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1
Patrícia Affonso Gaspar
Comportamento organizacional
1ª Edição
2020
Curitiba, PR
Faculdade UNINA
2
Faculdade UNINA
Rua Cláudio Chatagnier, 112
Curitiba – Paraná – 82520-590
Fone: (41) 3123-9000
Conselho Editorial
D.r Alex de Britto Rodrigues / D.ra Diana Cristina de Abreu /
D.r Eduardo Soncini Miranda / D.ra Gilian Cristina Barros /
D.r João Paulo de Souza da Silva / D.ra Marli Pereira de Barros Dias /
D.ra Rosi Terezinha Ferrarini Gevaerd / D.ra Wilma de Lara Bueno /
D.ra Yara Rodrigues de La Iglesia
Revisão de Conteúdos
Monika Fritz
Designer Instrucional
Vianeis Rodrigues Pereira
Revisão Ortográfica
Alexandre Kramer Morgentern
Desenvolvimento Iconográfico
Juliana Emy Akiyoshi Eleutério
FICHA CATALOGRÁFICA
67 p.
ISBN: 978-65-990214-5-9
1. Diversidade nas organizações. 2. Estrutura organizacional. 3. Tipos de equipe.
Material didático da disciplina de Comportamento organizacional – Faculdade
UNINA, 2020.
Natália Figueiredo Martins – CRB 9/1870
3
PALAVRA DA INSTITUIÇÃO
Caro(a) aluno(a),
Seja bem-vindo(a) à Faculdade UNINA!
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Sumário
Prefácio ...................................................................................................... 07
Aula 1 – O estudo sobre o comportamento organizacional........................ 08
Apresentação da aula 1.............................................................................. 08
1.1 Introdução ao comportamento organizacional........................... 08
1.1.1 Disciplinas que contribuem para o estudo do comportamento
organizacional................................................................... 10
1.1.2. Principais questões e desafios no campo do comportamento
organizacional................................................................... 13
1.2 Mapa conceitual da disciplina.................................................... 18
Conclusão da aula 1................................................................................... 19
Aula 2 – O indivíduo................................................................................... 20
Apresentação da aula 2.............................................................................. 20
2.1 Diversidade nas organizações................................................... 20
2.1.1 A diversidade superficial......................................................... 22
2.1.2 A diversidade profunda........................................................... 25
Conclusão da aula 2................................................................................... 33
Aula 3 – O grupo......................................................................................... 34
Apresentação da aula 3.............................................................................. 34
3.1 Atitude e comportamento........................................................... 35
3.2. Definição e classificação dos grupos....................................... 38
3.2.1 Tomada de decisões em grupo............................................... 40
3.2.2 Grupos e equipes.................................................................... 41
3.2.3 Tipos de equipes..................................................................... 44
3.3 Comunicação organizacional...................................................... 46
3.3.1 Liderança................................................................................. 47
Conclusão da aula 3................................................................................... 49
Aula 4 – A organização.............................................................................. 50
Apresentação da aula 4.............................................................................. 50
4.1 Estrutura organizacional............................................................ 51
4.1.1 Estrutura organizacional e estratégia..................................... 54
4.1.2 Estrutura organizacional e o comportamento dos
funcionários................................................................................................ 57
4.2 Cultura organizacional............................................................... 58
4.2.1 Vantagens de uma cultura organizacional forte.................... 59
5
4.2.2 Desvantagens da cultura organizacional forte........................ 60
4.3 Práticas de recursos humanos.................................................. 61
Conclusão da disciplina.............................................................................. 64
Índice Remissivo......................................................................................... 65
Referências................................................................................................. 67
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Prefácio
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Aula 1 – O estudo sobre o comportamento organizacional
Apresentação da aula 1
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A organização
Fonte:https://br.freepik.com/vetores-gratis/situacao-organizacao-empresarial_832118.h
tm
9
administração. Atualmente, as organizações devem não somente produzir valor
para os seus consumidores, mas também para todos os seus públicos diretos e
indiretos, incluindo funcionários, comunidades locais e meio ambiente. O objetivo
é desenvolver soluções que possam conciliar os objetivos de lucratividade da
organização às necessidades de bem-estar de todos os grupos envolvidos.
10
personalidade, emoções, treinamento, liderança, motivações, estresse e tomada
de decisões (ROBBINS; JUDGE; SOBRAL, 2010).
Pesca (2011) explica que a psicologia organizacional possui seis
especialidades:
11
Antropologia: é o estudo sobre valores, atitudes e comportamentos em
diferentes culturas. O estudo de outras culturas ajuda a identificar e compreender
aspectos que caracterizam a própria cultura. A cultura é construída a partir da
história particular de cada grupo, como resultado de um processo cumulativo de
transmissão de experiências. A cultura organizacional, por sua vez, corresponde
aos padrões valorativos (sistema de valores) compartilhados entre os membros
de uma organização.
Ciência política: a ciência política estuda o comportamento dos
indivíduos e das relações de poder entre os grupos. De acordo com Robbins,
Timothy e Sobral (2010), as contribuições da ciência política para o
comportamento organizacional abrangem estudos sobre hierarquias, relações
de poder e conflitos.
12
anos atrás. Nesta seção, serão abordas algumas das questões mais sensíveis
que permeiam os estudos em comportamento organizacional.
Globalização e desindustrialização: para Haesbaert e Limonad (2007),
o termo globalização nascido no meio jornalístico, passou a ser utilizado em
diversos campos do conhecimento para caracterizar de modo generalizado a
disseminação global de processos sociais e econômicos. No que se refere às
relações de trabalho, a globalização transformou a estrutura das empresas,
provocando mudanças profundas no dia a dia dos trabalhadores. Para Robbins,
Judge e Sobral (2010), é cada vez maior a quantidade de executivos que são
transferidos para outras cidades e países, mesmo aqueles que permanecem em
sua terra natal, passam a trabalhar com profissionais que possuem outros
valores e outras culturas. Para esses autores, a globalização também obriga as
empresas a rever suas estratégias de produtos e marcas, para que possam
responder às diferenças culturais dos mercados de consumo em diversos
países.
