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UNIVERSIDADE CATOLICA DE MOCAMBIQUE

INSTITUTO DE ENSINO A DISTANCIA

Tema: Resumo das unidades do módulo e resolução de exercícios

Nome de estudante: Rafael Augusto Charles

Código:

Curso: Licenciatura em Ensino de Língua Portuguesa

Disciplina: Didáctica de Língua Portuguesa

Ano ꞉ 4°

Tutor: Zelino Talada Suandique

Beira, Maio de 2023


Folha de Feedback

Classificação

Categorias Indicadores Padrões Nota


Pontuação
do Subtotal
máxima
tutor

 Capa 0.5

 Índice 0.5

Aspectos  Introdução 0.5


Estrutura
organizacionais 0.5
 Discussão

 Conclusão 0.5

 Bibliografia 0.5

 Contextualização
(Indicação clara do 1.0
problema)
Introdução
 Descrição dos objectivos 1.0

 Metodologia adequada ao 2.0


objecto do trabalho
 Articulação e domínio do
discurso académico 2.0
Conteúdo
(expressão escrita cuidada,
coerência / coesão textual)
Análise e
 Revisão bibliográfica
discussão
nacional e internacionais 2.
relevantes na área de
estudo
 Exploração dos dados 2.0

Conclusão  Contributos teóricos 2.0


práticos
Aspectos  Paginação, tipo e tamanho
Formatação de letra, paragrafo, 1.0
gerais
espaçamento entre linhas
Normas APA 6ª
Referências edição em  Rigor e coerência das
citações/referências 4.0
Bibliográficas citações e
bibliografia bibliográficas

II
Folha de feedback
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III
Índice
..........................................................................................................................................................I

Folha de Feedback..........................................................................................................................II

1. Introdução.................................................................................................................................5

1.2. Objectivos.............................................................................................................................6

1.2.1. Objectivo geral..................................................................................................................6

1.2.1.1. Objectivos específicos...................................................................................................6

1.3. Metodologia de pesquisa......................................................................................................6

1.3.1. Pesquisa bibliográfica.......................................................................................................6

2. Resumo.....................................................................................................................................7

Unidade 01: Introdução à Didáctica de Literatura.........................................................................7

Unidade 02: A Didáctica da Literatura e Outras Ciências.............................................................8

Unidade 03: Didáctica de Literatura e Didáctica de Língua........................................................11

Unidade 04: Definição do estatuto de Didáctica de Literatura....................................................12

Unidade 05: Importância da Educação literária no desenvolvimento da competência linguístico-


discursiva dos alunos.....................................................................................................................12

Unidade 06: Análise Literária.......................................................................................................13

Unidade 08: A importância da leitura para a produção de textos................................................14

Unidade 09: Teses sobre o Ensino do Texto Literário na Aula de Português...............................15

Unidade 10: O Papel do Texto literário, narrativo ou poético.....................................................18

Unidade 11: Pedagogia do cânone literário escolar: adequação e Violência, reijeição e desejo19

Unidade 12: Recomendações sobre o Ensino de textos Canónicos na aula de Língua Portuguesa
.......................................................................................................................................................20

2.1. Resolução de exercícios..........................................................................................................21

Unidade 13: O Conto: Estretégias de interpretação.....................................................................35

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Unidade 14: Níveis de Análise de Textos Literários......................................................................35

Unidade 15: A Prática Pedagógica do Ensino da Literatura........................................................36

Unidade 16: Reflexões sobre as várias propostas de leitura de textos literários..........................37

Unidade 17: Estratégias Didáctico-Pedagógicas da Leitura........................................................37

Unidade 18: A importância da leitura para a produção de textos................................................38

Unidade 19: A prática pedagógica do Ensino da literatura: o papel específico do professor de


literatura........................................................................................................................................39

Unidade 20: Materiais de Ensino de Literatura no ensino secundário geral (1.º e 2.º Ciclos)....40

Unidade 21: Selecção do material de Ensino de literatura...........................................................41

Unidade 22: A prática Pedagógica do Ensino de um Texto Literário: Reflexões sobre os apectos
intra e extratextuais.......................................................................................................................41

Unidade 23: Estratégias de Análise e Comentário de Textos Literários.......................................42

Unidade 24: Análise da obra/texto literário..................................................................................43

Resolução de exercícios.................................................................................................................46

Conclusão......................................................................................................................................56

Referências bibliográficas.............................................................................................................57

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1. Introdução
Este trabalho, trata-se de um estudo de leitura com base nas respostas do módulo de Didáctica de
Literaturas com objectivo de sintetizar os conhecimentos acerca daquele manual. Ressaltamos
aqui, antes mas porém que o ensino da literatura pode fazer-se por esta via analítica. A literatura
é tão indefinível como o conhecimento, pelo que qualquer forma de ensino da literatura tem que
passar por uma condição de indeterminação. Ensinar passa a ser equivalente à criação de
condições de acesso ao conhecimento mais do que à falsa convicção de que é possível deter
conhecimento e transmiti-lo, porque quem segue esta via está normalmente convencido de que
não tem nada para aprender e que sabe o suficiente para cumprir profissionalmente a sua missão.
Entendamos que não basta conhecer uma Literatura, os seus autores fundamentais e os seus
epígonos, as suas obras paradigmáticas e as menores, a sua evolução literária e os factores
sociológicos que a condicionam, para se saber ensinar Literatura são necessárias ferramentas e
métodos de trabalho diferenciados que se sobrepõem ao conhecimento da Literatura.

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1.2. Objectivos
LIBANEO (2002:104) afirma que “objectivo, é um fim a ser alcançado, alvo a ser alcançado”.
Por conseguinte, de acordo com a citação que apresentamos acima, o nosso trabalho apresenta
dois objectivos, sendo um geral e outros de caracteres específicos.

1.2.1. Objectivo geral.


Fazer um resumo das unidades 1 a 24 do manual de Didactica de Literatura e responder as
questões propostas

1.2.1.1. Objectivos específicos


 Resumir as unidades 01 a 12 e responder suas respectivas questões;
 Resumir as unidades 13 a 24 e responder suas respectivas questões..

1.3. Metodologia de pesquisa


Para a efectivação deste trabalho usou-se o método Analítico que consistiu no uso de técnica de
pesquisa bibliográfica.

1.3.1. Pesquisa bibliográfica


Segundo (LAKATOS 1991:98) abrange toda literatura já tornada publica em relação ao tema em
estudo.

A pesquisa bibliográfica consistiu basicamente na recolha de informações no manual de


Didáctica de Literatura.

