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Direito nas Organizações

Unidade II
5 Código Tributário Nacional

Estudados os princípios constitucionais de Direito Tributário, precisamos conhecer a Lei Complementar


Tributária, ou seja, o Código Tributário Nacional, Lei n° 5172, de 25 de outubro de 1966. A primeira
consideração a ser feita sobre o mencionado diploma legal é que formalmente trata–se de Lei Ordinária,
mas foi recepcionado pela Constituição Federal como Lei Complementar. Para a exata compreensão
dessa ideia vale citar Araujo (2010, pp. 36–37):

A superveniência de uma nova Constituição significa que o alicerce de


legitimação de todo o sistema jurídico foi modificado. Essa alteração do
cume da pirâmide não implica a revogação automática de toda legislação
infraconstitucional. É que grande parte dessas normas se manterão
compatíveis com a nova constituição.

Destarte, ocorre um processo de ressignificação do direito infraconstitucional


compatível com a nova Constituição. É que, com a alteração das normas
inaugurais do sistema, todas as leis vigentes e que permaneceram
compatíveis com o texto atual vêm a ter novo fundamento de validade, que
condicionam a sua interpretação e o seu significado a novos parâmetros.

Diz–se, desse modo, que foram recepcionadas pela nova Constituição. Em


outras palavras, mais do que simplesmente recebidas, foram incorporadas ao
novo parâmetro constitucional, com as necessárias adequações.

Exemplo da situação exposta é o Código Tributário Nacional, que, sob a


égide da Constituição anterior, foi aprovado como Lei Ordinária. Pela regra
do art. 146 da Constituição Federal de 1988, houve exigência de que as
matérias tratadas pelo Código Tributário Nacional fossem reservadas à Lei
Complementar.

A recepção do Código Tributário Nacional significa, de um lado, sua


compatibilidade material com a atual Constituição e, de outro, a sua
adequação ao novo sistema, que lhe reservou espaço e status diferenciado,
vale dizer, o de uma Lei Complementar, de tal modo que, como tal, a partir
da nova Constituição, deverá ser considerado.

Feitas essas considerações, você notará que, seguindo a diretriz determinada pela Constituição
Federal, o Código Tributário Nacional apresenta o conceito de tributo.
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Observação

A Constituição Federal determina que cabe à Lei Complementar definir


tributos e suas espécies, sendo assim, o Código Tributário Nacional faz as
vezes de Lei Complementar.

5.1 Conceito de tributo

É imperativo entender o sentido da palavra tributo no Direito Tributário Nacional. Segundo o art. 3º
do Código Tributário Nacional:

Tributo é toda prestação pecuniária, compulsória, em moeda ou cujo valor


nela se possa exprimir, que não constitui sanção por ato ilícito, instituída
em lei e cobrado mediante atividade administrativa plenamente vinculada.

Para entender a amplitude desse conceito, vale a pena transcrever Mello (2003, pp. 32–35):

Verifica–se que tributo é um gênero, do qual impostos, taxas, contribuições


de melhoria, contribuições sociais e empréstimos compulsórios são espécies.

O referido Código Tributário Nacional conceitua, em seu Artigo 16, o


imposto, do seguinte modo:

Imposto é o tributo cuja obrigação tem por fato gerador uma situação
independentemente de qualquer atividade estatal específica, relativa ao
contribuinte.

Alguns autores classificam os impostos em diretos e indiretos; entre eles, destaca–se Nogueira (1994,
p. 159), que assim conceitua:

O imposto direto tem a virtude de poder graduar diretamente a soma devida


por um contribuinte, de conformidade com sua capacidade contributiva.
Exemplo típico de imposto direto é o imposto sobre a renda pessoal.

Continua o autor:

O imposto indireto, diferentemente, liga o ônus tributário a um evento


jurídico ou material e não dispõe de um parâmetro direto para apurar
a capacidade econômica do contribuinte. [...] Já a personalização ou
adequação pessoal da carga tributária em cada caso específico não se pode
obter por meio do imposto indireto. Citemos alguns exemplos para facilitar a
compreensão: são impostos indiretos, entre outros, o IPI e o ICMS, o imposto
de importação etc. (idem).
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O Artigo 77 do mencionado Código Tributário Nacional determina que as taxas:

[...] têm como fato gerador o exercício regular do poder de polícia, ou a


utilização, efetiva ou potencial, de serviço público específico e divisível,
prestado ao contribuinte ou posto à sua disposição.

Machado (1992, p. 30), conceitua:

Contribuição de melhoria. É o tributo cuja obrigação tem como fato gerador


a valorização de imóveis decorrente de obra pública.

Contribuições sociais são aquelas que a União Federal institui com


fundamento nos Artigos 149 e 195 da Constituição Federal. Dividindo–se
em três subespécies, a saber: a) as de intervenção no domínio econômico,
que podem ser denominadas contribuições interventivas, caracterizadas
pela finalidade que a denominação indica; b) as de interesse de categorias
profissionais ou econômicas, que podem ser denominadas simplesmente
contribuições profissionais; c) as contribuições de seguridade social que se
caracterizam como instrumento pelo qual a sociedade financia, diretamente,
a seguridade social, nos termos do Artigo 195 da Constituição Federal.

Quanto aos empréstimos compulsórios, o Supremo Tribunal Federal, em sua


Súmula 418, entendeu não se tratar de um tributo, mas de um contrato
coativo. Sua natureza jurídica é muito discutida nos meios acadêmicos,
entretanto, em face do fato dessa matéria ser tratada no âmbito do Direito
Tributário, o presente trabalho a incluiu no conceito de tributo. Não se trata
de inovação deste trabalho; os Empréstimos Compulsórios são tratados na
Constituição Federal no capítulo relativo ao Sistema Tributário Nacional e,
é no Código Tributário Nacional, que se encontra legalmente disciplinado.
Acrescenta–se a isto o fato do assunto ser discutido em cursos e livros de
Direito Tributário.

Machado (1992, p. 28), ensina:

[...] tendo em vista o artigo 148 da vigente Constituição Federal, também


os empréstimos compulsórios não podem deixar de ser considerados uma
espécie de tributo.

Carrazza (1991, p. 293), ao discorrer sobre os empréstimos compulsórios, afirma:

Inegavelmente, o que define uma entidade do mundo do Direito não é a


denominação que recebe, mas o regime jurídico a que está submetida. Logo,
na medida em que os empréstimos compulsórios devem obedecer ao regime
jurídico tributário, segue–se inquestionavelmente que são tributos.
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Desse modo, no presente trabalho, o empréstimo compulsório será


considerado como tributo, uma vez que este assunto deva ser tratado na
função/atividade gestão de tributos das empresas.

5.2 Normas de Direito Tributário

Como citado anteriormente, o sistema tributário nacional respeita o princípio da legalidade, ou seja,
somente a lei como ato normativo do Poder Legislativo pode criar obrigações para o contribuinte. Assim,
dispõe o Código Tributário Nacional:

Art. 97. Somente a lei pode estabelecer:

I – a instituição de tributos, ou a sua extinção;

II – a majoração de tributos, ou sua redução, ressalvado o disposto nos


artigos 21, 26, 39, 57 e 65;

III – a definição do fato gerador da obrigação tributária principal, ressalvado


o disposto no inciso I do § 3º do artigo 52, e do seu sujeito passivo;

IV – a fixação de alíquota do tributo e da sua base de cálculo, ressalvado o


disposto nos artigos 21, 26, 39, 57 e 65;

V – a cominação de penalidades para as ações ou omissões contrárias a seus


dispositivos, ou para outras infrações nela definidas;

VI – as hipóteses de exclusão, suspensão e extinção de créditos tributários,


ou de dispensa ou redução de penalidades.

§ 1º Equipara–se à majoração do tributo a modificação da sua base de


cálculo, que importe em torná–lo mais oneroso.

§ 2º Não constitui majoração de tributo, para os fins do disposto no inciso II


deste artigo, a atualização do valor monetário da respectiva base de cálculo.

Art. 98. Os tratados e as convenções internacionais revogam ou modificam


a legislação tributária interna, e serão observados pela que lhes sobrevenha.

O sistema tributário é composto por um conjunto de normas coercitivas. Ensina Denari (1991, p.
161):

Por sistema normativo tributário compreende–se o conjunto de normas


jurídicas, ou seja, de regras coercitivas de conduta, utilizadas para instituição
e aplicação dos tributos previstos na Constituição Federal.
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As normas jurídicas tributárias costumam ser editadas pelas leis – forma


mais solene de manifestação da vontade do Estado – emanadas do Poder
Legislativo – ou por decretos – forma menos solene de manifestação da
vontade do Estado – baixados pelos chefes dos Poderes Executivos, a nível
federal, estadual ou municipal, para regulamentar os atos legislativos.

Dos ensinamentos, verificam–se que o ilustre doutrinador apresenta também como normas
do sistema tributário nacional os atos do Executivo que, da leitura dos artigos a seguir transcritos,
facilmente se conclui: não podem inovar a ordem jurídica, mas apenas explicitar o que está implícito na
lei (ato normativo do legislativo). Conforme dispõe o Código Tributário Nacional:

Art. 99. O conteúdo e o alcance dos decretos restringem–se aos das leis
em função das quais sejam expedidos, determinados com observância das
regras de interpretação estabelecidas nesta lei.

Art. 100. São normas complementares das leis, dos tratados e das convenções
internacionais e dos decretos:

I – os atos normativos expedidos pelas autoridades administrativas;

II – as decisões dos órgãos singulares ou coletivos de jurisdição administrativa,


a que a lei atribua eficácia normativa;

III – as práticas reiteradamente observadas pelas autoridades administrativas;

IV – os convênios que entre si celebrem a União, os estados, o Distrito Federal


e os municípios.

Parágrafo único. A observância das normas referidas neste artigo exclui a


imposição de penalidades, a cobrança de juros de mora e a atualização do
valor monetário da base de cálculo do tributo.

Machado (2009, pp. 87–88), após definir os decretos e regulamentos, conclui:

No âmbito de nossa disciplina as palavras decreto e regulamento podem


ser tomadas como sinônimos. O decreto é ato do Chefe do Poder Executivo,
enquanto o regulamento é o ato a este encaminhado pelo Ministro de
Estado da área respectiva, no caso de tributação pelo Ministro da Fazenda, e
aprovado por decreto. Na prática a diferença é apenas a forma.

A disposição do art. 99 do CTN é meramente explicitante. Ainda que não


estivesse escrita não seria diferente. É assente em nosso sistema jurídico a
posição inferior dos decretos relativamente às leis. Isto é decorrência inevitável
da divisão de atribuições entre o Executivo e o Legislativo. Os regulamentos
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são editados pelo Chefe do Poder Executivo mediante decreto, com o fim de
explicar o modo e a forma de execução da lei, ou para regular situações não
disciplinadas em lei, nem reservadas a esta. No primeiro caso diz–se que há
regulamento de execução, e no segundo caso há regulamento autônomo.

Em matéria tributária o regulamento tem grande importância. Ele se presta


para a consolidação, em texto único, de diversas leis sobre um tributo, além
de estabelecer regras relativas a obrigações acessórias.

Como em matéria tributária não existe espaço para o regulamento


autônomo, qualquer regra de decreto, ou de regulamento, que não seja
mera explicitação do que determina a lei, nem se limite a fixar os meios e
formas de execução desta, é inválida.

Posteriormente, Machado (2009, pp. 88–89), ao discorrer sobre as normas complementares, esclarece:

Não se há de confundir normas complementares com leis complementares.


As primeiras são as de que trata o art. 100 do CTN, enquanto as últimas
são complementares da Constituição Federal e estão em plano hierárquico
superior às próprias leis ordinárias [...].

As normas complementares são, formalmente, atos administrativos, mas


materialmente são leis. Assim, pode–se dizer que são leis em sentido amplo
e estão compreendidas na legislação tributária, conforme, aliás, o art. 96 do
CTN determina expressamente.

Diz–se que são complementares porque se destinam a completar o texto


das leis, dos tratados e convenções internacionais e decretos. Limitam–se
a completar. Não podem inovar ou de qualquer forma modificar o texto
da norma que complementam. Além de não poderem invadir o campo da
reserva legal, devem observância também aos decretos e regulamentos,
que se colocam em posição superior porque editados são pelo Chefe do
Poder Executivo, e a este os que editam as normas complementares estão
subordinados.

Há quem sustente que as normas complementares só produzem efeitos


relativamente aos funcionários, no âmbito interno das repartições. Estamos,
porém, com os que entendem que as suas normas se aplicam à relação fisco–
contribuinte, desde que respeitadas as limitações já acima mencionadas.

5.3 Interpretação e integração da legislação tributária

A Lei Complementar Tributária, ou seja, o Código Tributário Nacional indica procedimentos para
interpretação das normas tributárias. Ao discorrer sobre a rigidez que deve respeitar o legislador para
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criar as normas tributárias, o eminente jurista Martins (1991, p. 15), em seu livro Sistema tributário na
Constituição de 1988, ao escrever sobre a Teoria da imposição tributária ensina:

Por ser norma de rejeição social, a partir da teoria da carga desmedida,


há de se compreender a adoção de princípios hermenêuticos próprios
daqueles ramos que implicam restrição de direitos, como o da tipicidade
fechada, da estrita legalidade, da reserva absoluta de lei formal, que
resultam na adoção da retroatividade benigna, na não–adoção da
integração analógica apenadora e das interpretações extensivas in pejus,
técnicas exegéticas próprias de defesa do cidadão contra a idolatria do
Estado.