Na indústria, a globalização trouxe uma série de impactos negativos para
os trabalhadores. Devido à concorrência centrada na redução de custos, os
processos de produção de diversos setores industriais foram fragmentados e
transferidos para países em desenvolvimento que se tornaram competitivos
devido a incentivos tributários e à exploração da mão de obra de baixo custo
(GEREFFI, 1999). O deslocamento da produção para países com baixos custos
salariais prejudicou a competitividade de países em desenvolvimento, como o
Brasil, que possui custos de fabricação mais elevados.
O resultado desse processo pode ser observado na desindustrialização
(redução da quantidade e na atividade de indústrias) e na perda sistemática de
postos de trabalho tanto nas fábricas quanto no setor de serviços.
Santos e Silveira (2001) explicam como a globalização transformou a
divisão internacional do trabalho, sobretudo nos países subdesenvolvidos, em
que a lógica das grandes empresas passou a interferir na política interna e
externa de cada país:
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ou sociopolíticos que pudessem ser revertidos em vantagens
comparativas. Entretanto, as normas econômicas e sociais
estabelecidas pelo Estado possuíam um papel de regulação ao
qual as empresas interessadas deveriam se adaptar;
Com a globalização, em nome da inserção desse país na nova
modernidade e no mercado global, são estabelecidas medidas que
favorecem a instalação ou a permanência de empresas
estrangeiras. Quando o Estado deixa de oferecer essas vantagens,
as empresas não hesitam em fechar suas portas e instalar suas
fábricas em outros países (SANTOS; SILVEIRA, 2001).
Saiba Mais
As publicações da Organização Internacional do trabalho
gozam de proteção de direitos de propriedade intelectual em
virtude do protocolo 2 da Convenção Universal sobre Direitos
Autorais. No entanto, pequenos trechos dessas publicações
podem ser reproduzidos sem autorização, desde que a fonte
seja mencionada, para saber mais acesse o link a seguir:
http://www.sindfesp.org.br/imagens/informativos/1855pdf.pdf#
page=42
14
necessário que as empresas não somente assegurem a contratação de pessoas
desses grupos, mas também garantam que elas não sejam discriminadas em
decorrência das suas particularidades. Em alguns casos, é necessário que
ocorra uma mudança na cultura organizacional para que as diferenças passem
a ser respeitadas.
Saiba Mais
Diálogo da organização do trabalho e da produção: trata dos
efeitos das novas tecnologias da produção, de gestão da
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produção e da comoditização digital nos mercados de
trabalho, especialmente dos países em desenvolvimento.
Analisa, ainda, o caso do Brasil. Para saber mais, acesse o
link a seguir:
http://www.sindfesp.org.br/imagens/informativos/1855pdf.pdf#
page=34
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trabalhando em algum lugar. Se, por um lado, as tecnologias da informação e
comunicação (TIC) permitem que as pessoas trabalhem em casa, no carro ou
em uma praia, por outro, elas aumentam a pressão para que os profissionais
estejam disponíveis em qualquer lugar e a qualquer hora.
Além disso, poucas famílias são sustentadas por apenas um trabalhador.
Os funcionários de hoje, em sua maioria, integram um casal de
trabalhadores que não possuem tempo livre para atender a compromissos
domésticos, conjugais ou com os filhos, parentes e amigos.
Os trabalhadores percebem que o trabalho vem tomando cada vez mais
espaço de suas vidas pessoais e não estão satisfeitos com isso. Estudos
recentes sugerem que os trabalhadores desejam empregos com mais
flexibilidade de horários para que eles possam compatibilizar a vida pessoal e a
profissional. Além disso, as novas gerações estão menos dispostas a “viver para
o trabalho”, a exemplo do que fizeram as gerações anteriores. As pesquisas com
profissionais jovens têm revelado que o “equilíbrio entre a vida pessoal e a
profissional” tornou-se um aspecto mais importante do que a “segurança no
emprego”. Para Robbins, Judge e Sobral (2010), as organizações que não
souberem ajudar seus profissionais a atingirem esse equilíbrio terão dificuldades
para atrair e reter talentos.
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compreender o nível do indivíduo para que se possa estudar o nível do grupo e
é necessário compreender o nível do grupo para que se possa estudar o nível
da organização.
Mapa conceitual
Fonte: (ROBBINS, JUDGE E SOBRAL, 2010. n.p).
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individuais, a organização também é mais complexa do que a soma dos grupos
que a compõem.
Conclusão da aula 1
Atividade de Aprendizagem
Descreva quais são as suas expectativas para a sua carreira,
considerando os seguintes aspectos:
a) Tipo de empresa que deseja trabalhar;
b) Em qual função ou departamento deseja trabalhar;
c) Aspectos que mais valoriza em um emprego;
d) Jornada de trabalho, remuneração e nível de instabilidade.
Aula 2 – O indivíduo
Apresentação da aula 2
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Nesta segunda aula será estudado a questão da diversidade nas
organizações. Veremos que a correta gestão da diversidade contribui para o
desenvolvimento de vantagens competitivas.
Além disso, você estudará as características individuais dos profissionais,
buscando analisar fatores como características demográficas, habilidades,
valores e personalidade. Será estudado que o desempenho profissional é maior
quando indivíduo é alocado em empresas e atividades de combinem com seus
valores, personalidade e habilidades.
20
uma mensagem negativa sobre o clima de diversidade nas organizações
(ROBBINS; JUDGE; SOBRAL, 2010).
Em uma política inteligente, talentos podem ser recrutados em todos os
grupos demográficos. A retenção de talentos que representam minorias sociais
depende diretamente do respeito com que esses profissionais são tratados
dentro das organizações, independente de raça, gênero ou orientação sexual.
