Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
JURÍDICAS
CARREIRAS JURÍDICAS
DIREITO TRIBUTÁRIO
CAPÍTULO 4
Recado para você que está assistindo às videoaulas
Prezado aluno, a princípio, estamos trazendo algumas informações relevantes para você
que está assistindo às nossas videoaulas e complementará os estudos através do conteúdo do
nosso CERS Book. Portanto, você deve estar atento que:
O CERS book foi desenvolvido para complementar a aula do professor e te dar um suporte
nas revisões!
Um mesmo capítulo pode servir para mais de uma aula, contendo dois ou mais temas,
razão pela qual pode ser eventualmente repetido;
A ordem dos capítulos não necessariamente é igual à das aulas, então não estranhe se o
capítulo 03 vier na aula 01, por exemplo. Isto acontece porque a metodologia do CERS é baseada
no estudo dos principais temas mais recorrentes na sua prova de concurso público, por isso,
nem todos os assuntos apresentados seguem a ordem natural, seja doutrinária ou legislativa;
1
Assim, os assuntos de Direito Tributário estão distribuídos da seguinte forma:
CAPÍTULOS
2
SOBRE ESTE CAPÍTULO
No Direito Tributário você deve privilegiar o estudo da Lei Seca, sendo certo que o
Examinador tem predileção por disposições objetivas da letra da lei. Todavia, não deve-se olvidar
da doutrina, especialmente quanto às questões conceituais, e da jurisprudência relativa aos
diversos temas que abrangem o plexo de relações jurídicas entre Estado e contribuinte.
Em razão da sua extensão, este segundo capítulo foi divido em duas partes de maneira
a otimizar a compressão dos importantes temas tratados e oferecer mais recursos de fixação da
matéria.
3
SUMÁRIO
Tributária ............................................................................................................................................................................ 18
4.4 Aplicação................................................................................................................................................................ 19
GABARITO ............................................................................................................................................... 77
JURISPRUDÊNCIA................................................................................................................................... 82
4
DIREITO TRIBUTÁRIO
Capítulo 4 – Parte 01
4. Legislação Tributária
4.1 Legislação
O Código Tributário Nacional, em seu art. 96, dispõe que essa expressão “compreende as
leis, os tratados e as convenções internacionais, os decretos e as normas complementares que
Cuida-se, desse modo, de conceito abrangente, pois a noção de legislação tributária abarca
atos normativos de diversas naturezas, cujo ponto comum é o objeto – o regime jurídico
dos tributos e das relações jurídicas a eles referentes.
estampado no art. 150, I, ambos da CR,191 antecipam o seu conteúdo1. Leia com atenção:
1
Vide questões 3 e 4
5
Art. 97. Somente a lei pode estabelecer:
II - a majoração de tributos, ou sua redução, ressalvado o disposto nos artigos 21, 26, 39,
57 e 65;
§ 2º Não constitui majoração de tributo, para os fins do disposto no inciso II deste artigo,
a atualização do valor monetário da respectiva base de cálculo.
Ainda, o CTN, em seu art. 98, estabelece que a eficácia dos tratados e convenções
internacionais em matéria tributária, nos seguintes termos:
2
Vide questão 7
6
De outra parte, o art. 49, I, da Carta Constitucional dispõe que compete exclusivamente ao
Congresso Nacional resolver definitivamente sobre tratados, acordos ou atos internacionais que
acarretem encargos ou compromissos gravosos ao patrimônio nacional.
Art. 5º (…) § 2º Os direitos e garantias expressos nesta Constituição não excluem outros
decorrentes do regime e dos princípios por ela adotados, ou dos tratados internacionais
em que a República Federativa do Brasil seja parte.
É importante que você saiba que a interpretação da norma contida no art. 98, CTN, gerou
em que medida normas tributárias introduzidas por meio de tais atos normativos sobrepõem-
se à legislação interna.
Costa (2018) aponta que a importância do tema exsurge do fato de que o efeito mais danoso
desconhecendo os alheios.
Assim, entenda que a celebração de tratados internacionais objetiva atenuar este efeito,
mediante a concessão de isenções e outros benefícios fiscais, bem como a eliminação de
3
Vide questão 17
7
Este item é recorrente em provas de concursos públicos. Vejamos como ele cobrado em certame
para Juiz Federal do TRF da 2ª Região em 2014.
homologue internamente.
C) Os tratados internacionais firmados com a finalidade de evitar a bitributação entre dois países,
após aprovação em dois turnos em ambas as casas do Congresso Nacional, deverão prevalecer
D) Os tratados internacionais firmados com a finalidade de evitar a bitributação entre dois países,
uma vez assinados e devidamente publicado o Decreto Legislativo respectivo, deverão prevalecer
em relação à legislação tributária ordinária.
evitar a dupla tributação em relação a outros países, não deverão prevalecer em relação à
legislação tributária ordinária.
Vamos à resolução da questão. A assertiva que a responde corretamente é a letra D, posto que
Nos casos em que a Constituição confere ao Congresso Nacional competência exclusiva para
versar sobre dada matéria, o veículo normativo a ser utilizado é o Decreto Legislativo, de modo
diverso do que ocorre com a Resolução, veículo adequado a legislar sobre matéria exclusiva de
uma das casas do Congresso (Câmara dos Deputados ou Senado).
Esta alternativa traz o verbo no futuro e não pretendeu discutir o momento da inserção do texto
A assertiva A está incorreta, posto que somente após a sua homologação interna o tratado
A letra B também é incorreta, visto que o instrumento adequado para a homologação interna é
o Decreto Legislativo e não a Resolução, que, por sua vez, não pode ser expedida pelo
Congresso Nacional, mas ora pela Câmara dos Deputados, ora pelo Senado.
Por fim, a alternativa E também é incorreta, porque contraria o disposto no artigo 98 do CTN.
Ainda segundo Costa (2018), o que de fato ocorre é que as normas contidas em tais atos,
por serem especiais, prevalecem sobre a legislação interna, afastando sua eficácia no que
9
com esta forem conflitantes, por meio do critério da especialidade para a solução de conflitos
normativos.
Deste modo, essa eficácia fica preservada para todas as demais situações não contempladas
nos atos internacionais.
Uma das questões controversas é se, celebrado tratado internacional conferindo isenção, esta
somente aplica-se a tributos da União, posto que a Constituição veda a concessão de isenção
heterônoma em seu art. 151, III, ou se a exoneração pode alcançar tributos das demais pessoas
políticas.
Nesse quesito, a resposta é afirmativa, porquanto a União, ao celebrar tratado internacional, não
figura como ente federativo, mas representa o Estado brasileiro como ente soberano. O recente
posicionamento do STF nesse sentido deverá pôr fim à controvérsia, ao menos no plano
jurisprudencial.
Art. 99. O conteúdo e o alcance dos decretos restringem-se aos das leis em função das
quais sejam expedidos, determinados com observância das regras de interpretação
estabelecidas nesta Lei.
Observe que, nesse caso, também se apresenta preceito meramente didático, posto que
assim seria mesmo diante do silêncio do CTN.
Você sabe que os decretos constituem atos administrativos e, deste modo, infralegais, ou
seja, são subordinados à lei, que lhes é hierarquicamente superior, em razão da sujeição da
10
Administração Pública ao princípio da legalidade previsto no art. 37, caput, da Constituição
Federal.
É por esse motivo que a Carta Magna define competir privativamente ao Presidente da
República expedir decretos e regulamentos para a fiel execução das leis, como reza o art. 84,
IV.
Entende? Desse modo, o alcance de seus efeitos é limitado à margem de liberdade que a lei
outorgar ao administrador, a qual, em matéria tributária, é bastante limitada.
Art. 100. São normas complementares das leis, dos tratados e das convenções
internacionais e dos decretos:
Parágrafo único. A observância das normas referidas neste artigo exclui a imposição de
penalidades, a cobrança de juros de mora e a atualização do valor monetário da base de
cálculo do tributo4.
Infelizmente, conforme aponta Costa (2018) há a prática reiterada, de, por meio dos referidos
atos, expedirem-se normas que, sob o pretexto de propiciarem a adequada execução da lei
4
Vide questão 6
11
tributária, geram deveres ou impõem restrições a direitos nela não previstos, pelo que acabam
A autora ainda critica o dispositivo por não incluir no rol de normas complementares a
jurisprudência consolidada, isto é, aquela firmada nos tribunais superiores, após a análise
Nesse sentido:
4.2 Vigência
Assim, se considera vigente a norma que ganha existência no mundo do direito. Em outras
palavras, é aquela que seguiu o procedimento traçado aplicável a uma das modalidades
normativas específicas, culminando com a publicação.
12
Conforme o CTN, os atos administrativos, salvo disposição em contrário, entram em vigor
na data da publicação (art. 103, I), e as decisões normativas, 30 dias após a publicação
(art. 103, II).