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2. Resumo

Unidade 01: Introdução à Didáctica de Literatura


Didáctica de Literatura
Disciplina que se ocupa do ensino do modo de ser da literatura.
Num texto muito conhecido e admirado ainda hoje, "Como Ensinar Literatura", incluído na
primeira edição de Ao Contrário de Penélope, Jacinto do Prado Coelho separa rigorosamente a
literatura da pedagogia, acrescentando então: "A literatura não se fez para ensinar: é a reflexão
sobre a literatura que nos ensina."
Outra formulação idêntica na aparência já havia sido defendida por Jorge de Sena: "a literatura
não pode ser ensinada. Ensinar seja o que for é apresentar um instrumental adequado e explicar
a maneira de uma pessoa tirar proveito dele. Daí resulta que se ensina a escrever estudos sobre
literatura, e estudos sobre os estudos de literatura, indefinidamente; ou ainda se ensina a
ensinar literatura.”
A definição geral apresentada por Margarida Vieira Mendes pode servir de referência quando
queremos acertar o passo da didáctica específica da literatura: "A Didáctica é, dentro das
disciplinas que constituem os Estudos Literários, aquela que trata da arte de ensinar a
Literatura. Tem como
objectivo uma técnica, um saber fazer, mas não dispensa a especulação, não se limita a um
receituário de técnicas eficientes de aprendizagem, como se afirma com ligeireza num manual
clássico (Introdução à Didáctica Geral, de Imídeo G. Nérici.
O saber sobre a literatura, ou sobre qualquer outra arte, só se alcança pelo diálogo de hipóteses.
Se "filosofia" quer dizer "amor (mas não posse) de saber", então "crítica literária" há-de querer
igualmente dizer a arte de discutir um texto (mas não posse do saber sobre esse texto, do qual se
exclui inclusive o seu próprio autor).
A didáctica de literatura é, geralmente, entendida como uma ciência da mediação, a qual, ao
transmitir os conhecimentos de literatura, deverá atender às capacidades e aos conhecimentos
dos
destinatários. É, pois, Disciplina que se ocupa do ensino do modo de ser da literatura.

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Unidade 02: A Didáctica da Literatura e Outras Ciências
2.1 Como determinar o campo da didáctica da literatura?
Johannes Timmermann dá-nos a seguinte descrição das funções que competem à didáctica de
uma disciplina:
“A didáctica de uma disciplina alia essa disciplina específica à ciência da educação e às
ciências sociais, tendo em vista a investigação sobre o ensino e a formação de professores. -
Analisa o domínio do objecto de disciplinas específicas, de forma a torná-lo mais acessível”.
No mesmo sentido, Stocker define a didáctica de uma disciplina:
"Como uma ciência de integração de outras cuja função será de elaborar uma teoria sobre o
modo mais eficaz de organizar os processos de ensino e de aprendizagem, não deixando de
atender aos interesses do sujeito que aprende, do objecto a transmitir e do objectivo a
alcançar."

2. 2 Em torno do conceito integração


A concepção da didáctica de uma disciplina como uma ciência de integração parte do princípio
de que a disciplina em causa trata do objecto, a sociologia e a psicologia estudam o aluno e a
sociedade, e a pedagogia estabelece e fundamenta os objectivos gerais da educação, de forma
que, ao organizar os processos de aprendizagem, ela terá de reunir as três áreas.

2.3 Relação entre ciência da literatura e didáctica da literatura.

De acordo com Karl Otto Conrady, a didáctica da literatura será entendida como uma ciência da
mediação a qual, ao transmitir os conhecimentos dessa disciplina, deverá atender às capacidades
e aos conhecimentos limitados dos destinatários, enquanto que a ciência da literatura se poderá
dedicar ao objecto, sem que tais limitações constituam obstáculo.
Deborlav chama a esta concepção “o entendimento pedagógico do leigo” / conceito positivista da
ciência que rejeita qualquer interrogação sobre o sentido da ciência como não tendo carácter
científico, porque entre o ser e o dever ser vê um fosso intransponível. Alfred Clemens
Baumgärtner rejeita a ideia da didáctica da literatura como uma ciência da mediação, porque isso
acarretaria a adopção de critérios formais e específicos de cada género literário, próprios da
ciência da literatura.

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Porém, Peter Heintel defende que a questão do sentido formativo ( a dimensão didáctica) deve
ser procurado dentro da própria ciência e não ser lhe aduzido a partir de fora: a disciplina deve
assumir a sua especificidade pedagógica e formativa.
Como refere Timmermann “ a ligação da didáctica de uma disciplina à ciência dessa disciplina
só pode ser justificada, na medida em que esta última contribui para a compreensão que o
indivíduo tem de si próprio e do mundo.”

2.4 A relação entre teoria e praxis na didáctica da literatura

A relação entre teoria e praxis depende daquilo que se entende por praxis. Se a praxis for aquele
domínio que está sempre sujeito às exigências da educação e da formação, à teoria cabe a função
de
tornar conscientes essas exigências que determinam a praxis e de possibilitar ao docente uma
orientação do sentido que, partindo da praxis, tem como objectivo a praxis.
Função antropológica da literatura: compensar uma realidade dolorosa; isto é, permitir que o
aluno esqueça uma realidade frustrante, por intermédio da literatura.
Todavia, a literatura pode ser entendida não na sua função compensatória, mas a partir da sua
exigência de sentido.
A didáctica da literatura como teoria da educação e da formação literárias tem como missão
tornar conscientes todas as concepções, princípios e normas, de que qualquer praxis sempre
exigiu socorrer-se.
A legitimação do ensino da literatura não pode depender do facto de ele impor ao sujeito da
aprendizagem certas normas e modos de acção, mas, antes, de ele ser capaz de alargar o
horizonte de
motivação do aluno e de diferenciá-lo.
2.5 O modelo de ensino orientado pela crítica da ideologia.

A crítica de Fingerhut: este modelo conduz apenas à indignação moral que acaba por redundar
em resignação e cinismo, já que não proporciona aos alunos quaisquer possibilidades de acção.
A crítica violenta de Platão (A República) - para quem a literatura não tem como meta atingir o
conhecimento da praxis correcta, da justiça e do bem, mas que se satisfaz apenas com a
representação daquilo que o homem considera justo ou injusto, bom ou mau; ela limita-se a

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representar as crises da vida e as emoções controversas da alma, sem procurar saber qual é o seu
verdadeiro motivo.
No essencial, Platão acusa a literatura de visão superficial da realidade e de, fruto da aptidão
artística do escritor, poder desvirtuar a reflexão, a razão e a autodeterminação, na medida em que
a literatura não é um domínio isolado, retirado de todo o contexto da vida, que só consegue
operar por meio do sentimento.
De certo modo, para Platão, à literatura cabe a tarefa de fornecer regras morais e de confirmar a
ordem política, sem, todavia, se deixar tutelar, quando encarada em termos de recepção, isto é,
relacionando o objectivo geral - a realização do homem - e a recepção da literatura.
E nesse sentido, a concepção de literatura de Platão pode fundamentar um modelo de didáctica
da literatura que vise a “emancipação e autoconfiguração” do ser, porque o próprio conceito de
literatura integra este objectivo geral da educação.
Aristóteles, segundo Schadewalt, procura entendê-la, tomando como ponto de partida o efeito
que ela exerce no espírito do receptor, sem preconceitos. Enquanto que Platão criticara a entrega,
sem reservas, aos afectos de dor e de temor, como forma de auto-alienação, Aristóteles procura
demonstrar que esta entrega, numa perspectiva ética, não é nociva.
2. 6 Duas concepções diferentes quanto ao efeito da literatura:
A obra literária como proposta de sentido no qual o que está em causa é a “praxis orientada para
o sucesso”, exige do receptor que ele, por um lado, veja o que é representado, projectado sobre
as suas representações e normas e que, por outro, ele ponha em causa as suas representações.
De acordo com a segunda concepção, o processo de recepção é caracterizado por o receptor se
deixar dominar por aquilo que é representado na obra literária, de tal forma que se esquece de si
próprio e do mundo.
A discussão actual em torno da didáctica da literatura
A - O método da redução explicativa [def. de Karl-Otto Apel]: quando a literatura é explicada
com base na necessidade de distensão, alívio, distracção e compensação...
B - Uma hipótese de escapar às consequências da aplicação “método de redução explicativa”:
será a literatura não ser analisada em função de factores que a condicionam, mas em função do
“que, em última instância, interessa quer ao poeta quer ao leitor”.

