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CARREIRAS

JURÍDICAS

CARREIRAS JURÍDICAS

DIREITO TRIBUTÁRIO

CAPÍTULO 14
Recado para você que está assistindo às videoaulas

Prezado aluno, a princípio, estamos trazendo algumas informações relevantes para você
que está assistindo às nossas videoaulas e complementará os estudos através do conteúdo do
nosso CERS Book. Portanto, você deve estar atento que:

O CERS book foi desenvolvido para complementar a aula do professor e te dar um suporte
nas revisões!

Um mesmo capítulo pode servir para mais de uma aula, contendo dois ou mais temas,
razão pela qual pode ser eventualmente repetido;

A ordem dos capítulos não necessariamente é igual à das aulas, então não estranhe se o
capítulo 03 vier na aula 01, por exemplo. Isto acontece porque a metodologia do CERS é baseada

no estudo dos principais temas mais recorrentes na sua prova de concurso público, por isso,
nem todos os assuntos apresentados seguem a ordem natural, seja doutrinária ou legislativa;

Esperamos que goste do conteúdo!

1
Assim, os assuntos de Direito Tributário estão distribuídos da seguinte forma:

CAPÍTULOS

Capítulo 1 – Tributos 


Capítulo 2 – PARTE 1 - O Estado e o poder de tributar. PARTE 2 -

Sistema Tributário Nacional
Capítulo 3 – Competência Tributária 

Capítulo 4 – PARTE 1 - Legislação Tributária. PARTE 2 - Obrigação



Tributária
Capítulo 5 – Responsabilidade Tributária 
Capítulo 6 – Crédito Tributário 
Capítulo 7 – Suspensão do Crédito Tributário 
Capítulo 8 – Extinção do Crédito Tributário 
Capítulo 9 – Exclusão do Crédito Tributário 
Capítulo 10 – Garantias e Privilégios do Crédito Tributário 
Capítulo 11 – Administração Tributária 
Capítulo 12 – Disposições Finais e Transitórias do CTN 
Capítulo 13 – Disposições Finais e Transitórias do CTN 

Capítulo 14 (você está aqui!) – Processo judicial tributário. Ações



de iniciativa do fisco. Ações de iniciativa do contribuinte
Capítulo 15 – Tributação internacional 
Capítulo 16 – Aspectos tributários da Lei de Responsabilidade Fiscal 
Capítulo 17 – Aspectos tributários da Lei de Diretrizes Orçamentárias 
Capítulo 18 – Aspectos tributários da Lei n° 4.320 
Capítulo 19 – Ilícito tributário. Ilícito e sanção. Ilícito administrativo

tributário. Ilícito penal tributário
Capítulo 20 – Sistema integrado de pagamento de impostos e

SIMPLES Nacional
Capítulo 21 – Lei Complementar n.º 116/2003 

2
SOBRE ESTE CAPÍTULO

 Este capítulo apresenta o conteúdo mais importante para concursos públicos acerca do
tema processo judicial tributário, a legislação aplicável e as principais disposições
doutrinárias e jurisprudenciais relevantes ao seu estudo.

 Nele, você conhecerá detalhes das ações de iniciativa da Administração Tributária, quais
sejam, a Execução Fiscal e a Medida Cautelar Fiscal. Além disso, trataremos das ações de
iniciativa do contribuinte, a saber: Mandado de Segurança, Ação de repetição de indébito,
Ação anulatória de lançamento tributário, Ação declaratória de inexistência de relação
jurídica, Ação de consignação em pagamento, Ação declaratória de constitucionalidade e
ação direta de inconstitucionalidade.

 Ao operador do Direito é indispensável o conhecimento acerca do Direito Tributário e de


todo o conjunto das leis reguladoras da arrecadação dos tributos (taxas, impostos e
contribuição de melhoria), bem como de sua fiscalização, considerando as relações entre
o fisco e as pessoas sujeitas a imposições tributárias de qualquer espécie.

 Atente que esta disciplina é especialmente exigida em certames para Procuradoria


Estadual, com recorrência relevante também em provas para a Magistratura Estadual,
Federal seguidos por Ministério Público e Defensoria Pública.

 No Direito Tributário você deve privilegiar o estudo da Lei Seca, sendo certo que o
Examinador tem predileção por disposições objetivas da letra da lei. Todavia, não deve-
se olvidar da doutrina, especialmente quanto às questões conceituais, e da jurisprudência
relativa aos diversos temas que abrangem o plexo de relações jurídicas entre Estado e
contribuinte.

3
SUMÁRIO

DIREITO TRIBUTÁRIO .............................................................................................................................. 5

Capítulo 14 ................................................................................................................................................ 5

14. Processo Judicial Tributário ........................................................................................................... 5

14.1 Ação de Execução Fiscal .................................................................................................................................... 9

14.2 Medida Cautelar Fiscal..................................................................................................................................... 25

14.3 Mandado de Segurança .................................................................................................................................. 30

14.4 Ação de Repetição de Indébito ................................................................................................................... 34

14.5 Ação Anulatória de Lançamento Tributário............................................................................................ 39

14.6 Ação Declaratória de Inexistência de Relação Jurídica...................................................................... 40

14.7 Ação de Consignação em Pagamento ..................................................................................................... 41

14.8 Ação Declaratória de Constitucionalidade e Ação Direta de Inconstitucionalidade ............ 42

QUADRO SINÓPTICO ............................................................................................................................ 44

QUESTÕES COMENTADAS ................................................................................................................... 49

GABARITO ............................................................................................................................................... 69

QUESTÃO DESAFIO ................................................................................................................................ 70

GABARITO QUESTÃO DESAFIO ........................................................................................................... 71

LEGISLAÇÃO COMPILADA .................................................................................................................... 73

JURISPRUDÊNCIA................................................................................................................................... 76

MAPA MENTAL ...................................................................................................................................... 79

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .......................................................................................................... 80

4
DIREITO TRIBUTÁRIO

Capítulo 14

Este capítulo apresenta o conteúdo mais importante para concursos públicos acerca do
tema processo judicial tributário, a legislação aplicável e as principais disposições doutrinárias e
jurisprudenciais relevantes ao seu estudo.

Nele, você conhecerá detalhes das ações de iniciativa da Administração Tributária, quais
sejam, a Execução Fiscal e a Medida Cautelar Fiscal. Além disso, trataremos das ações de
iniciativa do contribuinte, a saber: Mandado de Segurança, Ação de repetição de indébito, Ação
anulatória de lançamento tributário, Ação declaratória de inexistência de relação jurídica, Ação
de consignação em pagamento, Ação declaratória de constitucionalidade e ação direta de
inconstitucionalidade.

14. Processo Judicial Tributário

As peculiaridades persentes nas ações judiciais que têm por objeto relações jurídico-

tributárias não são suficientes para que falar em um “processo judicial tributário” como disciplina
autônoma.

De acordo com Kiyoshi Harada (2018), o processo judicial tributário se presta a proteger o
contribuinte de eventuais arbitrariedades perpetradas pelo Poder Público. Isso porque apesar
de a atividade administrativa ser plenamente vinculada (art. 3º do CTN), a Administração

Tributária, responsável pelo procedimento, ainda é parte na relação jurídico-tributária:

Para garantir ao sujeito passivo uma solução imparcial e justa de suas

controvérsias, invalidando eventuais excessos cometidos pela administração


fiscal, existe o Poder Judiciário, independente e equidistante dos interesses
em confronto. Cabe ao Judiciário dirimir conflitos tributários pela aplicação
do direito positivo, por meio de processo judicial tributário, de natureza

5
trilateral, isto é, formado pela relação jurídica que se estabelece entre as

partes e o juízo e entre este e as partes.

Trata-se do princípio da inafastabilidade da jurisdição, definido pelo art. 5º, inciso XXXV,

da Constituição Federal de 1988 (“a lei não excluirá da apreciação do Poder Judiciário lesão ou
ameaça a direito”) e elevado ao patamar de cláusula pétrea (art. 60, § 4º, inciso I, da CF/1988).

Em outro sentido, Regina Helena Costa (2018) observa que nas relações jurídico-tributárias,
seja qual for o seu objeto – pagamento de tributo, cumprimento de comportamento comissivo

ou omissivo, ou imposição de penalidade –, o Fisco sempre ocupa o polo ativo da relação


jurídica. Portanto, as ações judiciais, quase sempre, são movidas pelo sujeito passivo, com vista
a impugnar a exigência fiscal

Danilo Botelho de Carvalho (2015) aduz que o processo judicial fiscal pode ter natureza
declaratória (ao julgar a existência, ou não, da relação jurídico-tributária), constitutiva negativa

(ao anular um débito fiscal), condenatória (ao impor a repetição de indébito) ou mandamental
(no caso do mandato de segurança), mas não constitutiva (haja vista que esta é própria do

processo administrativo).

Ambas as partes podem propor ações judiciais fiscais, sendo necessária uma divisão:

(1) Ações de iniciativa da Administração Tributária

 Execução Fiscal (Lei nº 6.830/1980 - LEF);

 Medida Cautelar Fiscal (Lei nº 8.397/1992).

(2) Ações de iniciativa do contribuinte

 Mandado de Segurança;

 Ação de repetição de indébito;

 Ação anulatória de lançamento tributário;

6
 Ação declaratória de inexistência de relação jurídica;

 Ação de consignação em pagamento;

 Ação declaratória de constitucionalidade e ação direta de inconstitucionalidade

(salientando-se que o controle de constitucionalidade não é permitido no âmbito do


processo administrativo tributário).

Vamos esquematizar para melhor fixação:

7
Execução Fiscal

Ações de iniciativa da
Administração Tributária

Medida Cautelar Fiscal

Mandado de Segurança

AÇÕES JUDICIAIS FISCAIS

Ação de repetição de indébito

Ação anulatória de lançamento


tributário
Ações de iniciativa do
contribuinte
Ação declaratória de
inexistência de relação jurídica

Ação de consignação em
pagamento

Ação declaratória de
constitucionalidade e ação
direta de inconstitucionalidade

Você já sabe que o Fisco, no Brasil, não depende do Judiciário para constituir seus créditos.
A ele cabe, por iniciativa própria, a apuração dos tributos devidos por meio do lançamento,
8
notificando os contribuintes a efetuar o respectivo pagamento ou a se defenderem. Também

compete ao Fisco a imposição de multas pelo descumprimento da legislação tributária.

Paulsen (2020) aponta que:

“Para tanto, não depende de nenhuma ação judicial de conhecimento que


imponha aos obrigados a condenação de pagarem. Ademais, a legislação

permite que constitua inclusive o título executivo para buscar a satisfação


compulsória dos seus créditos. Todavia, ao Fisco – assim entendido o

sujeito ativo da obrigação tributária (credor) – não é dado proceder à


execução administrativa. Ou seja, não tem a prerrogativa de efetuar, por
ato próprio, a constrição do patrimônio do devedor, não podendo realizar
diretamente o bloqueio ou a indisponibilidade de bens, tampouco atos
expropriatórios”.

De acordo com o artigo 38 da Lei de Execução Fiscal, a discussão judicial da Dívida Ativa
da Fazenda Pública só é admissível nos seguintes casos:

(1) execução;

(2) mandado de segurança;

(3) ação de repetição de indébito;

(4) ação anulatória do ato declarativo da dívida.

14.1 Ação de Execução Fiscal

Trata-se de um processo de execução de título extrajudicial, amparado pela certidão de

dívida ativa, para pagamento de quantia certa contra devedor solvente.

9
De partida, convém destacar que a execução fiscal se aplica tanto a débitos tributários

quanto não-tributários (neste segundo caso, pode-se citar como exemplo uma ação ajuizada
pelo PROCON). Inteligência do art. 2º da LEF.

O principal diploma legal sobre o tema é a Lei de Execução Fiscal (LEF – Lei nº Lei nº
6.830/80). Subsidiariamente, porém, aplica-se o Código de Processo Civil (art. 1º da LEF).

Segundo a referida lei, a Dívida Ativa da Fazenda Pública é “definida como tributária ou
não tributária na Lei n. 4.320, de 17 de março de 1964, com as alterações posteriores, que estatui

normas gerais de direito financeiro para elaboração e controle dos orçamentos e balanços da
União, dos Estados, dos Municípios e do Distrito Federal”.

Lembre-se que a inscrição em dívida ativa objetiva a constituição de título executivo

destinado à cobrança judicial de créditos não pagos, a chamada Certidão de Dívida Ativa
(CDA), que no ordenamento jurídico brasileiro o único título executivo extrajudicial

confeccionado unilateralmente pelo credor, em razão da presunção de legalidade ou de


legitimidade de que desfrutam os atos administrativos.

Anteriormente, era permitida a delegação de competência da justiça federal para a estadual (nas
Comarcas do interior em que não havia Vara da Justiça Federal), a teor do art. 15 da Lei nº

5.010/1966. Todavia, essa norma foi revogada pelo art. 114 da Lei nº 13.043/2014.

CUIDADO! De acordo com o art. 75 da Lei nº 13.043/2014, a revogação não tem efeitos

retroativos. Logo, as execuções fiscais federais ajuizadas na Justiça Estadual antes da vigência
dessa lei mantêm seu andamento processual normal.

10
A legitimidade ativa para a propositura da ação é dos entes que compõem o conceito

de Fazenda Pública. Por não estarem inseridas nesse contexto, as empresas públicas e as
sociedades de economia mista não podem ajuizar execução fiscal para a cobrança dos seus

créditos, com a exceção da Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos (que o STF já entendeu
que possui regime de Fazenda Pública) e a Caixa Econômica Federal, que está legitimada a

ajuizar execução fiscal para a cobrança do FGTS (competência da Justiça Federal).

Ademais, os Conselhos Profissionais também podem ajuizar execução fiscal para a cobrança

das anuidades (competência da Justiça Federal), exceto a OAB.

A Lei de Execução Fiscal, em seu artigo 4º, permite que o procedimento seja movido não
apenas em face do devedor, mas também contra alguns terceiros, quais sejam:

(1) O devedor;

(2) O fiador;

(3) O espólio;

(4) A massa;

(5) O responsável, nos termos da lei, por dívidas, tributárias ou não, de pessoas físicas ou
pessoas jurídicas de direito privado1;

(6) Os sucessores a qualquer título.

Segundo o § 1º do artigo, no caso de os terceiros responsáveis pela administração de bens

do executado (o síndico, o comissário, o liquidante, o inventariante e o administrador, nos casos


de falência, concordata, liquidação, inventário, insolvência ou concurso de credores), antes de
garantidos os créditos da Fazenda Pública, alienarem ou derem em garantia quaisquer dos bens

administrados, responderão de forma solidária por seu valor2.

1
Vide questão 12
2
Vide questões 1 e 3
11
O simples inadimplemento tributário não autoriza o redirecionamento da execução fiscal.

O que o permite é, por exemplo, a dissolução irregular da sociedade, nos termos da Súmula
435 do STJ. Uma vez incluído no polo passivo da demanda o sócio/gerente, a legitimidade

recursal para discutir a decisão é da pessoa física, e não da pessoa jurídica.

A petição inicial deve observar menos requisitos que os exigidos pelo Código de Processo

Civil. Deveras, a exordial apresentada na ação de execução fiscal precisa indicar somente (1) o
Juiz a quem é dirigida; (2) o pedido; (3) o requerimento para citação; (4) a Certidão da Dívida

Ativa, sendo o valor da causa o valor nela constante, acrescido dos encargos legais. Inteligência
do art. 6º da LEF.

Nos termos da Súmula 106 do STJ, proposta a ação no prazo fixado para o seu exercício, a
demora na citação, por motivos inerentes ao mecanismo da Justiça, não justifica o acolhimento

da alegação de prescrição ou de decadência3.

