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Maria Aparecida Sanches é psicopedagoga com MBA em Gestão da Saúde pela Universidade Federal de São
Paulo. Mestre em Educação pela Universidade Paulista e doutora em Gestão da Saúde pela Universidade Federal de São
Paulo. Tem experiência na área da psicologia organizacional, com ênfase em estratégia de enfrentamento, processo de
tomada de decisão. Atua principalmente nos seguintes temas: gestão de pessoas, desenvolvimento humano, estresse
e qualidade de vida. Atua como professora e coordenadora na Universidade Paulista e como pesquisadora e docente
do Programa de Mestrado Profissional em Administração da FACCAMP – Instituto de Ensino Campo Limpo Paulista.
CDU 658.3
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permissão escrita da Universidade Paulista.
CENTRO UNIVERSITÁRIO PLANALTO DO DISTRITO FEDERAL – UNIPLAN
Reitoria
Unidade I
1 AS RELAÇÕES ENTRE PESSOAS E ORGANIZAÇÕES...............................................................................9
1.1 Objetivos organizacionais versus individuais................................................................................9
1.2 Valores organizacionais versus valores individuais................................................................. 11
1.3 Conflitos.................................................................................................................................................... 14
1.4 As pessoas e a organização............................................................................................................... 16
1.5 Equilíbrio organizacional.................................................................................................................... 18
1.6 Incentivo e motivação......................................................................................................................... 19
1.6.1 Estímulos: incentivo e motivação..................................................................................................... 19
1.6.2 Comportamento....................................................................................................................................... 20
2 Administração de recursos humanos....................................................................................... 21
2.1 Conceito de ARH................................................................................................................................... 21
2.2 Planejamento de RH............................................................................................................................ 23
2.3 Objetivos de ARH................................................................................................................................... 25
2.4 O papel da administração de recursos humanos..................................................................... 26
2.5 Principais características e dificuldade na ARH........................................................................ 27
2.5.1 O caráter contingencial da administração de RH...................................................................... 29
2.6 Administração: recursos humanos como um processo......................................................... 29
2.6.1 Conceito de processo............................................................................................................................. 29
2.7 As políticas de administração de recursos humanos.............................................................. 30
Unidade II
3 POLÍTICAS DE PROVISÃO DE RECURSOS HUMANOS......................................................................... 36
3.1 Processos de provisão de pessoas................................................................................................... 36
3.2 Mercado de recursos humanos e mercado de trabalho........................................................ 37
3.2.1 O mercado de recursos humanos...................................................................................................... 38
3.3 Rotatividade de pessoal...................................................................................................................... 39
3.3.1 Índice de rotatividade de pessoal...................................................................................................... 40
3.3.2 Diagnóstico das causas da rotatividade (turnover)................................................................... 41
3.3.3 Custos da rotatividade........................................................................................................................... 42
3.4 Absenteísmo............................................................................................................................................ 46
3.4.1 Cálculo do índice de absenteísmo ‑ segundo Chiavenato...................................................... 47
3.4.2 Administração do absenteísmo e da rotatividade...................................................................... 49
3.5 Recrutamento......................................................................................................................................... 50
3.5.1 Recrutamento interno........................................................................................................................... 52
3.5.2 Recrutamento externo.......................................................................................................................... 53
3.5.3 Recrutamento misto............................................................................................................................... 55
3.5.4 Fontes de recrutamento........................................................................................................................ 55
3.6 Seleção ..................................................................................................................................................... 57
3.6.1 Seleção por competências................................................................................................................... 58
3.6.2 Seleção como um processo de comparação................................................................................. 59
3.6.3 Seleção por meio da identificação das características pessoais do candidato.............. 59
3.6.4 Técnicas de seleção................................................................................................................................. 59
4 POLÍTICAS DE APLICAÇÃO DE RECURSOS HUMANOS...................................................................... 64
4.1 Políticas de aplicação em RH........................................................................................................... 64
4.2 Conceito de cargo ................................................................................................................................ 69
4.3 Descrição de cargos.............................................................................................................................. 69
4.4 Análise do cargo.................................................................................................................................... 71
4.5 Desenho de cargo.................................................................................................................................. 71
4.6 Modelos de desenhos de cargos..................................................................................................... 73
4.6.1 Modelo de desenho clássico................................................................................................................ 73
4.7 Métodos de avaliação de cargo....................................................................................................... 78
4.7.1 Método de escalonamento (job ranking)....................................................................................... 79
4.7.2 Método das categorias predeterminadas (job classification)................................................ 79
4.7.3 Método da comparação de fatores (factor comparison)........................................................ 79
4.7.4 Método de avaliação por pontos (point ranking)....................................................................... 81
4.8 Avaliação de desempenho................................................................................................................. 82
4.9 Instrumentos para avaliação de desempenho.......................................................................... 86
4.9.1 Padrões de desempenho ...................................................................................................................... 88
4.10 Métodos de avaliação tradicionais.............................................................................................. 88
4.10.1 Métodos da escala gráfica................................................................................................................. 89
4.10.2 Método da escolha forçada.............................................................................................................. 89
4.10.3 Método de frases descritivas............................................................................................................ 90
4.10.4 Método de pesquisa de campo........................................................................................................ 90
4.10.5 Método dos incidentes críticos........................................................................................................ 90
4.10.6 Método de comparação aos pares (2 x 2)................................................................................... 91
4.11 Métodos modernos de avaliação de desempenho ............................................................... 91
4.11.1 Autoavaliação.......................................................................................................................................... 92
4.11.2 Avaliação 360° ....................................................................................................................................... 92
4.11.3 Avaliação por competência.............................................................................................................. 95
4.11.4 Avaliação por objetivos....................................................................................................................... 95
4.11.5 Método de avaliação por resultados............................................................................................. 95
4.11.6 Métodos mistos...................................................................................................................................... 96
4.12 Outras características da avaliação de desempenho........................................................... 96
4.12.1 Entrevista de avaliação de desempenho..................................................................................... 96
4.12.2 Aspectos positivos e negativos da avaliação de desempenho........................................... 96