Os ensinamentos de Martins são respeitados pelo legislador infraconstitucional, vejamos:

Art. 107. A legislação tributária será interpretada conforme o disposto neste


capítulo.

Art. 108. Na ausência de disposição expressa, a autoridade competente para


aplicar a legislação tributária utilizará sucessivamente, na ordem indicada:

I – a analogia;

II – os princípios gerais de direito tributário;

III – os princípios gerais de direito público;

IV – a equidade.

§ 1º O emprego da analogia não poderá resultar na exigência de tributo não


previsto em lei.

§ 2º O emprego da equidade não poderá resultar na dispensa do pagamento


de tributo devido.

Art. 109. Os princípios gerais de direito privado utilizam–se para pesquisa da


definição, do conteúdo e do alcance de seus institutos, conceitos e formas,
mas não para definição dos respectivos efeitos tributários.

Art. 110. A lei tributária não pode alterar a definição, o conteúdo e o alcance
de institutos, conceitos e formas de direito privado, utilizados, expressa ou
implicitamente, pela Constituição Federal, pelas Constituições dos Estados,
ou pelas Leis Orgânicas do Distrito Federal ou dos municípios, para definir ou
limitar competências tributárias.

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Art. 111. Interpreta–se literalmente a legislação tributária que disponha


sobre:

I – suspensão ou exclusão do crédito tributário;

II – outorga de isenção;

III – dispensa do cumprimento de obrigações tributárias acessórias.

Art. 112. A lei tributária que define infrações, ou lhe comina penalidades,
interpreta–se da maneira mais favorável ao acusado, em caso de dúvida
quanto:

I – à capitulação legal do fato;

II – à natureza ou às circunstâncias materiais do fato, ou à natureza ou


extensão dos seus efeitos;

III – à autoria, imputabilidade, ou punibilidade;

IV – à natureza da penalidade aplicável, ou à sua graduação.

O artigo 108 do diploma legal estudado disciplina técnicas de interpretação da legislação tributária.
Fabretti (2007, pp. 145–146) ensina:

• Analogia: destina–se a buscar pontos de semelhança entre fatos


diferentes para que uma regra jurídica aplicável a um deles possa
também ser aplicada ao outro. Entretanto, o emprego da analogia
não pode resultar em exigência de tributo não previsto em lei.
• Princípios gerais de Direito Tributário: constituem–se em diretrizes
que não estão explícitas diretamente nas normas jurídicas de Direito
Tributário, mas que podem ser extraídos mediante exame do contexto
em que essas normas estão inseridas. Por exemplo: se o contribuinte
preenche uma guia de recolhimento de tributo de forma errada, mas
não causa prejuízo ao Fisco, recolhendo exatamente a quantia devida,
não pode ser responsabilizado a recolher multa, juros e correção
monetária por uma infração fiscal.
• Princípios gerais de Direito Público: são as mesmas diretrizes, mas
que se encontram de forma geral no Direito. Assim, por exemplo, o
princípio que se retira das normas de Direito Penal de que a falta
de provas da culpabilidade do réu permite que a regra jurídica a ser
aplicada lhe seja mais favorável. Assim, a ausência de provas para
caracterizar um crime de sonegação fiscal permite que o contribuinte
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seja penalizado apenas com aplicação de multa, sem a aplicação de


pena privativa de liberdade.
• Equidade: significa que entre as várias interpretações possíveis para
uma regra jurídica tributária a autoridade competente deve utilizar
a mais benigna para o contribuinte, a mais justa e condizente com
os valores atuais da sociedade, adequando a lei às circunstâncias.
Entretanto, o emprego da equidade na interpretação da lei tributária
não pode resultar na dispensa de pagamento de tributo previsto em
lei, desde que devido pelo contribuinte.

5.4 Obrigação tributária

Ao falar da obrigação tributária, é inevitável socorrer–se das lições de Direito Civil, o qual apresenta as
modalidades das obrigações que podem ser de dar, fazer ou não fazer. Martins (2007, p. 246), apresenta:

Consiste obrigação de dar em entregar uma coisa ou pagar um valor. A


obrigação de dar compreende a de restituir. Pode envolver obrigação de
entregar coisa certa, como um veículo Gol 1.6, cor azul, ou coisa incerta, que
será indicada pelo gênero e quantidade. O credor de coisa certa não pode ser
obrigado a receber outra, ainda que mais valiosa.

Continua o autor:

Na obrigação de fazer, o devedor deve, por exemplo, prestar um serviço,


como construir um muro.

Envolve a obrigação de não fazer a abstenção da prática de um ato, como


não construir a partir de determinada altura.

Melo (2004, p. 188), ao discorrer sobre a obrigação tributária, ensina:

Trata–se de autêntica relação jurídica tributária, não se diferenciando


conceitualmente das demais relações de Direito Obrigacional comum, tendo
como nota característica a participação do Poder Público – em seu polo
ativo – com a essência da indisponibilidade de seus créditos. A divergência
com as obrigações privadas não reside propriamente no fato de decorrer da
“lei” – uma vez que essas (embora corporificadas em contratos), também
têm como fonte a norma jurídica – mas porque, no âmbito público, não se
considera o princípio da autonomia da vontade.

O Código Tributário Nacional traz a obrigação tributária no artigo 113:

Art. 113. A obrigação tributária é principal ou acessória.

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§ 1º A obrigação principal surge com a ocorrência do fato gerador, tem


por objeto o pagamento de tributo ou penalidade pecuniária e extingue–se
juntamente com o crédito dela decorrente.

§ 2º A obrigação acessória decorre da legislação tributária e tem por


objeto as prestações, positivas ou negativas, nela previstas no interesse da
arrecadação ou da fiscalização dos tributos.

§ 3º A obrigação acessória, pelo simples fato da sua inobservância, converte–


se em obrigação principal relativamente à penalidade pecuniária.

Conclui–se que a obrigação de pagar o tributo ou a multa é a obrigação de dar (obrigação principal),
a obrigação de escriturar os documentos fiscais é a obrigação de fazer (obrigação acessória) e a de não
receber mercadoria que não esteja acompanhada do respectivo documento fiscal é a obrigação de não
fazer (obrigação acessória).

Observação

As obrigações tributárias principal e acessória são previstas na lei de


acordo com o princípio da legalidade.

O fato gerador da obrigação tributária é aquela situação descrita na lei que, ocorrendo no mundo,
faz nascer a obrigação tributária. Fabretti (2006, p. 75), define:

Denomina–se fato gerador a concretização da hipótese de incidência


tributária prevista em abstrato na lei, que gera (faz nascer) a obrigação
tributária.

Após se referir às críticas feitas pelos autores, sobre a expressão fato gerador, Costa (2009, p. 178–
179) esclarece:

Assim, ao mencionar–se a expressão “fato gerador”, faz–se necessário


esclarecer em que sentido se a está empregando, especificando–o: i) fato
gerador in abstracto, para a hipótese normativa, ou ii) fato gerador in
concreto, para situação efetivamente ocorrida.

Daí porque boa parte da doutrina utiliza outras expressões para designar
tais situações.

Fato gerador in abstracto e, assim, substituído pelas expressões hipótese


de incidência ou hipótese tributária, que não deixam dúvidas quanto ao
conceito a que se referem – o da situação hipotética.

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E o fato gerador in concreto é designado por fato imponível ou fato


jurídico tributário, de molde a designar a situação aperfeiçoada no plano
concreto.

Seguindo a orientação doutrinária, o Código Tributário determina:

Art. 114. Fato gerador da obrigação principal é a situação definida em lei


como necessária e suficiente à sua ocorrência.

Art. 115. Fato gerador da obrigação acessória é qualquer situação que, na


forma da legislação aplicável, impõe a prática ou a abstenção de ato que
não configure obrigação principal.

Art. 116. Salvo disposição de lei em contrário, considera–se ocorrido o fato


gerador e existentes os seus efeitos:

I – tratando–se de situação de fato, desde o momento em que o se


verifiquem as circunstâncias materiais necessárias a que produza os efeitos
que normalmente lhe são próprios;

II – tratando–se de situação jurídica, desde o momento em que esteja


definitivamente constituída, nos termos de direito aplicável.

Parágrafo único. A autoridade administrativa poderá desconsiderar atos ou


negócios jurídicos praticados com a finalidade de dissimular a ocorrência
do fato gerador do tributo ou a natureza dos elementos constitutivos da
obrigação tributária, observados os procedimentos a serem estabelecidos
em Lei Ordinária. (incluído pela Lcp nº 104, de 10.1.2001)

Art. 117. Para os efeitos do inciso II do artigo anterior e salvo disposição


de lei em contrário, os atos ou negócios jurídicos condicionais reputam–se
perfeitos e acabados:

I – sendo suspensiva a condição, desde o momento de seu implemento;

II – sendo resolutória a condição, desde o momento da prática do ato ou da


celebração do negócio.

Art. 118. A definição legal do fato gerador é interpretada abstraindo–se:

I – da validade jurídica dos atos efetivamente praticados pelos contribuintes,


responsáveis, ou terceiros, bem como da natureza do seu objeto ou dos seus efeitos;

II – dos efeitos dos fatos efetivamente ocorridos.


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Merece destaque, face às controvérsias existentes sobre o assunto, o parágrafo único do artigo
116 mencionado, o qual permite à autoridade administrativa desconsiderar atos ou negócios jurídicos
praticados com a finalidade de dissimular a ocorrência do fato gerador do tributo ou a natureza dos
elementos constitutivos da obrigação tributária, observados os procedimentos a serem estabelecidos
em Lei Ordinária.

Ao discorrer sobre os limites das normas antielisivas, falando sobre a segurança jurídica, Mello e
Gutierrez (2004, p. 94–95) afirmam:

Partindo–se da definição doutrinária de que elisão pressupõe uma conduta


lícita, ainda, sendo o ato jurídico praticado perfeito – gozando, portanto,
de estabilidade – vez que baseado em norma legal, pergunta–se: poderia
a administração desconsiderar o ato praticado sem afrontar o princípio da
segurança das relações jurídicas?

É importante notar também que, ao desconstituir o ato praticado para aplicar


o tributo ou alíquota que pretensamente seria devido, a administração
está criando obrigação tributária para o contribuinte, pois que o ato
administrativo se baseia em fato gerador diverso do ocorrido, atentando,
novamente, contra princípios basilares, seja o da estrita legalidade, seja o da
segurança das relações jurídicas.

Adiante, concluem os autores:

Podemos afirmar que o fato gerador que foi abstratamente escrito na lei,
no momento em que ocorrer no mundo em que vivemos, fará nascer a
obrigação tributária. Esse fato deverá ocorrer nos exatos termos em que foi
determinado pela lei, vale dizer, do modo que foi tipificado pelo legislador
complementar.

Ora, se o contribuinte praticou um ato jurídico, tipificado na legislação, esse ato


não pode ser passível de anulação ou nulidade, sob pena de afastar a segurança
jurídica. Afastada a segurança jurídica, os princípios que devem nortear o
legislador tributário para criar os tributos deixam de ter qualquer eficácia, e o
sistema tributário nacional estaria absolutamente destruído e passaria a pagar
os tributos de acordo com a mera vontade de nossos governantes. Tal situação
é uma absoluta agressão ao estado democrático de direito.

Lembrete

A administração pública somente poderá desconstituir o ato


administrativo se o ato for nulo ou anulável, conforme determinado no
código civil.
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Saiba mais

Leia:

MELLO, L. F. X. S.; GUTIERREZ, E. Limites das normas antielisivas. Revista


Tributária e de Finanças Públicas, ano XII, n° 56, mai/jun de 2004. São Paulo:
Revista dos Tribunais, 2004.

A Lei Complementar Tributária, ao definir o conceito de tributo no artigo 3º, determina que sua
cobrança deve ser feita por ato administrativo plenamente vinculado. O Direito Administrativo conhece
os atos administrativos vinculados e discricionários. Bandeira de Mello (1995, p. 225), ensina:

(1) Atos discricionários – os que a administração pratica dispondo de certa


margem de liberdade para decidir–se, pois a lei regulou a matéria de modo
a deixar campo para uma apreciação que comporta certo subjetivismo. Ex:
autorização de porte de arma.

(2) Atos vinculados – os que a administração pratica sem margem alguma


de liberdade para decidir–se, pois a lei previamente tipificou o único possível
comportamento diante de hipótese prefigurada.

