Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Ano: 2020
1
Fernanda Renata Lourenço Almeida
Mendonça
Psicologia organizacional
1ª Edição
2020
Curitiba, PR
Faculdade UNINA
2
Faculdade UNINA
Rua Cláudio Chatagnier, 112
Curitiba – Paraná – 82520-590
Fone: (41) 3123-9000
Conselho Editorial
D.r Alex de Britto Rodrigues / D.ra Diana Cristina de Abreu /
D.r Eduardo Soncini Miranda / D.ra Gilian Cristina Barros /
D.r João Paulo de Souza da Silva / D.ra Marli Pereira de Barros Dias /
D.ra Rosi Terezinha Ferrarini Gevaerd / D.ra Wilma de Lara Bueno /
D.ra Yara Rodrigues de La Iglesia
Revisão de Conteúdos
Alexandre Kramer Morgenterm
Designer Instrucional
Alexandre Kramer Morgenterm
Revisão Ortográfica
Juliano de Paula Neitzki
Desenvolvimento Iconográfico
Juliana Emy Akiyoshi Eleutério
FICHA CATALOGRÁFICA
3
PALAVRA DA INSTITUIÇÃO
Caro(a) aluno(a),
Seja bem-vindo(a) à Faculdade UNINA!
4
Sumário
Prefácio ..................................................................................................... 07
Aula 1 – Psicologia: sua evolução como ciência e aplicação às
organizações ............................................................................................. 08
Apresentação da aula 1 ............................................................................. 08
1.1 A psicologia e sua evolução como ciência .................................... 08
1.1.1 Abordagem e teorias psicológicas ............................................. 14
1.1.2 Psicologia como estudo das relações humanas ......................... 18
1.1.3 Psicologia e profissão ................................................................ 19
1.2 Psicologia aplicada às organizações ............................................. 21
1.2.1 Origem da psicologia organizacional .......................................... 22
1.2.2 Conhecimento do campo de intervenções do psicólogo
organizacional no mundo do trabalho ........................................................ 24
Conclusão da aula 1 ................................................................................... 24
Aula 2 – Comportamento organizacional e trabalho: significado e
ressignificado ............................................................................................. 25
Apresentação da aula 2 ............................................................................. 25
2.1 O significado e ressignificado do trabalho para o homem ............. 26
2.1.1 Constituição social do trabalho ................................................... 31
2.2 O comportamento organizacional do trabalho para o homem ...... 33
2.2.1 Níveis de estudo do comportamento organizacional ................. 35
2.2.2 Nível micro-organizacional ......................................................... 35
2.2.3 Nível meso-organizacional ......................................................... 36
2.2.4 Nível macro-organizacional ........................................................ 37
Conclusão da aula 2 ................................................................................... 38
Aula 3 – Motivação, atitudes e liderança ................................................... 39
Apresentação da aula 3 ............................................................................. 39
3.1 Motivação ...................................................................................... 39
3.1.1 Teorias motivacionais ................................................................ 42
3.2 Atitudes ......................................................................................... 50
3.3 Liderança ...................................................................................... 56
Conclusão da aula 3 ................................................................................... 65
Aula 4 – O adoecer no trabalho e os conflitos organizacionais .................. 66
Apresentação da aula 4 ............................................................................. 66
4.1 O adoecer no trabalho ................................................................... 67
5
4.1.1 Conflitos organizacionais ........................................................... 70
4.2 Doenças ocupacionais .................................................................. 71
Conclusão da aula 4 ................................................................................... 81
Índice Remissivo ........................................................................................ 83
Referências ............................................................................................... 85
6
Prefácio
7
Aula 1 – Psicologia: sua evolução como ciência e aplicação às
organizações
Apresentação da aula 01
8
Para o clássico autor Regis Jolivet (1969, p. 32), a Filosofia Especulativa
“tem por fim o puro conhecimento, visa conhecer o ser das coisas”, havendo
níveis distintos de abstrações, sendo dois relacionados ao mundo material,
envolvendo questionamentos em relação ao mundo em geral e perguntas em
relação ao homem, representados na filosofia da natureza. O terceiro nível de
abstração relaciona-se com as coisas que estão além da natureza, mas que se
articula com indagações sobre o ser, a razão e a existência de um ser superior,
agrupando-se na filosofia especulativa denominada metafísica.
O quadro a seguir apresenta a filosofia dividida em três grandes partes:
lógica, filosofia especulativa e filosofia prática. Dessa forma, você poderá
identificar as raízes filosóficas da psicologia, que nesta fase não é considerada
científica.
Divisão da Filosofia
9
Vocabulário
10
divide em duas: realidade inteligível e realidade sensível. A primeira reflete
aquilo que pode-se distinguir e expressar a outrem. É a realidade imutável das
coisas. A segunda, como o nome sugere, é aquela que afeta os nossos sentidos,
que são dependentes e modificáveis.
Platão entendia que a essência do conhecimento não estava nas coisas,
que são corruptíveis e mutáveis. Como filósofo, ele buscava a essência nas
realidades imutáveis, nos fatos. Ele entendia que o corpo e a alma do homem
são separados, que o corpo corresponde ao caráter material, mutável e
corruptível, enquanto que a alma representa a porção divina do ser, portanto é
imutável e perfeita.
Saiba mais
Saiba mais
Leia o livro Da Alma: De Anima, escrito pelo filósofo Aristóteles. Com o objetivo
de analisar os principais problemas relacionados à alma, o filósofo discute a
imaginação e o pensamento, além das relações entre sensação e intelecto,
apresentando suas teorias do intelecto ativo e do intelecto passivo. Obra
traduzida diretamente do grego pelo mestre helenista Edson Bini. Indicada para
filósofos, estudiosos e para todos aqueles que querem saber um pouco mais da
11
alma, de sua profundidade, com esclarecimentos de Aristóteles, considerado por
muitos o primeiro psicólogo da humanidade.
12
Os períodos do Iluminismo e do Renascimento foram marcados por
grandes mudanças no pensamento vigente até aquela época, proporcionando
avanços em diversos campos das ciências e expansão territorial. Descartes
defendia a ideia de que o corpo e a alma eram dissociados, portanto que o corpo
não era sagrado. Essa dessacralização do corpo alavancou os avanços em
pesquisas e estudos na anatomia, fisiologia, medicina e psicologia.
Os séculos XVIII e XIX foram marcados pelas revoluções, e nesse período
intensificaram-se os estudos científicos sobre personalidade, desenvolvimento e
aprendizagem.
13
período e as grandes personalidades que impactaram direta ou indiretamente
para a evolução da psicologia como ciência.
Mídias
Para que você possa compreender melhor a origem dessa ciência e seus dois
grandes caminhos evolutivos a partir da filosofia e da fisiologia, assista à mídia
A história da psicologia sob dois olhares: https://www.youtube.com/watch?v=mVtT6
QBDMxc
14
Ainda é importante ressaltar que as ideias psicológicas foram sendo
gestadas em diferentes países da Europa e nos Estados Unidos,
assumindo a influência da composição de forças do tecido social e
cultural do país de origem e marcadas pela esperança na ciência como
conhecimento, que solucionaria os problemas humanos. A definição do
objeto de estudo da Psicologia sofreu alterações ao longo do tempo, o
que é ressaltado por Gomes (2005, p.107) ao considerar que “da alma
substancial da Psicologia racional ao ‘eu’ fenomenal da Psicologia
empírica o progresso em direção do psiquismo foi enorme, pois o
objeto da Psicologia desceu do céu transcendente da metafísica para
o solo fenomenal da ciência” (BARRETO, MORATO, 2008, p. 148).
Vocabulário
Estruturalismo: é uma abordagem de pensamento compartilhada pela
psicologia, filosofia, antropologia, sociologia e linguística, que vê a sociedade e
sua cultura formadas por estruturas sob as quais baseamos nossos costumes,
língua, comportamento, economia, entre outros fatores.
Funcionalismo: foi o primeiro sistema de psicologia exclusivamente americano.
