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Auditor Fiscal do Município de Joinville – SC

MBA em Direito Tributário - FGV


ADVERTÊNCIA

Prezado Acadêmico,

Os slides são orientações do Professor. Por tal razão, os mesmos contêm apenas
tópicos. Portanto, faça os devidos apontamentos e ao estudar Vossa Senhoria DEVE,
necessariamente, valer-se da bibliografia prevista na ementa da disciplina e naquela
disponibilizada ao final da apresentação.
Por vez ou outra serão disponibilizados outros materiais de apoio, os quais poderão
ser cobrados nas avaliações.

Atenciosamente;

Professor.
CONCEITO LEGAL DE TRIBUTO
Espécies Tributárias
Imposto
Taxa
Contribuição de Melhoria
Empréstimo Compulsório
Contribuições Especiais

Aula 2
Fl. 4

DEFINIÇÃO LEGAL DE TRIBUTO


Fl. 5

DEFINIÇÃO LEGAL DE TRIBUTO

Dissecando o conceito
Fl. 6

DISSECANDO O CONCEITO LEGAL DE TRIBUTO

Juridicamente, define-se tributo como obrigação jurídica


pecuniária ex lege, que não constitui em sanção de ato
ilícito, cujo sujeito ativo é uma pessoa pública (ou
delegado por lei), e cujo sujeito passivo é alguém nessa
situação posto pela vontade da lei, obedecidos os desígnios
constitucionais (explícitos ou implícitos).
O conceito formulado tem o mérito de – pela cláusula
excludente das obrigações que configurem sanção de ato
ilícito – evitar a abrangência também das multas, as
quais, doutra forma, ver-se-iam nele compreendidas.
Fonte: ATALIBA, Geraldo. Hipótese de Incidência Tributária. 3ª ed. São Paulo:
Malheiros, 2001, p. 34.
Fl. 7

DISSECANDO O CONCEITO LEGAL DE TRIBUTO

Do conceito legal se extrai as seguintes características:

1- tributo é toda prestação: objeto da obrigação tributária é o ato de


prestar, ou seja, realizar o pagamento;
2. pecuniária: pecúnia significa dinheiro. Então tributo é uma prestação em
dinheiro (como regra);

 PECUNIÁRIA – circunscreve-se, por este


adjetivo, o objeto da obrigação tributária: para
que esta se caracterize, no direito
constitucional brasileiro, há necessidade de
que seu objeto impor ao sujeito passivo o
comportamento de entregar dinheiro ao
sujeito ativo.
Fl. 8

DISSECANDO O CONCEITO LEGAL DE TRIBUTO

3. compulsória: obrigatoriedade e traço primordial do tributo. Não existe


uma facultatividade.

 OBRIGAÇÃO – vínculo jurídico transitório, de


conteúdo econômico, que atribui, ao sujeito
ativo, o direito de exigir do passivo determinado
comportamento.

 “EX LEGE” – a obrigação tributária nasce da


vontade da lei, mediante a ocorrência de um fato
(fato imponível) nela descrito. Não nasce,
como as obrigações voluntárias (ex voluntate),
da vontade das partes. Esta é irrelevante para
determinar o nascimento deste vínculo
obrigacional de natureza tributária.
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DISSECANDO O CONCEITO LEGAL DE TRIBUTO

Supremo Tribunal Federal – ST– ADI 447

Os tributos, nas suas diversas espécies, compõem o Sistema Constitucional


Tributário brasileiro, que a Constituição inscreve nos seus arts. 145 a 162.
Tributo, sabemos todos, encontra definição no art. 3º do CTN, definição que se
resume, em termos jurídicos, no constituir ele uma obrigação que a lei impõe às
pessoas, de entrega de uma certa importância em dinheiro ao Estado. As
obrigações são voluntárias ou legais. As primeiras decorrem da vontade das
partes, assim, do contrato; as legais resultam da lei, por isso são
denominadas obrigações ex lege e podem ser encontradas tanto no
direito público quanto no direito privado. A obrigação tributária,
obrigação ex lege, a mais importante do direito público, "nasce de
um fato qualquer da vida concreta, que antes havia sido
qualificado pela lei como apto a determinar o seu nascimento."
(Geraldo Ataliba, "Hermenêutica e Sistema Constitucional Tributário", in
"Diritto e pratica tributaria", volume L, Padova, Cedam, 1979).
ADI 447, rel. min. Octavio Gallotti, voto do min. Carlos Velloso, j. 5-6-1991, P, DJ de 5-3-1993.
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DISSECANDO O CONCEITO LEGAL DE TRIBUTO

4. em moeda ou cujo valor se possa exprimir: em regra o tributo deve


ser pago em dinheiro-moeda corrente no país. A ênfase à noção da prestação
ser pecuniária, retira por completo qualquer hipótese do tributo ser in natura
ou in labore.

 A expressão “ou cujo valor nela se possa


exprimir” representa o fato do tributo poder ser
indexado a um parâmetro que conserve seu valor
diante de um período inflacionário. Assim, se
determinado tributo estiver indexado a um índice
regularmente constituído, não haverá qualquer
afronta ao seu conceito, muito pelo contrário estará
garantindo a eficácia de seu valor. Ex: um tributo que
seja cobrado em UFIR, e este índice se possa converter
em moeda corrente que é o real.
Fl. 11

DISSECANDO O CONCEITO LEGAL DE TRIBUTO

5. que não constitua sanção de ato ilícito: o tributo se distingue da


penalidade exatamente porque esta tem como hipótese de incidência um ato
ilícito, enquanto a hipótese de incidência de tributo é sempre algo lícito.

Quando se diz que o tributo não constitui sanção de ato ilícito, isto quer dizer
que a lei não pode incluir na hipótese de incidência tributária o elemento
ilicitude. Não pode estabelecer como necessária e suficiente à ocorrência da
obrigação de pagar um tributo uma situação que não seja lícita. Se o faz, não
esta instituído um tributo, mas uma penalidade.

 QUE NÃO SE CONSTITUI EM SANÇÃO DE ATO ILÍCITO – O dever de


levar dinheiro aos cofres (tesouro = fisco) do sujeito ativo decorre do fato
imponível. Este, por definição, é fato jurídico constitucional qualificado e
legalmente definido, com conteúdo econômico, por imperativo da isonomia (art.
5º, caput e inciso I da CF), não qualificado como ilícito. Dos fatos ilícitos nascem
multas e outras consequências punitivas, que não configuram tributo, por isso,
não integrando seu conceito, nem submetendo-se a seu regime jurídico.
Fl. 12

DISSECANDO O CONCEITO LEGAL DE TRIBUTO

PRINCÍPIO DO NON OLET

 Leandro Paulsen:

“Jamais um ato ilícito estará descrito na norma


como hipótese de incidência da obrigação
tributária. Mas se algum fato ilícito implicar
situação que por si só seja ilícita e que esteja
prevista como hipótese para a imposição
tributária, a ilicitude circunstancial não terá
qualquer relevância, não viciará a relação jurídica
tributária”.
In Direito Tributário: Constituição e Código tributário à Luz da Doutrina e
da Jurisprudência. 7ª ed., ver. e atul. Conforme a LC 118/2005. Porto Alegre:
Livraria do Advogado: Esmafe, 2005, p. 957).

“Pecunia Non Olet” é uma expressão oriunda do latim, e significa dinheiro


não cheira. O termo é comumente utilizado no mundo jurídico,
especificamente no direito tributário, para definir que não importa a fonte,
toda geração de riqueza deve ser tributada.
Fl. 13

DISSECANDO O CONCEITO LEGAL DE TRIBUTO

É possível a incidência de tributação sobre valores arrecadados em virtude de


atividade ilícita, consoante o art. 118 do CTN (...). Com base nessa orientação, a 1ª
Turma conheceu parcialmente de habeas corpus e, na parte conhecida, por maioria,
“NON OLET” E ATIVIDADE ILÍCITA

denegou a ordem. Na espécie, o paciente fora condenado pelo crime previsto no art.
1º, I, da Lei 8.137/1990 (...) e sustentava a atipicidade de sua conduta, porque
inexistiria obrigação tributária derivada da contravenção penal do jogo do bicho
(Decreto-Lei 6.259/44, art. 58). O Min. Dias Toffoli, relator, assinalou que a
definição legal do fato gerador deveria ser interpretada com abstração da validade
jurídica da atividade efetivamente praticada, bem como da natureza do seu objeto
ou dos seus efeitos. Ressaltou que a possibilidade de tributação da renda obtida em
razão de conduta ilícita consubstanciar-se-ia no princípio do non olet. Assim,
concluiu que o réu praticara sonegação fiscal, porquanto não declarara suas receitas,
mesmo que resultantes de ato contravencional. O Min. Luiz Fux aludiu ao caráter
sui generis da teoria geral do direito tributário. Acrescentou que seria
contraditório o não-pagamento do imposto proveniente de ato ilegal, pois haveria
locupletamento da própria torpeza em detrimento do interesse público da
satisfação das necessidades coletivas, a qual se daria por meio da exação tributária.
Vencido o Min. Marco Aurélio, que concedia a ordem por entender que recolhimento
de tributo pressuporia atividade legítima. Precedente citado: HC 77530/RS (DJU de
18.9.98). HC 94240/SP, rel. Min. Dias Toffoli, 23.8.2011.
Fl. 14

DISSECANDO O CONCEITO LEGAL DE TRIBUTO

“NON OLET” e atividade ilícita

RECURSO ESPECIAL. PENAL. PECULATO.