A vigência é requisito de eficácia, com a qual não se confunde, sendo que ambas, também,
não interferem na validade, tanto que, por exemplo, uma norma existente, portanto
vigente, em despeito de ser eventualmente inválida, pode ser eficaz, facultado ao seu
destinatário, logicamente, questioná-la perante os órgãos competentes.
NORMA VIGENTE
13
jurídico tributário, segundo os termos da norma
então a viger.
Norma estabelecedora de alíquota zero na área do
Ineficaz
IPI e que tenha sido revogada.
Resolução n. 1.154/86 do Conselho Monetário
Nacional, que instituiu o “encargo financeiro de
Eficaz
viagem internacional”, com relação aos casos sub
INVÁLIDA
judice (legislação já revogada).
•Sob o ponto de vista técnico- •É a lei que terminou seu ciclo •É a lei que está completamente
jurídico, é a lei constltuclonal de produção, foi publicada, apta a gerar imediatamente os
(formal e materialmente). existe juridicamente, e já atingiu efeitos jurídicos pretendidos
o term·o porventura pelo legislador. Para ser
determinado pelo legislador considerada eficaz, é necessário
para possuir força de atingir também que a lei não tenha
seus objetivos finais, apesar de sido declarada inconstitucional
ser possível a existência de pelo STF em sede de controle
algum outro requisito para a concentrado, ou suspensa pelo
efetiva produção de efeitos. Senado Federal, após declaração
Para estar vigente, também é de inconstitucionalidade pelo
necessário que a lei não tenha STF em sede de controle difuso.
sido revogada.
14
4.2.1 Vigência no Tempo
Este intervalo temporal entre a publicação da lei e o termo inicial de sua vigência é chamado
de vacatio legis. É comum que as leis disponham em seu último artigo que entram em vigor
na data de sua publicação, afastando, deste modo, a aplicação dessa norma supletiva.
normas complementares:
I – os atos administrativos a que se refere o inciso I do art. 100, na data da sua publicação;
II – as decisões a que se refere o inciso II do art. 100, quanto a seus efeitos normativos,
30 (trinta) dias após a data da sua publicação;
III – os convênios a que se refere o inciso IV do art. 100, na data neles prevista 5.
Mas preste atenção! Na hipótese de tais normas não indicarem o termo inicial de sua
vigência, aplica-se o art. 1º da LINDB – ou seja, entrarão em vigor quarenta e cinco dias após
sua publicação.
Por sua vez, o CTN em seu art. 104 estabelece que entram em vigor no primeiro dia do
exercício seguinte àquele em que ocorra sua publicação, os dispositivos de lei referentes a
impostos sobre o patrimônio ou a renda:
5
Vide questões 13 e 19
15
2. Que definem novas hipóteses de incidência;
Eduardo Marcial Ferreira Jardim aponta que é facilmente perceptível que esse dispositivo
tem seu conteúdo esvaziado a teor dos princípios da anterioridade genérica e especial da lei
tributária, hospedados no art. 150, III,b e c, CR, ainda mais abrangentes, ao prescreverem ser
vedado às pessoas políticas “cobrar tributos:
b) no mesmo exercício financeiro em que haja sido publicada a lei que os instituiu ou
aumentou;
c) antes de decorridos noventa dias da data em que haja sido publicada a lei que os
instituiu ou aumentou, observado o disposto na alínea b.
Você já sabe que o regramento deflagrado pelas referidas normas constitucionais consiste
em que, uma vez publicada a lei tributária que institua ou aumente tributo, ela entra em vigor
no mesmo exercício financeiro, mas sua eficácia está postergada ao exercício financeiro seguinte,
Seguindo, vamos partir para a análise das disposições que tratam da vigência das leis no
espaço, que, por sua vez, orienta-se pelo princípio da territorialidade. Portanto, a lei de cada
pessoa política vigora apenas nos limites de seu território.
Jardim (2019) explica que essa noção prestigia a autonomia das pessoas políticas e, em
Não olvide, no entanto, que há situações nas quais a ideia de extraterritorialidade é que
se aplica6.
6
Vide questão 18
16
No texto da Constituição Federal encontram-se algumas delas, como faz o legislador
comunicação, ainda que as operações e as prestações se iniciem no exterior, nos termos do art.
155, II.
por pessoa física ou jurídica, ainda que não seja contribuinte habitual do imposto, qualquer que
seja a sua finalidade, assim como sobre o serviço prestado no exterior, cabendo o imposto ao
102, CTN, que dispõe que “a legislação tributária dos Estados, do Distrito Federal e dos
Municípios vigora, no País, fora dos respectivos territórios, nos limites em que lhe reconheçam
A pluritributação internacional é tema que merece sua atenção. Como exemplo, observe o
caso da tributação da renda quando um cidadão brasileiro obtém rendimentos no exterior. Pode
ocorrer, então, que ambos os países – o da fonte pagadora e o do domicílio do sujeito passivo
Por esse motivo, celebram-se tratados internacionais com o objetivo de evitar a dupla
tributação por meio do critério da reciprocidade, mediante o emprego de várias técnicas
17
4.3 Eficácia
Ensina Maria Helena Diniz que “a eficácia vem a ser a qualidade do texto normativo vigente
de poder produzir, ou irradiar, no seio da coletividade, efeitos jurídicos concretos, supondo,
portanto, não só a questão de sua condição técnica de aplicação, observância, ou não, pelas
pessoas a quem se dirige, mas também de sua adequação em face da realidade social, por ele
Como base nesse conceito e no material já apresentado, você pode concluir que uma norma
pode estar em vigor, mas não ser ainda eficaz.
É o que se verifica frequentemente com a lei tributária: publicada a norma, esta passa a viger
– quase sempre, a partir da mesma data da publicação –, sem irradiar efeitos concretos no ano
da publicação, até que, respeitados os interregnos anual e nonagesimal, a norma passa a
juridicamente incidir
Sabbag (2016) observa que, de maneira análoga, os institutos jurídicos da vigência e eficácia
A princípio, é importante que você entenda que o princípio da anterioridade está ligado à
noção de eficácia da lei, enquanto a vigência conecta-se com a irretroatividade tributária, já
estudado anteriormente.
18
A geração de efeitos da lei tributária, na esteira de sua eficácia, ocorrerá no 1º dia do exercício
financeiro seguinte ao da lei instituidora ou majoradora do gravame, respeitada a noventena,
Nesse sentido, como é fato notório que quase a totalidade das leis tributárias entram em
vigor na própria data da publicação, permite-se o cálculo da anterioridade anual, por exemplo,
Publicação e
Eficácia = Ano
Vigência (mesma
(X+1)
data) = Ano (X)
4.4 Aplicação
Paulo de Barros Carvalho aponta que a aplicação das normas representa o ponto terminal
de produção do direito, que tem início a partir da norma fundamental e por meio de um
processo derivativo se desdobra até incidir num caso particular.
19
O Código Tributário Nacional trata do tema nos arts. 105 e 106 do título Aplicação da
Legislação Tributária.
Art. 105. A legislação tributária aplica-se imediatamente aos fatos geradores futuros e aos
pendentes, assim entendidos aqueles cuja ocorrência tenha tido início mas não esteja
completa nos termos do art. 116”.
Já o art. 106 do Código Tributário Nacional cuida da retroação da norma e enuncia os casos
excepcionalíssimos em que a legislação tributária opera efeitos ex tunc. Veja:
c) quando lhe comine penalidade menos severa que a prevista na lei vigente ao tempo da
sua prática.
7
Vide Questão 11
20
Em qualquer caso,
quando seja
expressamente
interpretativa, excluída Quando deixe de
a aplicação de defini-lo como infração
penalidade à infração
dos dispositivos
interpretados
HIPÓTESES DE
RETROAÇÃO DA
NORMA TRIBUTÁRIA Quando deixe de tratá-
lo como contrário a
qualquer exigência de
Tratando-se de ato não ação ou omissão,
definitivamente desde que não tenha
julgado: sido fraudulento e não
tenha implicado em
falta de pagamento de
tributo
21
Repare que a referida retroatividade guarda harmonia om o princípio da irretroatividade da
lei, na dimensão em que não incide sobre o direito adquirido, o ato jurídico perfeito e a
coisa julgada.
Eduardo Ferreira Jardim (2019) aponta que a primeira hipótese cogitada pelo comando
analisado dispõe sobre a retroatividade da lei meramente interpretativa, desde que esta não
imponha penalidades.
Importante salientar que a lei interpretativa não cria direito novo, mas tão somente explicita
benigna em relação ao ato que não tenha sido julgado em caráter definitivo e prevê a sua
aplicação em duas situações:
Quando a lei deixar de considerar o ato ou fato pretérito como infração, desde que
não tenha havido fraude ou falta de pagamento de tributo,
Quando a lei nova estabelecer penalidade menos severa que a lei anterior.