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Unidade 03: Didáctica de Literatura e Didáctica de Língua
"Língua” e "literatura" são termos que se associam de um modo quase automático, formando um
sintagma sólido e coeso.

É sabido que nos modelos tradicionais do ensino da língua materna o texto literário tinha uma
presença constante ou mesmo exclusiva.
Os diálogos escritos da ficção literária eram (e, em parte, continuam a ser ... ) objecto de análise
a vários níveis - incluindo o nível pragmático, a análise das interacções verbais - como se se
tratasse de diálogos orais reais.
O estatuto que é preciso reivindicar para o texto literário na aula de língua materna não implica
repor a sua presença constante e indiscriminada.
Um processo de produção em que é trabalhada como "matéria-prima" a linguagem: "a obra
literária /...I é obra de linguagem, obra que não utiliza simplesmente a linguagem mas que
constrói linguagem, desenvolve, realiza virtualidades já contidas na linguagem" (Coseriu, E..
1993: 30).
O uso literário não se institui, pois, como "desvio" em relação ao uso "corrente" mas antes como
intensificação e exploração de um potencial comum.
A linguagem, na sua natureza de fenómeno humano tem características que a tornam rebelde a
toda a espécie de simplificações ou esquematismos. É preciso superar, nomeadamente, a
estreiteza de uma concepção da linguagem restrita à função comunicativa. A comunicação não é
nem a única, nem a mais importante das funções da linguagem. Há muitos momentos da
actividade verbal em que "I ... I se suspende o dispositivo quotidiano da comunicação” (Lopes,
O.,1986:23), em que a motivação de agir sobre uma situação concreta e presente é superada pela
motivação cognitiva, pela urgência incessantemente renovada no discurso de exprimir
integralmente o possível e o dizível da nossa experiência.
Cabe ao professor de língua materna promover a activação intencional e o aprofundamento
gradual dessas capacidades e motivações presentes desde a primeira infância, fazendo-as evoluir
para formas de percepção e fruição mais elaboradas, nomeadamente no âmbito da recepção do
texto literário.

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Unidade 04: Definição do estatuto de Didáctica de Literatura
A definição do estatuto existencial de uma ciência não pode nunca partir do pressuposto de
anular à partida qualquer relação com outras ciências.
A literatura é fundamentalmente uma prática epistemológica da estética, isto é, um exercício de
re-criação do mundo através da linguagem que nos esforçamos por realizar em determinadas
condições e produzir determinados efeitos e cujo resultado final terá de ser sempre a produção de
um novo significado, que escreveremos significado, para dizer que se trata de um universo de
sentidos.
Ora, dizer que a "literatura não se fez para ensinar", retomando as palavras de Jacinto do Prado
Coelho, pode sugerir, em primeiro lugar, que a literatura está em conflito com a pedagogia; em
segundo, que a génese do fenómeno literário tem uma determinada relação com a pedagogia e
que essa relação se funda numa negatividade ou exclusão recíproca; e em terceiro, que a
literatura, não podendo ser ensinada, isto é, existindo virada somente para si mesmo, nunca
poderá ser objecto de estudo.
A literatura é tão indefinível como o conhecimento, pelo que qualquer forma de ensino da
literatura tem que passar por uma condição de indeterminação. Se em filosofia, normalmente se
aceita que o conhecimento é a representação de alguma coisa, o ensino da literatura terá de ser
sempre a representação de alguma coisa ao espírito.
Se em filosofia, normalmente se aceita que o conhecimento é a representação de alguma coisa, o
ensino da literatura terá de ser sempre a representação de alguma coisa ao espírito.
Quer a didáctica da literatura quer a própria literatura constituem exercícios naturais das funções
vitais da vida cognitiva, fazendo uso de todas elas: a percepção externa do mundo sensível e dos
seus fenómenos corresponde à criação textual do autor; a consciência corresponde ao
conhecimento do eu textual (todos aqueles que podem representar esta identidade: autor,
narrador, personagens) e dos seus actos; a razão corresponde ao trabalho de leitura textual,
facilmente identificado no trabalho crítico do estudo das relações necessárias entre os sentidos de
um texto, das identidades, causalidades, finalidades, leis e princípios de significação.

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Unidade 05: Importância da Educação literária no desenvolvimento da competência
linguístico-discursiva dos alunos
A língua, como poesia, é energia, é mobilidade, viagem e horizonte.
Numa como na outra, porém, são indispensáveis mecanismos de regulação – como em toda a
cultura – e o texto poético é sempre um texto altamente codificação.

O texto poético, em relação à língua, realiza de modo exemplar a definição transcultural de


excelência.
Em todos os tempos, por isso, o texto poético pôde ser instância prestigiada de normatividade
linguística e agente relevante da criatividade. Ele, porém, não desenvolve a sua criatividade, a
suatransgressão sem desregramento, num sentido desvacionista.
No texto literário, como em nenhum outro tipo de texto, entrecruzam-se múltiplos discursos e
dialogam múltiplos textos.
O professor e o aluno, ao descreverem e analisarem os fenómenos interdiscursivos, intertextuais
do texto literário estão a descobrir mecanismos e manifestações fundamentais da semiose textual.
O texto literário solicita a atenção do leitor/leitor para os níveis fonológico, sintáctico, lexical,
semântico e pragmático da linguagem, para os modelos e estratégias dos diferentes géneros
discursivos, para a riqueza e a profundidade da memória textual.
A antologia/manual é um instrumento de fundamental importância nas estratégias e nos
processos da metacomunicação literária e da aprendizagem da língua em texto.

Unidade 06: Análise Literária


Análise - entende-se, antes de mais, por uma questão de coerência etimológica, como
decomposição de um todo nos seus elementos constitutivos. Sendo esse todo um texto literário
de variável extensão, a análise conceber-se-á então como atitude descritiva que assume
individualmente cada uma das suas partes, tentando descortinar depois as relações que entre
essas distintas partes se estabelecem.
A interpretação entende-se, como a pesquisa, fundamentada de modo mais ou menos explícito
num processo de análise, de um sentido a atribuir ao texto literário, tal sentido visa
principalmente a posição de posterioridade de que, em relação à produção do texto, beneficia o
seu receptor.