Mello e Gutierrez (2004, p. 93), após citarem o abalizado Bandeira de Mello, comentam:

Nota–se que, o Direito Administrativo não conhece o ato administrativo


plenamente vinculado, mas apenas o ato administrativo vinculado. A palavra
plenamente foi inserida pelo legislador tributário com o objetivo de espancar
qualquer dúvida no tocante a vinculação do ato, vale dizer o tributo para ser
cobrado deve respeitar os estreitos limites da lei, tanto isto é verdade que a
hipótese de incidência tributária segue o princípio da tipicidade.

O Código Tributário apresenta a figura do lançamento no artigo 142 do seguinte modo:

Art. 142. Compete privativamente à autoridade administrativa constituir


o crédito tributário pelo lançamento, assim entendido o procedimento
administrativo tendente a verificar a ocorrência do fato gerador da obrigação
correspondente, determinar a matéria tributável, calcular o montante do
tributo devido, identificar o sujeito passivo e, sendo caso, propor a aplicação
da penalidade cabível.

Parágrafo único. A atividade administrativa de lançamento é vinculada e


obrigatória, sob pena de responsabilidade funcional.

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Existem três modalidades de lançamento, a saber: de ofício, por declaração e por homologação. O
lançamento por declaração vem disciplinado no artigo 147 do Código Tributário Nacional:

Art. 147. O lançamento é efetuado com base na declaração do sujeito passivo


ou de terceiro, quando um ou outro, na forma da legislação tributária,
presta à autoridade administrativa informações sobre matéria de fato,
indispensáveis à sua efetivação.

§ 1º A retificação da declaração por iniciativa do próprio declarante, quando


vise a reduzir ou a excluir tributo, só é admissível mediante comprovação do
erro em que se funde, e antes de notificado o lançamento.

§ 2º Os erros contidos na declaração e apuráveis pelo seu exame serão


retificados de ofício pela autoridade administrativa a que competir a revisão
daquela.

Art. 148. Quando o cálculo do tributo tenha por base, ou tome em


consideração, o valor ou o preço de bens, direitos, serviços ou atos jurídicos,
a autoridade lançadora, mediante processo regular, arbitrará aquele valor ou
preço, sempre que sejam omissos ou não mereçam fé as declarações ou os
esclarecimentos prestados, ou os documentos expedidos pelo sujeito passivo
ou pelo terceiro legalmente obrigado, ressalvada, em caso de contestação,
avaliação contraditória, administrativa ou judicial.

No lançamento por declaração, o sujeito passivo da obrigação tributária apresenta para o fisco
informações sobre o fato gerador praticado e, posteriormente, o Estado promove a cobrança do tributo.
Fabretti (2007, p. 185), esclarece:

Esse artigo conceitua o que vem a ser o lançamento por declaração. Essa
modalidade de lançamento é feita com a colaboração do contribuinte ou
responsável que presta informações para que a autoridade administrativa
aplique a legislação tributária, calcule o valor do tributo devido e notifique
o contribuinte para que efetue seu pagamento. Essa modalidade depende,
assim, das informações que o contribuinte venha a prestar à Fazenda Pública.

No artigo 149 do Código Tributário Nacional, está disciplinado o lançamento de ofício:

Art. 149. O lançamento é efetuado e revisto de ofício pela autoridade


administrativa nos seguintes casos:

I – quando a lei assim o determine;

II – quando a declaração não seja prestada, por quem de direito, no prazo e


na forma da legislação tributária;
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III – quando a pessoa legalmente obrigada, embora tenha prestado declaração


nos termos do inciso anterior, deixe de atender, no prazo e na forma da
legislação tributária, a pedido de esclarecimento formulado pela autoridade
administrativa, recuse–se a prestá–lo ou não o preste satisfatoriamente, a
juízo daquela autoridade;

IV – quando se comprove falsidade, erro ou omissão quanto a qualquer


elemento definido na legislação tributária como sendo de declaração
obrigatória;

V – quando se comprove omissão ou inexatidão, por parte da pessoa


legalmente obrigada, no exercício da atividade a que se refere o artigo
seguinte;

VI – quando se comprove ação ou omissão do sujeito passivo, ou de terceiro


legalmente obrigado, que dê lugar à aplicação de penalidade pecuniária;

VII – quando se comprove que o sujeito passivo, ou terceiro em benefício


daquele, agiu com dolo, fraude ou simulação;

VIII – quando deva ser apreciado fato não conhecido ou não provado por
ocasião do lançamento anterior;

IX – quando se comprove que, no lançamento anterior, ocorreu fraude


ou falta funcional da autoridade que o efetuou, ou omissão, pela mesma
autoridade, de ato ou formalidade especial.

Parágrafo único. A revisão do lançamento só pode ser iniciada enquanto não


extinto o direito da Fazenda Pública.

O lançamento de ofício é praticado inteiramente pelo sujeito ativo da obrigação tributária, uma vez
que, já tem todas as informações necessárias para a cobrança do tributo. Fabretti (2007, p. 187), ensina:

Esse artigo refere–se ao lançamento direto ou de ofício. É realizado, inteira


ou exclusivamente, pela administração pública. Essa inicia um procedimento
no qual apura a ocorrência do fato gerador e a legislação aplicável, calcula
o montante do tributo devido e notifica o sujeito passivo (contribuinte ou
responsável) para que proceda ao pagamento no prazo estipulado por lei.

De acordo com o que está disposto no art. 142 do CTN, também o Auto de
Infração e Imposição de Multa e o Aviso de Lançamento são documentos
que retratam o procedimento fiscalizador da administração pública, nos
quais se apura a falta de recolhimento de um tributo, exigindo–se este
acrescido de multa e juros de mora.
53
Unidade II

O Auto de Infração e Imposição de Multa pode ser classificado como um


lançamento direto do crédito tributário.

No lançamento por homologação, o sujeito passivo da obrigação tributária recolhe o tributo


antecipadamente e apresenta as informações referentes ao fato gerador praticado. Tem sua previsão no
artigo 150 do Código Tributário Nacional, assim:

Art. 150. O lançamento por homologação, que ocorre quanto aos tributos
cuja legislação atribua ao sujeito passivo o dever de antecipar o pagamento
sem prévio exame da autoridade administrativa, opera–se pelo ato em que
a referida autoridade, tomando conhecimento da atividade assim exercida
pelo obrigado, expressamente a homologa.

§ 1º O pagamento antecipado pelo obrigado nos termos deste artigo extingue


o crédito, sob condição resolutória da ulterior homologação ao lançamento.

§ 2º Não influem sobre a obrigação tributária quaisquer atos anteriores à


homologação, praticados pelo sujeito passivo ou por terceiro, visando à
extinção total ou parcial do crédito.

§ 3º Os atos a que se refere o parágrafo anterior serão, porém, considerados


na apuração do saldo porventura devido e, sendo o caso, na imposição de
penalidade, ou sua graduação.

§ 4º Se a lei não fixar prazo a homologação, será ele de cinco anos, a contar
da ocorrência do fato gerador; expirado esse prazo sem que a Fazenda
Pública se tenha pronunciado, considera–se homologado o lançamento e
definitivamente extinto o crédito, salvo se comprovada a ocorrência de dolo,
fraude ou simulação.

Fabretti (2007, p. 188), ao comentar o referido dispositivo legal, menciona:

Nessa modalidade de lançamento, o contribuinte presta informações


à autoridade administra, calcula o valor do tributo devido, efetuando,
portanto, ele próprio sua notificação para o recolhimento, e paga e aguarda
a confirmação de seus atos por parte da autoridade administrativa. Os
tributos, objeto dessa modalidade de lançamento, são classificados como
tributos declaratórios. A declaração da existência e do valor do crédito
tributário é feita pelo próprio contribuinte ou responsável.

A confirmação feita pela autoridade administrativa é denominada


homologação.

A homologação por parte da administração pública poderá ocorrer de forma


54
Direito nas Organizações

expressa ou tácita.

Homologação expressa ocorre quando a autoridade administrativa notifica,


ou, por qualquer outro ato, avisa o sujeito passivo que o lançamento por ele
efetuado está de acordo com a lei.

[...]

A homologação tácita está prevista no art. 150, § 4º do CTN. A lei fixa um


prazo de cinco anos, contados a partir da realização do fato gerador pelo
sujeito passivo, para que a administração pública manifeste–se sobre o
lançamento por ele efetuado. Decorrido esse período sem que a administração
pública manifeste–se, consideram–se homologado o lançamento e extinto
o crédito tributário, desde que o tributo tenha sido pago pelo contribuinte.
Mesmo não pago o tributo devido, o lançamento está homologado e o
crédito tributário constituído pelo valor do lançamento.

Conhecidas as modalidades de lançamento, vale lembrar que esse constitui o crédito tributário
previsto nos artigos 139 a 141 do Código Tributário Nacional:

Art. 139. O crédito tributário decorre da obrigação principal e tem a mesma


natureza desta.

Art. 140. As circunstâncias que modificam o crédito tributário, sua extensão


ou seus efeitos, ou as garantias ou os privilégios a ele atribuídos, ou que
excluem sua exigibilidade não afetam a obrigação tributária que lhe deu
origem.

Art. 141. O crédito tributário regularmente constituído somente se modifica


ou extingue, ou tem sua exigibilidade suspensa ou excluída, nos casos
previstos nesta Lei, fora dos quais não podem ser dispensadas, sob pena
de responsabilidade funcional na forma da lei, a sua efetivação ou as
respectivas garantias.

Deve o lançamento do tributo determinar as partes da obrigação tributária.

O sujeito ativo da obrigação tributária é aquele ente federado que tem aptidão para criar os tributos
e vem determinado no Código Tributário, conforme previsto no artigo a seguir mencionado:

Art. 119. Sujeito ativo da obrigação é a pessoa jurídica de direito público,


titular da competência para exigir o seu cumprimento.

Art. 120. Salvo disposição de lei em contrário, a pessoa jurídica de direito


público, que se constituir pelo desmembramento territorial de outra, sub–
55
Unidade II

roga–se nos direitos desta, cuja legislação tributária aplicará até que entre
em vigor a sua própria.

Costa (2009, p. 188) define o sujeito passivo da obrigação tributária, assim:

O sujeito ativo da obrigação tributária é o titular da capacidade tributária


ativa, isto é, aquela pessoa que detém a aptidão para arrecadar e fiscalizar
a exigência fiscal. Nem sempre será uma pessoa política, que ostenta
competência tributária, pois poderá ter ocorrido a transferência de sua
capacidade tributária ativa. Nesse caso, tratar–se–á de parafiscalidade, assim
entendida a delegação, pela pessoa política, mediante lei a outra pessoa, das
aptidões para arrecadar e fiscalizar tributos.

De modo singelo, Fabretti (2007, p. 160) conceitua contribuinte e responsável tributário:

Denomina–se contribuinte o sujeito passivo da obrigação tributária que tem


relação pessoal e direta com o fato gerador. Por exemplo: o proprietário de
um prédio urbano é contribuinte do IPTU.

Denomina–se responsável a pessoa que a lei escolher para responder pela


obrigação tributária, em substituição ao contribuinte de fato, dada a maior
complexidade para alcançá–la.

O responsável não arca com o ônus tributário, que é suporta do pelo


contribuinte de fato. Atua como uma espécie de agente arrecadador
do fisco e como seu depositário. Cabe–lhe recolher as importâncias
descontadas ou cobradas do contribuinte de fato, ao fisco, nos prazos
de lei. Não o fazendo, será declarado depositário infiel, sujeito a pena de
prisão (Lei nº 8.866/94).

Já o sujeito passivo da obrigação tributária é o contribuinte ou responsável tributário, conforme


dispositivo legal a seguir mencionado:

Art. 121. Sujeito passivo da obrigação principal é a pessoa obrigada ao


pagamento de tributo ou penalidade pecuniária.

Parágrafo único. O sujeito passivo da obrigação principal diz–se:

I – contribuinte, quando tenha relação pessoal e direta com a situação que


constitua o respectivo fato gerador;

II – responsável, quando, sem revestir a condição de contribuinte, sua


obrigação decorra de disposição expressa de lei.

56
Direito nas Organizações

Art. 122. Sujeito passivo da obrigação acessória é a pessoa obrigada às


prestações que constituam o seu objeto.

Art. 123. Salvo disposições de lei em contrário, as convenções particulares,


relativas à responsabilidade pelo pagamento de tributos, não podem ser
opostas à Fazenda Pública, para modificar a definição legal do sujeito
passivo das obrigações tributárias correspondentes.

Art. 124. São solidariamente obrigadas:

I – as pessoas que tenham interesse comum na situação que constitua o


fato gerador da obrigação principal;

II – as pessoas expressamente designadas por lei.

Parágrafo único. A solidariedade referida neste artigo não comporta


benefício de ordem.

A ideia de solidariedade significa dizer que o tributo de quem desejar (contribuinte ou responsável)
independe do benefício de ordem. Fabretti (2007, p. 163), elucida:

Em matéria tributária, são solidariamente obrigadas e, portanto, trata–se de


solidariedade passiva as pessoas que tenham interesse comum na situação
que constitui o fato gerador da obrigação principal e as pessoas que,
mesmo não tendo interesse na situação que constitua o fato gerador, são
expressamente designadas por lei como responsáveis.

