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Direito Tributário | Helton Kramer

1 – CONCEITO DE DIREITO TRIBUTÁRIO:

é a ciência que estuda os princípios e normas que disciplinam a ação


estatal de exigir tributos, preocupando-se com as relações jurídicas que,
em decorrência da tributação, se estabelecem entre o fisco e os
contribuintes.

Em linhas gerais, o direito tributário é ciência que estuda os princípios e


normas que disciplinam a ação estatal de exigir tributos, preocupando-se
com as relações jurídicas que, em decorrência da tributação, se
estabelecem entre o fisco e os contribuintes.

O objetivo das normas, por sua vez, é reduzir os abusos praticados pelo
Estado e eliminar qualquer sorte de privilégios infundados. Em outras
palavras, o Direito Tributário tem por finalidade alcançar o equilíbrio entre
partes que claramente não possuem a mesma grandeza. Nas palavras de
Sacha Calmon Navarro Coelho, “o direito tributário regula e restringe o
Poder do Estado de exigir tributos e regula os direitos e deveres dos
contribuintes, isonomicamente. Seu objeto é a relação jurídica travada entre
o Estado e o contribuinte.”

2 – COMPETÊNCIA TRIBUTÁRIA

Ao mesmo tempo em que a Constituição criou os direitos individuais, ela


também sistematizou a forma do Poder de Tributar (aptidão de criar
tributos), delimitando-o no intuito de assegurar os direitos dos
contribuintes.

Pode-se entender que o sistema tributário possui três níveis distintos de


normas, são elas:

• plano constitucional: as normas de competência - são as normas que,


veiculadas pela própria Constituição, tratam da competência das
pessoas políticas para criar e cobrar tributos (positivas e negativas). As
imunidades tributárias e as competências tributárias estão previstas na
CF/88.

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• plano da lei complementar: normas gerais de direito tributário - São


normas que, na diretriz do art. 146 da CF, dispõem sobre conflitos de
competência, regulam as limitações do poder de tributar e estabelecem
as normas gerais em matéria de legislação tributária. Exemplo: Código
Tributário Nacional, LC 116/03 (ISSQN), LC 87/96 (ICMS).
• plano da legislação ordinária: normas de incidência – Trata-se da lei
de cada um dos entes federativos que trazem a norma de incidência, ou
seja, a norma que irá criar o tributo.
Para Roque Carraza que a Constituição “apontou a hipótese de incidência
possível, o sujeito ativo possível, o sujeito passivo passível, a base de cálculo
possível e a alíquota possível, das varias espécies e subespécies de tributos.
Em síntese, o legislador, ao exercitar a competência tributária, deverá ser fiel
à norma-padrão de incidência do tributo, pré-traçada na Constituição” 1. Em
outras palavras, é a repartição do poder de tributar, constitucionalmente
atribuída aos diversos entes públicos, de forma que um tenha o poder de
instituir e arrecadar os tributos de sua exclusiva responsabilidade.

Continua Roque Carraza que na verdade não se fala em Poder Tributário


(incontestável, absoluto) mas sim competência tributária (disciplinada pelo
Direito), com as seguintes características:

a) privatividade;

b) indelegabilidade;

c) incadubilidade;

d) inalterabilidade;

e) irrenunciabilidade;

f) facultatividade (LRF - obrigatoriedade).

1 CARRAZA, Roque Antonio. Curso de Direito Constitucional tributário. 22 ed. São Paulo: Malheiros, 2006,
p. 483.
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Uma vez que a competência tributária é indelegável (art. 7º do CTN),


apenas determinadas funções são transferíveis, como as de arrecadação ou
de fiscalização, que passam de um órgão público para outro. Assim, a
competência tributária é indelegável, salvo atribuição das funções de
arrecadar ou fiscalizar tributos, ou de executar leis, serviços, atos ou decisões
administrativas em matéria tributária. Contudo, não constitui delegação de
competência o cometimento, a pessoas de direito privado, do encargo ou da
função de arrecadar tributos. simples função de caixa, que é hoje atribuída
aos estabelecimentos bancários.

Por exemplo, é permitida a delegação do ITR, a qual foi prevista no art. 153,
§ 4º, III, da Constituição: “§ 4º - O imposto previsto no inciso VI (que é o ITR,
de competência da União) do caput: III - será fiscalizado e cobrado pelos
Municípios que assim optarem, na forma da lei, desde que não implique
redução do imposto ou qualquer outra forma de renúncia fiscal.