Essa segunda hipótese guarda semelhanças com o comando previsto no art. 2º, parágrafo
único, do Código Penal, ao passo que as duas situações questionadas gravitam sob a égide da
22
4.5 Integração e Interpretação
O Código Tributário Nacional, em seu art. 108, trata da integração da legislação tributária,
isto é, sobre o que fazer no caso de ausência de disposição expressa acerca de determinada
questão.
I - a analogia;
IV - a eqüidade.
Como você viu, o dispositivo elenca quatro métodos de integração: a analogia, os princípios
8
Vide questão 15
9
Vide questão 1
23
Vejamos como este assunto foi cobrado em concurso público. A FCC, em certamente realizado
em 2019 para Defensor Público da DPE-SP questionou:
montante do tributo que entende devido, indicar o sujeito passivo e, sendo o caso, propor a
aplicação da penalidade cabível.
C) O lançamento regularmente notificado ao sujeito passivo não pode ser alterado por
iniciativa de ofício da autoridade administrativa, mesmo que se comprove que ocorreu falta
funcional da autoridade que o efetuou.
D) Segundo a Constituição Federal de 1988, o Poder Executivo pode, nas condições e nos
seguinte àquele em que ocorra a sua publicação, os dispositivos de lei referentes a impostos
sobre o patrimônio ou a renda, que extinguem ou reduzem isenções.
Neste quesito, o examinador exige conhecimento a respeito da letra de lei prevista no CTN
"presumir", a lei prevê é "verificar". Em vez de "arbitrar", o correto é "determinar", entre outras
modificações. Incorre a letra B.
Tal ordem está prevista no art. 108, do CTN. Todavia, não há previsão da jurisprudência. A
ordem correta é: analogia, princípios gerais do direito tributário, princípios gerais do direito
público e equidade.
Incorreta a assertiva C. O art. 145, CTN prevê hipóteses em que o lançamento regularmente
notificado pode ser alterado de ofício. O inciso III desse dispositivo remete para o art. 149,
CTN.
Entre os incisos do art. 149, o inciso IX prevê alteração do lançamento quando ocorrer fraude
A letra D também está errada. O art. 153, §1º, da Constituição prevê que é facultado ao Poder
Executivo alterar apenas as alíquotas, e não a base de cálculo do Imposto de Importação.
Por fim, correto o previsto na alternativa E. O enunciado é a literalidade do art. 104, III, do
CTN, que prevê o princípio da anterioridade do exercício.
(não só aos impostos sobre renda e patrimônio), no art. 150, III, b, da CRFB/88.
Princípios Princípios
gerais de gerais de
Analogia Equidade
Direito Direito
Tributário Público
25
Mas, preste atenção! Ainda que o CTN pareça hierarquizar os modos de integração da legislação
tributária, na verdade, esta hierarquização se mostra adequada, e não pode ser considerado
de modo rígido.
das circunstâncias peculiares que não tenham sido levadas em consideração pelo legislador.
suposta supremacia do interesse público, ou, ainda, pela literalidade da lei, segundo Paulsen
(2019).
26
Efetivamente, na interpretação da legislação tributária, inclusive os princípios gerais de direito
privado serão relevantes, segundo dispõe de maneira expressa os abaixo transcritos arts. 109 e
110 do CTN. Preste muita atenção ao que dispõe os dispositivos. Sua recorrência é grande
em certames públicos!
Art. 109. Os princípios gerais de direito privado utilizam-se para pesquisa da definição,
do conteúdo e do alcance de seus institutos, conceitos e formas, mas não para
definição dos respectivos efeitos tributários.
Art. 110. A lei tributária não pode alterar a definição, o conteúdo e o alcance de institutos,
conceitos e formas de direito privado, utilizados, expressa ou implicitamente, pela
Constituição Federal, pelas Constituições dos Estados, ou pelas Leis Orgânicas do Distrito
Federal ou dos Municípios, para definir ou limitar competências tributárias 10.
Este tema foi cobrado em certame feito pela VUNESP no ano de 2019 no TJ-AC para o
B) O emprego da analogia poderá resultar na exigência de tributo não previsto em lei, observado
o princípio da anterioridade.
10
Vide questões 2 e 14
27
D) A lei tributária não pode alterar a definição, o conteúdo e o alcance de institutos de direito
Para responder esta questão, a Banca Examinadora exige conhecimento a respeito da letra de
lei prevista no CTN. Vamos à análise das alternativas.
A assertiva A está incorreta. Não poderá resultar na dispensa do pagamento de tributo devido.
Nesse sentido, o CTN dispõe o seguinte:
Incorreto o disposto na assertiva B, posto que o uso da analogia não poderá resultar na exigência
de tributo não previsto em lei. Vejamos o que prevê o CTN:
Art. 108, § 1º O emprego da analogia não poderá resultar na exigência de tributo não
previsto em lei.
A assertiva C está incorreta. Os princípios gerais de direito privado podem ser utilizados para
Mas atente que os princípios gerais de direito privado não podem ser utilizados para definição
dos respectivos efeitos tributários. É o caso, por exemplo, da lei tributária que deve definir os
efeitos de uma pessoa ser proprietária de um imóvel em uma zona urbana para cobrança de
IPTU, e não os princípios gerais do direito privado.
Art. 109. Os princípios gerais de direito privado utilizam-se para pesquisa da definição, do
conteúdo e do alcance de seus institutos, conceitos e formas, mas não para definição dos
respectivos efeitos tributários.
Por derradeiro, em harmonia com o disposto no Código Tributário Nacional, correto o que se
28
Art. 110. A lei tributária não pode alterar a definição, o conteúdo e o alcance de institutos,
conceitos e formas de direito privado, utilizados, expressa ou implicitamente, pela
Constituição Federal, pelas Constituições dos Estados, ou pelas Leis Orgânicas do Distrito
Federal ou dos Municípios, para definir ou limitar competências tributárias.
O art. 111 do CTN determina que se interprete literalmente a legislação tributária que
este dispositivo pois ele é muito bem quisto pelas bancas organizadoras de concursos públicos.
II - outorga de isenção;
Leandro Paulsen (2019) explica que o dispositivo tem sido severamente criticado por ser, ele
próprio, interpretado literalmente. Segundo o autor:
O que se extrai como norma do art. 111 não é a vedação à utilização dos diversos
instrumentos que nos levam à compreensão e à aplicação adequada de qualquer
dispositivo legal, quais sejam, as interpretações histórica, teleológica, sistemática, a
consideração dos princípios etc.
Traz, isto sim, uma advertência no sentido de que as regras atinentes às matérias
arroladas devem ser consideradas como regras de exceção, aplicáveis nos limites
daquilo que foi pretendido pelo legislador, considerando-se as omissões como “silêncio
eloquente”, não se devendo integrá-las pelo recurso à analogia.
11
Vide questões 8, 12 e 16
29
No que diz respeito à isenção, para militares e policiais, de taxa de expedição de certificado de
registro de arma de fogo, estabelecida pelo art. 11, § 2º, da Lei n. 10.826/03, o STJ entendeu
que, na ausência de referência legal expressa, não é possível estendê-la aos inativos, devendo
alcançar “apenas a esfera jurídica dos policiais no exercício efetivo do cargo”.
Segundo Paulsen (2019) há uma perspectiva, também correta, para a invocação do art. 111 do
CTN a favor dos contribuintes. O autor se refere à exigência, pela autoridade fiscal, como
condição para o reconhecimento de isenção, suspensão ou exclusão do crédito tributário ou
Ao referir-se à literalidade da legislação que disponha sobre tais matérias, resta claro que os
requisitos também deverão constar expressamente da lei, não tendo o Executivo espaço para
em geral.
O CTN dispõe, ainda, em seu art. 112, que a lei tributária que define infrações, ou lhe comina
12
Vide questão 5
30
dos seus efeitos, à autoria, imputabilidade ou punibilidade, ou à natureza da penalidade aplicável
ou à sua graduação.
Art. 112. A lei tributária que define infrações, ou lhe comina penalidades, interpreta-se da
maneira mais favorável ao acusado, em caso de dúvida quanto:
Paulsen (2019), tratando do dispositivo acima elencado, explica que, embora cuide da
interpretação da lei punitiva, refere-se, verdadeiramente, à sua aplicação aos casos concretos,
Observe que não há que se falar em dúvida quanto à lei, na medida em que o seu alcance
é definido pelo Judiciário através da aplicação dos diversos critérios de interpretação.
Pode existir dúvida quanto aos atos praticados pelo contribuinte e suas características, com
Por isso não se aplicar a penalidade ou o agravamento no caso de dúvida, ou seja, de não
ter sido apurada a infração de modo consistente pelo Fisco a ponto de ensejar convicção plena
quanto à ocorrência e características da infração.
31
Não trata apenas das normas jurídicas, mas de tudo quanto possa ser objeto do
conhecimento humano.
Deste modo, a interpretação é parte da ciência jurídica que estuda os métodos e processos
lógicos que visam a definir o conteúdo e o alcance das normas jurídicas.
A interpretação das normas jurídicas pode ser considerada em sentido amplo, como a busca
de uma solução para um caso concreto, e em sentido restrito, como a busca do significado de
uma norma.