Políticas e práticas em favor da diversidade estão diretamente
relacionadas com o tratamento justo na contratação, na remuneração, nas
promoções e no dia a dia do trabalho. De acordo com Robbins, Judge e Sobral
(2010), programas pontuais tendem a ser menos eficazes em comparação com
programas mais abrangentes, que abordam a questão da diversidade em
diversos níveis da organização. No cenário ideal, é necessário que as empresas
tenham a valorização da diversidade difundida em toda a sua cultura
organizacional.
Contudo, mesmo com a comprovação científica dos benefícios
decorrentes da diversidade, as diferenças de remuneração entre os gêneros e
entre grupos étnico-raciais persistem e ainda são imensas no Brasil. Para se ter
uma ideia, o salário das mulheres é em média 20% inferior ao dos homens,
sendo a OIT. Em algumas regiões brasileiras, a situação é ainda pior, atingindo
o percentual de 40%. Com relação às etnias, profissionais negros e pardos
ganham cerca de 52% do rendimento dos profissionais brancos, segundo dados
do IBGE.
Saiba Mais
Igualdade de gênero, avanços e desafios: nos últimos anos
tem aumentado a consciência de que homens e mulheres
brancos e negros vivenciam o mundo do trabalho de forma
diferenciada. As discriminações de gênero e raça são fatores
que determinam fortemente as possibilidades de acesso e
permanência no emprego. Para saber mais sobre o assunto,
acesse o link a seguir:
https://www.ilo.org/wcmsp5/groups/public/---americas/---ro-
lima/---ilo-brasilia/documents/publication/wcms_229333.pdf
21
Embora a discriminação seja proibida por lei, milhares de casos são
denunciados a cada ano. A discriminação consiste em projetar estereótipos
sobre grupos sociais ditos “minoritários”, presumindo que todas as pessoas que
pertencem àquele grupo possuem os mesmos defeitos. Impedir ou dificultar o
acesso equitativo às oportunidades, diferenças de remuneração para
profissionais que exercem as mesmas funções, assédio sexual, intimidação e
incivilidade são alguns exemplos de práticas discriminatórias.
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De que forma as empresas podem minimizar esse problema? Construindo
creches para as crianças pequenas e flexibilizando o horário de trabalho. Além
disso, é falso afirmar que o custo da mão de obra feminina é mais elevado devido
aos direitos relacionados à licença maternidade.
Importante
A Organização Internacional do Trabalho foi fundada em 1919,
com o objetivo de promover a justiça social, contribuir para a
paz universal e permanente e tem uma estrutura tripartite única
entre as Agências do Sistema das Nações Unidas. Para saber
mais sobre o assunto acesse o link disponível em:
https://www.ilo.org/wcmsp5/groups/public/---americas/---ro-
lima/---ilobrasilia/documents /publication/wcms_233470.pdf
23
possuem exatamente as mesmas habilidades dificilmente funcionaria tão bem
quanto uma empresa que sabe gerenciar as diferentes habilidades. A habilidade
pode ser entendida como a capacidade de um indivíduo para desempenhar
determinadas tarefas. Nesse sentido, pode-se distinguir as habilidades físicas e
as intelectuais.
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funcionar melhor. Cabe à empresa saber identificar e alocar as habilidades de
cada profissional nas atividades mais adequadas.
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compreensão das atitudes, da motivação e da percepção das pessoas. Por que
é importante entender os valores do profissional? Porque o desempenho no
trabalho tende a ser mais elevado quando o profissional trabalha em uma
empresa que possui os mesmos valores que os seus. Portanto, diferente das
outras diversidades, os valores dos profissionais precisam estar alinhados aos
valores organizacionais.
Supondo, por exemplo, que um profissional seja atraído por uma empresa
que se posiciona em favor da diversidade, entretanto, ao ser contratado, ele
observa que a diversidade não é tão valorizada na prática. Qual será a reação
provável desse profissional? Provavelmente ele se sentiria desapontado, é bem
possível que, a partir dessa constatação, ele reduza o nível de comprometimento
com a organização.
Entre o fim dos anos 1960 e o início dos anos 1970, o psicólogo social
Milton Rokeach conduziu uma pesquisa que se tornou conhecida como Rokeach
Value Survey (RVS). Com base nessa pesquisa, dividiu os valores das pessoas
em dois grandes grupos: os terminais e os instrumentais. Os valores terminais
são as metas que o indivíduo deseja atingir ao longo da vida. Os valores
instrumentais, por sua vez, são os comportamentos e os meios que o indivíduo
adota para atingir esses objetivos.
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Harmonia interior (ausência de Lógica (coerência e racionalidade).
conflito interior).
Prazer (uma vida com alegria e Afetividade (carinho e ternura).
lazer).
Salvação (redenção e vida eterna). Obediência (zelo e respeito).
Reconhecimento social (respeito e Polidez (cortesia e boas maneiras).
admiração).
Amizade verdadeira (forte Responsabilidade (comprometimento
companheirismo). e confiabilidade).
Valores terminais e valores instrumentais
Fonte: (ROBBINS, JUDGE E SOBRAL (2010).
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A geração X, que ingressou no mercado de trabalho entre 1985 e 2000, é
formada por profissionais mais flexíveis em relação às regras, que buscam o
status profissional, gostam de trabalhar em equipe e são leais aos
relacionamentos profissionais. Por fim, a geração Y, que ingressou no mercado
de trabalho a partir dos anos 2000, valoriza a autoconfiança, a independência
pessoal e financeira, o trabalho em equipe, a lealdade própria e aos
relacionamentos profissionais. A lealdade própria se refere ao desejo de buscar
a satisfação pessoal na vida profissional, ou seja, o desejo de ganhar dinheiro
fazendo aquilo que gosta.
Os valores diferem entre as gerações, mas diferem ainda mais entre as
culturas.