CONDENAÇÃO. SONEGAÇÃO FISCAL DE RENDA
PROVENIENTE DE ATUAÇÃO ILÍCITA.
TRIBUTABILIDADE. INEXISTÊNCIA DO "BIS IN
IDEM". BENS JURÍDICOS TUTELADOS NOS TIPOS
PENAIS DISTINTOS. PUNIBILIDADE. São tributáveis, "ex
vi" do art. 118, do Código Tributário Nacional, as operações ou
atividades ilícitas ou imorais, posto a definição legal do fato
gerador é interpretada com abstração da validade jurídica dos
atos efetivamente praticados pelos contribuintes, responsáveis ou
terceiros, bem como da natureza do seu objeto ou dos seus
efeitos. - Não constitui "bis in idem" a instauração de ação penal
para ambos os crimes, posto caracterizados peculato e sonegação
fiscal, reduzindo-se, porém, a pena para o segundo crime à vista
das circunstâncias judiciais. - Recurso conhecido e provido.
STJ – 5ª T. – Resp. 182563/RN- Rel. Min. José Arnaldo da Fonseca – DJU 23.11.1998 , p. 198
Fl. 15

DISSECANDO O CONCEITO LEGAL DE TRIBUTO

Tributos X Multas X Indenizações

 Será tributo, quando obrigação pecuniária legal não emergir


de fatos ilícitos, pois estes são fatos geradores de multa ou O tributo NÃO se
de obrigação de indenizar. confunde com multa.
 A multa se caracteriza por constituir-se em sanção aflitiva, Paga-se o tributo em
razão do fato gerador
de um preceito que impõe um comportamento determinado.
(subsunção
A indenização é mera reparação patrimonial, a título de
tributária); paga-se a
composição de dano, segundo o princípio geral do direito, de multa, em virtude do
acordo como qual causar prejuízo a outrem é obrigado a inadimplemento
indenizar. obrigacional (caráter
pedagógico da
 Em outras palavras: o tributo não é sanção por violação
multa).
de nenhum preceito, nem reparação patrimonial. Com estas
delimitações é que se deve entender o conceito de tributo,
adotado pelo direito constitucional brasileiro.

Fonte: ATALIBA, Geraldo. Hipótese de Incidência Tributária. 3ª ed. São Paulo:


Malheiros, 2001, p. 37.
Fl. 16

DISSECANDO O CONCEITO LEGAL DE TRIBUTO

6) instituída em lei (principio da legalidade): para


que o tributo seja exigido legitimamente exigido,
necessário se torna que a lei o estabeleça com
antecedência ao fato que dê motivo à cobrança exercida
pelo Estado.

 Vale dizer, sem lei não há tributo. O


princípio acha-se traduzido em nossa
constituição – nenhum tributo será exigido,
sem que a lei o estabeleça. O art. 3º do CTN
reitera o princípio da legalidade.
Fl. 17

DISSECANDO O CONCEITO LEGAL DE TRIBUTO

Conteúdo do princípio da legalidade tributária

“O Conteúdo do princípio da legalidade tributária vai além da simples


autorização do Legislativo para que o Estado cobre tal ou qual tributo.
É mister que a lei defina in abstrato todos os aspectos relevantes para
que in concreto, se possa determinar quem terá de pagar, quanto, a
quem, à vista de fatos ou circunstâncias. A lei deve esgotar, como
preceito geral e abstrato, os dados necessários à identificação do fato
gerador da obrigação tributária e à quantificação do tributo, sem
restarem à autoridade poderes para, discricionariamente, determinar
se “A” irá ou não pagar tributo, em face de determinada situação. Os
critérios que definirão se “A” deve ou não contribuir, ou que montante
estará obrigado a recolher, devem figurar na lei e não no juízo de
conveniência ou oportunidade do administrador público”.
AMARO, Luciano. Direito Tributário Brasileiro. 12, ed., São Paulo: Saraiva, 2006, p. 112.
Fl. 18

DISSECANDO O CONCEITO LEGAL DE TRIBUTO

7) cobrada mediante atividade administrativa


plenamente vinculada: vale dizer, submetida ao
império da lei, sem arbitrariedade por parte do fisco,
ou seja, cumpre a Fazenda Pública lançar o tributo. A
atividade administrativa de lançamento é vincula e
obrigatória, sob pena de responsabilidade funcional,
conforme estabelece o parágrafo único do art. 142 do
CTN.
Fl. 19

CLASSIFICAÇÃO DOS TRIBUTOS QUANTO A FINALIDADE

“Segundo o objetivo visado pela lei de incidência seja (a) prover de


recursos a entidade arrecadadora ou (b) induzir comportamentos, diz-
se que os tributos têm finalidade arrecadatória (ou fiscal) ou
finalidade regulatória (ou extrafiscal). Assim, se a instituição de um
tributo visa, precipuamente, a abastecer de recursos os cofres públicos
(ou seja, a finalidade da lei é arrecadar), ele se identifica como tributo
de finalidade arrecadatória. Se, com a imposição, não se deseja
arrecadar, mas estimular ou desestimular certos comportamentos,
por razões econômicas, sociais, de saúde etc., diz-se que o tributo tem
finalidades extrafiscais ou regulatórias. A extrafiscalidade, em maior
ou menor grau, pode estar presente nas várias figuras impositivas.
Têm, tipicamente, a configuração de tributos regulatórios os impostos
sobre o comércio exterior”. (Amaro, 2006, p. 89)
Fl. 20

CLASSIFICAÇÃO DOS TRIBUTOS QUANTO A FINALIDADE


Fl. 21

CLASSIFICAÇÃO DOS TRIBUTOS QUANTO AO FATO GERADOR


Fl. 22

CLASSIFICAÇÃO DOS TRIBUTOS QUANTO AO FATO GERADOR

bilaterais ou sinalagmáticos: aqueles


que pressupõem uma atividade estatal
a ser por eles remunerada. É o caso das
taxas e contribuição de melhoria

unilaterais ou “sem causa”:


independem de uma atividade estatal
relativa ao contribuinte. Exemplo:
impostos.
Fl. 23
Fl. 24

CLASSIFICAÇÃO DOS TRIBUTOS QUANTO A REPERCUSSÃO ECONÔMICA


Fl. 25

TRIBUTOS DIRETOS

São aqueles cuja carga econômica é


suportada exclusivamente pelo
contribuinte.

Incidem sobre patrimônio ou renda.


Exemplos: IR, IPTU, ITR e IPVA.

$$

TRIBUTO
Fl. 26

TRIBUTOS INDIRETOS

Contribuinte
Contribuinte
Venda = Preço (Mercadoria + Tributos)

Pagamento = Preço ($$)


Recolhimento do Tributo = $

De Direito De Fato

São aqueles cuja carga


financeira/econômica não é
suportada pelo contribuinte, mas
por terceira pessoa.
Fl. 27

TRIBUTOS INVISÍVEIS Pagamos e não percebemos

 ISSQN;
 ICMS;
 IR;
 IPI;
 PIS/PASEP;
 COFINS;
 CSLL;
 CIDE;
 INSS.
Fl. 28

TRIBUTOS INVISÍVEIS Pagamos e não percebemos

Constituição Federal

Art. 150 [...].

§ 5º - A lei determinará medidas para que


os consumidores sejam esclarecidos acerca
dos impostos que incidam sobre
mercadorias e serviços.

A Lei Federal nº 12.741/2012


estabeleceu que as empresas que efetuam
vendas para o consumidor final são
obrigadas a informar o valor aproximado
dos tributos nos documentos fiscais.
Fl. 29

ESPÉCIES TRIBUTÁRIAS Segundo classificação adotada pelo STF

NOTA: Cuidado com a redação do artigo 5º do CTN.