Neste último sentido, a interpretação pode ser considerada insuficiente, na medida em que
se entenda não existir no sistema jurídico uma norma para o caso que se tem a resolver.
De acordo com a doutrina tradicional, interpretação é atividade lógica pela qual se determina
O intérprete não cria, não inova, limitando-se a considerar o mandamento legal em toda a
sua plenitude, declarando-lhe o significado e o alcance.
Luiz Felipe Silveira define a interpretação como “atividade que visa à busca do sentido e
alcance de um texto legal. É a atividade lógica pela qual se busca determinar o sentido de uma
regra jurídica.”
A interpretação legislativa pode ser feita de diversas maneiras. Sabbag (2017) ensina que
A. A fonte
C. Os resultados da exegese.
No que diz respeito à fonte da lei, a interpretação pode ser: autêntica, jurisprudencial e
doutrinária. Vejamos.
32
Autêntica ou legal: é o mecanismo de interpretação da lei por intermédio de outra lei.
Quando uma nova lei é editada, esclarecendo o teor da lei anterior, diz-se que se tem a
interpretação autêntica ou legal.
Conquanto se saiba que tal interpretação seja necessária para retirar as obscuridades da
norma interpretada, têm-se presenciado certos abusos do Poder Legislativo que, a pretexto
de interpretar, perpetra modificações substanciais na lei interpretada.
Tal dinâmica veicula insegurança jurídica aos destinatários da norma, além de se mostrar
violadora de direitos e garantias.
Atente que a etiquetagem da lei como “interpretativa” legitima seus efeitos pretéritos nos termos
do inciso I do art. 106 do CTN. Deste modo, uma “falsa lei interpretativa”, modificando relações
jurídicas já consagradas no plano da interpretação, mostra-se potencialmente danosa à relação
“O ideal do Direito, como de toda ciência, é a certeza, embora relativa; pois bem, a forma
autêntica de exegese oferece um grave inconveniente – a sua constitucionalidade posta
em dúvida por escritores de grande prestígio. Ela positivamente arranha o princípio de
Montesquieu; ao Congresso incumbe fazer as leis; ao aplicador (Executivo e Judiciário) –
interpretá-las.
33
A exegese autêntica transforma o legislador em juiz; aquele toma conhecimento de casos
concretos e procura resolvê-los por meio de uma interpretação geral”.
Roque Antonio Carrazza entende que a lei interpretativa elaborada pelo Poder Legislativo
Deste modo, a fonte, nesse caso, é a jurisprudência. Tal atividade exegética compete aos
Tribunais.
expertise dos cientistas do Direito que realizam o trabalho exegético partindo-se dos princípios
da Ciência do Direito.
Quanto aos meios adequados para sua exegese, a interpretação pode ser: gramatical, lógica,
histórica, teleológica, sistemática e evolutiva. Vejamos alguns aprofundamentos pertinentes.
verdade, tão somente na etapa inicial do processo interpretativo. A ela deve seguir-se o
emprego de autênticos métodos de interpretação.
34
Advém da aplicação do princípio da unidade do ordenamento jurídico, segundo o qual
não se pode compreender uma de suas normas isoladamente do contexto em que se insere.
Neste método, o significado da palavra depende do contexto da frase em que está inserida,
e o da própria frase, muitas vezes, depende do contexto maior em que se encarta.
Do mesmo modo, o significado da norma, pela mesma razão, depende do contexto em que se
insere.
Luiz Felipe Silveira aduz que “busca-se integrar sob interpretação dentro do sistema jurídico
a que pertence e dele extrair conclusão compatível com o conjunto do ordenamento
naquele ramo do direito preceito de sob interpretação utilizada. É método de interpretação
mais valioso que a simples interpretação literal”.
Portanto, nesse método, procede-se à comparação da lei interpretada com outras leis e com o
Por sua vez, a interpretação teleológica guarda relação com o espírito e a finalidade da
norma.
35
Com efeito, tratando deste método, Regina Helena Costa (2018) ensina que a interpretação
de norma jurídica deve considerar, antes de qualquer outro aspecto, sua finalidade, os objetivos
que, por meio dela, pretende-se sejam alcançados.
Trata-se do método interpretativo mais consentâneo com a eficácia social da norma, vale
Eduardo Sabbag ensina que neste método “trata-se de processo investigativo que prima
pela busca da finalidade da norma, concentrando-se no resultado colimado pela lei.”
É oportuno que você saiba, no que diz respeito à interpretação teleológica, o que preceitua a
Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro, que, em seu art. 5º, estatui que o juiz, na
aplicação da lei, atenderá aos fins sociais a que ela se dirige e às exigências do bem comum.
Deste modo, o magistrado, ao aplicar a norma constitucional, deve, do mesmo modo, observar
a finalidade socialmente desejada a ser alcançada, sempre atentando ao interesse coletivo. Os
princípios que a Carta Constitucional traz no seu art. 3º como vetores do Estado brasileiro,
Não obstante dirigido ao juiz, cremos que o preceito legal apontado também opera como
diretriz para o administrador público, que, como aplicador da lei, de ofício, deve, no
36
exercício da função administrativa, considerar os fins sociais a que a norma se dirige e as
exigências do interesse público. Desse modo, o administrador tributário há de pautar-se
pelos mesmos parâmetros.
a que ela se refere através dos tempos. Isso se dá investigando o Direito anterior, comparando
a norma atual com a que lhe antecedeu no regramento do assunto e buscando subsídios
Luiz Felipe Silveira ensina que neste método “procura se situar no contexto histórico do
tempo de elaboração da lei e desvendar, pelas ideias vigentes àquele momento e pelos debates
legislativos sobre sua elaboração, qual objetivo visado pela norma”.
Outro método interpretativo que merece menção é o evolutivo, este específico das normas
constitucionais.
Como exemplo, observe o caso do conceito de livro para efeito da imunidade contemplada
no art. 150, VI, d, CR.
37
Declarativa: por esse processo interpretativo, procura-se, tão somente, “declarar” o
pensamento do legislador.
Extensiva: também conhecida por interpretação ampliativa, busca ampliar o sentido do texto
para abranger hipóteses semelhantes.
Por meio desse processo exegético, almeja-se alcançar a ratio legis, ou seja, o sentido veraz
da norma, incluindo hipóteses em seu campo de incidência.
Pelo mecanismo ampliativo, deve o exegeta proceder a uma análise latitudinária da norma
interpretada.
Por esse método, a incidência da lei não poderá ir “além” da fórmula ou hipótese
A interpretação literal tem respaldo no art. 111 do CTN, já transcrito anteriormente neste
capítulo.
38
Autêntica
Doutrinária
Gramatical
Lógica
Histórica
INTERPRETAÇÃO Meios adequados
LEGISLATIVA para sua exegese
Teleológica
Sistemática
Evolutiva
Declarativa
Resultados da
Extensiva
exegese
Restritiva
39
QUADRO SINÓPTICO
LEGISLAÇÃO TRIBUTÁRIA
VIGÊNCIA
A norma existente é dotada de vigência, independentemente da eficácia ou da
validade.
40
No âmbito da legislação tributária, o Código Tributário Nacional dispõe em seu art.
103, acerca das normas supletivas indicativas de termos iniciais de vigência de
diversas normas complementares.
II. As decisões a que se refere o inciso II do art. 100, quanto a seus efeitos
normativos, 30 (trinta) dias após a data da sua publicação;
III. Os convênios a que se refere o inciso IV do art. 100, na data neles prevista .
Na hipótese de tais normas não indicarem o termo inicial de sua vigência, aplica-se o
art. 1º da LINDB – ou seja, entrarão em vigor quarenta e cinco dias após sua
publicação
Por sua vez, o CTN em seu art. 104 estabelece que entram em vigor no primeiro dia
do exercício seguinte àquele em que ocorra sua publicação, os dispositivos de lei
referentes a impostos sobre o patrimônio ou a renda:
41
Em qualquer caso, quando seja expressamente interpretativa,
excluída a aplicação de penalidade à infração dos dispositivos
interpretados
Na ausência de
disposição expressa,
a autoridade
1. a analogia
INTEGRAÇÃO E competente para
2. os princípios gerais de direito tributário
INTERPRETAÇÃO aplicar a legislação
3. os princípios gerais de direito público
tributária utilizará
4. a equidade
sucessivamente, na
ordem indicada:
42
QUESTÕES COMENTADAS
Questão 1
(FCC - 2019 - DPE-SP - Defensor Público) Com relação ao sistema tributário nacional, é correto
afirmar:
penalidade cabível.
C) O lançamento regularmente notificado ao sujeito passivo não pode ser alterado por iniciativa
de ofício da autoridade administrativa, mesmo que se comprove que ocorreu falta funcional da
D) Segundo a Constituição Federal de 1988, o Poder Executivo pode, nas condições e nos limites
estabelecidos em lei, alterar as alíquotas ou as bases de cálculo do imposto de importação, a
43
E) Segundo o Código Tributário Nacional, entram em vigor, no primeiro dia do exercício seguinte
àquele em que ocorra a sua publicação, os dispositivos de lei referentes a impostos sobre o
patrimônio ou a renda, que extinguem ou reduzem isenções.