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Com isso, pode-se então que a compreensão do texto é o resultado de operações a dois níveis
fundamentais, nomeadamente a interpretação e a análise. O domínio destes níveis conduz o
leitor não só à compreensão, como também o ajudam no enquadramento do texto numa
determinada tipologia de textos e no seu enquadramento e/ou contextualização histórica e
temática.
Unidade 07: A Análise Estilística

A Análise Estilística

Com efeito, a análise estilística é o pano de fundo da análise textual literária. As figuras de estilo
são o perfume da linguagem literária, em razão disso, figurativa e conotativa. Este nível de
análise requer do leitor a capacidade de operar abstracções sem as quais a compreensão torna-se
impossível ou deficitária. Interpretar e analisar é, acima de tudo, um processo de busca de
significados que os significantes veiculam ou que se supõe veicularem.
Uma análise orientada para a valorização do signo e, neste momento, para o relevo
eventualmente conferido ao significado, fundamenta-se na noção de que toda a linguagem
literária é essencialmente plurissignificativa; o que implica a ideia de que o discurso literário
dificilmente se confina, do ponto de vista semântico, aos limites estreitos de um sentido unívoco,
mas antes se concebe como discurso plurívoco em que confluem planos isotópicos.
Uma análise estilística que atente na importância das conotações que povoam o texto não deve
cingir-se à verificação da polivalência significativa, como não pode limitar-se à noção de que
essa polivalência, se estende à colectividade, de acordo com a necessidade de funcionamento
social da linguagem literária, mais do que isso, uma análise estilística debruçada sobre a
conotação deve empenhar-se em enraizar a elaboração formal por ela responsável no estatuto
ideológico e afectivo do escritor responsável pelo estilo peculiar que enforma o texto literário.
Análise estilística deve procurar articular harmoniosamente duas atitudes específicas:
(i) O conhecimento e capacidades de descrição do funcionamento retórico das figuras;
(ii) a tentativa de descortinar, em certos textos, a importância relativa de determinada ou
determinadas figuras.

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Unidade 08: A importância da leitura para a produção de textos
Porquê ler? É simples, porque a leitura tem a capacidade de nos transportar para um mundo
completamente diferente do nosso, tem a capacidade de nos fazer imaginar o imaginável, de
pensar e reflectir sobre assuntos banais com os quais nos debatemos diariamente. Porque com a
leitura tudo se torna agradável e harmonioso por mais dura e cruel que seja a realidade.
Ler é importante porque leva a pessoa a ter contacto com várias ideias diferentes (dos autores),
adquirindo assim uma visão mais ampla do mundo e dos conflitos que envolvem a humanidade e
a sociedade.
Ler também é um exercício de imaginação e prazer, pois ao ler, diferente do que acontece
quando se assiste a um vídeo, as imagens se formam na sua mente, pela sua bagagem cultural e
pelo seu estado emocional.

Unidade 09: Teses sobre o Ensino do Texto Literário na Aula de Português


TESE I

O texto literário – mais propriamente, o texto poético foram e são por excelência os espaços e os
organismos da constituição, do desenvolvimento e da ilustração das línguas históricas. Neles
coexistem, em tensão criadora, a exemplaridade e a normatividade linguísticas e a inovação, a
inventividade e a fantasia verbais, muitas vezes bordejando mesmo a transgressividade e nessa
fronteira de aventura e risco abrindo novos horizontes de expressão e comunicação.
Não se pode ensinar a língua sem o estudo da poesia, não se pode ensinar a poesia sem o estudo
da língua. A gramática, a retórica e a poética, três artes fundamentais da cultura e da escola do
Ocidente, têm como um dos seus pilares mais sólidos a indissociabilidade da língua e da poesia.

TESE II
Em todos os segmentos do sistema educativo, desde o 1.º ciclo do ensino básico até ao ensino
secundário, o texto literário não deve ser considerado como uma área apendicular ou como uma
área perifericamente aristocrática da disciplina de Português, como uma espécie de quinta
senhorial escondida nos arredores da grande cidade da língua, mas como o núcleo da disciplina

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de Português, como a praça maior dessa cidade, como a manifestação por excelência da
memória, do funcionamento e da criatividade da língua portuguesa.
Quando se diz “núcleo” e “praça maior”, se está a afirmar obviamente a necessidade de estudar,
nos diversos segmentos do sistema educativo, outros tipos ou outras classes de textos, numa
polifonia, consonante e contrastiva, de vozes, de estratégias e de arquitecturas discursivas.

TESE III
Os textos literários lidos e estudados na disciplina de Português do ensino básico e do ensino
secundário devem ser escolhidos tendo em consideração os estádios de desenvolvimento
linguístico, psicológico, cognitivo, cultural e estético dos alunos, mas devem ser sempre textos
de grande qualidade literária
Defende-se, em particular, a ideia de que, ao longo dos três anos do ensino secundário, deviam
ser estudados o que denomino núcleos de textualidade canónica, em número não muito elevado
por cada ano. Denomino «núcleos de textualidade canónica» textos ou corpora de textos cuja
qualidade estético-literária, cuja relevância linguística e cultural e cuja capacidade de irradiação
criadora sejam inequivocamente reconhecidas no campo da literatura portuguesa, e que sejam
adequadamente representativos dos diversos períodos ou estilos epocais e dos diversos modos,
géneros e subgéneros literários.
TESE IV
Ao longo do ensino básico e do ensino secundário, a disciplina de Português, tendo o texto
literário como área nuclear, na perspectiva atrás delineada, deve desempenhar um papel central
na educação das crianças, dos jovens e dos adolescentes, com o adequado aproveitamento das
possíveis articulações dos textos literários com textos pictóricos, com textos musicais e com
textos fílmicos, por exemplo.
A formação e o desenvolvimento da sensibilidade e do gosto estéticos não são um luxo, um
privilégio ou um adorno supérfluos, aristocráticos ou burgueses, pois que constituem uma
dimensão primordial e constante, antropológica e socialmente, do homem.
Não se deve cair na tentação de ocultar aos jovens e adolescentes, em nome de uma pedagogia
catequeticamente optimista, os universos sombrios, trágicos, cruéis e perversos da literatura de
todos os tempos.
TESE V

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Uma língua e uma literatura e, por conseguinte, os textos, em geral, e os textos literários, em
particular, constituem-se e desenvolvem-se na temporalidade histórica de uma comunidade
social e de uma cultura, mas o reconhecimento da sua historicidade não impõeque o estudo do
texto literário, sobretudo no ensino básico, seja dominado pela história literária.
O texto literário, nas suas estruturas formais, retóricas, estilísticas, semânticas e pragmáticas,
deve ser o fulcro do processo de ensinoaprendizagem e será a partir da descrição, da análise, da
interpretação e da valorização dessas estruturas que se efectuarão as aconselháveis ou
indispensáveis correlações e articulações com a história da língua e da literatura, com os
períodos literários e com os contextos histórico-sociais.
Nos programas de Literatura Portuguesa do ensino secundário,os “núcleos de textualidade
canónica” devem ser equilibradamente representativos dos diversos estádios da história da
língua e da literatura.
A representação equilibrada deve assegurar a compreensão da mencionada dinâmica, mas deve
também, e principalmente, manter uma relação de proporcionalidade com o valor reconhecido e
atribuído aos autores e aos textos (a referência a cânone implica a referência a valor).
O modelo de programa de Literatura Portuguesa que proponho para o ensino secundário tem
fundamentalmente os seguintes objectivos: reduzir a extensão dos programas; diminuir a massa
de informação histórico-literária a transmitir e a decorar; formar leitores que leiam com gosto,
com emoção e com discernimento, na escola, fora da escola e para além da escola.
TESE VI

Os modelos de descrição e análise textuais de matriz arquitextualnão podem, todavia, ser


utilizados mecanicamente, como se o sentido de um texto fosse inteiramente subsumível
naqueles modelos.
O acto interpretativo deve ser sólida, rigorosa e coerentemente apoiado na forma do texto, na
forma da expressão e na forma do conteúdo, e na informaçãolinguística, literária e cultural do
leitor, mas não é cientificamentedeterminável. Ler e interpretar um texto literário é um acto
crítico, ou seja, é um acto que envolve e comporta hipóteses e juízos que não sãocientificamente
controláveis.
O professor tem de saber traçar cuidadosa e prudentemente a fronteira entre a legítima e
saudável, a todos os títulos, liberdade crítica e hermenêutica e aconfusão e o laxismo
interpretativos.