Fl. 30

ESPÉCIES TRIBUTÁRIAS Classificação pentapartide


Fl. 31

ESPÉCIES TRIBUTÁRIAS

Supremo Tribunal Federal – STF – ADI 447

[...]. As diversas espécies tributárias, determinadas pela hipótese de


incidência ou pelo fato gerador da respectiva obrigação (CTN, art.
4º), são a) os impostos (CF, art. 145, I, arts. 153, 154, 155 e 156), b)
as taxas (CF, art. 145, II), c) as contribuições, que são c.1) de
melhoria (CF, art. 145, III), c.2) sociais (CF, art. 149), que, por sua
vez, podem ser c.2.1) de seguridade social (CF, art. 195, CF, 195, §
4º) e c.2.2) salário educação (CF, art. 212, § 5º) e c.3) especiais:
c.3.1.) de intervenção no domínio econômico (CF, art. 149) e c.3.2)
de interesse de categorias profissionais ou econômicas (CF, art.
149). Constituem, ainda, espécie tributária, d) os empréstimos
compulsórios (CF, art. 148).
ADI 447, rel. min. Octavio Gallotti, voto do min. Carlos Velloso, j. 5-6-1991, P, DJ de 5-3-1993.
Fl. 32
Fl. 33

ESPÉCIES TRIBUTÁRIAS Classificação das competências


CLASSSIFICAÇÃO
Fl. 34

ESPÉCIES TRIBUTÁRIAS Classificação das competências

A competência privativa diz respeito à aptidão


exclusiva de criar tributos. Ela ocorre nos casos
em que um ente federativo é o único com
possibilidade de instituir determinado tributo, não
compartilhando essa faculdade com outros entes ou
por eles ser violada ou atacada.
Fl. 35

IMPOSTO

Constituição Federal

Art. 145. A União, os Estados, o Distrito Federal e os


Municípios poderão instituir os seguintes tributos:
I - impostos;
[...].

Código Tributário Nacional - CTN

Art. 16 – CTN: Imposto é o tributo cuja obrigação


tem por fato gerador uma situação
independente de qualquer atividade estatal
específica, relativa ao contribuinte.
Fl. 36

IMPOSTO

Tributo Não Vinculado

É um tributo não vinculado, ou seja, o fato


gerador dos impostos não está vinculado a nenhuma
atuação estatal.

O contribuinte ao paga-lo não espera ou recebe qualquer


contraprestação direta (efetiva ou potencial) de natureza
pessoal por parte do poder público, pois o imposto é
utilizado para financiar as despesas públicas de
caráter geral (saúde, segurança, educação etc.).

Não há no pagamento de impostos uma contraprestação


específica estatal, vale dizer, NÃO SE SABE, ao certo, qual A
DESTINAÇÃO do dinheiro. Em virtude disso, as receitas dos
impostos também não serão vinculadas, ou seja, o dinheiro não
custeará nenhuma despesa específica, mas sim despesas gerais.
Fl. 37

IMPOSTO

Tributo Não Vinculado

“[...] o imposto é aquele tributo devido em virtude da prática,


pelo contribuinte, de um fato que revela capacidade para
contribuir, revela riqueza, mas que não tem nenhuma relação
com atividades estatais específicas. A hipótese de incidência da
norma que cria um imposto, realmente, é sempre uma
situação relacionada com o contribuinte (auferir renda,
ser proprietário de imóveis, ou de veículos, comercializar
mercadorias, realizar importação etc.), e não com uma atuação
estatal. Daí dizer-se que o imposto é um tributo não
vinculado, pois o nascimento da obrigação de pagá-lo não
está vinculado, nem ligado, à existência de uma atividade ou
atuação estatal específica, relacionada com o contribuinte.”
MACHADO SEGUNDO, Hugo de Brito. Manual de direito tributário. 10 ed. rev., atual.
e ampl., São Paulo: Atlas 2018, p. 57.
Fl. 38

IMPOSTO

Caráter retributivo

“[...] os impostos não têm caráter retributivo, e


sim contributiva, sendo utilizados para obter recursos
voltados ao custeio de serviços públicos uti universi e
outras despesas estatais gerais”.
“A hipótese de incidência dos impostos nunca descreve
uma atividade estatal, mas um fato ou situação
econômica pertinentes à esfera privada de interesses do
contribuinte. São, por isso, chamados também de
tributos sem causa, unilaterais ou não
contraprestacionais”.
MAZZA, Alexandre. Manual de direito tributário. 4ª ed., São Paulo: Saraiva,
2018, p. 157
Fl. 39

IMPOSTO

Base de cálculo x fato gerador

“Vale lembrar, a propósito, que a base de cálculo de


um tributo, por um dever de coerência, deve
corresponder, sempre, ao seu fato gerador
economicamente dimensionado. Afinal, a base de
cálculo, ou base imponível, nada mais é que ‘uma
perspectiva dimensível do aspecto material da h.i. que
a lei qualifica, com a finalidade de fixar critério para a
determinação, em cada obrigação tributária concreta,
do quantum debetur.’ Nas palavras de Alfredo Augusto
Becker, a base de cálculo de um tributo é a parcela
nuclear de sua hipótese de incidência, a partir da qual,
transformada em cifra e submetida à aplicação da
alíquota, obtém-se o montante do tributo devido. Não é
logicamente possível, portanto, haver discrepância
entre tais elementos.”
MACHADO SEGUNDO, Hugo de Brito. Manual de direito tributário. 10 ed.
rev., atual. e ampl., São Paulo: Atlas 2018, p. 57.
Fl. 40

IMPOSTO

Art. 167, IV - CF

Proibição de vinculação da arrecadação

Impostos
Fl. 41

IMPOSTOS PREVISTOS NO SISTEMA TRIBUTÁRIA NACIONAL


Fl. 42

IMPOSTOS DISCRININDOS NO TEXTO CONSTITUCIONAL

Constituição Federal

Art. 146. Cabe à lei complementar:


[...];
III - estabelecer normas gerais em matéria de legislação
tributária, especialmente sobre:
a) definição de tributos e de suas espécies, bem como, em
relação aos impostos discriminados nesta
Constituição, a dos respectivos fatos geradores,
bases de cálculo e contribuintes;
[...].
Fl. 43

IMPOSTOS RESIDUAIS OU NOVOS IMPOSTOS

Constituição Federal
Art. 154. A União poderá instituir:
I - mediante lei complementar, impostos não previstos no artigo anterior, desde que
sejam não-cumulativos e não tenham fato gerador ou base de cálculo próprios dos
discriminados nesta Constituição;
[...].

CF/1988: Art. 157.


Pertencem aos Estados
e ao Distrito Federal:
[...];
II - vinte por cento do
produto da arrecadação
do imposto que a União
instituir no exercício da
competência que lhe é
atribuída pelo art. 154,
I.
Fl. 44

IMPOSTOS EXTRAORDINÁRIO DE GUERRA


Constituição Federal
Art. 154. A União poderá instituir:
[...];
II - na iminência ou no caso de guerra externa, impostos extraordinários,
compreendidos ou não em sua competência tributária, os quais serão
suprimidos, gradativamente, cessadas as causas de sua criação.

Privativa ou exclusiva da União

Através de lei ordinária

Competência Na eminência ou caso de guerra externa


extraordinária para
instituir impostos Imposto extraordinário
extraordinário de guerra
Compreendidos ou não na sua competência

Cessada a causa de criação, devem ser


suprimidos
Fl. 45

IMPOSTOS
Fl. 46

TAXAS

Tributo Vinculado
Tributo Contraprestacional

Constituição Federal
Art. 145. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios
poderão instituir os seguintes tributos:
[...];
II - taxas, em razão do exercício do poder de polícia ou pela
utilização, efetiva ou potencial, de serviços públicos específicos e
divisíveis, prestados ao contribuinte ou postos a sua disposição;
[...].

Espécie tributária cuja competência é


comum a todos os Entes Tributantes.
Fl. 47

TAXAS

“As taxas são tributos vinculados cobrados com o objetivo


de remunerar atividades estatais específicas relativas ao
contribuinte. Em termos técnicos, o fato gerador da taxa está
vinculado a uma atividade estatal relacionada ao contribuinte.
Diferentemente do que ocorre com os impostos, a arrecadação de
taxas pressupõe um agir estatal (primeiro momento) e, só depois,
promove-se a cobrança do tributo (segundo momento) com natureza
de contraprestação da atuação realizada”.

“Sua instituição atende ao princípio financeiro segundo o qual,


sempre que possível, o custeio de uma atividade estatal específica
deve recair sobre seu beneficiário direto. Por essa razão, a doutrina
refere-se às taxas como tributos bilaterais,
contraprestacionais, causais, retributivos, remuneratórios
ou sinalagmáticos”.
MAZZA, Alexandre. Manual de direito tributário. 4ª ed., São Paulo: Saraiva, 2018, p. 165.
Fl. 48

TAXAS

Art. 145, II – CF/1988


Fl. 49

TAXAS DE PODER DE POLÍCIA

Conceito legal de Poder de Polícia

Código Tributário Nacional - CTN

Art. 78 Considera-se poder de polícia atividade da administração pública


que, limitando ou disciplinando direito, interesse ou liberdade, regula a
prática de ato ou a abstenção de fato, em razão de interesse público
concernente à segurança, à higiene, à ordem, aos costumes, à disciplina da
produção e do mercado, ao exercício de atividades econômicas
dependentes de concessão ou autorização do Poder Público, à
tranquilidade pública ou ao respeito à propriedade e aos direitos
individuais ou coletivos.