Enfatiza os atos ou processos mentais como objeto de estudo da psicologia.
Sustenta que a mente deve ser estudada em função de sua utilidade para o
organismo, tendo em conta a adaptação ao seu meio.
15
A teoria behaviorista de Watson marcou, portanto, o final do
introspeccionismo e o início de uma psicologia voltada à predição e ao controle
do comportamento humano, redefinindo-a como “ciência do comportamento”.
Skinner é considerado um dos principais autores dessa teoria, sendo que seus
estudos enfatizaram o comportamento humano operante, passível de
observação, controle e manipulação por meio do uso adequado de reforçamento
positivo. Por meio da manipulação de estímulos positivos e negativos é possível
controlar o comportamento humano, sendo este procedimento denominado de
condicionamento operante. Essa teoria reúne conceitos como reforço (positivo e
negativo), punição, generalização e discriminação, todos estes aplicando-se ao
processo de aprendizagem de comportamentos em contextos como escolas e
trabalho.
Na Alemanha, influenciada pelas ideias originais do fundador da
psicologia, Wundt, surge a teoria da forma ou Gestalt. Utilizando-se de método
científico da fenomenologia, centrou os estudos na compreensão do processo
de percepção, essencial para a aprendizagem e para o comportamento humano.
Essa teoria reúne diversos conceitos importantes como as leis, princípios, figura
e fundo. O comportamento humano é influenciado pela percepção que cada
indivíduo tem de si mesmo, dos objetos, conceitos, pessoas e mundo. A
aplicação dos conceitos está presente em todos os contextos, pois a percepção
se configura com um dos principais processos psíquicos para todas as demais
funções. A seguir, uma clássica imagem para explicar os conceitos dessa teoria:
16
Pela imagem acima, pode-se compreender que a percepção da figura do
vaso ocorre quando a parte preta é percebida como fundo, sendo que ao
invertermos, colocando a parte branca como fundo, emerge a figura de duas
pessoas em perfil, frente a frente. Isso se aplica ao nosso dia a dia, pois, se duas
pessoas colocarem o fundo de forma diferente, cada uma irá perceber uma
figura, sendo que cada uma irá defender o seu ponto de vista, ou seja, de que a
sua visão é a correta.
Reflita
Saiba mais
17
Analogia do iceberg e qualidades psíquicas
Fonte: http://www.claudetedemorais.com.br/arquivos/thumbnails/400-300/servico/psica
nalise.jpg
18
apenas para as interações inevitáveis, como também poderão surgir conflitos
latentes ou manifestos.
A psicologia das relações humanas envolve o estudo e a compreensão
dos fenômenos psíquicos presentes nas relações sociais: comunicação,
mediação de conflitos, criatividade, liderança, atitudes (iniciativa, proatividade,
empatia, respeito, entre outras), inteligência emocional, inteligência intra e
interpessoal.
O estudo deste tema é de fundamental importância para compreender
como as pessoas são afetadas e afetam os outros nas múltiplas e variadas
relações humanas, entendendo o que pode-se fazer para contribuir para a
construção de um relacionamento harmonioso nos contextos social, familiar,
escolar, de trabalho e demais locais.
19
Durante a década de 1950, alguns profissionais que atuavam como
psicologistas ou técnicos em psicologia foram visitar universidades e instituições
de ensino de psicologia no exterior e, ao retornarem, escreveram artigos sobre
a necessidade de desvincular dos cursos de filosofia e pedagogia o processo
para a formação do psicólogo. Nesse período, surgiram alguns cursos de
especialização em psicologia focados em determinados campos de atuação
profissional: clínica e escolar.
O I Congresso Brasileiro de Psicologia foi realizado em 1953, na cidade
de Curitiba, sendo um marco devido aos debates suscitados em prol à
regulamentação da profissão. Muitos diálogos se sucederam, uns defendendo a
ideia do curso de psicologia estar ligado à faculdade de filosofia, evitando de ele
estar vinculado ou subordinado ao curso de medicina.
Os primeiros cursos de psicologia tinham a opção de formar bacharéis
para atuarem como auxiliares em pesquisa científica de psicologia. Com mais
um ano de licença, poderiam atuar como professores de psicologia e
acrescentando mais um ano teriam habilitação para atuarem como psicologistas
em escolas e empresas. Para a formação clínica era necessário ter atividades
supervisionadas em instituições com atendimento clínico público.
Atualmente, o curso de formação em psicologia tem duração total de 5
anos, sendo necessária a realização de estágio supervisionado curricular no
mínimo em dois campos de atuação profissional.
20
O psicólogo em seu processo de formação se constituiu de um olhar
clínico, mesmo que venha a atuar em campos diferentes da psicologia clínica,
tendo sempre como principais objetos de estudo a mente e o comportamento
humano.
Saiba mais
21
Para compreender melhor a contribuição da psicologia aplicada às
organizações, te convido a conhecer a origem da Psicologia Organizacional e o
campo de intervenção no mundo do trabalho.
22
conhecimentos: as organizações. Ele considerava que o serviço de seleção
representava um marco positivo tanto para a empresa quanto para o trabalhador,
visto que por meio deste processo seria possível identificar as habilidades e
competências melhores do indivíduo, contribuindo para a sua satisfação no
trabalho e melhor produtividade, o que agradaria a empresa.
Segundo Zanelli, Borges-andrade & Bastos (2004, p 468), “as
investigações de Elton Mayo na Western Eletric Company marcaram as décadas
de 1920 e 1930, e revelaram a importância de considerar fatores sociais ligados
às situações de trabalho”. Assim, a parte organizacional da psicologia se
desenvolveu a partir do movimento das relações humanas nas empresas, como
exemplo deste estudo em Hawthorne por Mayo, que perdurou mais de 10 anos
de pesquisa.
23
1.2.2 Conhecimento do campo de intervenções do psicólogo
organizacional no mundo do trabalho
Conclusão da aula 1
24
psicologia, sua origem epistemológica. Assim, você aprendeu que o termo
“psicologia” vem do grego e significa “estudo da alma”, mas que com a evolução
histórica foi substituído para “ciência que estuda o comportamento e a mente”.
Entendeu que a psicologia teve sua origem na filosofia especulativa e que a partir
do Renascimento foi vinculando-se mais à fisiologia e depois tornou-se ciência.
Dois grandes nomes se destacam para a psicologia científica: Wilhelm Wundt, o
qual fundou o primeiro laboratório de psicologia na Alemannha, em Leipzig, e a
primeira faculdade sistemática de ensino desta ciência, e, William James,
considerado o pai da psicologia por meio de seus estudos e publicação acerca
dos processos psicofisiológicos da emoção, sentimentos e percepção. Viu ainda
sobre a psicologia como ciência e profissão, destacando o campo de atuação do
psicólogo no contexto organizacional, por ser o foco da nossa disciplina.
Participe das atividades de aprendizagem e avaliação para a fixação das
informações e construção do seu conhecimento.
Atividade de Aprendizagem
Convido você a fazer uma pesquisa sobre algum marco histórico no Brasil que
tenha contribuído para a consolidação do campo da psicologia organizacional.
Pode ser até alguma lei que esteja ou não em vigor! Vamos lá!
Apresentação da aula 2
25
entender os três níveis do comportamento organizacional e sua relação com o
trabalho do homem. Então, vamos ler e aprender mais sobre estes temas!
Tripalium
Fonte: http://artecult.com/wp-content/uploads/2016/03/tripalium1.jpg
26
pesados e punitivos, os quais não eram compatíveis com a realidade das
pessoas favorecidas, do ponto de vista econômico daquela época.
Saiba mais
Você pode conhecer mais alguns aspectos curiosos sobre a origem do trabalho
lendo: http://www.ufrgs.br/e-psico/subjetivacao/trabalho/etim_trab.htm#
27
Existem, portanto, duas vertentes históricas distintas em relação à origem
e significado do trabalho: a negativa, como forma de tortura, e a positiva, como
forma de transformação e melhoria da condição de vida.