3
Vide questão 7
12
Aliás, diferentemente do que ocorre nas demais ações judiciais, na execução fiscal não é

necessário indicar, já na petição inicial, o CPF, RG ou CNPJ do executado. Esses dados podem
ser confirmados e informados posteriormente, quando houver certeza sobre sua exatidão.

Nesse sentido:

 Súmula nº 558/STJ: “Em ações de execução fiscal, a petição inicial não pode ser

indeferida sob o argumento da falta de indicação do CPF e/ou RG ou CNPJ da parte


executada”4.

 Súmula nº 559/STJ: “Em ações de execução fiscal, é desnecessária a instrução da


petição inicial com o demonstrativo de cálculo do débito, por tratar-se de requisito
não previsto no art. 6º da Lei 6.830/1980”.

A VUNESP cobrou esse assunto em certame realizado em 2019 para o cargo de Juiz de Direito
Substituto do TJ-AC. Vejamos.

Conforme prevê a Lei n° 6.830/1980, a petição inicial da execução fiscal indicará apenas

A) o juiz a quem é dirigida, o pedido, o requerimento para a citação e a descrição dos fatos
que levam à execução.

B) a qualificação das partes, o juiz a quem é dirigida e a descrição dos fatos que levam à
execução.

C) a qualificação das partes, a descrição dos fatos que levam à execução, a legislação aplicável
e o valor da causa.

4
Vide questão 5
13
D) o juiz a quem é dirigida, o pedido e o requerimento para a citação.

O gabarito é a letra D. Por muito tempo houve divergência acerca da exigência do CPF/CNPJ
na petição inicial da Execução Fiscal. Essa polêmica surgiu porque o art. 15 da Lei 11.419/06 que

trata do processo informatizado, exige esta informação (salvo impossibilidade que comprometa
o acesso à justiça). Ocorre que o STJ, na Súmula 558 acima transcrita, entendeu que este

dispositivo não alterou o art. 6º, da Lei 6.830/80, que não exige o CPF/CNJP.

Portanto, nas ações de execução fiscal, a falta de indicação do CPF e/ou RG ou CNPJ da parte

executada não é causa de indeferimento da petição inicial.

A inicial é deferida por meio de despacho, em que deve constar ordem para:

1. Citação (em regra, é feita pelos Correios com AR. Excepcionalmente, por oficial de justiça
ou por edital. Se o executado for citado por hora certa ou por edital e permanecer revel,
será nomeado curador especial com legitimidade para apresentar embargos);

2. Penhora (na hipótese de não houver pagamento ou garantia à execução);

3. Arresto (se o executado não tiver domicílio ou dele se ocultar);

4. Registro da penhora ou do arresto, independentemente do pagamento de custas ou


outras despesas (tendo em vista que o exequente é a própria Fazenda Pública);

5. Avaliação dos bens penhorados ou arrestados. Art. 6º da LEF.

Ressalte-se que é possível a reunião de execuções fiscais após a sua propositura, mas não
se trata de um direito subjetivo da parte, mas uma faculdade do juiz.

A ordem de penhora não é automática; ao ser citado (recorde-se que a prescrição é

interrompida pelo despacho do juiz que ordena a citação em execução fiscal), o executado deve
receber o prazo de 05 (cinco) dias para efetuar o pagamento da dívida (valor principal + juros,
multa e demais encargos indicados na Certidão de Dívida Ativa) ou a garantia da execução.

14
A garantia pode ser feita por meio de depósito em dinheiro, fiança bancária, seguro

garantia, nomeação de bens à penhora ou indicação à penhora de bens oferecidos por terceiros
e aceitos pela Fazenda Pública – com a ressalva de que a indicação ou nomeação de imóveis

depende do consentimento do cônjuge. Inteligência dos arts. 8º e 9º da LEF.

O executado pode substituir a penhora por depósito em dinheiro ou fiança bancária, ao

passo que o Poder Público pode substituir bens penhorados por outros em melhor posição na
ordem legal do art. 11 da LEF e requerer o reforço da penhora. Pode, ainda, a Fazenda Pública,

recusar a substituição do bem penhorado por precatório.

Atente que a jurisprudência passou a admitir a apresentação de defesa pelo executado

sem o oferecimento de garantia da execução, em hipóteses de flagrante ilegitimidade da ação


executiva.

Isso pode se dar por meio da chamada exceção de pré-executividade, apresentada

mediante petição instruída com os documentos pertinentes, tem por objeto matérias que
possam ser apreciadas de plano, independentemente de dilação probatória, como as

alegações de pagamento, prescrição, decadência, desde que seja possível ao magistrado


verificar, de imediato, sua procedência e declarar extinta a execução

Consoante precedente do Superior Tribunal de Justiça (REsp 1.136.144/RJ, Rel. Min. Luiz
Fux, Primeira Seção, julgado em 09/12/2009, DJe 01/02/2010, paradigma do Tema Repetitivo

262), a execução fiscal admite a exceção de pré-executividade para a arguição de questões


que devam ser conhecidas de ofício pelo juiz, como as atinentes à liquidez do título executivo,

15
aos pressupostos processuais e às condições da ação executiva, contanto que não demandem

dilação probatória.

Nesse sentido, a Súmula nº 393/STJ: “A exceção de pré-executividade é admissível na

execução fiscal relativamente às matérias conhecíveis de ofício que não demandem dilação
probatória”5.

É cabível a condenação da Fazenda Pública ao pagamento de honorários advocatícios em


decorrência da extinção da execução fiscal pelo acolhimento de exceção de pré-executividade6:

REPETITIVO. EXCEÇÃO. PRÉ-EXECUTIVIDADE. HONORÁRIOS. Em


julgamento de recurso especial submetido ao regime do art. 543-C do CPC
c/c a Res. n. 8/2008-STJ, a Seção assentou o entendimento de que, uma
vez acolhida a exceção de pré-executividade para extinguir execução fiscal,

é cabível a condenação da Fazenda Pública em honorários advocatícios.


Precedentes citados: REsp 1.192.177-PR, DJe 22/6/2010; AgRg no REsp

1.134.076-SP, DJe 29/10/2009; AgRg no REsp 1.115.404-SP, DJe 24/2/2010;


EDcl no AgRg no Ag 1.030.023-SP, DJe 22/2/2010, e EREsp 1.048.043-SP,
DJe 29/6/2009. REsp 1.185.036-PE, Rel. Min. Herman Benjamin, julgado em

8/9/2010 - INFO 446, STJ.

Tratando do tema, Leandro Paulsen (2020) aponta que :

“O executado tem o dever de colaborar com a execução, sendo que a não

indicação de onde estão os bens sujeitos à penhora é considerada


atentatória à dignidade da justiça, ensejando a aplicação de multa,

5
Vide questão 11
6
Vide questão 9
16
conforme o art. 774 do CPC (Lei n. 13.105/15), também aplicável à execução

fiscal”.

O autor aponta ainda que, caso o executado não pague nem indique bens à penhora ou

sejam estes insuficientes para a satisfação do crédito, procede-se à decretação da


indisponibilidade dos seus bens, forte no que determina o art. 185-A do CTN, utilizando-se o

sistema BacenJud para tanto. Identificam-se, assim, eventuais ativos financeiros do executado
que não tenham sido oferecidos à penhora, com destaque para os depósitos em dinheiro,

preferenciais na ordem de penhora.

Inexistindo pagamento ou garantia da execução, todos os bens do executado podem ser


penhorados, salvo os absolutamente impenhoráveis, elencados pelo art. 833 do CPC. O
executado deve ser intimado sobre o ato. Arts. 10 e 12 da LEF.

Tal como exige o constituinte, a ação de execução fiscal permite ao executado o direito ao

contraditório e à ampla defesa. O mecanismo adequado para sua manifestação nos autos
consiste nos embargos à execução, que devem ser opostos no prazo de 30 (trinta) dias,

contados a partir da data: (1) do depósito; (2) da juntada da prova da fiança bancária ou do
seguro garantia; (3) da intimação da penhora (e não da juntada do mandado de intimação,

como prevê o Código de Processo Civil). Inteligência do art. 16 da Lei de Execução Fiscal.

Observe que, segundo o STJ, o comparecimento espontâneo do executado, após a


efetivação da penhora, não supre a necessidade de sua intimação com a advertência do prazo
para o oferecimento dos embargos à execução fiscal.

Aliás, assim já entendeu o Superior Tribunal de Justiça no julgamento do Recurso Especial

nº 1.112.416/MG, paradigma do Tema Repetitivo 131:

TERMO A QUO DO PRAZO PARA EMBARGOS À EXECUÇÃO FISCAL.

GARANTIA DO JUÍZO MEDIANTE PENHORA. JUNTADA DO MANDADO.


RECURSO REPETITIVO. ART. 543-C DO CPC. [...] 3. O termo inicial para a
oposição dos Embargos à Execução Fiscal é a data da efetiva intimação da

17
penhora, e não a da juntada aos autos do mandado cumprido. 4. Recurso

Especial parcialmente conhecido e, nessa parte, não provido. Acórdão


sujeito ao regime do art. 543-C do CPC e da Resolução 8/2008 do STJ (STJ,

REsp 1.112.416/MG, Rel. Min. Herman Benjamin, Primeira Seção, julgado


em 27/05/2009, DJe 09/09/2009).

CUIDADO! Em regra, os embargos só podem ser opostos se houver garantia à execução, ex vi


do art. 16, § 1º, da LEF. Contudo, o Superior Tribunal de Justiça definiu recentemente que essa

imposição não se aplica ao devedor não possui patrimônio suficiente para garantir do crédito
exequendo. O decisum se baseia no conceito de acesso à justiça, resguardado como direito

fundamental pela Carta Magna:

[...] 5. Nessa linha de interpretação, deve ser afastada a exigência da


garantia do juízo para a oposição de embargos à execução fiscal, caso

comprovado inequivocadamente que o devedor não possui patrimônio


para garantia do crédito exequendo. 6. Nada impede que, no curso do

processo de embargos à execução, a Fazenda Nacional diligencie à procura


de bens de propriedade do embargante aptos à penhora, garantindo-se

posteriormente a execução. [...]

A Primeira Turma destacou que a simples concessão de gratuidade judiciária não implica

tal benefício, sendo indispensável a efetiva incapacidade econômica e patrimonial de cumprir a


norma estabelecida pela Lei de Execução Fiscal:

8. Num raciocínio sistemático da legislação federal aplicada, pelo simples

fato do executado ser amparado pela gratuidade judicial, não há previsão


18
expressa autorizando a oposição dos embargos sem a garantia do juízo. 9.

In casu, a controvérsia deve ser resolvida não sob esse ângulo (do
executado ser beneficiário, ou não, da justiça gratuita), mas sim, pelo lado

da sua hipossuficiência, pois, adotando-se tese contrária, tal implicaria em


garantir o direito de defesa ao "rico", que dispõe de patrimônio suficiente

para segurar o Juízo, e negar o direito de defesa ao "pobre". [...] (STJ, REsp
1.487.772/SE, Rel. Min. Gurgel De Faria, Primeira Turma, julgado em

28/05/2019, DJe 12/06/2019).

Após os embargos à execução, a Fazenda Pública deve ser intimada para oferecer

impugnação no prazo de 30 (trinta) dias (todas as intimações à Fazenda devem ser feitas
pessoalmente – art. 25 da LEF), sendo designada, após, a audiência de instrução e julgamento

– salvo se os embargos versarem sobre matéria de direito ou se a prova for exclusivamente


documental. Neste caso, o juiz deve proferir sentença no prazo de 30 (trinta) dias (Art. 17 da

LEF).

É fundamental que você atente que a cobrança judicial da Dívida Ativa da Fazenda Pública
não é sujeita a concurso de credores ou habilitação em falência, concordata, liquidação,
inventário ou arrolamento.

CUIDADO! O concurso de preferência somente se verifica entre pessoas jurídicas de direito


público7, na seguinte ordem:

Estados, Distrito
Municípios e suas
Federal e Territórios e
União e suas autarquias,
suas autarquias,
autarquias conjuntamente e pro
conjuntamente e pro
rata
rata

7
Vide questão 6
19
Este dispositivo foi cobrado em concurso público realizado pela CESPE no ano de 2019 para o
TJ-PR no cargo de Juiz Substituto da seguinte maneira:

Considerando que, em caso de cobrança judicial de dívida ativa da fazenda pública por meio
de execução fiscal, haja o registro de penhoras feitas por credores distintos sobre um mesmo
bem e não se caracterize hipótese de falência ou recuperação judicial, assinale a opção correta,
de acordo com o previsto na Lei de Execuções Fiscais — Lei n.º 6.830/1980.

A) A fazenda pública ingressa no concurso de credores de forma preferencial, ressalvada apenas


a preferência dos credores de créditos decorrentes da legislação do trabalho.

B) A fazenda pública não se sujeita a concurso de credores, devendo-se verificar o concurso de


preferência entre as pessoas jurídicas de direito público.

C) Não há benefício de ordem entre a fazenda pública e os credores privados: a ordem


cronológica do registro das penhoras deve ser observada.

D) Os créditos da fazenda pública devem ser apurados primeiramente, sendo feita a repartição
entre os entes públicos federais, estaduais e municipais com base no critério pro rata.

A letra A está incorreta. A questão exclui a hipótese de concurso decorrente de processo de


falência. Logo, não há concurso entre a Fazenda e credores particulares.

Alternativa B correta. O art. 29, da LEF prevê que a cobrança judicial da dívida ativa não se
sujeita a concurso de credores. Só haverá concurso nas hipóteses em que os credores são
pessoas jurídicas de direito público.

Letra C incorreta. Como dito, a Fazenda não se sujeita a concurso de credores quando se tratar
de entes privados.

20
A letra D está incorreta. A fazenda somente se sujeita a concurso de preferência entre pessoas
jurídicas de direito público, nos termos do art. 29, parágrafo único, CTN. No entanto, a União
tem preferência e reparte com base no critério pro rata.

Nos processos de falência, concordata, liquidação, inventário, arrolamento ou concurso de


credores, é vedada a autorização judicial de alienações sem a prova de quitação da Dívida Ativa

ou a concordância da Fazenda Pública, uma vez que os créditos tributários, em regra, preferem
aos demais. Art. 31 da LEF.

O Superior Tribunal de Justiça, em recentíssimo julgado, entendeu que, coexistindo


execução fiscal e execução civil contra o mesmo devedor, com pluralidade de penhoras
recaindo sobre o mesmo bem, o produto da venda judicial, por força de lei, deve satisfazer

o crédito fiscal em primeiro lugar8.

Proferida a sentença de primeira instância, os recursos dependem do valor executado, na

forma do art. 34 da LEF: para execuções de valor igual ou inferior a 50 (cinquenta) Obrigações
Reajustáveis do Tesouro Nacional (ORTN), admitem-se apenas embargos infringentes e de

declaração.

A propósito, a norma expressa pela Lei de Execução Fiscal afasta até mesmo a impetração

de mandado de segurança em face da sentença, conforme tese jurídica fixada recentemente


pelo Superior Tribunal de Justiça: “não é cabível mandado de segurança contra decisão
proferida em execução fiscal no contexto do art. 34 da Lei 6.830/80" (STJ, IAC no RMS 53.720/SP,

Rel. Min. Sérgio Kukina, Primeira Seção, julgado em 10/04/2019, DJe 20/05/2019 – Tema IAC 3).

Outrossim, já definiu o Supremo Tribunal Federal no julgamento do Tema 408 (AI

637.975/SP AgR, Rel. Min. Joaquim Barbosa, Segunda Turma, julgado em 20/04/2010, DJe

8
STJ. 3ª Turma. REsp 1661481-SP, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 10/03/2020 (Info 667).
21
28/05/2010): "é compatível com a Constituição o art. 34 da Lei 6.830/1980, que afirma incabível

apelação em casos de execução fiscal cujo valor seja inferior a 50 ORTN".

