conforme a
literalidade do parágrafo único do art. 130 do CTN. Precedentes: AgRg no Ag 1.246.665/SP, Rel.
Ministro Luiz Fux, Primeira turma, DJe 22/4/2010; REsp 954.176/SC, Rel. Ministra Eliana Calmon,
Segunda turma, DJe 23/6/2009. 8. Agravo Interno a que se nega provimento (STJ, AgInt no AREsp
1.076.860/SP, Rel. Min. Herman Benjamin, Segunda Turma, julgado em 28/11/2017, DJe
19/12/2017).

Comentário: Possui responsabilidade solidária (STJ, AgInt no AREsp 942.940/RJ, julgado em


15/08/2017) o adquirente de bens imóveis no que tange aos impostos cujo fato gerador seja
sua propriedade, domínio útil ou posse (exemplo: IPTU), bem como às contribuições de melhoria
e às taxas pela prestação de serviços referentes aos imóveis adquiridos, salvo quando conste do

título a prova de sua quitação.

Tal regra não se aplica aos imóveis adquiridos por meio de hasta pública, uma vez que o

valor arrecadado com o leilão de bens penhorados visa justamente a satisfazer do crédito do
Poder Público; eventuais débitos tributários pendentes sobre um imóvel devem ser incluídos

em seu valor de arrematação e se consideram quitados com a aquisição do bem ao


arrematante, ainda que o preço alcançado no leilão acabe por ser inferior ao do débito

tributário.

65
MAPA MENTAL

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ALEXANDRE, Ricardo. Direito tributário. 11ª ed. rev., atual. e ampl. Salvador: Juspodivm, 2017.

GONÇALVES, Carlos Roberto. Direito civil brasileiro, volume 2: teoria geral das obrigações. 14 ed. São Paulo:
Saraiva, 2017.

MACHADO, Hugo de Brito. Curso de Direito Tributário. 37º. ed. São Paulo: Malheiros, 2016.

MELO, José Eduardo Soares. Curso de direito tributário, 8. ed. Imprenta: São Paulo, Dialética, 2008.

NOVAIS, Rafael. Direito Tributário Facilitado. – 3. ed. – Rio de Janeiro: Forense; São Paulo: MÉTODO, 2018

PAULSEN, Leandro. Curso de direito tributário completo. 8ª ed. rev., atual. e ampl. São Paulo: Saraiva, 2017.

PAVANI, Vanessa Roda. A regra matriz de incidência tributária . Âmbito jurídico, 2011. Disponível em:
<https://ambitojuridico.com.br/cadernos/direito-tributario/a-regra-matriz-de-incidencia-tributaria>. Acesso em 29
fev. 2020.

POSSAS, Fernando Lima. Sujeitos ativo e passivo da obrigação tributária. Jusbrasil, 2018. Disponível em:
<https://fpossas.jusbrasil.com.br/artigos/519675093/sujeitos-ativo-e-passivo-da-obrigacao-tributaria>. Acesso em
29 fev. 2020.

SABBAG, Eduardo. Manual de direito tributário. 9ª ed. rev., atual. e ampl. São Paulo: Saraiva, 2017.

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