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JURÍDICA
DEFENSOR ESTADUAL
DIREITO
ADMINISTRATIVO
CAPÍTULO 2
Recado para você que está assistindo às videoaulas
Prezado aluno, a princípio, estamos trazendo algumas informações relevantes para você
que está assistindo às nossas videoaulas e complementará os estudos através do conteúdo do
nosso CERS Book. Portanto, você deve estar atento que:
O CERS book foi desenvolvido para complementar a aula do professor e te dar um suporte
nas revisões!
Um mesmo capítulo pode servir para mais de uma aula, contendo dois ou mais temas,
razão pela qual pode ser eventualmente repetido;
A ordem dos capítulos não necessariamente é igual à das aulas, então não estranhe se o
capítulo 03 vier na aula 01, por exemplo. Isto acontece porque a metodologia do CERS é baseada
no estudo dos principais temas mais recorrentes na sua prova de concurso público, por isso,
nem todos os assuntos apresentados seguem a ordem natural, seja doutrinária ou legislativa;
1
CAPÍTULOS
2
12.462/2011, Lei nº 11.079/2004 e Disposições Doutrinárias
Aplicáveis
Capítulo 19 – Intervenção Do Estado No Domínio Econômico E Social
Capítulo 20 – Lei Complementar nº 35, de 14 de março de 1979 (Lei
Orgânica da Magistratura Nacional – LOMAN)
Capítulo 21 – Lei de Responsabilidade Fiscal – LRF (Lei Complementar
n.º 101/00)
Capítulo 22 – Lei de Acesso à Informação - Lei Federal n.º 12.527/11
Capítulo 23 – Lei Anticorrupção - Lei Federal n.º 12.846/13
Capítulo 24 – Lei 13.303/16 – Estatuto Jurídico da Empresa Pública,
da Sociedade de Economia Mista e de suas Subsidiárias, no Âmbito
da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios
3
SOBRE ESTE CAPÍTULO
introdutórios, que possuem baixa incidência em provas de concurso público, mas são igualmente
importantes ao aprendizado da matéria de Direito Administrativo. Ademais, podem aparecer,
vez ou outra, nos certames, e precisamos conhecer bem todos os assuntos dos editais.
Dito isso, pontuamos que abordaremos agora a distinção entre Estado, Governo e
Administração Pública, demonstrando o que significa a função administrativa e quais são as
outras funções Estatais. Ainda, estudaremos os sistemas de controle tradicionais, bem como a
interpretação no Direito Administrativo.
Esse tópico também não será extenso, mas é importante prestar atenção aos
conceitos, porque a diferenciação entre eles costuma ser cobrada em provas de maneira sutil.
Além disso, o estudo acerca do tema “sistemas de controle judicial dos atos administrativos”
será necessário e importantíssimo para a compreensão do Capítulo 13, que trata do Controle
da Administração Pública e, por sua vez, possui alta incidência nas provas de qualquer carreira.
Dessa forma, a matéria abordada costuma ser mais voltada para a doutrina, mas
indicaremos dispositivos legais ao final do capítulo, bem como jurisprudência dos Tribunais
Vamos juntos!
4
SUMÁRIO
Capítulo 2 .................................................................................................................................................. 6
2.1.1 Estado......................................................................................................................................................................... 6
GABARITO ............................................................................................................................................... 32
JURISPRUDÊNCIA................................................................................................................................... 39
5
DIREITO ADMINISTRATIVO
Capítulo 2
e Administração Pública. Tendo isso em mente, vamos fazer a diferenciação para melhor
entendimento da disciplina de Direito Administrativo.
2.1.1 Estado
essencial para qualquer organização, o território é o próprio espaço físico e o governo, por sua
vez, é a cúpula diretiva do Estado.
Nesse sentido, Matheus Carvalho define Estado como “uma instituição organizada
dirigida por um governo que possui soberania reconhecida tanto interna quanto externamente”.1
1
CARVALHO, Matheus. Manual de Direito Administrativo. 4ª ed. Salvador: JusPODIVM, 2017. Pg 33.
6
Assim, o Estado é uma pessoa jurídica de direito público com direitos e obrigações,
mas pode atuar tanto no direito público quanto no direito privado, exercendo seus poderes
sempre em nome do povo.