 Os embargos infringentes são opostos no prazo de 10 (dez) dias, perante o mesmo

juízo sentenciante, facultada a resposta do embargado em igual prazo. A decisão


deve ser proferida pelo juiz em 20 (vinte dias);

 A propositura dos embargos infringentes e de declaração pelo contribuinte importa


em renúncia ao poder de recorrer na esfera administrativa e desistência do recurso

acaso interposto.

A propositura da ação judicial de execução fiscal importa em renúncia ao poder de

recorrer na esfera administrativa e em desistência do recurso eventualmente interposto.

Inteligência do art. 38 da Lei de Execução Fiscal.

O art. 40 da LEF prevê que o curso da execução (e, consequentemente, da prescrição) é


suspenso enquanto não for localizado o devedor ou encontrados bens sobre os quais possa

recair a penhora.

Da referida suspensão deverá ser intimada a Fazenda Pública. Decorrido o prazo sem que

nada seja requerido que permita o prosseguimento, o juiz procede ao chamado arquivamento
administrativo dos autos, ou seja, ao arquivamento na própria Vara, sem baixa na distribuição.
Cuida-se de uma espécie de sobrestamento qualificado.

A execução pode retomar seu curso a qualquer tempo a pedido da Fazenda exequente.
Mas, se o feito ficar parado por mais de cinco anos, o juiz deverá intimar a Fazenda para que

22
diga se ocorreu alguma causa de suspensão ou interrupção do prazo, como o parcelamento do

débito. Em caso negativo, decretará a prescrição intercorrente, extinguindo a execução.

A respeito da matéria, o STJ editou a Súmula 314: “Em execução fiscal, não localizados bens

penhoráveis, suspende-se o processo por um ano, findo o qual inicia-se o prazo da prescrição
quinquenal intercorrente”.

É importante que você se familiarize com o procedimento para o redirecionamento da


execução fiscal. Pare tanto, basta que a Fazenda peticione, demonstrando os fundamentos de

fato e de direito da responsabilidade daquele contra o qual pretende que a execução prossiga.

Para facilitar o entendimento, atente ao que ensina Pausen (2020) sobre o tema: As causas
mais recorrentes de redirecionamento são a responsabilidade dos gestores por infração à lei ou

por dissolução irregular.

No redirecionamento contra outra pessoa jurídica que não a primeiramente citada, o

procedimento depende de constar o nome da segunda no título executivo ou não, bem como
de se tratar ou não das hipóteses de responsabilidade dos arts. 134 e 135.

Constando o nome do título, ou sendo hipótese de responsabilidade de terceiros, não há


necessidade do incidente de desconsideração de personalidade jurídica. Mas, se o nome da
segunda empresa não constar do título e a causa da responsabilidade não estiver entre aquelas
dos arts. 134 e 135 do CTN, o incidente será imperativo.

É a orientação do STJ9: “O incidente de desconsideração da personalidade jurídica (art. 133

do CPC/2015) não se instaura no processo executivo fiscal nos casos em que a Fazenda
exequente pretende alcançar pessoa jurídica distinta daquela contra a qual, originalmente, foi

ajuizada a execução, mas cujo nome consta na Certidão de Dívida Ativa, após regular
procedimento administrativo, ou, mesmo o nome não estando no título executivo, o fisco

demonstre a responsabilidade, na qualidade de terceiro, em consonância com os artigos 134 e


135 do CTN”,

9
STJ, Primeira Turma, REsp 1775269/PR, rel. Min. GURGEL DE FARIA, mar. 2019.
23
No caso de responsabilidade tributária em face de empresas do mesmo grupo econômico,

atente também que “o só fato de integrar grupo econômico não torna uma pessoa jurídica
responsável pelos tributos inadimplidos pelas outras”.

Leandro Paulsen (2020) aponta que, efetivamente, não se pode produzir confusões entre
pessoas jurídicas distintas, cada qual titular dos seus próprios direitos e obrigações.

O STJ entende que:

“O redirecionamento de execução fiscal a pessoa jurídica que integra o

mesmo grupo econômico da sociedade empresária originalmente


executada, mas que não foi identificada no ato de lançamento (nome na
CDA) ou que não se enquadra nas hipóteses dos arts. 134 e 135 do CTN,

depende da comprovação do abuso de personalidade, caracterizado pelo


desvio de finalidade ou confusão patrimonial, tal como consta do art. 50

do Código Civil, daí por que, nesse caso, é necessária a instauração do


incidente de desconsideração da personalidade da pessoa jurídica

devedora10”;

Cuidado! Há controvérsias acerca do tema. Há precedente do STJ também recente, da 2ª


Turma, entendendo que:

“A previsão constante no art. 134, caput, do CPC/2015, sobre o cabimento


do incidente de desconsideração da personalidade jurídica, na execução
fundada em título executivo extrajudicial, não implica a incidência do
incidente na execução fiscal regida pela Lei n. 6.830/1980, verificando-

se verdadeira incompatibilidade entre o regime geral do Código de


Processo Civil e a Lei de Execuções, que diversamente da Lei geral, não

comporta a apresentação de defesa sem prévia garantia do juízo, nem a


automática suspensão do processo, conforme a previsão do art. 134, § 3 o
, do CPC/2015. (...) Evidenciadas as situações previstas nos arts. 124, 133 e

10
STJ, Primeira Turma, REsp 1775269/PR, rel. Min. GURGEL DE FARIA, mar. 2019.
24
135, todos do CTN, não se apresenta impositiva a instauração do

incidente de desconsideração da personalidade jurídica, podendo o


julgador determinar diretamente o redirecionamento da execução fiscal

para responsabilizar a sociedade na sucessão empresarial”11.

Por fim, ressalte-se que a intervenção do Ministério Público nas ações de execução fiscal

não é necessária.

14.2 Medida Cautelar Fiscal

Entenda que a Medida Cautelar Fiscal é cabível quando o sujeito passivo da obrigação
tributária age de modo a dificultar a satisfação do crédito tributário, é um instrumento

regulado pela Lei nº 8.297/1992, com as alterações da Lei nº 9.532/1997.

A competência para processar e julgar a cautelar fiscal é do juízo da execução, ainda que
a execução esteja tramitando no Tribunal.

A concessão de cautelar em favor do ente público não exige justificação prévia ou


prestação de caução.

Pode ser instaurado antes (procedimento preparatório) ou durante a execução fiscal judicial
(inclusive em fase recursal) contanto que o crédito (tributário ou não) já esteja constituído (art.

1º da Lei nº 8.297/1992).

11
STJ, Segunda Turma, REsp 1.786.311/PR, rel. Min. FRANCISCO FALCÃO, maio 2019.
25
Se concedida em caráter preparatório, a Fazenda Pública assume o dever de propor a execução

judicial no prazo de 60 (sessenta) dias, contados da data em que a exigência se tornar


irrecorrível na esfera administrativa, sob pena de perda da eficácia da medida cautelar fiscal.

Inteligência dos artigos 11 e 13, inciso I, da Lei nº 8.297/1992.

As hipóteses autorizadoras de seu requerimento pela autoridade tributária são apontadas


pelo art. 2º da Lei nº 8.297/1992, e pressupõe um devedor que:

 Sem domicílio certo que intenta se ausentar ou alienar bens que possui, ou deixa de

pagar a obrigação no prazo fixado;

 Tendo domicílio certo, ausenta-se ou tenta se ausentar, visando a elidir o

adimplemento da obrigação;

 Caindo em insolvência, aliena ou tenta alienar bens;

 Contrai ou tenta contrair dívidas que comprometam a liquidez do seu


patrimônio;

 Notificado pela Fazenda Pública para que proceda ao recolhimento do crédito fiscal:

o (1) deixa de pagá-lo no prazo legal, salvo se suspensa sua exigibilidade;

o (2) põe ou tenta por seus bens em nome de terceiros;

 Possui débitos, inscritos ou não em Dívida Ativa, que somados ultrapassem 30%
(trinta por cento) do seu patrimônio conhecido;

 Aliena bens ou direitos sem proceder à devida comunicação ao órgão da Fazenda


Pública competente, quando exigível em virtude de lei;

 Tem sua inscrição no cadastro de contribuintes declarada inapta, pelo órgão


fazendário;

26
 Pratica outros atos que dificultem ou impeçam a satisfação do crédito.

Uma primeira consequência da decretação da medida cautelar fiscal é a imediata


indisponibilidade dos bens do requerido, até o limite da satisfação da obrigação. Sendo o

devedor uma pessoa jurídica, a indisponibilidade atinge apenas os bens do ativo permanente e,
se o caso, os do acionista controlador e dos responsáveis por fazer a empresa cumprir suas

obrigações fiscais, nos termos do art. 4º da Lei nº 8.297/199212.

A petição inicial proposta pela Fazenda Pública precisa indicar: (1) o Juiz a quem é dirigida;

(2) a qualificação e o endereço, se conhecido, do requerido; (3) as provas que serão produzidas;
(4) o requerimento para citação.

A medida pode ser concedida em caráter liminar, independentemente de justificação

prévia e caução por parte da requerente, cabendo recurso de agravo de instrumento do


despacho. Inteligência dos arts. 6º e 7º da Lei nº 8.297/199213.

Tal como exige o constituinte, a medida cautelar fiscal também permite ao requerido o
direito ao contraditório e à ampla defesa. O mecanismo adequado para sua manifestação nos

autos é a contestação, que pode ser apresentada no prazo de 15 (quinze) dias, contados a
partir da juntada aos autos do mandado de citação ou de execução da medida, sob pena de o
requerido ser considerado revel. Art. 8º da Lei nº 8.297/1992.

Havendo revelia, o juiz deve julgar definitivamente a medida em 10 (dez) dias; sendo o
requerido contestante, é designada audiência de instrução e julgamento. Em todo caso, da
sentença cabe recurso de apelação, sem efeito suspensivo. Arts. 9º e 17 da Lei nº 8.297/1992.

Leandro Pausen (2020) esclarece que a ação cautelar fiscal também pode ser ajuizada no

curso do processo de execução. Em qualquer caso (preparatória ou incidental), o juízo


competente para a ação cautelar fiscal é o mesmo da execução fiscal. Continua o autor:

12
Vide questão 10
13
Vide questão 14
27
“Cabe destacar, nos termos do art. 781 do CPC (Lei n. 13.105/15), que, na

execução fiscal, o Fisco pode escolher qualquer dos domicílios do réu ou,
ainda, ajuizar a ação ‘no foro do lugar em que se praticou o ato ou em que

ocorreu o fato que deu origem ao título, mesmo que nele não mais resida
o executado’. O Fisco não está adstrito à autonomia dos estabelecimentos,

possuindo, isto sim, ‘discricionariedade para ajuizar a execução em qualquer


dos domicílios tributários do devedor14’.

Observe que, conforme os artigos 15 e 16 da Lei nº 9.532/1997, o indeferimento da medida


cautelar não impede a Fazenda Pública de intentar a execução judicial, nem influi no julgamento
desta (uma vez que não faz coisa julgada em relação a ela), salvo se o Juiz, no procedimento
cautelar fiscal, acolher alegação de pagamento, de compensação, de transação, de remissão, de
prescrição ou decadência, de conversão do depósito em renda, ou qualquer outra modalidade

de extinção da pretensão deduzida.

Ainda, é importante atentar que o Fisco está autorizado a promover administrativamente

a indisponibilidade de bens do devedor sempre que tenha ele deixado de atender à notificação
para efetuar o pagamento de crédito tributário já inscrito em dívida ativa.

A base legal para tanto está no art. 20-B da Lei n. 10.522/02, acrescido pela referida lei de
2018, que determina a notificação para pagamento em cinco dias, passados os quais a Fazenda
Pública poderá tanto comunicar a inscrição em dívida ativa aos serviços de proteção ao crédito

que mantêm cadastros de inadimplentes como averbar a certidão de dívida ativa nos órgãos de
registros de bens e direitos, tornando-os indisponíveis.

Portanto, tratando-se de crédito inscrito em dívida ativa, é possível que o Fisco


obtenha, por si próprio, o seu acautelamento. Mas a ação cautelar fiscal, na lição de Paulsen

(2020), mesmo nessa situação, permanece servindo ao fim de alcançar outros bens e direitos
que, não sujeitos a registro, possam ser encontrados e vir a cumprir o fim de assegurar e de

satisfazer o crédito tributário.

14
STJ, Segunda Turma, rela. Mina. ELIANA CALMON, REsp 1.128.139, 2009.
28
Este assunto foi cobrado pela CESPE em 2018 no certame do TJ-CE para Juiz Substituto.

Considerando as disposições da Lei n.º 8.397/1992 acerca de medida cautelar fiscal, assinale a
opção correta.

A) Na hipótese de o devedor ser pessoa jurídica, a indisponibilidade de bens não recairá sobre
bens do ativo permanente.

B) A petição inicial deverá vir acompanhada de prova pré-constituída, sendo inadmissível a


dilação probatória.

C) Havendo a suspensão do crédito tributário, a medida cautelar será igualmente suspensa.

D) No procedimento cautelar fiscal, é vedado ao réu discutir o pagamento ou a remissão do


tributo, devendo essas questões ser apresentadas nos embargos à execução fiscal.

E) A decretação de medida cautelar fiscal acarretará a indisponibilidade dos bens do requerido


até o limite da satisfação da obrigação tributária.

A questão pode ser respondida em sua integralidade com base na Lei n. 8.397/1992.

A letra A está errada. Prevê o Art. 4º. § 1. Na hipótese de pessoa jurídica, a indisponibilidade
recairá somente sobre os bens do ativo permanente, podendo, ainda, ser estendida aos bens
do acionista controlador e aos dos que em razão do contrato social ou estatuto tenham poderes
para fazer a empresa cumprir suas obrigações fiscais.

Assertiva B incorreta. Dispõe a lei em análise:

Art. 6º A Fazenda Pública pleiteará a medida cautelar fiscal em petição devidamente


fundamentada, que indicará:

29
III - as provas que serão produzidas;

A letra C está incorreta, nos termos do Art. 12. Parágrafo único: "Salvo decisão em contrário, a
medida cautelar fiscal conservará sua eficácia durante o período de suspensão do crédito
tributário ou não tributário".

Também incorreto o item D, segundo o qual:

Art. 15. O indeferimento da medida cautelar fiscal não obsta a que a Fazenda Pública intente a
execução judicial da Dívida Ativa, nem influi no julgamento desta, salvo se o Juiz, no
procedimento cautelar fiscal, acolher alegação de pagamento, de compensação, de transação,
de remissão, de prescrição ou decadência, de conversão do depósito em renda, ou qualquer
outra modalidade de extinção da pretensão deduzida.

Por fim, correta a assertiva E, conforme previsão do Art. 4º que dispõe que a decretação da
medida cautelar fiscal produzirá, de imediato, a indisponibilidade dos bens do requerido, até o
limite da satisfação da obrigação.

14.3 Mandado de Segurança

Consagrado remédio constitucional, o mandado de segurança tem ampla aplicação


em matéria tributária. É utilizado sempre que o contribuinte se sente ameaçado por uma
imposição tributária indevida e não se faça necessária dilação probatória.

É a ação constitucional destinada a proteger direito líquido e certo, não amparado


por habeas corpus ou habeas data, em caso de ilegalidade ou abuso de poder praticados

por autoridade pública ou agente de pessoa jurídica no exercício de atribuições do Poder Público
(art. 5º, inciso LXIX, da CF/1988). Seu processamento é regido pela Lei nº 12.016/2009.

30
A propositura de mandado de segurança importa em renúncia ao poder de recorrer na
esfera administrativa e em desistência do recurso eventualmente interposto. Inteligência do

art. 38 da Lei de Execução Fiscal:

A discussão judicial da Dívida Ativa da Fazenda Pública só é admissível em

execução, na forma desta Lei, salvo as hipóteses de mandado de


segurança, ação de repetição do indébito ou ação anulatória do ato
declarativo da dívida, esta precedida do depósito preparatório do valor do

débito, monetariamente corrigido e acrescido dos juros e multa de mora e


demais encargos.

