Você está na página 1de 8

Fichamento Direito Tributário I - ME5

Aluna: Giovanna Dias Mazzolla - RA00319414

Professora: Elizabeth Nazar Carrazza

Hipótese de Incidência Tributária, de Geraldo Ataliba - Cap. 1 Noções


Introdutórias
1. Tributo como objeto da norma tributária

As normas tributárias, em geral, estabelecem um imperativo direcionado a um

comportamento humano, cuja manifestação é a entrega ao Estado de uma quantia em

dinheiro, ou ainda o ato de efetuar esse pagamento para integrar os cofres públicos. O

destinatário da norma deve conformar-se ao que é determinado, sob o risco de sofrer

sanções previstas em outras normas correlatas.

Um traço distintivo da norma tributária é a sua hipótese legal, associada ao

mandamento que tem como objeto a prestação. Assim, o dinheiro direcionado aos

cofres públicos, por força da norma tributária, é denominado tributo, mesmo que, do

ponto de vista jurídico, entenda-se que o tributo é a obrigação estabelecida, não o

dinheiro em si.

Conforme apontado por Paulo de Barros Carvalho, a palavra "tributo" possui diversas

acepções, variando conforme o contexto, podendo significar o dever coercitivo de

levar dinheiro ao erário, a quantia efetivamente transferida no cumprimento desse

dever, o comportamento de efetuar o pagamento (prestação), a legislação que

prescreve tal dever e a relação jurídica (obrigação) gerada por essa legislação.

Alfredo Becker, complementando essa perspectiva, unifica esses pontos ao afirmar

que a "prestação é tributária quando seu objeto consiste num tributo" (Teoria Geral do

Direito Tributário). Nessa síntese, fica evidente que a compreensão do tributo vai além

do dinheiro transferido, abrangendo a complexidade da obrigação tributária e sua

relação intrínseca com o cumprimento do dever legalmente estipulado.

2. Tributo como objeto do direito

O tributo, enquanto objeto do direito, assume um caráter jurídico exclusivo,

diferenciando-se substancialmente dos conceitos relacionados a outras esferas, como a

financeira e a econômica. Este entendimento, segundo Vilanova, destaca-se como um


conceito fundamental com sua órbita de aplicação circunscrita ao universo jurídico,

onde o tributo nasce e se esgota.

A construção do conceito de tributo no âmbito jurídico demanda a aplicação de

princípios e técnicas jurídicas, solidificando sua singularidade no contexto jurídico.

3. Caráter instrumental do direito

O caráter instrumental do direito se manifesta na expressão da vontade estatal por

meio das normas jurídicas, as quais impõem determinados comportamentos humanos

para a consecução de objetivos específicos. Nesse contexto, o direito é compreendido

como um conjunto de normas jurídicas que formam o sistema legal.

As normas jurídicas consistem em uma estrutura composta por hipótese e comando,

onde a obrigatoriedade do comando está condicionada à presença da hipótese. Essa

relação apresenta aspectos subjetivos, como o destinatário da norma, e objetivos,

relacionados às circunstâncias que a envolvem. Em suma, o direito, enquanto

instrumento normativo, visa regular a conduta humana em conformidade com os

propósitos delineados pelo Estado, constituindo-se como um sistema jurídico.

4. Atributividade do direito e técnica jurídica da tributação

O direito se configura como um instrumento essencial para alcançar finalidades e

objetivos que só podem ser realizados por meio de comportamentos humanos. A lei,

enquanto expressão da vontade do Estado, assume o papel de guiar esses

comportamentos em direção aos objetivos almejados por essa vontade soberana. Por

meio da lei, o Estado emite ordens, prescrevendo a realização de determinadas ações,

a abstenção de outras e até mesmo consentindo em certos comportamentos.

Dentro desse contexto, a norma jurídica desempenha um papel crucial ao estabelecer a

legitimidade de um aumento patrimonial e conferir a titularidade desse dinheiro,

podendo inclusive atribuir ao Estado uma parcela desse bem. É importante destacar
que, no âmbito legal, a propriedade de algo, como o dinheiro, está sujeita à

determinação expressa da lei, conferindo ao Estado o direito sobre parte desse recurso

quando assim estipulado.