Parágrafo único, CTN. Considera-se regular o exercício do poder de


polícia quando desempenhado pelo órgão competente nos limites da lei
aplicável, com observância do processo legal e, tratando-se de atividade
que a lei tenha como discricionária, sem abuso ou desvio de poder.
Fl. 50

TAXAS DE PODER DE POLÍCIA

Supremo Tribunal Federal – STF

A hipótese de incidência da taxa é a fiscalização de atividades poluidoras e


utilizadoras de recursos ambientais, exercida pelo Ibama (Lei 6.938/1981, art.
17-B, com a redação da Lei 10.165/2000). Tem-se, pois, taxa que remunera o
exercício do poder de polícia do Estado. Não há invocar o argumento no
sentido de que a taxa decorrente do poder de polícia fica "restrita aos
contribuintes cujos estabelecimentos tivessem sido efetivamente visitados pela
fiscalização", por isso que, registra Sacha Calmon parecer, fl. 377 essa questão
"já foi resolvida, pela negativa, pelo STF, que deixou assentada em diversos
julgados a suficiência da manutenção, pelo sujeito ativo, de órgão de controle
em funcionamento (cf., inter plures, RE 116.518 e RE 230.973). Andou bem a
Suprema Corte brasileira em não aferrar-se ao método antiquado da vistoria
porta a porta, abrindo as portas do Direito às inovações tecnológicas que
caracterizam a nossa era". Destarte, os que exercem atividades de impacto
ambiental tipificadas na lei sujeitam-se à fiscalização do Ibama, pelo que são
contribuintes da taxa decorrente dessa fiscalização, fiscalização que
consubstancia, vale repetir, o poder de polícia estatal.
[RE 416.601, voto do rel. min. Carlos Velloso, j. 10-8-2005, P, DJ de 30-9-2005.]
= RE 603.513 AgR, rel. min. Dias Toffoli, j. 28-8-2012, 1ª T, DJE de 12-9-2012
Fl. 51

TAXAS DE PODER DE POLÍCIA

Supremo Tribunal Federal – STF

O texto constitucional diferencia as taxas decorrentes do exercício do


poder de polícia daquelas de utilização de serviços específicos e divisíveis,
facultando apenas a estas a prestação potencial do serviço público. A
regularidade do exercício do poder de polícia é imprescindível para a
cobrança da taxa de localização e fiscalização. À luz da jurisprudência
deste STF, a existência do órgão administrativo não é condição para o
reconhecimento da constitucionalidade da cobrança da taxa de
localização e fiscalização, mas constitui um dos elementos admitidos para
se inferir o efetivo exercício do poder de polícia, exigido
constitucionalmente. (...) É constitucional taxa de renovação de
funcionamento e localização municipal, desde que efetivo o exercício do
poder de polícia, demonstrado pela existência de órgão e estrutura
competentes para o respectivo exercício, tal como verificado na espécie
quanto ao Município de Porto Velho/RO (...).
[RE 588.322, rel. min. Gilmar Mendes, j. 16-6-2010, P, DJE de 3-9-2010, com repercussão geral.]
= AI 677.664 AgR, rel. min. Cármen Lúcia, j. 5-5-2009, 1ª T, DJE de 19-6-2009
Vide ARE 664.722, rel. min. Gilmar Mendes, decisão monocrática, j. 12-03-2012, DJE de 21-03-2012
Vide AI 707.357 ED, rel. min. Ellen Gracie, j. 2-2-2010, 2ª T, DJE de 26-2-2010
Fl. 52

TAXAS DE SERVIÇOS PÚBLICOS

Código Tributário Nacional - CTN

Art. 79 - Os serviços públicos a que se refere o artigo 77 consideram-se:


I - utilizados pelo contribuinte:
a) efetivamente, quando por ele usufruídos a qualquer título;
b) potencialmente, quando, sendo de utilização compulsória, sejam
postos à sua disposição mediante atividade administrativa em efetivo
funcionamento;
II- específicos, quando possam ser destacados em unidades autônomas
de intervenção, de utilidade, ou de necessidades públicas;
III- divisíveis, quando suscetíveis de utilização, separadamente, por
parte de cada um dos seus usuários.
Fl. 53

TAXAS DE SERVIÇOS PÚBLICOS

 Taxas vinculadas à prestação efetiva e específica de


serviços públicos

 Quando se tratar de atividade provocada pelo contribuinte,


individualmente, como acontece, por exemplo, no caso do
fornecimento de certidões ou da prestação de atividade
jurisdicional.
 Se o serviço não é de utilização compulsória, só a sua
utilização enseja a cobrança de taxa.

 Taxas decorrentes da utilização potencial de serviços


públicos

 Quando se tratar de serviços definidos em lei como de


utilização compulsória (obrigatória);
 Se a utilização é compulsória, ainda que não ocorra
efetivamente essa utilização, a taxa poderá ser cobrada.
Fl. 54

TAXAS DE SERVIÇOS PÚBLICOS

 Serviços de caráter universal (Uti universis)

Os serviços públicos uti universi (inespecíficos e


indivisíveis) não podem ser taxados nem dados em
concessão porque sua prestação cria vantagens com
custos insuscetíveis de quantificação para cada usuário.
São serviços que favorecem difusa e indistintamente toda
a coletividade. Não há como definir um valor justo para a
cobrança. Sua remuneração por meio de taxa violaria o
caráter contraprestacional dessa espécie de tributo.

O custeio dos serviços públicos uti universi é considerado


despesa geral do Estado devendo ser suportado
indiretamente pelos recursos provenientes de impostos.
Fl. 55

TAXAS DE SERVIÇOS PÚBLICOS

Supremo Tribunal Federal – STF

Com efeito, a Corte entende como específicos e divisíveis os serviços


públicos de coleta, remoção e tratamento ou destinação de lixo ou
resíduos provenientes de imóveis, desde que essas atividades sejam
completamente dissociadas de outras serviços públicos de limpeza
realizados em benefício da população em geral (uti universi) e de forma
indivisível, tais como os de conservação e limpeza de logradouros e bens
públicos (praças, calçadas, vias, ruas, bueiros). Decorre daí que as taxas
cobradas em razão exclusivamente dos serviços públicos de coleta,
remoção e tratamento ou destinação de lixo ou resíduos provenientes de
imóveis são constitucionais, ao passo que é inconstitucional a cobrança de
valores tidos como taxa em razão de serviços de conservação e limpeza de
logradouros e bens públicos.
[RE 576.321 QO-RG, voto do rel. min. Ricardo Lewandowski, j. 4-12-2008, P, DJE de 12-2-2008, com
repercussão geral.]
Vide RE 501.876 AgR, rel. min. Ricardo Lewandowski, j. 1º-2-2011, 1ª T, DJE de 23-2-2011
Fl. 56
Fl. 57

TAXAS X TARIFA OU PREÇO PÚBLICO

“A tarifa, por sua vez, é o preço público cobrado pela utilização de


serviços facultativos (e não compulsórios) que a Administração Pública
ou seus delegados colocam à disposição da população (serviço de uso
facultativo, a exemplo do telefone). Quando o seu valor é destinado aos
cofres públicos, integra a receita originária dos entes políticos”. (CHIMENTI,
Ricardo Cunha; PIERRI, Andréa de Toledo. Teoria a prática do direito tributário. 3ª ed., rev., atual. de
acordo com as Leis Complementares n; 139/2011 e 141/2012, São Paulo: Saraiva 2012, p. 58).