A solidariedade passiva não comporta benefício de ordem. Por exemplo: o


sócio minoritário, mas que tem bens para pagar o tributo, não pode alegar
o benefício de ordem contra o sócio majoritário.

Absolutamente pertinentes são as palavras de Costa (2009, p. 192):

A solidariedade, portanto, revela–se mais um instrumento de praticabilidade


no campo tributário, uma vez que propicia ao Fisco a escolha do devedor em
relação ao qual seja mais fácil e cômodo exigir a dívida integral. Não fosse
desse modo, diante da multiplicidade de devedores numa mesma relação
jurídica, a administração fiscal estaria obrigada a cobrá–los todos, cada
qual por parte do débito, o que, induvidosamente, acarretaria maior custo e
dificuldades à satisfação do crédito tributário.

Feitas estas considerações, veja o que determina o capítulo V do Código Tributário Nacional, que
apresenta detalhadamente a responsabilidade tributária.

57
Unidade II

Disposição geral

Art. 128. Sem prejuízo do disposto neste capítulo, a lei pode atribuir de modo
expresso a responsabilidade pelo crédito tributário a terceira pessoa, vinculada
ao fato gerador da respectiva obrigação, excluindo a responsabilidade do
contribuinte ou atribuindo–a a este em caráter supletivo do cumprimento
total ou parcial da referida obrigação.

SEÇÃO II

Responsabilidade dos sucessores

Art. 129. O disposto nesta Seção aplica–se por igual aos créditos
tributários definitivamente constituídos ou em curso de constituição
à data dos atos nela referidos, e aos constituídos posteriormente aos
mesmos atos, desde que relativos a obrigações tributárias surgidas até
a referida data.

Art. 130. Os créditos tributários relativos a impostos cujo fato gerador seja
a propriedade, o domínio útil ou a posse de bens imóveis, e bem assim
os relativos a taxas pela prestação de serviços referentes a tais bens, ou
a contribuições de melhoria, sub–rogam–se na pessoa dos respectivos
adquirentes, salvo quando conste do título a prova de sua quitação.

Parágrafo único. No caso de arrematação em hasta pública, a sub–rogação


ocorre sobre o respectivo preço.

Art. 131. São pessoalmente responsáveis:

I – o adquirente ou remitente, pelos tributos relativos aos bens adquiridos


ou remidos; (vide Decreto-Lei nº 28, de 1966)

II – o sucessor a qualquer título e o cônjuge meeiro, pelos tributos


devidos pelo de cujus até a data da partilha ou adjudicação, limitada esta
responsabilidade ao montante do quinhão do legado ou da meação;

III – o espólio, pelos tributos devidos pelo de cujus até a data da abertura
da sucessão.

Art. 132. A pessoa jurídica de direito privado que resultar de fusão,


transformação ou incorporação de outra ou em outra é responsável pelos
tributos devidos até à data do ato pelas pessoas jurídicas de direito privado
fusionadas, transformadas ou incorporadas.

58
Direito nas Organizações

Parágrafo único. O disposto neste artigo aplica–se aos casos de extinção


de pessoas jurídicas de direito privado, quando a exploração da respectiva
atividade seja continuada por qualquer sócio remanescente, ou seu espólio,
sob a mesma ou outra razão social, ou sob firma individual.

Art. 133. A pessoa natural ou jurídica de direito privado que adquirir de


outra, por qualquer título, fundo de comércio ou estabelecimento comercial,
industrial ou profissional, e continuar a respectiva exploração, sob a mesma
ou outra razão social ou sob firma ou nome individual, responde pelos
tributos, relativos ao fundo ou estabelecimento adquirido, devidos até à
data do ato:

I – integralmente, se o alienante cessar a exploração do comércio, indústria


ou atividade;

II – subsidiariamente com o alienante, se este prosseguir na exploração ou


iniciar dentro de seis meses a contar da data da alienação, nova atividade no
mesmo ou em outro ramo de comércio, indústria ou profissão.

§ 1º O disposto no caput deste artigo não se aplica na hipótese de alienação


judicial: (incluído pela Lcp nº 118, de 2005)

I – em processo de falência; (incluído pela Lcp nº 118, de 2005)

II – de filial ou unidade produtiva isolada, em processo de recuperação


judicial. (incluído pela Lcp nº 118, de 2005)

§ 2º Não se aplica o disposto no § 1º deste artigo quando o adquirente for:


(incluído pela Lcp nº 118, de 2005)

I – sócio da sociedade falida ou em recuperação judicial, ou sociedade


controlada pelo devedor falido ou em recuperação judicial; (Incluído pela
Lcp nº 118, de 2005)

II – parente, em linha reta ou colateral até o 4º (quarto) grau, consanguíneo


ou afim, do devedor falido ou em recuperação judicial ou de qualquer de
seus sócios; ou (incluído pela Lcp nº 118, de 2005)

III – identificado como agente do falido ou do devedor em recuperação


judicial com o objetivo de fraudar a sucessão tributária. (Incluído pela Lcp
nº 118, de 2005)

§ 3º Em processo da falência, o produto da alienação judicial de empresa,


filial ou unidade produtiva isolada permanecerá em conta de depósito à
59
Unidade II

disposição do juízo de falência pelo prazo de 1 (um) ano, contado da data


de alienação, somente podendo ser utilizado para o pagamento de créditos
extraconcursais ou de créditos que preferem ao tributário. (incluído pela Lcp
nº 118, de 2005)

SEÇÃO III

Responsabilidade de terceiros

Art. 134. Nos casos de impossibilidade de exigência do cumprimento


da obrigação principal pelo contribuinte, respondem solidariamente
com este nos atos em que intervierem ou pelas omissões de que forem
responsáveis:

I – os pais, pelos tributos devidos por seus filhos menores;

II – os tutores e curadores, pelos tributos devidos por seus tutelados ou


curatelados;

III – os administradores de bens de terceiros, pelos tributos devidos por


estes;

IV – o inventariante, pelos tributos devidos pelo espólio;

V – o síndico e o comissário, pelos tributos devidos pela massa falida ou pelo


concordatário;

VI – os tabeliães, escrivães e demais serventuários de ofício, pelos tributos


devidos sobre os atos praticados por eles, ou perante eles, em razão do seu
ofício;

VII – os sócios, no caso de liquidação de sociedade de pessoas.

Parágrafo único. O disposto neste artigo só se aplica, em matéria de


penalidades, às de caráter moratório.

Art. 135. São pessoalmente responsáveis pelos créditos correspondentes a


obrigações tributárias resultantes de atos praticados com excesso de poderes
ou infração de lei, contrato social ou estatutos:

I – as pessoas referidas no artigo anterior;

II – os mandatários, prepostos e empregados;

60
Direito nas Organizações

III – os diretores, gerentes ou representantes de pessoas jurídicas de direito


privado.

SEÇÃO IV

Responsabilidade por infrações

Art. 136. Salvo disposição de lei em contrário, a responsabilidade por


infrações da legislação tributária independe da intenção do agente ou do
responsável e da efetividade, natureza e extensão dos efeitos do ato.

Art. 137. A responsabilidade é pessoal ao agente:

I – quanto às infrações conceituadas por lei como crimes ou contravenções,


salvo quando praticadas no exercício regular de administração, mandato,
função, cargo ou emprego, ou no cumprimento de ordem expressa emitida
por quem de direito;

II – quanto às infrações em cuja definição o dolo específico do agente seja


elementar;

III – quanto às infrações que decorram direta e exclusivamente de dolo


específico:

a) das pessoas referidas no artigo 134, contra aquelas por quem


respondem;

b) dos mandatários, prepostos ou empregados, contra seus mandantes,


preponentes ou empregadores;

c) dos diretores, gerentes ou representantes de pessoas jurídicas de direito


privado, contra estas.

Art. 138. A responsabilidade é excluída pela denúncia espontânea da


infração, acompanhada, se for o caso, do pagamento do tributo devido
e dos juros de mora, ou do depósito da importância arbitrada pela
autoridade administrativa, quando o montante do tributo dependa de
apuração.

Parágrafo único. Não se considera espontânea a denúncia apresentada após


o início de qualquer procedimento administrativo ou medida de fiscalização,
relacionados com a infração.

61
Unidade II

Por fim, o lançamento deve quantificar o tributo, determinando sua base de cálculo e alíquota.

Devidamente constituído o crédito tributário, deve o contribuinte pagar o tributo devido. A


obrigação tributária pode ser extinta além do pagamento do seguinte modo, nos termos do Código
Tributário:

Art. 156. Extinguem o crédito tributário:

I – o pagamento;

II – a compensação;

III – a transação;

IV – remissão;

V – a prescrição e a decadência;

VI – a conversão de depósito em renda;

VII – o pagamento antecipado e a homologação do lançamento nos termos


do disposto no artigo 150 e seus §§ 1º e 4º;

VIII – a consignação em pagamento, nos termos do disposto no § 2º do


artigo 164;

IX – a decisão administrativa irreformável, assim entendida a definitiva na


órbita administrativa, que não mais possa ser objeto de ação anulatória;

X – a decisão judicial passada em julgado;

XI – a dação em pagamento em bens imóveis, na forma e condições


estabelecidas em lei. (incluído pela Lcp nº 104, de 10.1.2001).

Parágrafo único. A lei disporá quanto aos efeitos da extinção total ou parcial
do crédito sobre a ulterior verificação da irregularidade da sua constituição,
observado o disposto nos artigos 144 e 149.

Para compreender a ideia de extinção do crédito tributário, vale citar as lúcidas palavras de Machado
(2009, p. 196):

Extinção do crédito tributário é o desaparecimento deste. Como nas


obrigações, em geral, sua forma mais comum de extinção é o pagamento,
que significa a satisfação do direito creditório.
62
Direito nas Organizações

Como é sabido, os direitos obrigacionais se extinguem pela entrega da


prestação respectiva.

A extinção do crédito tributário é matéria compreendida na reserva legal,


vale dizer, só a lei pode estipular os casos em que se verifica (CTN, art. 97,
inc. VI). Isso não significa que somente as causas extintivas previstas no CTN
possam ocorrer no Direito Tributário. Há no Direito Privado causas extintivas
que, embora não previstas no CTN, aplicam–se em matéria tributária, como
veremos adiante.

O inciso V do artigo mencionado trata da prescrição e decadência, institutos estes mencionados nos
seguintes artigos:

Art. 173. O direito de a Fazenda Pública constituir o crédito tributário


extingue–se após 5 (cinco) anos, contados:

I – do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento


poderia ter sido efetuado;

II – da data em que se tornar definitiva a decisão que houver anulado, por


vício formal, o lançamento anteriormente efetuado.

Parágrafo único. O direito a que se refere este artigo extingue–se


definitivamente com o decurso do prazo nele previsto, contado da data em
que tenha sido iniciada a constituição do crédito tributário pela notificação,
ao sujeito passivo, de qualquer medida preparatória indispensável ao
lançamento.

Art. 174. A ação para a cobrança do crédito tributário prescreve em cinco


anos, contados da data da sua constituição definitiva.

Parágrafo único. A prescrição se interrompe:

I – pela citação pessoal feita ao devedor;

I – pelo despacho do juiz que ordenar a citação em execução fiscal (redação


dada pela Lcp nº 118, de 2005);

II – pelo protesto judicial;

III – por qualquer ato judicial que constitua em mora o devedor;

IV – por qualquer ato inequívoco ainda que extrajudicial, que importe em


reconhecimento do débito pelo devedor.
63
Unidade II

Não se confunde com a extinção a exclusão do crédito tributário que está prevista no artigo 175 do
mencionado diploma legal.

Art. 175. Excluem o crédito tributário:

I – a isenção;

II – a anistia.

Fabretti (2007, p. 223), esclarece:

A exclusão do crédito tributário corresponde à possibilidade de esse


crédito, em favor da Fazenda Pública, existir legalmente, estar amparado
na legislação, mas, por uma concessão ou benefício estipulado pela pessoa
política competente para legislar sobre o tributo, ter a sua incidência
excluída do alcance de determinados sujeitos passivos. Isso equivale a dizer
o seguinte: o crédito existe em favor da administração pública, o sujeito
passivo pode realizar o fato gerador da obrigação tributária, devendo
recolher o tributo, porém, por meio de um benefício concedido pelo poder
legislativo da pessoa de direito público competente, está excluído do
alcance da lei tributária.

Excluem o crédito tributário, ou seja, afastam a possibilidade de a Fazenda


Pública exigir o tributo do sujeito passivo: a isenção e a anistia.

Não havendo a extinção da obrigação tributária, poderá haver a suspensão do crédito tributário, nos
termos determinados pelo Código Tributário:

Art. 151. Suspendem a exigibilidade do crédito tributário:

I – moratória;

II – o depósito do seu montante integral;

III – as reclamações e os recursos, nos termos das leis reguladoras do processo


tributário administrativo;

IV – a concessão de medida liminar em mandado de segurança;

V – a concessão de medida liminar ou de tutela antecipada, em outras


espécies de ação judicial (incluído pela Lcp nº 104, de 10.1.2001);

VI – o parcelamento (incluído pela Lcp nº 104, de 10.1.2001).