Reflita
E você, com qual visão se identifica? Para você o trabalho representa uma forma
de tortura, um castigo, algo que gostaria de evitar ou o trabalho é uma
oportunidade para transformação da sua realidade atual, melhorando a sua
condição de vida e de sua família?
28
está associado a uma valorização positiva da capacidade humana para propiciar
o domínio e transformação da natureza em atendimento à própria condição do
ser humano.
Na década de 1980, houve uma pesquisa liderada pela Meaning of
Working lntemational Research Team (1987 apud BASTOS, PINHO & COSTA,
1995, p. 22), que estudou o significado do trabalho em oito países dentro de uma
perspectiva psicológica e cognitivista, para entender a percepção e o impacto
que o trabalho tem sobre os trabalhadores, qual o sentido e seu significado sobre
suas vidas e como este significado foi construído. Segundo esses pesquisadores
cujo grupo passou a ser identificado conforme a publicação dos resultados:
MOW, o significado do trabalho é construído na mente das pessoas a partir de
três grandes domínios: a centralidade do trabalho, os resultados e objetivos
valorizados do trabalho e as normas societais do trabalho.
Em relação à centralidade do trabalho, esta depende do valor e
importância que o serviço tem na vida do indivíduo, quer seja do ponto de vista
econômico-financeiro, afetivo, social e outros valores. O componente valorativo
do trabalho possui duas propriedades, conforme a pesquisa realizada:
29
se sentir fazendo algo útil à sociedade; e f. a função auto expressiva
ou intrínseca, quando se valoriza o trabalho interessante e que permite
a autorrealização (BASTOS, PINHO & COSTA, 1995, p. 23).
30
Naturalmente, são necessárias novas pesquisas mais abrangentes para
a compreensão do significado do trabalho para as pessoas nas diferentes
regiões do nosso país.
As ideologias social, política e econômica impactam também no
significado que o trabalho assume sob a ótica dos trabalhadores e dos teóricos.
Por exemplo, para Marx, o trabalho pode ser percebido como positivo se
identificarmos a capacidade humana de se transformar e a natureza para o seu
bem, mas para ele o trabalho pode ser alienante dentro de um sistema
capitalista. No entanto, se questionarmos as pessoas no sistema capitalista,
talvez algumas não tenham a mesma percepção de alienação atribuída ao
trabalho por esse autor.
O cenário atual é de intensa competitividade entre trabalhadores e
empresas para a sua sobrevivência no mercado. Aliado a este fator, tem-se a
contribuição e impacto da tecnologia, que requer novas habilidades e
conhecimentos, como também pode vir a substituir a força humana.
31
enquanto houvesse a luz do sol, as pessoas trabalhavam. Nessa época, o
trabalho braçal era realizado predominantemente pelos homens, enquanto que
as mulheres se ocupavam de serviços domésticos e na criação dos filhos, não
sendo reconhecidas como trabalho essas atividades.
Os grupos sociais foram se organizando em tribos, que à medida que se
juntavam se constituíam as vilas e depois as cidades, povos e países. A
necessidade de um grupo dominar o outro resultou em lutas, guerras e
revoluções.
A sociedade se estratificava, se organizava e cada indivíduo, conforme
sua classe, ocupava uma função e um tipo de trabalho. Assim, foram surgindo
novas formas de trabalho além da pesca, caça e lavoura, aparecendo os
políticos, os governantes, os fiscais de impostos, os artesãos, os soldados, os
pajens, os filósofos, o clero, o pedagogo (servo que conduzia as crianças para
receberem educação), os curandeiros, as parteiras e assim por diante.
Evidentemente que as formas de trabalho disponíveis na Pré-história,
Idade Antiga, Idade Média, Idade Moderna e Idade Contemporânea são bem
distintas, sendo que a diversificação do trabalho em cada época apresenta
significados muito diferentes.
O trabalho foi se transformando, ao longo da história, de atividades
manuais e de força física para uma mescla de tarefas com esforço físico e outras
com esforço mental.
As quatro revoluções industriais impactaram neste processo de mudança
na forma de se trabalhar, sendo que a tecnologia exerceu grande influência neste
processo de transformação social do trabalho.
A automação, a informatização, o processo de gestão, a inovação
tecnológica, entre outros, contribuíram para que novas formas de serviço fossem
criadas. Da Antiguidade até essa período ocorreram as principais mudanças.
O trabalho, que durante muitos anos esteve delimitado por um espaço
físico, atualmente ganha liberdade no espaço cibernético, com o home office,
trabalho autônomo, com o empreendedorismo e com novo sentido e significado
atribuído a eles pelas novas gerações.
32
desenvolve-se como no significado, no sentido e nos valores
socioculturais dessa experiência. As condições de trabalho são
relativas às circunstâncias nas quais ele ocorre, já os significados
remetem a diferentes valores e concepções sobre trabalho
(COUTINHO, 2009 apud NEVES et al, 2018, p. 321)
Curiosidade
Você sabia que a geração Z e a nova geração denominada de “millennials”
possuem um posicionamento positivo e negativo bem consolidado e que mostra
um sentido e significado diferente para o trabalho, impactando fortemente nas
formas de gestão das empresas? Este novo olhar, no qual o trabalho tem uma
centralidade reduzida, faz com que as empresas tenham que repensar as formas
de atração e retenção de pessoas? Qual será o futuro das organizações?
Saiba mais
Para entender o que pensam os “millennials” e a geração Z em relação ao
trabalho, leia as reportagens nos links:
https://www.consumidormoderno.com.br/2019/05/31/millenials-z-menos-otimist
as/
https://www2.deloitte.com/br/pt/pages/human-capital/articles/millennials-survey
.html#
33
Segundo essa definição, pode-se considerar como organizações as
empresas de serviço, as indústrias, instituições de ensino, hospitais, os órgãos
públicos em suas diversas instâncias e níveis, lojas, dentre muitos tipos de
negócio. As organizações podem ser nacionais, multinacionais, capital misto e
ter portes diferentes e finalidades diversas.
Dentro das organizações há algumas pessoas que atuam como
executivos, os quais, conforme Robbins (2002, p. 2), “atingem seus objetivos por
meio do trabalho de outras pessoas. Eles tomam decisões, alocam recursos e
dirigem atividades de outros com o intuito de atingir determinados objetivos”.
Dentro deste contexto, pode-se observar que para atingir os objetivos
organizacionais tanto os executivos como as demais pessoas vão aplicar suas
habilidades técnicas e interpessoais. Algumas empresas utilizam o termo
“administradores” ao invés de “executivos”.
Diante do mundo empresarial atual, a vantagem competitiva pode fazer a
diferença entre a vida e a morte de uma organização. Gerir um negócio ao
sucesso e à sua sustentabilidade, portanto, requer a identificação de uma ou
mais vantagens competitivas.
Ao se analisar a história de sucesso de grandes organizações, como, por
exemplo, a Harley-Davidson, muitas pessoas não imaginariam que ela já esteve
à beira da falência em 1985. Como que essa empresa deu a volta por cima?
A Harley-Davidson identificou a necessidade de melhorar a produtividade,
mas ela estava diretamente relacionada ao nível de satisfação e motivação de
seus trabalhadores. Buscou soluções focando no comportamento humano e não
na tecnologia aplicada à produtividade. Esse caso é apenas mais um que ilustra
a importância do fator humano.
Wagner III & Hollenbeck (2000, p. 6) apontam que o “comportamento
organizacional é um campo de estudo voltado a prever, explicar, compreender e
modificar o comportamento humano no contexto das empresas”.
Os autores ainda analisam que há três considerações importantes que
precisam ser ponderadas:
34
também lida com as ações internas, tais como pensar, sentir, perceber
e decidir. As ações internas acompanham as ações externas;
➢ Estuda o comportamento tanto do indivíduo como deles em unidades
sociais maiores;
➢ Analisa o “comportamento” dessas unidades sociais maiores (os
grupos) por si, pois eles são muito mais que a soma dos
comportamentos dos indivíduos que o compõem, sendo analisado
como resultante de processos grupais ou organizacionais.