4.12.3 Principais dificuldades na avaliação de desempenho............................................................ 98
Unidade III
5 POLÍTICAS DE MANUTENÇÃO DE RECURSOS HUMANOS..............................................................103
5.1 Políticas de manutenção..................................................................................................................103
5.2 Sistema de remunerações, incentivos e benefícios sociais................................................103
5.2.1 Punição......................................................................................................................................................104
5.2.2 Teoria de reforço....................................................................................................................................105
5.3 Componentes de remuneração.....................................................................................................106
5.3.1 O caráter multivariado do salário...................................................................................................106
5.4 Abordagens em remuneração........................................................................................................109
5.4.1 Sistema de remuneração estratégica............................................................................................ 110
5.4.2 Remuneração variável......................................................................................................................... 112
5.4.3 Remuneração por competência....................................................................................................... 113
5.4.4 Remuneração por habilidades.......................................................................................................... 116
5.5 Avaliação e classificação de cargos.............................................................................................117
5.5.1 Os métodos de avaliação de cargos............................................................................................... 117
5.5.2 Classificação de cargos........................................................................................................................ 117
5.5.3 Pesquisa salarial.....................................................................................................................................119
5.5.4 Cargo de referência.............................................................................................................................. 120
5.6 Política salarial......................................................................................................................................120
5.6.1 Administração de carreira: promoção e crescimento na organização.............................121
5.6.2 Remuneração funcional..................................................................................................................... 122
5.6.3 Salário indireto...................................................................................................................................... 122
5.6.4 Remuneração acionária..................................................................................................................... 123
5.6.5 Benefícios sociais.................................................................................................................................. 124
5.7 Qualidade de vida no trabalho......................................................................................................127
5.7.1 Higiene e segurança no trabalho................................................................................................... 129
5.7.2 Ergonomia................................................................................................................................................ 130
5.8 Legislação trabalhista – noções gerais.......................................................................................132
5.8.1 Tipos de contrato de trabalho......................................................................................................... 132
5.8.2 Rescisão do contrato de trabalho (artigo 477, CLT)............................................................... 133
5.8.3 Direitos do trabalhador ‑ CLT........................................................................................................... 133
6 DESENVOLVIMENTO DE RECURSOS HUMANOS................................................................................135
6.1 Processo de formar, treinar e educar pessoas.........................................................................135
6.2 Treinamento...........................................................................................................................................139
6.2.1 Por que treinar pessoas?.................................................................................................................... 140
6.2.2 Objetivos do treinamento.................................................................................................................. 142
6.2.3 Conteúdo do treinamento................................................................................................................ 143
6.2.4 Levantamento de necessidades de treinamento..................................................................... 145
6.2.5 Programação do treinamento......................................................................................................... 147
6.3 Controle do treinamento.................................................................................................................148
6.4 Métodos e técnicas de treinamento............................................................................................149
6.4.1 Métodos de treinamento em grupo.............................................................................................. 150
6.4.2 Técnicas de treinamento em grupo............................................................................................... 150
6.4.3 Método de treinamento individual................................................................................................151
6.4.4 Treinamento a distância......................................................................................................................151
6.4.5 Método expositivo.................................................................................................................................151
6.5 Local do treinamento........................................................................................................................152
6.5.1 Treinamento interno............................................................................................................................ 152
6.5.2 Treinamento externo........................................................................................................................... 152
6.6 Avaliação de treinamento................................................................................................................153
Unidade IV
7 QUALIDADE DE VIDA NO TRABALHO E RELAÇÕES SINDICAIS.....................................................159
7.1 O processo de segurança e qualidade de vida.........................................................................159
7.1.1 Produtividade e QVT............................................................................................................................ 162
7.1.2 QVT.............................................................................................................................................................. 162
7.1.3 Conceito de QVT.................................................................................................................................... 163
7.1.4 Programa de QVT.................................................................................................................................. 163
7.1.5 Modelo de Walton para avaliar a QVT.......................................................................................... 164
7.1.6 QVT e sua prática nas empresas...................................................................................................... 165
7.1.7 Indicadores de QVT............................................................................................................................... 165
7.2 Segurança no trabalho......................................................................................................................167
7.2.1 Direitos de quem se acidenta no trabalho................................................................................. 167
7.2.2 Benefícios pagos pela Previdência................................................................................................. 168
7.3 Liberdade sindical................................................................................................................................169
7.3.1 Representação dos trabalhadores...................................................................................................171
7.3.2 Relação de trabalho............................................................................................................................. 172
8 RESULTADOS RELATIVOS À GESTÃO DE PESSOAS.............................................................................172
8.1 Área de RH e sua contribuição......................................................................................................172
8.2 Banco de dados e sistema de informação e auditoria de RH...........................................175
8.3 Auditoria de recursos humanos....................................................................................................177
8.4 Principais indicadores de desempenho relativo a RH..........................................................179
8.4.1 O que são indicadores e para que servem?.................................................................................181
8.4.2 Indicadores de desempenho segundo FNPQ............................................................................. 182
8.5 Um estudo de caso.............................................................................................................................187
Gestão de Pessoas
Unidade I
1 AS RELAÇÕES ENTRE PESSOAS E ORGANIZAÇÕES
O indivíduo deve ser eficaz (à medida que o seu trabalho consegue atingir
os objetivos organizacionais) e ser eficiente (à medida que seu trabalho lhe
permite alcançar seus objetivos pessoais).
Barnard (1971)
Para atingir os seus objetivos e metas as organizações contam com a eficiência e a dedicação dos
funcionários, assim como os funcionários esperam que as organizações proporcionem meios adequados para
atingir seus objetivos individuais. No anseio por alcançá‑los, os funcionários motivados se comprometem
com os processos organizacionais, substituindo os objetivos da organização pelos seus próprios objetivos.
