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CARREIRAS

JURÍDICAS

CARREIRAS JURÍDICAS

DIREITO TRIBUTÁRIO

CAPÍTULO 4
Recado para você que está assistindo às videoaulas

Prezado aluno, a princípio, estamos trazendo algumas informações relevantes para você
que está assistindo às nossas videoaulas e complementará os estudos através do conteúdo do
nosso CERS Book. Portanto, você deve estar atento que:

O CERS book foi desenvolvido para complementar a aula do professor e te dar um suporte
nas revisões!

Um mesmo capítulo pode servir para mais de uma aula, contendo dois ou mais temas,
razão pela qual pode ser eventualmente repetido;

A ordem dos capítulos não necessariamente é igual à das aulas, então não estranhe se o
capítulo 03 vier na aula 01, por exemplo. Isto acontece porque a metodologia do CERS é baseada

no estudo dos principais temas mais recorrentes na sua prova de concurso público, por isso,
nem todos os assuntos apresentados seguem a ordem natural, seja doutrinária ou legislativa;

Esperamos que goste do conteúdo!

1
Assim, os assuntos de Direito Tributário estão distribuídos da seguinte forma:

CAPÍTULOS

Capítulo 1 – Tributos 


Capítulo 2 – PARTE 1 - O Estado e o poder de tributar. PARTE 2 -

Sistema Tributário Nacional
Capítulo 3 – Competência Tributária 

Capítulo 4 (você está aqui!) – PARTE 2 - Obrigação Tributária 

Capítulo 5 – Responsabilidade Tributária 


Capítulo 6 – Crédito Tributário 

Capítulo 7 – Suspensão do Crédito Tributário 

Capítulo 8 – Extinção do Crédito Tributário 

Capítulo 9 – Exclusão do Crédito Tributário 

Capítulo 10 – Garantias e Privilégios do Crédito Tributário 


Capítulo 11 – Administração Tributária 

Capítulo 12 – Disposições Finais e Transitórias do CTN 


Capítulo 13 – Processo administrativo fiscal 
Capítulo 14 – Processo judicial tributário. Ações de iniciativa do fisco.

Ações de iniciativa do contribuinte
Capítulo 15 – Tributação internacional 
Capítulo 16 – Aspectos tributários da Lei de Responsabilidade Fiscal 
Capítulo 17 – Aspectos tributários da Lei de Diretrizes Orçamentárias 
Capítulo 18 – Aspectos tributários da Lei n° 4.320 
Capítulo 19 – Ilícito tributário. Ilícito e sanção. Ilícito administrativo

tributário. Ilícito penal tributário
Capítulo 20 – Sistema integrado de pagamento de impostos e

SIMPLES Nacional
Capítulo 21 – Lei Complementar n.º 116/2003 

2
SOBRE ESTE CAPÍTULO

Agora, na segunda parte do quarto capítulo você explorará os aspectos relacionados à


obrigação tributária, o fato gerador, os sujeitos da relação tributária, suas espécies, disposições
acerca da solidariedade passada. Além disso, estudará disposições que tratam da capacidade e
domicílio tributário.

Ao operador do Direito é indispensável o conhecimento acerca do Direito Tributário e de


todo o conjunto das leis reguladoras da arrecadação dos tributos (taxas, impostos e contribuição
de melhoria), bem como de sua fiscalização, considerando as relações entre o fisco e as pessoas
sujeitas a imposições tributárias de qualquer espécie.

Atente que esta disciplina é especialmente exigida em certames para Procuradoria


Estadual, com recorrência relevante também em provas para a Magistratura Estadual, Federal
seguidos por Ministério Público e Defensoria Pública.

No Direito Tributário você deve privilegiar o estudo da Lei Seca, sendo certo que o
Examinador tem predileção por disposições objetivas da letra da lei. Todavia, não deve-se olvidar
da doutrina, especialmente quanto às questões conceituais, e da jurisprudência relativa aos
diversos temas que abrangem o plexo de relações jurídicas entre Estado e contribuinte.

3
SUMÁRIO

DIREITO TRIBUTÁRIO .............................................................................................................................. 5

Capítulo 4 – Parte 02 .............................................................................................................................. 5

4. Obrigação Tributária ........................................................................................................................ 5

4.1 Obrigação tributária ............................................................................................................................................. 5

4.1.1 Fato gerador......................................................................................................................................................... 10

4.1.2 Sujeitos da relação tributária ........................................................................................................................ 20

4.1.2.1 Sujeito ativo ......................................................................................................................................................... 20

4.1.2.2 Sujeito passivo .................................................................................................................................................... 21

4.1.3 Espécies .................................................................................................................................................................. 23

4.1.4 Solidariedade passiva ....................................................................................................................................... 25

4.1.5 Capacidade tributária ....................................................................................................................................... 26

4.1.6 Domicílio tributário ........................................................................................................................................... 27

QUADRO SINÓPTICO ............................................................................................................................ 30

QUESTÕES COMENTADAS ................................................................................................................... 34

GABARITO ............................................................................................................................................... 50

QUESTÃO DESAFIO ................................................................................................................................ 51

GABARITO QUESTÃO DESAFIO ........................................................................................................... 52

LEGISLAÇÃO COMPILADA .................................................................................................................... 54

JURISPRUDÊNCIA................................................................................................................................... 56

MAPA MENTAL ...................................................................................................................................... 59

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .......................................................................................................... 60

4
DIREITO TRIBUTÁRIO

Capítulo 4 – Parte 02

Nesta segunda parte do quarto capítulo você explorará os aspectos relacionados à obrigação
tributária, o fato gerador, os sujeitos da relação tributária, suas espécies, disposições acerca da
solidariedade passada. Além disso, estudará disposições que tratam da capacidade e domicílio
tributário.

4. Obrigação Tributária

4.1 Obrigação tributária

Inicialmente, você precisa compreender em que consiste o termo obrigação. Para o Direito
Civil, obrigação é uma relação jurídica de caráter transitório estabelecida entre devedor e credor,

e cujo objeto consiste em uma prestação pessoal e econômica, positiva ou negativa, devida pelo
primeiro ao segundo, garantindo-se o adimplemento através do seu patrimônio (GONÇALVES,
2017).

O mesmo ocorre no Direito Tributário, pois a relação jurídico-tributária é evidentemente

obrigacional.

Em matéria tributária, a obrigação pode se dividir em principal ou acessória, cada uma


com suas próprias características:

 Obrigação principal: decorre exclusivamente de lei e tem como objeto o pagamento


de tributo ou penalidade pecuniária (multa). É a chamada “obrigação de dar”.

Inteligência do art. 113, § 1º, do CTN. Assim, conclui-se que multa não é tributo, mas
a obrigação de pagá-la tem natureza tributária;

5
 Obrigação acessória: decorre da legislação tributária e tem por objeto as prestações

positivas ou negativas (“fazer” ou “não fazer”) no interesse da arrecadação ou


fiscalização dos tributos; configura-se como um dever burocrático, sem conteúdo

economicamente apreciável. Exemplo: escriturar livros fiscais. Art. 113, § 2º, do CTN.
Independe da existência da obrigação principal. Mesmo que imunes à obrigação

principal, o sujeito passivo precisa cumprir as obrigações acessórias1.

OBRIGAÇÃO PRINCIPAL OBRIGAÇÃO ACESSÓRIA

• Decorre exclusivamente de lei e • Decorre da legislação tributária e


tem como objeto o pagamento tem por objeto as prestações
de tributo ou penalidade positivas ou negativas no
pecuniária (multa). É a chamada interesse da arrecadação ou
“obrigação de dar”. fiscalização dos tributos.
• A multa não é tributo, mas a • Dever burocrático, sem conteúdo
obrigação de pagá-la tem economicamente apreciável.
natureza tributária;

1
Vide questões 6, 8, 9
6
Você já viu anteriormente que o artigo 96 do Código Tributário Nacional integra no conceito
de legislação tributária a lei em sentido estrito, os tratados e convenções internacionais, os

decretos e as normas complementares.

Qualquer desses atos normativos pode instituir uma obrigação acessória (incluindo a lei em

sentido estrito), mas apenas a lei (e nenhum outro componente da legislação tributária) tem o
condão de criar obrigações principais, haja vista o condicionamento do Direito Tributário ao
princípio da legalidade.

O §3º do art. 113 do CTN estabelece que “a obrigação acessória, pelo simples fato da sua
inobservância, converte-se em obrigação principal relativamente à penalidade pecuniária”.

É necessário que você preste atenção quanto à redação desse parágrafo: tecnicamente,
não há uma conversão, pois uma obrigação não substitui a outra (exemplo: se o contribuinte

deixa de escriturar livros fiscais, recebe uma multa, que não extingue a obrigação acessória
originária – a de escrituração).

Entendeu? Em resumo, o descumprimento da obrigação acessória apenas dá origem a uma


principal (a penalidade pecuniária), sem excluir a primeira.

Segundo Ricardo Alexandre “a obrigação acessória não necessariamente deve estar


prevista na lei e não tem cunho patrimonial, como, por exemplo, obrigação de emitir nota
fiscal”. Diferentemente da obrigação principal, que é essencialmente patrimonial, já que é

pecuniária.

7
A CESPE em 2019 cobrou este assunto em certame do MPE-PI para Promotor de Justiça
Substituto. Veja como o examinador abordou o tema:

De acordo com o Código Tributário Nacional, constitui um traço distintivo entre a obrigação
tributária principal e a obrigação tributária acessória o fato de que

A) somente a obrigação principal decorre da legislação tributária, uma vez que a obrigação
acessória é determinada por normas de direito civil ou empresarial.

B) a obrigação principal tem por objeto o pagamento de tributo ou de penalidade pecuniária,


ao passo que a obrigação acessória tem por objeto as prestações, positivas ou negativas,
previstas no interesse da arrecadação ou da fiscalização dos tributos.

C) a obrigação principal somente pode ter como objeto o pagamento de tributo; a obrigação
acessória, por sua vez, deve ter por objeto o pagamento de uma penalidade pecuniária.

D) somente a obrigação principal decorre de um fato gerador; a obrigação acessória é imposta


a terceiro que, sem possuir a condição de contribuinte, tem uma obrigação decorrente de
disposição expressa de lei.

E) a obrigação principal é devida pelo contribuinte, ao passo que a obrigação acessória é imposta
e compete ao responsável tributário.