Comentário:
Neste quesito, o examinador exige conhecimento a respeito da letra de lei prevista no CTN
para chegar à resposta correta.
A primeira alternativa está incorreta pois altera o teor do art. 142 do CTN. Em vez de
Tal ordem está prevista no art. 108, do CTN. Todavia, não há previsão da jurisprudência. A
ordem correta é: analogia, princípios gerais do direito tributário, princípios gerais do direito
público e equidade.
Incorreta a assertiva C. O art. 145, CTN prevê hipóteses em que o lançamento regularmente
notificado pode ser alterado de ofício. O inciso III desse dispositivo remete para o art. 149,
CTN.
Entre os incisos do art. 149, o inciso IX prevê alteração do lançamento quando ocorrer
A letra D também está errada. O art. 153, §1º, da Constituição prevê que é facultado ao
Poder Executivo alterar apenas as alíquotas, e não a base de cálculo do Imposto de
Importação.
Por fim, correto o previsto na alternativa E. O enunciado é a literalidade do art. 104, III, do
CTN, que prevê o princípio da anterioridade do exercício.
ampla (não só aos impostos sobre renda e patrimônio), no art. 150, III, b, da CRFB/88.
44
Questão 2
(VUNESP - 2019 - TJ-AC - Juiz de Direito Substituto) Assinale a alternativa correta quanto às
B) O emprego da analogia poderá resultar na exigência de tributo não previsto em lei, observado
o princípio da anterioridade.
D) A lei tributária não pode alterar a definição, o conteúdo e o alcance de institutos de direito
Comentário:
Para responder esta questão, o examinador exige conhecimento a respeito da letra de lei
de tributo devido.
Incorreto o disposto na assertiva B, posto que o uso da analogia não poderá resultar na
exigência de tributo não previsto em lei. Vejamos o que prevê o CTN:
Art. 108, § 1º O emprego da analogia não poderá resultar na exigência de tributo não
previsto em lei.
A assertiva C está incorreta. Os princípios gerais de direito privado podem ser utilizados
civil pode ser utilizada para que seja definido o contribuinte do IPTU.
Mas atente que os princípios gerais de direito privado não podem ser utilizados para
definição dos respectivos efeitos tributários. É o caso, por exemplo, da lei tributária que
deve definir os efeitos de uma pessoa ser proprietária de um imóvel em uma zona urbana
para cobrança de IPTU, e não os princípios gerais do direito privado.
Art. 109. Os princípios gerais de direito privado utilizam-se para pesquisa da definição,
do conteúdo e do alcance de seus institutos, conceitos e formas, mas não para definição
dos respectivos efeitos tributários.
Art. 110. A lei tributária não pode alterar a definição, o conteúdo e o alcance de institutos,
Questão 3
(VUNESP - 2019 - TJ-AC - Juiz de Direito Substituto) A respeito da hierarquia das normas
tributárias no ordenamento jurídico brasileiro, é correto afirmar, com base no Código Tributário
Nacional (CTN), que
A) as normas gerais contidas no CTN podem ser alteradas por lei ordinária, apesar da aprovação
desse código como lei complementar.
B) por ser materialmente lei ordinária, o CTN pode ser modificado livremente por medida
provisória posterior que o contrarie.
46
C) o CTN é formalmente lei ordinária, mas materialmente lei complementar, motivo pelo qual
apenas pode ser alterado por lei complementar no que refere às normas gerais sobre tributação.
D) o CTN é formalmente lei complementar, mas materialmente lei ordinária, motivo pelo qual
pode ser alterado por lei ordinária no que refere às normas gerais sobre tributação.
Comentário:
O gabarito da questão é a letra C. O CTN é formalmente lei ordinária, Lei 5.172/66, criado
sob a égide da Constituição de 1946, mas recepcionado pela Constituição de 1967, com
status de lei complementar, mantido esse status com o advento da Constituição Federal
de 1988.
disciplinar a matéria.
Assim, recepcionada uma lei ordinária que trata de uma matéria cuja disciplina o novo
ordenamento atribui à lei complementar, a lei ordinária não deixa de ser ordinária, mas
passa a ter status de lei complementar, somente podendo ser revogada ou alterada por
esta espécie normativa.
Assim, é correto afirmar que as normas gerais em matéria tributária constante do CTN
têm, hoje, status de lei complementar, só podendo ser alteradas por lei complementar.
Mas é errado afirmar que o CTN é lei complementar.
Enfim, a maneira correta de se referir ao fenômeno ocorrido com o CTN é afirmar que foi
editado como lei ordinária (Lei 5.172/1966), tendo sido recepcionado com força de lei
complementar pela Constituição Federal de 1967, e mantido tal status com o advento da
Constituição Federal de 1988, visto que, tanto esta quanto aquela Magna Carta reservaram
47
à lei complementar a veiculação das normas gerais em matéria tributária, a regulação das
Questão 4
A) a instituição dos emolumentos cartorários pelo tribunal de justiça não viola o princípio da
reserva legal.
C) a imunidade tributária é matéria a ser tratada por norma constitucional, enquanto que a
isenção pode ser criada por lei.
Comentário:
Vejamos:
48
Incorreto que se afirma a alternativa B por contrariar o enunciado 50 da súmula vinculante
que prevê: "Norma legal que altera o prazo de recolhimento de obrigação tributária não
se sujeita ao princípio da anterioridade".
caput e II, da Constituição, segundo o qual cabe à lei complementar regular as limitações
constitucionais ao poder de tributar (como imunidades).
Ainda:
Art. 150, §6º, da CF: Qualquer subsídio ou isenção, redução de base de cálculo, concessão
nas hipóteses nas quais, sem qualquer base axiológica no postulado da razoabilidade,
engendra-se tratamento discriminatório em benefício da categoria dos oficiais de justiça
estaduais” (STF. Plenário. ADI 4.276/MT, rel. Min. Luiz Fux, j. 20.08.2014).
Questão 5
49
(VUNESP - 2018 - TJ-MT - Juiz Substituto) O direito tributário possui autonomia disciplinar
em relação a outros campos do direito, na medida em que possui princípios próprios e formas
de aplicação de suas normas específicas. Sobre este tema, é correto afirmar, com base no Código
A) a legislação tributária aplica-se imediatamente aos fatos geradores futuros e aos pendentes,
assim entendidos aqueles cuja ocorrência tenha tido início mas não esteja completa nos termos
da lei.
efeitos tributários.
E) a lei tributária que define infrações, ou lhe comina penalidades, interpreta-se da maneira mais
Comentário:
Art. 105. A legislação tributária aplica-se imediatamente aos fatos geradores futuros e aos
pendentes, assim entendidos aqueles cuja ocorrência tenha tido início mas não esteja
completa nos termos do artigo 116.
50
Incorreta a assertiva B. O artigo traz a literalidade do art. 108 do CTN. O erro da questão
foi trocar a ordem dos dois últimos; aplica-se primeiro os princípios gerais de direito,
depois a equidade.
mas os efeitos tributários é só ele, o direito tributário, quem pode definir. Como
decorrência desse artigo, não pode o direito tributário, por exemplo, ampliar
indevidamente um instituto privado com o único fim de cobrar um tributo – como ocorreu
na tentativa de se cobrar ISS de contratos de locação (enunciado 31 da súmula vinculante).
Nesse sentido:
Art. 109, CTN. Os princípios gerais de direito privado utilizam-se para pesquisa da
definição, do conteúdo e do alcance de seus institutos, conceitos e formas, mas não para
definição dos respectivos efeitos tributários.
A letra D está incorreta. De acordo com o art. 111, I, do CTN, a interpretação é literal.
Art. 112. A lei tributária que define infrações, ou lhe comina penalidades, interpreta-se da
maneira mais favorável ao acusado, em caso de dúvida quanto:
Questão 6
Nacional estabelece que tributo é toda prestação pecuniária compulsória, em moeda ou cujo
valor nela se possa exprimir, que não constitua sanção de ato ilícito, instituída em lei e cobrada
51
A) a cominação de penalidades para as ações ou omissões contrárias a dispositivos legais devem
obedecer ao princípio da legalidade, da anterioridade nonagesimal (noventena), mas não da
anterioridade anual.
B) quando lei nova cominar penalidade menos severa que a prevista na lei vigente ao tempo
da prática infracional, esta lei nova será aplicada, sempre, ao ato ou fato pretérito.
C) a observância das normas complementares das leis, dos tratados e das convenções
D) a lei tributária que comina penalidades deve ser interpretada, sempre, de maneira mais
favorável ao acusado considerado legalmente pobre, no que diz respeito à dosimetria da pena
atribuída a ele, e quanto à natureza ou às circunstâncias materiais do fato.