Chiavenato (1999, p. 15) afirma que as organizações são constituídas por pessoas e representam
para elas um meio pelo qual podem alcançar muitos e variados objetivos pessoais com um mínimo
de custo, de tempo, de esforço e de conflito. Diz ainda que as organizações bem‑sucedidas tendem
a crescer, aumentando nelas o número de pessoas a serem administradas e, consequentemente, a
estrutura se deve adequar com um maior volume de níveis hierárquicos, responsáveis pelo gradativo
distanciamento entre pessoas (com os seus objetivos pessoais) e a cúpula da organização (com seus
objetivos organizacionais).
De forma geral, toda e qualquer organização tem um conjunto de objetivos: sobreviver a longo prazo;
ter um crescimento sustentado, isto é, que não dependa de outras empresas; ter lucros; ter produtividade,
ou seja: produzir pelo menos com a mesma eficiência das empresas concorrentes; ter qualidade nos
produtos/serviços; ter custos reduzidos; ter uma boa participação no mercado (market‑share); entrar
em novos mercados; conquistar novos clientes; ser competitiva, isto é, ter a preferência dos clientes e
uma boa imagem no mercado.
Já as pessoas que trabalham nas organizações, também de forma geral, possuem um outro conjunto
de objetivos: ter bons salários e benefícios; ter estabilidade no emprego e segurança no trabalho; ter
9
Unidade I
qualidade de vida no trabalho e obter, neste, satisfação; ter consideração e respeito tanto dos colegas
quanto dos superiores, ter oportunidades de crescer dentro da empresa; ter liberdade para trabalhar e
ter líderes ou chefes que não sejam autoritários.
Quadro 1
Como se pode ver, os objetivos da organização diferem dos objetivos pessoais. Para que
eles não se tornem conflituosos a ponto de prejudicar o desenvolvimento de ambas as partes
(pessoas e organização), é necessário que haja uma integração: é necessário que as pessoas,
em busca dos seus objetivos pessoais acabem por realizar os objetivos organizacionais. Quem
deve fazer esta integração? Argyris apud Chiavenato (1999, p. 92) entende que a parcela maior
de responsabilidade pela integração entre os objetivos da organização e os dos indivíduos recai
sobre a alta administração.
Porém, existe uma relação de reciprocidade entre o indivíduo e a organização, expressa num
contrato psicológico onde a expectativa recíproca do indivíduo e da organização estende‑se muito além
de qualquer contrato formal de emprego que estabeleça o trabalho a ser realizado e a recompensa a
ser recebida. Embora não exista acordo formal ou algo claramente dito, o contrato psicológico é um
entendimento tácito entre indivíduo e organização, no sentido de que uma vasta gama de direitos,
privilégios e obrigações, consagrados pelo uso, será reputada e observada por ambas as partes
(Chiavenato, 1999, p. 92).
10
Gestão de Pessoas
eficaz. Convém destacar que qualquer contrato apresenta dois aspectos: o contrato formal (que é o
escrito) e o “contrato psicológico”, que leva em conta o que a organização e o indivíduo esperam ganhar
com a nova relação. Enquanto o primeiro passo é uma escolha recíproca, o segundo é um processo de
adaptação mútua decorrente de um desenvolvimento recíproco, cabendo à gestão de RH assegurar‑se
disto (Porras, 2001).
Geertz apud Trompenaars (1993, p. 57) diz que é a cultura do indivíduo, por meio dos seus valores,
que orienta sua ação quando afirma que “a cultura cria definições graças às quais os homens interpretam
sua experiência e guiam sua ação”. Nesse sentido, Rocher apud Morin (1996, p.11) afirma que “os valores
são as maneiras de ser ou de agir que uma pessoa ou uma coletividade julgam ideais e que tornam
desejáveis ou estimáveis as condutas às quais elas estão associadas”.
esquema neural
processa o real
organiza
fatores genéticos fatores ambientais
atitude
estratégias de
tomada de decisão
comportamento
Figura 1
11
Unidade I
Valores organizacionais
Tamayo; Gondim apud Tamayo et al (2000) desenvolveram alguns aspectos relativos a esse
sistema: os aspectos cognitivos e motivacionais, a função dos valores e a organização hierárquica
dos mesmos.
1. O aspecto cognitivo dos valores organizacionais constitui um elemento básico, já que são crenças
existentes na empresa, isto é, formas de conhecer a realidade organizacional, respostas cognitivas
prontas e privilegiadas a problemas organizacionais. Essas crenças podem ser relacionadas com
diversas dimensões da vida organizacional, tais como a produção, a qualidade, as interações
interpessoais, o respeito à autoridade gerencial, a obediência às normas etc. Os valores são
crenças valorizadas, enfatizadas na vida organizacional. Nem toda crença constitui um valor;
somente aquelas que são enfatizadas e que são socialmente aceitas como princípios que orientam
a vida da organização. Obviamente, as crenças que constituem os valores estão em interação
entre si e com outras crenças, de forma a constituir um sistema de valores complexo e organizado
hierarquicamente. Os valores funcionam como padrões para o julgamento e a justificação do
comportamento de si e dos outros.
3. A função dos valores. Os valores têm como função orientar a vida da empresa, guiar o
comportamento dos seus membros. Eles são determinantes da rotina diária na organização,
já que orientam a vida da pessoa e determinam a sua forma de pensar, de agir e de sentir.