Parágrafo Único - A propositura, pelo contribuinte, da ação prevista neste


artigo importa em renúncia ao poder de recorrer na esfera administrativa

e desistência do recurso acaso interposto.

CUIDADO! Conforme já visto neste capítulo, o mandado de segurança não é cabível contra

sentença prolatada em ação de execução fiscal de valor igual ou inferior a 50 (cinquenta)


Obrigações Reajustáveis do Tesouro Nacional (ORTN), a teor do art. 34 da Lei 6.830/1980. Sobre

o tema, confira-se também: STJ, IAC no RMS 53.720/SP, Rel. Min. Sérgio Kukina, Primeira Seção,
julgado em 10/04/2019, DJe 20/05/2019 – Tema IAC 3.

O mandado de segurança é especialmente útil para questões urgentes, tendo em vista que
o writ é julgado com prioridade sobre os demais feitos. Nos termos da Súmula 625 do STF, a
controvérsia sobre matéria de direito não impede concessão de mandado de segurança.

31
O prazo decadencial para impetração também é curto, limitando-se a 120 (cento e vinte

dias), contados da ciência, pelo interessado, do ato impugnado (art. 23 da Lei nº 12.016/2009).

A competência para o processamento e julgamento do mandado de segurança é fixada

com base da autoridade coatora, pois trata-se de competência funcional.

Sobre o tema destaca-se para o seu concurso a Súmula 627 do Supremo Tribunal Federal, que
disciplina que, no mandado de segurança contra a nomeação de magistrado da competência
do presidente da república, este é considerado autoridade coatora, ainda que o fundamento da

impetração seja nulidade ocorrida em fase anterior do procedimento.

Aluno, ainda para a sua prova, ressalte-se que não cabe mandado de segurança contra
ato judicial passível de recurso ou correição. Nesse caso (MS contra ato judicial) não há

necessidade de notificação da pessoa jurídica de direito público a que pertence o juízo que
praticou o ato impugnado.

Nos termos do art. 5º da Lei nº 12.016/2009, não pode ser concedido quando se tratar:

1) De ato do qual caiba recurso administrativo com efeito suspensivo,


independentemente de caução;

2) De decisão judicial da qual caiba recurso com efeito suspensivo;

3) De decisão judicial transitada em julgado.

Ainda, prevê o art. 7º da Lei nº 12.016/2009 que o juiz, ao despachar a inicial, deve ordenar:
32
 A notificação da autoridade coatora, para que preste as informações no prazo de

10 (dez) dias;

 A ciência do feito ao órgão de representação judicial da coatora, para que ingresse

no feito, caso seja de seu interesse (sua participação é facultativa, somente a ciência
é obrigatória);

 A suspensão do ato que deu motivo ao pedido, quando houver fundamento


relevante e do ato impugnado puder resultar a ineficácia da medida, caso seja

finalmente deferida, sendo facultado exigir do impetrante caução, fiança ou


depósito, com o objetivo de assegurar o ressarcimento à pessoa jurídica.

Findo o prazo para que o coator preste informações, o juiz deve ouvir o representante do

Ministério Público, que manifesta sua opinião no prazo improrrogável de 10 (dez) dias.
Conclusos os autos, o juiz precisa proferir decisão no prazo de 30 (trinta) dias, cabendo apelação

da sentença que denegar o mandado. Inteligência dos arts. 12 e 14 da Lei nº 12.016/2009.

Atente ao entendimento sumulado do STJ sobre o tema, sabendo que sua presença em

concursos públicos é recorrente:

Súmula nº 213/STJ: “O mandado de segurança constitui ação adequada para a declaração


do direito à compensação tributária”.15

Súmula nº 460/STJ: “É incabível o mandado de segurança para convalidar a compensação


tributária realizada pelo contribuinte”16.

Restou decidido pelo STJ, em sede de recurso repetitivo, que “Não é cabível mandado de
segurança contra decisão proferida em execução fiscal no contexto do art. 34 da Lei n. 6.830/80,

ou seja, das sentenças abaixo da alçada que não admitem apelação, mas apenas embargos
infringentes e embargos declaratórios para o próprio juízo monocrático”.

15
Vide questões 4, 13 e 15
16
Vide questão 2
33
O STF reafirmou, na sistemática da repercussão geral no RE n. 669.367, de relatoria do

Ministro Luiz Fux, seu entendimento no sentido de que o impetrante pode desistir livremente
do mandado de segurança, a qualquer tempo.

Segundo a Corte:

“É lícito ao impetrante desistir da ação de mandado de segurança,

independentemente de aquiescência da autoridade apontada como


coatora ou da entidade estatal interessada ou, ainda, quando for o caso,

dos litisconsortes passivos necessários, mesmo que já prestadas as


informações ou produzido o parecer do Ministério Público”.

Além disso, o Supremo entendeu que é possível desistir-se do mandado de segurança

após a sentença de mérito, ainda que seja favorável ao impetrante, sem anuência do
impetrado. Se houver depósito vinculado ao mandado de segurança, contudo, a extinção do

processo sem julgamento de mérito implicará sua conversão em pagamento definitivo, conforme
orientação do STJ17.

14.4 Ação de Repetição de Indébito

Se um pagamento é considerado indevido ou maior que o devido, o montante pago a


título de tributo deve ser parcial ou integralmente restituído.

No ponto, preconiza o art. 165 do CTN que a restituição se dá nos seguintes casos:

1. Cobrança ou pagamento espontâneo de tributo indevido ou maior que o devido


em face da legislação tributária aplicável, ou da natureza ou circunstâncias materiais

do fato gerador efetivamente ocorrido;

17
STJ, Primeira Seção, rel. Min. HUMBERTO MARTINS, EREsp 548.224/CE, nov. 2007
34
2. Erro na edificação do sujeito passivo, na determinação da alíquota aplicável, no

cálculo do montante do débito ou na elaboração ou conferência de qualquer


documento relativo ao pagamento;

3. Reforma, anulação, revogação ou rescisão de decisão condenatória.

A propositura da ação judicial de repetição de indébito importa em renúncia ao poder de


recorrer na esfera administrativa e em desistência do recurso eventualmente interposto.

Inteligência do art. 38 da Lei de Execução Fiscal:

A discussão judicial da Dívida Ativa da Fazenda Pública só é admissível em

execução, na forma desta Lei, salvo as hipóteses de mandado de segurança,


ação de repetição do indébito ou ação anulatória do ato declarativo da
dívida, esta precedida do depósito preparatório do valor do débito,

monetariamente corrigido e acrescido dos juros e multa de mora e demais


encargos.

Parágrafo Único - A propositura, pelo contribuinte, da ação prevista neste


artigo importa em renúncia ao poder de recorrer na esfera administrativa

e desistência do recurso acaso interposto.

A teor do art. 166 do CTN, a restituição de tributos indiretos pode ser feita apenas em
duas hipóteses:

35
 Quando o contribuinte de direito comprovar que não transferiu o encargo financeiro

do tributo;

 Quando o contribuinte de direito estiver expressamente autorizado pelo contribuinte

de fato a receber a restituição.

Havendo pagamento a maior de tributo, os juros e multas de mora eventualmente exigidos

indevidamente também serão restituídos, proporcionalmente, salvo as penalidades pecuniárias


referentes a infrações de caráter formal não prejudicadas pela causa da restituição. Inteligência

do art. 167 do CTN.

Vale ressaltar que o pagamento de tributos prescritos ou decaídos também se caracteriza


como pagamento indevido e enseja a restituição.

Conforme o art. 168 do CTN, assim como o direito de cobrar, o de pleitear a restituição
se extingue em 05 (cinco) anos, contados a partir das seguintes datas:

 Se a restituição decorrer de cobrança ou pagamento espontâneo de tributo indevido


ou excessivo, da data da extinção do crédito tributário (extinção não contenciosa do

crédito);

 Nas demais hipóteses do art. 165 do CTN, da data em que se tornar definitiva a

decisão administrativa ou passar em julgado a decisão judicial que tenha reformado,


anulado, revogado ou rescindido a decisão condenatória (extinção contenciosa do
crédito).

Nos casos em que a Fazenda Pública é notadamente contrária ao pleito que o obrigado
deseja formular, é possível a este ajuizar a ação de repetição de indébito mesmo sem anterior

pleito administrativo, no prazo de cinco (5) anos. No entanto, se optar por formular o pedido
inicialmente na via administrativa e este vier a ser indeferido, prescreve em dois (2) anos a

ação anulatória da decisão administrativa que denegar a restituição, ex vi do art. 169 do


CTN.

36
Ademais, dispõe o parágrafo único do artigo 169 do Código Tributário Nacional que o

prazo prescricional é interrompido pelo início da ação judicial, recomeçando pela metade
(dois anos e meio) a partir da intimação válida da Fazenda Pública.

 No mesmo sentido, a Súmula 383/STF: “A prescrição em favor da Fazenda Pública


recomeça a correr, por dois anos e meio, a partir do ato interruptivo, mas não fica

reduzida aquém de cinco anos, embora o titular do direito a interrompa durante a


primeira metade do prazo”.

Sem prévio processo administrativo: 05 anos

Prazos
prescricionais na Com prévio processo administrativo: 02 anos em
repetição de favor do obrigado (apara anular a decisão)
indébito
Após o ajuizamento da ação judicial pelo
obrigado: 02 anos e meio em favor da Fazenda
(para cobrar o tributo)

Preceitua a Súmula nº 461/STJ, “o contribuinte pode optar por receber, por meio de

precatório ou por compensação, o indébito tributário certificado por sentença declaratória


transitada em julgado18”. Para tanto, é necessário que haja autorização legal do ente tributante,
conforme precedente do Supremo Tribunal de Justiça:

TRIBUTÁRIO. COMPENSAÇÃO. ART. 170 DO CTN. LEI LOCAL


AUTORIZATIVA. NECESSIDADE. PRECATÓRIO DEVIDO POR PESSOA

JURÍDICA DISTINTA. IMPOSSIBILIDADE DE EXTINÇÃO, MEDIANTE


COMPENSAÇÃO OU DAÇÃO EM PAGAMENTO, DE CRÉDITOS TRIBUTÁRIOS

FEDERAIS COM CRÉDITO ORIUNDO DE PRECATÓRIO DEVIDO POR


ESTADO-MEMBRO. IMPOSSIBILIDADE. PRECEDENTES DO STJ. [...] 2. Nos

termos da jurisprudência desta Corte, "a extinção do crédito tributário

18
Vide questão 8
37
mediante compensação somente é possível se houver lei autorizativa na

esfera do Estado. Precedentes do STJ. Na falta de previsão expressa, é


inviável compensar débitos tributários com precatório de entidade pública

diversa (...). Nesse contexto, uma vez ausente norma regulamentar do art.
170 do CTN que autorize a compensação de tributos com precatório de

ente diverso, não se aplica a sistemática do art. 78, § 2°, do ADCT, o qual
confere poder liberatório do pagamento de tributos da entidade devedora.

Tal conclusão não sofreu abalo com o advento da EC 62/2009. A


inexistência de identidade entre o devedor do precatório e o credor do
tributo afasta a incidência do dispositivo constitucional" (STJ, AgRg no

AREsp 125.196/RS, Rel. Ministro Herman Benjamin, Segunda Turma, DJe de


15.2.2013). 3. Agravo Regimental não provido (STJ, AgRg no AREsp

502.344/RS, Rel. Min. Herman Benjamin, Segunda Turma, julgado em


05/08/2014, DJe 13/10/2014).

Súmula nº 546/STF: “Cabe a restituição do tributo pago indevidamente, quando


reconhecido por decisão que o contribuinte ‘de jure’ não recuperou do contribuinte ‘de facto’

o ‘quantum’ respectivo”.

Súmula nº 162/STJ: “Na repetição de indébito tributário, a correção monetária incide a


partir do pagamento indevido”.

Súmula nº 188/STJ: “Os juros moratórios, na repetição do indébito tributário, são devidos
a partir do trânsito em julgado da sentença”.

Súmula nº 523/STJ: “A taxa de juros de mora incidente na repetição de indébito de


tributos estaduais deve corresponder à utilizada para cobrança do tributo pago em atraso, sendo

legítima a incidência da taxa Selic, em ambas as hipóteses, quando prevista na legislação local,
vedada sua cumulação com quaisquer outros índices”.

38
14.5 Ação Anulatória de Lançamento Tributário

Como o próprio nome da ação dá a entender, pressupõe a existência de prévio lançamento,


e tem como finalidade invalidar o lançamento ou decisão administrativa relativa ao crédito

tributário, em decorrência de alegada lesão ao direito do requerente (HARADA, 2018).

Pode ser proposta a qualquer tempo a partir do momento em que lançado o crédito –

contanto que respeitadas as regras de prescrição –, independentemente de depósito judicial da


quantia objurgada.

A propositura da ação judicial anulatória de lançamento tributário importa em renúncia

ao poder de recorrer na esfera administrativa e em desistência do recurso eventualmente


interposto. Inteligência do art. 38 da Lei de Execução Fiscal:

A discussão judicial da Dívida Ativa da Fazenda Pública só é admissível em

execução, na forma desta Lei, salvo as hipóteses de mandado de segurança,


ação de repetição do indébito ou ação anulatória do ato declarativo da

dívida, esta precedida do depósito preparatório do valor do débito,


monetariamente corrigido e acrescido dos juros e multa de mora e demais

encargos.

Parágrafo Único - A propositura, pelo contribuinte, da ação prevista neste

artigo importa em renúncia ao poder de recorrer na esfera administrativa


e desistência do recurso acaso interposto.

39
É uma ação de procedimento comum, sendo-lhe aplicáveis, portanto, as normas do

Código de Processo Civil. Em consequência, é possível o julgamento antecipado da lide (art. 355
do CPC), bem como os recursos tradicionais: agravos de instrumento contra decisões e apelação

em face da sentença, além de recursos especial e extraordinário, nas hipóteses dos arts. 105,
inciso III e 103, inciso III, ambos da Constituição Federal de 1988.

14.6 Ação Declaratória de Inexistência de Relação Jurídica

Sustentada pelo artigo 19 do Código de Processo Civil, segundo o qual “o interesse do

autor pode limitar-se à declaração: I - da existência, da inexistência ou do modo de ser de uma


relação jurídica; II - da autenticidade ou da falsidade de documento”, a ação declaratória em

comento tem como finalidade afastar, de forma oficial, um vínculo jurídico com a Administração
Tributária, de modo a impedir o lançamento:

Assemelha-se ao processo de consulta fiscal, em que se busca a garantia

da certeza administrativa. Por meio desta ação o contribuinte busca um


verdadeiro prejulgado no tocante a determinada relação jurídica duvidosa,

com o fito de opor as garantias da coisa julgada contra eventual pretensão


do fisco (HARADA, 2018).

Pode ser processada pelo rito ordinário ou sumário (de acordo com o valor atribuído à
causa), independentemente de depósito do valor exigido pelo Fisco – vale salientar, contudo,

que o depósito integral suspende a exigibilidade do crédito tributário, ex vi do art. 151, inciso
II, do CTN). Também é permitida sua cumulação com a repetição de indébito em um único feito,
para fins de economia processual.

Considerando-se que lhe são aplicáveis as normas do Código de Processo Civil. Em


consequência, é possível o julgamento antecipado da lide (art. 355 do CPC), bem como os

recursos tradicionais: agravos de instrumento contra decisões e apelação em face da sentença,


além de recursos especial e extraordinário, nas hipóteses dos arts. 105, inciso III e 103, inciso III,

ambos da Constituição Federal de 1988.