35
a percepção, o stress, a personalidade e o desenvolvimento humano. A
psicologia organizacional contribui com suas teorias sobre a seleção de pessoas,
as atitudes no local de trabalho e avaliação de desempenho.
As perguntas de pesquisa neste nível são:
36
2.2.4 Nível macro-organizacional
37
Todos os questionamentos nos diferentes níveis são importantes e se
complementam para a busca de uma maior eficácia a partir da otimização do
comportamento organizacional. Não é uma tarefa simples, mas sendo abraçada
por mais de uma pessoa dentro da mesma organização e ancorada na
contribuição das diversas ciências será possível encontrar as respostas
adequadas para cada tipo de empresa, pois não há uma fórmula única que se
aplica a todo tipo de organização.
Conclusão da aula 2
Nesta aula, você aprendeu que a palavra “trabalho” traz em sua origem
duas visões, uma negativa e outra positiva. Para algumas pessoas, o trabalho
poderá ser percebido como algo árduo, difícil e punitivo, como para outras
representa uma oportunidade de transformação pessoal e social por uma melhor
condição de vida para si e para a família.
A percepção que cada pessoa possui sobre o trabalho irá impactar na
forma de como irá exercê-lo e se relacionar com as outras pessoas no ambiente
organizacional, influenciando no resultado de sua equipe.
A compreensão do comportamento humano nos níveis do indivíduo, do
grupo e da estrutura organizacional, contribui muito para a eficácia das empresas
e dos indivíduos que nela trabalham.
Atividade de Aprendizagem
38
Aula 3 – Motivação, atitudes e liderança
Apresentação da aula 3
3.1 Motivação
Mídias
Para saber mais, assista ao vídeo O pensamento e a descoberta da ferramenta "2001:
Uma Odisseia no Espaço", que que mostra o pensamento e a descoberta da ferramenta
pelos hominídeos, disponível no link: https://www.youtube.com/watch?v=9etefsYMm5o
39
sem consistência técnica. É fácil se intitular expert em motivação, mas será que
por trás de muitos discursos não há uma intenção escusa?
Diante deste cenário em que há a mistura de literaturas, palestrantes,
teóricos e pesquisadores, separar o ‘joio’ do ‘trigo’ não é uma missão fácil, mas
não é impossível. E, uma das formas para se realizar esta tarefa é adquirindo
informações concisas sobre o tema.
É importante diferenciarmos entretenimento de motivação, pois há
muitas práticas intituladas como motivacionais, sendo que na realidade são
atividades de entretenimento.
Vocabulário
Reflita
Você já ouviu alguém comentando: “ah foi legal o curso, a gente riu muito, foi
divertido!” E, você, perguntou à pessoa: “o que aprendeu no curso?” Ela ao
40
responder te disse: “não me lembro, mas foi legal!”. Será que você já viveu essa
situação? Você se sentiu motivado?
41
consideram que a motivação ocorre de dentro para fora, ou seja, que no interior
do indivíduo há forças, impulsos, necessidades e desejos que quando intensos
irão direcionar o comportamento na busca de estímulos externos que venham a
atendê-los. Há outros teóricos que consideram que a motivação é provocada de
fora para dentro, visto que há estímulos externos que irão provocar o
desencadeamento de necessidades e desejos.
Sem dúvida que há estímulos externos que vão atender à satisfação das
necessidades e desejos humanos, no entanto, um mesmo estímulo terá um
significado motivador para uma pessoa enquanto para outra poderá até ser
aversivo ou indiferente.
Vamos ilustrar com um exemplo: se como professora eu disser que vou
presentear a turma de uma disciplina trazendo um prato salgado para um almoço
ou jantar, o que você sentiria? Certamente, a princípio eu seria aplaudida pelos
alunos, concorda? Mas, ao informar que vou trazer “dobradinha”, talvez alguns
estudantes vão sorrir, gostando e outros vão fazer caretas, não gostando. Isso
demonstra que o estímulo em si (a dobradinha) não tem um efeito motivador, ele
será percebido como motivador ou não pelo indivíduo.
Nesse exemplo, pode-se identificar o caráter intrínseco da motivação
(percepção conforme a história de vida e afetividade de cada um em relação ao
estímulo) e o aspecto extrínseco, afinal o estímulo está fora do indivíduo.
A questão que provavelmente você esteja se fazendo é: como que o
estímulo é percebido por uma pessoa como motivador e por outra não? Como
identificar os fatores externos motivadores em um ambiente organizacional a fim
de motivar os funcionários de uma organização? Para compreender melhor a
motivação humana, serão apresentadas algumas teorias motivacionais.
42
Maslow era psicólogo clínico e observou que muitos dos conflitos de seus
pacientes estavam relacionados com o trabalho e a motivação. Assim, após
muitos anos de pesquisa, ele apresentou sua teoria motivacional, amplamente
conhecida como a pirâmide de Maslow.
Para Maslow, o ser humano tem em seu interior cinco fatores de
necessidades motivacionais, que são:
43
Para Maslow, as necessidades de segurança e fisiológicas são básicas
para a sobrevivência do ser humano enquanto indivíduo e espécie; as
necessidades sociais, estima e autorrealização, são necessidades psicológicas,
um colaborador bem capacitado deve ser ouvido pelo seu gestor. Há
autores que fizeram uma tradução ou releitura diferente das ideias desse autor,
recomendamos para um aprofundamento ler sua teoria no original, evitando os
possíveis ruídos de comunicação que ocorrem naturalmente nas traduções.
Segundo Maslow, as necessidades estão dispostas em uma ordem
hierárquica, mas essa sequência pode ser diferente de pessoa para pessoa,
conforme as suas percepções sobre as prioridades em sua vida.
Douglas McGregor apresenta em sua teoria duas visões distintas do ser
humano em relação ao trabalho e aos seus gestores, sendo uma visão positiva
(a teoria X), e a outra uma visão negativa (a teoria Y). O quadro a seguir
apresenta as principais premissas dessas duas teorias.
X e Y, de McGregor
TEORIA X TEORIA Y
44
maior participação decisória por parte dos funcionários como estratégia para
maximizar a motivação.
A teoria dos dois fatores, de Frederick Herzberg, também conhecida como
Teoria dos fatores higiênicos e motivadores, considera que os fatores intrínsecos
estão associados à satisfação com o trabalho, enquanto os fatores extrínsecos
estão relacionados com a insatisfação.
Herzberg baseou-se no conceito de homeostase, da teoria de Canon,
para postular sobre os fatores higiênicos, considerando que esses elementos
quando presentes não provocam a motivação, mas o déficit, ou ausência, causa
a insatisfação na pessoa.
Vocabulário
Homeostase ou homeostasia: é capacidade do organismo de se manter
constante, para que suas funções e reações químicas essenciais não sejam
influenciadas e permaneçam dentro dos limites aceitáveis à manutenção da vida.
Processo de regulação que mantém o organismo em constante equilíbrio,
homeostasia. Estado de equilíbrio do organismo em relação às funções e
composições químicas que fazem parte do corpo.
Reflita
Você concorda com os fatores arrolados na imagem a seguir como higiênicos,
ou seja, quando estão em déficit ou ausentes provocam a insatisfação, mas
quando presentes não despertam a motivação nos funcionários?
45
Motivadores e fatores de higiene de Herzberg
Fatores motivadores
• Satisfação
Realização
Reconhecimento
Significância
Responsabilidade
Avanço • Sem satisfação
Crescimento
Fatores de higiene
46
Comparativo entre Satisfação e Insatisfação
Fonte: acervo do autor (2019), adaptado de (ROBBINS, 2002, p. 155).
47
necessidade de poder gostam de estar no “comando”, de estarem em situações
competitivas e de status. Eles se preocupam mais com o prestígio que possuem
e com a influência que exercem do que com o desempenho eficaz.
A necessidade de associação (nAff) ou afiliação diz respeito ao desejo de
ser amado e aceito pelos outros, assim as pessoas com esta necessidade
elevada buscam mais a amizade, situações de relacionamento e cooperação,
envolvendo alto grau de compreensão mútua.