No campo da tributação, a lei distribui aos indivíduos uma porcentagem dos

rendimentos de seus trabalhos, reservando ao Estado outra parcela. Essa atribuição de

qualidades e efeitos às coisas e comportamentos por meio da norma jurídica é

conhecida como atributividade, delineando as relações jurídicas que regulamentam a

posse, uso e transferência de recursos.

Em uma perspectiva mais abrangente, o direito atua como o instrumento para alcançar

os objetivos da vontade estatal, promulgando leis que orientam o destinatário a agir ou

se abster de determinadas ações. Essa função do direito destaca-se em duas categorias

de normas jurídicas: aquelas que impõem comportamentos específicos e as que

atribuem qualidades ou estados a determinadas situações. Dessa forma, a ordem

jurídica, por meio de sua atributividade, determina a distribuição de direitos e deveres,

moldando a dinâmica das relações sociais.

5. O direito como instrumento jurídico de abastecimento dos cofres públicos

No âmbito político, os líderes utilizam o direito como uma ferramenta para atender ao

propósito de suprir o Estado com recursos financeiros. A lei, em sua última finalidade,

busca a transferência de dinheiro das pessoas privadas para os cofres públicos, um

processo que somente se concretiza por meio de comportamentos humanos.

Esses comportamentos podem ser executados por agentes públicos, terceiros ou pelos

próprios obrigados (contribuintes), destacando a importância inicial atribuída ao poder

público, que originalmente pertence a uma pessoa privada. Posteriormente, o direito

determina que essa importância seja levada e entregue a um agente público,

direcionando-a para os cofres públicos.


No contexto tributário, o direito assume o papel de instrumento para abastecer o

Estado com recursos financeiros, transferindo a posse desses recursos das pessoas

privadas para os cofres públicos. Essa transferência ocorre por meio dos

comportamentos de agentes públicos, terceiros ou dos próprios obrigados

(contribuintes), abrangendo as diversas situações previstas nesse processo legal. As

normas tributárias, portanto, desempenham o papel de atribuir recursos financeiros aos

cofres públicos e direcionar os comportamentos humanos relacionados à

movimentação financeira.

6. Momento ideal (ou jurídico) da transferência da riqueza e momento fático

O direito, analogamente ao atribuir salário àqueles que trabalham, confere a certos

eventos a capacidade de desencadear a obrigação tributária. A efetiva ocorrência do

fato, dotada dessa virtude jurídica pela lei, transforma a quantia em crédito do Estado

e, simultaneamente, instaura a condição de devedor para o particular especificado em

lei e vinculado ao referido evento.

A legislação também confere ao mesmo evento a capacidade de gerar a obrigação,

incumbindo ao particular a responsabilidade de conduzir esse montante financeiro aos

cofres públicos. Não é suficiente que a transferência da titularidade de uma soma de

dinheiro ocorra de maneira abstrata. Somente através do cumprimento da prestação de

uma quantia em dinheiro é que o particular se exime dessa obrigação.

No contexto tributário, a lei atribui a determinados eventos a capacidade de

estabelecer uma obrigação tributária, designando a qualidade de devedor ao

contribuinte e de credor ao Estado. Essa dinâmica impõe ao devedor a obrigação de

conduzir o dinheiro aos cofres públicos, evidenciando a interconexão entre a

ocorrência de eventos específicos e as obrigações tributárias que deles derivam.

7. Objeto da obrigação
O objeto da obrigação tributária é o comportamento expresso na entrega de dinheiro

aos cofres públicos. O dinheiro em si é objeto do comportamento objeto da obrigação

tributária.

8. Consequência jurídicas da atributividade das normas

A norma tributária confere a determinado evento o efeito jurídico de transferir a

titularidade de uma soma de dinheiro para o poder público. Assim que esse evento,

conhecido como fato imponível, se concretiza, estabelece-se um vínculo patrimonial

que impõe uma carga financeira ao contribuinte. Nesse momento, o sujeito passivo

perde a titularidade desse dinheiro, e o vínculo patrimonial só se desfaz mediante a

realização da prestação correspondente ao objeto tributário.