Vamos analisar também as espécies de Estado, tendo em vista que ele pode ser liberal,
social, democrático de direito ou pós social. Assim, vamos facilitar o estudo através da tabela
abaixo:
ESPÉCIES DE ESTADO
É um Estado voltado para a garantia dos direitos de primeira geração,
que são ligados ao valor da liberdade, propriedade, direitos civis e
ESTADO LIBERAL
políticos. Assim, evitam a intervenção estatal na ordem econômica e
social.
Por outro lado, o Estado Social surge em resposta às críticas ao Estado
Liberal, que terminou acarretando muitas desigualdades. Assim, o Estado
Social surge para garantir os direitos de segunda geração, como
ESTADO SOCIAL educação, saúde e outros direitos básicos vinculados ao princípio da
dignidade da pessoa humana. Desse modo, torna-se um Estado prestador
de serviços, que possui uma grande máquina estatal e maiores custos
para se manter.
É também decorrente da crise do modelo anterior, do Estado Social, que
gastava mais do que arrecadava e era ineficiente. Portanto, o Estado
ESTADO DEMOCRÁTICO
Democrático de Direito busca diminuir a interferência estatal, privatizar
DE DIREITO
alguns serviços e criar mecanismos de regulação do mercado para manter
o equilíbrio.
típicas de cada poder. Esse estudo depende da compreensão primordial de dois princípios
constitucionais: o princípio federativo e o princípio da separação dos poderes.
7
Ao estudarmos sobre funções estatais, o primeiro aspecto constitucional que devemos
entender é que o Brasil adotou a forma federativa de Estado, ou seja, existe a descentralização
política do poder entre diferentes níveis de governo: federal, estadual e municipal.
tributárias próprias.
temos o Poder Judiciário, o Legislativo e o Executivo, que exercem funções de maneira típica e,
de maneira atípica, funções que normalmente são desempenhadas por outros poderes.2
Nesse sentido, vamos estudar o que seriam as funções típicas e atípicas de cada
poder:
Poder Judiciário: sua função típica é jurisdicional, aplicando a lei aos litigantes
e solucionando os litígios com força de definitividade; por outro lado, exerce
função normativa quando elabora seu Regimento Interno e exerce a função
2
Vide questão 1
8
administrativa quando realiza concurso público ou organiza seus serviços e
concessões de férias, por exemplo.
De acordo com DI PIETRO, assinalar a alternativa que preenche a lacuna abaixo CORRETAMENTE:
Existe uma predominância do Poder ___________ no exercício das atribuições políticas, mesmo
C) Hierárquico
D) Executivo
Gabarito: Letra D. A questão exige do examinando o conhecimento acerca das funções típicas
e atípicas de cada Poder. Segundo Di Pietro, “existe uma preponderância do Poder Executivo no
exercício das atribuições políticas; mas não existe exclusividade no exercício dessa atribuição.
Poder Executivo”.3
Ante todo o exposto, depreende-se que a função administrativa é uma das três
funções básicas do Estado, juntamente com a função legislativa e a função jurisdicional. Ainda,
3
DI PIETRO, MARIA SYLVIA ZANELLA. DIREITO ADMINISTRATIVO. 32. ED. REV. ATUAL E AMPL. – RIO DE JANEIRO: FORENSE, 2019.
9
a função administrativa é ativa, ou seja, independe da provocação do cidadão para ser exercitada
Mauro Sérgio dos Santos define esta função como “a atividade subalterna e
instrumental exercitada pelo Estado (ou por quem lhe faça as vezes), expressiva do poder
público, realizada sob a lei ou para dar aplicação estritamente vinculada a norma constitucional,
como atividade emanadora de atos complementares dos atos de produção jurídica primários
2.1.2 Governo
ele posta. Ainda, pode ser definido através do seu aspecto subjetivo ou objetivo.
jurídicas e agentes públicos que exercem atividade administrativa. Por outro lado, no aspecto
44
SANTOS, Mauro Sérgio dos. Curso de Direito Administrativo. Salvador: JusPodivm, 2016. p. 39
10
objetivo, material ou funcional, significa a própria atividade administrativa de poder de polícia,
distinções?
5
Vide questão 2
6
Vide questão 3
11
Assim, podemos dizer que os poderes Executivo e Legislativo são responsáveis pela
elaboração das políticas públicas, já o Poder Judiciário não possui essa função de governo,
apesar de possuir a prerrogativa de controlá-la.