“Preço, ou preço público, é a nomenclatura dada pelo Direito Financeiro para


a remuneração de serviços públicos prestados por concessionários e
permissionários, cuja utilização não é compulsória, predominando a relação
contratual sujeita a um regime de direito privado (STF: RE 89.876; e STJ:
REsp 167.489)”.
“Desse modo, as nomenclaturas preço público e tarifa designam o
mesmo instituto. Ocorre que “preço” é o nome dado pelo Direito
Financeiro, enquanto “tarifa” é a linguagem adotada pelo Direito
Administrativo. Preço público ou tarifa são exemplos de receitas originárias”.
MAZZA, Alexandre. Manual de direito tributário. 4ª ed., São Paulo: Saraiva, 2018, p. 124 e 125.
Fl. 58

TAXAS X TARIFA OU PREÇO PÚBLICO

“Tarifa é nome dado pelo Direito Administrativo para a remuneração paga


pelo usuário a concessionários e permissionários em troca da prestação de
serviços públicos delegados. Assim, o art. 175, parágrafo único, III, da
Constituição Federal, ao tratar do regime jurídico dos serviços públicos,
afirma que: “a lei disporá sobre: III – política tarifária”.
Importante constatar que na Constituição de 1988 a referência à
política tarifária não é feita dentro do “Sistema Tributário
Nacional” (arts. 145 a 162), mas no capítulo referente aos “Princípios
Gerais da Atividade Econômica” (arts. 170 a 181)”.
“Nota-se pela simples análise do posicionamento do tema dentro da
Constituição Federal e na legislação brasileira que tarifa não é tributo, mas
uma contraprestação de natureza administrativa utilizada para remunerar
serviços públicos delegados por meio de concessão ou permissão. A
compreensão do tema parte da regra contida no art. 175 da Constituição de
1988: ‘Incumbe ao Poder Público, na forma da lei, diretamente ou sob regime
de concessão ou permissão, sempre através de licitação, a prestação de
serviços públicos’”.
MAZZA, Alexandre. Manual de direito tributário. 4ª ed., São Paulo: Saraiva, 2018, p. 120 e 121.
Fl. 59

TAXAS X TARIFA OU PREÇO PÚBLICO

“Quando o serviço público é prestado diretamente pelo Estado,


havendo cobrança de contraprestação junto ao usuário a
natureza da exigência será de taxa. Porém, na hipótese de
delegação da prestação do serviço a particulares
concessionários ou permissionários, o valor exigido do usuário
é tarifa.”

“Como tarifa não é tributo sua majoração pode ocorrer por


meio de ato administrativo e com aplicabilidade imediata. Em
outras palavras, tarifa não se sujeita aos princípios
tributários da legalidade e da anterioridade”.
MAZZA, Alexandre. Manual de direito tributário. 4ª ed., São Paulo: Saraiva, 2018, p. 122.)
Fl. 60

TAXAS X TARIFA OU PREÇO PÚBLICO

A orientação predominante na jurisprudência do Supremo Tribunal


Federal: estabelecer a diferença entre taxa e tarifa a partir da forma de
prestação do serviço público.

Súmula 545 do STF:


“Preços de serviços públicos e taxas não se
confundem, porque estas, diferentemente
daqueles, são compulsórias e têm sua cobrança
condicionada à prévia autorização orçamentária,
em relação à lei que as instituiu”.

O Superior Tribunal de Justiça sempre adotou orientação diversa


para diferenciar os institutos. A taxa seria cobrada para todo serviço
público de fruição compulsória, como no caso dos serviços de água e
esgoto. Já nas hipóteses de serviço de fruição facultativa, prevaleceria
uma natureza contratual sendo viável ao administrado dispensar a
prestação, o valor cobrado como remuneração seria uma tarifa.
Fl. 61

TAXAS X TARIFA OU PREÇO PÚBLICO


Fl. 62

TAXAS X TARIFA OU PREÇO PÚBLICO

Pedágio: Taxa ou Tarifa?

 A palavra deriva do latim pedatus: que tem pés e indica o trânsito a pé, a
autorização que se recebe para passar por um determinado lugar (estrada,
túnel, calçada, etc.).

 No período feudal constituía o direito


de passagem que os senhores feudais
exigiam em certas vias naturais de
comunicação, como rios ou estradas,
localizadas em pontos estratégicos. Com o
passar do tempo a figura se manteve
ligada à ideia de circulação de pessoas ou
bens nas vias expressas, pontes, túneis,
estradas. Paga-se pedágio pela utilização
das vias públicas para facilitar o trânsito e
o tráfego de veículos ou pedestres.
Fl. 63

TAXAS X TARIFA OU PREÇO PÚBLICO

Segundo o art. 150, V, da CF, pedágio é o Pedágio: Taxa ou Tarifa?


valor cobrado do usuário “pela utilização
de vias conservadas pelo Poder Público”.
Pela redação do dispositivo é possível constatar
que o pedágio constitui uma retribuição pelo uso
de vias públicas. Quando a via pública for
conservada diretamente pelo Estado, havendo
cobrança pela sua utilização tal pedágio terá
natureza tributária de taxa. É que se depreende da
expressão “vias conservadas pelo Poder Público”,
contida no art. 150, V, da CF, regra esta inserida
no Texto Constitucional dentro do “Sistema
Tributário Nacional”. Quando é o próprio Estado
que conserva a via tem-se o pedágio-taxa. Assim,
como se trata de um tributo, sua majoração
depende de lei (art. 150, I, da CF) e somente
poderá ser exigida respeitado o intervalo mínimo
imposto pelo princípio da anterioridade (art. 150,
III, b e c, da CF).
Fl. 64

TAXAS X TARIFA OU PREÇO PÚBLICO


Supremo Tribunal Federal – STF
Fl. 65

TAXAS

Base de cálculo

Constituição Federal
Art. 145 […].
[…].
§ 2º As taxas não poderão ter base de cálculo
própria de impostos.

A citada norma emite um comando ao legislador infraconstitucional para


que este, ao eleger a base de cálculo da taxa, observe a necessária
correlação lógica que deve haver entre a base de cálculo da taxa e sua
hipótese de incidência. Isso porque a taxa deve ser cobrada sobre
uma grandeza econômica capaz de quantificar o custo da
atividade estatal causadora da instituição do tributo.

Jurisprudencialmente, predomina o entendimento segundo o qual na


definição do valor da taxa deve-se considerar o custo da atividade estatal
a ser remunerada, mas não é obrigatória sua precisa quantificação.
Fl. 66

TAXAS

Base de cálculo

Taxa de Licença para Localização, Funcionamento e Instalação. Base de cálculo.


Número de empregados. Dado insuficiente para aferir o efetivo poder de polícia.
Art. 6º da Lei 9.670/1983. Inconstitucionalidade. Jurisprudência pacífica da Corte.
A taxa é um tributo contraprestacional (vinculado) usado na remuneração de uma
Supremo Tribunal Federal – STF

atividade específica, seja serviço ou exercício do poder de polícia e, por isso, não se
atém a signos presuntivos de riqueza. As taxas comprometem-se tão somente com
o custo do serviço específico e divisível que as motiva, ou com a atividade de polícia
desenvolvida. A base de cálculo proposta no art. 6º da Lei 9.670/1983 atinente à
taxa de polícia se desvincula do maior ou menor trabalho ou atividade que o poder
público se vê obrigado a desempenhar em decorrência da força econômica do
contribuinte. O que se leva em conta, pois, não é a efetiva atividade do poder
público, mas, simplesmente, um dado objetivo, meramente estimativo ou
presuntivo de um ônus à administração pública. No tocante à base de cálculo
questionada nos autos, é de se notar que, no RE 88.327/SP, rel. min. Décio Miranda
(DJ de 28-9-1979), o Tribunal Pleno já havia assentado a ilegitimidade de taxas
cobradas em razão do número de empregados. Essa jurisprudência vem sendo
mantida de forma mansa e pacífica.
RE 554.951, rel. min. Dias Toffoli, j. 15-10-2013, 1ª T, DJE de 19-11-2013.
Fl. 67
Fl. 68

CONTRIBUIÇÃO DE MELHORIA

Previsão Constitucional

Art. 145. A União, os Estados, o Distrito Federal e


os Municípios poderão instituir os seguintes
tributos:
[...].
III - contribuição de melhoria, decorrente de
obras públicas.
[...]

Três diplomas normativos tratam deste tributo: a


Constituição Federal (art. 145, III), o Código Tributário
Nacional (arts. 81 e 82) e o Decreto-lei n. 195/67.
Fl. 69

CONTRIBUIÇÃO DE MELHORIA

Tributo Vinculado
Tributo Contraprestacional

Contribuição de Melhoria somente pode ser instituída e


cobrada quando a realização de uma OBRA PÚBLICA causar
ACRÉSCIMO NO VALOR DO IMÓVEL localizado nas áreas
beneficiadas direta ou indiretamente pela obra (art. 1º do
Decreto-lei n. 195/67).
Contribuições de melhoria são criadas e disciplinadas por
lei ordinária da entidade federativa executora da obra
pública.