64
Direito nas Organizações

Parágrafo único. O disposto neste artigo não dispensa o cumprimento das


obrigações assessórios dependentes da obrigação principal cujo crédito seja
suspenso, ou dela consequentes.

6 Dos Tributos na Constituição

6.1 Tributos da União

6.1.1 Imposto de importação de produtos estrangeiros

Competência

Disciplina a Constituição Federal no seu artigo 153, I, o seguinte: Art. 153. Compete à União instituir
impostos sobre: I – importação de produtos estrangeiros.

A razão da competência para a União para instituir este imposto é pelo fato de que se trata de uma
exação que pode refletir nas relações com outros países, e sabemos que o único ente federado dotado
de soberania para manter relações com outros estados soberanos é a União, uma vez que os outros entes
federados são dotados apenas de autonomia.

Função

A função do imposto de importação é extrafiscal; vale dizer que o objetivo do legislador ao cobrar
esse tributo é regular o mercado e não a arrecadação propriamente dita. Aliás, são sábias as palavras do
eminente Machado (2009, p. 305):

Predominante, no imposto de importação, é sua função extrafiscal. Ele é


muito mais importante como instrumento de proteção da indústria nacional
do que como instrumento de arrecadação de recursos financeiros para o
tesouro público.

Fato gerador

O fato gerador do imposto de importação está previsto no artigo 19 do Código Tributário Nacional,
assim:

Art. 19. O imposto, de competência da União, sobre a importação de produtos


estrangeiros tem como fato gerador a entrada destes no território nacional.

Para exata compreensão do momento em que ocorre o fato gerador do mencionado tributo, vale
citar Alexandre (2007, p. 496):

Neste sentido, o Superior Tribunal de Justiça afirma que ”não obstante o


fato gerador do imposto de importação se dê com a entrada de mercadoria
65
Unidade II

estrangeira no território nacional, torna–se necessária a fixação de um


critério temporal a que se atribua a exatidão e certeza para se considerar
inteiro o desenho do fato gerador. Assim, embora o fato gerador do tributo
se dê com a entrada da mercadoria estrangeira no território nacional [...] ele
apenas se aperfeiçoa como registro da declaração de importação no regime
comum” (Resp. 362.910).

Base de cálculo

A base de cálculo do imposto de importação vem prevista no artigo 20 do Código Tributário Nacional,
senão vejamos:

Art. 20. A base de cálculo do imposto é:

I – quando a alíquota seja específica, a unidade de medida adotada pela lei


tributária;

II – quando a alíquota seja ad valorem, o preço normal que o produto, ou seu


similar, alcançaria, ao tempo da importação, em uma venda em condições de livre
concorrência, para entrega no porto ou lugar de entrada do produto no país;

III – quando se trate de produto apreendido ou abandonado, levado a leilão,


o preço da arrematação.

Alíquota

Da leitura do artigo 20 mencionado, verifica–se que o imposto de importação pode ter duas espécies
de alíquotas: a específica e a ad valorem.

Com relação à fixação da alíquota do imposto de importação, vale destacar o que dispõe o artigo 21
do Código Tributário Nacional:

Art. 21. O Poder Executivo pode, nas condições e nos limites estabelecidos
em lei, alterar as alíquotas ou as bases de cálculo do imposto, a fim de
ajustá–lo aos objetivos da política cambial e do comércio exterior.

Esse dispositivo encontra–se em absoluta harmonia com o disposto na Carta Magna, no artigo 153,
§ 1º, que assim determina:

Art 153 [...]

§ 1º – É facultado ao Poder Executivo, atendidas as condições e os limites


estabelecidos em lei, alterar as alíquotas dos impostos enumerados nos
incisos I, II, IV e V.
66
Direito nas Organizações

Embora alguns autores possam entender que há uma exceção ao princípio da legalidade, por autorizar
ao Poder Executivo a alterar as alíquotas dos impostos mencionados no artigo 153, tal afirmação deve
ser examinada na totalidade do dispositivo constitucional, o qual determina que a faculdade deve ser
nas condições e os limites estabelecidos em lei. Sendo assim, respeita ao princípio da legalidade.

Contribuinte

O Código Tributário Nacional determina que o contribuinte do imposto de importação é:

Art. 22. Contribuinte do imposto é:

I – o importador ou quem a lei a ele equiparar;

II – o arrematante de produtos apreendidos ou abandonados.

Lançamento

O lançamento é o ato administrativo plenamente vinculado que vai constituir o crédito tributário;
no caso do imposto de importação, MACHADO (2009, p. 309) ensina:

O lançamento do imposto de importação deveria ser feito mediante


declaração do sujeito passivo, que oferece ao fisco os elementos
informativos necessários a esse fim, ao providenciar o despacho aduaneiro
das mercadorias importadas.

Entretanto, a legislação em vigor determina que seja feito o pagamento do


tributo antes de qualquer providência da fiscalização, tendo–se, assim, um
lançamento por homologação.

Na hipótese de o contribuinte não apresentar a declaração ou outra informação necessária para que
ocorra o lançamento do tributo, o poder público pode praticar o lançamento de ofício.

6.1.2 Imposto de exportação, para o exterior, de produtos nacionais ou nacionalizados

Competência

A Constituição Federal determina no artigo 153, II, o seguinte:

Art. 153. Compete à União instituir impostos sobre:

[...]

II – exportação, para o exterior, de produtos nacionais ou nacionalizados.

67
Unidade II

Destaca–se que o mesmo motivo que reservou a competência tributária para a União instituir o
imposto de importação vale para o imposto de exportação, ou seja, somente a União deve manter
relações com outros paises por ser o único ente federado dotado de soberania.

Função

O imposto de exportação tem função extrafiscal; não é outra a conclusão de Machado (2009, p. 311):

A Lei nº 5.072/66 indica expressamente que o imposto de exportação “é de


caráter exclusivamente monetário e cambial e tem por finalidade disciplinar
os efeitos monetários decorrentes da variação de preços no exterior e
preservar as receitas de exportação” (art. 1º).

Fato gerador

O Código Tributário Nacional, no artigo 23, determina que o fato gerador do imposto de exportação
é:

Art. 23. O imposto, de competência da União, sobre a exportação, para o


estrangeiro, de produtos nacionais ou nacionalizados tem como fato gerador
a saída destes do território nacional.

Ao discorrer sobre o momento que ocorre o fato gerador, Machado (2009, p. 311), elucida:

Considera–se ocorrido o fato gerador no momento da expedição da guia


de exportação ou documento equivalente (Decreto–lei nº 1.578/1977, art.
1º, § 1º). O CTN diz que o fato gerador é a saída do produto do território
nacional, mas tal saída, por ficção legal, ocorre no momento da expedição
da guia de exportação ou documento equivalente. Tal ficção, no caso, é
admissível, por questão de ordem prática. Afinal, o próprio contribuinte
está afirmando que vai exportar. É certo que, em princípio, não se admite
ficção legal de fato configurador de hipótese de incidência tributária. É
que por meio de ficções legais poderia o legislador ordinário ultrapassar
os limites do denominado âmbito do tributo, constitucionalmente definido.
No caso de que se cuida, porém, não há mais que a determinação de uma
oportunidade, de um momento em que a exportação se exterioriza no
mundo jurídico. A expedição da guia de exportação não é fato gerador
do tributo. É simplesmente o momento em que se considera, para fins de
cobrança do imposto, exteriorizado o fato exportação.

Não se consumando, porém, a exportação, por qualquer motivo, o imposto


deve ser restituído, eis que efetivamente incorreu seu fato gerador, sendo,
assim, indevido o seu pagamento (Decreto–lei nº 1.578/1977, art. 6º).

68
Direito nas Organizações

Base de cálculo

O imposto de exportação tem a sua base de cálculo determinada na Lei Complementar Tributária, ou
seja, o Código Tributário Nacional, nos artigos 24 e 25:

Art. 24. A base de cálculo do imposto é:

I – quando a alíquota seja específica, a unidade de medida adotada pela lei


tributária;

II – quando a alíquota seja ad valorem, o preço normal que o produto, ou seu


similar, alcançaria, ao tempo da exportação, em uma venda em condições de
livre concorrência.

Parágrafo único. Para os efeitos do inciso II, considera–se a entrega como


efetuada no porto ou lugar da saída do produto, deduzidos os tributos
diretamente incidentes sobre a operação de exportação e, nas vendas
efetuadas a prazo superior aos correntes no mercado internacional o custo
do financiamento.

Art. 25. A lei pode adotar como base de cálculo a parcela do valor ou do
preço, referidos no artigo anterior, excedente de valor básico, fixado de
acordo com os critérios e dentro dos limites por ela estabelecidos.

Apesar de o artigo 26 do Código Tributário autorizar a alteração da base de cálculo do imposto de


exportação pelo poder executivo, tal dispositivo não foi recepcionado pela Constituição Federal, que
reserva a fixação da base de cálculo dos impostos para a Lei Complementar.

Alíquota

Ao ler o artigo 24, que se refere à base de cálculo do imposto de exportação, identifica–se que esse
pode ter duas espécies de alíquotas: a específica e a ad valorem.

As mesmas observações feitas para o imposto de importação valem para o imposto de exportação,
com relação à fixação da alíquota pelo Poder Executivo, como se pode verificar do que dispõe o artigo
26 do Código Tributário Nacional:

Art. 26. O Poder Executivo pode, nas condições e nos limites estabelecidos
em lei, alterar as alíquotas ou as bases de cálculo do imposto, a fim de
ajustá–los aos objetivos da política cambial e do comércio exterior.

Vale repetir que esse dispositivo encontra–se em absoluta harmonia com o disposto na Carta Magna,
no artigo 153, §1º, já mencionado, e que está em sintonia com o princípio da legalidade.

69
Unidade II

Contribuinte

O contribuinte do imposto de exportação, nos termos do Código Tributário, é: Art. 27. Contribuinte
do imposto é o exportador ou quem a lei a ele equiparar.

Lançamento

O lançamento do imposto de exportação é por declaração, sendo certo que se essa não for
apresentada, o Poder Público pode praticá–lo de ofício.

6.1.3 Imposto de Renda e proventos de qualquer natureza

Competência

No artigo 153, III, da Constituição Federal, está determinado que é da União a competência para
instituir o Imposto de Renda, conforme segue:

Art. 153. Compete à União instituir impostos sobre:

[...]

III – renda e proventos de qualquer natureza.

O motivo de reservar para a União essa competência está respaldado no princípio federativo, como
se pode notar nas cristalinas razões apresentadas por Machado (2009, p. 314–315):

O imposto sobre renda e proventos de qualquer natureza, ou simplesmente


Imposto de Renda, como é geralmente conhecido, pertence à competência
da União Federal (CF, art.153, inc.III, e CTN, art. 43).

Justifica–se que seja esse imposto da competência federal porque só


assim pode ser utilizado como instrumento de redistribuição de renda,
buscando manter em equilíbrio o desenvolvimento econômico das diversas
regiões. Aliás, o intérprete das normas do sistema tributário brasileiro
está vinculado por esse valor, hoje expressamente incorporado ao texto
constitucional, inclusive no § 7º do art. 165, segundo o qual o orçamento
fiscal e o orçamento de investimentos “terão entre suas funções a de
reduzir desigualdades inter–regionais, segundo critério populacional”.
Por outro lado, graves problemas relacionados com a dupla ou múltipla
tributação ocorreriam por certo se fosse esse imposto da competência dos
estados ou municípios.

70
Direito nas Organizações

Função

A função do Imposto de Renda e proventos de qualquer natureza é fiscal. Nada impede, entretanto,
que lhe seja dada uma função extrafiscal para reduzir as desigualdades existentes na federação.

Fato gerador

O Código Tributário Nacional apresenta, no artigo 43, o fato gerador do Imposto de Renda:

Art. 43. O imposto, de competência da União, sobre a renda e proventos de


qualquer natureza tem como fato gerador a aquisição da disponibilidade
econômica ou jurídica:

I – de renda, assim entendido o produto do capital, do trabalho ou da


combinação de ambos;

II – de proventos de qualquer natureza, assim entendidos os acréscimos


patrimoniais não compreendidos no inciso anterior.

§ 1º A incidência do imposto independe da denominação da receita ou do


rendimento, da localização, condição jurídica ou nacionalidade da fonte, da
origem e da forma de percepção (incluído pela Lcp nº 104, de 10.1.2001).

§ 2º Na hipótese de receita ou de rendimento oriundos do exterior, a lei


estabelecerá as condições e o momento em que se dará sua disponibilidade,
para fins de incidência do imposto referido neste artigo (incluído pela Lcp
nº 104, de 10.1.2001).

Base de cálculo

A base de cálculo do Imposto de Renda é o lucro real, arbitrado ou presumido, conforme se verifica
no artigo 44 do Código Tributário Nacional; senão vejamos:

Art. 44. A base de cálculo do imposto é o montante, real, arbitrado ou


presumido, da renda ou dos proventos tributáveis.