Comentário:
Para chegar à alternativa correta o Examinador exige que você tenha domínio do teor de
diversos dispositivos do CTN que tratam da interpretação das normas tributárias. Vamos
à análise das alternativas.
A alternativa B está incorreta. Não é sempre que esta lei nova será aplicada ao ato ou
fato pretérito. O art. 106, II, c, CTN prevê que apenas se aplica retroativamente quando a
penalidade for menos severa e ainda não estiver definitivamente julgado.
52
A assertiva C está correta, em harmonia com o art. 100, CTN, que prescreve no parágrafo
Incorreta a letra D. Não é sempre que será interpretada de maneira mais favorável ao
Artigo 112 do CTN. A lei tributária que define infrações, ou lhe comina penalidades,
interpreta-se da maneira mais favorável ao acusado, em caso de dúvida quanto:
Letra E incorreta. Nesse caso não há lançamento por homologação, mas apenas por ofício,
Questão 7
(TRF - 3ª REGIÃO - 2018 - TRF - 3ª REGIÃO - Juiz Federal Substituto) Indique a afirmação
INCORRETA:
A) Os tratados internacionais para evitar a dupla tributação prevalecem sobre a legislação interna
brasileira.
B) O aplicador da lei não pode empregar a analogia para exigir tributo não previsto em lei.
C) A compensação pode ser promovida pelo sujeito passivo, mesmo sem lei que a preveja,
desde que seja realizada entre tributos e contribuições da mesma espécie.
53
D) A moratória suspende a exigibilidade do crédito tributário.
Comentário:
Também correta a letra B. É o que prevê o artigo 108, §1º, do CTN. Permitir o emprego
de analogia para cobrar tributos não previstos em lei seria uma forma de burlar o princípio
da legalidade.
houver lei específica autorizadora (STJ. 1ª Turma. RMS 31.816/PR, rel. Min. Luiz Fux, j.
14.09.2010).
Por fim, correta a letra D. Na forma do artigo 151 do CTN, suspendem a exigibilidade do
crédito tributário:
(i) a moratória,
(iii) as reclamações e os recursos (mesmo intempestivos), nos termos das leis reguladoras
do PAD tributário,
54
(v) a concessão de medida liminar ou tutela antecipada em outras espécies de ação
judicial e
(vi) o parcelamento.
Questão 8
(TRF - 3ª REGIÃO - 2018 - TRF - 3ª REGIÃO - Juiz Federal Substituto) Indique a afirmação
INCORRETA:
A) Tributo é toda prestação pecuniária compulsória, em moeda ou cujo valor nela se possa
exprimir, instituída em lei, que não constitua sanção por ato ilícito.
C) Lei que disponha sobre outorga de isenção deve ser interpretada literalmente.
D) Os decretos restringem o conteúdo e o alcance das leis em função das quais são expedidos.
Comentário:
toda prestação pecuniária compulsória, em moeda ou cujo valor nela se possa exprimir,
que não constitua sanção de ato ilícito, instituída em lei e cobrada mediante atividade
55
exceções de atos normativos com força de lei como medidas provisórias e leis delegadas,
II - outorga de isenção;
Por derradeiro, incorreto o previsto na assertiva D, gabarito deste quesito. Nos termos
do art. 99, CTN, é o contrário. O conteúdo e o alcance dos decretos restringem-se aos
das leis.
Decretos são atos infralegais que, por definição constitucional, se destinam apenas a
garantir a fiel execução da lei (art. 84, IV, CF).
Se a sua função é garantir a fiel execução da lei, não podem restringi-la, sob pena de
Questão 9
(VUNESP - 2018 - TJ-RS - Juiz de Direito Substituto) Assinale a alternativa correta em relação
à legislação tributária.
A) A atualização do valor monetário da base de cálculo do tributo somente pode ser estabelecida
por lei, uma vez que implica na sua majoração.
56
B) As práticas reiteradamente observadas pelas autoridades administrativas não são
consideradas como normas complementares em matéria tributária, pois não possuem conteúdo
normativo.
C) A redução de tributo somente pode ser estabelecida por lei, já sua extinção poderá ser
veiculada por decreto ou ato normativo expedido pela autoridade administrativa competente.
E) As decisões dos órgãos singulares ou coletivos de jurisdição administrativa podem ter eficácia
normativa, desde que lei lhes atribua tal efeito.
Comentário:
sua atualização (STF. Plenário. RE 648.245/MG, rel. Min. Gilmar Mendes, j. 01.08.2013).
Incorreto o que se afirma na assertiva B. Na forma do art. 100, III, do CTN, são normas
complementares em matéria tributária as práticas reiteradamente observadas pelas
autoridades administrativas.
Letra C incorreta. Embora o artigo 150, I, da Constituição Federal, estabeleça que somente
lei pode exigir ou aumentar tributo, o art. 97 do CTN determina que somente a lei pode
instituir, aumentar, reduzir ou extinguir tributo, bem como fixar sua alíquota ou base de
cálculo.
Assim, vige no Direito Tributário o princípio da estrita legalidade, de sorte que todos os
aspectos relevantes para a configuração da figura tributária devem estar positivados por
lei ou ato normativo equivalente.
57
A assertiva D está errada. De acordo com o artigo 98 do CTN, os tratados e as convenções
Por fim, correto a letra E, gabarito da questão. A alternativa reproduz a redação do artigo
Questão 10
(CESPE - 2017 - TRF - 5ª REGIÃO - Juiz Federal Substituto) Sob a vigência de determinada
Com relação a essa situação hipotética, assinale a opção correta, conforme as normas a respeito
hipotética apresentada.
58
C) A irretroatividade da lei tributária não alcança algumas exceções previstas no Código
Tributário Nacional (CTN), como é o caso da concessão da isenção parcial prevista na situação
hipotética apresentada, uma vez que a exceção busca aplicação do princípio da segurança
jurídica.
Comentário:
A alternativa A está errada. A nova lei não retroage, porque a isenção se refere a tributo
(e não a penalidade), nos termos dos arts. 105 e 106, II, do CTN.
Ademais, se a lei fosse interpretativa, seria possível (e não impossível, como diz a
alternativa) a retroatividade, conforme o art. 106, I, do CTN.
Incorreto o item B. A nova lei não retroage, porque a isenção se refere a tributo (e não a
penalidade), nos termos dos arts. 105 e 106, II, do CTN. Portanto, os contribuintes não
serão beneficiados pela isenção posterior.
A assertiva C também está errada. De fato, o CTN prevê algumas hipóteses em que as
Entretanto, não é o caso da concessão de isenção do caso, uma vez que, como visto, a
nova lei não retroage.
O gabarito da questão é a letra D, alternativa correta. A nova lei não retroage, porque a
isenção se refere a tributo.
59
Como, de regra, a lei tributária não se aplica a fatos pretéritos (art. 105 do CTN), os
Por derradeiro, a assertiva E está incorreta. A nova lei não retroage, porque a isenção se
refere a tributo (e não a penalidade).
Questão 11
A) a lei tributária aplica-se imediatamente a fatos geradores futuros, mas não aos pendentes.
B) a lei tributária aplica-se imediatamente a fatos geradores pendentes, mas não aos futuros.
C) a lei tributária aplica-se a ato ou fato pretérito, tratando-se de ato não definitivamente
julgado, quando deixe de defini-lo como infração, quando deixe de tratá-lo como contrário a
qualquer exigência de ação ou omissão, desde que não tenha sido fraudulento e não tenha
implicado em falta de pagamento de tributo, e ainda quando lhe comine penalidade menos
D) a lei tributária aplica-se a ato ou fato pretérito, tratando-se de ato não definitivamente
julgado, quando deixe de defini-lo como infração, quando deixe de tratá-lo como contrário a
qualquer exigência de ação ou omissão, desde que não tenha sido fraudulento e não tenha
implicado em falta de pagamento de tributo, e ainda quando lhe comine alíquota inferior àquela
Comentário:
60
Neste quesito, o Examinador exige conhecimento acerca das disposições do Código
Tributário Nacional.
Sua justificativa explica porque as outras afirmativas estão incorretas. Vejamos o que prevê
o CTN:
Art. 105. A legislação tributária aplica-se imediatamente aos fatos geradores futuros e aos
pendentes, assim entendidos aqueles cuja ocorrência tenha tido início mas não esteja
c) quando lhe comine penalidade menos severa que a prevista na lei vigente ao tempo
da sua prática
Também é pertinente a leitura da Súmula 584 do STF, segundo a qual "Ao imposto de
Questão 12
(CESPE - 2016 - TJ-AM - Juiz Substituto) Lei ordinária do município de Manaus, promulgada
61
Em 20/4/2012, parecer aprovado pelo prefeito com efeitos normativos da procuradoria do
município, ao interpretar tal isenção, dando início a uma prática reiterada da administração,
estendeu-a às associações de apoio a portadores de doença mentais. Tendo novo prefeito
deverão pagar apenas o valor principal do tributo corrigido monetariamente e acrescido das
multas.
