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Legislação Tributária

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Profª Esp. Andrezza Prado Scardova de Rezende

Aula 5 – Competência tributária

CONCEPÇÃO NA CF/88 ATÉ A EXCECUÇÃO FISCAL


Competência
Lançamento Crédito
tributária e Obrigação
Tributário Tributário
princípios Lei Tributo Tributária

LEI – Fato Formalização Lançamento


CF/88 Competência
Do ente: Produção Gerador
Municpio, Legislativa
Estados, DF e
União

Notificação Execução
Sujetio Causas modificativas do crédito
Dívida fiscal
Passivo tributário

 Suspensão da Exigibilidade art. 151


 Extinção do crédito tributário art. 156 A t
 Exclusão do crédito art. 175 i

FISCO CDA
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do
Crédito

1. Conceito

Competência tributária é uma parcela do poder de tributar. Nada mais é que a


possibilidade dos entes criarem tributos. Num sentido completo e técnico, competência
tributária é a aptidão legislativa dos entes tributantes para instituírem tributos, definidos
e atribuídos pela Constituição Federal.

Competência tributária é uma matéria de trato exclusivo pelo texto constitucional.


A aptidão de legislar, de criar tributos, é dada, apenas e somente, pela Constituição
Federal, aos entes tributantes (União, Estados, DF e Municípios).

Cada ente, para exercitar sua competência tributária, precisa editar lei própria.
Assim, a União, para exercitar a competência, precisa editar uma lei federal, para
instituir tributo federal. Os Estados e Distrito Federal, lei estadual, para instituírem
tributo estadual. Os municípios, lei municipal, para instituírem tributo municipal.

Vale dizer que a CF, no Brasil, não cria tributo algum. A CF limita-se a dar
aptidão e a atribuir competência, estabelecendo os tributos possíveis de serem criados,
assim como os entes aptos a criar cada tributo. Sua criação efetiva será realizada pela lei
do ente competente.

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Nesse primeiro momento, no texto constitucional, tem-se apenas a definição da


competência. O exercício da competência se dá na esfera infraconstitucional.

A competência é definida no texto constitucional, mas é exercida pelo texto


infraconstitucional (por meio de lei do ente competente). Os entes exercitam essa
competência para a criação de fontes de custeio de suas atividades (garantindo, com
isso, sua autonomia financeira), sempre nos estritos e limitados termos definidos na CF.

Características da Competência Tributária

A doutrina, de maneira quase unânime, estabelece algumas características da


competência tributária.

a. Privatividade: Competência tributária é privativa, no sentido de


exclusiva. A Constituição Federal, ao fazer a divisão das competências, atribui alguns
tributos para a União, alguns para os Estados e alguns para os Municípios. Ao fazer esta
divisão, a Constituição a faz de maneira inflexível, de maneira definitiva, com
exclusividade. Somente o ente que recebe a competência tributária pode exercê-la. A
atribuição de competência para um dos entes implica na automática incompetência dos
demais.

b. Indelegável: De certa forma, consequência da primeira. Significa a


impossibilidade do ente competente autorizar outro a exercer sua competência. A
competência atribuída pela CF somente pode ser exercitada pelo ente originariamente
definido.

c. Inalterável: competência tributária é de trato exclusivo da Constituição.


Já que somente a Constituição pode regular matéria de competência tributária,
estabelecendo a distribuição de competência, não há de se falar na possibilidade da lei
do ente competente alterar as regras de competência. Como é exclusiva e indelegável,
então a lei do ente competente não pode tratar de competência. Portanto, nesse sentido
ela é inalterável.

Atenção especial deve ser dirigida a esta característica. Competência tributária é


inalterável ao se pensar em lei do ente competente, conforme explicação anterior. Mas,
no Brasil, existe a possibilidade de alterar a fonte da competência. Existe a
possibilidade, por meio do poder constituinte derivado, de edição de Emendas
Constitucionais. Com isso, a competência tributária somente é inalterável pela lei do
ente, mas não no sistema tributário como um todo, já que emendas constitucionais
podem implementar tal alteração.

d. Incaducável: Por este atributo, se afastam os efeitos da decadência, ou


seja, a perda de um direito por seu não exercício por determinado lapso. Em outras
palavras, o não exercício da competência, por qualquer prazo, não implicará na sua

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perda. Podem se passar 20, 30, 50 anos. Mesmo que o ente tributante não exerça a
competência, no momento em que achar conveniente, poderá exercê-la.

Vale lembrar como exemplo de competência ainda não exercida, a previsão


constitucional para a instituição de impostos sobre grandes fortunas (art. 153, VII da
CF).

Importante que se diga que esta regra de incaducabilidade não significa a


possibilidade de cobrar tributos incidentes sobre fatos geradores ocorridos
anteriormente a sua edição, já que temos a incidência do princípio da irretroatividade,
mas apenas a possibilidade de exercer o direito relacionado à competência tributária a
qualquer momento (a edição de lei, instituindo o tributo).

e. Exercício facultativo: O ente tributante exerce a competência tributária


somente se desejar, caso tenha interesse político nisso. Não há como obrigar o ente
tributante a editar lei, criando tributo (basta lembrar do imposto sobre grandes fortunas).