Então, o que os Municípios poderão fazer? Fiscalizar e cobrar o ITR. Temos


aqui delegação da capacidade tributária ativa.

Espécies de competência:

a) Competência legislativa plena: consiste no poder exclusivo da


pessoa jurídica de direito público conforme indicada pela CF, de criar
e arrecadar tributos, de acordo com o que dispõe o CTN, art. 6º.
b) Competência comum a todos as esferas de governo (federal, estadual
e municipal, e ainda o DF) se refere às taxas e às contribuições de
melhoria.
c) Competência residual possibilidade da União, por meio de Lei
complementar, instituir outros impostos, desde que não sejam
cumulativos e não possuam a mesma base de cálculo e o mesmo fato
gerador de outros já previstos. É a determinação do art. 154, I, da CF.

Diferença entre “BIS IN IDEM” e BITRIBUTAÇÃO: Bis in idem é quando


o mesmo poder tributário competente tentar criar um imposto repetido
sobre a mesma coisa. Ex. Estado cobra o IPVA, suponhamos que ele
institua o IPAR – imposto sobre automóveis rodantes. A bitributação é a
hipótese de dois entes políticos tentarem tributar a mesma situação
jurídica. Ex. a União (ITR) e o Município (IPTU) tributam a mesma
propriedade.

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3 – CONCEITO DE TRIBUTO:

No artigo 3.º do Código Tributário Nacional está contida a definição de


tributo: “Tributo é toda prestação pecuniária compulsória, em moeda ou
cujo valor nela se possa exprimir, que não constitua sanção de ato ilícito,
instituída em lei e cobrada mediante atividade administrativa plenamente
vinculada.”

Com a expressão “ou cujo valor nela se possa exprimir”, quer a lei dizer
que, em circunstâncias extraordinárias, previstas em lei, é possível que o
fisco aceite a satisfação da obrigação tributária com a entrega de bens,
cujo valor possa ser convertido em moeda, por exemplo a dação em
pagamento de bens imóveis.

Tributo X Tarifa/Preço Público

O fulcro do critério do discrímen está primeiramente no modo de


nascimento da obrigação. Se se tratar de vínculo nascido da vontade das
partes, estar-se-á diante de figura convencional (obligatio ex voluntate),
mútuo, aluguel, compra e venda etc. Isto permite discernir a obrigação
tributária das obrigações convencionais. (ATALIBA, Geraldo. Hipótese de
Incidência Tributária. 3ª ed. São Paulo: Malheiros, 2001, p. 37).

Tributos X Multas X Indenizações

Em outras palavras: o tributo não é sanção por violação de nenhum


preceito, nem reparação patrimonial. Com estas delimitações é que se
deve entender o conceito de tributo, adotado pelo direito constitucional
brasileiro. (ATALIBA, Geraldo. Hipótese de Incidência Tributária. 3ª ed. São
Paulo: Malheiros, 2001, p. 37) O tributo não constitui sanção por ato ilícito,
mas isso não quer dizer que seria vedada a tributação de valores oriundos
da atividade ilícita. Por força da teoria do non olet, o Supremo Tribunal
Federal entende que não importa se os rendimentos obtidos originaram-
se de atividade ilícita, haverá a tributação (HC 37530).

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Tributos Multas

Prestação que não


Sanção por ato
constitui sanção por
ilícito
ato ilícito

Obrigação de
pagamento surge
sempre em virtude Pode decorrer do
da verificação, no inadimplemento da
mundo dos fatos obrigação principal
(fato gerador) da ou da obrigação
situação acessória
hipoteticamente
prevista em lei

Possui limites de
Não podem confisco bem mais
apresentar qualquer elevados do que os
indício de confisco fixados para os
tributos

Têm por objetivo


principal arrecadar Visam a coibir e
recursos para o punir atos ilícitos
Estado

Valores desprovidos de natureza tributária:

• FGTS: Conforme entendimento doutrinário majoritário e precedente


do Supremo Tribunal Federal, FGTS não possui natureza tributária
(Súmula 353 STJ: As disposições do Código Tributário Nacional não se
aplicam às contribuições para o FGTS)

• Pedágio: Sacha Calmon N. Coelho e Ricardo Lobo 2 torres entendem que


pedágio não possui natureza tributária, mas sim de preço público.