Letra A incorreta, posto que o art. 113, §2º, CTN é expresso no sentido que a obrigação acessória
decorre da legislação tributária.

O gabarito da questão é a letra B pois guarda compatibilidade com o previsto no art. 113, §1º
(para a obrigação tributária principal), e no §2º, CTN (para a obrigação tributária acessória).

A assertiva C está errada. A obrigação principal tem por objeto pagamento, que pode ser tributo
ou penalidade. Já a obrigação acessória se trata de obrigação de fazer.

Letra D incorreta posto que a obrigação acessória não é imposta apenas a terceiros.

8
Por fim, errada a assertiva E. A obrigação principal pode ser devida tanto pelo contribuinte,
como pelo responsável tributário.

Art. 113. A obrigação tributária é principal ou acessória.

§ 1º A obrigação principal surge com a ocorrência do fato gerador, tem por objeto o pagamento
de tributo ou penalidade pecuniária e extingue-se juntamente com o crédito dela decorrente.

§ 2º A obrigação acessória decorre da legislação tributária e tem por objeto as prestações,


positivas ou negativas, nela previstas no interesse da arrecadação ou da fiscalização dos tributos.

§ 3º A obrigação acessória, pelo simples fato da sua inobservância, converte-se em obrigação


principal relativamente à penalidade pecuniária.

Tributos
Principal Decorre da lei
Penalidades pecuniárias
Obrigação
tributária
Decorre da legislação Prestações positivas ou
Acessória
tributária negativas não patrimoniais

Insta salientar que o surgimento de uma obrigação tributária está condicionado ao


preenchimento de dois requisitos, quais sejam, a ocorrência de um fato gerador e a existência

9
de vínculo jurídico entre duas partes (sujeitos da relação tributária). Adiante, breves

considerações sobre ambos os tópicos.

Lembre-se de importante obrigação tributária acessória dos titulares de delegação de serviços


extrajudiciais: Emissão da DOI (Declaração de Operações Imobiliárias), que deverá ser

apresentada até o último dia útil do mês subsequente a prática dos atos (conforme Instrução
Normativa 1.112 de 2010 da Receita Federal).

Ressalta-se, ainda, o provimento 88 do CNJ (com alterações posteriores pelo provimento 90 do


CNJ) que dispõe sobre a política, os procedimentos e os controles a serem adotados pelos
notários e registradores visando à prevenção dos crimes de lavagem de dinheiro, previstos na
Lei n. 9.613, de 3 de março de 1998 e do financiamento do terrorismo, previsto na Lei n. 13.260,
de 16 de março de 2016, em que os Notários e Registradores devem comunicar atividades
suspeitas à Unidade de Inteligência Financeira – UIF. Segundo o art. 17 do referido provimento,
o notário ou registrador, ou seu oficial de cumprimento, informará à Corregedoria-Geral de
Justiça estadual ou do Distrito Federal, até o dia 10 dos meses de janeiro e julho, a inexistência,
nos seis meses anteriores, de operação ou proposta de operação passível de comunicação à
Unidade de Inteligência Financeira – UIF.

4.1.1 Fato gerador

Segundo Kiyoshi Harada (2018), costuma-se definir fato gerador como “uma situação
abstrata, descrita na lei, a qual, uma vez ocorrida em concreto enseja o nascimento da obrigação

tributária”. O autor destaca, contudo, uma rejeição de parte dos doutrinadores à nomenclatura
adotada pelo Código Tributário Nacional:

Essa expressão fato gerador, empregada pelo CTN, tem merecido violentas críticas por
certos setores da doutrina, sob a alegação de que nada gera, a não ser confusão na mente
dos juristas. Por isso, preferem a expressão hipótese de incidência ou hipótese tributária
para designar a descrição legislativa de um fato, e a expressão fato imponível ou fato
jurídico-tributário ou ainda hipótese de incidência realizada para designar aquele fato
concreto, localizado no tempo e no espaço2.

2
Vide questão 12
10
O estudo do fato gerador é o ponto central da teoria do direito tributário e a ele você

deve dedicar especial atenção sabendo desde agora que sua recorrência é relevante em
concursos públicos.

Ricardo Alexandre (2017) ensina que a imensa maioria das lides tributárias tem como

pano de fundo a discussão sobre a ocorrência ou não do fato gerador e, portanto, a


incidência ou não de determinado tributo.

A princípio destaca-se a imprecisão do Código Tributário Nacional ao reunir realidades

completamente distintas sob a mesma rubrica, qual seja, fato gerador.

Sobre o tema, explica o supracitado autor:

A palavra "fato" se refere a algo concretamente verificado no mundo. Tanto é assim que
as pessoas que prezam por um português escorreito, evitando as redundâncias, não dizer.
que "o fato é verdadeiro", dizem simplesmente «é fato", pois se é fato, é verdadeiro. O
problema é que o CTN trata como fato tanto a descrição abstrata prevista em lei quanto
a situação concreta verificada no mundo.

O problema é que o CTN trata como fato tanto a descrição abstrata prevista em lei quanto
a situação concreta verificada no mundo. Uma comparação com o direito penal· ajuda a
demonstrar a diferença. O art. 121 do Código Penal tipifica como homicídio a conduta de
"matar alguém" Nenhum penalista denominaria a previsão abstrata do dispositivo de "fato
típico", mas sim de "tipo penal''. Quando uma pessoa mata alguém no mundo concreto,
aí sim tem-se por ocorrido o fato típico. É simples assim: fato é o que ocorre no mundo,
tipo é a previsão abstrata, na letra da lei.

O CTN, em seu art. 114, afirma que o "fato gerador da obrigação principal é a situação
definida em lei como necessária e suficiente à sua ocorrência". Ora, se apenas está definida
em. lei, a situação não poderia ser denominada de "fato". Por isso, a boa doutrina afirma
que a previsão abstrata deve ser denominada "hipótese'; pois se refere a algo que pode
vir a ocorrer no mundo, tendo como consequência a incidência tributária. Daí a famosa
terminologia hipótese de incidência.

Já no art. 113, § 1.º, o CTN afirma que "a obrigação principal surge com a ocorrência do
fato gerador", neste caso o Código se refere efetivamente a um fato da vida, verificado
no mundo concreto, sendo lícito denominar a situação de "fato gerador". Alguns
doutrinadores preferem as denominações "fato imponível", "fato jurídico tributário'' ou
"fato jurígeno tributário'', mas o que é relevante é utilizar a palavra fato apenas para
situações concretas, jamais para se referir a meras hipóteses.

11
De qualquer modo, para compreender a dinâmica utilizada pelo legislador, é necessário

que você compreenda a expressão “fato gerador” sob dois aspectos: de partida, um abstrato,
referente a uma previsão normativa de uma situação que, se ocorresse, ensejaria a incidência

de uma obrigação; em segundo lugar, um concreto, que consiste na efetiva ocorrência –


realidade social – da situação hipotética prevista em lei ou legislação tributária.

Exemplo: o art. 32 do CTN (lei) define como fato gerador abstrato do IPTU “a propriedade,

o domínio útil ou a posse de bem imóvel por natureza ou por acessão física, como definido na
lei civil, localizado na zona urbana do Município”; se um determinado sujeito, na prática, adquire

um imóvel urbano, está configurado o fato gerador concreto desse imposto, o que implica a
criação de uma obrigação tributária principal de pagamento do tributo.

Em termos técnicos, um antecedente (fato gerador, derivado do Poder Descritor) gera um

consequente normativo (Poder Prescritor).

Em concreto Fato imponível

FATO GERADOR

Hipótese de
Em abstrato
incidência

O art. 114 do CTN prevê que o fato gerador da obrigação principal “é a situação definida

em lei como necessária e suficiente à sua ocorrência”.

12
De seu turno, o art. 115 do CTN define como fato gerador da obrigação acessória

“qualquer situação que, na forma da legislação aplicável, impõe a prática ou a abstenção de


ato que não configure obrigação principal”.

Em síntese, as obrigações acessórias se destinam a facilitar o cumprimento – e comprová-

lo – das principais.

Assim, a definição legal da situação que constitui o fato gerador da obrigação principal
deve ser feita necessariamente por lei ou ato de igual hierarquia. Já a definição da situação que

constitui o fato gerador de obrigação acessória pode ser feita pela legislação tributária.

O Código Tributário Nacional determinou o momento de ocorrência do fato gerador com


base na seguinte classificação:

 Situação de fato: a situação escolhida pelo legislador para a definição do fato gerador
do tributo possuía, antes do advento da norma tributária, relevância meramente

econômica, não produzindo efeitos jurídicos.

Salvo disposição de lei em contrário, considera-se como ocorrido o fato gerador

definido com base em situação de fato desde o momento em que se verifiquem as


circunstâncias materiais necessárias a que produza os efeitos que normalmente lhe

são próprios.

Exemplo: as importações não eram regidas por outros ramos do direito. Neste caso,

o fato gerador do Imposto de Importação se dá pelo fato em si – a entrada de

produtos estrangeiros no País. Inciso I do art. 116 do CTN;

 Situação jurídica/de direito: a situação definida como fato gerador se enquadra com

precisão em alguma hipótese já prevista em lei como geradora de consequências.

Salvo disposição de lei em contrário, considera-se como ocorrido o fato gerador


definido com base em situação jurídica desde o momento em que esteja

definitivamente constituída (aperfeiçoada), nos termos de direito aplicável.

13
Exemplo: a propriedade já era regida pelo Código Civil, que estabelece, em seu art.

1.245, que a transmissão inter vivos se dá somente pelo devido registro imobiliário.
Logo, o fato gerador do Imposto sobre a Transmissão de Bens Imóveis segue essa

regra, não bastando a mera transmissão fática – sem a documentação apta à

produção de efeitos jurídicos – de um imóvel). Inciso II do art. 116 do CTN.

Imperioso destacar também as situações condicionais. De acordo com o artigo 121 do


Código Civil, “considera-se condição a cláusula que, derivando exclusivamente da vontade das

partes, subordina o efeito do negócio jurídico a evento futuro e incerto”.