D) O primeiro parecer era ilegal porque a lei tributária concessiva de isenções deve ser
interpretada literalmente.
Comentário:
62
prática reiterada), de modo que sua observância tem o poder de afastar a incidência de
multas, juros moratórios e correção monetária. V. artigo 100, parágrafo único, CTN;
A letra B está errada. A ilegalidade decorre da circunstância de que a lei tributária que
dispõe sobre outorga isenção deve ser interpretada literalmente, nos termos do artigo
111, CTN.
Incorreta a alternativa C. Não incidirão penalidades e juros de mora, haja vista que foi
observada norma complementar de legislação tributária;
A letra D é o gabarito da questão. De fato, a lei tributária que dispõe sobre exclusão do
crédito tributário e outorga de isenção deve ser interpretada literalmente nos termos do.
artigo 111, CTN.
Questão 13
(ESAF - 2015 - PGFN - Procurador da Fazenda Nacional) Os convênios sobre matéria tributária
63
Comentário:
Convênios: na data neles prevista; se não houver previsão, 45 dias depois da publicação
oficial.
Nesse sentido:
publicação;
II - as decisões a que se refere o inciso II do artigo 100, quanto a seus efeitos normativos,
30 (trinta) dias após a data da sua publicação;
III - os convênios a que se refere o inciso IV do artigo 100, na data neles prevista.
Questão 14
(ESAF - 2015 - PGFN - Procurador da Fazenda Nacional) Assinale a opção correta sobre
A) Os princípios gerais de direito privado não podem ser utilizados para pesquisa da definição,
do conteúdo e do alcance de seus institutos, conceitos e formas utilizados pela legislação
tributária.
64
B) A lei tributária pode alterar a definição, o conteúdo e o alcance de institutos, conceitos e
C) Interpreta-se da maneira mais favorável ao acusado a legislação tributária que define infrações
ou comine penalidades.
E) Salvo disposição expressa, interpreta-se literalmente a legislação tributária que disponha sobre
parcelamento, ainda quando prevista em contrato, é sempre decorrente de lei e não extingue o
crédito tributário.
Comentário:
A letra A está incorreta. Dispõe o CTN, em seu Art. 109 que "os princípios gerais de direito
privado utilizam-se para pesquisa da definição, do conteúdo e do alcance de seus
institutos, conceitos e formas, mas não para definição dos respectivos efeitos tributários".
tributárias, a lei tributária não pode alterá-los, conforme se extrai do art. 110, do CTN:
Art. 110. A lei tributária não pode alterar a definição, o conteúdo e o alcance de institutos,
conceitos e formas de direito privado, utilizados, expressa ou implicitamente, pela
Constituição Federal, pelas Constituições dos Estados, ou pelas Leis Orgânicas do Distrito
Federal ou dos Municípios, para definir ou limitar competências tributárias.
Incorreta a letra C. A interpretação favorável ao acusado pode ocorrer (CTN, art. 112), mas
tão somente nos casos em que haja dúvida, o que não foi afirmado na assertiva.
65
O próprio STJ já decidiu que, se não há divergência acerca da interpretação da legislação
Não olvide do papel do Código Civil de definir os institutos, conceitos e formas de direito
privado. Este código, como você já sabe, pode ser alterado por uma lei ordinária.
Questão 15
(CESPE - 2015 - TJ-PB - Juiz Substituto) O secretário de Fazenda de João Pessoa – PB, em
razão de incêndio ocorrido no centro dessa cidade no ano de 2014, decidiu, com base em
equidade, não realizar lançamento para cobrança do IPTU referente aos anos de 2015 e 2016
para os proprietários de imóveis na área atingida pelo desastre.
Acerca dessa situação hipotética e da legislação a ela correlacionada, assinale a opção correta.
A) Embora a equidade seja um método de integração da legislação tributária, sua aplicação não
pode resultar na dispensa do pagamento do tributo devido, ainda que se trate de lançamento
de ofício, como ocorre na situação descrita.
66
C) O lançamento tributário tem conteúdo discricionário, de forma que cabe à autoridade
D) O IPTU é tributo sujeito a lançamento por homologação, o que torna necessário, na situação
E) Por ser o IPTU tributo sujeito a lançamento direto, cabe à autoridade tributária verificar de
contributiva.
Comentário:
CTN. Vejamos:
I - a analogia;
IV - a eqüidade.
67
A letra C está incorreta. O lançamento tributário é vinculado, ou seja, é ato obrigatório,
deverá ser efetuado pela autoridade fiscal, não sendo permitida margem para
conveniência e oportunidade. Assim, veda a analise da situação, como no caso proposto
pela questão.
Não esqueça que é o Estado que lança o tributo, e o contribuinte deverá então pagá-lo.
Como já comentado na assertiva anterior, o Estado não possui liberdade para lançar ou
não o tributo, visto que este é um ato vinculado e obrigatório.
Questão 16
(TRF - 2ª Região - 2014 - TRF - 2ª REGIÃO - Juiz Federal) O Código Tributário prevê que se
interprete literalmente a legislação tributária que disponha sobre:
68
B) Outorga de isenção.
Comentário:
Vejamos:
II - outorga de isenção;
Questão 17
(TRF - 2ª Região - 2014 - TRF - 2ª REGIÃO - Juiz Federal) Sobre os tratados internacionais em
matéria tributária, assinale a opção correta:
homologue internamente.
C) Os tratados internacionais firmados com a finalidade de evitar a bitributação entre dois países,
após aprovação em dois turnos em ambas as casas do Congresso Nacional, deverão prevalecer
D) Os tratados internacionais firmados com a finalidade de evitar a bitributação entre dois países,
uma vez assinados e devidamente publicado o Decreto Legislativo respectivo, deverão prevalecer
em relação à legislação tributária ordinária.
evitar a dupla tributação em relação a outros países, não deverão prevalecer em relação à
legislação tributária ordinária.
Comentário:
nacional”.
de modo diverso do que ocorre com a Resolução, veículo adequado a legislar sobre
matéria exclusiva de uma das casas do Congresso (Câmara dos Deputados ou Senado).
70
O papel constitucional do Presidente da República, no caso, consiste em “celebrar
Esta alternativa traz o verbo no futuro e não pretendeu discutir o momento da inserção
A assertiva A está incorreta, posto que somente após a sua homologação interna o tratado
pelo Congresso Nacional, mas ora pela Câmara dos Deputados, ora pelo Senado.
Questão 18
Nos termos do Código Tributário Nacional, é correto afirmar que a legislação tributária dos
Estados, do Distrito Federal e dos Municípios vigora, no País, fora dos respectivos territórios,
71
nos limites em que lhe reconheçam extraterritorialidade os convênios de que participem, ou do
que disponham esta ou outras leis de normas gerais expedidas unicamente pela União.
( ) CERTO
( ) ERRADO
Comentário:
A afirmativa apresentada está correta, posto que o CTN não veda extraterritorialidade da
legislação tributária.
Nos termos do art. 102 do CTN: “A legislação tributária dos Estados, do Distrito Federal
e dos Municípios vigora, no País, fora dos respectivos territórios, nos limites em que lhe
reconheçam extraterritorialidade os convênios de que participem, ou de que disponham
Atente que o Código Tributário Nacional, em seu art. 102, admite a extraterritorialidade
da norma tributária, excepcionalmente, desde que haja convênio entre as pessoas jurídicas
Tratando do tema, ensina Ruy Barbosa Nogueira que “O art. 102 trata da vigência das
legislações estaduais do Distrito Federal e dos municípios fora de seus territórios no País,
em razão do nosso sistema federativo, deixando claro que esta extraterritorialidade dentro
72
Questão 19
analise as assertivas.
internacionais, os tratados internacionais em matéria tributária não podem dispor sobre normas
gerais de Direito Tributário.
Direito Tributário é dispor sobre conflitos de competência tributária entre os entes políticos,
regular as limitações constitucionais ao poder de tributar e estabelecer normas gerais em matéria
de legislação tributária.
V - A interpretação benigna deve ser utilizada sempre que houver dúvidas sobre a interpretação
da legislação tributária.
A) II, IV e V.
B) I, II e IV.
C) I, III e IV.
D) II, III e V.
E) I, III e V.
73
Comentário:
Correto o item II. O STF entende que os tratados internacionais têm hierarquia de lei
ordinária, salvo quando tratarem de direitos humanos, quando terão caráter "supralegal".
Como o art. 146, III, da CF dispõe que cabe à Lei Complementar estabelecer normas gerais
de direito tributário, está correto a afirmar que tratados internacionais não podem exercer
essa função.
Errado o item III. O art. 108, do CTN aponta a ordem nos incisos, sendo esta: Analogia >
Princípios gerais de direito tributário > Princípios gerais de direito público > Equidade.