Espécie tributária cuja competência é


comum a todos os Entes Tributantes.
Fl. 70

CONTRIBUIÇÃO DE MELHORIA

Tipos de Obras Públicas

Art 2º Será devida a Contribuição de Melhoria, no caso de valorização de imóveis de


propriedade privada, em virtude de qualquer das seguintes obras públicas:
I - abertura, alargamento, pavimentação, iluminação, arborização, esgotos pluviais e
outros melhoramentos de praças e vias públicas;
Decreto-Lei nº 195/1967

II - construção e ampliação de parques, campos de desportos, pontes, túneis e viadutos;


III - construção ou ampliação de sistemas de trânsito rápido inclusive todas as obras e
edificações necessárias ao funcionamento do sistema;
IV - serviços e obras de abastecimento de água potável, esgotos, instalações de redes
elétricas, telefônicas, transportes e comunicações em geral ou de suprimento de gás,
funiculares, ascensores e instalações de comodidade pública;
V - proteção contra secas, inundações, erosão, ressacas, e de saneamento de drenagem
em geral, diques, cais, desobstrução de barras, portos e canais, retificação e
regularização de cursos d’água e irrigação;
VI - construção de estradas de ferro e construção, pavimentação e melhoramento de
estradas de rodagem;
VII - construção de aeródromos e aeroportos e seus acessos;
VIII - aterros e realizações de embelezamento em geral, inclusive desapropriações em
desenvolvimento de plano de aspecto paisagístico.
Fl. 71

CONTRIBUIÇÃO DE MELHORIA

Linha do Tempo

No Brasil, a origem da Contribuição de Melhoria está associada ao sistema de fintas, previsto


nas Ordenações Filipinas2 (Livro 1, Títulos LVI e LVIII). As fintas constituíam “encargos
pecuniários passíveis de serem cobrados pela Coroa portuguesa para custeio de certas obras
públicas, como pontes, fontes e calçadas” (PEREIRA, 2012, p.209). Segundo Santiago (2012),
no início do século XIX, foram registradas as primeiras experiências de aplicação das fintas
no país: em Jaguaribe, então Bahia, para o calçamento de vias urbanas em 1812; e em
Mariana, Minas Gerais, para recuperação de pontes, em 1818.
Fl. 72

CONTRIBUIÇÃO DE MELHORIA

Linha do Tempo

A partir da Constituição de 1934, a Contribuição de Melhoria foi


institucionalizada no Brasil como tributo, tendo como fato gerador a valorização
de imóveis adjacentes a obras públicas. Toda a legislação que se seguiu, até a
Constituição de 1988, manteve a possibilidade de cobrança da CM, alterando, no
entanto, o conceito inicial, relacionado exclusivamente à valorização do imóvel
Fl. 73

CONTRIBUIÇÃO DE MELHORIA

Aspectos Históricos

A Contribuição de Melhoria foi institucionalizada como tributo no


Brasil por meio da Constituição Federal de 1934, que passou a
possibilitar sua cobrança em obras públicas que gerassem valorização aos
imóveis adjacentes a elas. Segundo seu texto, “Artigo 124: Provada a
valorização do imóvel por motivo de obras públicas, a
administração que as tiver efetuado poderá cobrar dos
beneficiados Contribuição de Melhoria (BRASIL, 1934)”.

As Constituições subsequentes mantiveram o tributo e, em 1966, com a


edição do Código Tributário Nacional- CTN (Lei nº 5.172, de 25 de
outubro de 1966) o tema foi detalhado em relação à definição de conceitos
gerais, aos conteúdos obrigatórios para regulamentação específica e aos
limites e procedimentos para cobrança (CTN, título V, art. 81 e 82). A
aplicação do tributo foi regulamentada pelo governo federal no ano
seguinte, pelo Decreto-Lei nº 195, de 24 de fevereiro de 1967.
Atualmente, a Contribuição de Melhoria está prevista no inciso III, do art.
145 da Constituição Federal de 1988.
Fl. 74

CONTRIBUIÇÃO DE MELHORIA
Sob a ótica do Estatuto das Cidades
O Estatuto da Cidade (L.F. nº 10.257/2001), a Contribuição de Melhoria e o
IPTU como instrumentos tributários e financeiros da política urbana (art.
4º, inciso IV, alínea “b”) e define os objetivos e as diretrizes gerais da política urbana
(art. 2º). Do rol de diretrizes gerais, duas relacionam-se diretamente com o papel
que a Contribuição de Melhoria pode exercer no âmbito do ordenamento e
desenvolvimento urbano municipal:
a) a justa distribuição dos benefícios e ônus decorrentes do
processo de urbanização (art. 2º, inciso IX), na medida em que a
arrecadação pode constituir-se em fonte de receita para os
municípios;
b) a recuperação das inversões públicas das quais tenha
resultado valorização de imóveis urbanos (art. 2º, inciso XI), princípio
que se relaciona diretamente ao próprio fato gerador, qual seja, a
existência de benefício individual, na forma de valorização de imóvel
particular, decorrente de obra pública.
Trata-se de modalidade tributária que possibilita a recuperação da expressão
financeira da valorização imobiliária auferida por imóveis privados em decorrência
de realização de obras públicas.
Fl. 75

CONTRIBUIÇÃO DE MELHORIA

Princípios legitimadores

O elemento finalístico dessa espécie tributária é a


absorção da ‘mais valia’ que a obra pública produz
no patrimônio imobiliário do contribuinte.

A legitimidade da recuperação desses valores pela coletividade


decorre de princípios constitucionais e infraconstitucionais:
função social da propriedade e da cidade; responsabilidade
territorial dos municípios; isonomia; supremacia do interesse
público sobre o particular; vedação do enriquecimento sem causa;
justa distribuição dos custos e benefícios da urbanização.
Tais princípios refletem diretamente as disposições da Lei de
Responsabilidade Fiscal e, ainda, no regulamento do Imposto
Sobre a Renda, o qual determina a integração no custo de
aquisição de bens imóveis do valor pago a título de Contribuição
de Melhoria em face de obra pública (art. 17, Decreto-Lei 195/67).
Fl. 76

CONTRIBUIÇÃO DE MELHORIA

Cronologia

O CTN e o Decreto-lei n. 195/67 misturaram elementos característicos de


dois institutos europeus diferentes: a contribuição para custeio da obra
(cobrada antes de sua realização) e a contribuição decorrente da obra (para
absorver a valorização). Contudo, a Constituição de 1988, em seu art.
145, III, fala na cobrança de contribuição de melhoria
“decorrente de obras públicas”. Isto impede qualquer possibilidade
de arrecadar o tributo antes da realização total ou parcial da obra (art. 9º
do Decreto-lei n. 195/67).

Assim, existe uma cronologia implícita: primeiro realiza-se a obra pública;


depois, observada a valorização dela decorrente, pode ser realizada a
cobrança. A contribuição para custeio de obra pública não foi
recepcionada pelo art. 145, III, da Constituição Federal de 1988.
Fl. 77

CONTRIBUIÇÃO DE MELHORIA
Limite do custeio

O limite total ou global é a despesa realizada (custo da obra),


computando gastos com estudos, projetos, fiscalização,
desapropriações, administração, execução e financiamento, inclusive
prêmios de reembolso e outras de praxe em financiamento ou
empréstimos e terá a sua expressão monetária atualizada na época do
lançamento mediante aplicação de coeficientes de correção monetária
(art. 4º do Decreto-lei n. 195/67). Importante destacar que o limite
total será aplicado levando-se em conta o montante pago por todos os
imóveis localizados na área de influência da obra. O valor pago por
todos os contribuintes beneficiados pela obra (montante global) não
pode superar a despesa realizada pelo Poder Público.

O limite individual está vinculado à condição de cada imóvel


isoladamente analisada. O art. 81 do Código Tributário Nacional define
como limite individual o acréscimo de valor (mais valia) que da obra
resultar para cada imóvel beneficiado.
Fl. 78
Fl. 79
Fl. 80

CONTRIBUIÇÕES ESPECIAIS

Competência Exclusiva da União

Previsão Constitucional
Fl. 81

CONTRIBUIÇÕES ESPECIAIS

Conceito de contribuições

"Contribuições são tributos destinados ao financiamento


de gastos específicos, atuando como instrumento de
intervenção do Estado no campo social e econômico,
sempre no cumprimento da política de governo."
(SABBAG, Eduardo. Manual de Direito Tributário. 3ª ed. São Paulo: Saraiva,
2011, p. 501).

“Contribuições especiais consistem em prestações compulsórias


pecuniárias ou em espécie, conforme o sistema, devidas em relação de
um benefício especial, individualizado, e mensurável, assegurado ao
membro de um grupo social e decorrente de serviço público também
especial. Inexistente o benefício, inexiste o fato gerador e, em
consequência, a obrigação tributária.”
Fl. 82

CONTRIBUIÇÕES ESPECIAIS

Definição doutrinária

“A denominação doutrinária ‘contribuições especiais’ visa a


diferençar tais espécies tributárias das já estudadas
contribuições de melhoria. Já a designação ‘contribuições
parafiscais’, em desuso, mas ainda adotada por alguns
doutrinadores, decorre do fato de que essas contribuições, em
sua origem, eram instituídas com o objetivo de arrecadar
recursos em favor de entidades não integrantes da
administração pública, mas que realizavam atividades de
interesse público (atuando paralelamente ao Estado). Como
atualmente as contribuições do art. 149 também podem ser
destinadas à própria administração pública, perdeu o sentido a
adoção de tal terminologia”.
ALEXANDRE, Ricardo. Direito tributário. 11ª ed. rev. e ampl., Salvador: Ed.
JusPODIVM, 2017, p. 90).
Fl. 83

CONTRIBUIÇÕES ESPECIAIS

Espécie tributária com finalidade


constitucionalmente definida

As contribuições especiais caracterizam-se pela


correspondente finalidade. Não pela destinação
do produto da respectiva cobrança, mas pela
finalidade da instituição, que induz a ideia de
vinculação de órgãos específicos do Poder Público
a relação jurídica com o respectivo contribuinte.