40
14.7 Ação de Consignação em Pagamento

É prevista pelo art. 164 do CTN, que preconiza que o valor do crédito tributário pode ser
consignado judicialmente em caso de:

A. Recusa de recebimento, ou subordinação deste ao pagamento de outro tributo ou


de penalidade, ou ao cumprimento de obrigação acessória;

B. Subordinação do recebimento ao cumprimento de exigências administrativas sem


fundamento legal;

C. Exigência, por mais de uma pessoa jurídica de direito público, de tributo idêntico
sobre um mesmo fato gerador.

É um procedimento especial regido pelos artigos 539 a 549 do Código de Processo Civil.
A petição inicial deve conter os pedidos para depósito (no prazo de 05 dias, a contar do
deferimento) e para citação da requerida para levantar o valor depositado ou oferecer

contestação (art. 542 do CPC). O consignante deposita apenas o valor que entende como
devido. Realizado o depósito, é fornecido prazo para que a Fazenda Pública manifeste recusa

ou aceite a proposta do requerente.

Embora o artigo 539, § 1º, do Código de Processo Civil defina o prazo de 10 (dez) dias para a

manifestação de recusa do depósito, a contagem se dá em dobro para a Fazenda Pública. A


respeito, confira-se a redação do art. 183 do CPC: “a União, os Estados, o Distrito Federal, os
Municípios e suas respectivas autarquias e fundações de direito público gozarão de prazo em

dobro para todas as suas manifestações processuais, cuja contagem terá início a partir da
intimação pessoal”.

41
Em caso de contestação, a Fazenda Pública pode alegar:

 Não houve recusa ou mora em receber a quantia ou a coisa devida;

 Foi justa a recusa;

 O depósito não se efetuou no prazo ou no lugar do pagamento;

 O depósito não é integral (devendo, neste caso, apontar o importe correto).

Julgada procedente a consignação, extingue-se o crédito tributário (não há suspensão,

porque o sujeito passivo não impugna o valor depositado em consignação) e a importância


consignada é convertida em renda; em caso de total ou parcial improcedência, cobra-se o
crédito acrescido de juros de mora, sem prejuízo das penalidades cabíveis. Art. 164, § 2º, do

CTN.

14.8 Ação Declaratória de Constitucionalidade e Ação


Direta de Inconstitucionalidade

Malgrado proibido no âmbito do processo administrativo tributário, o controle de


constitucionalidade é plenamente possível na seara judicial. A questão é dirimida por meio de
dois instrumentos, quais sejam, a ADC (Ação Declaratória de Constitucionalidade) e a ADIn (Ação

Direta de Inconstitucionalidade), ações constitucionais regidas tanto pela Lei nº 9.868/1999


quanto pela própria Carta Magna.

Em sede de controle concentrado de constitucionalidade, o processamento é de


competência originária do Supremo Tribunal Federal (art. 102 da CF/1988), e os legitimados

para propor as ações são as pessoas constantes no rol taxativo do art. 103 da CF/1988:

 Presidente da República;

 A Mesa do Senado Federal;

42
 A Mesa da Câmara dos Deputados;

 A Mesa de Assembleia Legislativa ou da Câmara Legislativa do Distrito Federal;

 O Governador de Estado ou do Distrito Federal;

 O Procurador-Geral da República;

 O Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil;

 Partido político com representação no Congresso Nacional;

 Confederação sindical ou entidade de classe de âmbito nacional.

Ressalte-se que há uma presunção iuris tantum (relativa) de constitucionalidade, que


pode ser infirmada pela declaração em sentido contrário pelo órgão jurisdicional competente.

Em sua dimensão prática, o princípio se traduz em 02 (duas) regras de observância

necessária pelo intérprete e aplicador do direito:

(1) não sendo evidente a inconstitucionalidade, havendo dúvida ou a possibilidade de


razoavelmente se considerar a norma como válida, deve o órgão competente abster-

se da declaração de inconstitucionalidade;

(2) havendo alguma interpretação possível que permita que se afirme a compatibilidade
da norma com a Constituição, deve o intérprete optar pela interpretação legitimadora,

mantendo o preceito em vigor.

Para se declarar a inconstitucionalidade, é necessária a observância da cláusula de reserva

de Plenário, ex vi do art. 97 da CF/1988: “somente pelo voto da maioria absoluta de seus


membros ou dos membros do respectivo órgão especial poderão os tribunais declarar a

inconstitucionalidade de lei ou ato normativo do Poder Público”.

43
QUADRO SINÓPTICO

PROCESSO JUDICIAL TRIBUTÁRIO

AÇÕES DE INICIATIVA DA
 Execução Fiscal
ADMINISTRAÇÃO
 Medida Cautelar Fiscal
TRIBUTÁRIA
 Mandado de Segurança;
 Ação de Repetição de Indébito;
 Ação Anulatória de Lançamento Tributário;
AÇÕES DE INICIATIVA DO
 Ação Declaratória de Inexistência de Relação Jurídica;
CONTRIBUINTE
 Ação de Consignação em Pagamento;
 Ação Declaratória de Constitucionalidade
 Ação Direta de Inconstitucionalidade.
 O principal diploma legal sobre o tema é a Lei de
Execução Fiscal (LEF – Lei nº Lei nº 6.830/80).
 Subsidiariamente aplica-se o Código de Processo Civil (
 Sujeitos passivos: devedor e terceiros indicados no art. 4
º da LEF.
 Deferida a inicial, procede-se à penhora e à citação do
executado.
 Defesa: embargos à execução, que devem ser opostos no
AÇÃO DE EXECUÇÃO FISCAL
prazo de 30 (trinta) dias, contados a partir da data:
(1) do depósito;
(2) da juntada da prova da fiança bancária ou do seguro
garantia;
(3) da intimação da penhora. Em regra, os embargos só
podem ser opostos se houver garantia à execução –
exceção: precedente do STJ (“pobre”).
 A execução fiscal admite a exceção de pré-executividade.

44
 Após os embargos à execução, a Fazenda Pública deve
ser intimada para oferecer impugnação no prazo de 30
(trinta) dias
 Proferida a sentença de primeira instância, os recursos
dependem do valor executado, na forma do art. 34 da LEF:
para execuções de valor igual ou inferior a 50 (cinquenta)
Obrigações Reajustáveis do Tesouro Nacional (ORTN),
admitem-se apenas embargos infringentes e de declaração.
 Cabível quando o sujeito passivo da obrigação tributária
age de modo a dificultar a satisfação do crédito tributário,
é um instrumento regulado pela Lei nº 8.297/1992, com as
alterações da Lei nº 9.532/1997.
 Pode ser instaurado antes (procedimento preparatório) ou
durante a execução fiscal judicial (inclusive em fase recursal)
contanto que o crédito (tributário ou não) já esteja
constituído.
 Consequência da decretação da medida cautelar fiscal é
a imediata indisponibilidade dos bens do requerido, até
MEDIDA CAUTELAR FISCAL o limite da satisfação da obrigação.
 A medida será concedida em caráter liminar,
independentemente de justificação prévia e caução por
parte do requerente.
 Defesa: contestação, que pode ser apresentada no prazo
de 15 (quinze) dias, contados a partir da juntada aos autos
do mandado de citação ou de execução da medida.
 Havendo revelia, o juiz deve julgar definitivamente a
medida em 10 (dez) dias; sendo o requerido contestante, é
designada audiência de instrução e julgamento. Em todo
caso, da sentença cabe recurso de apelação.
 É a ação constitucional destinada a proteger direito
líquido e certo, não amparado por habeas corpus ou
MANDADO DE SEGURANÇA habeas data, em caso de ilegalidade ou abuso de poder
praticados por autoridade pública ou agente de pessoa
jurídica no exercício de atribuições do Poder Público.
45
 Seu processamento é regido pela Lei nº 12.016/2009.
 A propositura de mandado de segurança importa em
renúncia ao poder de recorrer na esfera administrativa e em
desistência do recurso eventualmente interposto.
 Se um pagamento é considerado indevido ou maior que
o devido, o montante pago a título de tributo deve ser
parcial ou integralmente restituído. A repetição se dá nos
seguintes casos:
(1) cobrança ou pagamento espontâneo de tributo indevido
ou maior que o devido em face da legislação tributária
aplicável, ou da natureza ou circunstâncias materiais do fato
gerador efetivamente ocorrido;
(2) erro na edificação do sujeito passivo, na determinação
da alíquota aplicável, no cálculo do montante do débito ou
na elaboração ou conferência de qualquer documento
relativo ao pagamento;
AÇÃO DE REPETIÇÃO DE
(3) reforma, anulação, revogação ou rescisão de decisão
INDÉBITO
condenatória.
 A propositura da ação judicial de repetição de indébito
importa em renúncia ao poder de recorrer na esfera
administrativa e em desistência do recurso eventualmente
interposto.
 Prazos prescricionais na repetição de indébito
o Sem prévio processo administrativo: 05 anos
o Com prévio processo administrativo: 02 anos em favor
do obrigado (apara anular a decisão)
o Após o ajuizamento da ação judicial pelo obrigado: 02
anos e meio em favor da Fazenda (para cobrar o
tributo).
 Tem como finalidade invalidar o lançamento ou decisão
administrativa relativa ao crédito tributário.
AÇÃO ANULATÓRIA DE
 Pode ser proposta a qualquer tempo a partir do momento
LANÇAMENTO TRIBUTÁRIO
em que lançado o crédito, independentemente de depósito
judicial da quantia objurgada.
46
 É uma ação de procedimento comum, sendo-lhe
aplicáveis, portanto, as normas do Código de Processo Civil.
 Tem como finalidade afastar o vínculo jurídico com a
Administração Tributária, de modo a impedir o
lançamento.
AÇÃO DECLARATÓRIA DE
 Pode ser processada pelo rito ordinário ou sumário (de
INEXISTÊNCIA DE RELAÇÃO
acordo com o valor atribuído à causa), independentemente
JURÍDICA
de depósito do valor exigido pelo Fisco.
 É uma ação de procedimento comum, sendo-lhe
aplicáveis, portanto, as normas do Código de Processo Civil.
 O valor do crédito tributário pode ser consignado
judicialmente em caso de:
(1) recusa de recebimento, ou subordinação deste ao
pagamento de outro tributo ou de penalidade, ou ao
cumprimento de obrigação acessória;
(2) subordinação do recebimento ao cumprimento de
exigências administrativas sem fundamento legal;
(3) exigência, por mais de uma pessoa jurídica de direito
público, de tributo idêntico sobre um mesmo fato gerador.
 É um procedimento especial regido pelos artigos 539 a
549 do Código de Processo Civil.
AÇÃO DE CONSIGNAÇÃO EM  A petição inicial deve conter os pedidos para depósito (no
PAGAMENTO prazo de 05 dias, a contar do deferimento) e para citação
da requerida para levantar o valor depositado ou oferecer
contestação.
 O consignante deposita apenas o valor que entende como
devido.
 Realizado o depósito, é fornecido prazo para que a
Fazenda Pública manifeste recusa ou aceite a proposta do
requerente.
 Julgada procedente a consignação, extingue-se o crédito
tributário (não há suspensão, porque o sujeito passivo não
impugna o valor depositado em consignação) e a
importância consignada é convertida em renda; em caso de
47
total ou parcial improcedência, cobra-se o crédito acrescido
de juros de mora, sem prejuízo das penalidades cabíveis.
 Malgrado proibido no âmbito do processo
administrativo tributário, o controle de constitucionalidade
AÇÃO DECLARATÓRIA DE é plenamente possível na seara judicial.
CONSTITUCIONALIDADE E  Regidas tanto pela Lei nº 9.868/1999 quanto pela
AÇÃO DIRETA DE CF/1988.
INCONSTITUCIONALIDADE  Legitimados: art. 103 da CF/1988.
 Para se declarar a inconstitucionalidade, é necessária a
observância da cláusula de reserva de Plenário.

48
QUESTÕES COMENTADAS

Questão 1
(FCC - 2020 - TJ-MS - Juiz Substituto) A empresa Móveis Ltda., empresa de grande porte, em
boa saúde financeira e com vários estabelecimentos, vende um de seus estabelecimentos para
a empresa Sofás Ltda., em 10/01/2015. A atividade do estabelecimento é mantida, assim como
a da empresa Móveis Ltda. No instrumento do trespasse, a empresa Móveis Ltda. se compromete
a pagar todos os tributos referentes aos fatos geradores ocorridos até o dia 31/12/2014. Em
janeiro de 2018, houve uma fiscalização na qual foi lançado tributo referente a fatos geradores
de agosto de 2014 referentes ao estabelecimento em questão. Após o contencioso
administrativo, o tributo é inscrito em dívida ativa. A respeito desses fatos, à luz do Código
Tributário Nacional,

A) ambas as empresas poderão ser cobradas em ação de execução fiscal, mas Sofás Ltda.
somente subsidiariamente.

B) somente a empresa Móveis Ltda. poderá ser cobrada em ação de execução fiscal, pois assim
se comprometeu no trespasse.

C) somente a empresa Sofás Ltda. poderá ser cobrada em ação de execução fiscal, pois era a
empresa titular do estabelecimento no momento da fiscalização.

D) somente a empresa Móveis Ltda. poderá ser cobrada em ação de execução fiscal, pois era a
titular do estabelecimento no momento da ocorrência do fato gerador.

E) somente a empresa Sofás Ltda. poderá ser cobrada em ação de execução fiscal, pois houve
substituição tributária.

Comentário:

A questão apresenta situação de responsabilidade tributária por transferência.

Na responsabilidade tributária por transferência, também chamada de derivada ou de 2º grau,


uma terceira pessoa ocupa o lugar do contribuinte APÓS a ocorrência do fato gerador. Ou seja,

49
o evento apenas transfere o ônus tributário para o terceiro, transferência esta que deverá ser
embasada por meio de lei.

Diferente é o caso da substituição, vez que a mudança se dá ANTES da ocorrência do fato


gerador. Ou seja, na responsabilidade por transferência, o responsável acaba respondendo por
débito alheio, ao passo que na responsabilidade por substituição, ele responde por débito
próprio, cujo dever arrecadatório lhe compete, por uma “conveniência” fiscal – melhor interesse
da Administração Tributária.

Como os fatos geradores verificados por meio de fiscalização se deram antes do trespasse, está
clara a sucessão por transferência operada pelo art. 133 do CTN, mais precisamente o inciso II,
já que o alienante prosseguiu na exploração da atividade.

Portanto, SUBSIDIARIAMENTE a Sofás Ltda. acabará respondendo por débito tributário da


Moveis Ltda., o que não impede que ambas sejam demandadas em ação de execução fiscal,
observando-se o limite da responsabilidade acima exposto. Assim, o gabarito da questão é a
letra A.

Veja o diz o CTN:

Art. 133 CTN. A pessoa natural ou jurídica de direito privado que adquirir de outra, por qualquer
título, fundo de comércio ou estabelecimento comercial, industrial ou profissional, e continuar
a respectiva exploração, sob a mesma ou outra razão social ou sob firma ou nome individual,
responde pelos tributos, relativos ao fundo ou estabelecimento adquirido, devidos até à data
do ato:

I - integralmente, se o alienante cessar a exploração do comércio, indústria ou atividade;

II - subsidiariamente com o alienante, se este prosseguir na exploração ou iniciar dentro de seis


meses a contar da data da alienação, nova atividade no mesmo ou em outro ramo de comércio,
indústria ou profissão.

Questão 2

50
(FCC - 2020 - TJ-MS - Juiz Substituto) A respeito do contencioso tributário no âmbito judicial,
é correto afirmar:

A) Os embargos à execução se constituem o único meio adequado para a defesa do devedor


em execução fiscal, e para tanto é necessária a penhora ou o oferecimento de garantia do
débito tributário em discussão.