Entende–se por lucro real aquele efetivamente obtido pela empresa, já o lucro presumido é um
percentual, fixado em lei, do faturamento da empresa. Trata–se de uma opção para o contribuinte
recolher o seu imposto. Assim, identificando que o lucro real de sua empresa é maior do que aquele
presumido em lei, pode e deve o contribuinte recolher de acordo com o lucro presumido, tendo, dessa
forma, uma economia absolutamente lícita de Imposto de Renda.

Vale ressaltar que, essa opção nem sempre é possível, pois a regra é que o Imposto de Renda deve ser
recolhido com base no lucro real, e nem todas as empresas podem fazer a opção pelo lucro presumido.
71
Unidade II

A administração pública pode arbitrar o lucro do contribuinte na hipótese de escrituração irregular,


falta de declaração, entre outros procedimentos que possam dificultar que a fiscalização do contribuinte
seja efetivada.

Para a pessoa física, a base de cálculo do Imposto de Renda é o rendimento.

Alíquota

De modo singelo, pode–se dizer que a alíquota é um percentual do lucro real, presumido ou arbitrado
para as pessoas jurídicas e para as pessoas físicas é um percentual do rendimento.

Contribuinte

O contribuinte do Imposto de Renda e proventos de qualquer natureza é a pessoa física ou jurídica,


assim previsto no artigo 45 do Código Tributário Nacional, sendo que, em seu parágrafo único, traz a
possibilidade de criar um responsável tributário, senão vejamos:

Art. 45. Contribuinte do imposto é o titular da disponibilidade a que se


refere o artigo 43, sem prejuízo de atribuir a lei essa condição ao possuidor, a
qualquer título, dos bens produtores de renda ou dos proventos tributáveis.

Parágrafo único. A lei pode atribuir à fonte pagadora da renda ou dos


proventos tributáveis a condição de responsável pelo imposto cuja retenção
e recolhimento lhe caibam.

Lançamento

O lançamento do Imposto de Renda e proventos de qualquer natureza é por homologação, podendo,


como nos demais impostos já estudados, na ausência de informações prestadas pelo contribuinte, ser
feito pelo Poder Público de ofício. Não é outra a conclusão de Machado (2009, p. 327):

O lançamento do Imposto de Renda já foi um exemplo típico de lançamento


mediante declaração, previsto no art. 147 do CTN. Atualmente, porém, a
declaração de rendimentos é entregue, e o contribuinte recebe desde logo
a intimação para o pagamento do tributo nos termos de sua declaração,
de sorte que o lançamento, a rigor, já não se faz por declaração, mas por
homologação.

Se o contribuinte não faz, como devia, sua declaração, ou se faz


de forma errada, ou incompleta, a autoridade administrativa fará
o lançamento de oficio, nos termos do art. 149. Pode, também, ser
efetuada de ofício a revisão de lançamento já feito com base na
declaração do contribuinte.

72
Direito nas Organizações

6.1.4 Imposto sobre produtos industrializados

Competência

A Constituição Federal, no seu artigo 153, I, disciplina:

Art. 153. Compete à União instituir impostos sobre:

[...]

IV – produtos industrializados.

Para Machado (2009, p. 328):

A competência para instituir e cobrar o imposto sobre produtos


industrializados constitui significativa parcela de poder político que se
concentra em mãos do Governo Federal, não obstante considerável parcela
de sua arrecadação seja destinada aos estados, ao Distrito Federal e aos
municípios, nos termos do art. 159, incisos I e II, da Constituição de 1988.

Função

Impossível não reconhecer a função fiscal do imposto sobre produtos industrializados, uma vez
que é importante instrumento de arrecadação para a União. Entretanto, sua função extrafiscal vem
determinada na Constituição Federal, no § 3º do artigo 153, assim:

Art 153.

[...]

§ 3º – O imposto previsto no inciso IV:

I – será seletivo, em função da essencialidade do produto.

A seletividade vem reforçada no artigo 48 da Lei Complementar Tributária, ou seja, o Código Tributário
Nacional, senão vejamos: Art. 48. O imposto é seletivo em função da essencialidade dos produtos.

Fato gerador

O fato gerador do imposto sobre produtos industrializados está disciplinado no Código Tributário
Nacional, no artigo 46, assim:

Art. 46. O imposto, de competência da União, sobre produtos industrializados


tem como fato gerador:
73
Unidade II

I – o seu desembaraço aduaneiro, quando de procedência estrangeira;

II – a sua saída dos estabelecimentos a que se refere o parágrafo único do


artigo 51;

III – a sua arrematação, quando apreendido ou abandonado e levado a leilão.

Parágrafo único. Para os efeitos desse imposto, considera–se industrializado


o produto que tenha sido submetido a qualquer operação que lhe modifique
a natureza ou a finalidade, ou o aperfeiçoe para o consumo.

No que concerne ao fato gerador do imposto sobre produtos industrializados, vale ressaltar as
palavras de Machado (2009, p. 331):

Registre–se que a legislação do IPI amplia o conceito de produto


industrializado, nele incluindo operações como o simples acondicionamento,
ou embalagem, que na verdade não lhe modificam a natureza, nem a
finalidade, nem o aperfeiçoam para o consumo. Tal ampliação viola o art.
46, parágrafo único, do Código Tributário Nacional. Configura, igualmente,
flagrante inconstitucionalidade, na medida em que o conceito de produto
industrializado, utilizado pela Constituição para definir a competência
tributária da União, não pode ser validamente ampliado pelo legislador
ordinário.

Admitir o contrário é negar a supremacia constitucional.

Base de cálculo

O Código Tributário Nacional, no artigo 47, menciona a base de cálculo do imposto sobre produtos
industrializados:

Art. 47. A base de cálculo do imposto é:

I – no caso do inciso I do artigo anterior, o preço normal, como definido no


inciso II do artigo 20, acrescido do montante:

a) do imposto sobre a importação;

b) das taxas exigidas para entrada do produto no país;

c) dos encargos cambiais efetivamente pagos pelo importador ou dele


exigíveis;

II – no caso do inciso II do artigo anterior:


74
Direito nas Organizações

a) o valor da operação de que decorrer a saída da mercadoria;

b) na falta do valor a que se refere a alínea anterior, o preço corrente da


mercadoria, ou sua similar, no mercado atacadista da praça do remetente;

III – no caso do inciso III do artigo anterior, o preço da arrematação.

Ao falar da base de cálculo, da quantificação do tributo, é importante


mencionar que o imposto sobre produtos industrializados deve respeitar ao
princípio da não cumulatividade, previsto no artigo 153, § 3º:

§ 3º – O imposto previsto no inciso IV:

[...]

II – será não cumulativo, compensando–se o que for devido em cada


operação com o montante cobrado nas anteriores.

Aliás, não é outra a dicção do artigo 49 do Código Tributário Nacional:

Art. 49. O imposto é não cumulativo, dispondo a lei de forma que o


montante devido resulte da diferença a maior, em determinado período,
entre o imposto referente aos produtos saídos do estabelecimento e o pago
relativamente aos produtos nele entrados.

Parágrafo único. O saldo verificado, em determinado período, em favor do


contribuinte transfere–se para o período ou períodos seguintes.

Alíquota

Com relação à alíquota do imposto sobre produtos industrializados, no que se refere à seletividade
do produto e, em especial, sobre a possibilidade de o executivo alterar as alíquotas do mencionado
tributo, conforme o artigo 153 § 1º:

Art. 153.

[...]

§ 1º – É facultado ao Poder Executivo, atendidas as condições e os limites


estabelecidos em lei, alterar as alíquotas dos impostos enumerados nos
incisos I, II, IV e V.

Reitera–se, uma vez mais, que esta possibilidade não viola o princípio da legalidade, visto que o
Poder Executivo deve agir nas condições e limites estabelecidos em lei.
75
Unidade II

Contribuinte

Da leitura do artigo 51 do Código Tributário Nacional, vê–se que o contribuinte do imposto sobre
produtos industrializados é:

Art. 51. Contribuinte do imposto é:

I – o importador ou quem a lei a ele equiparar;

II – o industrial ou quem a lei a ele equiparar;

III – o comerciante de produtos sujeitos ao imposto, que os forneça aos


contribuintes definidos no inciso anterior;

IV – o arrematante de produtos apreendidos ou abandonados, levados a leilão.

Parágrafo único. Para os efeitos deste imposto, considera–se contribuinte autônomo qualquer
estabelecimento de importador, industrial, comerciante ou arrematante.

Lançamento

O lançamento do imposto sobre produtos industrializados é por homologação, valendo a observação,


já mencionada para outros impostos, de que na ausência de informação prestada pelo contribuinte, ou
a não escrituração, permite ao Poder Público praticá–lo de ofício.

6.1.5 Imposto sobre operações de crédito, câmbio e seguro, ou relativas a títulos ou valores
mobiliários

Competência

A Constituição Federal determina, no artigo 153, V, o seguinte:

Art. 153. Compete à União instituir impostos sobre:

[...]

V – operações de crédito, câmbio e seguro, ou relativas a títulos ou valores


mobiliários.

A competência da União para instituir o chamado IOF, tem sua razão bastante explicitada nas
palavras de Machado (2009, p. 337):

Em se tratando de imposto que se presta como instrumento de política de


crédito, câmbio, seguros e transferência de valores, a competência para
76
Direito nas Organizações

sua instituição há de ser realmente da União Federal, a quem compete


privativamente legislar sobre tal matéria. Realmente, todas as operações
compreendidas no campo de incidência desse imposto são disciplinadas por
lei federal (CF, art. 22, I e VII).

Função

O imposto sobre operações de crédito, câmbio e seguro e sobre operações relativas a títulos e valores
mobiliários tem sido importante ferramenta na política econômica do país, demonstrando assim, sua
função extrafiscal.

Fato gerador

O Código Tributário Nacional, no artigo 63, apresenta o fato gerador do imposto sobre operações de
crédito, câmbio e seguro e sobre operações relativas a títulos e valores mobiliários, assim:

Art. 63. O imposto, de competência da União, sobre operações de crédito,


câmbio e seguro e sobre operações relativas a títulos e valores mobiliários,
tem como fato gerador:

I – quanto às operações de crédito, a sua efetivação pela entrega total ou


parcial do montante ou do valor que constitua o objeto da obrigação, ou sua
colocação à disposição do interessado;

II – quanto às operações de câmbio, a sua efetivação pela entrega de


moeda nacional ou estrangeira, ou de documento que a represente, ou sua
colocação à disposição do interessado em montante equivalente à moeda
estrangeira ou nacional entregue ou posta à disposição por este;

III – quanto às operações de seguro, a sua efetivação pela emissão da apólice ou


do documento equivalente, ou recebimento do prêmio, na forma da lei aplicável;

IV – quanto às operações relativas a títulos e valores mobiliários, a emissão,


transmissão, pagamento ou resgate destes, na forma da lei aplicável.

Parágrafo único. A incidência definida no inciso I exclui a definida no inciso


IV, e reciprocamente, quanto à emissão, ao pagamento ou resgate do título
representativo de uma mesma operação de crédito.

Merecem destaque as palavras de Alexandre (2007, p. 520):

O STF entende que os saques realizados em caderneta de poupança não


se equiparam a operação de crédito para efeito de cobrança do IOF, tendo
declarado inconstitucional dispositivo legal que previa tal incidência.
77
Unidade II

O entendimento está hoje cristalizado na Súmula 664 do Tribunal, conforme


se pode verificar da transcrição a seguir:

STF – Súmula 664 – “é inconstitucional o inciso V do art. 1º da Lei 8.033/1990,


que institui a incidência do imposto nas operações de crédito, câmbio e
seguros – IOF, sobre saques efetuados em caderneta de poupança”.

Base de cálculo

O imposto sobre operações de crédito, câmbio e seguro e sobre operações relativas a títulos e valores
mobiliários tem a sua base de cálculo determinada no Código Tributário Nacional, no artigo 64:

Art. 64. A base de cálculo do imposto é:

I – quanto às operações de crédito, o montante da obrigação, compreendendo


o principal e os juros;

II – quanto às operações de câmbio, o respectivo montante em moeda


nacional, recebido, entregue ou posto à disposição;

III – quanto às operações de seguro, o montante do prêmio;

IV – quanto às operações relativas a títulos e valores mobiliários:

a) na emissão, o valor nominal mais o ágio, se houver;

b) na transmissão, o preço ou o valor nominal, ou o valor da cotação em


bolsa, como determinar a lei;

c) no pagamento ou resgate, o preço.

Vale repetir o já dito anteriormente, ao falar do imposto de exportação, que, apesar de o artigo 65
do Código Tributário autorizar a alteração da base de cálculo do imposto sobre operações de crédito,
câmbio e seguro e sobre operações relativas a títulos e valores mobiliários, pelo Poder Executivo, tal
dispositivo não foi recepcionado pela Constituição Federal, que reserva a fixação da base de cálculo dos
impostos para a Lei Complementar.