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TESE VII
A leitura e a interpretação dos textos literários devem ser para os alunos uma viagem guiada pelo
professor com segurança, mas com delicadeza e com discreção, de modo que o aluno seja
efectivamente um leitor com identidade própria, isto é, um leitor que lê com a sua memória, a
sua imaginação, a sua experiência vital, as suas expectativas e os seus conhecimentos
linguísticosliterários.
Na educação estético-literária, é indispensável alcançar o que alguns especialistas da ciência
cognitiva designam por «conhecimento quente» (hot cognition), ou seja, um conhecimento que
está profundamente ligado às emoções e aos afectos.
TESE VIII
Os textos literários, pelo modo como utilizam, reinventam e potenciam, sob todos os pontos de
vista, a língua portuguesa e pela sua ligação memorial ao destino e à aventura de uma terra, de
um povo e de uma cultura, constituem o thesaurus por excelência da identidade nacional. Desde
a poesia trovadoresca, porém, até à obra de Fernando Pessoa, de Vergílio Ferreira ou de Carlos
de Oliveira, os textos literários têm sido também o lugar de diálogo criativo com outros textos de
outros povos, de outras terras, de outras culturas.
TESE IX
Na análise e na interpretação dos textos literários, deve ser utilizada com parcimónia, com
clareza e com rigor, a terminologia das metalinguagens linguísticas e literárias. Sublinho com
parcimónia, porque a inflação de tais terminologias terá um efeito devastador na relação dos
alunos com os textos.
TESE X
Os textos literários no Ocidente são, desde há cerca de vinte e cinco séculos, predominantemente
textos escritos.
O texto literário escrito, se é um objecto percepcionado e apreendido visualmente, possui uma
corporeidade verbal em que o ritmo, a música, o rosto fónico das vogais, das consoantes, das
sílabas, das palavras e dos sintagmas desempenham uma função nuclear.

19
Unidade 10: O Papel do Texto literário, narrativo ou poético
Os textos poéticos orais e escritos foram e são por excelência os espaços e os organismos da
constituição, do desenvolvimento e da ilustração das línguas históricas. Os textos poéticos são os
mais perduráveis, mais vivos e mais fecundantes, de todas as culturas.
Não se pode ensinar a língua sem ensinar a poesia, não se pode ensinar poesia sem o estudo da
língua.
Os textos literários lidos e estudados na disciplina de português do ensino secundário devem ser
escolhidos tendo em consideração os estádios de desenvolvimento linguístico, psicológico,
cognitivo, cultural e estético dos alunos, mas devem ser sempre textos de grande qualidade
literária, isto é, no sentido mais lídimo da expressão, textos canónicos: textos modelares pela
utilização da língua portuguesa, pela beleza das formas, pela densidade semântica, pela
originalidade, pela riqueza e pela sedução dos mundos representados.
O texto literário, nas suas estruturas formais, retóricas, estilísticas, semânticas, semânticas e
pragmáticas, deve ser o fulcro do processo de ensino-aprendizagem e será a partir da descrição,
da
análise, da interpretação e da valorização dessas estruturas que se efectuarão as aconselháveis ou
indispensáveis correlações e articulações com a história da língua e da literatura, com os
períodos literários e com os textos histórico-sociais.

Unidade 11: Pedagogia do cânone literário escolar: adequação e Violência, reijeição e desejo

Hoje em dia e ao nível das práticas pedagógicas, a noção de cânone encontra a sua
materialização no chamado manual escolar, livro de textos, selecta ou antologia, isto é, numa
selecção de textos que socialmente são reconhecidos, por comunidades interpretativas, como
modelares e oportunos num processo formativo.
Nesta perspectiva, os manuais escolares veiculam sempre, implícita ou explicitamente,
determinadas concepções e representações acerca daquilo que é a língua e quais são ou devem
ser, na óptica das comunidades interpretativas que socialmente ratificam esse manual, as suas
práticas. Ora, a relação do cânone com a didáctica do texto é tanto mais relevante quanto o
manual escolar é, hoje em dia, um objecto pedagógico de que não é possível prescindir.

20
Se, como afirmávamos noutro lugar os textos inovadores e criativos constituem os catalisadores
dos sistemas semióticos culturais, incentivando uma renovação criativa dos mesmos, tal
concepção dificilmente se poderá aplicar a alguns exemplos apresentados pelos manuais.
Um outro aspecto que, infelizmente, também parece caracterizar os manuais escolares reside na
elevada presença de adaptações, as quais, todavia, raramente são assinaladas, contribuindo, com
frequência, para adulterações várias da leitura do texto, seja pela intromissão de elementos
estranhos ao original, seja pelo impedimento da possibilidade de uma leitura coerente e global do
texto.
Se a língua deve ser aprendida na sua omnifuncionalidade, o que supõe ser capaz de exercitá-la
não só na sua dimensão utilitária e comunicativa, como também noutros usos menos imediatos e
menos transitivos, importa que o professor possua o sentido crítico necessário para poder
seleccionar os textos adequados, e, uma vez essa tarefa realizada, reconheça as formas eficientes
de interrogar
o texto.
Efectivamente, sendo o mediador, por excelência, da relação aluno-texto, o professor tem
necessariamente que possuir um conhecimento profundo acerca daquilo que é a língua e as
formas de a transformar pedagogicamente em objecto explícito de ensino e de aprendizagem. Se
a língua deve ser aprendida na sua omnifuncionalidade, o que supõe ser capaz de exercitá-la não
só na sua dimensão utilitária e comunicativa, como também noutros usos menos imediatos e
menos transitivos, importa que o professor possua o sentido crítico necessário para poder
seleccionar os textos adequados, e, uma vez essa tarefa realizada, reconheça as formas eficientes
de interrogar o texto.