Realização
Motivação
Poder Associação
48
Dessa forma, pode-se identificar que há três relações presentes nessa
teoria:
Por meio dessa teoria, pode-se entender por que tantos indivíduos não se
sentem motivados em seu trabalho, fazendo apenas o mínimo para assegurar o
seu emprego. Há algumas perguntas-chaves para identificar, em suas respostas,
como está a relação motivacional do trabalhador com sua função, condições de
trabalho e organização como um todo (ROBBINS, 2002). São elas:
Reflita
Quais serão as respostas, para essas questões, fornecidas por você e por seus
colegas de trabalho?
49
como positiva. A próxima imagem demonstra esta relação entre esforço,
desempenho e recompensa:
Expectativa Intrumentalidade
Esforço Meu esforço Desempenho Meu desempenho Recompensa
melhora o traz
desempenho. recompensas.
Valência
As recompensas são atraentes e valiosas
Fonte: elaborado pelo autor (2019), adaptado pelo DI (2020).
Saiba mais
Conheça outras teorias motivacionais lendo o capítulo sobre motivação no livro
Comportamento Organizacional, de Stephen P. Robbins.
3.2 Atitudes
50
para “postura física sugestiva de estado mental”
(ORIGEMDAPALAVRA, 2020, s. / p.).
Cognição
ATITUDE
Afeto
Comportamento
Os três componentes da atitude
Fonte: elaborado pelo autor (2019).
51
campanha publicitária pode levar um consumidor a desenvolver um sentimento
favorável a uma determinada marca que antes ele nunca havia comprado, neste
caso, um produto.
A atitude da pessoa é influenciada pelas informações do produto, serviço
ou causa (componente cognitivo), mas será impactada e com maior influência
pelo componente afetivo da atitude, optando por determinado comportamento
em relação ao consumo deste item, serviço ou causa. Veja um exemplo prático
de uma campanha publicitária do hospital Ana Costa de Santos (SP) para
aumentar o número de doadores de sangue:
52
E como as atitudes impactam no ambiente de trabalho? Há três tipos de
atitudes possíveis: satisfação com o trabalho, envolvimento com o trabalho e
comprometimento organizacional.
A satisfação no trabalho se refere à atitude geral (positiva ou negativa) de
uma pessoa em relação ao trabalho que realiza. Se a pessoa se sente satisfeita,
tende a apresentar atitudes positivas em relação ao trabalho, enquanto se estiver
insatisfeita suas atitudes serão negativas. Essas atitudes positivas ou negativas
irão impactar no desempenho individual como nas relações com as outras
pessoas.
O envolvimento com o trabalho depende do grau que a pessoa se
identifica com ele, participando ativamente dele e considerando o seu
desempenho como algo valioso para si mesmo. Observa-se que trabalhadores
com elevado grau de envolvimento tendem a ter baixo nível de absenteísmo e
diminui o índice de demissão voluntária.
O comprometimento organizacional diz respeito ao grau que um indivíduo
se identifica com determinada empresa e seus objetivos, desejando manter-se
como parte da organização. Uma organização com trabalhadores com elevado
índice de comprometimento organizacional terá níveis baixos de rotatividade e
de absenteísmo. Quando há insatisfação em relação à imagem da empresa em
si, há uma tendência de maior probabilidade de demissões voluntárias.
Envolvimento com
o Trabalho
TIPOS DE
ATITUDES
NO
TRABALHO
53
O comprometimento organizacional está sendo percebido como uma das
atitudes menos importantes diante da fluidez da sociedade atual, na qual a
permanência na mesma organização deixou de ser valorizada pelos indivíduos
e empresas. Ele está sendo substituído pelo comprometimento ocupacional.
Entretanto, observa-se que as pessoas tendem a mudar suas atitudes
para entrarem em sintonia com seus comportamentos, colegas e contingências
sociais, visando uma consistência e coerência entre comportamento e atitude.
O conceito de atitudes é utilizado como um dos componentes do conceito
de competência, sendo ela “um conjunto de conhecimentos, habilidades e
atitudes que justificam um alto desempenho na medida em que há também um
pressuposto de que os melhores desempenhos estão fundamentados na
inteligência e na personalidade das pessoas” (FLEURY & FLEURY, 2008, p. 28).
LeBoterf (2001) considera que o conceito de competência está em
construção, se observarmos que se trata de um termo antigo, mas que vem
assumindo novos conceitos e significados ao longo do tempo.
Na metáfora da árvore, o conceito de atitude equivale à raiz, referindo-se
a valores, a princípios, aos comportamentos, aos pontos de vista, às opiniões e
às percepções, atos pessoais, querer. Enquanto as habilidades são comparadas
às folhas, pois elas trocam, são substituídas e dizem respeito à capacidade de
colocar seus conhecimentos em ação que geram resultados, por meio do
domínio e uso de técnicas, talentos e capacidades, portanto é o saber fazer. Os
conhecimentos são comparados ao tronco da árvore, pois liga as habilidades às
atitudes. Os conhecimentos são representados pelas informações, fatos,
procedimentos e conceitos, é o saber (GRAMIGNA, 2007).
54
As atitudes são apontadas pelos diversos autores como um dos
componentes fundamentais da competência, visto que se uma pessoa detém
determinado conhecimento (saber) e tem habilidade para colocar em prática
(saber fazer), mas mesmo assim ela não quiser fazer, ou seja, não tiver a
atitude, (querer fazer acontecer) não irá gerar resultados, nesse contexto de
nada vai adiantar seus conhecimentos e habilidades sem uma boa dose de
atitude. Assim, a atitude faz a diferença.
Certamente você já deve ter presenciado muitos colegas de trabalho que
poderiam ter realizado algo e que simplesmente não o fizeram, não por falta de
conhecimento ou de habilidade, mas pela falta de atitude.
A moderna gestão de pessoas considera como filosofia básica a
cooperação mútua, ou seja, a responsabilidade pelo desenvolvimento do
profissional é compartilhada entre a empresa e o funcionário. O modelo da árvore
de competências torna-se uma das ferramentas úteis para este processo de
gestão.
Segundo Gramigna (2007, p. 122), “para traçar uma árvore é necessário
enfatizar cada um dos componentes da competência”: as atitudes, o
conhecimento e as habilidades. Como fazer isso? A autora considera que: “um
dos indicadores de impacto e que dá distinção aos profissionais de vanguarda
vem a ser o conjunto de atitudes agregadas à ação cotidiana. Quanto mais
adequadas ao contexto, maior seu nível de influência diante dos liderados”.
Em relação ao conhecimento, ela assinala que “cada posto de trabalho
exige conhecimentos específicos e essenciais [...] O domínio de procedimentos,
conceitos, fatos e informações relevantes interferem diretamente na qualidade
desses processos” (GRAMIGNA, 2007, p. 123).
Para a autora, “as habilidades precisam ser demonstradas na prática”
(GRAMIGNA, 2007, p. 123), sendo que de nada adianta para uma pessoa ter
um rol diversificado de conhecimentos, se eles estão armazenados como em um
baú antigo. É necessário fazer o uso adequado das informações teóricas
adquiridas no transcorrer da vida.
O papel da liderança para o desenvolvimento deste modelo de gestão é
fundamental, pois o líder deverá estar atento a seu próprio desenvolvimento
55
como o de sua equipe. É ele quem irá conduzir de forma facilitadora ou não o
modelo.
3.3 Liderança
56
autores criticaram a visão dele, pois consideraram que diminuiu o papel do líder.
As teorias tradicionais de liderança, entretanto, superestimam a figura do líder.
A liderança não pode ser superestimada nem subestimada, pois o líder exerce
um papel importante diante de situações instáveis e ele é um agente de
mudança, que deve inspirar coragem a seus seguidores (LACOMBE, 2005).