Destaca-se que o Governo (função política) possui agentes em seu comando que
público. Nesse sentido, a função política caracteriza-se por ser uma atividade de planejamento,
coordenação, direção.
obediência à lei ou à decisão política de Governo, buscando implementar o que houver sido
estabelecido, mediante conduta hierarquizada.
Por todo o exposto, é possível observar que há uma diferença entre os conceitos, mas
que essa distinção não é rígida. Aliás, essa distinção costumava ser utilizada para alegar a
impossibilidade do controle judicial sobre os atos políticos, mas isso atualmente está relativizado,
posto que todo ato pode ser questionado perante o Judiciário. Inclusive, essa tendência vem
sendo denominada de “judicialização das políticas públicas”.
no Capítulo 04.
Após termos estudado as funções e atuações estatais, importante pontuar que toda
atividade exercida pelo Estado deve ser controlada pela sociedade, por meio de seus
representantes, afinal, o administrador público não é titular do interesse coletivo (princípio da
que são: o sistema inglês ou sistema de jurisdição única e o sistema francês ou sistema do
contencioso administrativo.
12
2.2.1 Sistema Francês
administrativa.
Nesse sistema, há uma dualidade de jurisdição. Desse modo, pode-se dizer que estão
presentes:
Esse sistema, até os tempos atuais adotado na França, analisa a separação de poderes
de forma absoluta, não admitindo o controle judicial dos atos da Administração Pública. Nesse
país, o Conselho de Estado é o responsável por proferir as decisões acerca da atuação pública,
com caráter de definitividade, ou seja, mediante a formação da chamada coisa julgada material.
Impossível, portanto, a revisão pelo Poder Judiciário das decisões proferidas por este órgão.
13
2.2.2 Sistema Inglês
Apenas o Judiciário tem o condão de dizer o direito de forma definitiva e com força
Neste sentido, frisa-se que a coisa julgada administrativa, nada mais é senão a
impossibilidade de discussão de determinada matéria no âmbito de processos administrativos.
forma, o particular pode propor ação judicial para solução dos seus conflitos, mesmo sem ter
sido proferida uma decisão definitiva na esfera administrativa ou sem precisar utilizar dessa via
Justiça desportiva: dispõe seu art. 217, §1° da CFRB/88 que "o Poder judiciário
só admitirá ações relativas à disciplina e às competições desportivas após
esgotarem-se as instâncias da justiça desportiva, regulada em lei”;
7
Vide questão 1
14
Ato ou omissão administrativa que contrarie súmula vinculante só pode ser
alvo de reclamação ao STF depois de esgotadas as vias administrativas (art. 7º,
§ 1º, da Lei Federal nº 11.417/2006);
Mandado de Segurança não é cabível quando caiba recurso administrativo
com efeito suspensivo;
Habeas data: para que se demonstre o interesse de agir no habeas data,
configura requisito indispensável a prova do anterior indeferimento do pedido
de informação de dados pessoais ou da omissão da entidade administrativa
em atendê-lo. Observe que, aqui, basta a existência de um requerimento
administrativo prévio, sem necessidade de esgotamento de instâncias (Lei
9.507/1997: art. 8º, parágrafo único);
Ações contra o INSS acerca de benefícios previdenciários: para restar
caracterizado o interesse de agir em ações judiciais contra o INSS, relativas à
concessão de benefícios previdenciários, é necessário o prévio requerimento
administrativo do benefício, deixando assente que tal exigência é compatível
com o art. 5º, XXXV, da CF e não se confunde com o exaurimento das vias
administrativas, mas requer a sua utilização inicial.
ao controle judicial dos atos administrativos, é correto afirmar que o Brasil adota o Sistema:
8
Vide questão 11
15
Gabarito: Correto. Caro aluno, observe que a questão exigiu do examinando o conhecimento
acerca do sistema de controle judicial utilizado pelo Brasil. Assim, necessário saber que o Brasil
adotou o sistema de jurisdição única (sistema inglês), consagrando o denominado princípio da
inafastabilidade da jurisdição. Assim, ainda que os litígios possam ser solucionados no âmbito
administrativo, sempre poderá o administrado recorrer ao Poder Judiciário.
pelas normas, analisa a melhor interpretação para cada situação. Isso porque o direito não pode
ser desconectado dos fatos e as disposições abstratas devem ser interpretadas a fim de garantir
a justiça e a equidade.
pelo regime de direito público e, também, em alguns casos, às regras do Direito Privado.