Diferentes culturas
Fonte: http://www.americanbusinessmag.com/2011/10/how-to-build-a-sales-culture-in-
your-organization/
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membros de uma comunidade. Muitos países asiáticos e
especialmente o Japão são mais coletivistas do que individualistas;
Masculinidade X feminilidade. A masculinidade representa o grau em
que a cultura favorece valores tipicamente masculinos, tais como:
sucesso individual, realização e concentração de poder. A
feminilidade, por outro lado, representa o grau em que a cultura
favorece valores tipicamente femininos, como igualdade e
colaboração;
Aversão às incertezas X tomadores de risco. A aversão ao risco
representa as culturas em que há baixa confiança em relação à
economia, os níveis de insegurança e ansiedade são elevados e as
pessoas preferem segurança e previsibilidade. No lado oposto estão
as culturas em que as pessoas se sentem mais livres e seguras diante
de incertezas e aceitam melhor as mudanças;
Orientação para longo prazo X curto prazo. Culturas orientadas para
o longo prazo valorizam a persistência e as tradições. Culturas de
orientação de curto prazo dão mais importância à qualidade de vida
do presente.
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Menegon (2014), hereditariedade são traços que herdamos de nossos pais
biológicos. Características físicas como altura, cor dos olhos e cabelos, são
fatores hereditários. Outros pesquisadores alegam que determinados traços de
personalidade podem ser hereditários, tais como medo, energia e ritmo
biológico. De acordo com De Barros Laraia (1986), desde as primeiras décadas
do século XX, a antropologia está convencida de que homens e mulheres são
seres predominantemente culturais. Para esse autor, o comportamento humano
não é biologicamente ou geograficamente determinado, mas resultado de um
processo de aprendizado. Entendemos, portanto, que a hereditariedade tem um
papel menor na definição da personalidade, se comparada ao ambiente em que
a pessoa se desenvolve e aos fatores situacionais. Entre os fatores
determinantes para a formação da personalidade estão a cultura, o aprendizado,
a experiência individual, as condições da infância, a cultura familiar e os grupos
de referência.
Existem algumas ferramentas de autoavaliação que ajudam pessoas e
empresas a identificar traços de personalidade. O Indicador de Tipos de
Personalidade Myers-Briggs, ou MBTI, é um teste de cem questões que busca
identificar traços de personalidade pela forma como as pessoas reagem diante
de determinadas situações. Com base nas respostas dadas, o indivíduo é
classificado como extrovertido ou introvertido (E ou I), sensorial ou intuitivo (S ou
N, pela sigla em inglês), racional ou emocional (T ou F) e julgador ou perceptivo
(J ou P).
Tipos de
personalidade
Características
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Julgador (J) Organizado, estruturado, gosta de ter o controle.
X X
Perceptivo (P) Flexível, espontâneo, inseguro ao tomar decisões.
Tipos de personalidade Myers-Briggs
Fonte: (ROBBINS, JUDGE E SOBRAL, 2010, n.p).
De acordo com Robbins, Judge e Sobral (2010), o MBTI não deve ser
utilizado como teste para seleção de candidatos ao emprego, pois os resultados
não revelam características que se relacionam com o desempenho no trabalho.
Já o Modelo Big Five tem sido utilizado em uma quantidade crescente de
pesquisas. Esse modelo identifica cinco fatores de personalidade:
31
as pessoas que tendem a ser mais convencionais, conservadoras
e que preferem situações familiares e previsíveis.
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cuidadosas, conclusivas, organizadas e persistentes, por esse motivo,
apresentam um desempenho superior na maioria das profissões. Além disso,
profissionais conscienciosos apresentam maior conhecimento sobre o trabalho
que desempenham. Segundo esses autores, também há uma correlação positiva
entre a conscienciosidade e o comportamento de cidadania organizacional.
Conclusão da aula 2
Atividade de Aprendizagem
Quais são as relações possíveis entre o modelo Big Five e o
comportamento no ambiente de trabalho?
33
Aula 3 – O grupo
Apresentação da aula 3
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A cognição se refere ao sistema de crenças do indivíduo. A cognição é
resultado da relação entre os valores, as experiências e as aprendizagens
individuais. Por exemplo: uma pessoa que valoriza a sustentabilidade ambiental
(valor) pode considerar como resultado do seu aprendizado e de suas
experiências individuais que o consumo excessivo é prejudicial ao meio
ambiente. Dessa forma, ela desenvolve uma atitude negativa em relação ao
consumismo.
Os sentimentos abrangem as emoções e os estados emocionais. As
emoções são reações afetivas de alta intensidade, normalmente provocadas por
situações efêmeras. Elas podem ser divididas entre emoções de afetividade
positiva (entusiasmo, euforia e gratidão) e as emoções de afetividade negativa
(estresse, tristeza, repulsa e medo). Os sentimentos, por outro lado, são mais
duradouros e menos intensos. Eles também podem ser divididos entre reações
de afetividade negativa (depressão, ansiedade, desânimo e cansaço) e reações
de afetividade positiva (calma, relaxamento, serenidade e satisfação).
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É importante ressaltar que há diferenças entre comportamentos e
atitudes. Comportamentos são modos mais ou menos estáveis de existir e
interagir. A atitude, por outro lado, corresponde à postura emocional do indivíduo
em relação à produtos, marcas, pessoas, ideias ou eventos. A atitude contém
um elemento emocional. Geralmente, elas estão alinhadas ao comportamento.
Entretanto, há situações em que existe uma dissonância entre o
comportamento e a atitude. Nesse caso, o indivíduo busca alinhar seu
comportamento em função da mudança de atitude ou buscará motivos racionais
que justifiquem a mudança de atitude, apesar do seu comportamento.
A seguir um exemplo que ilustra a relação entre atitude, comportamento
e valores: as mensagens publicitárias procuram modificar as atitudes do
consumidor em relação a determinados produtos e serviços. Ao fazer a
propaganda sobre um determinado produto, a empresa busca obter uma atitude
positiva que levará o consumidor a comprar o produto (comportamento).