No Direito Tributário isso também acontece: para se definir o momento em que o fato
gerador se reputa aperfeiçoado, o CTN também classifica as condições em suspensivas e

resolutivas/resolutórias. Leia com atenção:

 Condições suspensivas: há efeitos a partir da ocorrência de um fato. Salvo disposição


de lei em contrário, a eficácia surge somente com o implemento da condição (“A” e
“B” celebram um negócio estabelecendo que “A” doará um imóvel a “B” se este se
casar. Neste caso hipotético, o fato gerador do ITCMD3 ocorrerá apenas com a tal

doação – que depende do efetivo casamento de “B”). Inciso I do art. 117 do CTN4;

 Condições resolutivas: seu implemento acarreta a resolução do ato ou negócio

jurídico celebrado. Salvo disposição de lei em contrário, os atos ou negócios jurídicos


com condição resolutória reputam-se perfeitos e acabados desde o momento da

prática do ato ou da celebração do negócio (exemplo: no mesmo acordo, “A” estipula


a devolução do imóvel caso “B” desfaça seu casamento.

Neste caso, o negócio jurídico produz efeitos até o eventual divórcio de “B”, mas o
fato gerador do ITCMD já é considerado perfeito desde a doação do imóvel –

3
Imposto sobre a Transmissão Causa Mortis e Doação.
4
Vide questão 4
14
independentemente da condição resolutiva se concretizar ou não). Inciso II do art.

117 do CTN.

CONDIÇÕES SUSPENSIVAS CONDIÇÕES RESOLUTIVAS

• Há efeitos a partir da ocorrência de um • Seu implemento acarreta a resolução


fato. do ato ou negócio jurídico celebrado.
• Salvo disposição de lei em contrário, a • Salvo disposição de lei em contrário, os
eficácia surge somente com o atos ou negócios jurídicos com
implemento da condição. condição resolutória reputam-se
perfeitos e acabados desde o momento
da prática do ato ou da celebração do
negócio.

Consoante os ensinamentos de Ricardo Alexandre (2017, p. 341-344), existem três meios


para se “fugir” das obrigações tributárias, sendo estes a evasão, a elusão e a elisão:

(1) Evasão fiscal: é uma conduta ilícita em que o sujeito passivo, geralmente após a
ocorrência do fato gerador, pratica atos que visam a evitar o conhecimento, pela

autoridade fiscal, do nascimento da obrigação tributária (o fato gerador ocorre, mas


o contribuinte o esconde do Fisco). Exemplo: fraudar notas fiscais;

(2) Elisão fiscal: é a prática, pelo sujeito passivo, de ato ou celebração de negócio
legalmente previsto, com o intuito de obter isenção, não incidência ou incidência
menos onerosa de determinada obrigação tributária. Tende a ocorrer antes da

15
verificação do fato gerador. Resumidamente, trata-se de um planejamento tributário

lícito.

Exemplo: ao declarar renda para fins de IRPF, o contribuinte pode escolher entre o

modelo completo (há abatimento dos rendimentos tributáveis de determinadas


despesas, nos termos da lei tributária) e o simplificado (o contribuinte substitui as

deduções que lhe seriam cabíveis por uma dedução-padrão de 20%), ainda que o
segundo modelo implique redução no valor do imposto a ser recolhido;

(3) Elusão fiscal/elisão ineficaz: para adquirir isenção, não incidência ou incidência
menos onerosa de uma obrigação tributária, o sujeito se utiliza de uma forma
artificiosa e abusiva de ato ou negócio jurídico, conferindo-lhe uma falsa aparência
de licitude. Ocorre tanto antes quanto depois do fato gerador, e se trata de hipótese
de simulação de negócio jurídico.

Exemplo: “A” e “B” constituem sociedade de forma simulada, com o único objetivo de
se beneficiarem da imunidade contida no art. 156, §2º, inciso I, da CF/1988 e,

consequentemente, não serem obrigados ao recolhimento do imposto incidente


sobre transmissão onerosa de bem imóvel (ITBI).

O parágrafo único do artigo 116 do Código Tributário Nacional consagra a norma geral
de antielisão fiscal, de acordo com a qual “a autoridade administrativa poderá desconsiderar
atos ou negócios jurídicos praticados com a finalidade de dissimular a ocorrência do fato
gerador do tributo ou a natureza dos elementos constitutivos da obrigação tributária,

observados os procedimentos a serem estabelecidos em lei ordinária”.

Observe que a norma tem como objetivo evitar a elusão fiscal (elisão ineficaz), mas não

pode desconstituir determinado negócio jurídico, apenas desconsiderá-lo (o negócio não perde
a eficácia).

16
No exemplo de elusão acima citado, o Fisco não pode extinguir a sociedade criada entre

“A” e “B”, mas lhe é permitido considerar a imunidade como não caracterizada (em virtude da
simulação) e efetuar normalmente a cobrança do ITBI.

CUIDADO! Em tese, a norma geral de antielisão fiscal poderia coibir, também,


determinadas práticas de elisão propriamente dita. No entanto, a parte final do aludido

dispositivo faz expressa menção à necessidade complementação por lei, por ora inexistente, de
modo que a norma prevista no art. 116, parágrafo único, do CTN ainda não pode ser adotada

em termos práticos para situações de planejamento financeiro (a norma é aplicável no caso de


simulação em decorrência da necessidade de proteção do interesse público e da
indisponibilidade do patrimônio público).

Nesse sentido, já se manifestou o Superior Tribunal de Justiça:

TRIBUTÁRIO E PROCESSUAL CIVIL. AGRAVO INTERNO. PREJUÍZOS FISCAIS.


COMPENSAÇÃO. EMPRESA INCORPORADORA. VEDAÇÃO DO ART. 33 DO DECRETO-LEI
2.341/1987 (...) O titular da competência tributária pode através de normatização adequada
excluir as zonas de não-incidência para impedir a utilização da elisão tributária. Não há o
que a doutrina chamou de poder geral da Administração tributária para desconstituir
atos e negócios jurídicos (a chamada norma geral antielisão) já que o art. 116,
parágrafo único, do CTN é norma de eficácia limitada, carente de lei para produzir
efeitos (...) (grifo nosso) (STJ, AgInt nos EDcl no REsp 1.725.911/SP, Rel. Ministro Herman
Benjamin, Segunda Turma, julgado em 12/02/2019, DJe 11/03/2019).

Seguindo, observe que artigo 118 do Código Tributário Nacional preconiza que a definição

legal do fato gerador é interpretada abstraindo-se a validade jurídica dos atos efetivamente
praticados pelos contribuintes, responsáveis, ou terceiros, bem como a natureza de seu objeto,

ou dos efeitos dos fatos efetivamente ocorridos.


Logo, para o Direito Tributário, a capacidade tributária independe, por exemplo, da

capacidade civil das pessoas naturais (a priori, um sujeito absolutamente incapaz no âmbito do
Direito Civil pode figurar como contribuinte, bastando a ocorrência dos fatos geradores

normativamente prescritos).

17
Aliás, repare que a origem do fato gerador também é irrelevante, podendo derivar até

mesmo de atividades ilícitas; trata-se do princípio da pecunia non olet, sustentado pelo
Supremo Tribunal Federal:

2. A jurisprudência da Corte, à luz do art. 118 do Código Tributário Nacional, assentou


entendimento de ser possível a tributação de renda obtida em razão de atividade ilícita,
visto que a definição legal do fato gerador é interpretada com abstração da validade
jurídica do ato efetivamente praticado, bem como da natureza do seu objeto ou dos seus
efeitos. Princípio do non olet. Vide o HC nº 77.530/RS, Primeira Turma, Relator o Ministro
Sepúlveda Pertence, DJ de 18/9/98. 3. Ordem parcialmente conhecida e denegada (STF,
HC 94.240/SP, Rel. Min. Dias Toffoli, Primeira Turma, julgado em 23/08/2011, DJe
11/10/2011).

Para fins de fixação da regra matriz de incidência da obrigação tributária, o fato gerador
pode ser analisado por meio de cinco critérios, assim elencados (PAVANI, 2011):

 Critério pessoal: relaciona os sujeitos ativo e passivo da obrigação tributária;

 Critério quantitativo: expressa os parâmetros necessários à aferição do valor da

prestação pecuniária principal (base de cálculo e a alíquota). A partir deste critério é


fixado o quantum debeatur do tributo;

 Critério material: refere-se a aspectos substanciais do fato ou conjunto de fatos que

servem de suporte à hipótese de incidência tributária. É a descrição do fato em si;

 Critério temporal: estabelece o momento em que se considera praticado o fato


gerador;

 Critério espacial: determina o local de ocorrência do fato gerador. Através deste

critério é definida a limitação territorial do alcance da legislação tributária.

18
Critério pessoal

Critério quantitativo

CRITÉRIOS PARA
ANÁLISE DO FATO Critério material
GERADOR

Critério temporal

Critério espacial

O fato gerador da obrigação tributária não pode ser considerado como um negócio jurídico,
pois a vontade do agente é irrelevante para fins tributários.

Por essa razão, diz-se que o fato gerador detém caráter avolitivo.

19
Segundo Paulo de Barros Carvalho, o antecedente da regra matriz de incidência tributária é

composta por três critérios: material (que é composta por um verbo e complemento, como
auferir renda por exemplo); espacial (onde o ato foi praticado); e temporal (quando o ato foi

praticado)5.

4.1.2 Sujeitos da relação tributária

4.1.2.1 Sujeito ativo

Dispõe o art. 119 do CTN que o sujeito ativo da obrigação “é a pessoa jurídica de direito

público, titular da competência para exigir o seu cumprimento”.

Pode ser classificado em direto (ente tributante com competência tributária – União,
Estados, Municípios ou Distrito Federal) e indireto (outra pessoa jurídica de direito público a

quem tenha sido delegada a capacidade ativa. O sujeito ativo indireto jamais possui

competência tributária).

Pessoas jurídicas de direito privado não podem ser sujeitos ativos da obrigação tributária,

mas podem ser destinatárias do produto da arrecadação.

5
Vide questão 1
20
Tem competência e capacidade
Direto
tributária ativa
Sujeito
ativo
Tem apenas capacidade tributária ativa
Indireto
(por delegação)

O art. 120 do CTN prevê uma hipótese de modificação superveniente de sujeito ativo:
“salvo disposição de lei em contrário, a pessoa jurídica de direito público, que se constituir pelo
desmembramento territorial de outra, subroga-se nos direitos desta, cuja legislação tributária

aplicará até que entre em vigor a sua própria”.

Trata-se da extraterritorialidade da legislação tributária. Desse modo, a título


exemplificativo, na hipótese de desmembramento de uma parcela territorial do Estado “A” para
a criação do Estado “B”, este poderá adotar as normas daquele até o advento de suas próprias,

a fim de evitar lacunas legislativas e insegurança jurídica.