Hely Lopes Meirelles prevê três pressupostos 9 aos quais devemos nos atentar para a
9
Vide questão 10
16
O reconhecimento dos poderes discricionários em favor da Administração:
a atuação discricionária da Administração é possível quando há conveniência e
oportunidade para decidir conforme o interesse público. No entanto, apesar da
margem de liberdade para o juízo da Administração, esse poder é limitado pela
legalidade, razoabilidade, proporcionalidade e pelo controle judicial. Ademais,
esses atos discricionários são previstos em algumas situações: a) quando há
previsão legal; b) quando a lei não é capaz de descrever todas as formas de
atuação da Administração; c) quando a lei prevê uma competência, mas não
discrimina a forma de exercê-la.
17
Mens Lesgislatoris (subjetiva):
busca compreender a vontade do
legislador
TEORIAS DE INTERPRETAÇÃO
Mens legis (objetiva): busca
compreender a vontade da lei; essa
teoria prevalece
INTERPRETAÇÃO DO DIREITO
Interpretação lógico-gramatical:
busca compreender o significado
das palavras da norma
Interpretação teleológica:
interpretação deve revelar a
finalidade da norma
18
Faz-se necessário pontuar, também, que, no momento da interpretação dos
caráter vinculante, de acordo com o art. 30, caput e parágrafo único, da LINDB.
resolver apenas através da interpretação dos dispositivos legais, tendo em vista que o
ordenamento jurídico possui lacunas, pois não é possível ao legislador prever e englobar toda
19
QUADRO SINÓPTICO
Estado Liberal
ESTADO
Estado Democrático de Direito
Função Administrativa
Função Jurisdicional
SISTEMAS
20
O sistema inglês também designado de sistema da unicidade de
INGLÊS jurisdição, é aquele no qual todos os litígios, sejam eles administrativos
ou privados, podem ser levados ao conhecimento do Poder Judiciário.
21
QUESTÕES COMENTADAS
Questão 1
Comentário:
Gabarito: Certo. O Estado possui três Poderes: Executivo, Legislativo, Judiciário. O Executivo
possui a principal função de administrar, o Legislativo de Legislar, e o Judiciário de exercer a
Jurisdição, porém nenhum dos três poderes possui exclusividade sobre essas funções.
Carreiras Jurídicas, mas julgamos importantes para a revisão das matérias. Ainda, haja vista não
termos muitas questões desse tema introdutório, faz-se necessário pesquisar a forma de
Questão 2
Comentário:
22
Gabarito: Certo.
Fomento, Intervenção.
Questão 3
Comentário:
Questão 4
Reconhecida a existência de dois sistemas administrativos, quais sejam, francês e inglês, têm-se
consolidados os moldes de um sistema de unicidade de jurisdição e outro de dualidade de
jurisdição. No que diz respeito aos sistemas anteriormente mencionados, é correto afirmar que:
A) O ordenamento jurídico pátrio veda a imposição de acesso a qualquer instância/órgão
administrativo como pressuposto a pleitos judiciais.
23
D) Pelo sistema de unicidade de jurisdição, todas as questões, inclusive de cunho administrativo,
podem ser apreciadas pelo Judiciário, o que não impede que a própria Administração Pública
Comentário:
Gabarito: Letra D.
O Brasil adota a jurisdição una (Sistema de Jurisdição Inglês): exercício da jurisdição reservado
ao Poder Judiciário, a quem cabe, com exclusividade, aplicar o direito ao caso concreto com
definitividade, com aptidão de formação de coisa julgada material. Assim, demonstra-se errada
as alternativas “B” e “C”.
Ademais, diante da garantia do amplo acesso ao Judiciário, não se pode exigir, em regra, o
esgotamento da via administrativa para que aquele Poder analise e controle a atuação
administrativa. Entretanto, temos exceções nas quais é necessário o litígio em via administrativa
antes do acesso judicial. São estas exceções: (i) Justiça desportiva (art. 217, § 1º, CF/88); (ii) ato
ou omissão administrativa que contrarie súmula vinculante, para sua submissão ao STF por meio
da reclamação (art. 7º, §1º, da Lei Federal nº 11.417/2006); (iii) habeas data, que, conforme
entendimento do Supremo, pressupõe o indeferimento ou a omissão administrativa em atender
pedido de informações pessoais, (iv) Mandando de Segurança não é cabível quando for cabível
também recurso administrativo com efeito suspensivo. Assim, está errada a letra “A”.