“Os valores organizacionais podem fortemente influenciar o que as pessoas realmente fazem”,
afirmam Deal; Kennedy (1988, p. 22). Não somente o comportamento do indivíduo é influenciado
pelos valores, mas também o julgamento que ele faz do comportamento dos outros, pertinente
ao sistema organizacional. Os valores têm a função “de vincular as pessoas, de modo que elas
permaneçam dentro do sistema e executem as funções que lhes foram atribuídas” (Katz; Kahn,
1978, p. 70). Os valores podem ser considerados como um projeto para a organização e um
esforço para atingir as metas por ela fixadas. As normas organizacionais estão enraizadas neles
e podem ser consideradas como uma operacionalização dos valores organizacionais. Os valores
são mais abrangentes do que as normas e constituem uma espécie de ideologia. As normas
definem explicitamente as formas de comportamento esperado dos membros de uma
organização e os valores “proporcionam uma justificação mais elaborada e generalizada,
tanto para o comportamento apropriado, como para as atividades e funções do sistema”
(Katz; Kahn, 1978, p. 70).
4. Hierarquia dos valores. Um sistema de valores, segundo Rokeach (1969, p. 551) é “nada mais do
que uma disposição hierárquica de valores, uma classificação ordenada de valores ao longo de
um continuum de importância”. As pessoas, as organizações e as culturas se diferenciam entre
si não tanto pelo fato de possuírem valores diferentes, mas pela organização hierárquica dos
mesmos. Os valores organizacionais implicam necessariamente uma preferência, uma distinção
entre o importante e o secundário, entre o que tem valor e o que não tem. Assim, a essência
mesma dos valores organizacionais parece ser a de permitir a sua hierarquização (Tamayo,
2000). A organização hierárquica dos valores pressupõe que os membros da organização não
se relacionam com o mundo físico e social como observadores que assistem a um espetáculo,
mas como atores que participam, que tomam partido, que se envolvem nele, que transformam
o ambiente organizacional e tentam se impor e se fazer reconhecer no meio social. Segundo
Tamayo (1996), a ideia de graus de valor, de uma escala de valores ao longo de um contínuo de
importância, encontra a sua base na relação dos valores com o tempo, elemento fundamental
para o seu desenvolvimento, com a missão e os objetivos da empresa, cuja especificidade e
cuja importância organizacional impõem uma ordem de primazia, com o esforço realizado pela
empresa e pelos seus membros para a obtenção das metas propostas.
A fonte dos valores organizacionais é constituída por exigências da organização e dos indivíduos que
a compõem. Essas exigências abrangem um leque que vai desde as necessidades biológicas dos indivíduos
até as necessidades referentes à sobrevivência e ao bem‑estar da própria organização. A organização e
os seus membros, para poderem dar conta da realidade, têm que reconhecer essas necessidades e criar
ou aprender respostas apropriadas para a sua satisfação. Por meio desse mecanismo, tanto a organização
como os seus membros passam a representar de forma consciente essas necessidades como valores ou
metas a serem atingidas (TamAyo et al, 2000).
13
Unidade I
Os valores organizacionais não devem ser confundidos com os valores pessoais dos
membros da organização, nem com o que eles gostariam que existisse na empresa. Por valores
organizacionais, entende‑se aqui os que são percebidos pelos empregados como efetivamente
característicos da organização. Trata‑se, portanto, de princípios e crenças que, segundo os
membros da organização, orientam o seu funcionamento e a sua vida. Expressam uma dimensão
fundamental da cultura organizacional tal como ela é vivenciada pelos seus membros. Às vezes,
esses dois tipos de valores podem coincidir parcialmente, mas com frequência são diferentes e
até conflitantes (Tamayo; Paz, 2000).
Segundo Katz; Kahn apud Tamayo; Gondim(1996), os principais componentes de uma organização
são seus papéis, suas normas e seus valores. Esses elementos definem e orientam seu funcionamento.
Os papéis prescrevem formas de comportamentos associadas a determinadas tarefas. As normas são
as expectativas transformadas em exigências. Os valores, por sua vez, são as justificações e aspirações
ideológicas mais generalizadas. Portanto, os papéis diferenciam as funções e os cargos exercidos pelas
pessoas. As normas e os valores são os elementos integradores, na medida em que são compartilhados
por boa parte dos elementos de uma organização.
Saiba mais
1.3 Conflitos
Quando o indivíduo ingressa na organização seus objetivos individuais, como ocupar um determinado
cargo, melhorar seu salário, ficam em mente. Porém, a organização, que também tem seus objetivos,
exige que o indivíduo contribua para sua realização. É um estado que a organização pretende atingir
e que orienta seu comportamento em relação ao futuro, como produtividade, lucratividade, qualidade
dos produtos e competitividade.
14
Gestão de Pessoas
Administrar conflitos é uma das mais importantes tarefas para os gestores, com relação à motivação
da equipe de trabalho. É necessária muita energia física e emocional no processo de integração de
objetivos, visando a satisfação das necessidades dos funcionários para evitar a queda da produtividade
e, consequentemente, um processo entrópico. Barnard (1971) afirmava que “o indivíduo deve ser eficaz
(à medida que o seu trabalho consegue atingir os objetivos organizacionais) e ser eficiente (à medida
que seu trabalho lhe permite alcançar seus objetivos pessoais)”.
Segundo Chiavenato (1999, p. 258), a organização oferece uma variedade de incentivos para obter
a cooperação das pessoas em todos os níveis hierárquicos. Dentro desse esquema, cada pessoa precisa
alcançar simultaneamente os objetivos organizacionais (para se manter ou crescer na organização) e
seus objetivos individuais (para obter satisfações pessoais).
Dessa maneira o relacionamento entre indivíduos e organizações poderá se pautar pela cooperação,
diz Chiavenato (1999). Para tanto, a organização deve zelar, por meio dos seus gestores, pela elaboração
dos seus objetivos de maneira que sejam claros, objetivos e alcançáveis. Para serem úteis, segundo
Chiavenato (1999, p. 263), os objetivos devem ser:
• realistas: que possam ser alcançados no período de tempo estabelecido e com os recursos
disponíveis;
Assim, a maior responsabilidade pela integração dos objetivos organizacionais e os objetivos dos
indivíduos pertence à alta administração, pois, é ela quem deve estabelecer os meios e as políticas
para que colaboradores e organizações percebam que seus objetivos são interdependentes. Isto é,
as organizações precisam dos indivíduos, estes são os recursos humanos com os quais ela alcançará
seus objetivos e, reciprocamente, os indivíduos necessitam das organizações para realizar os seus, diz
Chiavenato (1999).