4.1.2.2 Sujeito passivo

Segundo o art. 121 do CTN, “sujeito passivo da obrigação principal é a pessoa obrigada
ao pagamento de tributo ou penalidade pecuniária”.

Na obrigação principal, o sujeito passivo pode ser classificado em contribuinte (sujeito


passivo direto, possui relação pessoal e direta com a situação que constituir o respectivo fato
gerador – parágrafo único, inciso I, do art. 121 do CTN) e responsável (sujeito passivo indireto,

não possui a condição de contribuinte, mas sua obrigação decorre de disposição expressa
de lei – parágrafo único, inciso II, do art. 121 do CTN) 6.

Existe uma classificação econômica do contribuinte em “de direito” e “de fato”, sendo
que contribuinte de direito é o que possui a obrigação legal de efetuar o pagamento do

6
Vide questão 3
21
tributo, e contribuinte de fato é o que não integra a relação jurídica (não tem a obrigação

legal de pagar o tributo), mas arca com o ônus fiscal (POSSAS, 2018).

Observe o seguinte exemplo: no caso dos tributos indiretos, definidos como aqueles em

que o ônus do tributo é repassado ao adquirente da mercadoria, produto, serviço etc., como
o ICMS, o sujeito que compra a mercadoria (consumidor) arca com o ônus referente ao aludido

imposto – através da inclusão do tributo no valor total da compra –, e por isso é chamado de
contribuinte (de fato), mas a obrigação de recolher o ICMS na operação permanece atrelada

ao comerciante (contribuinte de direito).

De outra banda, quanto à obrigação acessória, o art. 122 do CTN estabelece como
sujeito passivo “a pessoa obrigada às prestações que constituam o seu objeto”.

Com relação direta e


pessoal
De fato
Obrigação Contribuinte
principal De direito

Sem relação direta e


Sujeito Responsável
passivo pessoal

Obrigação
Pessoa obrigada às prestações positivas ou negativas
acessória

22
Consoante o art. 123 do CTN, as convenções particulares, salvo disposição de lei em

contrário, não podem modificar a definição legal de sujeito passivo da obrigação tributária
devida à Fazenda Pública.

Nesse sentir, não pode o locador de um imóvel, por exemplo, transferir a titularidade da
obrigação de pagar IPTU ao locatário (pois a obrigação está vinculada ao proprietário do imóvel.

Vale ressaltar, porém, que é permitido transferir ao locatário a obrigação de pagar as contas
de consumo diretamente com os órgãos fiscalizadores, uma vez que estas não são tributos).

Atine que a existência de uma cláusula contratual privada modificando sujeito passivo
de obrigação (principal ou acessória) tributária, ainda que plenamente válida entre as
partes, não produz efeitos perante o Fisco.

Segundo o STJ, o magistrado não pode ampliar o conceito legal de sujeito passivo da
obrigação tributária para abranger todo um grupo econômico de empresas e não apenas a

pessoa jurídica que efetivamente pagou a maior o tributo devido.

4.1.3 Espécies

Os entes devedores, seja do tributo, seja da multa, são denominados: contribuinte e


responsável. Vale dizer: sujeito passivo DIRETO e sujeito passivo INDIRETO.

A. Contribuinte: aquele que tem uma relação pessoal e direta com o fato gerador.

B. Responsável: é a terceira pessoa escolhida por lei para pagar o tributo, sem ter
realizado o fato gerador. Naturalmente, há um nexo mínimo que liga esse terceiro
ao FG, tornando-o devedor do tributo 7.

Abaixo seguem alguns exemplos, apenas para rápida visualização e fácil compreesão:

Art. 130. Os créditos tributários relativos a impostos cujo fato gerador seja
a propriedade, o domínio útil ou a posse de bens imóveis, e bem assim os

7
Vide questão 7
23
relativos a taxas pela prestação de serviços referentes a tais bens, ou a
contribuições de melhoria, sub-rogam-se na pessoa dos respectivos
adquirentes, salvo quando conste do título a prova de sua quitação.
Parágrafo único. No caso de arrematação em hasta pública, a sub-rogação
ocorre sobre o respectivo preço.

Art. 131. São pessoalmente responsáveis:


I - o adquirente ou remitente, pelos tributos relativos aos bens adquiridos
ou remidos;
II - o sucessor a qualquer título e o cônjuge meeiro, pelos tributos devidos
pelo de cujus até a data da partilha ou adjudicação, limitada esta
responsabilidade ao montante do quinhão do legado ou da meação;
III - o espólio, pelos tributos devidos pelo de cujus até a data da abertura
da sucessão.

Para saber se é contribuinte ou responsável tributário, faça a seguinte indagação: possui


relação pessoal e direta com o fato gerador?

 SIM = será contribuinte (sujeito passivo direito)


 NÃO = será responsável tributário (sujeito passivo indireto)

Em ambas as hipóteses, haverá necessidade de previsão legal expressa indicando quem


é o sujeito passivo.

O STJ tem entendimento em sede de recurso repetitivo (Tema 382), no sentido que "A
responsabilidade tributária do sucessor abrange, além dos tributos devidos pelo sucedido, as
multas moratórias ou punitivas, que, por representarem dívida de valor, acompanham o passivo

24
do patrimônio adquirido pelo sucessor, desde que seu fato gerador tenha ocorrido até a data

da sucessão".8.

4.1.4 Solidariedade passiva

Preceitua o Código Civil, em seu artigo 264, que há solidariedade quando na mesma

obrigação concorre mais de um credor ou devedor, cada um com direito, ou obrigado, à dívida
toda.

No Direito Tributário, não há solidariedade ativa, porquanto na relação jurídico-tributária


o credor é a pessoa política a quem a Constituição Federal atribuiu a competência para instituir

o tributo ou a quem a capacidade tributária tenha sido delegada.

Quanto à solidariedade passiva, são solidariamente obrigadas, nos termos do artigo 124
do Código Tributário Nacional:

(1) As pessoas com interesse comum na situação que constitua o fato gerador da
obrigação principal (solidariedade de fato.

Exemplo: dois proprietários de um mesmo imóvel, que devem o IPTU em sua


integralidade, pois ambos causaram a ocorrência do fato gerador);

(2) As pessoas expressamente designadas por lei (solidariedade de direito.

Exemplo: na importação de bens, a transportadora é solidariamente obrigada ao

pagamento do tributo, mesmo que não tenha realizado o fato gerador).

Os sujeitos passivos solidários se responsabilizam igual e concomitantemente pelo


cumprimento da obrigação, sem benefício de ordem (direito de preferência que existe no

8
Vide questão 2
25
Direito Civil, a exemplo dos fiadores, que podem exigir que a execução se inicie com o locatário,

contanto que haja previsão contratual nesse sentido).

No que tange aos efeitos da solidariedade, dispõe o art. 125 do CTN da seguinte forma:

 Salvo disposição de lei em contrário, o pagamento realizado por um dos obrigados


aproveita aos demais (pois todos são devedores de um único débito);

 A isenção ou remissão de crédito exonera todos os obrigados (salvo se o benefício


for específico a um dos devedores.

Exemplo: por circunstâncias específicas e pessoais, um dos devedores se torna isento;


nesse caso, os demais se responsabilizam pelo saldo em aberto, incluindo a parte
que cabia ao que recebeu a isenção. Trata-se da característica de unidade da

obrigação);

 A interrupção da prescrição em relação a um dos obrigados se estende aos demais

(independentemente de isso ser favorável ou prejudicial a eles).

4.1.5 Capacidade tributária

A capacidade tributária ativa se refere à possibilidade de fiscalizar e arrecadar tributos,

bem como de executar leis, serviços, atos ou decisões administrativas, e é conferida, em um


primeiro momento, aos entes federados (sujeitos ativos diretos), que também detêm a

competência tributária (atribuição constitucional do poder de tributar). Todavia, a capacidade


ativa – e jamais a competência, vale reiterar – pode ser transferida por eles a outras pessoas

jurídicas de direito público (sujeitos ativos indiretos).

26
A delegação de capacidade tributária ativa pode ser revogada a qualquer tempo, por ato

unilateral da entidade competente. Inteligência do art. 7º do Código Tributário Nacional.

Preste atenção! Este tema costuma ser cobrado em concursos públicos. O art. 126 do CTN
aduz que a capacidade tributária passiva independe:

 Da capacidade civil das pessoas naturais9;

 De achar-se a pessoa natural sujeita a medidas que importem privação ou limitação


do exercício de atividades civis, comerciais ou profissionais, ou da administração direta de seus
bens ou negócios;

 De estar a pessoa jurídica regularmente constituída, bastando que configure uma


unidade econômica ou profissional.

Pela leitura desse artigo, nota-se que as regras do Direito Civil sobre capacidade não se
aplicam no Direito Tributário. Por conseguinte, não há qualquer óbice à caracterização do menor

(inciso I), do sujeito em exercício irregular da profissão (inciso II) e do comerciante clandestino
(inciso III), por exemplo, como sujeitos passivos de obrigações tributárias (SABBAG, 2017).

4.1.6 Domicílio tributário

Leandro Paulsen (2017) ensina que domicílio tributário “é o local em que o contribuinte

receberá notificações e intimações com efeito legal. É extremamente relevante, pois o art. 23,
inciso II, do Decreto n. 70.235/72, por exemplo, considera realizada a intimação ‘por via postal,

9
Vide questão 10
27
telegráfica ou por qualquer outro meio ou via, com prova de recebimento no domicílio tributário

eleito pelo sujeito passivo’”.

Em regra, o sujeito passivo pode escolher seu domicílio tributário, ressalvada a


possibilidade de a autoridade administrativa recusar o local eleito, na hipótese de este dificultar

ou impossibilitar a arrecadação ou a fiscalização do tributo (art. 127, §2º, do CTN). A recusa


precisa ser motivada e razoável.

Contudo, se o sujeito passivo deixar de eleger seu domicílio tributário, ou o domicílio

eleito for recusado pela autoridade administrativa, aplicam-se as regras dos incisos I, II e III do
artigo 127 do Código Tributário Nacional 10, quais sejam:

 Quanto às pessoas naturais, será domicílio tributário sua residência habitual ou,
sendo esta incerta ou desconhecida, o centro habitual de sua atividade;

 No que tange às pessoas jurídicas de direito privado ou firmas individuais, será o


lugar de sua sede, ou, em relação aos atos ou fatos que derem origem à obrigação,

o de cada estabelecimento (o domicílio se vincula ao local em que os fatos se deram,


se o caso);

 Em relação às pessoas jurídicas de direito público, será qualquer de suas

repartições no território da entidade tributante.