2 TORRES, Ricardo Lobo. Curso de Direito Financeiro e Tributário. Rio de Janeiro – São Paulo: Renovar. p. 9;
COÊLHO, Sacha Calmon Navarro, Curso de Direito Tributário Brasileiro. 6ª edição. Rio de Janeiro, Forense,
2003. p. 427. 5

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Ocorre que existe pronunciamento do Supremo no sentido de que


pedágio é uma espécie de taxa (RE 181.475 3).

4 – FUNÇÕES DO TRIBUTO:

• Fiscal, quando seu principal objetivo é a arrecadação de recursos


financeiros para o Estado. Ex. IRPF;
• Extrafiscal, quando seu objetivo principal é a interferência do domínio
econômico, buscando um efeito diverso da simples arrecadação de
recursos financeiros; Ex. II, IE, IPI, etc
• Parafiscal, quando seu objetivo é a arrecadação de recursos para o
custeio de atividades que, em princípio, não integram funções próprias
do Estado, mas este as desenvolve através de entidades específicas. Ex.
CREA, CRM, SESC, etc.

5 – CLASSIFICAÇÃO DOS TRIBUTOS


o Direto ou indireto: Se o tributo for pago pelo próprio contribuinte de
direito (aquele que a lei atribui o encargo de calcular e recolher o
tributo), fala-se em imposto direto, a exemplo do IPTU, do IRPF. Caso,
ao contrário, o ônus do recolhimento do tributo for repassado pelo
contribuinte de direito para outra pessoa, o chamado contribuinte de
fato, identifica-se o tributo como indireto. Ex: o ICMS e o IPI.

o Fixos ou variável: Fixos são aqueles cobrados a partir de um montante


determinado que não se altera, independentemente do valor da
mercadoria, serviço ou patrimônio tributado. Os variáveis, por seu
turno, caracterizam-se pela fixação de uma alíquota incidente sobre
uma base de cálculo, ainda que esta se altere. O imposto variável
poderá ainda ser progressivo ou regressivo (art. 153, parágrafo 2.º, I,
CF), cumprimento da função social da propriedade (art. 156, parágrafo
1.º, CF), ou produtividade rural (art. 153, parágrafo 4.º, CF).

o Seletivos e não seletivos. O imposto é seletivo, quando a sua alíquota


é aumentada ou diminuída em razão da essencialidade do bem. O

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EMENTA: - CONSTITUCIONAL. TRIBUTÁRIO. PEDÁGIO. Lei 7.712, de 22.12.88. I.- Pedágio: natureza
jurídica: taxa: C.F., art. 145, II, art. 150, V. II.- Legitimidade constitucional do pedágio instituído pela Lei 7.712,
de 1988. III.- R.E. não conhecido. (STF - RE 181475/RS - Relator(a): Min. CARLOS VELLOSO - Julgamento: 6
04/05/1999 - Órgão Julgador: Segunda Turma - Publicação – DJ 25-06-99)

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imposto é não seletivo quando inexiste tal preocupação. Em regra, o


ICMS é um imposto não seletivo.

o Cumulativos e não cumulativos. O imposto cumulativo incide em


várias fases de circulação do bem, não sendo considerado o valor que
já incidiu nas fases anteriores. No imposto não cumulativo (é o caso do
ICMS), em cada fase de circulação, há sua incidência sobre o valor que
se agregou ao bem ou sobre o valor acumulado do bem, descontando-
se, na última hipótese, o valor que já gravou as fases anteriores.

o Pessoal ou Real: O imposto será considerado pessoal quando levar


em conta a situação subjetiva do contribuinte, como a variação de
renda. Já o imposto real, por sua vez, quando a incidência é indireta
sobre a pessoa, adotando-se como base para a tributação uma
situação relativa aos bens ou operação realizada (IPTU, IPVA, ITCMD,
ICMS, etc.).

6– ESPÉCIES TRIBUTÁRIAS
Impostos: Os impostos são tributos de caráter genérico que
independem de qualquer atividade ou serviço do poder público em
relação ao contribuinte. Está descrito no art 16 do CTN, deixando claro
que se trata de tributo não vinculado a uma atuação estatal
específica. Inclusive, sua vinculação é vedada, exceto para repartições
constitucionais, aplicação na saúde e educação, administração
tributária e operações de crédito por antecipação de receita (art. 167,
IV, CF). Estão compreendidos na competência privativa de cada ente
público, com atribuições para instituição definidas na Constituição.