É importante lembramos, neste momento, da Lei Complementar 101, de 2000,


chamada Lei de Responsabilidade Fiscal. Este diploma estabelece uma sanção para os
entes tributantes estaduais e municipais que deixam de instituir os tributos de sua
competência (retenção de repasses de recursos para os entes tributantes que não
exercitam sua competência na plenitude). Diante disso, apesar da discussão sobre a
constitucionalidade ou não da medida, para fins de provas, vale a redação do
dispositivo, impondo o dever de instituição de tributos para tais entes.

3. Capacidade Tributária Ativa

O conceito de competência tributária não se confunde com o conceito de


capacidade tributária ativa.

Competência é a aptidão, a possibilidade jurídica de editar uma lei, instituindo


um tributo. Após a instituição do tributo, no caso de ocorrência do fato gerador, nasce a
obrigação tributária, posteriormente formalizada pelo lançamento tributário, dando
ensejo ao nascimento do crédito tributário. Não cumprida, voluntariamente, a obrigação,
deve o ente tomar as medidas coercitivas necessárias para receber tal crédito, ajuizando
a competente execução fiscal.

Capacidade tributária ativa é a aptidão para cobrar o tributo. Mais que isso,
cobrar, arrecadar e fiscalizar o tributo. É a aptidão de ser credor na relação jurídica
tributária, para figurar no pólo ativo da relação.

Perceba-se a diferença: enquanto a competência significa INSTITUIR o tributo,


capacidade tributária ativa significa COBRAR o tributo.

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4. Participação das receitas tributárias - Critério da Solidariedade

As pessoas políticas de direito público interno gozam de uma tríplice autonomia,


identificada no campo político, administrativo e financeiro. Como forma de garantir a
chamada autonomia financeira, o legislador constituinte estabelece, cada ente, fontes de
custeio próprias, ou seja, garante a cada um deles uma parcela própria da competência.

Porém, essa autonomia financeira é complementada por intermédio do chamado


critério da divisão dos recursos tributários, ou também chamado critério da
solidariedade. Isso significa que alguns tributos, nos termos da Constituição Federal,
são instituídos e cobrados por um determinado ente, mas os valores arrecadados devem
ser partilhados entre os entes. Essas regras constam dos artigos 157 até 162 da
Constituição Federal.

5. Competência dos impostos

A constituição federal, atribui competência para cada ente da federação para


instituir os impostos, os quais são distribuídos da seguinte forma:

A) IMPOSTO DA UNIÃO

Compete a União instituir impostos sobre ( art. 153 da CF/88)

a) Imposto de Importação - II

b) Imposto de exportação - IE

c) Imposto de Renda e Provento de Qualquer Natureza – IR

d) Imposto sobre Produtos Industrializados – IPI

e) Imposto Sobre Operações de financeira – IOF

f) Imposto sobre propriedade Territorial Rural – ITR

B) IMPOSTO ESTADUAIS

a) Transmissão causa mortis e doação de quaisquer bens e direitos – ITCMD

b) Operações relativo à circulação de mercadoria e sobre prestação de serviços de


transportes interestadual e intermunicipal e de comunicação, ainda que as operações e as
prestações se iniciem no exterior – ICMS

c) Imposto sobre propriedade de veículo automotores – IPVA

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C) IMPOSTOS MUNICIPAIS

a) Propriedade predial e territorial urbano – IPTU

b) Serviços de qualquer natureza – ISS

c) Transmissão "inter vivos", a qualquer título, por ato oneroso, de bens imóveis,
por natureza ou acessão física, e de direitos reais sobre imóveis, exceto os de garantia,
bem como cessão de direitos a sua aquisição; - ITBI

6. BITRIBUTAÇÃO x “BIS IN IDEM”

O bis in idem é o ato do mesmo ente federativo tributar duplamente o mesmo fato
gerador, que somente é permitido se autorizado constitucionalmente.

Já a bitributação é caracterizada quando dois entes federativos diferentes tributam


o mesmo fato gerador. Em regra, a bitributação no Brasil é proibida e, quando ocorre,
verifica-se que há um conflito de competência.

Qual a principal diferença entre bis in idem e bitributação?

Uma das principais diferenças entre bis in idem e bitributação é a legalidade de


seus usos, enquanto o bis in idem não é considerado ilegal a bitributação é.

Um exemplo muito conhecido do bis in idem é o cálculo do IRPJ (Imposto de


Renda Pessoa Jurídica) e da CSLL (Contribuição Social sobre o Lucro Líquido), em que
ambos são regrados pela União e autorizados por lei, sendo que o lucro é utilizado como
base de cálculo para os dois tributos, se diferenciando apenas pela alíquota prevista para
cada imposto.

Em relação a bitributação, uma situação bastante corriqueira e de fácil


compreensão é a tributação do ISS, onde dois entes federativos, o município do
prestador de serviço e o município tomador do serviço, acabam tributando sobre o
mesmo fato gerador.

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