Não sendo possível a aplicação das regras acima discriminadas ou na hipótese de recusa

administrativa do local eleito, considera-se como domicílio tributário do sujeito passivo o lugar
da situação dos bens ou da ocorrência dos atos ou fatos que deram origem à obrigação

(§1º do art. 127 do CTN).

Repare que a lógica do legislador, em matéria de domicílio tributário, é semelhante à

adotada pelo Código de Processo Civil.

10
Vide questão 11
28
O STJ entende que o Código adotou o princípio da autonomia dos estabelecimentos, haja

vista ser possível a um estabelecimento da mesma pessoa jurídica, com CNPJ próprio, a
obtenção de certidão negativa de débito, mesmo que a matriz ou outros estabelecimentos da

mesma pessoa jurídica possuam débitos em aberto.

29
QUADRO SINÓPTICO

RELAÇÃO JURÍDICO-TRIBUTÁRIA E CRÉDITO TRIBUTÁRIO

OBRIGAÇÃO TRIBUTÁRIA

 Principal: pagar tributo ou prestação pecuniária. Decorre de lei.

 Acessória: prestações positivas ou negativas. Decorre da legislação tributária.

 Aspectos abstrato (hipótese de incidência) e


concreto (consequente normativo).
 Fato gerador da obrigação principal: situação
definida em lei como necessária e suficiente à sua
ocorrência.
 Fato gerador da obrigação acessória: qualquer
situação que, na forma da legislação aplicável,
impõe a prática ou a abstenção de ato que não
configure obrigação principal.
Fato gerador
(arts. 114-118, CTN)
 Momento de ocorrência:
o Situação de fato: desde o momento em que
se verifiquem as circunstâncias materiais
necessárias a que produza os efeitos que
normalmente lhe são próprios;
o Situação de direito: desde o momento em
que esteja definitivamente constituída;
o Negócio com condição suspensiva: desde o
implemento da condição;

30
o Negócio com condição resolutiva: desde o
momento da prática do ato ou da celebração do
negócio.

 Norma geral de antielisão.

 É a pessoa jurídica de direito público titular da


competência para exigir o seu cumprimento. Art.
119, CTN).

Sujeito ativo  Sujeito direto (tem competência E capacidade


(arts. 119-120, CTN) tributária ativa) e indireto (tem apenas capacidade
tributária ativa).

 Extraterritorialidade da legislação tributária (art.


120 do CTN).
 É a pessoa obrigada ao pagamento de tributo ou
penalidade pecuniária. Art. 121, CTN.
o Obrigação principal: contribuinte (de fato ou
Sujeito passivo de direito) ou responsável.
(arts. 121-123, CTN) o Obrigação acessória: pessoa obrigada às
prestações que constituam o seu objeto.

 Não há solidariedade ativa.


 Solidariedade passiva: de fato (pessoas com
interesse comum na situação que constitua o fato
Solidariedade gerador da obrigação principal) e de direito
(arts. 124-125, CTN) (pessoas expressamente designadas por lei). Art.
124, CTN.
 Sem benefício de ordem.
 Efeitos da solidariedade (art. 125, CTN):

31
o Salvo disposição de lei em contrário, o
pagamento realizado por um dos obrigados
aproveita aos demais;
o A isenção ou remissão de crédito exonera
todos os obrigados, salvo se o benefício for
específico a um dos devedores;
o A interrupção da prescrição em relação a um
dos obrigados se estende aos demais.
 Capacidade ativa: ente federado ou outra pessoa
jurídica de direito público, por delegação revogável
a qualquer tempo.

 Capacidade passiva (art. 126, CTN): independe


o da capacidade civil das pessoas naturais;
Capacidade tributária o de achar-se a pessoa natural sujeita a
(art. 126, CTN) medidas que importem privação ou limitação do
exercício de atividades civis, comerciais ou
profissionais, ou da administração direta de seus
bens ou negócios;
o de estar a pessoa jurídica regularmente
constituída, bastando que configure uma unidade
econômica ou profissional.
 Regra geral: o sujeito passivo pode escolher seu
domicílio tributário, ressalvada a possibilidade de a
autoridade administrativa recusar o local eleito, na
hipótese de este dificultar ou impossibilitar a
arrecadação ou a fiscalização do tributo.
Domicílio tributário
(art. 127, CTN)  Regras para o caso de omissão do sujeito
passivo:
o Quanto às pessoas naturais, será domicílio
tributário sua residência habitual ou, sendo esta
incerta ou desconhecida, o centro habitual de sua
atividade;
32
o No que tange às pessoas jurídicas de direito
privado ou firmas individuais, será o lugar de sua
sede, ou, em relação aos atos ou fatos que derem
origem à obrigação, o de cada estabelecimento (o
domicílio se vincula ao local em que os fatos se
deram, se o caso);
o Em relação às pessoas jurídicas de direito
público, será qualquer de suas repartições no
território da entidade tributante.
 Recusa da autoridade ou impossibilidade de
adoção das regras acima: lugar da situação dos
bens ou da ocorrência dos atos ou fatos que
deram origem à obrigação.

33
QUESTÕES COMENTADAS

Questão 1

(CESPE - 2019 - TJ-PR - Juiz Substituto) Doutrinariamente, a regra-matriz de incidência

tributária pode ser dividida nos seus aspectos antecedentes — que definem a hipótese de
incidência — e na obrigação decorrente — que são os aspectos ligados às consequências da

norma.

Segundo a doutrina majoritária, os critérios que integram a parte da hipótese da regra-matriz


de incidência tributária incluem os aspectos

A) material, espacial e temporal.

B) pessoal, material e quantitativo.

C) temporal, quantitativo e qualitativo.

D) qualitativo, pessoal e espacial.

Comentário:

Assertiva A correta. Segundo Paulo de Barros Carvalho, o antecedente da regra matriz de


incidência tributária é composto por três critérios: material (que é composta por um verbo
e complemento, como auferir renda por exemplo); espacial (onde o ato foi praticado); e
temporal (quando o ato foi praticado).

Errada a letra B. Segundo a doutrina apontada, os critérios pessoal e quantitativo

compõem o consequente da regra matriz de incidência tributária. Errado.

Assertiva C incorreta. Segundo o autor supracitado, o critério quantitativo compõe o


consequente da regra matriz de incidência tributária. Além disso, o referido autor não usa

a expressão critério "qualitativo".

34
Por fim, incorreta a letra D. Segundo a doutrina apontada, o critério pessoal compõe o

consequente da regra matriz de incidência tributária. Além disso, o referido autor não usa
a expressão critério "qualitativo".

Questão 2

(CESPE - 2019 - TJ-PR - Juiz Substituto) A empresa X adquiriu todo o fundo de comércio da

empresa Y e passou a explorar o negócio sob outra razão social. Após a venda do fundo, Y
encerrou regularmente suas atividades, sem que tenha havido falência ou recuperação judicial.

De acordo com a jurisprudência majoritária do STJ, em relação a tributos e multas devidos pela

empresa Y e referentes a fatos geradores ocorridos até a data da sucessão, a empresa X


responderá

A) apenas pelos tributos devidos, e não pelas multas moratórias ou punitivas.

B) pelos tributos devidos e pelas multas moratórias, mas não pelas multas punitivas.

C) pelos tributos devidos e pelas multas moratórias ou punitivas.

D) apenas pelas multas moratórias ou punitivas, e não pelos tributos devidos.

Comentário:

A assertiva que responde corretamente ao questionado é a letra C. Sua justificativa

embasa a incorreção das demais alternativas.

O STJ tem entendimento em sede de recurso repetitivo (Tema 382), no sentido que:

"A responsabilidade tributária do sucessor abrange, além dos tributos devidos pelo
sucedido, as multas moratórias ou punitivas, que, por representarem dívida de valor,
acompanham o passivo do patrimônio adquirido pelo sucessor, desde que seu fato
gerador tenha ocorrido até a data da sucessão".

35
Questão 3

(CESPE - 2019 - TJ-PR - Juiz Substituto) De acordo com o Código Tributário Nacional, o sujeito
ativo da obrigação tributária principal é a pessoa

A) jurídica de direito público titular da competência de exigir o cumprimento da obrigação.

B) jurídica de direito público destinatária do produto da arrecadação do referido tributo.

C) física ou jurídica obrigada ao pagamento do tributo ou da penalidade pecuniária de natureza


tributária.

D) física ou jurídica que tenha relação pessoal e direta com a situação que constitui o respectivo

fato gerador.

Comentário:

A assertiva A está correta. O art. 119 do CTN preconiza que sujeito ativo da obrigação é
a pessoa jurídica de direito público titular da competência para exigir o seu cumprimento.

O Sujeito Ativo é o credor da obrigação tributária, ou seja, é quem cobra o tributo,


fiscaliza, constitui crédito tributário mediante lançamento, inscreve em dívida ativa e exige
o pagamento por meio de ajuizamento de execução fiscal, quando necessário.

Trata‑se de uma pessoa jurídica de direito público, isto é, o próprio ente federativo (União,
Estados, Municípios e Distrito Federal), uma autarquia ou uma fundação pública.

Preste atenção! Ser sujeito ativo da tributação não é ser destinatário do produto da
arrecadação. Pessoas jurídicas de direito privado, que exerçam função pública sem fins

lucrativos, podem ser destinatárias do produto de determinadas contribuições instituídas


para tal fim, mas jamais comporão a relação jurídico‑tributária.

36
Segundo o CTN, o sujeito passivo da obrigação principal é a pessoa obrigada ao

pagamento de tributo ou penalidade pecuniária (art. 121) e o sujeito passivo da obrigação


acessória é a pessoa obrigada às prestações que constituam o seu objeto (art. 122).

Assertiva B incorreta. A pessoa jurídica destinatária do produto da arrecadação não é


considerada como sujeito ativo. Errado.

A letra C está incorreta. A definição da alternativa se refere ao sujeito passivo, nos termos
do art. 121, CTN.

Por fim, incorreto o disposto na assertiva D. Essa é a definição de contribuinte, prevista


como uma das espécies de sujeito passivo, nos termos do art. 121, I, CTN.