Taxas: A taxa pertence a competência comum da União, dos Estados,


Distrito Federal e dos Municípios, devendo notar que a pessoa jurídica de
direito público que instituiu determinada taxa deve, necessariamente, ser
competente para realizar a atividade vinculada ao respectivo fato gerador.
Assim, cabe somente a União cobrar taxa sobre a fiscalização de entidades
que operam no mercado financeiro (art. 21, VIII, CR/88); só o Estado pode
cobrar taxa de incêndio, uma vez que a prevenção e extinção desses não
se encontram deferidas à União ou ao Município; e compete ao Município

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instituir taxa relativa aos serviços públicos de interesse local, como a taxa
de coleta domiciliar de lixo (art. 30, V, CR/88).

Observe a diferença entre taxa e preço público:

TAXA PREÇO PÚBLICO


(TARIFA)
Regime jurídico Regime jurídico
tributário (legal) contratual
Regime jurídico de Regime jurídico de
direito publico direito privado
Não há autonomia Decorre da
da autonomia da
vontade(cobrança vontade do usuário
compulsória) (é facultativo)
Não admite Admite rescisão
rescisão
Cobrança não Pagamento
proporcional a proporcional a
utilização utilização
Sujeita aos Não sujeito aos
princípios princípios
tributários(legalida tributários
de, anterioridade
etc)
Serviço uti singuli Servico uti singuli
obrigatório facultativo
Receita derivada Receita originaria

O Fato Gerador da taxa está descrito no art.145, II, da CF e no art. 77 e 78


do CTN:

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(i) exercício regular do poder de polícia (taxa de polícia) ou


(ii) na prestação, efetiva ou potencial, de serviço público
específico e divisível (taxa de serviço).
O exercício do poder de polícia (taxa de polícia) Para Roque Antonio
Carraza “compreende atividades dirigidas a procurar uma utilidade
genérica aos cidadãos uti universi, sem possibilidade de distinguir a
quantidade de utilidade que cada cidadão obtém”. Salienta Carraza
que “o simples exercício do poder de polícia – tornamos a repetir –
não enseja a cobrança de taxa de polícia. O que enseja tal cobrança é
o desempenho efetivo da atividade dirigida ao administrado” 4. Por
exemplo: “É ilegítima a cobrança de taxa anualmente, a título de mera
renovação, sem que haja procedimento de fiscalização” (STF - RREE
195788 e STJ – Resp. 236517)

Quanto aos serviços públicos, a sua utilização pode ser efetiva ou potencial
(quando, sendo de utilização compulsória, sejam postos à sua disposição
mediante atividade administrativa em efetivo funcionamento) e deverá
obrigatoriamente ser: I - específicos, quando possam ser destacados em
unidades autônomas de intervenção, de unidade, ou de necessidades
públicas e III - divisíveis, quando suscetíveis de utilização, separadamente,
por parte de cada um dos seus usuários.
Exemplos de taxas que foram declaradas constitucionais pelo Supremo
Tribunal Federal: Taxa de lixo (AI 636528/RJ); Taxa de Incêndio (AI 677891);
Taxa de Sinistro (RE 403453). Mas já foi declarado inconstitucional a Taxa
de Limpeza Pública por ser um serviço de natureza geral que se presta a
servir a comunidade e não alguém em específico (AI 245539/RJ)

Alerta-se que a taxa não poderá ter base de cálculo própria de impostos
(art. 145, parágrafo 2.º, CF). Porém, é permitida a utilização desta base de
cálculo como mero parâmetro de enquadramento:

Súmula Vinculante 29: É constitucional a adoção, no cálculo do valor


de taxa, de um ou mais elementos da base de cálculo própria de
determinado imposto, desde que não haja integral identidade entre
uma base e outra.

4 CARRAZA, Roque Antonio. Curso de Direito Constitucional tributário. 22 ed. São Paulo: Malheiros, 2006,
p. 507.
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Súmula 595 STF: É inconstitucional a taxa municipal de conservação


de estradas de rodagem cuja base de cálculo seja idêntica a do imposto
territorial rural.