Questão 5
(FMP Concursos - 2014 - TJ-MT - Juiz) Em face da formação histórica do Direito Administrativo
e do modelo de Estado vigente, é correto afirmar que:
A) a noção de coisa julgada nas esferas administrativa e judicial tem a mesma dimensão e
conteúdo.
B) as decisões proferidas por órgãos públicos de natureza superior não podem ser revistas pelo
Poder Judiciário
24
C) o processo administrativo somente pode ser instaurado mediante provocação do interessado,
por representação escrita endereçada ao agente competente para a solução da controvérsia.
D) o regime jurídico juspublicista, no todo ou em parte, somente pode ser aplicado às pessoas
jurídicas de direito público.
E) tem por objeto os órgãos, agentes e pessoas jurídicas administrativas que integram a
Administração Pública, a atividade não contenciosa que exerce e os bens de que se utiliza para
Comentário:
Correta Letra E.
A) Incorreta. Há uma diferença entre "coisa julgada administrativa" e "coisa julgada": a primeira
não possui um grau de definitividade, ou seja, ainda que encerradas todas as instâncias
administrativas, o processo poderá ser reapreciado pelo poder judiciário, em razão do Princípio
da Inafastabilidade do Poder Judiciário, estampado no artigo 5º, XXXV, da CR/88, que decorre
B) Incorreta. As decisões proferidas por órgãos públicos de natureza superior podem, sim, ser
revistas pelo Poder Judiciário, com base no Princípio da Inafastabilidade do Poder Judiciário,
estampado no art. 5º, XXXV, da CRFB/88, que aduz que "a lei não excluirá da apreciação do
Poder Judiciário lesão ou ameaça a direito".
C) Incorreta. O artigo 5º, da Lei 9.784/99, disciplina que o processo administrativo pode também
D) Incorreta. O regime jurídico juspublicista, pode ser aplicado às pessoas jurídicas de direito
público e de direito privado.
Administrativo dada por Hely Lopes Meireles, que ressalta, sobretudo, a questão da finalidade,
ou seja, a busca pela consecução dos fins desejados pelo estado, misturada com a definição
25
dada por Celso Antônio Bandeira de Mello, que relaciona o Direito Administrativo com a noção
de função administrativa.
Questão 6
foram valores postos pela Revolução Francesa que, sob os influxos da teoria de Montesquieu,
deram origem ao contencioso administrativo.
A) no Brasil, adota-se o sistema da jurisdição única visando dar efetivo cumprimento ao regime
do contencioso administrativo.
Comentário:
Gabarito: Letra A.
Letra A: Correta. A alternativa A está correta, sendo, deste modo, o gabarito da questão. Como
já dito, o Brasil adotou o sistema inglês de jurisdição única ou sistema de controle judicial, no
26
qual todos os litígios (administrativos ou particulares) são resolvidos definitivamente no Poder
Judiciário, com base no princípio da inafastabilidade da jurisdição, previsto no art. 5º, XXXV, da
CRFB/88.
Letra B: Incorreta. O Brasil não segue o sistema do contencioso administrativo. O CNJ é órgão
do Poder Judiciário que tem como função a fiscalização administrativa, financeira e correicional.
Letra C: Incorreta. Inexiste o sistema do contencioso administrativo no Brasil, visto que seguimos
o sistema da unidade da jurisdição. A definitividade é relativa, pois existem ressalvas apenas no
concernente às competências específicas dos Tribunais de Contas, por serem órgão técnicos e
específicos. O fato de os órgãos administrativos expedirem decisões definitivas, não implica dizer
que esta decisão não é passível de revisão pelo judiciário, já que aquelas decisões não fazem
coisa julgada em sentido próprio.
Questão 7
27
E) o sistema de contencioso administrativo.
Comentário:
Gabarito: Letra E.
A assertiva E é o gabarito da questão e sua justificativa esclarece o erro das demais alternativas.