15
Unidade I
O homem é um animal social, porque se caracteriza por uma irreprimível tendência à vida em
sociedade e tem participações multigrupais. Vive em organizações, em ambientes cada vez mais
complexos e dinâmicos. Montou um sistema total, dentro do qual organiza e dirige seus assuntos.
Assim, “organizações são pessoas, organizações são grupos; e organizações são organizações.
Gerentes administram pessoas; gerentes administram grupos; e gerentes administram organizações.
Gerentes são pessoas; gerentes são membros de grupos; e gerentes são membros de organizações”,
diz Chiavenato (2004, p. 59).
As pessoas
De acordo com Chiavenato (1998, p. 69), “as organizações dependem de pessoas para proporcionar‑lhes
o necessário planejamento e organização, para dirigi‑las e controlá‑las e para fazê‑las operar e funcionar.”
As organizações não existem sem as pessoas, pois qualquer organização é constituída de seres humanos
que contribuem para seu sucesso e crescimento
personalidade e tratamento
Como pessoal e
pessoas individualidade,
inspirações, valores, individualizado
atitude, motivação e
objetivos pessoais
Pessoas
habilidades, capacidades,
experiências, destrezas tratamento
Como e conhecimentos pela média,
recursos necessários igual e genérico
Figura 2
Deve‑se considerar que existem as pessoas como pessoas, ou seja, com características próprias
de personalidade e que individualmente possuem valores, atitudes, desejos, motivações e objetivos
individuais. E, por outro lado, existem as pessoas como recursos intelectuais, com habilidades,
capacidades e, conhecimentos específicos e necessários para a atividade a ser realizada na
organização.
16
Gestão de Pessoas
A Moderna ARH – Gestão de Pessoas – procura tratar as pessoas como pessoas e simultaneamente
como importantes recursos organizacionais rompendo a maneira tradicional de tratá‑las meramente
como meios de produção.
A “Gestão de Pessoas” substitui o termo “Administração de Recursos Humanos”, que indica uma
visão das pessoas que trabalham na organização como meros recursos, assim como os materiais
e financeiros. De acordo com Gil (2001, p. 17), “Gestão de Pessoas é a função gerencial que visa à
cooperação das pessoas que atuam nas organizações para o alcance dos objetivos tanto organizacionais
quanto individuais”.
As pessoas não são “recursos”, diz Peter Senge, manifestando a sua visão de que a organização é um
sistema vivo e que existe dentro de outros sistemas vivos maiores, tais como o ecossistema e a sociedade.
Nesse sentido, se coloca como um “anti‑recursos humanos”, pois considera a palavra “recurso” muito
limitada para descrever as pessoas e seus diversos papéis organizacionais.
Observação
Hoje, segundo Chiavenato (2004, p. 59), a tendência é fazer com que todas as pessoas, em todos
os níveis da organização, sejam os administradores. Além de executar as tarefas, cada pessoa deve
conscientizar‑se de que deve ser o elemento de diagnóstico e de solução de problemas para obter uma
melhoria contínua de seu trabalho.
Chiavenato (2004) destaca seis características atribuídas a cada pessoa. Essas características
permitem maior visualização dos aspectos de comportamento dos indivíduos na organização.
São elas:
• a percepção: trata da forma como cada pessoa interpreta as mensagens que recebe e dá sentido
a ela. Pode ser colocado como um processo de seleção, organização e interpretação dos estímulos
que o ambiente oferece;
• as atitudes: podem ser definidas como uma predisposição que reage a um estímulo e se manifesta
por meio de opiniões. É uma característica facilmente mutável, a partir do momento que o
estímulo ou o comportamento em relação a ela também mude;
• as aptidões: referem‑se ao potencial para a realização das tarefas e atividades, ou seja, a habilidade
para realizar determinadas tarefas. Distingue‑se de pessoa para pessoa e podem ser agrupadas em
três categorias: intelectuais, físicas e interpessoais;
17
Unidade I
• a inteligência: é a capacidade de lidar com a complexidade. Pode ser considerada uma aptidão
geral que governa as demais aptidões;
• a biografia: trata das características pessoais como experiência, idade, sexo e situação conjugal.
Partindo do princípio de que toda organização é um sistema vivo, gerido por pessoas que se agem e
se inter‑relacionam para satisfazer necessidades, cada participante de cada grupo tem suas recompensas
em troca das quais faz contribuições à organização. Sendo assim, todo participante manterá sua ação
participativa na organização na medida em que os estímulos (motivação e incentivo) que lhe são
oferecidos forem iguais ou maiores do que as contribuições que lhe são exigidos. As contribuições
trazidas pelos vários grupos de participantes constituem a fonte na qual a organização se supre e se
alimenta dos incentivos que oferece aos participantes. Portanto, a organização continuará existindo
somente e enquanto as contribuições forem suficientes para proporcionar estímulos para conduzir os
participantes à prestação de contribuições.
A base do equilíbrio organizacional está na capacidade de garantir que tanto os incentivos oferecidos
como pagamentos a seus participantes, como salários, benefícios sociais, prêmios etc., quanto as
contribuições de seus funcionários à organização, como trabalho, esforço, assiduidade, lealdade, dedicação,
pontualidade etc., sejam coerentes e satisfatórios a ambos – organização e funcionário. Para tanto, cabe ao
administrador de RH identificar um conjunto de estímulos capazes de incentivar e motivar os funcionários
e as contribuições de interesse das organizações. Portanto, podemos afirmar que o equilíbrio organizacional
depende do intercâmbio entre os incentivos oferecidos e as contribuições como retorno à organização.
