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TRIBUTAÇÃO
Magnum Eltz
Tipos de tributos
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:
Conceituar tributo.
Diferenciar as espécies de tributo.
Reconhecer o alcance do texto legal quanto ao tributo.
Introdução
Neste capítulo, você estudará o conceito de tributo, bem como as espécies
de tributos e as distinções entre eles. Firmados esses conhecimentos,
passaremos ao reconhecimento e à interpretação do alcance do texto
legal quanto ao tributo, valendo-nos das proposições dos teóricos Paulos
de Barros Carvalho e Luciano Amaro para orientar os nossos estudos.
Conceito de tributo
O tributo é a figura central do Direito Tributário. Segundo Carvalho (2012, p.
65), o vocábulo tem nada menos do que seis significações diversas, as quais
encontramos em textos do Direito Positivo brasileiro, lições da doutrina e
manifestações jurisprudenciais. Uma dessas significações é a de tributo como
quantia em dinheiro, sobre a qual Carvalho (2012a, p. 66) discorre o seguinte:
Contraposta a essa, temos a visão daqueles que põem acento no cunho de exigi-
bilidade que o liame jurídico provoca em favor do sujeito ativo. Assim, a lição
de Ernst Blumenstein: Tributos são as prestações pecuniárias que o Estado, ou
um ente por ele autorizado, em virtude de sua soberania territorial, exige dos
sujeitos econômicos que lhe estão submetidos. É também a linha de Rubens
Gomes de Sousa, que asseverou ser “tributo” a receita derivada que o Estado
arrecada mediante o emprego da sua soberania, nos termos fixados em lei [...].
O símbolo “tributo” admite ainda uma outra significação, sobre medida ampla.
Nesse derradeiro sentido, quer exprimir toda a fenomenologia da incidência,
desde a norma instituidora, passando pelo evento concreto, nela descrito, até o
liame obrigacional que surde à luz com a ocorrência daquele fato. É com esse
conteúdo que o art. 3º da Lei n. 5.172/66 se propõe determiná-lo. Estudemo-lo
mais de espaço, já que é disposição viva do nosso direito positivo.
A significação de tributo como norma, fato e relação jurídica é a adotada pelo CTN e
consolida todas as últimas significações em si.
poder de validar
Dessa forma, soma-se o caráter não sancionatório às características da
relação tributária depreendidas de duas acepções anteriormente mencionadas,
uma vez que se trata de uma relação impositiva. No entanto, essa relação é
positiva, não negativa, visto que a contribuição pressupõe o funcionamento
do Estado enquanto reflexo do próprio contribuinte-cidadão.
Espécies de tributos
Já conceituado o termo tributo, teceremos um panorama sobre as espécies
de tributos previstas na Constituição Federal e no CTN.
As espécies de tributos, conhecidas hoje como impostos, taxas e contri-
buições, são objeto de controvérsia na doutrina, principalmente no que se
refere às figuras especiais de tributos previstos na Constituição Federal e no
CTN, como as taxas e os empréstimos compulsórios.
Amaro (2006, p. 70) explica que, nos seus aspectos históricos:
A rotulação das exações criadas pelo Estado também foi sendo dada sem
grandes preocupações classificatórias, e sem maiores cuidados com a se-
mântica, mas não deixa de ser verdade que algumas especificidades estão
refletidas na diversidade de denominações utilizadas para designar os tri-
butos que foram sendo criados; noutros casos, a escolha desta ou daquela
denominação é puramente arbitrária. Assim, tributo e contribuição, apesar
de serem palavras cognatas e dadas como sinônimas pelos léxicos, têm
sido, na linguagem técnica, usadas numa relação de gênero e espécie, com o
objetivo, portanto, de indicar ideias distintas. Não obstante o rótulo de “con-
tribuição”, historicamente, possa ter nascido como alternativa para o odioso
vocábulo “imposto”, hoje ele é utilizado com a visível finalidade de indicar
figuras com aspectos peculiares. Taxa é outra designação que acabou sendo
incorporada ao vocabulário jurídico tributário, modernamente com o objetivo
de caracterizar uma figura específica.
Cremos, a vista de todo o exposto, que a classificação dos tributos não pode
partir nem apenas de rótulos que as várias espécies têm recebido (dado que
a mesma designação é, as vezes, empregada para apelidar diferentes exações,
e diferentes denominações são usadas para batizar exceções análogas), nem
deve limitar-se a notas ou características tão abrangentes que façam a
classificação perder a utilidade. que consiste em traduzir um instrumento
de catalogação analítico de diferentes realidades jurídicas, permitindo que
sejam apreendidas nos seus variegados matizes. Com esse objetivo, identi-
ficamos quatro grupos de espécies tributárias, que permitem, por sua vez,
variadas subdivisões, conforme o nível de análise ou o critério de discrimi-
nação que seja eleito:
1º) impostos;
2º) taxas (de serviço, de polícia, de utilização de via pública e de melhoria);
3º) contribuições;
4º) empréstimos compulsórios.
a) são instituídos mediante a previsão legal de fatos típicos (em geral - mas
não necessariamente - nominados na norma definidora de competência), que,
uma vez ocorridos, dão nascimento a obrigação tributária;
b) não se relacionam a nenhuma atuação estatal divisível e referível ao sujeito
passivo;
c) não se afetam a determinado aparelhamento estatal ou paraestatal, nem a
entidades privadas que persigam fins reputados de interesse público.