***Taxa do Lixo – Uma segunda discussão está na taxa do lixo. O STF já se


manifestou sobre esse assunto e, em diversas ocasiões falou: a taxa do lixo
é constitucional:

AI 636528 AgR / RJ - RIO DE JANEIRO - RICARDO LEWANDOWSKI -


Julgamento: 09/06/2009 -Primeira Turma - I - A taxa de coleta de lixo
domiciliar - TCDL, instituída pela Lei Municipal 2.687/98, reúne os
pressupostos da especificidade e divisibilidade. Legitimidade da cobrança.
Precedentes do STF. II - Opostos embargos infringentes, o prazo para
interposição de recurso extraordinário relativo à parte unânime fica
sobrestado até a intimação da decisão dos embargos. O recurso
extraordinário interposto anteriormente a esta publicação é extemporâneo,
se não ratificado posteriormente. Precedentes do STF. III - Agravo regimental
improvido.

***Taxa de limpeza pública: se for taxa do lixo vinculada única e


exclusivamente à coleta dos resíduos, tudo bem, é constitucional porque
específica e divisível, mas não podemos ter uma taxa do lixo que esteja
vinculada a esse outro serviço de natureza geral que se presta a servir a
comunidade, como a taxa de limpeza pública:

STF - AI 245539 AgR / RJ - RIO DE JANEIRO - ILMAR GALVÃO -


Julgamento: 14/12/1999 -Primeira Turma - EMENTA: TRIBUTÁRIO.
MUNICÍPIO DO RIO DE JANEIRO. ILEGALIDADE DA TAXA DE COLETA DE
LIXO E LIMPEZA PÚBLICA. ART. 145, II, DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL. Tributo
vinculado não apenas à coleta de lixo domiciliar, mas também à limpeza de
logradouros públicos, hipótese em que os serviços são executados em
benefício da população em geral (uti universi), sem possibilidade de
individualização dos respectivos usuários e, conseqüentemente, da
referibilidade a contribuintes determinados, não se prestando para custeio
mediante taxa. Impossibilidade, no caso, de separação das duas parcelas.
Agravo regimental improvido.

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***Taxa de Incêndio:

TAXA DE COMBATE A INCÊNDIO – INADEQUAÇÃO CONSTITUCIONAL.


Descabe introduzir no cenário tributário, como obrigação do contribuinte,
taxa visando a prevenção e o combate a incêndios, sendo imprópria a
atuação do Município em tal campo. (RE 643247, Relator(a): Min. MARCO
AURÉLIO, Tribunal Pleno, julgado em 01/08/2017, ACÓRDÃO ELETRÔNICO
DJe-292 DIVULG 18-12-2017 PUBLIC 19-12-2017)

***Taxa de Sinistro:

E MENTA: PROCESSUAL CIVIL. EMBARGOS DE DECLARAÇÃO.


INTERPOSIÇÃO DE DECISÃO MONOCRÁTICA E COM INTUITO
MODIFICATIVO. CONHECIMENTO COMO AGRAVO REGIMENTAL.
OBSERVÂNCIA DO CONTRADITÓRIO. TRIBUTÁRIO. ANULATÓRIA DE
LANÇAMENTO. IPTU. TAXA DE LIMPEZA. TAXA DE COMBATE A SINISTRO.
VALIDADE DA ÚLTIMA EXAÇÃO. CUSTAS E HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS.
1. Segundo jurisprudência desta Corte, é constitucional a Taxa de Combate
a Sinistros, tal como instituída na espécie. (RE 403453 ED, Relator(a): Min.
JOAQUIM BARBOSA, Segunda Turma, julgado em 01/03/2011, DJe-074
DIVULG 18-04-2011 PUBLIC 19-04-2011 EMENT

Contribuições de Melhoria: A arrecadação de recursos financeiros para


cobrir os custos da obra é o seu objeto. A fórmula linguística utilizada pela
Constituição de 1988 para tratar das contribuições de melhoria é muito
limitada. Dela derivam duas premissas:

a) relação entre a melhoria observada e a realização de uma obra pública.

b) Valorização Imóvel

Regulam a instituição e cobrança das contribuições de melhoria os arts. 81


e 82 do Código Tributário Nacional, além do Decreto-Lei n. 195, de 1967,

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já mencionado. Importa destacar a existência de dois limites para a


cobrança do tributo:

a) limite total ou global é o custo da obra (ou despesa realizada) e o


b) limite individual é o acréscimo de valor que da obra resultar para
cada imóvel beneficiado. Entende-se que a contribuição de melhoria
ao ser cobrada deve respeitar o menor destes valores.