Os líderes exercem sua influência por meio do poder que possuem, mas
que tipo de poder é esse? Para Max Weber, “o poder é a capacidade para
controlar indivíduos, eventos ou recursos, fazendo com que aconteça aquilo que
a pessoa quer, a despeito de obstáculos ou oposições” (LACOMBE, 2005, p.
203). Entretanto, vamos considerar o poder da liderança como sendo a
capacidade para influenciar pessoas, decisões e o uso de recursos. Há três tipos
de poder: legítimo, de referência (ou referente) e saber.
O poder legítimo é decorrente da posição hierárquica que a pessoa ocupa
na organização, incluindo dois tipos de poderes complementares: o poder de
recompensa e o coercitivo ou de punição, utilizados como instrumentos para o
exercício do poder.
O poder referente ou de referência decorre da influência exercida pelo
líder em função do respeito e da afeição que as pessoas nutrem por ele, por
causa de suas qualidades, caráter, personalidade, coragem, sua capacidade de
agir e ousadia. Os líderes carismáticos possuem em algum grau este tipo de
poder. As pessoas com poder referente tornam-se exemplos para seus
liderados.
O poder do saber ancora-se no conhecimento que a pessoa tem, incluindo
conhecimentos técnicos, experiência e informação. Há pessoas que não
compartilham informações para exercer este tipo de poder.
Embora a organização busque distribuir o poder legítimo de forma
equitativa entre os líderes do mesmo nível, cada um poderá exercer de forma
diferente, conforme suas características pessoais. Alguns líderes serão mais
criativos no uso dos recursos disponíveis e na administração das recompensas
e punições. O poder legítimo não pode ser delegado.
Um outro aspecto importante no exercício da liderança está relacionado à
visibilidade, ou seja, à capacidade de divulgar os resultados de sua área de
trabalho, as conquistas e vitórias da equipe. O marketing pessoal é importante
para o exercício da liderança, sendo que ele deverá ser utilizado de forma
57
adequada, pois o uso excessivo faz com que a pessoa seja percebida como um
pavão, alguém que está se mostrando, mas que seus resultados estão abaixo
da média.
Mussak (2010) considera que a liderança é uma habilidade latente em
todas as pessoas, todos possuem potencial para liderança, assim como têm
potencial para esportes ou atividades artísticas. O autor pondera sobre o aspecto
situacional da liderança, ou seja, depende do contexto e do momento que as
pessoas estão vivendo. Uma pessoa poderá ser um líder destacado em uma
organização e em outra não exercer o papel de liderança.
Segundo Mussak (2010, p. 51), o líder é um desenvolvedor de pessoas,
a “liderança é muito mais um processo de dar poder às demais pessoais do que
o exercício pessoal do poder”. Para ele, os líderes eficazes inspiram as pessoas,
alinham a energia de seus liderados com a visão das metas, criam expectativas
atingíveis e desafiadores, premiando as etapas realizadas, não usam de força
externa nem manipulam, ao contrário, capacitam as pessoas a usar a sua própria
iniciativa e experiência.
A liderança existe em todos os níveis da organização, não se restringindo
ao topo dela. Contudo, nem todos os líderes na empresa serão eficazes, assim
é muito importante a educação continuada dos líderes por meio de programas
de desenvolvimento gerencial, coaching, mentoring e programas trainee.
Vocabulário
Coaching: é uma palavra inglesa que indica uma atividade de formação pessoal
em que um instrutor (coach) ajuda o seu cliente (coachee) a evoluir em alguma
área da sua vida. A palavra coaching vem da palavra inglesa "coach" e significa
treinador. Esse treinador tem o objetivo de encorajar e motivar o seu cliente a
atingir um objetivo, ensinando novas técnicas que facilitem seu aprendizado.
Mentoring: é um termo inglês, normalmente traduzido como "tutoria", "mentoria",
"mentorado" ou "apadrinhamento". O mentoring é uma ferramenta de
desenvolvimento profissional e consiste que uma pessoa experiente ajudar outra
menos experiente.
Trainee: é um cargo hierárquico em uma empresa, em que trabalham os
profissionais que ainda estão em processo de treinamento. Geralmente são
pessoas que estão terminando o curso de ensino superior. Na maioria das
58
empresas, o trainee está em treinamento para assumir posteriormente um cargo
superior, como gerente ou coordenador, por exemplo.
Mussak (2010, p. 53) defende a ideia de que “o líder precisa acreditar que
as pessoas aprendem quando ensinam”, desta forma, haverá uma linha de
comunicação constante e franca com os seus liderados. Quando transmitem-se
informações, sempre encontra-se algo para acrescentar na “bagagem” de
conhecimentos. E, como sabiamente disse Aristóteles: “somos o que
repetidamente fazemos. A excelência, portanto, não é um feito, mas um hábito.”
O autor ressalta que a função do líder é tornar eficazes os pontos fortes
das pessoas e irrelevantes seus pontos fracos, ou seja, ele deve atuar como um
líder coach ou mentor.
Considerando que as pessoas são diferentes em múltiplos aspectos, o
líder precisa respeitar a diversidade, não tratando as pessoas da mesma forma.
Ao defender a igualdade entre as pessoas, pode-se agir de forma injusta, pois
não consideram-se as necessidades e características individuais, que são
diferentes. O líder, portanto, precisa priorizar a justiça em respeito à diversidade,
como tão bem ilustra a figura.
Igualdade e justiça
Fonte: https://direitodetodos.com.br/todos-sao-iguais-perante-a-lei/
59
nos talentos de seus liderados, apostando neles e os encorajando para ação. As
pessoas precisam participar da solução de problemas comuns, comungando os
créditos dos resultados e as responsabilidades dos eventuais fracassos. Nessa
interação, os laços de confiança aumentam e se potencializam os talentos
conforme a característica de cada colaborador.
Robbins (2002, p. 304) define liderança como “a capacidade de influenciar
um grupo em direção ao alcance de objetivos”. Há diversas teorias para a
compreensão e explicação desta importante competência.
A teoria dos traços de liderança buscou identificar algumas características
de personalidade como indicadores de perfil dos líderes. Entretanto, tal hipótese
não encontrou sustentação por muito tempo, visto que alguns traços apontados
para o perfil de líder como ambição, energia e inteligência também estão
presentes em pessoas que não possuem perfil de liderança.
As teorias comportamentais buscaram identificar os comportamentos
comuns em diferentes líderes de sucesso. Na Universidade Estadual de Ohio
surgiu a teoria comportamental que classifica os comportamentos em duas
dimensões: estrutura de iniciação e consideração.
De acordo com essa teoria, a estrutura de iniciação representa a extensão
em que um líder define a estrutura de seu próprio papel e dos seus liderados,
organizando o trabalho, as relações e as metas, com padrões de desempenho
claramente definidos. Já a consideração é definida pela extensão em que o líder
mantém relacionamentos de trabalho com confiança mútua, respeito às ideias
dos liderados e cuidado com os sentimentos deles, mostrando preocupação com
o bem-estar, conforto, status e satisfação dos colaboradores de sua equipe. Os
líderes são classificados em graus de baixo a alto, conforme a ênfase de sua
atuação: estrutura de iniciação (alta ou baixa) e consideração (alta ou baixa). O
ideal seria ser um líder alto-alto, o que é difícil de encontrar na prática.
Os estudos na Universidade de Michigan ocorreram na mesma época que
as pesquisas em Ohio, sendo que receberam terminologias diferentes, embora
tenham muitos pontos em comum. O grupo de Michigan também classificou os
comportamentos em duas dimensões: liderança orientada para o funcionário e
orientação para a produção. Os líderes com orientação para os funcionários
priorizavam as relações interpessoais, aceitando as diferenças em seu grupo e
mostrando interesse pessoal pelas necessidades dos colaboradores. Já os
60
líderes orientados para a produção priorizavam os aspectos técnicos, pois sua
principal preocupação era com as tarefas do grupo e o resultado. Percebiam as
pessoas como um meio para atingir o fim, o resultado. Identificaram que os
líderes orientados para a produção tinham baixos índices de produtividade e
satisfação de seus funcionários.
