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OBRIGAÇÃO TRIBUTÁRIA
1. Fato gerador
Como bem observado pelo Código Tributário Nacional (CTN), essa dimensão
do fato gerador está presente tanto na obrigação principal quanto na
obrigação acessória. É expressão reproduzida em todos os vínculos
obrigacionais.
Ainda que seja mais fácil imaginar a ideia do fato gerador ligada à obrigação
principal, nesta se dá a perspectiva de um fato jurídico que passa a exigir um
dever jurídico de pagamento, como tradicionalmente associado do ponto de
vista da tributação, o fato gerador também está presente nas obrigações
acessórias.
Assim sendo, o fato gerador da obrigação principal está previsto no art. 114
do CTN como a situação definida em lei como necessária e suficiente à sua
ocorrência. Já o fato gerador da obrigação acessória corresponde a qualquer
situação que, na forma da legislação aplicável, impõe a prática ou a
Nesse diapasão, o CTN prevê, em seu art. 114, que o fato gerador deve estar
previsto em lei, com todos os seus elementos necessários e suficientes.
O art. 114 identifica esse momento legal, ao passo que o art. 113, § 1º dispõe
acerca do momento em que o fato gerador se concretizou e está efetivamente
materializado e consolidado.
Mais do que uma ideia de legalidade, convive-se, tal qual como em outros
campos do direito, com o apotegma da tipicidade. Dessa forma, somente se
pode entender que a obrigação surgiu, materializou-se e foi confirmada na
medida em que se encaixa aquilo que foi previsto na norma com o que ocorrer
na vida social.
Nesse sentido, se o aspecto material do fato gerador já for tratado por outros
campos do direito, especialmente pela seara do direito privado, deverá ser
feita a cuidadosa junção dos elementos do direito tributário com aqueles do
direito privado.
Art. 110. A lei tributária não pode alterar a definição, o conteúdo e o alcance
de institutos, conceitos e formas de direito privado, utilizados, expressa ou
implicitamente, pela Constituição Federal, pelas Constituições dos Estados,
ou pelas Leis Orgânicas do Distrito Federal ou dos Municípios, para definir ou
limitar competências tributárias.
São fenômenos que acontecem na vida privada, mas que não são estranhos
à vida tributária. Contudo, o elemento tributário não pode alterar a definição
de circulação de mercadoria ou de prestação de um serviço.
O direito tributário poderá definir o fato gerador do imposto de renda, mas não
cabe a esse campo mudar o que são as atividades sociais para gerar renda,
ou seja, não cabe ao direito tributário disciplinar o que seria um contrato de
trabalho, tampouco o que seria um aluguel. O direito em questão pode,
entretanto, delimitar que, uma vez recebido o aluguel decorrente de contrato
de locação, esse valor será renda.
Essa descritiva deve ser feita de maneira clara, definindo, assim, o que se
tributa.
Frise-se que essa problemática sequer está resolvida, uma vez que o IPVA é
um tributo relativamente novo, oriundo dos anos de 1980, sem qualquer
previsão no CTN. Ao revés, há uma guerra fiscal desde a instituição dessa
espécie tributária.
Com essa análise, infere-se que é preciso marcar o elemento temporal, visto
que dele são retiradas as características. O cenário teratológico ora narrado,
nada obstante essa qualidade, vem ocorrendo nos tempos de hoje, em que o
oficial cartorário desconhece aquilo já consolidado há muito nos tribunais.
Alerta-se que tal análise pode não se revelar tão simples em determinados
tributos.
Por exemplo: tributos que utilizam institutos do direito privado permitem uma
conclusão mais fácil quanto aos seus diversos aspectos.
Isso também poderia ser observado no que tange ao Imposto sobre Produtos
Industrializados (IPI) ou ao Imposto sobre Circulação de Mercadorias e
Serviços (ICMS), pois é possível perceber cada circulação de mercadoria, ou
cada saída de produto industrializado.
Esses fatos são passíveis de identificação física na vida social. Nos exemplos
vertidos, não há qualquer dificuldade, pois, ainda que o legislador deva
determinar isso de maneira mais adequada, pode-se aferir quando ocorre o
fato gerador, momento do qual é possível extrair as consequências práticas
desse aspecto temporal.
São periódicos simples aqueles que tomam por base um único evento, que se
prolonga no tempo, como é o caso dos impostos sobre a propriedade. Assim
sendo, no IPTU, no IPVA e no ITR a propriedade do bem é fato único, mas os
seus efeitos se mantêm indefinidamente no tempo.
É cediço que o fato gerador tem uma compreensão ampla, na qual são
identificadas características daí decorrentes. Um fato gerador continuado é
típico da propriedade, portanto, comum nas situações dos impostos que
adotem como elemento de tributação a propriedade, seja o IPTU, IPVA ou o
ITR.
Para uma pessoa jurídica que deve efetuar pagamento de salários todo mês,
não se pode apurar o lucro em cada evento isolado. Lucro é uma figura
somente constatável temporalmente. Por esse motivo, o exemplo, por
excelência, do fato gerador complexivo é o do imposto sobre a renda.
Repita-se que a obrigação tributária surge com o fato gerador (art. 113, § 1º,
do CTN), portanto, esse momento, com todas as suas características e o seu
aperfeiçoar, é fundamental. Contudo, o processo requer uma prévia descrição
clara pelo legislador.
Embora, para o CTN, essa análise possa não restar evidente, por outro lado,
para a doutrina, a exigência contida no art. 114 deve ser desdobrada nos
cinco aspectos que dizem respeito à hipótese tributária.
Caso já exista regra jurídica dispondo sobre o assunto, basta investigar como
o restante do direito irá tratar o fato.
Por exemplo: não seria necessário que o legislador do ITCMD definisse como
e quando ocorre o fato gerador do imposto de transmissão causa mortis. Da
mesma forma que seria despiciendo que o legislador do Imposto de
Transmissão de Bens Imóveis (ITBI) dispusesse quando ele entende ocorrido
o fato gerador deste imposto, pois a transmissão de bem imóvel é cenário
tratado há muito pelo direito civil, também se encontrando previstos de forma
exaustiva os demais fenômenos, como a venda a contento e a retrovenda na
lei civil.
Como o evento não é tratado pelo direito, os elementos materiais deverão ser
investigados. Existem cada vez menos cenários nos quais se vive uma
situação de fato.
Art. 117. Para os efeitos do inciso II do artigo anterior e salvo disposição de lei
em contrário, os atos ou negócios jurídicos condicionais reputam-se perfeitos
e acabados:
Art. 117. Para os efeitos do inciso II do artigo anterior e salvo disposição de lei
em contrário, os atos ou negócios jurídicos condicionais reputam-se perfeitos
e acabados:
Obra coletiva do Curso Ênfase produzida a partir da análise estatística de incidência dos temas
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