Dito isso, podemos concluir que as contribuições de melhoria são tributos


vinculados, contudo, diferentemente do que ocorre com as taxas, a
vinculação não tem relação com um serviço público prestado pelo Estado,
mas sim com a realização de uma obra pública que cause valorização de
imóveis.

Empréstimos Compulsórios: Prevê o artigo 148 da Constituição que a


União, mediante lei complementar, poderá instituir empréstimos
compulsórios para atender a despesas extraordinárias, decorrentes de
calamidade pública, de guerra externa ou sua iminência ou no caso de
investimento público de caráter urgente e de relevante interesse nacional,
observado o disposto no art. 150, III, “b”. O parágrafo único do artigo em
comento dispõe que a aplicação dos recursos provenientes de empréstimo
compulsório será vinculada à despesa que fundamentou sua instituição.
Os principais traços identificadores do empréstimo compulsório como
espécie tributária própria são a restituibilidade, a causalidade e a
destinação vinculada. Desse modo, pode-se dizer que, consoante à
previsão constitucional, são quatro os requisitos para a instituição do
empréstimo compulsório:

• instituição por lei complementar;

• ocorrência das situações urgentes descritas no referido art. 148; a)


atender despesas extraordinárias nos casos de calamidade pública
ou guerra externa (inclusive sua iminência) ou b) investimento
público de caráter urgente e de relevante interesse nacional.

• destinação legal dos recursos às despesas que deram origem à


criação do tributo; e

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• previsão legal para a restituição, pois o empréstimo compulsório é


um ingresso de recursos temporários em favor do Estado.

Contribuições Sociais:

• Contribuição da seguridade social (art. 195 CF)


• Outras contribuições sociais (residual – art. 195 § 4º CF)
• Contribuições sociais gerais (art. 149 CF – SESC, SESI, salário educação)
• Contribuição de intervenção no domínio econômico (CIDE – art. 149 CF)
• Contribuições corporativas (CREA, SINDICAL – art. 149 CF)

***A União possui competência exclusiva para instituir contribuições


sociais, conforme fixa o art. 149 da

Constituição. As únicas ressalvas, previstas no mesmo artigo, consistem:

a) na instituição de contribuições previdenciárias para custeio dos


sistemas de previdência e assistência social dos servidores dos
Estados, Distrito Federal e Municípios e

b) na criação da contribuição para o custeio da iluminação pública por


parte dos Municípios e do Distrito Federal.

Assim como nos empréstimos compulsórios, o que distingue cada uma das
contribuições especiais das demais espécies tributárias é o destino do
produto da arrecadação. O fato gerador da obrigação, por sua vez,
poderá ser vinculado ou não a uma atividade estatal específica, logo, as
contribuições especiais, a depender do disposto nas leis instituidoras,
poderão ter “natureza” de taxa ou de imposto.

Nas contribuições sociais, o destino será o financiamento da seguridade


social (CF/88, art. 195, caput). Nas contribuições de intervenção no
domínio econômico, por sua vez, o produto arrecadado será utilizado pela
União em prol do melhor funcionamento de determinado setor da
economia, a exemplo da CIDE-Combustível, prevista expressamente no art.
177, § 4º, da CF/88, como forma de regulação e desenvolvimento do setor
de combustíveis. Por fim, as contribuições de interesse das categorias

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profissionais ou econômicas servirão ao custeio dos sindicatos de


trabalhadores e empregadores.

A competência para criação das contribuições sociais, de interesse das


categorias profissionais ou econômicas e de intervenção no domínio
econômico será exclusiva da União (CF/88, art. 149, caput), ressalvada a
hipótese do artigo 149, § 1º, CF/88, segundo o qual os Estados, o Distrito
Federal e os Municípios instituirão contribuição, cobrada de seus servidores,
para o custeio, em benefício destes, do regime previdenciário de que trata o
art. 40, cuja alíquota não será inferior à da contribuição dos servidores
titulares de cargos efetivos da União.

A criação das contribuições, em regra, se dará por meio de lei ordinária.


Serão instituídas por lei complementar as contribuições sociais residuais,
conforme regra prevista no artigo 195, § 4º, da CF/88.

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