B) O contribuinte pode optar por receber o indébito tributário por compensação ou por
precatório, quando o indébito tributário for reconhecido em sentença declaratória,
independentemente de autorização legal do ente tributante.

C) O mandado de segurança constitui ação adequada para declarar o direito à compensação


tributária, mas não para convalidar compensação já realizada pelo contribuinte.

D) É incompatível com a Constituição o artigo da Lei de Execução Fiscal que afirma incabível o
recurso de apelação em casos de execução fiscal cujo valor seja inferior a 50 ORTN, por limitar
ao contribuinte o acesso ao segundo grau de jurisdição.

E) A citação em execução fiscal é causa de interrupção da prescrição.

Comentário:

A assertiva A está incorreta. Os embargos não são o único meio de defesa. A jurisprudência é
pacífica quanto ao cabimento de exceção de pré-executividade (Súmula 393, STJ), que dispensa
a garantia do juízo.

Errada a letra B. Nos termos do art. 170, CTN, para ser possível compensação tributária é
essencial que exista previsão legal.

A letra C é o gabarito da questão. Apesar de o mandado de segurança constituir ação adequada


para a declaração do direito à compensação tributária. (Súmula 213, STJ), é incabível o mandado
de segurança para convalidar a compensação tributária realizada pelo contribuinte. (Súmula 460,
STJ).

Incorreta a alternativa D. O STF já se manifestou sobre esse dispositivo da LEF, e entendeu ser
constitucional (Tema 408, da Repercussão Geral).

51
Letra E incorreta. Nos termos do art. 174, parágrafo único, I, CTN, o que interrompe a prescrição
é o despacho que ordenar a citação.

Questão 3
(CESPE - 2019 - TJ-PA - Juiz de Direito Substituto) Foi movido um processo de execução fiscal
contra uma empresa em liquidação, e o liquidante, antes de garantidos os créditos da fazenda
pública, deu em garantia um bem por ele administrado, sem a prova de quitação da dívida ativa
e sem a concordância da fazenda pública.

Nesse caso, o liquidante

A) será responsabilizado com exclusividade pelo débito tributário.

B) será responsabilizado subsidiariamente pelo débito tributário.

C) será responsabilizado solidariamente pelo débito tributário.

D) será responsabilizado integralmente pelo débito tributário.

E) não será responsabilizado pelo débito tributário.

Comentário:

O liquidante em regra é a pessoa nomeada judicialmente para ter o encargo da liquidação de


uma sociedade comercial, no processo de sua dissolução.

Embora raro, é possível que o liquidante ou administrador judicial da sociedade dê um bem por
ele administrado como garantia para agilizar a venda de um ativo, mesmo sem ter a autorização
judicial ou a concordância expressa da fazenda pública. Neste caso ele ficará SOLIDARIAMENTE
responsável pelo valor deste bem.

A resolução da questão se dá com base na lei 6.830/80 e a alternativa correta é a letra C.


Vejamos:

Art. 4º, § 1º - Ressalvado o disposto no artigo 31, o síndico, o comissário, o liquidante, o


inventariante e o administrador, nos casos de falência, concordata, liquidação, inventário,
insolvência ou concurso de credores, se, antes de garantidos os créditos da Fazenda Pública,

52
alienarem ou derem em garantia quaisquer dos bens administrados, respondem, solidariamente,
pelo valor desses bens.

Art. 31 - Nos processos de falência, concordata, liquidação, inventário, arrolamento ou concurso


de credores, nenhuma alienação será judicialmente autorizada sem a prova de quitação da
Dívida Ativa ou a concordância da Fazenda Pública.

Questão 4
(VUNESP - 2019 - TJ-RO - Juiz de Direito Substituto) A empresa importadora RST S/A, ao
realizar a importação de dois equinos, é surpreendida pela retenção dos animais pela Alfândega
da Receita Federal do Brasil no aeroporto de Viracopos, em Campinas. A alegação dos auditores
da Alfândega para a retenção é a de que as declarações de importação teriam sido realizadas
com valor subfaturado, considerando que os animais são de raça valiosa. Além disso, os
auditores alegam problemas formais para o desembaraço da mercadoria, considerando a
inexistência das licenças de importação necessárias por se tratar de importação de animais vivos.
Assim, além da retenção das mercadorias, os auditores aplicam auto de infração no valor de R$
104.000,00, relativamente aos tributos que entendem devidos e às respectivas multas. Contra a
autuação, a empresa tem à sua disposição a possibilidade de ingressar com recurso
administrativo com efeito suspensivo. Contra a retenção dos animais, porém, a empresa se vê
sem alternativas a não ser ingressar com mandado de segurança contra o Secretário da Receita
Federal do Brasil, solicitando na ação (i) a concessão de mandado para que o Secretário se
abstenha de cobrar os impostos supostamente devidos; e (ii) a liberação dos animais, com a sua
consequente importação. A empresa solicita ainda a concessão de medida liminar inauldita altera
pars no mandado de segurança, alegando que os animais participarão de competição de
equitação no final de semana imediatamente posterior ao protocolo da ação, evidenciando-se
o risco de perda de eficácia da medida em caso de demora no seu deferimento.

A respeito da situação hipotética, assinale a alternativa correta.

A) O mandado de segurança deveria ter sido proposto em face do titular da Alfândega da


Receita Federal em Viracopos e não diante do Secretário da Receita Federal do Brasil, não sendo,

53
porém, possível a proposição de mandado de segurança visando a liberação de mercadorias do
exterior.

B) A autoridade coatora foi adequadamente identificada no mandado de segurança,


considerando se tratar da autoridade responsável pelo ato coator, com capacidade direta para
o desfazimento do ato combatido.

C) Diante do risco de demora da concessão da medida para a empresa importadora em face da


competição de equitação, é possível a concessão da liminar, caso a sua solicitação seja
acompanhada de caução proposta pelo autor da ação.

D) Não é cabível o mandado de segurança em face da autuação, por se tratar de decisão sujeita
a recurso administrativo com efeito suspensivo, não sendo também possível a concessão da
medida liminar no caso hipotético para a liberação dos animais, em que pese a urgência.

E) Não é possível a concessão da liminar, por não ser viável a concessão deste tipo de medida
sem oitiva da parte contrária, ou seja, inaudita altera pars, em mandado de segurança proposto
contra autoridade pública fazendária.

Comentário:

A letra A está incorreta. Prevê a Lei nº 12.016/09:

Art. 6º - A petição inicial, que deverá preencher os requisitos estabelecidos pela lei processual,
será apresentada em 2 (duas) vias com os documentos que instruírem a primeira reproduzidos
na segunda e indicará, além da autoridade coatora, a pessoa jurídica que esta integra, à qual se
acha vinculada ou da qual exerce atribuições.

§3º - Considera-se autoridade coatora aquela que tenha praticado o ato impugnado ou da qual
emane a ordem para a sua prática."

Neste caso, há erro com relação à autoridade coatora, posto que não foi o Secretário da Receita
Federal do Brasil quem praticou o ato impugnado.

A autoridade coatora seria o Inspetor da Receita Federal e não o titular da Alfândega da Receita
Federal em Viracopos.

Vejamos julgado correlato:


54
“TRIBUTÁRIO. PROCESSUAL CIVIL. MANDADO DE SEGURANÇA. MERCADORIA IMPORTADA. IPI.
ILEGITIMIDADE PASSIVA AD CAUSAM. INDICAÇÃO ERRÔNEA DA AUTORIDADE COATORA.
EXTINÇÃO DO FEITO SEM JULGAMENTO DO MÉRITO. ART. 267, INCISO VI, DO CPC. - Entende-
se como autoridade coatora, para efeito de qualificação do pólo passivo do mandado de
segurança, aquela que tem poderes para decidir sobre a prática ou não de determinado ato
reputado de ilegal ou abusivo. - Na hipótese versada nos autos, a autoridade indicada -
Delegado da Receita Federal em Recife (PE) - não detém competência para sustar a cobrança
do IPI vinculado na importação, à luz das Portarias 259/01 e 30/05, do Ministério da Fazenda. -
Competência do Sr. Inspetor da Receita Federal. - Apelação a que se nega provimento." (TRF-5
- AMS: 84626 PE 2001.83.00.021599-9, Relator: Desembargador Federal Jose Maria Lucena, Data
de Julgamento: 09/11/2006, Primeira Turma, Data de Publicação: Fonte: Diário da Justiça - Data:
21/12/2006 - Página: 247 - Nº: 102 - Ano: 2006)

Errada a letra B conforme fundamentos da questão anterior.

Também incorreto o previsto na assertiva C. Nos termos do art. 7º, §2º, da Lei nº 12.016/09:
“Não será concedida medida liminar que tenha por objeto a compensação de créditos
tributários, a entrega de mercadorias e bens provenientes do exterior, a reclassificação ou
equiparação de servidores públicos e a concessão de aumento ou a extensão de vantagens ou
pagamento de qualquer natureza."

Portanto, como se trata de mercadorias e bens provenientes do exterior, há vedação para


concessão de medida liminar para liberação dos equinos.

A letra D está correta. É o gabarito da questão. Como se trata de mercadorias e bens


provenientes do exterior, há vedação para concessão de medida liminar para liberação dos
equinos. Nos termos do art. 7º, §2º, da Lei nº 12.016/09: “Não será concedida medida liminar
que tenha por objeto a compensação de créditos tributários, a entrega de mercadorias e bens
provenientes do exterior, a reclassificação ou equiparação de servidores públicos e a concessão
de aumento ou a extensão de vantagens ou pagamento de qualquer natureza."

Além disso, nos termos do Art. 5º, I, da Lei nº 12.016/09: “Não se concederá mandado de
segurança quando se tratar: I - de ato do qual caiba recurso administrativo com efeito
suspensivo, independentemente de caução;"

55
Por fim, incorreta a letra E. Não é cabível a liminar, pois nos termos art. 7º, §2º, da Lei nº
12.016,/009 não será concedida medida liminar que tenha por objeto a compensação de créditos
tributários, a entrega de mercadorias e bens provenientes do exterior, a reclassificação ou
equiparação de servidores públicos e a concessão de aumento ou a extensão de vantagens ou
pagamento de qualquer natureza.

Questão 5
(VUNESP - 2019 - TJ-AC - Juiz de Direito Substituto) Conforme prevê a Lei n° 6.830/1980, a
petição inicial da execução fiscal indicará apenas

A) o juiz a quem é dirigida, o pedido, o requerimento para a citação e a descrição dos fatos
que levam à execução.

B) a qualificação das partes, o juiz a quem é dirigida e a descrição dos fatos que levam à
execução.

C) a qualificação das partes, a descrição dos fatos que levam à execução, a legislação aplicável
e o valor da causa.

D) o juiz a quem é dirigida, o pedido e o requerimento para a citação.

Comentário:

O gabarito é a letra D. Por muito tempo houve divergência acerca da exigência do CPF/CNPJ
na petição inicial da Execução Fiscal. Essa polêmica surgiu porque o art. 15 da Lei 11.419/06 que
trata do processo informatizado, exige esta informação (salvo impossibilidade que comprometa
o acesso à justiça). Ocorre que o STJ, na Súmula 558, entendeu que este dispositivo não alterou
o art. 6º, da Lei 6.830/80, que não exige o CPF/CNJP.

Súmula 558: Em ações de execução fiscal, a petição inicial não pode ser indeferida sob o
argumento da falta de indicação do CPF e/ou RG ou CNPJ da parte executada.

Portanto, nas ações de execução fiscal, a falta de indicação do CPF e/ou RG ou CNPJ da parte
executada não é causa de indeferimento da petição inicial.

56
Questão 6
(CESPE - 2019 - TJ-PR - Juiz Substituto) Considerando que, em caso de cobrança judicial de
dívida ativa da fazenda pública por meio de execução fiscal, haja o registro de penhoras feitas
por credores distintos sobre um mesmo bem e não se caracterize hipótese de falência ou
recuperação judicial, assinale a opção correta, de acordo com o previsto na Lei de Execuções
Fiscais — Lei n.º 6.830/1980.

A) A fazenda pública ingressa no concurso de credores de forma preferencial, ressalvada apenas


a preferência dos credores de créditos decorrentes da legislação do trabalho.

B) A fazenda pública não se sujeita a concurso de credores, devendo-se verificar o concurso de


preferência entre as pessoas jurídicas de direito público.

C) Não há benefício de ordem entre a fazenda pública e os credores privados: a ordem


cronológica do registro das penhoras deve ser observada.

D) Os créditos da fazenda pública devem ser apurados primeiramente, sendo feita a repartição
entre os entes públicos federais, estaduais e municipais com base no critério pro rata.

Comentário:

A letra A está incorreta. A questão exclui a hipótese de concurso decorrente de processo de


falência. Logo, não há concurso entre a Fazenda e credores particulares.

Alternativa B correta. O art. 29, da LEF prevê que a cobrança judicial da dívida ativa não se
sujeita a concurso de credores. Só haverá concurso nas hipóteses em que os credores são
pessoas jurídicas de direito público.

Letra C incorreta. Como dito, a Fazenda não se sujeita a concurso de credores quando se tratar
de entes privados.

A letra D está incorreta. A fazenda somente se sujeita a concurso de preferência entre pessoas
jurídicas de direito público, nos termos do art. 29, parágrafo único, CTN. No entanto, a União
tem preferência e reparte com base no critério pro rata.

57
Questão 7
(VUNESP - 2018 - TJ-SP - Juiz Substituto) Com relação à prescrição intercorrente, é correto
afirmar que o Superior Tribunal de Justiça consolidou entendimento no sentido de que

A) a constrição patrimonial e a citação, ainda que por edital, são aptas a interromper o curso
da prescrição intercorrente, suficiente para tal finalidade o mero peticionamento do exequente
requerendo diligência para a realização daqueles atos.

B) findo o prazo de um ano de suspensão da execução (art. 40, §§ 1° e 2° da Lei n° 6.830/80),


o curso do prazo prescricional se inicia automaticamente sem necessidade de pronunciamento
judicial nesse sentido.

C) a prescrição não pode ser reconhecida de ofício, independentemente de ter ocorrido antes
do ajuizamento ou no curso da execução fiscal.

D) para o reconhecimento da prescrição decorrente da demora na citação do executado, é


irrelevante discutir se o retardamento decorreu de inércia do exequente ou do aparelho
judiciário.

Comentário:

A assertiva A está incorreta. Uma das teses fixadas no REsp 1.340.553 foi no sentido de que
apenas a efetiva constrição patrimonial e citação são aptas a interromper a prescrição. O mero
peticionamento não gera esse efeito, mas, restando frutífera a diligência requerida (constrição
ou citação), a interrupção retroage à data da petição.

A letra B está correta já que traz o entendimento fixado pelo STJ no julgamento do Recurso
Especial 1.340.553 (STJ. 1ª Seção. REsp 1.340.553/RS, rel. Min. Campbell Marques, j. 12.09.2018)
no âmbito dos recursos repetitivos.

Letra C errada. O juiz pode reconhecer a prescrição de ofício, tenha ela ocorrido antes (art. 332,
§1º, CPC) ou depois (art. 40, §4º, Lei n. 6.830/80) do ajuizamento.

58
A letra D está incorreta por contrariar a súmula 106 do STJ segundo a qual "Proposta a ação no
prazo fixado para o seu exercício, a demora na citação, por motivos inerentes ao mecanismo da
Justiça, não justifica o acolhimento da arguição de prescrição ou decadência".

Questão 8
(FEPESE - 2018 - PGE-SC - Procurador do Estado) Assinale a alternativa correta acerca do
processo tributário.

A) É lícita a exigência de depósito prévio como requisito de admissibilidade de ação judicial na


qual se pretenda discutir a exigibilidade de crédito tributário.

B) O mandado de segurança não constitui via processual adequada para a declaração do direito
à compensação tributária.