Unidade 12: Recomendações sobre o Ensino de textos Canónicos na aula de Língua


Portuguesa
Cânone literário escolar (Textos canónicos ou de autores clássicos)
A afixação do cânone escolar tem para o professor as seguintes finalidades: proporcionara
aquisição, numa perspectiva diacrónica e sincrónica, de uma visão panorâmica clara da literatura
portuguesa que permita distinguir e caracterizar, nas suas linhasmestras, época, períodos e
correntes da nossa história literária e nesta situar os autores e obras lidas com fundamento

21
estéticoliterário, ideológico e histórico-cultural; Contribuir para a identificação crítica com as
manifestações e as realizações da cultura, regionais, nacionais e universais, facultando os
conhecimentos que possibilitem o diálogo intertextual com obras do passado e do presente;
proporcionar uma educação básica.
Estes enunciados autorizam algumas inferências: a de que, por um lado, o texto canónico não
tem por finalidade proporcionar o desenvolvimento profundo e tecnicamente sustentado da
competência da interpretação, nem o de problematizar o lugar do texto no continuum histórico,
mas tão-somente, integrá-lo básica e pacificamente nessa série. Por outro, a de que não só se
pretende, com o estudo da selecção canónica, o desenvolvimento de uma competência de leitura
aturada e distanciada, mas também a aquisição de saberes que possibilitem o reconhecimento da
duplicidade histórica e a -histórica do texto literário.

2.1. Resolução de exercícios

Unidade
Perguntas Respostas
Temática

1. Defina por suas A didáctica de literatura é uma ciência da


palavras a mediação, a qual, ao transmitir os conhecimentos
didáctica de de literatura, deverá atender às capacidades e aos
literatura. conhecimentos dos destinatários.
Unidade 01: Introdução à Didáctica de Literatura

Ambos partem de um equívoco: os primeiros


porque existe uma forma legítima de investigar o
2. Diga quais as
conceito de literatura; os segundos, porque estão
disciplinas que
convencidos à partida do que seja tal conceito.
enformam a
Introdução aos Estudos Literários e Teoria da
didáctica de
Literatura são as disciplinas que enformam a
literatura.
didáctica de literatura.

3. Por que se torna Porque a concepção de didáctica de uma disciplina


difícil definir o ser entendida como uma ciência de integração de
conceito de tantas outras ciências. Por outro lado, a própria

22
literatura? literatura ser considerada como um sistema que
nos aparece correlacionada com outros sistemas
incluindo a língua.

Porque tem como objectivo uma técnica, um saber


fazer, mas não dispensa a especulação, não se
4. “O conceito
limita a um receituário de técnicas eficientes de
positivista de
aprendizagem
ciência conduz a
uma noção de
didáctica como
uma tecnologia do
ensino”. Porquê?

5. A Didáctica é,
dentro das
disciplinas que
constituem os
Estudos Literários,
aquela que trata da
arte de ensinar a Faz-se entender aqui que existe uma aprendizagem
Literatura. Tem de quem trabalha com a arte, em face do que se
como objectivo entende por literatura que é aquilo que se ensina
uma técnica, um de facto quando pretendemos ensinar literatura.
saber fazer, mas
não dispensa a
especulação, não
se limita a um
receituário de
técnicas eficientes
de aprendizagem,

23
como se afirma
com ligeireza num
manual clássico
(Introdução à
Didáctica Geral,
de Imídeo G.
Nérici). Comente

1. Discuta o conceito Segundo Johannes Timmermann dá-nos a seguinte


de didáctica de descrição das funções que competem à didáctica
literatura como de uma disciplina: “A didáctica de uma disciplina
uma disciplina de alia essa disciplina específica à ciência da
integração, tendo educação e às ciências sociais, tendo em vista a
as ideias de investigação sobre o ensino e a formação de
Johannes e de professores. - Analisa o domínio do objecto de
Stocker. disciplinas específicas, de forma a torná-lo mais
acessível”. No mesmo sentido, Stocker define a
didáctica de uma disciplina: "Como uma ciência
de integração de outras cuja função será de
Unidade 02: A Didáctica da Literatura e Outras Ciências

elaborar uma teoria sobre o modo mais eficaz de


organizar os processos de ensino e de
aprendizagem, não deixando de atender aos
interesses do sujeito que aprende, do objecto a
transmitir e do objectivo a alcançar."

Sobre relação entre teoria e praxis depende


daquilo que se entende por praxis. Se a praxis for
2. Debruce-se sobre
aquele domínio que está sempre sujeito exigências
a relação entre
da educação e da formação, à teoria cabe a função
teoria e praxis na
de tornar conscientes essas exigências que
didáctica da
determinam a praxis e de possibilitar ao docente
literatura.
uma orientação do sentido que, partindo da praxis,

24
tem como objectivo a praxis.

3. Fale sobre a
relação existente Relação existente entre a Didáctica de literatura e
entre a Didáctica outras ciências, como: pedagogia, Psicologia e
de literatura e Sociologia é de que entende-se a didáctica de uma
outras ciências, disciplina “como a integração de outras disciplinas
como: pedagogia, específicas - a sociologia, a psicologia e a
Psicologia e pedagogia.
Sociologia

1. Não é possível
“ensinar”
literatura sem um Devemos antes compreender que a gama múltipla
domínio cabal, de utilizações da linguagem (em que está incluído
aprofundado e o uso literário) constitui um continuum, no interior
Unidade 03: Didáctica de Literatura e Didáctica de Língua

sistemático do do qual as diferenças se instituem como variações


fenómeno gradativas e não como fronteiras.
literário. Comente
a afirmação.

A contribuição é fortemente estabelecida pelo


facto de a Didáctica de Literatura procurar
2. Fale da
contribuir para além de muitos assuntos que
contribuição da
devem ser abordados na disciplina, o programa
Didáctica de
deve abarcar a análise crítica de textos literários e
Literatura para a
as suas edições, a situações de tratamento de
formação d
textos literários e a selecção de textos escolares.
professor de
português

25
A literatura é marcada pela presença necessária da
linguagem, sendo na poética clássica desde
Aristóteles, uma forma de representação pela
linguagem, oposta, por exemplo à representação
pela imagem que identifica a pintura, tal facto não
esgota todas as possibilidades: se é representação
1. Reflicta sobre o pela linguagem também deve ser entendido como
texto e, no mínimo trabalho de representação (do autor) e
de uma página e representação de uma representação (o texto que
meia (A4), representa uma linguagem particular). Um
escreva sobre a investigador formalista ocupar-se-á apenas com os
relação conhecer, registos finais da representação, isto é, com o texto
estudar, viver e em si sem olhar para dentro; um investigador
ensinar a socrático pré-ocupar-se-á com o trabalho textual
Unidade 04: Definição do estatuto de Didáctica de Literatura

literatura. executado por um autor (não confundir com a


pesquisa falaciosa da intenção autoral), com os
efeitos que o texto executado produz no
entendimento, com as condições que fizeram com
que o texto seja representativo de uma
determinada linguagem e inclusive averiguará se o
texto não representa coisa nenhuma.

2. Apresente uma Óbvio que a literatura não se fez para ser ensinada,
opinião mas de certeza que se pode ensinar sem com isso
fundamentada excluirmos a sua originalidade nem nos servirmos
sobre o tema deste facto de relação para a separarmos da
“literatura não se pedagogia
fez para ensinar.”