Questão 4

(CESPE - 2019 - TJ-PR - Juiz Substituto) Duas pessoas celebraram entre si um contrato de
prestação de serviço sujeito a uma condição suspensiva. A natureza dessa prestação sujeita uma

das partes ao pagamento de uma taxa, para a qual não há regramento específico na hipótese
de negócio jurídico condicional.

Nessa situação, o fato gerador da obrigação tributária principal ocorre no momento

A) da efetiva prestação do serviço.

B) da celebração do negócio jurídico.

C) da prática do ato jurídico condicional.

D) do implemento da condição suspensiva.

Comentário:

Letra A incorreta. Por se tratar de um negócio com condição suspensiva, é preciso seu
implemento para que ocorra o fato gerador.

37
O que prevê a assertiva B está errado. A celebração do negócio jurídico não coincide com

a prestação do serviço, que é o fato gerador nesse caso.

A assertiva C está incorreta. A prática do ato jurídico condicional se refere a negócios

jurídicos com condição resolutória, nos termos do art. 117, II, CTN.

Por fim, correto o que prevê

Letra D correta, o gabarito da questão. Nos termos do art. 117, I, CTN, os negócios
jurídicos condicionais mediante condição suspensiva são considerados perfeitos e

acabados no momento do implemento.

Vejamos:

Art. 116. Salvo disposição de lei em contrário, considera-se ocorrido o fato gerador e
existentes os seus efeitos:

II - tratando-se de situação jurídica, desde o momento em que esteja definitivamente


constituída, nos termos de direito aplicável.

Art. 117. Para os efeitos do inciso II do artigo anterior e salvo disposição de lei em
contrário, os atos ou negócios jurídicos condicionais reputam-se perfeitos e acabados:

I - sendo suspensiva a condição, desde o momento de seu implemento;

Negócio jurídico condicional é o negócio jurídico sujeito a uma condição, podendo ela
ser suspensiva ou resolutiva.

A condição suspensiva é aquela que sujeita o negócio a um evento futuro e incerto. O


negócio só passará a produzir efeitos quando a condição se implementa.

A condição resolutiva é aquela em que o negócio deixa de produzir efeitos no momento


em que a condição ocorre.

Portanto, o art. 117 do CTN preconiza que se consideram os negócios jurídicos


condicionais perfeitos e acabados no momento em que:

Sendo suspensiva a condição, desde o momento de seu implemento;

38
Sendo resolutória a condição, desde o momento da prática do ato ou da celebração do

negócio.

Questão 5

(CESPE - 2019 - MPE-PI - Promotor de Justiça Substituto) Determinada lei atribuiu a uma
empresa não contribuinte do imposto de circulação de mercadorias e serviços (ICMS) a condição
de responsável pelo pagamento do referido tributo em relação a um fato gerador ainda não

ocorrido.

Considerando-se as limitações constitucionais ao poder de tributar, é correto afirmar que a

referida norma é

A) inconstitucional, uma vez que a Constituição Federal de 1988 veda a possibilidade de lei

prever a cobrança de tributos relacionados a fato gerador ainda não ocorrido.

B) inconstitucional, visto que a Constituição Federal de 1988 impede que lei imponha o

pagamento de tributo a quem não seja legalmente qualificado como contribuinte.

C) inconstitucional, porque a Constituição Federal de 1988 proíbe que se impute a terceiro a


responsabilidade pelo pagamento decorrente de fato gerador presumido.

D) constitucional; porém, é vedada a exigência de efetivo recolhimento do tributo em razão de


fato gerador presumido, questão que não se confunde com a responsabilidade solidária pelo

pagamento.

E) constitucional, sendo assegurada a imediata e preferencial restituição da quantia paga caso

não se realize o fato gerador presumido.

Comentário:

Letra A incorreta. Não é inconstitucional, e há previsão expressa nesse sentido no art. 150,
§7º, da Constituição Federal.

39
Incorreto o disposto na assertiva B. Não há essa vedação no texto da Lei Maior. Tanto o

contribuinte, como o responsável, pode ser cobrado.

Assertiva C incorreta. Não é inconstitucional, e há previsão expressa nesse sentido no art.

150, §7º, da Constituição Federal.

A alternativa D está incorreta. O art. 150, §7º, não veda a efetivo recolhimento em função

do fato gerador presumido. Errado.

Por derradeiro, correto o previsto na assertiva A. O art. 150, §7º, da CF prevê a

possibilidade da substituição tributária para frente, ou seja, com o "fato gerador


presumido".

Nesse caso, se o fato não ocorrer, é assegurado a imediata e preferencial restituição da

quantia paga.

Perceba que a empresa não precisa ser contribuinte, já que Carta Magna usa o termo

"sujeito passivo", que é mais abrangente.

Questão 6

(CESPE - 2019 - MPE-PI - Promotor de Justiça Substituto) De acordo com o Código Tributário

Nacional, constitui um traço distintivo entre a obrigação tributária principal e a obrigação


tributária acessória o fato de que

A) somente a obrigação principal decorre da legislação tributária, uma vez que a obrigação
acessória é determinada por normas de direito civil ou empresarial.

B) a obrigação principal tem por objeto o pagamento de tributo ou de penalidade pecuniária,


ao passo que a obrigação acessória tem por objeto as prestações, positivas ou negativas,

previstas no interesse da arrecadação ou da fiscalização dos tributos.

C) a obrigação principal somente pode ter como objeto o pagamento de tributo; a obrigação

acessória, por sua vez, deve ter por objeto o pagamento de uma penalidade pecuniária.

40
D) somente a obrigação principal decorre de um fato gerador; a obrigação acessória é imposta

a terceiro que, sem possuir a condição de contribuinte, tem uma obrigação decorrente de
disposição expressa de lei.

E) a obrigação principal é devida pelo contribuinte, ao passo que a obrigação acessória é imposta

e compete ao responsável tributário.

Comentário:

Letra A incorreta, posto que o art. 113, §2º, CTN é expresso no sentido que a obrigação

acessória decorre da legislação tributária.

O gabarito da questão é a letra B pois guarda compatibilidade com o previsto no art.

113, §1º (para a obrigação tributária principal), e no §2º, CTN (para a obrigação tributária
acessória).

A assertiva C está errada. A obrigação principal tem por objeto pagamento, que pode ser
tributo ou penalidade. Já a obrigação acessória se trata de obrigação de fazer.

Letra D incorreta posto que a obrigação acessória não é imposta apenas a terceiros.

Por fim, errada a assertiva E. A obrigação principal pode ser devida tanto pelo contribuinte,
como pelo responsável tributário.

Art. 113. A obrigação tributária é principal ou acessória.

§ 1º A obrigação principal surge com a ocorrência do fato gerador, tem por objeto o
pagamento de tributo ou penalidade pecuniária e extingue-se juntamente com o crédito
dela decorrente.

§ 2º A obrigação acessória decorre da legislação tributária e tem por objeto as prestações,


positivas ou negativas, nela previstas no interesse da arrecadação ou da fiscalização dos
tributos.

§ 3º A obrigação acessória, pelo simples fato da sua inobservância, converte-se em


obrigação principal relativamente à penalidade pecuniária.

41
Questão 7

(CESPE - 2019 - TJ-BA - Juiz de Direito Substituto) Por expressa previsão legal do CTN,
entende-se como responsável tributário a pessoa que

A) figure como sujeito ativo de uma obrigação tributária acessória em razão da solidariedade,

substituição tributária ou sucessão.

B) figure como sujeito ativo de uma obrigação tributária sem que tenha a obrigação de efetuar

o pagamento do crédito tributário.

C) tenha relação pessoal direta com a situação que constitua o respectivo fato gerador e seja

obrigada ao pagamento de uma penalidade pecuniária.

D) esteja obrigada ao pagamento de tributo ou penalidade pecuniária sem ter relação pessoal

e direta com a situação que constitua o respectivo fato gerador.

E) esteja obrigada a prestações que constituam o objeto de uma obrigação acessória.

Comentário:

A assertiva A está errada. Cuidado para não confundir a solidariedade tributária com

responsabilidade tributária. A solidariedade está prevista no art. 124, CTN, enquanto a


responsabilidade está no art. 135.

Além disso, a responsabilidade está ligada ao pagamento do tributo, e não às obrigações

acessórias.

Incorreta a letra B. O responsável tributário tem obrigação de efetuar o pagamento do

crédito tributário.

Letra C incorreta, posto que é o contribuinte que tem relação pessoal e direta com o fato
gerador.

42
O gabarito da questão é a assertiva D. Dispõe o art. 121, parágrafo único, II, do CTN, o

responsável é aquele que, sem revestir condição de contribuinte, sua obrigação decorra
de disposição expressa de lei.

Por sua vez, o contribuinte é aquele que tem relação pessoa e direta com a situação que
constitua o fato gerador.

Errada a letra E. O responsável está relacionado à obrigação principal, e não somente às


obrigações acessórias.

Questão 8

(CESPE - 2018 - TJ-CE - Juiz Substituto) No direito tributário, obrigação tributária principal e
obrigação tributária acessória são de naturezas distintas. Nesse sentido, assinale a opção correta.

A) A obrigação principal refere-se apenas ao contribuinte; a obrigação acessória, ao responsável


tributário.

B) A obrigação principal decorre da legislação tributária; a obrigação acessória, de ato


administrativo concreto.

C) A obrigação principal é pessoal e intransferível; a obrigação acessória pode ser transferida

para terceiros.

D) A obrigação principal é de natureza patrimonial; a obrigação acessória, de natureza não

patrimonial.

E) A obrigação principal tem por objeto o pagamento de um tributo; a obrigação acessória, o

pagamento de uma penalidade.

Comentário:

A letra D é o gabarito da questão. A obrigação principal é de natureza patrimonial e a


obrigação acessória, de natureza não patrimonial.

43
O Código Tributário Nacional prevê:

Art. 113. A obrigação tributária é principal ou acessória.

§ 1º A obrigação principal surge com a ocorrência do fato gerador, tem por objeto o

pagamento de tributo ou penalidade pecuniária e extingue-se juntamente com o crédito


dela decorrente.

§ 2º A obrigação acessória decorre da legislação tributária e tem por objeto as prestações,


positivas ou negativas, nela previstas no interesse da arrecadação ou da fiscalização dos

tributos.

§ 3º A obrigação acessória, pelo simples fato da sua inobservância, converte-se em


obrigação principal relativamente à penalidade pecuniária.