C) É admitida a impetração de mandado de segurança para convalidação de compensação


tributária realizada pelo contribuinte.

D) Em ações de execução fiscal, é obrigatória a instrução da petição inicial com o demonstrativo


de cálculo do débito, por se tratar de requisito previsto em lei.

E) O contribuinte pode escolher por receber, por meio de precatório ou de compensação, o


indébito tributário certificado por sentença declaratória transitada em julgado.

Comentário:

Este quesito deve ser respondido com base no entendimento sumulado dos Tribunais
Superiores. Vejamos:

Incorreta a letra A. Prevê a Súmula Vinculante nº 28 do STF: "É inconstitucional a exigência de


depósito prévio como requisito de admissibilidade de ação judicial na qual se pretenda discutir
a exigibilidade do crédito tributário".

Letra B errada. Segundo a súmula nº 213 do STJ: "O mandado de segurança constitui ação
adequada para a declaração do direito à compensação tributária".

Também incorreta a assertiva C segundo previsão da Súmula nº 460 do STJ: "É incabível o
mandado de segurança para convalidar a compensação tributária realizada pelo contribuinte".

59
Errada a letra D. Segundo a súmula nº 559 do STJ: "Em ações de execução fiscal, é desnecessária
a instrução da petição inicial com o demonstrativo de cálculo do débito, por tratar-se de
requisito não previsto no artigo 6º da Lei n. 6830/80".

Com efeito, o artigo 6º da LEF dispõe que "A petição inicial indicará apenas: I - o Juiz a quem
é dirigida; II - o pedido; e III - o requerimento para a citação.

Por fim, correta a assertiva E, compatível com a Súmula nº 461 do STJ que prevê: "O contribuinte
pode optar por receber, por meio de precatório ou por compensação, o indébito tributário
certificado por sentença declaratória transitada em julgado".

Questão 9
(TRF - 2ª Região - 2018 - TRF - 2ª REGIÃO - Juiz Federal Substituto) Sobre a ação de execução
fiscal de crédito tributário, à luz da jurisprudência atual do STJ, assinale a alternativa correta:

A) as execuções fiscais de divida ativa tributária da União relativas a débitos iguais ou inferiores
a R$ 10.000,00 (dez mil reais), em razão do baixo valor, devem ser extintas sem resolução do
mérito, por falta de interesse de agir.

B) é possível o ajuizamento de execução fiscal enquanto pendente de julgamento ação


anulatória de lançamento fiscal em que houve depósito do montante integral do débito, já
citada a Fazenda Pública.

C) a homologação do pedido de parcelamento fiscal após a propositura da ação de execução


fiscal extingue o processo sem resolução do mérito.

D) é cabível a condenação da Fazenda Pública ao pagamento de honorários advocatícios em


decorrência da extinção da execução fiscal pelo acolhimento de exceção de pré-executividade.

Comentário:

Letra A incorreta. Com fulcro no Art. 20, Lei 10.522/02, serão arquivados, sem baixa na
distribuição, mediante requerimento do Procurador da Fazenda Nacional, os autos das
execuções fiscais de débitos inscritos como Dívida Ativa da União pela Procuradoria-Geral da
Fazenda Nacional ou por ela cobrados, de valor consolidado igual ou inferior a R$ 10.000,00.

60
Errada a assertiva B. Havendo depósito do montante integral do débito, conforme artigo 151,
inciso II do CTN, o crédito tributário será suspenso, razão pela qual não poderá o Fisco ajuizar
Execução Fiscal, pois o título executivo extrajudicial (CDA) será considerado inexigível.

Súmula 112, STJ: O depósito somente suspende a exigibilidade do crédito tributário se for
integral e em dinheiro.

A letra C está incorreta. Nesse sentido, veja:

Informativo 442, STJ- Deve-se, então, reformar a decisão que extinguiu o feito com base nos
arts. 267, VI, e 618, I, do CPC, pois a suspensão da exigibilidade do crédito tributário,
aperfeiçoada após a propositura da ação, apenas obsta o curso do feito executivo e não o
extingue. Não se pode confundir a hipótese do art. 174, IV, do CTN (curso interruptivo do prazo
prescricional) com as modalidades suspensivas da exigibilidade do crédito tributário (art. 151 do
CTN). Precedentes citados: REsp 911.360-RS, DJe 4/3/2009; REsp 608.149-PR, DJ 29/11/2004, e
REsp 430.585-RS, DJ 20/9/2004. REsp 957.509-RS, Rel. Min. Luiz Fux, julgado em 9/8/2010.

A letra D está correta em compatibilidade com o entendimento do STJ. Vejamos:

REPETITIVO. EXCEÇÃO. PRÉ-EXECUTIVIDADE. HONORÁRIOS. Em julgamento de recurso especial


submetido ao regime do art. 543-C do CPC c/c a Res. n. 8/2008-STJ, a Seção assentou o
entendimento de que, uma vez acolhida a exceção de pré-executividade para extinguir execução
fiscal, é cabível a condenação da Fazenda Pública em honorários advocatícios. Precedentes
citados: REsp 1.192.177-PR, DJe 22/6/2010; AgRg no REsp 1.134.076-SP, DJe 29/10/2009; AgRg
no REsp 1.115.404-SP, DJe 24/2/2010; EDcl no AgRg no Ag 1.030.023-SP, DJe 22/2/2010, e EREsp
1.048.043-SP, DJe 29/6/2009. REsp 1.185.036-PE, Rel. Min. Herman Benjamin, julgado em
8/9/2010 - INFO 446, STJ.

Questão 10
(CESPE - 2018 - TJ-CE - Juiz Substituto) Considerando as disposições da Lei n.º 8.397/1992
acerca de medida cautelar fiscal, assinale a opção correta.

A) Na hipótese de o devedor ser pessoa jurídica, a indisponibilidade de bens não recairá sobre
bens do ativo permanente.

61
B) A petição inicial deverá vir acompanhada de prova pré-constituída, sendo inadmissível a
dilação probatória.

C) Havendo a suspensão do crédito tributário, a medida cautelar será igualmente suspensa.

D) No procedimento cautelar fiscal, é vedado ao réu discutir o pagamento ou a remissão do


tributo, devendo essas questões ser apresentadas nos embargos à execução fiscal.

E) A decretação de medida cautelar fiscal acarretará a indisponibilidade dos bens do requerido


até o limite da satisfação da obrigação tributária.

Comentário:

A questão pode ser respondida em sua integralidade com base na Lei n. 8.397/1992.

A letra A está errada. Prevê o Art. 4º. § 1. Na hipótese de pessoa jurídica, a indisponibilidade
recairá somente sobre os bens do ativo permanente, podendo, ainda, ser estendida aos bens
do acionista controlador e aos dos que em razão do contrato social ou estatuto tenham poderes
para fazer a empresa cumprir suas obrigações fiscais.

Assertiva B incorreta. Dispõe a lei em análise:

Art. 6º A Fazenda Pública pleiteará a medida cautelar fiscal em petição devidamente


fundamentada, que indicará:

III - as provas que serão produzidas;

A letra C está incorreta, nos termos do Art. 12. Parágrafo único: "Salvo decisão em contrário, a
medida cautelar fiscal conservará sua eficácia durante o período de suspensão do crédito
tributário ou não tributário".

Também incorreto o item D, segundo o qual:

Art. 15. O indeferimento da medida cautelar fiscal não obsta a que a Fazenda Pública intente a
execução judicial da Dívida Ativa, nem influi no julgamento desta, salvo se o Juiz, no
procedimento cautelar fiscal, acolher alegação de pagamento, de compensação, de transação,
de remissão, de prescrição ou decadência, de conversão do depósito em renda, ou qualquer
outra modalidade de extinção da pretensão deduzida.

62
Por fim, correta a assertiva E, conforme previsão do Art. 4º que dispõe que a decretação da
medida cautelar fiscal produzirá, de imediato, a indisponibilidade dos bens do requerido, até o
limite da satisfação da obrigação.

Questão 11
(VUNESP - 2018 - PGE-SP - Procurador do Estado) Em execução fiscal, Antônio, sócio-gerente
de empresa contribuinte encerrada de forma irregular, é responsabilizado, nos termos do art.
135, III, do Código Tributário Nacional, por crédito tributário, cujo fato gerador ocorrera quatro
anos antes da citação pessoal de Antônio. Como defesa, Antônio aduz, em exceção de pré-
executividade, que o inadimplemento do crédito tributário exequendo não decorreu de fato que
lhe pudesse ser imputado.

Com base na jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça, é correto afirmar que a exceção de
pré-executividade

A) é cabível para excluir o sócio, pois a execução fiscal fora ajuizada contra a empresa
contribuinte, sendo inviável a responsabilização posterior ao ajuizamento.

B) não é cabível, pois, em se tratando de matéria de defesa do sócio responsabilizado, pode ser
aduzida somente por meio de recurso contra o despacho que o incluiu no polo passivo da
execução.

C) é cabível, pois, em se tratando de responsabilidade do sócio, todos os fundamentos do


responsabilizado podem ser apreciados de ofício pelo juiz.

D) é cabível, desde que o crédito exequendo tenha sido constituído de ofício, circunstância em
que a ausência de culpa do responsável pode ser alegada por qualquer meio processual.

E) não é cabível, pois tem por causa matéria de fato, insuscetível de conhecimento de ofício
pelo juiz, demandando prova que não pode ser produzida pelo meio processual utilizado.

Comentário:

63
O gabarito da questão é a letra E em conformidade com a súmula 393 do STJ, segundo a qual
"a exceção de pré-executividade é admissível na execução fiscal relativamente às matérias
conhecíveis de ofício que não demandem dilação probatória".

Questão 12
(CESPE - 2018 - PGE-PE - Procurador do Estado) De acordo com a Lei n.º 6.830/1980, a PGE/PE
pode promover execução fiscal contra

A) o devedor e o interessado economicamente na ocorrência do fato gerador.

B) o fiador e o administrador judicial da massa falida.

C) o depositário e o espólio.

D) o fiador e o responsável tributário.

E) o administrador judicial da massa falida e o responsável tributário.

Comentário:

Com base no texto da Lei nº 6830/1980, o gabarito da questão é a letra D. Vejamos:

Art. 4º - A execução fiscal poderá ser promovida contra:

V - o responsável, nos termos da lei, por dívidas, tributárias ou não, de pessoas físicas ou pessoas
jurídicas de direito privado.

Questão 13
(VUNESP - 2017 - DPE-RO - Defensor Público Substituto - Texto associado) A empresa ABC
Ltda. discorda da legalidade da cobrança de tributo específico que vem sendo recolhido por ela
há três anos e gostaria de deixar de realizar novos recolhimentos a esse título e de obter
autorização para a compensação dos valores recolhidos no passado com outros tributos
vincendos devidos pela própria empresa.

A) Proposto mandado de segurança, se denegada a segurança devido ser necessária prova


pericial para julgamento do caso, haverá coisa julgada material contra o impetrante, impedindo
o uso da ação própria.
64
B) A ordem de segurança concedida produz efeitos patrimoniais em relação ao passado, não
sendo adequada para a declaração do direito à compensação tributária.

C) O mandado de segurança constitui ação adequada para a declaração do direito à


compensação tributá­ria, porém, a compensação não poderá ser deferida liminarmente pelo juiz.

D) Caso haja ação de caráter coletivo promovida por entidade associativa contra a cobrança do
tributo em questão, a empresa poderá se beneficiar de eventual decisão favorável na ação, ainda
que não tenha constado da relação nominal de associados que instruiu a petição inicial no
momento da propositura da ação.

E) Após constituído o crédito tributário, em caso de não pagamento da dívida pela empresa, a
Fazenda Pública poderá propor medida cautelar fiscal, a qual, se decretada pelo juiz, produzirá
a indisponibilidade dos bens do ativo circulante da empresa.

Comentário:

A letra A está incorreta com base na Lei 12.016/09:

Art. 19. A sentença ou o acórdão que denegar mandado de segurança, sem decidir o mérito,
não impedirá que o requerente, por ação própria, pleiteie os seus direitos e os respectivos
efeitos patrimoniais.

Incorreta a letra B nos termos da Súmula 213 do STJ, segundo a qual "o mandado de segurança
constitui ação adequada para a declaração do direito à compensação tributária".

Correta a assertiva C. O mandado de segurança constitui ação adequada para a declaração do


direito à compensação tributá­ria, porém, a compensação não poderá ser deferida liminarmente
pelo juiz.

Nesse sentido:

Súmula 212 STJ: A compensação de créditos tributários não pode ser deferida por medida
liminar.

Súmula 213 do STJ: O mandado de segurança constitui ação adequada para a declaração do
direito à compensação tributária.

65
A letra D está incorreta. Nesse sentido, observe a Tese de Repercussão Geral:

"A eficácia subjetiva da coisa julgada formada a partir de ação coletiva, de rito ordinário, ajuizada
por associação civil na defesa de interesses dos associados, somente alcança os filiados,
residentes no âmbito da jurisdição do órgão julgador, que o fossem em momento anterior ou
até a data da propositura da demanda, constantes da relação jurídica juntada à inicial do
processo de conhecimento”. (RE 612043, Relator Ministro Marco Aurélio, Tribunal Pleno,
julgamento em 10.5.2017, DJe de 6.10.2017 - tema 499)

Por fim, errado o que se afirma na letra E, conforme dispõe a Lei 8397/92:

Art. 4° A decretação da medida cautelar fiscal produzirá, de imediato, a indisponibilidade dos


bens do requerido, até o limite da satisfação da obrigação.

§ 1° Na hipótese de pessoa jurídica, a indisponibilidade recairá somente sobre os bens do ativo


permanente, podendo, ainda, ser estendida aos bens do acionista controlador e aos dos que
em razão do contrato social ou estatuto tenham poderes para fazer a empresa cumprir suas
obrigações fiscais.

Questão 14
(CESPE - 2017 - DPU - Defensor Público Federal) A respeito das normas gerais de direito
tributário, julgue o seguinte item.

A efetividade de medida liminar para suspender a exigibilidade de créditos tributários está


condicionada ao exaurimento das instâncias administrativas para a anulação dos autos de
infração pertinentes, visto que, nessa situação, não cabe ao Poder Judiciário analisar o mérito
administrativo.

Certo

Errado

Comentário:

O enunciado apresentado está incorreto. A princípio, prevê a Constituição Federal:


66
Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos
brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade,
à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes:

XXXV - a lei não excluirá da apreciação do Poder Judiciário lesão ou ameaça a direito;"

Desse inciso surge o princípio da inafastabilidade da jurisdição. Sobre a matéria do enunciado,


assim se posiciona o STF:

EMENTA: CONSTITUCIONAL. PROCESSUAL TRIBUTÁRIO. RECURSO ADMINISTRATIVO


DESTINADO À DISCUSSÃO DA VALIDADE DE DÍVIDA ATIVA DA FAZENDA PÚBLICA.
PREJUDICIALIDADE EM RAZÃO DO AJUIZAMENTO DE AÇÃO QUE TAMBÉM TENHA POR
OBJETIVO DISCUTIR A VALIDADE DO MESMO CRÉDITO. ART. 38, PAR. ÚN., DA LEI 6.830/1980.
O direito constitucional de petição e o princípio da legalidade não implicam a necessidade de
esgotamento da via administrativa para discussão judicial da validade de crédito inscrito em
Dívida Ativa da Fazenda Pública. É constitucional o art. 38, par. ún., da Lei 6.830/1980 (Lei da
Execução Fiscal - LEF), que dispõe que "a propositura, pelo contribuinte, da ação prevista neste
artigo [ações destinadas à discussão judicial da validade de crédito inscrito em dívida ativa]
importa em renúncia ao poder de recorrer na esfera administrativa e desistência do recurso
acaso interposto". Recurso extraordinário conhecido, mas ao qual se nega provimento. (RE
233582, Relator(a): MARCO AURÉLIO, Relator(a) p/ Acórdão: JOAQUIM BARBOSA, Tribunal Pleno,
julgado em 16/08/2007, DJe-088 DIVULG 15-05-2008 PUBLIC 16-05-2008 EMENT VOL-02319-
05 PP-01031)

Logo, desnecessário o esgotamento da via administrativa para pleitear liminarmente a suspensão


da exigibilidade de tributo junto ao Poder Judiciário.