26
1. Fale da No texto literário, como em nenhum outro tipo de

Unidade 05: Importância da Educação literária no desenvolvimento da competência linguístico-discursiva


importância dos texto, entrecruzam-se múltiplos discursos e
textos literários no dialogam múltiplos textos. É, por excelência
desenvolvimento espaço de interdiscursividade, de
da competência intertextualidade. O texto literário solicita a
linguística. atenção do leitor/leitor para os níveis fonológico,
sintáctico, lexical, semântico e pragmático da
linguagem, para os modelos e estratégias dos
diferentes géneros discursivos, para a riqueza e a
profundidade da memória textual.

A condição fundamental para que o texto literário


desempenhe satisfatoriamente as suas funções no
2. Identifique as
processo de ensino e aprendizagem da língua
qualidades de uma
reside na existência de antologias/manuais de boa
boa Antologia
qualidade. Pelos autores que acolhe e que exclui,
pelos estilos de época que privilegia, pelos
géneros e subgéneros discursivos que acolhe, pelo
modo como delimita um “texto” no texto
originário, pela distribuição topológica dos seus
textos, pelos títulos que impõe, pelas linhas de
leitura que propõe.

3. O que entende por Capacidade de articular uma língua.


competência
dos alunos

linguística?

27
4. “Estudar (e
ensinar) a
literatura e a
língua é,
essencialmente ler
o livro, que é de Porque a condição fundamental para que o texto
facto o suporte literário desempenhe satisfatoriamente as suas
material do texto” funções no processo de ensino e aprendizagem da
a. Desenvolva língua reside na existência de antologias/manuais
algumas de boa qualidade.
estratégias
didácticas que
motivem os alunos
a ter gosto pela
leitura.

1. Estabeleça a A análise estilística é o pano de fundo da análise


diferença entre a textual literária. As figuras de estilo são o perfume
análise estilística, da linguagem literária, em razão disso, figurativa e
estrutural e semiótica; conotativa. Este nível de análise requer do leitor a
Unidade 06: Análise Literária

capacidade de operar abstracções sem as quais a


compreensão torna-se impossível ou deficitária.
Interpretar e analisar é, acima de tudo, um
processo de busca de significados que os
significantes veiculam ou que se supõe
veicularem.

28
Análise – é uma questão de coerência etimológica,
como decomposição de um todo nos seus
elementos constitutivos. Sendo esse todo um texto
literário de variável extensão, a análise conceber-
se-á então como atitude descritiva que assume
individualmente cada uma das suas partes,
2. Distinga o conceito
tentando descortinar depois as relações que entre
de análise da
essas distintas partes se estabelecem. por sua vez,
interpretação de texto.
a interpretação entende-se, como a pesquisa,
fundamentada de modo mais ou menos explícito
num processo de análise, de um sentido a atribuir
ao texto literário, tal sentido visa principalmente a
posição de posterioridade de que, em relação à
produção do texto, beneficia o seu receptor.

1. Fazendo um No texto, uma análise orientada para a valorização


enquadramento do do signo e, neste momento, para o relevo
texto abaixo na poesia eventualmente conferido ao significado,
de combate, refira-se fundamenta-se na noção de que toda a linguagem
do valor da repetição, literária é essencialmente plurissignificativa; o que
da anáfora e do implica a ideia de que o discurso literário
paralelismo aí dificilmente se confina, do ponto de vista
presentes. Canto dos semântico, aos limites estreitos de um sentido
guerrilheiros unívoco, mas antes se concebe como discurso
Unidade 07: A Análise Estilística

plurívoco em que confluem planos isotópicos.


Para que se efective uma análise estilística
eficiente, esses planos deverão ser não apenas
detectados, mas também coerentemente
interpretados, à luz de uma certa sensibilidade
estética que nenhuma leitura crítica pode
dispensar.

29
1. Como pode ver, a A leitura é uma experiência individual e que pode
unidade sugere ser caracterizada como sendo a decodificação de
que você e os seus signos linguísticos, por meio dos quais o leitor
colegas encontrem decifra sinais, e também como sendo um processo
Unidade 08: A importância da leitura para a produção de textos

respostas sobre o de compreensão mais abrangente, em que o leitor


“porquê ler”. Fale dá sentido a esses sinais.
da importância da
leitura para si e
nas diversas
esferas da
sociedade,
proponha
estratégias
didácticas para
estimular na sala
de aula uma
leitura
interessante.

30
2. Ler é:
As questões nos levam a tentar compreender a
(i) Compreender;
questão da leitura, vai dizer que ela é uma
(ii) Conhecer outras experiência individual e que pode ser
pessoas; caracterizada como sendo a decodificação de
signos linguísticos, por meio dos quais o leitor
(iii) Dialogar com os
decifra sinais, e também como sendo um processo
autores;
de compreensão mais abrangente, em que o leitor
(iv) Divertir. dá sentido a esses sinais.

a) Fundamente cada
item apresentado.

1. De uma forma Aqui sabe-se que o professor encontra-se diante de


Unidade 09: Teses sobre o Ensino do Texto Literário na

sucinta, fale da atitude uma realidade educacional que não permite em


que o professor de termos de estrutura, um trabalho diversificado em
português deve tomar suas aulas. Para criar e inovar o professor precisa
na sua aula. investir em sua formação continuada e em uma
constante actualização.

É preciso que o ensino deve colocar o texto como


uma possibilidade de reflexão e recriação,
2. Desenvolva
associando a actividade de leitura à produção de
estratégias específicas
Aula de Português

outros textos pelos alunos e facilitando a


para tornar seus
expressão de suas visões sobre o texto.
alunos como leitores
críticos.

31
3. Refira-se, na sua Concordo com os objectivos como: Reduzir a
opinião, aos extensão dos programas; diminuir a massa de
objectivos da aula de informação histórico-literária a transmitir e a
literatura no ensino decorar; formar leitores que leiam com gosto, com
secundário. emoção e com discernimento, na escola, fora da
escola e para além da escola.

Para se conseguir que o aluno se torne um leitor


crítico, o ensino deve colocar o texto como uma
possibilidade de reflexão e recriação, associando a
actividade de leitura à produção de outros textos
pelos alunos e facilitando a expressão de suas
4. Sintetize cada uma
visões sobre o texto. Porém, sabe-se que o
das dez teses sobre o
professor encontra-se diante de uma realidade
texto literário.
educacional que não permite em termos de
estrutura, um trabalho diversificado em suas aulas.
Para criar e inovar o professor precisa investir em
sua formação continuada e em uma constante
actualização.

A obra literária é considerada como objecto


Unidade 10: O Papel do Texto literário,

autónomo, independente de qualquer circunstância


1. Desenvolva e funcionamento, o pelo contrário, ela é um
estratégias específicas objecto dependente, lugar de convergência do
para ensinar um texto textual ou do extra textual. O texto literário
narrativo ou poético

poético no ensino submetido a uma visão multimoda, converger-se-á


secundário. num lugar de memória, de crítica e de reflexão, em
suma de lugar privilegiado para o exercício da
liberdade e da criatividade

32
Hoje em dia e ao nível das práticas pedagógicas, a

escolar: adequação e Violência, reijeição e


Unidade 11: Pedagogia do cânone literário
noção de cânone encontra a sua materialização no
1. O que são textos chamado manual escolar, livro de textos, selecta
canónicos? ou antologia, isto é, numa selecção de textos que
socialmente são reconhecidos, por comunidades
interpretativas, como modelares e oportunos num
processo formativo.