Relações de Intercâmbio
Esforço físico/mental O
Contribuições Tempo R
P Conhecimentos G
E Habilidades A
S Lealdade N
S I
O Oportunidades Z
A Treinamento Estímulos: A
S Salários incentivo/motivação Ç
Benefícios Sociais Ã
Segurança O
Figura 3
18
Gestão de Pessoas
Já vimos que os objetivos da organização diferem dos pessoais e, para que tais objetivos não se tornem
conflituosos a ponto de prejudicar o desenvolvimento de ambas as partes (pessoas e organização), é
necessário que haja uma integração: é preciso que as pessoas, em busca dos seus objetivos pessoais,
acabem por realizar os organizacionais. Tal integração é de responsabilidade da alta administração e ela
deve fazer a integração, estimulando e incentivando o comportamento adequado das pessoas, para que
estas deem à organização a sua maior contribuição possível.
Cada contribuição possui um valor de utilidade que varia conforme a organização – uma contribuição
pode ser muito útil para uma e pode ser totalmente inútil para outra.
“O conceito de estímulo foi desenvolvido a partir do princípio de forças externas que produzem
alterações transitórias ou permanentes sobre os indivíduos. Essas forças referem‑se a eventos que
podem determinar uma resposta (fisiológica, cognitiva ou motora) do indivíduo ante um determinado
estímulo (estressor)” (Lautert et al,1999).
Incentivo
Parte‑se do princípio de que as pessoas estão dispostas a cooperar desde que as suas atividades na
organização contribuam diretamente para a satisfação de seus objetivos pessoais. São “pagamentos”
feitos pela organização aos seus participantes em troca de contribuições. Cada incentivo possui um
valor de utilidade que é subjetivo, pois varia de indivíduo para indivíduo – o que é útil e importante para
um pode ser inútil e irrelevante para outro.
Motivação
Motivação pode ser definida como o impulso que cada indivíduo tem para realizar o seu próprio
potencial, de forma contínua. Trata‑se de necessidades mais elevadas, produtos da educação e da
cultura. Devido à busca constante do homem por novas metas, cada vez mais complexas, raramente são
satisfeitas em sua plenitude (Chiavenato, 1999).
• necessidades fisiológicas: estão relacionadas à sobrevivência do indivíduo, como fome, sede, sono,
atividade física e outras;
Motivação é tudo aquilo que impulsiona a pessoa a agir de determinada maneira ou que dá origem
a uma propensão a um comportamento específico, podendo este impulso à ação ser provocado por um
estímulo externo (provindo do ambiente) ou também ser gerado internamente e nos processos mentais
do indivíduo, diz Chiavenato (1999).
Ciclo motivacional
Necessidade Comportamento
Atitude
(vontade/desejo) (tomada de Esforço (ação)
Estímulo tensão que expressa determinação orientada
decisão)
motivo à ação para o objetivo
Figura 4
1.6.2 Comportamento
20
Gestão de Pessoas
Lembrete
Sem as pessoas e sem as organizações não haveria ARH (Administração de Recursos Humanos).
A administração de pessoas é conceituada como um conjunto de técnicas administrativas que visam
obter, aperfeiçoar e manter os recursos humanos necessários ao funcionamento da empresa. Decenzo;
Robbins (2001) definem a Administração de Recursos Humanos (ARH) como a parte da organização que
trata da dimensão pessoas. Esses autores propõem um sistema baseado em quatro funções básicas:
3. motivação (estimulá‑los);
Chiavenato (1989) conceitua a ARH como sendo subsistemas interdependentes que formam
um processo por meio do qual os recursos humanos são captados e atraídos, aplicados, mantidos,
desenvolvidos e controlados pela organização. Esses subsistemas são estabelecidos por contingentes
ou situacionais: variam conforme a organização e dependem de fatores ambientais, organizacionais,
humanos, tecnológicos etc.
Dutra (2002) define a gestão de pessoas como “um conjunto de políticas e práticas que permitem
a conciliação de expectativas entre a organização e as pessoas para que ambas possam realizá‑las ao
longo do tempo”. Esse autor faz a seguinte conceituação sobre políticas e práticas:
• políticas, como princípios e diretrizes que balizam decisões e comportamentos da organização e
das pessoas em sua relação com a organização;
• práticas, como os diversos tipos de procedimentos, métodos e técnicas utilizados para a
implementação de decisões e norteamento das ações no âmbito da organização e em sua relação
com o ambiente externo.
22
Gestão de Pessoas
2.2 Planejamento de RH
Planejamento estratégico de Recursos Humanos é uma projeção de como a empresa vai adquirir
e utilizar seus recursos humanos em prol do alcance dos objetivos organizacionais. De acordo com
Belchior (1972) qualquer planejamento compreende as seguintes fases:
23
Unidade I
• Divulgação — diz respeito à transmissão dos planos estratégicos às pessoas que tenham um nível
decisório na empresa e uma divulgação mais ampla a todos os funcionários por meio da área
de Recursos Humanos, que deverá esclarecer a importância das medidas e sua interação com a
avaliação de desempenho dos funcionários.
• Integração como plano tático — qualquer estratégia, para ser implantada, necessita ser
inserida no plano tático, como, por exemplo, a definição do orçamento. O departamento
de Recursos Humanos deverá avaliar se os orçamentos iniciais foram mantidos no plano
tático e os impactos de eventuais cortes ou alterações no orçamento sobre o planejamento
estratégico de RH.
• Acompanhamento — é o controle que deverá ser feito por todas as áreas, especialmente a
área de Recursos Humanos, que deverá estar atenta às formas de realização de tudo o que
foi planejado.