“As contribuições são gravames cuja destinação se revela no


financiamento de gastos específicos, no contexto de intervenção
do Estado nos campos social e econômico, no cumprimento de
ditames da política de governo”.
SABBAG, Eduardo. Direito tributário essencial. 7ª. ed., Rio de Janeiro: Forense; São
Paulo: MÉTODO, 2020, p.148.
Fl. 84

CONTRIBUIÇÕES ESPECIAIS

Espécie tributária com finalidade


constitucionalmente definida
Fl. 85

CONTRIBUIÇÕES ESPECIAIS

Submissão as normas gerais de direito


tributário e princípios tributários

Trata-se de espécie de tributo com finalidade


constitucionalmente definida, a ela se aplicando as normas
gerais de Direito Tributário e os princípios da legalidade e da
irretroatividade, da anterioridade e da noventalidade
tributária.

CRFB/1998: Art. 149. Compete exclusivamente à


União instituir contribuições sociais, de intervenção no
domínio econômico e de interesse das categorias
profissionais ou econômicas, como instrumento de sua
atuação nas respectivas áreas, observado o disposto
nos arts. 146, III, e 150, I e III, e sem prejuízo do
previsto no art. 195, § 6º, relativamente às
contribuições a que alude o dispositivo.
Fl. 86

CONTRIBUIÇÕES ESPECIAIS

Instituição pode Lei Ordinária

A instituição das contribuições previstas na Constituição, vale a regra


geral: a utilização da lei ordinária. Neste caso, diferente dos
impostos, não observa a regra do artigo 146, III, “a”, da CRFB/1988.

Esse entendimento é pacífico no STF. Sobre isso, esclarecedor foi o voto


do Ministro Carlos Velloso:

"Todas as contribuições, sem exceção, sujeitam-se à lei


complementar de normas gerais, assim ao CTN (art. 146, ex vi
do disposto no art. 149). Isto não quer dizer que a instituição
dessas contribuições exige lei complementar: por que não são
impostos, não há exigência no sentido de que os seus fatos
geradores, bases de cálculo e contribuintes estejam definidos
na lei complementar"
STF, Tribunal Pleno, RE 148.754/RJ, Rei. Min. Carlos Velloso, j. 24.06.1993, DJ 04.03.1994.
Fl. 87

CONTRIBUIÇÕES ESPECIAIS

Subespécies

Disponível em:
https://www.passeidireto.com/arquivo/43749657/contribuicoes-
especiais-esquema
- Acessado em 17/05/2020.
Fl. 88

CONTRIBUIÇÕES ESPECIAIS

Sociais

ALEXANDRE, Ricardo. Direito tributário. 11ª ed. rev. e ampl., Salvador: Ed. JusPODIVM, 2017, p. 92.
Fl. 89

CONTRIBUIÇÕES ESPECIAIS

Folha de salários
Seguridade Social Empregador/Empresa Rec./Faturamento
(art. 195 – CF/88) (Art. 195, I – CF/88)
Lucro
Trabalhador
(Art. 195, II – CF/88)
Art. 149, “caput” – CF/88

As Contribuições
Sociais são aquelas que
Receitas de Loteria
Sociais

financiam direitos sociais


(Art. 195, III – CF/88)
Outras como educação, saúde,
Art. 195, §4º - CF/88) moradia, lazer, por
Import. bens/serv. exemplo. Dentro das
(Art. 195, IV – CF/88) Contribuições especiais
sociais ainda podemos
subdividir em Gerais e de
Seguridade. Esta última
Salário Educação constitui em ações para
Art. 212, §6º - CF/188 promover a saúde,
Gerais previdência ou assistência
social (art. 194 CF/88 traz o
Sistema “S” conceito de seguridade).
(Art. 240 – CF/88)
Fl. 90

CONTRIBUIÇÕES ESPECIAIS

Sociais da Seguridade Social

Constituição Federal
Art. 195. A seguridade social será financiada por toda a sociedade, de forma direta e
indireta, nos termos da lei, mediante recursos provenientes dos orçamentos da União, dos
Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, e das seguintes contribuições sociais:
I - do empregador, da empresa e da entidade a ela equiparada na forma da lei, incidentes
sobre:
a) a folha de salários e demais rendimentos do trabalho pagos ou creditados, a qualquer
título, à pessoa física que lhe preste serviço, mesmo sem vínculo empregatício;
b) a receita ou o faturamento;
c) o lucro;
II - do trabalhador e dos demais segurados da previdência social, podendo ser adotadas
alíquotas progressivas de acordo com o valor do salário de contribuição, não incidindo
contribuição sobre aposentadoria e pensão concedidas pelo Regime Geral de Previdência
Social;
III - sobre a receita de concursos de prognósticos.
IV - do importador de bens ou serviços do exterior, ou de quem a lei a ele equiparar.
[...].
Fl. 91

CONTRIBUIÇÕES ESPECIAIS

Novas contribuições à seguridade social

Constituição Federal
Art. 195 [...].
§ 4º A lei poderá instituir outras fontes destinadas a
garantir a manutenção ou expansão da seguridade
social, obedecido o disposto no art. 154, I.
Fl. 92

CONTRIBUIÇÕES ESPECIAIS

Competência Residual

A União possui duas espécies de competência residual: a)


para instituir novos impostos; e, b) para instituir novas
contribuições sociais de financiamento da seguridade social.
“Em ambos os casos, são necessárias a instituição via lei complementar, a
obediência à técnica da não cumulatividade e a inovação quanto às bases
de cálculo e fatos geradores. Quanto ao último aspecto, o STF entende
que a exigência de inovação só existe dentro da própria espécie tributária,
ou seja, um novo imposto deve possuir base de cálculo e fato gerador
diferentes daqueles que servem para incidência de impostos já existentes.
Já uma nova contribuição só pode ser criada se o seu fato gerador e sua
base de cálculo forem diferentes daqueles definidos para as contribuições
já criadas. Percebe-se que, no entender do Tribunal, quando o § 4º do art.
195 da CF exige, para a criação das contribuições residuais, obediência ao
inciso I do art. 154 da mesma Carta, o cumprimento da exigência deve ser
feito com as devidas adaptações”.
ALEXANDRE, Ricardo. Direito tributário. 11ª ed. rev. e ampl., Salvador: Ed. JusPODIVM, 2017, p. 92.
Fl. 93

CONTRIBUIÇÕES ESPECIAIS

Sociais Gerais
Salário Educação

Constituição Federal
Art. 212. A União aplicará, anualmente, nunca menos de
dezoito, e os Estados, o Distrito Federal e os Municípios vinte
e cinco por cento, no mínimo, da receita resultante de
impostos, compreendida a proveniente de transferências, na
manutenção e desenvolvimento do ensino.
[...].
§ 5º A educação básica pública terá como fonte adicional de
financiamento a contribuição social do salário-educação,
recolhida pelas empresas na forma da lei.
[...].
Fl. 94

CONTRIBUIÇÕES ESPECIAIS

Sociais Gerais
Contribuição do Sistema “S”

Constituição Federal
Art. 240. Ficam ressalvadas do disposto no art. 195 as
atuais contribuições compulsórias dos empregadores
sobre a folha de salários, destinadas às entidades
privadas de serviço social e de formação profissional
vinculadas ao sistema sindical.

 NOTA: O Sistema S começou a ser estruturado no país em 1942 para oferecer uma rede de ensino
que melhorasse a produtividade da mão-de-obra e serviços culturais e de lazer com financiamento
garantido, mas sem depender da gestão pública. Ele é composto por nove entidades: SESI- Ligado à
indústria, oferece opções culturais, de lazer e esporte, além de serviços de saúde; SENAI- Ligado à
indústria, oferece cursos e assessoria técnica; SESC- Ligado ao comércio, oferece opções culturais, de
lazer e esporte; SENAC- Ligado ao comércio, oferece cursos; SEBRAE- Ligado à micro e pequena
empresa, oferece cursos e apoio para acesso a crédito; SENAR- Ligado ao agronegócio, oferece
cursos; SESCOOP- Ligado às cooperativas, oferece cursos e assessorias ao setor; SEST- Ligado ao
setor dos transportes, oferece opções culturais, de lazer e esporte; SENAT- Ligado ao setor dos
transportes, oferece cursos. Essas entidades têm representações nacionais que
supervisionam as regionais nos Estados.
Fl. 95

CONTRIBUIÇÕES ESPECIAIS

De Intervenção no Domínio Econômico - CIDE

Constituição Federal
Art. 149 [...].
§ 2º As contribuições sociais e de intervenção no domínio econômico de que
trata o caput deste artigo:
I - não incidirão sobre as receitas decorrentes de exportação;
II - incidirão também sobre a importação de produtos estrangeiros ou
serviços;
III - poderão ter alíquotas:
a) ad valorem , tendo por base o faturamento, a receita bruta ou o valor da
operação e, no caso de importação, o valor aduaneiro;
b) específica, tendo por base a unidade de medida adotada.