Blake e Mouton, em 1964, desenvolveram o Grid Gerencial, no qual era
possível uma representação gráfica em uma visão bidimensional dos estilos de
liderança, preocupado com as pessoas e preocupado com a produção. O grid é
constituído de nove posições em cada eixo, totalizando 81 posições diferentes.
O grid expressa a forma como os líderes pensam em relação à obtenção de
resultados, se estão mais preocupados com a produção ou com as pessoas para
o alcance desses resultados. No eixo vertical, tem-se a preocupação com as
pessoas desde o nível 1 (baixa) ao nível 9 (elevada), enquanto que no eixo
horizontal tem-se a preocupação com a produção do nível 1 (baixa) ao nível 9
(alta). Assim, em consonância com essa teoria, o nível 1.9 equivale ao líder tipo
laissez-faire, o nível 9.1 ao estilo autoritário e 9.9 seria o melhor estilo de
liderança (ROBBINS, 2002).
61
As abordagens comportamentais não consideram os fatores
contingenciais, ou seja, será que determinado estilo de liderança apresenta os
mesmos resultados em um contexto organizacional ou histórico diferente?
As teorias contingenciais surgiram para incluir o contexto contingencial
para o exercício da liderança, destacando-se dentre elas a teoria de Hersey e
Blanchard, denominada de Teoria situacional. De acordo com essa teoria, o
enfoque está centrado nos liderados, pois a eficácia da liderança está nas ações
realizadas pelos liderados. Dessa forma, o líder precisa conhecer seus liderados
para escolher o estilo mais adequado ao nível de conhecimento e maturidade
deles.
62
➢ O estilo E1, determinar: é necessário quando os liderados se
sentem inseguros em relação à tarefa a ser desempenhada,
necessitando de maior direcionamento por parte do líder;
➢ O estilo E4, delegar: poderá ser aplicado para liderados com alta
maturidade, os quais possuem competência técnica e segurança
para a entrega de resultados. Nesta situação, o líder poderá atuar
dando mais autonomia e delegação de responsabilidades aos
liderados, mas deixando claro que eles poderão contar com seu
apoio quando houver necessidade.
63
Teoria da meta e do caminho, Robert House
Fonte: https://slideplayer.com.br/slide/9780246/
64
Saiba mais
Para saber mais sobre estilo de liderança, seguem algumas sugestões:
http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1806-
48922019000200291&lng=en&nrm=iso
https://gestaodeequipes.com.br/7-maiores-lideres-mundiais/
Livro: 10 líderes que mudaram o mundo. Autor: Clive Gifford Editora: FTD
Mídias
Outras sugestões com a mesma temática de liderança, os filmes Desafiando
Gigantes, disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=QaqBktnU_Eg e o filme
Duelo de Titãs, disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=oBODacbXBlI
Conclusão da aula 3
Chegamos ao final de mais uma aula. Nela você aprendeu sobre três
grandes temas do comportamento micro-organizacional: motivação, atitudes e
liderança. Como profissional atuando na área de RH, ou como gestor, é
fundamental compreender a diferença entre motivação e entretenimento, pois há
muitos programas intitulados como motivacionais quando na realidade são
atividades recreacionais, de entretenimento, cujo impacto motivacional é
momentâneo. Você aprendeu as principais teorias motivacionais, as tradicionais
como a pirâmide das necessidades básicas, de Maslow, a teoria das
necessidades, de McClelland, a teoria dos fatores higiênicos e motivadores, de
Herzberg, a teoria do caminho-objetivo e a teoria das expectativas, de Vroom.
Em seguida, você aprendeu que as atitudes não são equivalentes a
comportamento, embora tenham uma relação com ele, mas que elas são o
diferencial para a competência profissional.
Refletimos sobre o significado e as implicações da liderança para as
relações de trabalho, aprendendo sobre as teorias clássicas de liderança: a
teoria dos traços, por meio da qual a liderança é percebida como uma
característica nata, ou seja, algumas pessoas nascem líderes e outras não,
sendo que esta visão é substituída pelas teorias comportamentais, nas quais se
65
pressupõe que a liderança pode ser desenvolvida. Dentre as teorias
comportamentais, você aprendeu que o comportamento do líder pode ser
direcionado às pessoas ou à tarefa, produtividade, conforme as pesquisas em
Ohio e Michigan. O Grid Gerencial, de Blake e Moutan, mostra 81 posições
comportamentais distintas para o líder, sendo que as extremas são mais
analisadas. As teorias contingenciais de liderança complementaram as teorias
comportamentais, trazendo a importância de o líder se conhecer e conhecer seus
liderados para optar pelo estilo mais adequado à situação.
Atividade de Aprendizagem
Apresentação da aula 4
Olá, aluno! Como você já deve ter observado, destinamos uma grande
carga horária diária para as atividades relacionadas ao trabalho, sendo que por
meio dele desenvolvemos e conquistamos muitas coisas. Entretanto, nas
organizações há outras pessoas com as quais temos que interagir, mas nem
sempre nutrimos um sentimento positivo em relação ao outro e podemos até
divergir de opinião ou ideia, o que impacta no surgimento de conflitos. Cada
pessoa tem seu próprio nível de resistência aos impactos das pressões e
conflitos no trabalho, podendo em alguns casos vir a adoecer. Nesta aula, te
66
convido a entender melhor sobre os fatores que levam as pessoas a adoecer no
trabalho e as doenças ocupacionais mais frequentes na atualidade. Vamos
entender melhor sobre isso e assim buscar nossa saúde?
67
afeta a tantos carentes da nossa população (ALMEIDA FILHO, 2000,
p. 1).
Vocabulário
O dicionário online apresenta as seguintes definições para saúde: 1. estado de
equilíbrio dinâmico entre o organismo e seu ambiente, o qual mantém as
características estruturais e funcionais do organismo dentro dos limites normais
para sua forma de vida e para a sua fase do ciclo vital. 2. estado de boa
disposição física e psíquica; bem-estar: "apresenta ótima saúde." 3. brinde,
saudação que se faz bebendo à saúde de alguém. 4. força física; robustez, vigor,
energia: "trabalho pesado requer muita saúde." 5. Interjeição, voto que se faz a
alguém que espirra.
Disponível em: https://www.google.com/search?q=dicion%C3%A1rio+online&oq=dicion
&aqs=chrome.1.69i57j69i59l2j0l2j69i61l2j69i60.4964j0j7&sourceid=chrome&ie=UTF-
8#dobs=sa%C3%BAde
Vocabulário
69
4.1.1 Conflitos organizacionais
70
5. O conflito poderá ajustar, sendo de identidade e propósitos
decorrentes das diferenças individuais e grupais.
71
dividem em doenças profissionais e doenças do trabalho, estando amparadas
em nossa legislação. O art. 20 da Lei 8.213/91 considera:
Portanto, pela Constituição Federal (art. 7º, XXIII apud LACOMBE, 2005,
p. 257), “é um direito do empregado a redução dos riscos inerentes ao trabalho,
por meio de normas de saúde, higiene e segurança”.
Dessa forma, conforme a quantidade de funcionários e o grau de risco da
atividade, as organizações precisam ter um órgão especializado destinado a
atender os aspectos de saúde e segurança ocupacional, sendo vinculado à área
de recursos humanos ou de gestão de pessoas. Esta área recebe diferente
denominações conforme a empresa, sendo elas relacionadas à medicina,
higiene, saúde e segurança no trabalho, sendo, por conseguinte, seu quadro de
colaboradores definidos conforme as recomendações da Norma
Regulamentadora (NR 4), ilustrada na imagem a seguir.
A saúde e a segurança dos trabalhadores não são responsabilidades
exclusivas desse órgão, mas também responsabilidades dos gestores, portanto,
eles precisam ser orientados, treinados e capacitados para contribuir no
processo educacional de seus colaboradores no que tange à saúde e à
segurança no trabalho.