24
Gestão de Pessoas
Objetivos e Estratégias
Organizacionais
objetivos e estratégias
de RH
Etapa 3: desenvolver e
implementar planos de
recursos humanos
Figura 5
Os objetivos da ARH, segundo Chiavenato (2004), derivam dos objetivos da organização inteira. Toda
organização tem como um de seus principais objetivos a criação e a distribuição de algum produto
(como um bem de produção ou de consumo) ou de algum serviço (como uma atividade especializada).
Ao lado dos objetivos organizacionais, a ARH deve considerar os objetivos pessoais dos participantes.
25
Unidade I
6. Administrar a mudança.
Questões de Abordagem
Planejamento de diagnóstico
Como chegar
ao objetivo? definir a estratégia da GP, escolher as atividades e definir os
recursos necessários;
Como fizemos?
Onde estamos agora? checar os resultados pela avaliação das novas condições, de
acordo com os objetivos definidos, e reiniciar o processo por
meio de um planejamento eficiente.
Figura 6
O papel da ARH é de desenhar e implementar o sistema de Gestão de Pessoal , de maneira que seja
capaz de integrar todos os processos de agregar, aplicar, recompensar, desenvolver, manter e monitorar
pessoas na organização. Isso significa:
1
Disponível em <www.escolaqi.com.br/professor/downloads/download1516.doc>.
26
Gestão de Pessoas
• combinar os talentos e habilidades dos funcionários com aquilo que a organização requer;
A gestão de recursos humanos, de acordo com Ulrich (1998), deve desempenhar quatro papéis
dentro das empresas, são eles:
4. administração da transformação para traçar planos de ação, fazendo com que a mudança
aconteça.
Saiba mais
Os assuntos tratados pela ARH referem‑se tanto a aspectos internos da organização quanto a
aspectos externos ou ambientais.
27
Unidade I
Quadro 2
Algumas técnicas são aplicadas diretamente a pessoas que constituem os sujeitos de sua aplicação.
Outras são aplicadas indiretamente às pessoas, seja por meio dos cargos que ocupam, seja por planos ou
programas globais ou específicos.
• recrutamento
• entrevista
• seleção
aplicadas diretamente • integração
sobre pessoas • avaliação de desempenho
• treinamento
• desenvolvimento de pessoas
Técnicas de
Administração de
Recursos Humanos
• análise e descrição de cargo
cargos • avaliação e classificação de cargo
ocupados • higiene e segurança
aplicadas
indiretamente
sobre
pessoas
• planejamento de recursos humanos
• banco de dados
planos • plano de benefícios sociais
genéricos • plano de carreira
• administração de salários
Figura 7
28
Gestão de Pessoas
Não há leis ou princípios para a administração dos recursos humanos. A ARH é contingencial, ou seja,
depende da situação organizacional: do ambiente, da tecnologia empregada pela organização, das políticas e
diretrizes vigentes, da filosofia administrativa preponderante, da concepção existente na organização acerca
do homem e de sua natureza e, sobretudo, da qualidade e da quantidade dos recursos humanos disponíveis.
À medida que mudam esses elementos, muda também a forma de administrar os recursos humanos da
organização. Daí o caráter contingencial ou situacional da ARH, que não se compõe de técnicas rígidas e
imutáveis, mas altamente flexíveis e adaptáveis, sujeitas a um dinâmico desenvolvimento (Chiavenato, 2004).
A Administração de Recursos Humanos – ARH pode ter responsabilidade de linha e função de staff
(de assessoria) ao mesmo tempo. Responsabilidade de linha quando está constituída em uma área,
departamento, seção ou setor e staff, pois ao mesmo tempo assessora todas as áreas, departamentos,
seções e setores. Chiavenato (1999) assinala que seria injusto pensar que essa abordagem moderna
de agregar pessoas fosse responsabilidade apenas dos gerentes de linha. Ela é, acima de tudo, uma
responsabilidade de toda a equipe, que deverá estar devidamente preparada, com a ajuda de uma
consultoria interna e assessoria do órgão de recursos humanos, que exerce seu papel de staff.
Quadro 3
Lembrete
29
Unidade I
Quadro 4
O processo é entendido como uma série de atividades que fornecem valor a um cliente. O cliente do
processo não é necessariamente um cliente externo da empresa. Ele pode estar dentro da empresa. É o
chamado cliente interno.
Os processos básicos na gestão de pessoas são: prover, aplicar, manter, desenvolver e monitorar as
pessoas. São processos inter‑relacionados e interdependentes com uma interação que faz com que
qualquer alteração ocorrida em um deles provoque influência sobre os demais, as quais realimentarão
novas influências nos outros. Dentro de uma visão sistêmica, os cinco processos podem ser abordados
como subsistemas de um sistema maior (Chiavenato, 2004).
Observação
Políticas são orientações para medidas futuras baseadas em experiências passadas, crenças ou
valores. Por exemplo: em nossa empresa temos como política de recrutamento admitir pessoas que
possuem, no mínimo, o segundo grau completo (FALCONI, 1996, p. 305).
Portanto, as políticas são regras estabelecidas para governar funções e assegurar que sejam
desempenhadas de acordo com os objetivos desejados. Constituem uma orientação administrativa para
impedir que as pessoas desempenhem funções indesejáveis ou que coloquem em risco o sucesso de suas
funções específicas.
30
Gestão de Pessoas
processos de RH
influências ambientais influências organizacionais
externas internas
Figura 8
Políticas referem‑se às maneiras pelas quais a organização lida com seus membros e
por intermédio deles atingir suas metas, permitindo condições para o alcance dos objetivos
individuais. Cada organização desenvolve a Política de Recursos Humanos mais adequada à
sua filosofia e suas necessidades. Assim, são guias para a ação interna referentes à Gestão de
Pessoas.