Ensina Alexandre Mazza, que o contencioso administrativo se caracteriza pela repartição da
função jurisdicional entre o Poder Judiciário e tribunais administrativos. Nos países que adotam
tal sistema, o Poder Judiciário decide as causas comuns, enquanto as demandas que envolvam
qualquer paralelo com órgãos e estruturas atualmente existentes no Brasil. É bom lembrar que
no sistema francês as decisões proferidas pelos tribunais administrativos não podem ser
submetidas à apreciação pelo Poder Judiciário. É bastante diferente do que ocorre com os
tribunais administrativos brasileiros, por exemplo, o Conselho de Contribuintes (segunda
No Brasil, as decisões dos tribunais administrativos sempre estão sujeitas a controle judicial.
Assim, constitui grave erro referir-se a qualquer modalidade de contencioso administrativo em
Questão 8
A) No Brasil, a Jurisdição é dual havendo previsão de que dois órgãos se manifestem de forma
definitiva sobre o Direito
28
C) O Direito Administrativo integra o ramo do Direito Público, cuja principal característica
encontramos no fato de haver uma igualdade jurídica entre cada uma das partes envolvidas, ou
seja, a Administração Pública se encontra no mesmo patamar que o particular
D) Regime jurídico administrativo é o conjunto das regras que buscam atender aos interesses
públicos
Comentário:
Gabarito: Letra D.
Letra A: Incorreta. O sistema adotado pelo nosso ordenamento é o sistema de jurisdição una
ou sistema inglês e não o sistema dual (ou sistema francês). Desse modo, somente o Judiciário
Letra D: Correta. Regime jurídico administrativo é o regime de direito público aplicável aos
órgãos e entidades que compõem a administração pública, e à atuação dos agentes
administrativos em geral.
Questão 9
29
A) do Contencioso Administrativo, podendo ser preventivo ou corretivo e decorrente de ações
constitucionais: habeas corpus, habeas data, mandado de segurança, mandado de injunção, ação
popular e ação civil pública
constitucionais: habeas corpus, habeas data, mandado de segurança, mandado de injunção, ação
popular e ação civil pública
constitucionais: habeas corpus, habeas data, mandado de segurança, mandado de injunção, ação
popular e ação civil pública
constitucionais: habeas corpus, habeas data, mandado de segurança, mandado de injunção, ação
popular e ação civil pública
Comentário:
Gabarito: Letra D.
Tendo em vista que adotamos o Sistema da Unidade de Jurisdição, já percebemos que as letras
A, B e C da questão estão incorretas. Ainda, o controle judicial brasileiro pode ser de natureza
preventiva ou repressiva, ou seja, pode atuar sobre projeto de lei ou a partir da própria lei já
elaborada.
Questão 10
30
(INSTITUTO AOCP – Escrivão de Polícia –PC/ES – 2019) Ao tratarmos de Regras de Direito
Administrativo, é importante considerar que o Direito Administrativo, por ser um ramo do Direito
Público, não se adequa a todos os princípios da hermenêutica do Direito Privado. Assim, para
interesses de um ou de outro
Comentário:
Gabarito: Letra D.
Letra A: Incorreta. Não há igualdade nas relações jurídicas entre a Administração Pública e os
administrados, trata-se de uma relação vertical, haja vista as prerrogativas do Poder Público.
atuação da Administração; c) a lei prevê uma competência, mas não discrimina a forma de
exercê-la
31
GABARITO
Questão 1 - CERTO
Questão 2 - CERTO
Questão 3 - ERRADO
Questão 4 - D
Questão 5 - E
Questão 6 - A
Questão 7 - E
Questão 8 - D
Questão 9 - D
Questão 10 - D
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QUESTÃO DESAFIO
33
GABARITO QUESTÃO DESAFIO
Trata-se de ramo do Direito Público que tem por objeto os órgãos, agentes e pessoas
O Direito Administrativo é um dos ramos do Direito Público, uma vez que rege a
organização e o exercício de atividades do Estado e se direciona na busca dos interesses da
coletividade, visando sempre a realização dos fins públicos e com foco na supremacia do
interesse público.
Marçal Justen Filho estabelece que "O Direito Administrativo é o conjunto das
normas jurídicas de direito público que disciplinam as atividades administrativas necessárias à
realização dos direitos fundamentais e a organização e o funcionamento das estruturas estatais
e não estatais encarregadas de seu desempenho.". Nunca é o suficiente repetir a leitura do
caput do art. 37 da CF/88, pois esse artigo é definidor de todas as bases da Administração
Pública, vejamos:
"Art. 37. A administração pública direta e indireta de qualquer dos Poderes da União, dos
Estados, do Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios de legalidade,
impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência e, também, ao seguinte:"
Reforçando a conceituação deste ramo do direito, a Profa. Maria Sylvia Zanella Di Pietro,
por sua vez, define o Direito Administrativo como "o ramo do direito público que tem por objeto
os órgãos, agentes e pessoas jurídicas administrativas que integram a administração pública, a
atividade jurídica não contenciosa que exerce e os bens de que se utiliza para a consecução de
seus fins de natureza pública".