Assertiva IV correta. A alternativa implicitamente remete ao art. 146, da CF, que trata da
função da lei complementar no direito tributário. A redação desse dispositivo não é boa
e já deu muita discussão na doutrina, que se dividiu em corrente dicotômica e corrente
tricotômica. Hoje prevalece que há três funções, sendo cada uma delas representada por
um dos incisos do dispositivo.
Errado o item V. A interpretação benigna no caso de dúvida somente se aplica aos casos
Questão 20
(FCC - 2014 - TJ-AP - Juiz) Estado pretende dar aplicação a ato ou fato pretérito em face de
lei nova tributária de caráter expressamente interpretativo com a finalidade de prescrever
penalidade à infração dos dispositivos normativos por ela interpretados. Com base no Código
Tributário Nacional, considere as seguintes afirmações:
74
I. Correto o entendimento do Estado, tendo em vista que a lei aplica-se a ato ou fato pretérito
III. Equivocado o entendimento do Estado, pois nesse caso deve ser excluída a aplicação de
penalidade à infração dos dispositivos interpretados.
A) II e III.
B) I.
C) II.
D) III.
E) I e III. .
Comentário:
Para resolver este quesito o candidato precisa dominar os dispositivos do CTN que tratam
O item I está errado. Conforme será apontado abaixo, há exceção para a aplicação
A assertiva II está incorreta. O art. 106, CTN tem dois incisos que tratam de aplicação
retroativa da lei.
O primeiro inciso diz respeito à leis interpretativas. O segundo inciso trata de algumas
situações em que o ato não foi definitivamente julgado.
75
Logo, o que está errado na assertiva é afirmar que há apenas um caso.
O item III está correto. Dispõe o art. 106, I, CTN, que é possível a aplicação retroativa de
lei interpretativa, exceto quando se tratar de aplicação de penalidade.
76
GABARITO
Questão 1 - E
Questão 2 - D
Questão 3 - C
Questão 4 - C
Questão 5 - A
Questão 6 - C
Questão 7 - C
Questão 8 - D
Questão 9 - E
Questão 10 - D
Questão 11 - C
Questão 12 - D
Questão 13 - A
Questão 14 - B
Questão 15 - A
Questão 16 - B
Questão 17 - D
Questão 18 - Certa
Questão 19 - B
Questão 20 - D
77
QUESTÃO DESAFIO
78
GABARITO QUESTÃO DESAFIO
A LINDB é plenamente aplicável ao direito tributário, salvo disposição legal específica, como
LINDB aplicável
A Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro, nomenclatura dada pela Lei 12.376/2010, é
Há, porém, uma exceção explicada pelo autor Ricardo Alexandre (ALEXANDRE, Ricardo. Direito
Tributário. 12. ed. Salvador: Juspodivm, 2018. p. 293-293.): “A LINDB é, portanto, plenamente
aplicável ao direito tributário, salvo a existência de disposição legal específica deste ramo do
direito, uma vez que um dos critérios para a solução do conflito aparente entre normas é
justamente o da especialidade, sendo conhecido o brocado que afirma que a lei especial derroga
lei geral (lex specialis derogat legi generali), um verdadeiro princípio da hermenêutica jurídica
do CTN, o qual afirma que a vigência, no espaço e no tempo, da legislação tributária rege-se
pelas disposições legais aplicáveis às normas jurídicas em geral, ressalvado o previsto neste
Capítulo.
O autor Ricardo Alexandre acrescenta (ALEXANDRE, Ricardo. Direito Tributário. 12. ed.
Salvador: Juspodivm, 2018. p. 293-293.): “Como se vê, além de expressamente acolher o
79
LEGISLAÇÃO COMPILADA
LEGISLAÇÃO TRIBUTÁRIA
Os dispositivos elencados são comumente cobrados em concursos públicos, especialmente os Arts. 99 e 100. Eles
tratam das Leis, Tratados e Convenções Internacionais, Decretos e Normas Complementares. Vale sua leitura atenta!
VIGÊNCIA
O tema objeto deste tópico é comumente cobrado em certames públicos com foco na letra da lei, de modo que
você não pode dispensar sua leitura. As normas da LINDB e do CTN são primordiais ao entendimento do mecanismo
da vigência da legislação tributária e os dispositivos constitucionais apontados guardam direta relação com o tema
e os tributos em espécie.
Súmula vinculante 50
Norma legal que altera o prazo de recolhimento de obrigação tributária não se sujeita ao princípio da anterioridade.
EFICÁCIA E APLICAÇÃO
Os dispositivos elencados são frequentemente cobrados em concursos públicos. Sua redação concisa é fundamental
ao entendimento do assunto. O primeiro dispositivo consagra a irretroatividade como postulado matriz. Já o art.
80
106 do Código Tributário Nacional cuida da retroação da norma e enuncia os casos em que a legislação tributária
opera efeitos ex tunc.
Ao imposto de renda calculado sobre os rendimentos do ano-base, aplica-se a lei vigente no exercício financeiro
em que deve ser apresentada a declaração.
INTEGRAÇÃO E INTERPRETAÇÃO
Os artigos citados acima detalham a interpretação e integração da legislação tributária e têm grande recorrência
em certames para carreira jurídica. Atente que o Examinador costuma cobrar este tema com especial foco ao que
dispõe a letra fria da lei.
Súmula Vinculante 31
É inconstitucional a incidência do imposto sobre serviços de qualquer natureza - ISS sobre operações de locação
de bens móveis.
81
JURISPRUDÊNCIA
APLICAÇÃO
(STJ, 2.' T., REsp 37.7099/RS, Rei. Min. Eliana Calmon, j. 03.04.2003, DJ 12.05.2003, p. 264).
A cobrança do Imposto de Renda mês a mês,- pelo sistema de bases correntes, não descaracteriza a
complexidade do fato gerador, findo em 31 de dezembro de cada ano"
INTERPRETAÇÃO
(STF, Tribunal Pleno, AOl-MC 605/ DF, Rei. Min. Celso de Mello, j. 23.10.1991, OJ 05.03,1993, p.
2.897)
"É plausível, em face do ordenamento constitucional brasileiro, o reconhecimento da admissibilidade
das leis interpretativas, que configuram instrümento juridicamente idôneo de veiculação da
denominada interpretação autêntica. As leis interpretativas - desde que reconhecida a sua existência
em nosso sistema de direito positivo - não traduzem usurpação das atribuições institucionais do
jUdiciário e, em consequência, não ofendem o postulado fundamental da divisão funcional do poder
- mesmo as leis interpretativas expõem-se ao exame e à interpretação dos juízes e tribunais. Não se
revelam, assim, espécies normativas imunes ao controle jurisdicional"
Comentário: Há autores que negam a existência de leis interpretativas, sob o argumento que
ao legislativo não é dado interpretar outras leis, e que ou a lei inova no ordenamento jurídico
e não será interpretativa, ou apenas repete o que se afirma em lei anterior e, deste modo, carece
de utiliadade. Apesar da discussão, o Supremo Tribunal Federal expressamente admite a
existência das leis interpretativas. Mas atenção! Se a lei que se afirma interpretativa trouxer
efetivas modificações de institutos jurídicos, ela terá caráter normativo e não interpretativo,
Comentário: Havia controvérsia quanto ao seguinte: definido que a Lei Complementar 118/2005
entrara em vigor no dia 9 de junho de 2005 (120 dias após a sua publicação), a aplicabilidade
ocorreria para as ações ajuizadas a partir desta data (sendo irrelevante o dia do pagamento) ou
para os pagamentos realizados a partir desta data (não importando o momento do ajuizamento
da ação)? Existia ainda uma corrente que defendia a aplicação, por analogia, do art. 2.028 do
Código Civil, de forma a aplicar o prazo anterior (dez anos) se, na data da entrada em vigor da
LC 118/2005, já houvesse transcorrido mais da metade de tal prazo.
83
O Supremo Tribunal Federal rechaçou expressamente a aplicação analógica da norma
civilista, que não é norma geral, e, mesmo que o fosse, poderia ser derrogada pela cláusula de
84
MAPA MENTAL
85
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ALEXANDRE, Ricardo. Direito Tributário - 11. ed. - Salvador - Ed. JusPodivm, 2017.
CARRAZZA, Roque. Curso de Direito Constitucional Tributário. 32. ed. Juspodivm. Salvador: 2019.
CARVALHO, Paulo de Barros. Curso de direito tributário. 29ª Edição. São Paulo: 2017.
COSTA, Regina Helena. Curso de direito tributário. – 8ª ed. – São Paulo : Saraiva Educação, 2018.
DIFINI, Luiz Felipe Silveira. Manual de direito tributário. 4. Ed. Atual. São Paulo: Saraiva, 2008.
JARDIM, Eduardo Marcial Ferreira. Manual de direito financeiro e tributário – 16. ed. – São Paulo : Saraiva Educação,
2019.
SABBAG, Eduardo. Código Tributário Nacional Comentado – 2. ed. r– Rio de Janeiro: Forense; São Paulo: MÉTODO,
2018.
86