As contribuições de intervenção no domínio econômico são


contribuições regulatórias, pois são utilizadas como instrumento
de política econômica para encarar determinadas momentos que exijam
a intervenção da União na economia do país. A finalidade dessa espécie
é nitidamente extrafiscal.
Fl. 96

CONTRIBUIÇÕES ESPECIAIS

Contribuições de Intervenção no Domínio Econômico - CIDE

"A contribuição de intervenção no domínio econômico deve respeitar a


livre iniciativa (caput do art. 170 e inciso II) a livre concorrência (inciso IV
do art. 170) e o planejamento meramente indicativo para o setor privado
(art. 174)". Como se percebe, sendo a contribuição de intervenção no
domínio econômico instrumento de planejamento econômico, à nitidez,
não pode ser utilizada de forma determinante para o setor privado, e,
principalmente, para seguimentos que não estejam desregulados,
descompassados ou vivenciando evidente crise de competitividade ou de
subsistência. Sendo um instrumento interventivo, apenas pode ser
adotado excepcionalmente e quando detectado o desequilíbrio de
mercado que deva ser superado. Caso contrário, a contribuição
conformaria uma forma de planejamento determinante para o
seguimento privado, o que vale dizer, se tornaria um tributo maculador
da Lei Suprema".
MARTINS, Ives Gandra da Silva. Limites constitucionais às contribuições no domínio econômico.
Artigo publicado no site www.haradaadvogados.com.br.
Fl. 97

CONTRIBUIÇÕES ESPECIAIS
Fl. 98

CONTRIBUIÇÕES ESPECIAIS
Fl. 99

CONTRIBUIÇÕES ESPECIAIS

De Interesse das Categorias Profissionais ou Econômicas

As contribuições de interesse de categorias profissionais ou


econômicas destinam-se a propiciar recursos financeiros para a
manutenção de entidades associativas (OAB, CRC, CRM, entre
outros), as quais destinam-se a reger e fiscalizar determinadas
atividades, cuja atribuição ficaria a cargo do Estado. Trata-se
de um tributo com cunho eminente parafiscal.

 NOTA: As Contribuições de interesse das categorias profissionais ou econômicas


ou contribuições corporativas, são tributos instituídos por lei ordinária da União,
em favor das entidades que representam categorias profissionais (trabalhadores)
ou econômicas (empregadores) ou seja, são tributos que tem como objetivo
fundamental de arrecadação o custeio de atividades de autarquias profissionais
que, por sua vez, fiscalizam a conduta ética dos profissionais submetidos ao seu
controle, gozando do poder de polícia corporativo.
Fl. 100

CONTRIBUIÇÕES ESPECIAIS

Para o Custeio do Serviço de Iluminação Pública – COSIP

Constituição Federal

Exceções à competência da União

 NOTA: COSIP x TIP (Taxa de Iluminação Pública).


Fl. 101

CONTRIBUIÇÕES ESPECIAIS

Para o Custeio do Regime Próprio dos Servidores Públicos

Constituição Federal

Competência Comum
Fl. 102

Disponível em:

https://coggle.it/diagram/W0lhbqfTAlxtqJJ
B/t/contribui%C3%A7%C3%B5es-especiais
– acessado em 17/05/2020.
Fl. 103

EMPRÉSTIMO COMPULSÓRIO

Constituição Federal

Art. 148. A União, mediante lei


complementar, poderá instituir empréstimos
compulsórios:

I - para atender a despesas extraordinárias,


decorrentes de calamidade pública, de guerra
externa ou sua iminência;

II - no caso de investimento público de


caráter urgente e de relevante interesse
nacional, observado o disposto no art. 150,
III, "b".

Parágrafo único. A aplicação dos


recursos provenientes de empréstimo
compulsório será vinculada à despesa
que fundamentou sua instituição.
Fl. 104

EMPRÉSTIMO COMPULSÓRIO

É um TRIBUTO sui generis qualificado pela


promessa de restituição, que deve se dar em dinheiro.

O STF reconhece a natureza tributária do EMPRÉSTIMO


COMPULSÓRIO em face do aspecto da compulsoriedade, na forma do
art. 3º do CTN.
De acordo com o STF, a restituição do
empréstimo deve ser feita pelo mesmo
meio em que este houver sido recolhido.
Assim, em face de empréstimo
compulsório pago em dinheiro, é
inconstitucional sua devolução por meio
de “Quotas do Fundo Nacional do
Desenvolvimento.” (RE 175.385/CE, DJ
de 24/2/1995).
Fl. 105

EMPRÉSTIMO COMPULSÓRIO

Código Tributário Nacional - CTN

Art. 15. Somente a União, nos seguintes casos excepcionais, pode


instituir empréstimos compulsórios:
I - guerra externa, ou sua iminência;
II - calamidade pública que exija auxílio federal impossível de
atender com os recursos orçamentários disponíveis;
III - conjuntura que exija a absorção temporária de poder aquisitivo.
Parágrafo único. A lei fixará obrigatoriamente o prazo do
empréstimo e as condições de seu resgate, observando, no que for
aplicável, o disposto nesta Lei.

O Inciso III do art. 15 do CTN não foi recepcionado pela CF/88, que só
confere competência à União para instituir os empréstimos compulsórios
referidos nos incisos I e II desse mesmo artigo (fundidos no inciso I do art.
148 da CF/88)
Fl. 106

EMPRÉSTIMO COMPULSÓRIO
Fl. 107

DEFINIÇÃO DA NATUREZA JURÍDICA DOS TRIBUTOS

Definição da Espécie Tributária

Código Tributário Nacional - CTN


Art. 4º - CTN: A natureza jurídica específica do
tributo é determinada pelo fato gerador da
respectiva obrigação, sendo irrelevantes para
qualificá-la:
I - a denominação e demais características formais
adotadas pela lei;
II - a destinação legal do produto da sua arrecadação.
Fl. 108

DEFINIÇÃO DA NATUREZA JURÍDICA DOS TRIBUTOS

Inaplicabilidade às Contribuições Especiais

A contribuição especial é uma modalidade de tributo trazida


pela Constituição Federal de 1988, que foge da teoria do fato
gerador utilizado para classificar os tributos em impostos, taxas
e contribuições de melhoria. O SEU CRITÉRIO DE
IDENTIFICAÇÃO BASEIA-SE NA FINALIDADE da criação do
tributo (art. 149 CF/88), SENDO NECESSÁRIA A
VINCULAÇÃO DA RECEITA QUE DEU CAUSA A SUA
CRIAÇÃO.
Fl. 109
Fl. 110

DEFINIÇÃO DA NATUREZA JURÍDICA DOS TRIBUTOS


Fl. 111

BIBLIOGRAFIA COMPLEMENTAR
ALEXANDRE, Ricardo. Direito tributário esquematizado. São Paulo: Método, 2009.
AMARO, Luciano. Direito Tributário brasileiro. São Paulo: Saraiva, 2006.
ATALIBA, Geraldo. Hipótese de incidência tributária. São Paulo: Malheiros Editores, 2005.
CARRAZZA, Roque Antônio. Curso de Direito Constitucional Tributário. São Paulo: Malheiro
Editores, 2004.
CARVALHO, Paulo de Barros. Curso de direito tributário. São Paulo: Saraiva, 2005.
CASSONE, Vitório. Interpretação do direito tributário – Teoria e prática. São Paulo: Atlas,
2004.
CONTI, José Mauricio. Federalismo Fiscal. Barueri: Manole, 2004.
MACHADO, Hugo de Brito. Curso de Direto Tributário. São Paulo: Malheiros Editores, 2006.
SABBAG, Eduardo. Manual de Direito Tributário. 8ª ed., São Paulo: Saraiva, 2016.
MARTINS, Ives Gandra da Silva. Uma teoria do tributo. São Paulo: Quartier latin, 2005.
VELLOSO, Andrei Pitten. Constituição tributária interpretada. 3ª ed., Porto Alegre: Livraria
do Advogado, 2016.

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