Note que adotamos aqui na questão o conceito de Maria Sylvia pois a doutrinadora é
muito utilizada como doutrina base de bancas tradicionais.
34
Como se pode notar, e o professor Matheus Carvalho diz isso expressamente, a definição
do que é o Direito Administrativo não é unânime na doutrina e enseja algumas divergências
entre os estudiosos da matéria.
PIETRO, Maria Sylvia Zanella di. Direito Administrativo. São Paulo: Editora Atlas, 21ª ed. 2008
JUSTEN FILHO, Marçal. Curso de direito administrativo. 4. ed. São Paulo: Saraiva, 2009. p.
292.
Art. 58. O regime jurídico dos contratos administrativos instituído por esta Lei confere à
Administração, em relação a eles, a prerrogativa de:
I - modificá-los, unilateralmente, para melhor adequação às finalidades de interesse
público, respeitados os direitos do contratado;
II - rescindi-los, unilateralmente, nos casos especificados no inciso I do art. 79 desta Lei;
III - fiscalizar-lhes a execução;
IV - aplicar sanções motivadas pela inexecução total ou parcial do ajuste;
V - nos casos de serviços essenciais, ocupar provisoriamente bens móveis, imóveis, pessoal
e serviços vinculados ao objeto do contrato, na hipótese da necessidade de acautelar
apuração administrativa de faltas contratuais pelo contratado, bem como na hipótese de
rescisão do contrato administrativo.
De outra banda, o Direito Privado tem por escopo a regulação dos interesses dos
particulares, tutelando as relações travadas entre as partes como forma de possibilitar o convívio
35
das pessoas em sociedade e a harmoniosa fruição e utilização de seus bens. Segundo Matheus
Carvalho, o direito privado tem como característica básica as suas normas supletivas, que podem
ser afastadas ou modificadas por acordo das partes interessadas. Ademais, o direito privado se
baseia na igualdade jurídica entre as pessoas tratadas nas relações por ele regidas.
CARVALHO, Matheus. Manual de direto administrativo - 4. ed. rev. ampl. e atual. - Salvador:
JusPODIVM, 2017. P.37.
36
LEGISLAÇÃO COMPILADA
Nesta seção, iremos indicar a legislação correlata ao assunto estudado. Nesse sentido,
denota-se importante uma leitura atenta das normas acerca do exaurimento das vias
administrativas ou sua utilização inicial como requisito, haja vista ser uma espécie de exceção e,
por isso, ser cobrada em provas de concurso público.
COMO REQUISITO:
1. Justiça Desportiva:
CONSULTAS:
LINDB: art. 30, caput e parágrafo único
37
LINDB: art. 4º
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JURISPRUDÊNCIA
39
manifestar acerca do pedido em até 90 dias. Se o pedido for acolhido administrativamente ou não
puder ter o seu mérito analisado devido a razões imputáveis ao próprio requerente, extingue-se a
ação. Do contrário, estará caracterizado o interesse em agir e o feito deverá prosseguir; V – Em todos
os casos acima – itens (a), (b) e (c) –, tanto a análise administrativa quanto a judicial deverão levar em
conta a data do início da ação como data de entrada do requerimento, para todos os efeitos legais.
Obs: Redação da tese aprovada nos termos do item 2 da Ata da 12ª Sessão Administrativa do STF,
realizada em 09/12/2015.
Comentário: Estudamos que, em alguns casos, é possível exigir do particular o exaurimento das
vias administrativas ou a sua utilização antes do ajuizamento de ação no Poder Judiciário. Desse
modo, nas ações contra o INSS, acerca de benefícios previdenciários, é necessário que seja
caracterizado o interesse de agir, conforme Tese do STF fixada em sede de Repercussão Geral.
e não se confunde com o exaurimento das vias administrativas, mas requer a sua prévia
utilização.