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De acordo com Robbins, Judge e Sobral (2010), “o comportamento
organizacional estuda três tipos de atitudes: satisfação com o trabalho,
envolvimento com o trabalho e comprometimento organizacional”. O termo
satisfação com o trabalho se refere aos sentimentos de uma pessoa em
relação ao trabalho que ela realiza. Uma pessoa altamente satisfeita com o
próprio trabalho apresenta atitudes positivas em relação a ele, enquanto uma
pessoa insatisfeita apresenta atitudes negativas.
Importante
Existe uma forte correlação entre a satisfação e a produtividade
dos funcionários. Robbins, Judge e Sobral (2010) afirmam que
as empresas com uma quantidade maior de funcionários
satisfeitos tendem a obter um desempenho superior em relação
às demais. Em resumo, funcionários satisfeitos tendem a
produzir mais e melhor.
A avaliação da satisfação no trabalho pode abranger os seguintes
aspectos: convivência com colegas e superiores, condições e infraestrutura do
local de trabalho, horários, normas, remuneração, estresse, oportunidades de
promoção, benefícios e aposentadoria. De acordo com Robbins, Judge e Sobral
(2010), as pesquisas revelam que no geral as satisfações tendem a ser maiores
em relação à infraestrutura e condições de trabalho, colegas e horários (quando
são flexíveis), tendem a ser menores quanto ao plano de aposentadoria,
promoção, remuneração, benefícios e estresse.
De acordo com Robbins, Judge e Sobral (2010, s/p): “o termo
envolvimento com o trabalho é o grau em que uma pessoa se identifica com
seu trabalho e considera importante para sua realização pessoal apresentar um
desempenho acima da média”.
Profissionais com alto nível de envolvimento em relação ao trabalho se
preocupam com o trabalho que realizam e esperam desempenhá-lo da melhor
forma possível. As pesquisas revelam que níveis mais elevados de envolvimento
com o trabalho estão ligados a menos faltas e a índices mais baixos de
demissões voluntárias.
O comprometimento organizacional é o grau com que uma pessoa se
identifica com uma empresa, seus objetivos e valores. As pesquisas revelam que
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níveis baixos de comprometimento organizacional estão relacionados a índices
mais elevados de rotatividade e absenteísmo. De acordo com Robbins, Judge e
Sobral (2010), o nível individual de comprometimento organizacional é um
indicador mais forte para prever a rotatividade do que a satisfação com o
trabalho. A falta de identificação com a empresa é responsável por 34% do índice
de rotatividade. Para esses autores, o comprometimento organizacional é um
indicador melhor por se tratar de uma resposta mais duradoura à organização.
Um funcionário pode não estar satisfeito com suas funções atuais, enquanto
espera uma colocação melhor por estar satisfeito com a organização como um
todo.
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do grupo aumenta conforme o número de participantes, mas o desempenho
individual tende a cair com a entrada de novos membros.
Grupo de trabalho
Fonte:https://encrypted-tbn0.gstatic.com/images?q=tbn:ANd9GcR-YnzdJCpIbKua9NL
O0qRqPcenS7dvI5UAq3oZkTG3j_jK8cY2&s
39
De acordo com Robbins, Judge e Sobral (2010), quando as pessoas
possuem atitudes e comportamentos consistentes com um papel, há uma
identidade do papel. A percepção do papel é a visão que os indivíduos têm sobre
como agir ao assumir um papel em uma determinada situação. As percepções
das pessoas sobre como um homem deve se comportar como juiz de direito são
completamente diferentes das percepções que se têm sobre o comportamento
de um técnico de futebol, mesmo que ambos sejam a mesma pessoa.
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Essa técnica reduz as pressões para a conformidade que dificultam o
surgimento de ideias criativas.
Trabalho em equipe
Fonte:https://i.pinimg.com/originals/7b/8e/de/7b8ededd6c4d7577d1d9481da2ba25b3.p
ng
41
Para criar equipes eficazes, é necessário em primeiro lugar que a
empresa disponibilize os recursos necessários, pois todas as equipes dependem
de recursos fornecidos pela organização para poderem funcionar.
Em segundo lugar, é necessário que haja liderança e estrutura para que
cada participante saiba qual é o seu papel e a sua contribuição na equipe. Por
fim, é necessário que haja um sistema claro de avaliação, de desempenho, de
recompensa e um clima de confiança entre os participantes. Como pode-se
avaliar a eficácia de uma equipe? Por meio de medidas objetivas de
produtividade e sistemas de avaliação de desempenho.
De acordo com Robbins, Judge e Sobral (2010), as equipes mais eficazes
geralmente são pequenas, com menos de dez pessoas. São equipes formadas
por especialistas altamente capacitados que possuem diferentes formações,
experiências profissionais e que juntos reúnam as capacidades de:
Conhecimentos técnicos;
Habilidade para tomar decisões e resolver problemas;
Capacidades interpessoais.
Importante
Projetos que envolvem problemas complexos, como
reestruturação de uma linha de produção, requerem equipes
menores, com menos de seis pessoas. É importante que as
capacidades da equipe estejam à altura do problema a ser
solucionado. Além disso, é necessário que o líder de equipe
seja mais ou igualmente capacitado que os demais
participantes.
42
Em uma cultura que valoriza o sucesso individual, muitas preferem trabalhar
sozinhas, competir com os outros colegas e serem reconhecidas por suas
realizações individuais.
É necessário que haja uma mudança de cultura e de postura por parte
das empresas, dos gestores e funcionários, para que seja possível criar equipes
produtivas. As equipes se ajustam melhor às culturas coletivistas e
colaborativas. Para Robbins, Judge e Sobral (2010), as empresas devem
estimular a cultura de equipe, evitando mensurar o sucesso do funcionário a
partir de seu desempenho individual.
Para participar produtivamente de uma equipe, o profissional precisa
saber se comunicar aberta e honestamente, confrontar diferenças, resolver
conflitos e aprender a sublimar suas metas pessoais em favor do grupo
(ROBBINS; JUDGE; SOBRAL, 2010).