Questão 15
(FMP Concursos - 2017 - PGE-AC - Procurador do Estado) Sobre eventual mandado de
segurança em matéria tributária, é CORRETO afirmar que

A) só cabe para discutir eventos futuros, pois é proibida sua utilização como substitutivo da
ação de repetição de indébito.

67
B) é possível utilizar-se para desconstituir auto de infração, mas somente até 120 dias do ato
coator, ou seja, da autuação fiscal, mesmo que haja recurso administrativo.

C) a liminar pode suspender a exigibilidade do tributo, mas desde que se tenham esgotado
todas as tentativas de anulação auto de infração administrativamente.

D) caso o pedido seja de compensação com pagamento indevido usualmente inadmitido pelo
Fisco, o mandamus é preventivo porque o ato coator, a negativa, ainda está por ocorrer, não se
computando o prazo decadencial de 120 dias.

E) nenhuma das alternativas acima está CORRETA.

Comentário:

O gabarito da questão é a letra D. É cabível Mandado de Segurança preventivo para declarar


direito à compensação (Súmula 213/STJ), mas não se admite Mandado de Segurança repressivo
para convalidar compensação já feita (Súmula 460/STJ). Ademais, lembre-se que não se computa
o prazo decadencial no Mandado de Segurança Preventivo.

68
GABARITO

Questão 1 – A

Questão 2 – C

Questão 3 - C

Questão 4 - A

Questão 5 - D

Questão 6 - B

Questão 7 - B

Questão 8 - E

Questão 9 - D

Questão 10 - E

Questão 11 – E

Questão 12 – D

Questão 13 - C

Questão 14 - Errado

Questão 15 - D

69
QUESTÃO DESAFIO

É cabível Mandado de Segurança para obter repetição de


indébito tributário?

Máximo de 300 caracteres

70
GABARITO QUESTÃO DESAFIO

Resposta ideal:

O Mandado de Segurança não é cabível para obter repetição de indébito, pois tal medida

não produz efeitos patrimoniais em relação a período pretérito, conforme Súmula 271, do
STF.

Você deve ter abordado necessariamente os seguintes itens em sua resposta:

 Não é cabível MS

O Mandado de Segurança está previsto na Constituição Federal no art. 5º, LXIX e na Lei nº
12.016/2009, servindo para o Direito Tributário como meio para proteger o direito líquido e

certo do contribuinte em face de ato comissivo ou omissivo ilegal ou abusivo.

Segundo o autor Marcus Abraham (ABRAHAM, Marcus. Curso de Direito Financeiro Brasileiro .
5. ed. Rio de Janeiro: Forense , 2018. p. 422-422.), “Diante de um conflito de interesses em

matéria tributária, o mandado de segurança pode ser interposto de duas formas: a) repressiva
(suspensiva): quando o ato coator já estiver produzindo efeitos, como no caso de recusa pela

autoridade tributária de expedição de certidão negativa em favor de contribuinte, diante de


inscrição em dívida ativa baseada em exigência de tributos considerados indevidos; b)

preventiva: quando o ato coator estiver na iminência de ocorrer, como para que seja impedida
a autoridade tributária que está em vias de apreender mercadorias do contribuinte com o

propósito de coibi-lo a recolher tributo supostamente devido.”.

No âmbito do Mandado de Segurança, o STF aditou a súmula 269 afirmando que o Mandado
de Segurança não é substitutivo de ação de cobrança. No caso em tela, a ação de repetição de

indébito tributário é uma forma de cobrar o sujeito ativo da relação tributária, sendo este um
dos motivos da impossibilidade de usar tal medida quando for esse o objetivo.

71
 Súmula 271, do STF

A Súmula 271 do STF lembra que a concessão de mandado de segurança não produz efeitos
patrimoniais em relação a período pretérito, os quais devem ser reclamados administrativamente

ou pela via judicial própria.

Com a repetição de indébito o contribuinte busca a devolução de um valor pago indevidamente.


Esse objetivo é claramente patrimonial e por isso é incabível Mandado de Segurança.

Ainda o autor Marcus Abraham comenta (ABRAHAM, Marcus. Curso de Direito Financeiro

Brasileiro . 5. ed. Rio de Janeiro: Forense , 2018. p. 423-423.): “Ademais, é também incabível a
utilização do mandado de segurança para repetição do indébito tributário (Súmulas 269 e 271,

STF), dada a ausência de efeito condenatório patrimonial desta medida.”.

72
LEGISLAÇÃO COMPILADA

EXECUÇÃO FISCAL

 Lei 6.830/1980: rege todos os aspectos da Execução Fiscal. Todos os seus dispositivos
são importantes e merecem atenção em razão de sua alta recorrência em certames
públicos.
 CTN: Arts. 134, 135
 Súmulas do STJ: 314, 409, 414, 430, 435, 521, 558, 559

 Súmula 583 do STJ

O arquivamento provisório previsto no art. 20 da Lei n. 10.522/2002, dirigido aos débitos inscritos como dívida
ativa da União pela Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional ou por ela cobrados, não se aplica às execuções fiscais
movidas pelos conselhos de fiscalização profissional ou pelas autarquias federais.

 Súmula 559 do STJ

Em ações de execução fiscal, é desnecessária a instrução da petição inicial com o demonstrativo de cálculo do
débito, por tratar-se de requisito não previsto no art. 6º da Lei nº 6.830/1980.

 Súmula 558 do STJ

Em ações de execução fiscal, a petição inicial não pode ser indeferida sob o argumento da falta de indicação do
CPF e/ou RG ou CNPJ da parte executada.

 Súmula 521 do STJ

A legitimidade para a execução fiscal de multa pendente de pagamento imposta em sentença condenatória é
exclusiva da Procuradoria da Fazenda Pública.

 Súmula 435 do STJ

Presume-se dissolvida irregularmente a empresa que deixar de funcionar no seu domicílio fiscal, sem comunicação
aos órgãos competentes, legitimando o redirecionamento da execução fiscal para o sócio-gerente.

 Súmula 430 do STJ

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O inadimplemento da obrigação tributária pela sociedade não gera, por si só, a responsabilidade solidária do sócio-
gerente.

 Súmula 414 do STJ

A citação por edital na execução fiscal é cabível quando frustradas as demais modalidades.

 Súmula 409 do STJ

Em execução fiscal, a prescrição pode ser decretada de ofício (art. 219, §5º do CPC).

 Súmula 314 do STJ

Em execução fiscal, não localizados bens penhoráveis, suspende-se o processo por um ano, findo o qual se inicia
o prazo da prescrição quinquenal intercorrente.

MEDIDA CAUTELAR FISCAL

 Lei 8.297/1992: Arts. 4º, 5º e 6º


 Lei 9.532/1997

MANDADO DE SEGURANÇA

 Constituição Federal: Art. 5º, LXIX


 Lei 12.016/2009: em sua integralidade, especialmente Arts. 5º, 7º, 23
 Lei 6.830/1980: Art. 34
 Súmula do STF: 626, 627
 Súmula do STJ: 213, 460

 Súmula 625 do STF

Controvérsia sobre matéria de direito não impede concessão de mandado de segurança.

 Súmula 626 do STF

A suspensão da liminar em mandado de segurança, salvo determinação em contrário da decisão que a deferir,
vigorará até o trânsito em julgado da decisão definitiva de concessão da segurança ou, havendo recurso, até a sua

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manutenção pelo Supremo Tribunal Federal, desde que o objeto da liminar deferida coincida, total ou parcialmente,
com o da impetração.

 Súmula 213 do STJ

O mandado de segurança constitui ação adequada para a declaração do direito à compensação tributária”.

 Súmula 460 do STJ

É incabível o mandado de segurança para convalidar a compensação tributária realizada pelo contribuinte” .

AÇÃO DE REPETIÇÃO DE INDÉBITO

 CTN: Arts. 165 a 169


 Lei 6.830/80: Art. 38
 Súmula do STJ: 625

 Súmula 625 do STJ

O pedido administrativo de compensação ou de restituição não interrompe o prazo prescricional para a ação de
repetição de indébito tributário de que trata o art. 168 do CTN nem o da execução de título judicial contra a
Fazenda Pública. STJ. 1ª Seção. Aprovada em 12/12/2018, DJe 17/12/2018.

AÇÃO ANULATÓRIA DE LANÇAMENTO TRIBUTÁRIO

 Lei 6.830/80: Art. 38

AÇÃO DECLARATÓRIA DE INEXISTÊNCIA DE RELAÇÃO JURÍDICA

 CPC: Art. 19

AÇÃO DE CONSIGNAÇÃO EM PAGAMENTO

 CTN: Art. 164


 CPC: Arts. 539 a 549

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JURISPRUDÊNCIA

EXECUÇÃO FISCAL

 A execução fiscal pode ser redirecionada em desfavor da empresa sucessora para cobrança de
crédito tributário relativo a fato gerador ocorrido posteriormente à incorporação empresarial e
ainda lançado em nome da sucedida, sem necessidade de modificação da Certidão de Dívida Ativa,
quando verificado que esse negócio jurídico não foi informado oportunamente ao fisco” (REsp
1848993/SP, Rel. Ministro GURGEL DE FARIA, PRIMEIRA SEÇÃO, julgado em 26/08/2020, DJe
09/09/2020)

A Corte entendeu que, se a sucessão empresarial por incorporação não foi informada ao fisco, a execução de
crédito tributário anterior lançado para a empresa sucedida pode ser redirecionada para a sociedade incorporadora
sem a necessidade de alteração da CDA. A interpretação conjunta dos artigos 1.118 do Código Civil e 123 do CTN
- Código Tributário Nacional revela que o negócio jurídico que culmina na extinção da pessoa jurídica por
incorporação empresarial apenas surte seus efeitos na esfera tributária depois da comunicação ao fisco. Se a
incorporação não foi oportunamente informada, é de se considerar válido o lançamento realizado contra a
contribuinte original que veio a ser incorporada, não havendo a necessidade de modificação desse ato
administrativo para fazer constar o nome da empresa incorporadora, sob pena de permitir que esta última se
beneficie de sua própria omissão.

 A questão decidida na ação cautelar de caução prévia tem natureza jurídica de incidente
processual inerente à execução fiscal, não guardando autonomia a ensejar condenação em
honorários advocatícios em desfavor de qualquer das partes. STJ. 1ª Turma. AREsp 1521312-MS,
Rel. Min. Gurgel de Faria, julgado em 09/06/2020 (Info 675).

Não se pode atribuir ao Fisco a causalidade pela cautelar de caução prévia à execução fiscal sob risco de imputar
ao credor a obrigatoriedade da propositura imediata da ação executiva, retirando-se dele a discricionariedade da
escolha do momento oportuno para a sua proposição e influindo diretamente na liberdade de exercício de seu
direito de ação. Além disso, não se pode condenar o devedor a pagar honorários considerando que ele tem o
direito de ofertar bens à penhora na execução fiscal. Logo, ele também tem o direito de se adiantar e oferecer essa
garantia antes mesmo de o Fisco decidir propor a execução fiscal, antecipando essa fase processual.

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 Coexistindo execução fiscal e execução civil, contra o mesmo devedor, com pluralidade de
penhoras recaindo sobre o mesmo bem, o produto da venda judicial, por força de lei, deve
satisfazer o crédito fiscal em primeiro lugar (STJ. 3ª Turma. REsp 1.661.481-SP, Rel. Min. Nancy
Andrighi, julgado em 10/03/2020 - Info 667).

Os créditos titularizados pela Fazenda Nacional têm natureza tributária e, por força de lei, não se sujeitam a
concurso de credores e detém preferência sobre os créditos comuns. Nesse sentido, posicionam-se os arts. 186 e
187 do CTN ao prever que o crédito tributário prefere a qualquer outro, seja qual for sua natureza ou o tempo de
sua constituição, ressalvados os créditos decorrentes da legislação do trabalho ou do acidente de trabalho e a
cobrança judicial do crédito tributário não é sujeita a concurso de credores ou habilitação em falência, recuperação
judicial, concordata, inventário ou arrolamento.

MEDIDA CAUTELAR FISCAL

 Em caso de fraude, é possível que, na medida cautelar de indisponibilidade, seja decretada a


indisponibilidade de bens de participantes do ilícito que não constam na execução fiscal e essa
indisponibilidade não se limite ao ativo permanente do § 1º do art. 4º da Lei n. 8.397/1992 (REsp
1656172/MG, Rel. Ministro GURGEL DE FARIA, PRIMEIRA TURMA, julgado em 11/06/2019, DJe
02/08/2019).

a norma contida no artigo 4º, parágrafo 1º, da Lei da Medida Cautelar Fiscal, que limita a decretação de
indisponibilidade apenas aos bens do ativo imobilizado, possui a finalidade de ‘proteção da empresa’. Todavia, de
acordo com o julgado acima, essa norma deve ser afastada diante da constatação de situações fraudulentas ou
abusivas. Nesses casos, o poder geral de cautela permite ao magistrado, dentro das condições e limites impostos
pela legislação e com observância da proporcionalidade, como ocorre com o regular ato de penhora no processo
executivo, decretar a indisponibilidade de todos os bens dos devedores e, eventualmente, dos sócios.

MANDADO DE SEGURANÇA

 O Secretário de Estado da Fazenda não possui legitimidade para figurar, como autoridade coatora,
em mandado de segurança que visa afastar exigência fiscal supostamente ilegítima. (RMS
54.823/PB, Rel. Ministra ASSUSETE MAGALHÃES, SEGUNDA TURMA, julgado em 26/05/2020, DJe
05/06/2020)

Sobre a teoria da encampação - que mitiga a indicação errônea da autoridade coatora, em mandado de segurança
o STJ firmou o entendimento de que tal teoria apenas se aplica ao mandado de segurança, quando preenchidos

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os seguintes requisitos, cumulativamente: (a) existência de subordinação hierárquica entre a autoridade que
efetivamente praticou o ato e aquela apontada como coatora, na petição inicial; (b) manifestação a respeito do
mérito, nas informações prestadas; (c) ausência de modificação de competência, estabelecida na Constituição, para
o julgamento do writ, requisito que, no caso em análise, não foi atendido.

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MAPA MENTAL

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ALEXANDRE, Ricardo. Direito tributário. 11ª ed. rev., atual. e ampl. Salvador: Juspodivm, 2017.

COSTA, Regina Helena. Curso de direito tributário.– 8. ed. – São Paulo: Saraiva Educação, 2018.

HARADA, Kiyoshi. Direito Financeiro e Tributário - 28. ed. - São Paulo: Atlas, 2019.

MELO FILHO, João Aurino de. Racionalidade legislativa do processo tributário. 1ª Edição. Juspodivm, 2018.

NOVAIS, Rafael. Direito Tributário Facilitado. – 3. ed. – Rio de Janeiro: Forense; São Paulo: MÉTODO, 2018

PAULSEN, Leandro. Constituição e código tributário comentados à luz da doutrina e da jurisprudência. – 20.
ed. – São Paulo: Saraiva, 2019.

PETRY, Rodrigo Caramori. A anterioridade tributária nonagesimal: análise de sua aplicação prática para as
contribuições e outros tributos. Porto Alegre, Síntese, Instituto de Estudos Tributários, 2011.

SABBAG, Eduardo. Código Tributário Nacional Comentado– 2. ed. rev., atual. e ampl. – São Paulo: MÉTODO, 2018.

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