31
Unidade I
Política de cargos e salários — Quais os critérios de evolução dos cargos em suas respectivas
carreiras? Quais os procedimentos para dimensionar ou redimensionar atribuições e responsabilidades?
Como analisar o desempenho individual e do grupo de trabalho para aplicar a remuneração variável?
Quais os critérios de planejamento e alocação da força de trabalho disponível?
São seis os processos básicos de que se utiliza a gestão de recursos humanos na execução da tarefa,
visando integrar os diversos níveis da organização, tornando possível a execução dos objetivos do
empreendimento.
1. Provisão (agregar pessoas) – Esse processo visa determinar quem irá trabalhar na organização
(conhecido como processo de recrutamento e seleção). Compreende atividades de: pesquisa do
mercado de trabalho, recrutamento dos profissionais que estejam enquadrados no perfil requerido
pelo solicitante, seleção daquele que apresenta melhor perspectiva de êxito no desempenho das
tarefas que são necessárias ao cargo.
2. Aplicação – Processo que determina o que as pessoas farão na organização (conhecido como
administração de recursos humanos). A este processo é atribuída a responsabilidade de descrever
o desenho dos cargos (perfil); indicar atribuições, requisitos de habilidades e responsabilidades;
direitos e deveres. Descreve, também, os métodos para integração dos novos empregados e os
procedimentos que irão avaliar o desempenho de cada um.
2
Disponível em <www.marcovanni.kit.net/apostilas/ADM423Resumo01.doc>.
32
Gestão de Pessoas
4. Desenvolvimento – Processo que visa apoiar o preparo e o desenvolvimento das pessoas dentro
da organização, de forma a criar estímulo ao constante aperfeiçoamento profissional e pessoal,
tanto no âmbito individual quanto no de grupo em todos os níveis hierárquicos. Conhecido como
treinamento e desenvolvimento, tem a responsabilidade de formular e executar a capacitação
técnica e psicológica do efetivo para assumir desafios mais complexos na organização.
5. Segurança – Processo que visa estabelecer disciplina e segurança, bem como qualidade de vida
no trabalho. Inclui higiene e segurança do trabalho e as relações sindicais.
6. Monitoração – Processo que visa saber como os indivíduos executam as atribuições que lhes são
confiadas na organização, identificando pontos fortes e fracos, e dar subsídio à alta administração
para a implementação das políticas de incentivo, de treinamento e de substituição. Conhecido
como auditoria de pessoal ou avaliação do desempenho3.
Resumo
Exercícios
Questão 1. Um dos principais desafios do líder é conseguir a dedicação e o empenho de seus liderados
na realização das atividades e tarefas que lhes competem, visando a alcançar os objetivos organizacionais.
A liderança efetiva pressupõe, portanto, o conhecimento das principais teorias motivacionais que podem
orientar as ações do líder com o objetivo de canalizar os esforços dos liderados. É correto afirmar, tendo
em conta os conceitos básicos das teorias da motivação, que:
A) a expectativa dos indivíduos sobre a sua habilidade em desempenhar uma tarefa com sucesso é
uma importante fonte de motivação no trabalho.
3
Disponível em <www.marcovanni.kit.net/apostilas/ADM423Resumo01.doc>.
33
Unidade I
B) objetivos genéricos e abrangentes, que dão margem para diferentes interpretações e ações, são
uma importante fonte de motivação no trabalho.
C) os indivíduos tendem a se esforçar e a melhorar seu desempenho quando acreditam que esse
desempenho diferenciado resultará em recompensas para o grupo.
D) todas as modalidades de recompensas e punições são legítimas, quando seu intuito é estimular os
esforços individuais em prol dos objetivos organizacionais.
E) todos os indivíduos possuem elevadas necessidades de poder, e a busca por atender a essas
necessidades direciona os seus esforços individuais.
A) Alternativa correta.
Justificativa: segundo a teoria de dois fatores de Herzberg, os fatores motivacionais são intrínsecos
e relacionados aos sentimentos positivos que o colaborador tem em relação ao conteúdo do cargo,
ou seja, ao trabalho a ser realizado, à realização pessoal, por estar empossado, ao reconhecimento
decorrente e às suas responsabilidades. Assim, pode-se afirmar que, quando o cargo é desafiador, o
colaborador sentirá que suas expectativas em desempenhar bem e obter sucesso na realização de
suas tarefas servirão como importantes fatores motivacionais. Como o funcionário estará motivado,
ele começará a executar a tarefa pela realização, pelo reconhecimento, pela responsabilidade e pelas
possibilidades de progresso.
B) Alternativa incorreta.
Justificativa: liderar consiste em gerar confiança e espírito colaborador entre as pessoas para a
melhoria do desempenho, ou seja, consiste em guiar, influenciar e direcionar a um objetivo específico,
pela oferta de atribuições e de responsabilidades que as motivem. O não oferecimento de objetivos
claros e específicos tornará os trabalhadores insatisfeitos e desmotivados.
C) Alternativa incorreta.
Justificativa: não podemos afirmar que os indivíduos tendem a se esforçar e a melhorar seu
desempenho quando há recompensas para o grupo.
D) Alternativa incorreta.
34
Gestão de Pessoas
E) Alternativa incorreta.
Justificativa: nem todos os indivíduos manifestam a necessidade pelo poder, segundo a pirâmide de
necessidades de Maslow. Esse sentimento dependerá do seu posicionamento na escala das necessidades,
já que a aspiração ao poder depende das percepções relacionadas à estima e à autorrealização.
Dois membros do comitê de gestão dos Jogos Olímpicos de 2016, no Rio de Janeiro, discordam
quanto ao local onde devem ser realizadas as provas de remo. Pode-se afirmar que o conflito entre esses
dois membros será prejudicial para o desempenho do comitê.
PORQUE
O conflito não é possível de ser administrado, uma vez que resulta da incompatibilidade interpessoal
ou de relacionamento entre dois ou mais membros de um grupo.
35