Alíquota

Já a alíquota do imposto sobre operações de crédito, câmbio e seguro e sobre operações relativas a
títulos e valores mobiliários, valem as mesmas observações feitas para outros impostos já apresentados
neste trabalho com relação à sua fixação pelo Poder Executivo, como se pode verificar no que dispõe o
artigo 65 do Código Tributário Nacional:

78
Direito nas Organizações

Art. 65. O Poder Executivo pode, nas condições e nos limites estabelecidos
em lei, alterar as alíquotas ou as bases de cálculo do imposto, a fim de
ajustá–lo aos objetivos da política monetária.

Reitera–se, uma vez mais que, no que concerne à fixação da alíquota pelo Poder Executivo, o
dispositivo do Código Tributário Nacional encontra–se em absoluta harmonia com o disposto na Carta
Magna, no artigo 153, § 1º, já mencionado, e que está em sintonia com o princípio da legalidade.

Contribuinte

É contribuinte do imposto sobre operações de crédito, câmbio e seguro e sobre operações relativas
a títulos e valores mobiliários, nos termos do Código Tributário: Art. 66. Contribuinte do imposto é
qualquer das partes na operação tributada, como dispuser a lei.

Lançamento

O lançamento do imposto sobre operações de crédito, câmbio e seguro e sobre operações relativas
a títulos e valores mobiliários é por homologação, sendo certo, sempre diante de omissões por parte do
contribuinte, o Poder Público fazer o lançamento de ofício.

Ao discorrer sobre o lançamento do imposto sobre operações de crédito, câmbio e seguro e sobre
operações relativas a títulos e valores mobiliários, Machado (2009, p. 341) comenta:

O lançamento do IOF é feito por homologação, nos termos do art. 150


do CTN. O responsável, vale dizer, a instituição financeira ou o segurador,
efetua o recolhimento do valor respectivo independentemente de
qualquer exame ou verificações por parte da Secretaria da Receita Federal,
incumbida pelo Decreto–lei nº 2.471/1988 da administração do tributo em
causa.

6.1.6 Imposto sobre propriedade territorial rural

Competência

A Constituição Federal, no seu artigo 153, VI, disciplina o seguinte:

Art. 153. Compete à União instituir impostos sobre:

[...]

VI – propriedade territorial rural.

A competência reservada para a União tem como fundamento a ideia de que o imposto sobre
propriedade territorial rural deve ter função extrafiscal. Assim, a política agrária de um país não
79
Unidade II

deve ficar para poderes autônomos regionais, mas deve ser tratada no âmbito do poder soberano
central.

Função

Como já dito, a função do imposto sobre propriedade territorial rural é extrafiscal, vale dizer, o objetivo
do legislador ao cobrar esse tributo é regular as relações agrárias, evitando que terras improdutivas
tenham a mesma tributação de terras produtivas. Entretanto, lamentavelmente, esse objetivo não vem
sendo alcançado. Não é outro o entendimento de Machado (2009, pp. 346 – 347):

Considerando, ainda, que a finalidade principal do tributo em causa não


é a arrecadação dos meios financeiros, a atribuição desse à competência
da União Federal deveu–se especialmente à possibilidade de sua utilização
como instrumento de política agrária. Aliás, parece–nos que, como tal, o
imposto em estudo vem sendo utilizado precariamente. Não se tem extraído
dele toda a sua utilidade. Maior seletividade, com maior diferença entre as
várias alíquotas, levando–se em conta a produtividade da terra, bem poderia
fazer do ITR um valioso instrumento para o desenvolvimento da atividade
agropecuária no país.

Vale ressaltar que a função extrafiscal do imposto faz parte do texto constitucional, vejamos a
leitura do artigo 153, §4º, inciso I:

§ 4º O imposto previsto no inciso VI do caput (redação dada pela Emenda


Constitucional nº 42, de 19.12.2003):

I – será progressivo e terá suas alíquotas fixadas de forma a desestimular


a manutenção de propriedades improdutivas (incluído pela Emenda
Constitucional nº 42, de 19.12.2003).

Fato gerador

O fato gerador do imposto sobre propriedade territorial rural está contido no artigo 29 do Código
Tributário Nacional, assim:

Art. 29. O imposto, de competência da União, sobre a propriedade territorial


rural tem como fato gerador a propriedade, o domínio útil ou a posse de
imóvel por natureza, como definido na lei civil, localização fora da zona
urbana do município.

Ao discorrer sobre o fato gerador do imposto sobre propriedade territorial rural, menciona Fabretti (2007, p. 60):

Imóvel por natureza significa apenas a terra (terra nua). Não se incluem
os imóveis por acessão, tais como construções, benfeitorias e culturas
80
Direito nas Organizações

permanentes ou temporárias, pastagens cultivadas ou melhoradas e


florestas plantadas.

Para exata compreensão do fato gerador, deve–se compreender o conceito de zona rural que, nas
palavras de Melo (2004, p. 357):

O conceito de zona rural é extraído de critério jurídico de zona urbana (art.


32, § 1º, CTN), entendida como aquela definida em lei municipal [...]

O Código Tributário determina os critérios para definir a zona urbana, no art. 32, § 1º e seus incisos, assim:

Art. 32.

[...]

§ 1º Para os efeitos deste imposto, entende–se como zona urbana a


definida em lei municipal; observado o requisito mínimo da existência de
melhoramentos indicados em pelo menos 2 (dois) dos incisos seguintes,
construídos ou mantidos pelo Poder Público:

I – meio–fio ou calçamento, com canalização de águas pluviais;

II – abastecimento de água;

III – sistema de esgotos sanitários;

IV – rede de iluminação pública, com ou sem posteamento para distribuição


domiciliar;

V – escola primária ou posto de saúde a uma distância máxima de 3 (três)


quilômetros do imóvel considerado.

No que concerne ao fato gerador do imposto sobre a propriedade territorial, merece destaque a
imunidade tributária das pequenas glebas rurais, mencionada no artigo 153, §4º, da Constituição Federal.

Art. 153

[...]

§ 4º O imposto previsto no inciso VI do caput (redação dada pela Emenda


Constitucional nº 42, de 19.12.2003):

[...]

81
Unidade II

II – não incidirá sobre pequenas glebas rurais, definidas em lei, quando as


explore o proprietário que não possua outro imóvel (incluído pela Emenda
Constitucional nº 42, de 19.12.2003).

Base de cálculo

A base de cálculo do imposto sobre a propriedade territorial rural está contida no artigo 30 do
Código Tributário Nacional: Art. 30. A base do cálculo do imposto é o valor fundiário.

Com bastante propriedade, esclarece Machado (2009, p. 345):

A base cálculo do imposto é o valor fundiário do imóvel (CTN, art. 30). Valor
fundiário é o valor da terra nua, isto é, sem qualquer benfeitoria. Considera–
se como tal a diferença entre o valor venal do imóvel, inclusive as respectivas
benfeitorias, e o valor dos bens incorporados ao imóvel, declarado pelo
contribuinte e não impugnado pela administração, ou resultante de
avaliação feita por essa.

Alíquota

As alíquotas do imposto sobre a propriedade territorial rural são percentuais aplicados sobre o valor
da terra nua e devem variar de acordo com a utilização do imóvel.

Contribuinte

O contribuinte do imposto sobre a propriedade territorial rural, de acordo com o artigo 31 do Código
Tributário Nacional:

Art. 31. Contribuinte do imposto é o proprietário do imóvel, o titular de seu


domínio útil, ou o seu possuidor a qualquer título.

Lançamento

O lançamento do imposto sobre a propriedade territorial rural é feito por homologação, conforme
Machado (2009, p. 346):

O lançamento do ITR é feito por homologação, posto que, nos termos da lei,
a apuração e o pagamento do imposto devem ser feitos pelo contribuinte,
independentemente de prévio procedimento da administração tributária
(Lei nº 9.393, de 1996, art. 10).

Nunca é demais repetir que, na hipótese do contribuinte não apresentar informações necessárias, o
poder público pode praticar o lançamento de ofício.

82
Direito nas Organizações

6.1.7 Imposto sobre grandes fortunas, nos termos da lei complementar

Competência

A Constituição Federal, no seu artigo 153, VII, disciplina o seguinte:

Art. 153. Compete à União instituir impostos sobre:

[...]

VII – grandes fortunas, nos termos de Lei Complementar.

Apesar de a Constituição Federal, que completa, no ano de 2009, vinte e um anos de sua
promulgação, dar competência para a União instituir o imposto sobre grandes fortunas, tal
competência ainda não foi exercida; dessa forma, inexiste a Lei Complementar para definir fato
gerador, base de cálculo, contribuinte, lançamento, entre outros elementos necessários para a
cobrança desse tributo.

Após discorrer, brevemente, sobre esse imposto, conclui Machado (2000, p. 347):

O verdadeiro motivo da não instituição do imposto sobre grandes fortunas é


de ordem política. Os titulares de grandes fortunas, se não estão investidos
de poder, possuem inegável influência sobre os que o exercem.

6.1.8 Da competência residual, dos impostos extraordinários, empréstimos compulsórios e


contribuições sociais

Ao distribuir competência tributária aos entes federados, a Constituição Federal reservou para
a União a competência residual para instituir outros impostos, diversos daqueles previstos na Carta
Magna, respeitados os ditames constitucionais, vejamos:

Art. 154. A União poderá instituir:

I – mediante Lei Complementar, impostos não previstos no artigo anterior,


desde que sejam não cumulativos e não tenham fato gerador ou base de
cálculo próprios dos discriminados nesta Constituição.

Lembrete

A não cumulatividade significa dizer que o imposto pago em uma


operação deve ser deduzido do montante a ser pago na operação seguinte.

83
Unidade II

Pertence também à União a competência para instituir os impostos extraordinários, nos ditames do
artigo 154, II, da Constituição Federal:

Art. 154. A União poderá instituir:

[...]

II – na iminência ou no caso de guerra externa, impostos extraordinários,


compreendidos ou não em sua competência tributária, os quais serão
suprimidos, gradativamente, cessadas as causas de sua criação.

Ainda no que concerne à competência tributária da União, ficou reservado o poder para instituir os
empréstimos compulsórios e as contribuições sociais:

Art. 148. A União, mediante Lei Complementar, poderá instituir empréstimos


compulsórios:

I – para atender a despesas extraordinárias, decorrentes de calamidade


pública, de guerra externa ou sua iminência;

II – no caso de investimento público de caráter urgente e de relevante


interesse nacional, observado o disposto no art. 150, III, b.

Parágrafo único. A aplicação dos recursos provenientes de empréstimo


compulsório será vinculada à despesa que fundamentou sua instituição.

Art. 149. Compete exclusivamente à União instituir contribuições sociais,


de intervenção no domínio econômico e de interesse das categorias
profissionais ou econômicas, como instrumento de sua atuação nas
respectivas áreas, observado o disposto nos arts. 146, III, e 150, I e III, e
sem prejuízo do previsto no art. 195, § 6º, relativamente às contribuições
a que alude o dispositivo.

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Leia:

SABBAG, E. Contribuições. Manual de Direito Tributário. 4ª ed., São


Paulo: Saraiva, 2012.

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Direito nas Organizações

Resumo

Cabe estudar ainda o Código Tributário Nacional, o diploma legal que


nos demonstra o conceito de tributo, em seu art. 3º:

Tributo é toda prestação pecuniária, compulsória,


em moeda ou cujo valor nela se possa exprimir, que
não constitui sanção por ato ilícito, instituída em lei e
cobrada mediante atividade administrativa plenamente
vinculada.

É importante saber que o tributo é um gênero, que se ramifica em


diversas espécies, como por exemplo: impostos, taxas e contribuições.

Como já explicado na unidade anterior, o Direito Tributário obedece


ao princípio da legalidade, o que quer dizer que apenas por lei é que são
criadas obrigações.

Existem formas corretas para a interpretação de uma norma tributária,


como o demonstrado no art. 108 do Código Tributário Nacional. Na ausência
de lei, portanto, poderá ser aplicada a analogia, os princípios gerais do
Direito Tributário, os princípios gerais do Direito Público e a equidade.

No emprego da analogia, não se pode cobrar tributos não previstos em


lei. O princípio da legalidade prevalece.

O emprego da equidade não pode resultar na dispensa do pagamento


do tributo devido.

A unidade discorre sobre obrigações tributárias, conceituando


obrigação para o Direito Civil e, logo após, dando o seu conceito para o
Direito Tributário.

O art. 113 do Código Tributário Nacional dá esse conceito e diz que a


obrigação tributária pode ser principal ou acessória.

O fato gerador da obrigação tributária é, portanto, aquele que ocorre


no mundo do ser e que está descrita em lei. Os arts. 114 a 118 do Código
Tributário Nacional discorrem sobre esse assunto.

O art. 116, parágrafo único do Código Tributário Nacional, determina que


a autoridade administrativa pode desconsiderar atos ou negócios jurídicos

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Unidade II

praticados com finalidade de simular a ocorrência de um fato gerador. A


desconsideração somente será possível se o contribuinte praticou um ato
nulo ou anulável.

É importante ressaltar também que a cobrança de um tributo é feita


apenas por um ato administrativo plenamente vinculado, ou seja, àquele
em que a administração pública não tem possibilidade de escolha, ele já
está previamente determinado.