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tarefas, a controlar a execução do trabalho e a assumir
responsabilidade integral pelos resultados;
Equipes multifuncionais: são equipes formadas por profissionais
de diferentes departamentos ou processos, mas que possuem o
mesmo nível hierárquico. As equipes multifuncionais são uma
oportunidade para que pessoas de diferentes áreas possam
compartilhar informações, propor ideias, solucionar problemas ou
coordenar projetos;
Equipes virtuais: equipes virtuais podem fazer tudo o que as
outras equipes fazem, sem que seja necessário que os
participantes estejam presentes no mesmo espaço e tempo. A
reunião dos seus membros, fisicamente dispersos, se se dá por
meio das TICs (Tecnologias de Informação e Comunicação).
Essas equipes podem compartilhar informações, tomar decisões e
realizar tarefas sem as tradicionais limitações de espaço e horário.
Além disso, graças às TICs, essas equipes agregam a
contribuição de pessoas que, de outra forma, nunca seriam
capazes de trabalhar juntas.
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rapidez no atendimento ao cliente e a produtividade, também
apresentam maiores índices de absenteísmo e rotatividade.
45
problemas que possam estar ocorrendo. É por meio da comunicação ascendente
que os funcionários informam os gestores sobre as condições de trabalho e
sobre como os procedimentos podem ser melhorados.
A comunicação ascendente também pode ser estratégica para a
organização. Muitas empresas não conseguem atender às expectativas dos
seus clientes por não terem uma compreensão precisa das expectativas deles
em relação ao produto ou serviço que elas oferecem. Sabe-se que a falta de
interação dos gerentes com os clientes e a falta de pesquisas de mercado são
as principais causas desse problema. Entretanto, parte desse problema pode ser
resolvido se houver um canal aberto de comunicação ascendente.
Normalmente, os funcionários da linha de frente conhecem bem o cliente
e possuem uma compreensão mais ampla das expectativas deles em relação ao
produto ou serviço. Entretanto, quando não há um canal a comunicação possa
fluir dos funcionários para os gerentes, a informação se perde.
Por fim, quando flui no sentido horizontal, a comunicação passa a ser
lateral, entre os membros de um mesmo grupo ou de grupos distintos, porém da
mesma hierarquia, geralmente para agilizar os trabalhos e economizar tempo.
Em determinadas situações é mais rápido recorrer a um colega do que a um
superior para esclarecer dúvidas ou tomar pequenas decisões.
A comunicação também pode fluir por meio de sistemas informais, como
no caso das redes de rumores ou conversas. As pesquisas revelam que 75%
dos funcionários ficam sabendo das notícias primeiro por meio da rede de
rumores. Além disso, a maioria dos funcionários considera a rede de rumores
mais confiável do que a comunicação descendente que flui pelos canais formais
da organização.
Quanto à relação entre comunicação e satisfação de funcionários e
quanto mais canais de comunicação (verticais, horizontais e informais)
maior o fluxo de comunicação e menores as incertezas dos trabalhadores.
Quanto menores as incertezas, melhor será o desempenho e a satisfação
de todos. Por outro lado, quando há inconsistências entre a comunicação verbal
e a não-verbal, maiores as incertezas e menores serão os níveis de satisfação.
Para evitar que isso ocorra, Robbins, Judge e Sobral (2010) recomendam a
utilização de canais adequados e de feedbacks.
46
3.3.1 Liderança
Liderança
Fonte:https://www.europeanbusinessreview.com/senior-team-development-for-the-unw
illing/
47
Para Robbins, Judge e Sobral (2010), a confiança é um dos aspectos mais
importantes para a liderança. A confiança depende da familiaridade entre as
partes. Ela demanda tempo para ser construída. Para esses autores, as
dimensões básicas da confiança são: integridade, competência, consistência,
lealdade e abertura.
Conclusão da aula 3
48
formações e experiências profissionais e que possuem habilidade para tomar
decisões e resolver problemas.
Estudo-se também as diferenças entre grupos e equipes. Em uma equipe,
a sinergia positiva entre as pessoas resulta em um desempenho maior do que a
soma das contribuições individuais. Quando passam a trabalhar em equipe, as
pessoas assumem diferentes papeis. Trabalhando em equipe, o profissional
deve aprender a cooperar com os outros, compartilhar informações e sublimar
seus interesses pessoais pelo bem da equipe.
É importante reforçar que o trabalho em equipe normalmente consome
mais tempo e recursos se comparado ao trabalho individual. As equipes têm
maior necessidade de comunicação, mais reuniões e mais conflitos para serem
administrados. Portanto, antes de implementar o trabalho em equipe, o gestor
deve avaliar se o trabalho realmente se beneficiará do esforço coletivo ou se
pode ser realizado individualmente com os mesmos resultados.
Também foi estudado as formas pelas quais a comunicação pode fluir
dentro das organizações. Foi visto que quanto mais canais de comunicação
(verticais, horizontais e informais) maior o fluxo de comunicação e menores as
incertezas dos trabalhadores. Além disso, quanto menores as incertezas, melhor
será o desempenho e a satisfação de todos.
Por fim, foi estudado a questão da liderança. A diferença entre liderança
e poder está na compatibilidade de objetivos entre líder e liderados. Na liderança,
líderes e liderados precisam ter os mesmos objetivos. Quando há poder, por
outro lado, não é necessário que haja compatibilidade de objetivos, apenas a
relação de dependência do subordinado em relação ao superior.
Atividade de Aprendizagem
Cite uma situação de trabalho em que você assumiu um papel
de líder ou de liderado por haver compatibilidade entre os
objetivos. Quais foram os resultados dessa relação?
49
Aula 4 – A organização
Apresentação da aula 4
50
todas as etapas relacionadas à logística podem ser agrupadas em um único
departamento. Também é possível estabelecer a departamentalização a partir
de critérios geográficos. As equipes de distribuição e vendas podem ser divididas
por regiões (sul, sudeste, centro-oeste, norte e nordeste) ou pelo tamanho da
praça.