2. Habeas Data:
RHD 22, Relator(a): MARCO AURÉLIO, Relator(a) p/ Acórdão: CELSO DE MELLO, Tribunal Pleno,
julgado em 19/09/1991, DJ 01-09-1995 PP-27378 EMENT VOL-01798-01 PP-00001
40
instituições do Estado. - O habeas data configura remédio jurídico-processual, de natureza
constitucional, que se destina a garantir, em favor da pessoa interessada, o exercício de pretensão
jurídica discernível em seu tríplice aspecto: (a) direito de acesso aos registros; (b) direito de retificação
dos registros e (c) direito de complementação dos registros. - Trata-se de relevante instrumento de
ativação da jurisdição constitucional das liberdades, a qual representa, no plano institucional, a mais
expressiva reação jurídica do Estado às situações que lesem, efetiva ou potencialmente, os direitos
fundamentais da pessoa, quaisquer que sejam as dimensões em que estes se projetem. - O acesso ao
habeas data pressupõe, dentre outras condições de admissibilidade, a existência do interesse de
agir. Ausente o interesse legitimador da ação, torna-se inviável o exercício desse remédio
constitucional. - A prova do anterior indeferimento do pedido de informação de dados pessoais,
ou da omissão em atendê-lo, constitui requisito indispensável para que se concretize o interesse
de agir no habeas data. Sem que se configure situação prévia de pretensão resistida, há carência
da ação constitucional do habeas data.
Comentário: Esse julgado é antigo, mas é mencionado até hoje e explica claramente a natureza
e função do habeas data, bem como os requisitos para a sua impetração, conforme estudamos
RE 234068/DF, rel. Min. Sepúlveda Pertence, 19.10.2004. (RE-234068) – INFO 366 STF
Servidor Público. Aposentadoria. Férias Proporcionais. Lei Superveniente. Analogia. A Turma negou
provimento ao recurso extraordinário interposto contra acordão do Tribunal de Justiça do Distrito
Federal que mantivera sentença de primeiro grau e reconhecera a servidora pública, quando de sua
aposentadoria, o direito ao recebimento de férias proporcionais e de seu respectivo adicional de um
terço (CF, art. 7o, XVII), mediante a aplicação, por analogia, do § 3o do art. 78 da Lei 8.112/90 ("O
servidor exonerado do cargo efetivo, ou em comissão, perceberá indenização relativa ao período das
férias a que tiver direito e ao incompleto,..."). Sustentava a recorrente que, por ter a recorrida se
aposentado antes da vigência das leis que autorizaram a indenização de férias proporcionais, o
acordão, ao deferir-lhe esse direito, negara vigência ao art. 6o da LICC e conferira efeito retroativo ao
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art. 14 da Lei distrital 159/90, bem como ao art. 78 da Lei 8.112/90, ofendendo, por conseguinte, os
artigos 5o, II e XXXVI, e 7o, XVII, da CF. Entendeu-se, com base em precedente do STF, que não havia
que se falar em ofensa ao princípio da legalidade nem ao do direito adquirido se a decisão que
condenara a Administração Pública ao pagamento de férias proporcionais ao servidor que se
aposentara se fundara em aplicação analógica de lei superveniente em perfeita consonância com a CF
(art. 40, §4º, 2ª parte - atual §8º). Concluiu-se, ainda, não ter havido violação ao art. 7o, XVII, da CF,
já́ que "se há indenização é porque as férias, completas ou proporcionais, não foram gozadas, é certo
que deve ser integral, ou seja, abrangendo também o adicional de 1/3". Precedentes citados: RREE
202626/DF e 196569/DF (DJU de 29.11.2002). RE 234068/DF, rel. Min. Sepúlveda Pertence, 19.10.2004.
(RE-234068)
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MAPA MENTAL
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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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OLIVEIRA, RAFAEL CARVALHO REZENDE. CURSO DE DIREITO ADMINISTRATIVO. 6 ED. RIO DE JANEIRO:
FORENSE; SÃO PAULO: MÉTODO, 2018.
DI PIETRO, MARIA SYLVIA ZANELLA. DIREITO ADMINISTRATIVO. 32. ED. REV. ATUAL E AMPL. – RIO DE JANEIRO:
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MEIRELES, HELY LOPES. DIREITO ADMINISTRATIVO BRASILEIRO. 29 ED. SÃO PAULO: MALHEIROS, 2003.
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