A relação jurídica de cunho patrimonial entre credor e devedor, estabelecida pela

norma tributária, define que a obrigação tributária somente se extingue com a efetiva

entrega do dinheiro ao credor. Dessa maneira, o contribuinte, enquanto sujeito passivo,

perde a titularidade desse dinheiro, marcando o encerramento do vínculo tributário

com a conclusão da prestação relativa ao objeto do tributo. Essa interação entre o

evento tributável e a obrigação patrimonial ilustra a dinâmica pela qual o contribuinte

se desvincula do ônus tributário mediante o cumprimento da prestação prevista pela

norma.

9. Conceito de tributo

O conceito de tributo, delimitado pela Constituição, permanece inalterável perante

qualquer legislação ordinária, conferindo uma salvaguarda ao contribuinte contra o

"poder tributário", claramente demarcado. A materialidade e as hipóteses de

incidência encontram-se expressamente estabelecidas na Carta Magna (arts. 145, II,

III; 149, 153 a 156). Segundo Paulo de Barros Carvalho, o conceito de tributo abrange

amplos significados, como quantia em dinheiro, prestação (dever), direito do sujeito

ativo, relação jurídica, norma, fato e relação jurídica.


Geraldo Ataliba, por sua vez, define tributo como uma obrigação jurídica pecuniária,

ex lege, que não decorre de ato ilícito, cujo sujeito ativo é uma pessoa pública, e o

sujeito passivo é alguém colocado pela vontade da lei. É relevante destacar a exclusão

da sanção por ato ilícito, diferenciando-a do conceito de multa.

De acordo com o Código Tributário Nacional, o tributo é uma prestação pecuniária

compulsória, não constituindo sanção de ato ilícito, instituída em lei e cobrada

mediante atividade administrativa vinculada.

10. Reconhecimento do tributo

O tributo expressa o vínculo obrigacional que nasceu independentemente da vontade

das partes, ou contra essa vontade, por força da lei, mediante a ocorrência de um fato

jurídico lícito. O tributo não se confunde com a multa ou com a obrigação de

indenizar, pois ambos decorrem de fato ilícito. Da mesma forma, o tributo não se

confunde com a obrigação convencional, pois, como supracitado, o tributo emerge da

lei e não da vontade das partes.

11. O direito tributário se forma em torno do conceito de tributo (que é

constitucionalmente pressuposto)

O direito tributário, sub-ramo do direito administrativo, tem o tributo como seu

conceito fundamental. O tributo, um instituto criado pelo ordenamento jurídico

positivo e constitucional, é referenciado atualmente no Brasil como dinheiro.

12. Direito tributário como capítulo de direito administrativo

O direito tributário entrelaça seu estudo com o direito administrativo, abordando

respostas ao mandamento normativo "pague dinheiro ao estado" e detalhando como o

pagamento deve ocorrer, suas consequências em caso de não cumprimento e como

exigir o pagamento. Didaticamente, isola-se o tributo como instituto fundamental

desse campo.
13. Estrutura das normas jurídicas

Toda norma jurídica possui hipótese, mandamento e sanção. No contexto tributário, a

norma apresenta uma hipótese de incidência (fato gerador) e uma regra.

14. Sanção

A sanção é uma consequência jurídica diante da desobediência ao mandamento

principal da norma, sendo uma reação específica do direito perante a violação do

dever. Esta pode assumir formas como castigo, penal e penalidade.

15. Divergência doutrinária quanto à estrutura da norma

Paulo Barros Carvalho sustenta que a sanção não é parte da estrutura da norma

jurídica, sendo uma outra norma do direito, apresentando outra hipótese de incidência

e outro mandamento.

16. Incidência

A incidência do preceito normativo atribui consequências jurídicas a determinado fato

jurídico. No âmbito tributário, a norma tributária tem sua incidência condicionada ao

acontecimento de um fato previsto no ordenamento jurídico.

Você também pode gostar