As taxas são tributos cujo fato gerador é configurado por uma atuação estatal
especifica, referível ao contribuinte, que pode consistir: a) no exercício regular
do poder de polícia; ou b) na prestação ao contribuinte, ou colocação à dispo-
sição deste, de serviço público específico e divisível (CF, art. 145, 11; CTN,
art. 77). Como se vê, o fato gerador da taxa não é um fato do contribuinte,
mas um fato do Estado (AMARO, 2006, p. 30-31).
Dessa forma, não somente as taxas se diferenciam por haver uma contra-
prestação específica em relação ao fato gerador desse tributo, mas também
esse fato gerador é criado pelo próprio serviço prestado pelo Estado, indepen-
dentemente da vontade do contribuinte. É o caso de taxas de limpeza urbana
e recolhimento de resíduos, por exemplo.
Dessa forma, as taxas de serviço estão atreladas aos gastos públicos com
a segurança e a tranquilidade da população. Essas taxas são garantidas com
o exercício do poder de polícia estatal, indispensável à proteção dos direitos
humanos previstos na Constituição Federal por parte do Estado.
No que concerne às taxas de serviço, Amaro (2006, p. 33) expõe o seguinte:
“As taxas de serviço têm por fato gerador uma atuação estatal consistente na
execução de um serviço público, especifico e divisível, efetivamente prestado
ou posto à disposição do contribuinte (CF, art. 145, II)”. É onde se enquadra
o já mencionado exemplo da taxa de limpeza urbana, assim como outros
serviços que compõem um monopólio ou oligopólio, natural ou artificial,
representado pelo controle estatal dessas atividades de forma direta ou por
intermédio de concessões.
As concessões e os contratos públicos, no entanto, podem ser gratificados
por meio de uma figura paralela ao conceito de tributo: os chamados preços
públicos. Eles se distinguem das taxas em virtude do requisito da legalidade,
como comenta Amaro (2006, p. 45-46):
Esse tributo, a exemplo das taxas conecta-se com determinada atuação es-
tatal, qual seja, a realização de uma obra pública de que decorra, para os
proprietários de imóveis adjacentes, uma valorização (OU melhoria) de suas
propriedades. Melhoria (melhora ou melhoramento) expressa a elevação de
algo para um estado ou condição superior. É antônimo de pioria (piora ou
pioramento). O vocábulo “melhoria” não se refere (salvo em linguagem me-
tonímica) à obra em si; esta é a causa; aquela, a consequência: a melhoria
decorre da obra (AMARO, 2006, p. 46, grifo nosso).
Dessa forma, o pedágio integra uma figura híbrida, designada pelo autor
como “taxa”. No pedágio, há o fato gerador do tráfego por vias conservadas
pelo poder público e a contribuição para a degradação da estrada, ao mesmo
tempo em que há a contraprestação específica dos reparos e melhorias das vias
atreladas a ele. Esse aspecto o coloca entre as figuras das taxas e contribuições
de melhoria e dos impostos, de modo que se trata de um tributo com natureza
própria, colocado nessa categoria pela própria Constituição.
Em que pese a respeitável posição doutrinária, não foi a linha adotada pelo
Supremo Tribunal Federal, que, no julgamento na ADI nº 800/RS, em junho de 2014,
considerou o pedágio como uma espécie de “preço público” e não tributo, razão
pela qual não estaria vinculado ao princípio da legalidade estrita (BRASIL, 2014).
A próxima classificação referida pelo autor é a das contribuições, sobre
as quais:
Um terceiro grupo de tributos é composto pelas exações cuja tônica não está
nem no objetivo de custear as funções gerais e indivisíveis do Estado (como
ocorre com os impostos) nem numa utilidade divisível produzida pelo Estado
e fruível pelo indivíduo (como ocorre com os tributos conhecidos como
taxa. pedágio e contribuição de melhoria, que reunimos no segundo grupo).
Amaro (2006, p. 52-53, grifo nosso) refere como figuras especiais aos tributos
as contribuições sociais, econômicas e corporativas, a respeito das quais:
nas características da norma, ele origina o chamado fato jurídico, tal como
identifica Carvalho (2012b, p. 183):
Dessa forma, o alcance do texto legal sobre o tributo de maneira geral passa por
dois limitadores. O primeiro se refere ao próprio fato gerador descrito na norma,
que é vinculado ao preceito da legalidade, ou seja, deve ser interpretado de forma
literal conforme sua descrição na lei em sentido estrito. O segundo limitador do
texto legal é a anterioridade, que é a vigência da norma tributária a partir do dia 1º
de janeiro do ano anterior. Ademais, o texto legal tributário e a sua concretização
pelo fisco se relaciona às características dos atos normativos em geral:
AMARO, L. Direito tributário brasileiro. 12. ed. São Paulo: Saraiva, 2006.
BRASIL. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília: Senado
Federal, 1988. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/
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BRASIL. Lei n. 6.830, de 22 de setembro de 1980. Dispõe sobre a cobrança judicial da
Dívida Ativa da Fazenda Pública, e dá outras providências. 1980. Disponível em:
<http://www.planalto.gov.br/CCivil_03/leis/L6830.htm>. Acesso em: 13 mar. 2018.
BRASIL. Supremo Tribunal Federal. Ação Direta de Inconstitucionalidade - ADI 800 /
RS – Rio Grande do Sul. Relator: Ministro Teori Zavascki. Pesquisa de Jurisprudência,
Acórdãos, 11 jun. 2014. Disponível em: https://redir.stf.jus.br/paginadorpub/paginador.
jsp?docTP=TP&docID=6274991. Acesso em: 28 out. 2018.
CARVALHO, P. de B. Curso de direito tributário. 24. ed. São Paulo: Saraiva, 2012a.
CARVALHO, P. de B. Fundamentos jurídicos da incidência. São Paulo: Saraiva, 2012b.