Questão 9

(CESPE - 2017 - MPE-RR - Promotor de Justiça Substituto) A respeito da obrigação tributária,

assinale a opção correta conforme o que dispõe o CTN.

A) A obrigação principal e sua obrigação acessória devem decorrer de um mesmo fato gerador.

B) Obrigação principal pode ter por objeto o pagamento de penalidade tributária.

C) A obrigação principal é considerada obrigação tributária, ao passo que as obrigações


acessórias são consideradas obrigações de natureza não tributária.

D) Obrigação acessória não se converte em obrigação principal.

Comentário:

Assertiva A incorreta, posto que não há no CTN essa limitação.

Art. 121. Sujeito passivo da obrigação principal é a pessoa obrigada ao pagamento de


tributo ou penalidade pecuniária.

44
Parágrafo único. O sujeito passivo da obrigação principal diz-se:

I - contribuinte, quando tenha relação pessoal e direta com a situação que constitua o
respectivo fato gerador;

II - responsável, quando, sem revestir a condição de contribuinte, sua obrigação decorra


de disposição expressa de lei.

Art. 122. Sujeito passivo da obrigação acessória é a pessoa obrigada às prestações que
constituam o seu objeto.

Incorreta a letra B. A obrigação principal decorre de lei e a acessória da legislação


tributária. Sobre o tema, o CTN:

Art. 113. A obrigação tributária é principal ou acessória.

§ 1º A obrigação principal surge com a ocorrência do fato gerador, tem por objeto o
pagamento de tributo ou penalidade pecuniária e extingue-se juntamente com o crédito
dela decorrente.

§ 2º A obrigação acessória decorre da legislação tributária e tem por objeto as prestações,


positivas ou negativas, nela previstas no interesse da arrecadação ou da fiscalização dos
tributos.

Art. 114. Fato gerador da obrigação principal é a situação definida em lei como necessária
e suficiente à sua ocorrência.

Art. 115. Fato gerador da obrigação acessória é qualquer situação que, na forma da
legislação aplicável, impõe a prática ou a abstenção de ato que não configure obrigação
principal.

Letra C incorreta. Ambas, acessória e principal, podem ser transferidas. Harada ensina que
“Nessas hipóteses, ocorre a responsabilidade por substituição e não apenas

responsabilidade solidária estritamente no caso de impossibilidade de cumprimento da


obrigação principal pelo contribuinte, como nos casos elencados no artigo antecedente.

Essa responsabilidade por substituição, outrossim, inclui quaisquer penalidades, bem


como as obrigações acessórias”.

Assertiva D correta, o gabarito da questão. Segundo Ricardo Alexandre “a obrigação


acessória não necessariamente deve estar prevista na lei e não tem cunho patrimonial,

45
como, por exemplo, obrigação de emitir nota fiscal”. Diferentemente da obrigação

principal, que é essencialmente patrimonial, já que é pecuniária.

Incorreta, por fim, a assertiva E. A obrigação principal tem por objeto o pagamento de

tributos, multa e juros, pois engloba as obrigações de pagar. Enquanto a obrigação acessória
envolve um fazer ou não fazer, nos termos do já transcrito Art. 113 do CTN.

Questão 10

(CESPE - 2016 - TJ-DFT - Juiz) A respeito das normas do Código Tributário Nacional (CTN),
assinale a opção correta.

A) A conversão de depósito em renda é causa de suspensão do crédito tributário.

B) Os dispositivos de lei relativos à instituição de imposto sobre o patrimônio ou a renda passam


a vigorar noventa dias após a publicação da lei.

C) O estabelecimento de diferença tributária entre bens de qualquer natureza, em razão de sua


procedência ou de seu destino, é proibido aos estados, ao DF e aos municípios.

D) A capacidade tributária passiva depende da capacidade civil das pessoas naturais.

E) A contribuição de melhoria apresenta, como limite total, a despesa realizada e, como limite

individual, o dobro do acréscimo de valor que resultar da obra pública para cada imóvel

beneficiado.

Comentário:

Letra A incorreta. Dispõe o CTN: Art. 156. Extinguem o crédito tributário: (...) VI - a

conversão de depósito em renda;

Incorreta a letra B, com base no previsto no art. 150,§ 1º e Art. 153 da Constituição

Federal.

A letra C está correta, o gabarito da questão. Dispõe a Constituição:

46
Art. 152. É vedado aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios estabelecer diferença
tributária entre bens e serviços, de qualquer natureza, em razão de sua procedência ou
destino.

A letra D está incorreta. O CTN prevê que:

Art. 126. A capacidade tributária passiva independe:

I - da capacidade civil das pessoas naturais;

II - de achar-se a pessoa natural sujeita a medidas que importem privação ou limitação


do exercício de atividades civis, comerciais ou profissionais, ou da administração direta de
seus bens ou negócios;

III - de estar a pessoa jurídica regularmente constituída, bastando que configure uma
unidade econômica ou profissional.

Letra E incorreta. Segundo o CTN, em seu Art. 81, a contribuição de melhoria cobrada

pela União, pelos Estados, pelo Distrito Federal ou pelos Municípios, no âmbito de suas
respectivas atribuições, é instituída para fazer face ao custo de obras públicas de que

decorra valorização imobiliária, tendo como limite total a despesa realizada e como limite
individual o acréscimo de valor que da obra resultar para cada imóvel beneficiado.

Questão 11

(CESPE - 2014 - MPE-AC - Promotor de Justiça) Depósito clandestino de bebidas encontrado


pelo fisco com grande quantidade de mercadorias e sem relação com qualquer outra sociedade

comercial, foi lacrado, tendo sido lavrado auto de infração em nome de João, que, responsável
pelo depósito e com residência fixa em outro estado, aparecia no depósito uma vez por semana.

A partir dessa situação hipotética, assinale a opção correta.

A) Por ser clandestino, o depósito não possui capacidade tributária passiva, o que se estende a

João.

B) O princípio da autonomia do estabelecimento deve ser aplicado quando há várias filiais de


uma mesma empresa, o que ocorre, via de regra, na cobrança de ICMS, cujos domicílios

47
tributários devem ser considerados individualmente, ou seja, cada estabelecimento será

considerado unidade autônoma para os fins fiscais

C) A modalidade de lançamento realizada pelo fisco foi a de lançamento por homologação,

visto que se trata de ICMS.

D) Do ponto de vista do direito tributário, João é considerado responsável tributário, e não

contribuinte

E) O domicílio tributário do sujeito passivo é o da residência fixa de João, ou seja, fora do local

da entidade tributante.

Comentário:

Assertiva A incorreta. Pouco importa a atividade exercida por João, com fulcro no que
prevê o princípio da capacidade tributária, o princípio do non olet.

A letra B é o gabarito da questão. Tal princípio está descrito da lei. Atenção! Não confunda
o enunciado da Súmula do STF que trata especificamente do deslocamento de
mercadoria, o que claramente não é o que pede a questão.

Assertiva C incorreta. Nesse sentido:

Art. 149. O lançamento é efetuado e revisto de ofício pela autoridade administrativa nos
seguintes casos:

VI - quando se comprove ação ou omissão do sujeito passivo, ou de terceiro legalmente


obrigado, que dê lugar à aplicação de penalidade pecuniária;

Errada a assertiva D. João será considerado contribuinte.

Nesse sentido, o CTN:

Art. 121. Sujeito passivo da obrigação principal é a pessoa obrigada ao pagamento de


tributo ou penalidade pecuniária.

Parágrafo único. O sujeito passivo da obrigação principal diz-se:

48
I - contribuinte, quando tenha relação pessoal e direta com a situação que constitua o
respectivo fato gerador;

II - responsável, quando, sem revestir a condição de contribuinte, sua obrigação decorra


de disposição expressa de lei.

A assertiva E está incorreta. O domicílio será o local do depósito clandestino.

Questão 12

(CESPE - 2013 - DPE-DF - Defensor Público) Julgue os próximos itens, relativos ao crédito

tributário.

Segundo o disposto no CTN, o crédito tributário é constituído a partir do momento em que

ocorre o fato gerador do tributo

( ) CERTO

( ) ERRADO

Comentário:

A afirmativa está incorreta. Dispõe o art. 142 do CTN que o crédito tributário é constituído

pelo lançamento tributário, que é o procedimento administrativo tendente a verificar a


ocorrência do fato gerador.

49
GABARITO

Questão 1 - A

Questão 2 - C

Questão 3 - A

Questão 4 - D

Questão 5 - E

Questão 6 - B

Questão 7 - D

Questão 8 - D

Questão 9 - D

Questão 10 - C

Questão 11 - B

Questão 12 - Errado

50
QUESTÃO DESAFIO

Terceira pessoa a quem se pretende atribuir de modo expresso


responsabilidade por crédito tributário (responsável tributário)
pode ser completamente alheia ao fato gerador?

Responda em até 5 linhas

51
GABARITO QUESTÃO DESAFIO

O art. 128 do CTN afirma que a lei pode atribuir de modo expresso a responsabilidade pelo

crédito tributário a terceira pessoa vinculada ao fato gerador da respectiva obrigação.


Assim, é necessário haver um vínculo, não sendo possível atribuir tal obrigação à pessoa

alheia ao fato gerador.

Você deve ter abordado necessariamente os seguintes itens em sua resposta:

 Necessário vínculo

O sujeito passivo é a pessoa obrigada a pagar o tributo ou penalidade pecuniária na obrigação


principal (CTN. Art. 121); na obrigação acessória é a pessoa obrigada às prestações (CTN, art.

122).

Há, basicamente, dois tipos de sujeito passivo da obrigação tributária principal: contribuintes e
responsáveis.

Em um primeiro momento, é possível identificar cada um deles se perguntando qual possui

relação pessoal e direta com o fato gerador. Com a resposta se obtém o contribuinte.

Porém, o autor Ricardo Alexandre faz uma ressalva (ALEXANDRE, Ricardo. Direito Tributário. 12.
ed. Salvador: Juspodivm, 2018. p. 360-360):

“Apesar de o sujeito legalmente definido como responsável não possuir relação pessoal e direta

com o fato gerador, não pode ser um estranho ao fato, devendo necessariamente possuir um
vínculo com a situação tipificada na lei como fato gerador do tributo. A conclusão decorre não

só de uma concepção lógica, mas de disposição expressa constante no art. 128 do CTN.”.

 Art. 128 do CTN

O art. 128 do CTN afirma expressamente quando se refere ao terceiro responsável: “vinculada
ao fato gerador da respectiva obrigação”, eliminando qualquer dúvida sobre o assunto.