72
Dimensionamento, setor de medicina, segurança e saúde do trabalho
(NR4)
Fonte: https://enit.trabalho.gov.br/portal/images/Arquivos_SST/SST_NR/NR-04.pdf
73
Saiba mais
74
estudo Saúde Brasil 2018, do Ministério da Saúde. Utilizando dados do
Sistema de Informação de Agravos de Notificação (Sinan), o
levantamento aponta que, entre os anos de 2007 e 2016, 67.599 casos
de LER/Dort foram notificados à pasta. Neste período, o total de
registros cresceu 184%, passando de 3.212 casos, em 2007, para
9.122 em 2016. Tanto o volume quanto o aumento nos casos nesse
período sinalizam alerta em relação à saúde dos trabalhadores.
(http://www.saude.gov.br)
75
Saiba mais
76
se dizer que quanto maior a resiliência, menor a incidência de sintomas físicos
relacionados ao estresse.
Segundo Edwards (1996 apud Wagner III e Hollenbeck, 2000, p. 121),
“stress é um estado emocional desagradável que ocorre quando as pessoas
estão inseguras de sua capacidade para enfrentar um desafio percebido em
relação a um valor importante”.
Neste conceito há três componentes importantes: desafio percebido (nem
sempre corresponde à realidade), valor importante (está associado à condição
pessoal e momentânea) e incerteza da resolução (depende do quanto a pessoa
se percebe capaz para lidar com a situação).
Esta análise permite identificar que a origem do estresse não está
associada à possibilidade de um resultado negativo, mas à incerteza de lidar
com o desafio.
Hans Selye desenvolveu uma teoria denominada “síndrome de adaptação
geral” para explicar a relação entre o stress e os sintomas físicos. Para o autor,
há três fases para a reação do corpo ao stress crônico: alarme, resistência e
esgotamento.
77
humano para uma batalha, há alteração da pressão arterial, retenção de água e
sais, aumento da produção de ácido gástrico, entre outras.
Na fase da resistência, os sintomas da primeira fase cessam. Embora o
organismo ainda esteja em ação, há aumento dos níveis de hormônio secretado
pela glândula pituitária, córtex e renal.
Caso a situação de estresse continue, o indivíduo migra para a fase de
esgotamento, na qual a pessoa não consegue mais se adaptar ao estresse
contínuo, reaparecendo os sintomas da primeira fase e a pessoa pode vir a ter
uma estafa (estado de exaustão), com consequências de dano físico grave,
podendo levar à morte por doença cardíaca ou infarto.
Para Selye, tanto o distress quanto o eustress poderão desencadear uma
situação de adaptação geral. O apoio social e o tratamento clínico adequado são
fundamentais para a pessoa superar a situação de estresse emocional e físico.
Robbins (2002) apresenta o modelo de estresse representado na imagem
a seguir. Os fatores potenciais desencadeadores do estresse podem ser de três
tipos: ambientais, organizacionais e individuais. As diferenças individuais,
principalmente a percepção e a atitude de resiliência, influenciam muito o
posicionamento da pessoa diante da situação de estresse experimentada. Há
pessoas que enfrentarão a situação estressora sem desenvolver sintomas e
outras poderão desenvolver sintomas físicos, psicológicos e comportamentais.
Modelo de estresse
Fonte: Robbins (2002, p. 551).
78
Importante
79
A palavra burnout, de origem inglesa, deriva de dois termos, burn, que
significa queimar, e out, que quer dizer fora. Logo, burnout seria algo similar a
queimar para fora, que foi traduzido como esgotamento.
O Ministério da Saúde define a Síndrome de Burnout como “um distúrbio
emocional com sintomas de exaustão extrema, estresse e esgotamento físico
resultante de situações de trabalho desgastante, que demandam muita
competitividade ou responsabilidade”. Ela também é denominada de Síndrome
do Esgotamento Profissional, visto que uma de suas principais causas é o
excesso de trabalho. As pessoas que exercem profissões nas quais a pressão é
maior, mais frequente e intensa, como os médicos, enfermeiros, professores,
policiais, jornalistas, dentre outros, são mais propícias a desenvolver essa
síndrome.
Envolve nervosismo, sofrimentos psicológicos e problemas físicos, como
dor de barriga, cansaço excessivo e tonturas. O estresse e a falta de vontade de
levantar de sair da cama ou de casa são alguns dos sintomas. Em casos mais
intensos, pode levar a uma profunda depressão e afastamento do trabalho de
forma temporária ou definitiva.
Caso você, alguém de sua família ou colega de trabalho esteja
apresentando alguns dos sintomas arrolados no site do Ministério da Saúde, não
hesite em procurar a ajuda profissional de um médico ou de um psicólogo, pois
são os profissionais da saúde devidamente qualificados para o diagnóstico da
doença.
Um caso recente que se tornou conhecido na mídia foi de uma jornalista
que foi recontratada após ter sido demitida devido a essa doença. Leia sobre
essa história no link abaixo:
Saiba mais
https://exame.abril.com.br/carreira/globo-tera-que-recontratar-jornalista-izabella
-carmargo-diz-veja/
80
um esgotamento considerado um “fenômeno ocupacional”, passando a ser
identificado com o cognome de “QD85” e com o CID (Classificação Internacional
das Doenças), a partir de 01, de janeiro, de 2022, CID-11. Essa decisão irá
impactar nas políticas públicas de saúde, assim como nas políticas
administrativas.
Saiba mais
Conclusão da aula 4
81
Desejo que, ao conhecer os fatores causadores das doenças
ocupacionais, você possa contribuir para minimizá-los em sua empresa e adotar
comportamentos em busca de sua qualidade de vida e saúde plena.
Atividade de Aprendizagem
82
Índice Remissivo
83
(Comportamento; organizacional; sistemas)
Motivação .................................................................................................. 39
(Evolução; humanidade; motivação)
Atitudes ...................................................................................................... 50
(Atitude; comportamento; valores)
Liderança ................................................................................................... 56
(Fenômeno; liderança; relação)
84
REFERÊNCIAS
ALMEIDA FILHO, N. Qual o sentido do termo saúde? Cafajeste. Saúde Pública: Rio
de Janeiro, v. 16, n. 2, p. 300-301, junho de 2000. Disponível em
<http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0102-
311X2000000200001&lng=en&nrm=iso>. acesso em 19 de novembro de 2019 às
10h20min
COLLIN, C. et al. O Livro da Psicologia. Trad. Clara M. Hermento e Ana Luiza Martins.
São Paulo: Globo, 2012.
85
http://www.fafich.ufmg.br/cogvila/dischistoria/Gomes2.pdf Acesso em: 01/10/2019 às
13h26min.
MARRAS, J.P. Administração de Recursos Humanos. 13ª ed. São Paulo: Saraiva,
2009.
NEVES, D.R.; NASCIMENTO,R.P.; FELIX JR., M.S.; SILVA, F.A.; ANDREADE, R.O.B.
Sentido e significado do trabalho: uma análise dos artigos publicados em periódicos
associados à Scientific Periodicals Electronic Library. Rio de Janeiro: Cad. EBAPE.BR,
v. 16, nº 2, abr/jun. 2018 Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/cebape/v16n2/1679-
3951-cebape-16-02-318.pdf Acesso em: 11/10/2019 às 14h31min
PENNA, A.G. História das ideias psicológicas. (2ª ed.). Rio de Janeiro: Imago, 1991.
ROBBINS, S.P. Comportamento organizacional. (9ª ed.). São Paulo: Prentice Hall,
2002.
SILVA, Priscila Lopes da; NUNES, Simone Costa; ANDRADE, Darly Fernando. Estilo
do líder e comprometimento dos liderados: associando construtos em busca de
86
possíveis relações. Rev. bras. gest. neg., São Paulo , v. 21, n. 2, p. 291-311, June
2019 . Available from <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1806-
48922019000200291&lng=en&nrm=iso>. access on 15 Nov. 2019. Epub Aug 26,
2019. http://dx.doi.org/10.7819/rbgn.v21i2.3975. Acesso em 12/11/2019 às 9h50min
SPECTOR, P.E. Psicologia nas organizações. São Paulo: Editora Saraiva, 2005.
87