Nos últimos anos, muitas empresas têm modificado essa
departamentalização organizada em funções consecutivas para uma forma de
trabalho organizada a partir do produto ou da marca. Dessa forma, um produto
ou uma marca passam a ser de responsabilidade de um grupo de profissionais
do começo ao fim, desde a análise das pesquisas de mercado, projeto e
manufatura, até o branding e a distribuição. A Johnson & Johnson se reorganizou
dessa maneira. Cada um dos seus principais produtos fica sob a
responsabilidade de um executivo. A principal vantagem desse tipo de
agrupamento é poder mensurar o desempenho do produto como resultado do
trabalho de uma única equipe.
A cadeia de comando representa uma linha de autoridade que vai dos
tomadores de decisão até os funcionários menos qualificados. A cadeia de
comando determina as hierarquias dentro de uma empresa. A ideia de uma linha
única de autoridade tem perdido relevância na medida em que as empresas
estão reestruturando os trabalhos por equipe. Apesar de haver um líder que, de
certa forma, centraliza a autoridade, as equipes são formadas por profissionais
que possuem um nível maior de autonomia.
Curiosidade
Funcionários mais qualificados, mais criativos e que gostam
de desafios são mais adequados para trabalhar em
empresas que são flexíveis, facilitam, motivam e estimulam
os funcionários, empresas descentralizadas e com baixa
formalização.
51
escalões ou hierarquias que uma empresa utilizará. Quanto maior a amplitude,
ou seja, quanto mais funcionários um líder puder comandar, menor a quantidade
de escalões e mais eficiente será a organização. As amplitudes maiores tendem
a reduzir burocracias e são mais eficientes em termos de custos. Entretanto,
quando a amplitude se torna grande demais, o líder não consegue dar a mesma
atenção a todos os funcionários e a eficácia começa a declinar.
O quarto elemento da estrutura organizacional se refere ao grau de
centralização de uma empresa. A centralização se refere à concentração de
poder nos processos decisórios. Na centralização absoluta, todas as decisões
são tomadas por um único grupo, sem a participação dos profissionais dos
escalões inferiores. Em um modelo altamente descentralizado, as decisões são
tomadas de forma democrática, incluindo todos os grupos subordinados.
Centralização e descentralização
Fonte: https://image.shutterstock.com/image-vector/vector-illustration-website-banners-
centralization-260nw-400000420.jpg
53
aqueles que promovem a satisfação da necessidade individual
conciliada a equidade social e a sustentabilidade ambiental.
54
Uma organização que busca uma estratégia de minimização de
custos e alta formalização para que os processos sejam
executados sempre equivalente à aquela que controla rigidamente
os custos e busca o máximo de eficiência operacional, para poder
oferecer preços baixos como diferencial. De forma geral,
empresas que produzem aqui no Brasil não possuem fontes de
vantagem para adotar essa estratégia. A estratégia de
minimização ou de liderança em custos, ainda que não
recomendada pode encontrar alguma chance de sucesso no setor
de serviços voltados ao mercado de massa ou no setor do varejo;
As empresas que adotam uma estratégia de imitação tentam
combinar as vantagens das duas estratégias anteriores, buscando
oferecer opções não tão inovadoras a um preço um pouco mais
acessível. Nesse caso, as marcas da empresa devem buscar se
inspirar na empresa / marca dominante, procurando desenvolver
uma proposta de valor parecida, mas que, de alguma forma, a
torne mais acessível. Essa “acessibilidade” pode ser materializada
em preços mais acessíveis, em produtos menos exclusivos ou em
um sistema de distribuição que priorize locais negligenciados pela
marca líder.
Importante
A relação mais adequada entre a formalização e a estratégia
organizacional é: uma empresa voltada para a redução de
custos que requer um controle rígido dos custos e alta
formalização, para que os processos sejam executados sempre
da mesma maneira e produzam sempre os mesmos resultados.
56
Diversidade comportamental
Fonte:https://psmag.com/news/diversity-is-losing-its-meaning-what-should-we-say-
instead
A estrutura organizacional é capaz de influenciar as atitudes e os
comportamentos dos funcionários. Existem estruturas que facilitam, motivam,
estimulam e estruturas que restringem, limitam e controlam. Empresas com
elevados níveis de formalização e de especialização limitam a autonomia e a
variedade de comportamentos dentro do mesmo espaço. Por outro lado,
empresas com pouca especialização, baixa formalização e grande amplitude de
controle oferecem mais liberdade e possibilitam uma variedade maior de
comportamentos.
57
Orientação para os resultados: o grau em que os dirigentes focam
mais os resultados do que as técnicas e os processos empregados
para o seu alcance;
Orientação para as pessoas: o grau em que as decisões dos
dirigentes levam em consideração o efeito dos resultados sobre as
pessoas dentro da organização;
Orientação para a equipe: o grau em que as atividades de trabalho
são mais organizadas em termos de equipes do que de indivíduos;
Agressividade: o grau em que as pessoas são competitivas e
agressivas, em vez de dóceis e acomodadas;
Estabilidade: o grau em que as atividades organizacionais enfatizam
a manutenção do status quo em contraste com o crescimento.
58
A formalização se refere ao nível de exigência com relação à
padronização das tarefas que são executadas pelos funcionários da empresa.
As regras e regulamentações da formalização controlam o
comportamento e limitam a autonomia dos funcionários com relação ao que deve
ser feito e como deve ser feito. Entretanto, uma cultura organizacional forte pode
cumprir o papel de estabelecer o que deve ser feito e como deve ser feito, sem
a necessidade de burocratizar os processos ou de limitar a autonomia dos
funcionários. Em outras palavras, quanto mais forte a cultura organizacional,
menor a necessidade de desenvolver regras para orientar o comportamento dos
funcionários.
Além dessa vantagem, a cultura organizacional oferece um senso de
identidade e pertencimento aos membros da organização. Isso pode ser
observado nos funcionários recém-chegados: até que aprendam as regras, eles
não são considerados membros da organização.