52
O autor Ricardo Alexandre exemplifica para uma melhor compreensão (ALEXANDRE, Ricardo.

Direito Tributário. 12. ed. Salvador: Juspodivm, 2018. p. 359-360.):

“Tome-se como exemplo os impostos. Todos os impostos têm por fato gerador alguma
manifestação de riqueza (patrimônio, renda, consumo). Possui relação pessoal e direta com
o fato gerador quem faz com que este aconteça, quem - no caso dos impostos – manifesta
a riqueza definida em lei como fato gerador do tributo. [...] Quando a pessoa obrigada
por lei ao pagamento do tributo é diferente daquela que manifestou riqueza, apesar de
estar vinculada ao evento definido em lei como fato gerador, tal pessoa é sujeito passivo
na modalidade responsável, visto que não possui relação pessoal e direta com o fato
gerador da obrigação.”.

53
LEGISLAÇÃO COMPILADA

OBRIGAÇÃO TRIBUTÁRIA

 Código Tributário Nacional: Art. 96 a 113.

Os artigos citados acima detalham a interpretação e integração da legislação tributária e têm relevante recorrência
em certames para carreira jurídica. Atente que o Examinador costuma cobrar este tema com especial foco ao que
dispõe a letra fria da lei.

FATO GERADOR

 Código Civil: Art. 121.

 Código Tributário Nacional: Art. 114 a 118.

O tema objeto deste tópico é comumente cobrado em certames públicos com foco na letra da lei, de modo que
você não pode dispensar sua leitura. A presença de questões acerca do fato gerador é certeira em concursos. Este
tema merece especial atenção por perpassar diversos temas do Direito Tributário

RESPONSABILIDADE TRIBUTÁRIA

 Código Tributário Nacional: Art. 128 a137.

 Constituição Federal: Art. 150, § 7º.

 Súmula: Art. 554, do STJ.

 Súmula nº 554, STJ

Na hipótese de sucessão empresarial, a responsabilidade da sucessora abrange não apenas os tributos devidos
pela sucedida, mas também as multas moratórias ou punitivas referentes a fatos geradores ocorridos até a data da
sucessão.

54
SOLIDARIEDADE TRIBUTÁRIA

 Código Civil: Art. 264.

 Código Tributário Nacional: Art. 124-125.

Os dispositivos elencados são frequentemente cobrados em concursos públicos. Sua redação concisa é fundamental
ao entendimento do assunto. O primeiro dispositivo aponta as pessoas obrigadas solidariamente e o segundo trata
dos efeitos da solidariedade.

55
JURISPRUDÊNCIA

FATO GERADOR

 TRIBUTÁRIO E PROCESSUAL CIVIL. AGRAVO INTERNO. PREJUÍZOS FISCAIS. COMPENSAÇÃO.


EMPRESA INCORPORADORA. VEDAÇÃO DO ART. 33 DO DECRETO-LEI 2.341/1987 (...) O titular da
competência tributária pode através de normatização adequada excluir as zonas de não-incidência
para impedir a utilização da elisão tributária. Não há o que a doutrina chamou de poder geral da
Administração tributária para desconstituir atos e negócios jurídicos (a chamada norma geral
antielisão) já que o art. 116, parágrafo único, do CTN é norma de eficácia limitada, carente de lei
para produzir efeitos (...) (grifo nosso) (STJ, AgInt nos EDcl no REsp 1.725.911/SP, Rel. Ministro
Herman Benjamin, Segunda Turma, julgado em 12/02/2019, DJe 11/03/2019).

Comentário:

Em tese, a norma geral de antielisão fiscal poderia coibir, também, determinadas práticas de
elisão propriamente dita. No entanto, a parte final do aludido dispositivo faz expressa menção

à necessidade complementação por lei, por ora inexistente, de modo que a norma prevista no
art. 116, parágrafo único, do CTN ainda não pode ser adotada em termos práticos para
situações de planejamento financeiro (a norma é aplicável no caso de simulação em

decorrência da necessidade de proteção do interesse público e da indisponibilidade do

patrimônio público).

 A jurisprudência da Corte, à luz do art. 118 do Código Tributário Nacional, assentou entendimento
de ser possível a tributação de renda obtida em razão de atividade ilícita, visto que a definição
legal do fato gerador é interpretada com abstração da validade jurídica do ato efetivamente
praticado, bem como da natureza do seu objeto ou dos seus efeitos. Princípio do non olet. Vide
o HC nº 77.530/RS, Primeira Turma, Relator o Ministro Sepúlveda Pertence, DJ de 18/9/98. 3.
Ordem parcialmente conhecida e denegada (STF, HC 94.240/SP, Rel. Min. Dias Toffoli, Primeira
Turma, julgado em 23/08/2011, DJe 11/10/2011).

Comentário:

56
Para o Direito Tributário, a capacidade tributária independe, por exemplo, da capacidade civil
das pessoas naturais (a priori, um sujeito absolutamente incapaz no âmbito do Direito Civil pode

figurar como contribuinte, bastando a ocorrência dos fatos geradores normativamente

prescritos).

Aliás, repare que a origem do fato gerador também é irrelevante, podendo derivar até
mesmo de atividades ilícitas; trata-se do princípio da pecunia non olet, sustentado pelo

Supremo Tribunal Federal.

SOLIDARIEDADE

 TRIBUTÁRIO E PROCESSUAL CIVIL. EXECUÇÃO FISCAL. CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA.


RESPONSABILIDADE SOLIDÁRIA. ART. 30, VI, DA LEI Nº 8.212/91. EMPREITADA. PRECEDENTES.
AUSÊNCIA DE PREQUESTIONAMENTO. SÚMULA Nº 211/STJ. JULGAMENTO EXTRA PETITA. NÃO
OCORRÊNCIA. [...] 6. As empresas que firmam contratos de subempreitadas são solidariamente
responsáveis pelo recolhimento das contribuições previdenciárias decorrentes dos serviços
prestados pela contratada. 7. As empresas poderão isentar-se da responsabilidade solidária,
especialmente as construtoras, em relação às faturas, notas de serviços, recibos ou documentos
equivalentes que pagarem por tarefas subempreitadas, de obras a seu cargo, desde que façam o
subempreiteiro recolher, previamente, quando do recebimento da fatura, o valor fixado pela
Previdência Social, relativamente ao percentual devido como contribuições previdenciárias e de
seguro de acidentes do trabalho, incidente sobre a mão-de-obra inclusa no citado documento.
Interpretação do sistema legal fixado sobre a matéria. 8 . Precedentes de ambas as Turmas que
compõem a Primeira Seção desta Corte : REsp 219.126/RS , Rel. Min. João Otávio de Noronha, DJ
de 27/06/2005; REsp 511.710/MT, Rel. Min. Luiz Fux, DJ de 15/03/2004; REsp 225.413/RS, Rel.
Min. Milton Luiz Pereira, DJ de 12/08/2002. 9 . Recurso especial do INSS provido. Apelo da
empresa autora parcialmente conhecido e não-provido. (STJ, Relator: Ministro JOSÉ DELGADO,
Data de Julgamento: 06/11/2007, T1 - PRIMEIRA TURMA)

Comentário:

A respeito da possibilidade de incidência da responsabilidade solidária entre empresas que


celebram contrato de subempreitada, entende o STJ que elas são solidariamente obrigadas a
cumprir com as obrigações para com a Seguridade Social. Tal contrato pode ser estabelecido

entre empreiteira ou construtora e subempreiteira.

57
 TRIBUTÁRIO. CONTRIBUIÇÕES PREVIDENCIÁRIAS. CESSÃO DE MÃO-DE-OBRA.
RESPONSABILIDADE DO TOMADOR (CONTRATANTE). ART. 31 DA LEI 8.212/91. 1. O art. 31 da Lei
8.212/91 estabeleceu solidariedade entre o contratante dos serviços executados mediante cessão
de mão-de-obra e o executor. 2. Trata-se de hipótese de solidariedade tributária, prevista no art.
124 do CTN, cujo parágrafo primeiro dispõe que “a solidariedade referida neste artigo não
comporta benefício de ordem”. 3. Para incidir na possibilidade de elisão estabelecida no §3º, do
art. 31, o contratante deveria ter exigido do executor a apresentação dos comprovantes relativos
às obrigações previdenciárias, previamente ao pagamento da nota fiscal ou fatura – do que, no
caso concreto, não se cogita. 4. Recurso especial provido. (REsp 410.104/PR, 1ª T., rel. Min. Teori
Albino Zavascki, j. 06/05/2004)

Comentário:

O parágrafo único do art. 124 indica que “a solidariedade referida neste artigo não comporta
benefício de ordem”. Logo, para os casos em que houver responsabilidade solidária, o Fisco,
levando em consideração a sua própria conveniência poderá exigir o tributo em seu valor

integral somente de um dos co-devedores, sem obedecer a nenhuma ordem de vocação. A


título de exemplificativo do afastamento do benefício de ordem em créditos tributários,

exponha-se o entendimento do STJ sobre a solidariedade entre o contratante dos serviços

executados mediante cessão de mão-de-obra e o executor, no julgado anterior.

58
MAPA MENTAL

59
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ALEXANDRE, Ricardo. Direito tributário. 11ª ed. rev., atual. e ampl. Salvador: Juspodivm, 2017.

GONÇALVES, Carlos Roberto. Direito civil brasileiro, volume 2: teoria geral das obrigações. 14 ed. São Paulo:
Saraiva, 2017.

PAULSEN, Leandro. Curso de direito tributário completo. 8ª ed. rev., atual. e ampl. São Paulo: Saraiva, 2017.

PAVANI, Vanessa Roda. A regra matriz de incidência tributária . Âmbito jurídico, 2011. Disponível em:
<https://ambitojuridico.com.br/cadernos/direito-tributario/a-regra-matriz-de-incidencia-tributaria>. Acesso em 29
fev. 2020.

POSSAS, Fernando Lima. Sujeitos ativo e passivo da obrigação tributária. Jusbrasil, 2018. Disponível em:
<https://fpossas.jusbrasil.com.br/artigos/519675093/sujeitos-ativo-e-passivo-da-obrigacao-tributaria>. Acesso em
29 fev. 2020.

SABBAG, Eduardo. Manual de direito tributário. 9ª ed. rev., atual. e ampl. São Paulo: Saraiva, 2017.

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