A obrigação tributária é constituída pelo lançamento, que é um ato


administrativo plenamente vinculado, positivado no art. 142 do Código
Tributário Nacional. É ele quem determina as partes da obrigação tributária,
determinando os seus sujeitos. O sujeito ativo será sempre uma pessoa de
direito público e que seja titular da competência tributária, a qual se refere
à cobrança (art. 119, Código Tributário Nacional). Já o sujeito passivo será
o contribuinte que realizou o fato gerador do tributo ou o responsável
tributário (arts. 121 a 123, Código Tributário Nacional).

Além disso, o lançamento é responsável por quantificar o tributo, isto


é, determina a sua base de cálculo e alíquota. Existem três modalidades de
lançamento, a saber: por declaração, de ofício e por homologação.

Deve–se citar também que, uma vez constituído um crédito tributário,


esse deverá ser pago para que haja a extinção da obrigação tributária.
No entanto, essa não é a única forma de extinção, muitas outras ainda
estão presentes no art. 156 do Código Tributário, além de as hipóteses de
prescrição e decadência.

Por fim, existem também as hipóteses de extinção presentes no art. 151


do mesmo diploma legal.

Não se deve confundir hipótese de extinção com exclusão do crédito


tributário, ocorrida nas hipóteses de isenção ou anistia (art. 175).

A unidade ainda discorre sobre os tributos na Constituição. Os tributos


da União estão determinados no art. 153 do Código Tributário, e são eles:

1. Imposto sobre importação de produtos estrangeiros:

• Função predominante: extrafiscal.


• Fato gerador: a entrada de produtos estrangeiros no território nacional.
• Base de cálculo: sua previsão está no art. 20 do Código Tributário.

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Direito nas Organizações

• Alíquota: existem duas espécies: específica e ad valorem.


• Contribuinte: importador ou quem a lei equiparar, ou o arrematante
de produtos apreendidos ou abandonados.
• Lançamento: declaração (informação ao fisco sobre as mercadorias
importadas).

2. Imposto de exportação, para o exterior, de produtos nacionais


ou nacionalizados:

• Função predominante: extrafiscal.


• Fato gerador: saída desses produtos do território nacional.
• Base de cálculo: sua previsão está nos arts. 24 e 25 do Código Tributário.
• Alíquota: também existem duas espécies: específica e ad valorem.
• Contribuinte: exportador ou quem a lei a ele equiparar.
• Lançamento: declaração ao fisco.

3. Imposto de Renda ou proventos de qualquer natureza:

• Função predominante: fiscal


• Fato gerador: a aquisição da disponibilidade econômica ou jurídica
de renda ou de proventos de qualquer natureza.
• Base de cálculo: é o montante, real, arbitrado ou presumido, da renda
ou dos proventos tributáveis.
• Alíquota: é um percentual do lucro real, presumido ou arbitrado para
as pessoas jurídicas e, para as pessoas físicas, é um percentual do
rendimento.
• Contribuinte: é o titular da disponibilidade econômica ou jurídica de
rendas ou de proventos de qualquer natureza.
• Lançamento: é feito por homologação.

4. Impostos sobre produtos industrializados:

• Função predominante: extrafiscal.


• Fato gerador: o seu desembaraço aduaneiro, quando for estrangeiro,
ou a sua saída dos estabelecimentos demonstrados no art. 51, ou
ainda a sua arrematação, quando apreendido ou abandonado e
levado a leilão.

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• Base de cálculo: prevista no art. 47 do Código Tributário.


• Alíquota: ad valorem.
• Contribuinte: o importador ou o industrial ou quem a lei a eles
equiparar, o comerciante de produtos sujeitos a impostos, ou o
arrematante de produtos apreendidos ou abandonados e levados a
leilão.
• Lançamento: é feito por homologação.

5. Impostos sobre operações de crédito, câmbio e seguro, ou


relativas a títulos ou valores imobiliários:

• Função predominante: extrafiscal.


• Fato gerador: quanto às operações de crédito, a sua efetivação pela
entrega total ou parcial do montante ou do valor que constitua o
objeto da obrigação, ou sua colocação à disposição do interessado;
quanto às operações de câmbio, a sua efetivação pela entrega de
moeda nacional ou estrangeira, ou de documento que a represente, ou
a sua colocação à disposição do interessado em montante equivalente
à moeda estrangeira ou nacional entregue ou posta à disposição por
esse; quanto às operações de seguro, a sua efetivação pela emissão
da apólice ou do documento equivalente, ou recebimento do prêmio,
na forma da lei aplicável; e quanto às operações relativas a títulos e
valores imobiliários, a emissão, transmissão, pagamento ou resgate
desses.
• Base de cálculo: determinada no art. 64 do Código Tributário.
• Alíquota: ad valorem.
• Contribuinte: é qualquer das partes na operação tributada.
• Lançamento: homologação.

6. Imposto sobre a propriedade territorial rural:

• Função predominante: extrafiscal.


• Fato gerador: a propriedade, o domínio útil ou a posse de imóvel
por natureza, como definido na Lei Civil, localização fora da zona
territorial urbana.
• Base de cálculo: é o valor fundiário.
• Alíquota: percentual sobre o valor da terra nua, variando de acordo
com a utilização do imóvel.

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• Contribuinte: é o proprietário do imóvel, titular do seu domínio útil


ou seu possuidor a qualquer título.
• Lançamento: é feito por homologação.

7. Imposto sobre grandes fortunas:

Embora o referido imposto esteja previsto na Constituição, inexiste Lei


Complementar que determine suas características.

A Constituição Federal reservou à União a competência residual, com


a possibilidade de instituir impostos diversos daqueles previstos no texto
constitucional. Além disso, ainda lhe foi atribuída a competência para
instituir impostos extraordinários.

Por fim, no âmbito da competência tributária, lembre-se de que


ainda ficou reservado à União instituir os empréstimos compulsórios e as
contribuições sociais, como determina o art. 148 da Constituição Federal.

Exercícios

Questão 1. Leia o enunciado e assinale a alternativa correta.

A empresa LimpLave Ltda., por intermédio de seu contador, providenciou o cálculo e o


recolhimento de um determinado imposto, devido em razão de sua atividade-fim. Depois de seis anos
do recolhimento, o governo estadual encaminhou notificação para comunicar que os valores estavam
errados e que seria necessário o recolhimento de um complemento no valor de R$ 10.000,00 (dez mil
reais). O contador da empresa foi consultado e afirmou que:

A) O prazo para o governo reclamar sobre o valor do recolhimento já havia transcorrido, porque era
de 5 anos, por isso havia ocorrido a homologação tácita dos valores recolhidos.
B) Não sabia o que havia ocorrido porque o imposto recolhido estava no valor correto.
C) O governo não tinha mais prazo para discutir os valores arrecadados porque esse prazo se esgota
no momento em que ocorre o recolhimento.
D) Aquele imposto era de cálculo livre do empresário e, por isso, não importava o valor que havia
sido recolhido, mas o ato do recolhimento.
E) Os valores haviam sido calculados de forma errônea e que era necessário recolher novamente o tributo.

Resposta correta: alternativa A.

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Análise das alternativas

A) Alternativa correta.

Justificativa: a homologação tácita está prevista no art. 150, § 4º do CTN. A lei fixa um prazo de cinco
anos, contados a partir da realização do fato gerador pelo sujeito passivo, para que a Administração
Pública manifeste-se sobre o lançamento por ele efetuado. Após esse período, caso não haja manifestação
da Administração Pública, considera-se homologado o lançamento e extinto o crédito tributário, sempre
que o tributo tenha sido pago pelo contribuinte. Mesmo se o tributo não houver sido pago, o lançamento
estará homologado, e o crédito tributário, constituído pelo valor do lançamento.

B) Alternativa incorreta.

Justificativa: o profissional da área de contabilidade empresarial não pode alegar que não sabe
a razão do questionamento da Administração Pública. É sua obrigação profissional entender o que
ocorreu e prestar os esclarecimentos.

C) Alternativa incorreta.

Justificativa: o prazo para a Administração Pública questionar o valor do recolhimento não se esgota
no momento do recolhimento, mas sim ao longo do prazo de cinco anos previsto na lei.

D) Alternativa incorreta.

Justificativa: não existe nenhum imposto de cálculo livremente elaborado pelo empresário. Existem
impostos de valores variados que dependem do volume de vendas, ou de serviços prestados por uma
determinada empresa, mas não existem impostos que sejam recolhidos em conformidade com a vontade
do empresário.

E) Alternativa incorreta.

Justificativa: mesmo que os valores houvessem sido recolhidos de forma equivocada, o prazo para
discutir esses valores já transcorreu e, por isso, ocorreu a homologação tácita.

Questão 2. Leia o texto a seguir:

Projeto cria imposto sobre grandes fortunas

Por unanimidade, o projeto de lei complementar que tributará grandes fortunas


passou na Comissão de Constituição e Justiça da Câmara dos Deputados. Nesta quarta-
feira (9/6), os deputados aprovaram parecer do relator, deputado Regis de Oliveira
(PSC-SP), a favor do novo tributo. A norma regula previsão feita no artigo 153, inciso
VII da Constituição Federal.

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De acordo com a proposta, de autoria da deputada Luciana Genro (PSOL-RS), o Imposto


sobre Grandes Fortunas incide, anualmente, sobre todo patrimônio superior a R$ 2 milhões.
O projeto ainda precisa ser votado pelo Plenário e, se for aprovado, seguirá para o Senado.

Conforme a proposta, a alíquota variará de 1% a 5%, dependendo do montante da riqueza,


e não será permitida a dedução, do Imposto de Renda anual, dos valores recolhidos ao novo
tributo. Para o patrimônio de R$ 2 milhões a R$ 5 milhões, a taxação prevista é de 1%; entre
R$ 5 milhões e R$ 10 milhões, de 2%; de R$ 10 milhões a R$ 20 milhões, de 3%; de R$ 20
milhões a R$ 50 milhões, de 4%; e de 5% para fortunas superiores a R$ 50 milhões.

Tributaristas criticam a proposta, que significará aumento na carga tributária, sem


desconto em outros impostos. “Será criado um imposto sobre o patrimônio, o qual, a
princípio, foi conquistado com a renda do contribuinte, que já é tributado pelo Imposto de
Renda”, diz o tributarista José Eduardo Tellini Toledo, do escritório Leite, Tosto e Barros
Advogados. “Além disso, na alienação desse patrimônio, em havendo ganho de capital,
haverá nova incidência do IR. Isso não estimula investimentos no país.”

O professor titular de Direito Tributário da UFRJ Sacha Calmon critica a efetividade


do imposto para o Estado. “O novo imposto teria como fato gerador uma renda que já foi
tributada, na ocasião em que foi obtida, e depois pelo Imposto de Renda. Todos sabem que
é um imposto de baixíssima produtividade fiscal, que vai gerar muito trabalho e pouca
arrecadação”, diz.

Eduardo Winters Costa, do Salusse Marangoni Advogados, concorda. “A instituição


do tributo demandaria a criação de novos sistemas de declaração, cobrança e fiscalização,
aumentando a burocracia, para atingir uma parcela que não deve representar nem 1%
da população brasileira”, esclarece, e avisa: “é certo que, com tal clientela, os melhores
tributaristas estarão de prontidão”.

Para o tributarista Igor Mauler Santiago, sócio do Sacha Calmon, Misabel Derzi
Consultores e Advogados, prevê fuga patrimonial do país. “O imposto é bem-intencionado,
mas ineficaz. Nos países que o adotaram, observou-se a transferência dos grandes
patrimônios e de seus detentores para o exterior”, avisa. “No fim, quem acabou condenado
a pagá-lo foi apenas a classe média, que não tem a mesma mobilidade dos muito ricos.”

É no apoio popular que se sustenta a proposta, segundo o advogado Eduardo


Diamantino, do Diamantino Advogados Associados. “É um imposto comunista de baixíssima
aplicação em outros países, visto que os ricos costumam montar estruturas para se proteger
dele”, diz. Segundo Diamantino, a lei deve enfrentar problemas por incidir sobre a mesma
base do Imposto sobre Transmissão Causa Mortis e Doação de Quaisquer Bens ou Direitos
(ITCMD), “o que é vedado pela Constituição Federal”.
Disponível em: <http://www.conjur.com.br/2010-jun-10/ccj-aprova-projeto-cria-imposto-grandes-fortunas>.
Acesso em: 15 jun. 2012.

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Assinale a alternativa correta:

A) O projeto de criação de um imposto para grandes fortunas está previsto na Constituição Federal
e é de grande aceitação na sociedade brasileira.

B) As críticas mais contundentes feitas pelos juristas ao projeto de imposto sobre grande fortunas
são em razão dos valores que serão cobrados.

C) O projeto de criação de um imposto para grandes fortunas é de iniciativa da Presidência da


República e tem sido muito criticado.

D) O projeto de criação de um imposto para grandes fortunas é de iniciativa do Poder Legislativo e


tem sido criticado como um fator de desestímulo aos investimentos.

E) A Constituição Federal determinou a criação de um imposto sobre grandes fortunas, e não cabe
mais discussão sobre esse assunto.

Resolução desta questão na plataforma.

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