Construir uma cultura organizacional forte é fundamental diante das atuais
tendências de descentralização das organizações. As pesquisas revelam que os
profissionais organizados em equipes tendem a ser mais fiéis à equipe do que à
organização. Robbins, Judge e Sobral (2010) afirmam que quando não há uma
linha única de autoridade e os sistemas de controle são reduzidos, os valores de
uma cultura organizacional forte garantem que todos permaneçam no mesmo
caminho.
59
tempo, a cultura organizacional pode se tornar incompatível com as mudanças
que poderiam atualizar a empresa e melhorar a sua eficácia.
Além disso, culturas organizacionais fortes podem impor barreiras à
diversidade, impedindo a contratação de profissionais que não possuem a “cara”
da empresa. Sabe-se que quanto maior a diversidade, maior a variedade de
habilidades, competências e ideias. A diversidade pode aumentar a inovação e
ser uma importante fonte de vantagem competitiva para a empresa.
Para reduzir esse problema, a empresa deve manter-se atenta e aberta à
diversidade no seu quadro profissional. Isso não significa, entretanto, contratar
pessoas que cultivem valores conflitantes em relação aos valores da
organização, pelo contrário. A empresa deve contratar profissionais que estejam
alinhados aos valores da organização, mas que possam trazer visões ou ideias
diferentes daquelas que a empresa já está acostumada a ver. É importante
reforçar que a contratação de pessoas com valores conflitantes em relação aos
valores da organização resulta em funcionários descomprometidos e
desmotivados.
O adensamento das redes de relacionamento digitais vem modificando o
relacionamento das empresas com os seus diferentes públicos. Na medida em
que novos espaços de diálogo vão sendo criados, as novas tecnologias vêm
“empoderando” esses públicos e reduzindo as distâncias hierárquicas que os
separavam das organizações. Diante dessa realidade, não são raros os casos
de funcionários que tiveram seu comportamento registrado e divulgado por
consumidores em redes sociais, justamente por revelar incoerências em relação
aos valores da empresa que ele representa. Esse tipo de situação pode gerar
uma série de prejuízos que vão da imagem às finanças da organização.
60
que possuem competências para desempenhar o cargo, é necessário treiná-los
para que possam realizar as tarefas na qualidade exigida pela empresa.
Nos meus atendimentos como consultora, eu sempre questiono as
empresas quanto ao treinamento dos funcionários. Muitos gestores ficam
envergonhados em admitir que não há um treinamento formal, afirmando que os
funcionários novos são “treinados” pelos funcionários mais experientes.
Quando não há um programa de treinamento, novos funcionários tendem
a adquirir os mesmos vícios dos funcionários antigos.
Quanto à retenção de funcionários, as organizações devem elaborar
estratégias para acomodar as diferentes necessidades de uma força de trabalho
diversificada. Horários de trabalho flexíveis e benefícios adicionais podem
reduzir o stress e ajudar o profissional a equilibrar a vida profissional e a pessoal.
De acordo com Robbins, Judge e Sobral (2010), as pressões de tempo
não são o problema principal, mas a interferência psicológica da vida profissional
na vida familiar. As pessoas se preocupam com a família durante o trabalho e
pensam no trabalho quando estão em casa. Para esses autores, as empresas
não deveriam se preocupar tanto em cobrar pontualidade, mas sim em ajudar
seus funcionários a organizar melhor o seu dia a dia.
61
Horários flexíveis possibilitam que o profissional escolha o horário menos
conflitante com seus afazeres pessoais. A instalação de uma creche, por
exemplo, pode ajudar a reduzir os conflitos entre o trabalho e as
responsabilidades familiares.
Bons profissionais devem ser retidos. Por isso, encerro essa aula falando
sobre remuneração. Para que permaneçam na empresa, os profissionais devem
se sentir motivados e valorizados. E, nesse sentido, não há milagre a ser
realizado: profissionais permanecem motivados quando são bem remunerados
e têm suas necessidades atendidas. Nunca canso de dizer aos meus alunos e
clientes: “trate seus funcionários como você gostaria que eles tratassem o seu
cliente”.
Conclusão da aula 4
Atividade de Aprendizagem
Com base nos conceitos sobre estrutura organizacional, qual
empresa seria mais adequada às suas características pessoais
e profissionais:
Empresas flexíveis que facilitam, motivam e concedem
autonomia os funcionários, empresas descentralizadas e com
baixa formalização, ou empresas que oferecem a segurança e
rotina dos trabalhos especializados e repetitivos, empresas
centralizadas e com alta formalização.
Justifique a sua escolha.
62
Conclusão da disciplina
63
Índice Remissivo
A diversidade profunda............................................................................... 25
(Diversidade; princípios de cada indivíduo; valores)
A diversidade superficial............................................................................. 22
(Desempenho; etnia; funcionário)
A organização............................................................................................ 50
(Capacitação; estrutura organizacional; práticas de RH)
Atitude e comportamento............................................................................ 35
(Afetividade e intenção; cognição; sentimento)
Comunicação organizacional...................................................................... 46
(Controle, expressão emocional; motivação)
Cultura organizacional................................................................................ 58
(Dimensão cultural; sistema de valores; transmissão de experiências)
Estrutura organizacional............................................................................. 51
(Amplitude de controle; distribuição; tarefas)
Grupos e equipes....................................................................................... 41
(Diferentes hierarquias; forma sinérgica; recursos fornecidos)
64
Introdução ao comportamento organizacional............................................ 08
(Comportamento interpessoal; produtividade nas organizações; relações
interpessoais)
Liderança.................................................................................................... 47
(Conceitos inter-relacionados; liderança não sancionada; líder e
liderados)
O grupo....................................................................................................... 34
(Desempenho; reflexões; sentimentos)
O indivíduo.................................................................................................. 20
(Características demográficas; diversidade nas organizações; valores)
Tipos de equipes........................................................................................ 44
(Equipes autogerenciais; equipes multifuncionais; equipes virtuais)
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Referências
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Marketing da Faculdade UNINA. O não cumprimento destas solicitações poderá acarretar cobrança de
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