2. Dê exemplos de Os Lusíadas, 1572- Camões


textos clássicos.
Do Quixote de la Mancha, 1605- Cervantes
desejo

3. Refira-se aos Reconhecemos que a poesia contribui para um


pressupostos melhor conhecimento dos alunos, porque é
básicos de que o necessário que se descubra um pouco o universo
professor de imaginário do aluno, para podermos o ajudar a
português deve exprimir, manejando espontaneamente ideias,
possuir para cores, formas, relações entre combinações
seleccionar os inéditas, nascendo daí uma visão criativa da vida,
textos escolares. mais significativa, através de numerosas
possibilidades. Portanto, é fundamental que o
aluno se descubra a si próprio.

1. Compare textos O enunciado sempre será dialógico e social,


Unidade 12: Recomendações sobre
o Ensino de textos Canónicos na

baseando-se em situando-se em um determinado género, que se


aspectos, formal, encarrega de materializá-lo. E, essa materialidade
aula de Língua Portuguesa

temático e se revelará no enunciado por meio de seu


estilístico. conteúdo temático, estilo e construção
composicional. Sendo assim, podemos dizer que
os géneros organizam dentro de suas dimensões: a
social e a verbal.

33
2. Num texto corrido, A análise cruzada é uma técnica de análise de
faça uma análise dados que consiste em comparar informações de
cruzada dos textos diferentes fontes para identificar padrões e
abaixo indicados e, tendências. Essa técnica pode ser aplicada em
tendo em conta aos diversas áreas, como marketing, finanças e
aspectos temático- pesquisa académica. Na literatura, a análise
ideológicos; cruzada pode ser utilizada para comparar
estéticos/estilísticos. diferentes obras e autores, identificando
Não se esqueça de semelhanças e diferenças temáticas e estilísticas.
falar da sua estrutura A estrutura formal da análise cruzada pode variar
formal. dependendo do objectivo e do contexto em que é
realizada.

34
Unidade 13: O Conto: Estretégias de interpretação
O conto é a forma narrativa, em prosa, de menor extensão (no sentido estrito de tamanho), ainda
que contenha os mesmos componentes do romance. Entre suas principais características, estão a
concisão, a precisão, a densidade, a unidade de efeito ou impressão total – da qual falava Poe
(1809-1849) e Tchekhov (1860-1904): o conto precisa causar um efeito singular no leitor; muita
excitação e emotividade.
Logicamente a primeira fase é a oral, a qual não é possível precisar o seu início: o conto se
origina num tempo em que nem sequer existia a escrita; as histórias eram narradas oralmente ao
redor das fogueiras das habitações dos povos primitivos – geralmente à noite. A primeira fase
escrita é provavelmente aquela em que os egípcios registraram O livro do mágico (cerca de 4000
a.C.). Daí vamos passando pela Bíblia – veja-se como a história de Caim e Abel (2000 a.C.) tem
a precisa estrutura de um conto.

Unidade 14: Níveis de Análise de Textos Literários


Nível pré-textual
Segundo Matos, M, apud Taine, “o famoso método que faz (sainte-Beuve), o mestre insdiscutível
da crítica do século XIX, este método consiste em não separa o homem e a obra, a considerar
que não é indiferente para julgar o autor de um livro (...) ter primeiro respondido às diferentes
questões que parecem mais estranhas à sua obra (...) rodear-se de todas as informações
possíveis sobre um escritor, coleccionar a sua correspondência, a interrogar os homens que o
conheceram, conversando com os que estão vivos, lendo o que eles puderam escrever sobre ele,
se já morreram, este método desconhece o que um convívio um pouco profundo connosco mesmo
nos ensina: que um livro é o produto de um eu diferente daquele que nós manifestamos nos
nossos hábitos, na sociedade, nos nossos vícios.”
A contestação deste método baseava-se no facto de esses estudos postularem uma relação linear
e directa entre a vida e a obra, segundo a teoria romântica da expressividade: a obra exprimiria o
autor com sinceridade, o que sabemos não ser exacto; quantas vezes uma obra surge
precisamente em contradição com a vida, para contrabalançar limitações fracassos.
(ii) Nível sub-textual.

35
A referência a um nível sub-textual inspirador de um certo tipo de abordagem crítica do texto
literário obriga, antes de mais, a tentar estabelecer os termos em que uma concepção se define.
Deste
modo, entendemos como sub-textual o nível em que é possível detectar certos impulsos e
factores, de carácter individual ou colectivo, que, encontrando-se subjacentes e latentes em
relação ao nível textual, estão ao mesmo tempo disponíveis para serem actualizados pela
concretização do texto literário.
(iii) Nível textual
A fixação da leitura crítica no nível textual relaciona-se de alguma maneira com as conquistas
teóricas recentemente alcançadas no domínio da teoria do texto. Referimo-nos em particular a
noção teorizada e divulgada por Jean Bellemin- Noel: a noção de ante-texto. Este autor encara o
ante-texto como possibilidae de desortinar a gestação de sentidos patenteados pelo texto literário.
o conceito de ante-texto permite superar determinadas carências metológiacs.

Unidade 15: A Prática Pedagógica do Ensino da Literatura


A questão de integração de saberes na didáctica de literatura implica o reconhecimento de que o
ensino se apoia em teorias e instrumentos metodológicos, bem como em estratégias de ensino-
aprendizagem da literatura.
A integração de saberes em contexto didáctico constitui um processo dinâmico, nunca acabado,
dada a própria natureza evolutiva dos saberes teóricos sobre a literatura e o seu ensino, bem
como a natureza dinâmica da prática pedagógica.
O quadro conceptual que entendemos para a integração dos saberes didácticos de que nos
ocupamos norteia-se por três princípios que servem de orientação teórica, metodológica e
prática: o princípio da aprendizagem integrada, o a interactividade pedagógica e o da
construção da aprendizagem.
A aprendizagem integrada envolve, nas actividades do ensino da literatura, em
complementaridade com o da língua materna.
A interactividade pedagógica diz respeito ao papel activo do aluno nas diversas actividades de
ensino-aprendizagem: na planificação dos projectos da leitura, nas aulas, nas estratégias de
avaliação, etc.

36
A construção da aprendizagem é entendida, no cenário didáctico-pedagógico, como
desenvolvimento da autonomia intelectual do aluno, respeitando-se uma articulação entre saber e
saber fazer.

Unidade 16: Reflexões sobre as várias propostas de leitura de textos literários


A partir da problemática “ensinar ou não literatura, pode se chegar a um ponto, que também é
discutivel, “ensina-se, sim, a estudar a literatura, não fazer literatura – como se ensinam Ciências
Naturais e não a Natureza.
Por consequência, observa-se, no mundo tendência para limitar o âmbito do que se lê.
Igualmente, se observa, até o curioso fenómeno de estudar a literatura sem conhecê-la. Também
o ensino da literatura tende, cada vez mais, para o desconhecimento, a desestima, a não-vivência
dela.
Quando afinal, o que pode ser ensinado não é uma literatura sem história ou história sem
literatura, mas a consciência de que a literatura não se basta a si própria, e só é literatura, quando
ultrapassa, por sua própria essência, os quadros em que se define como autónoma e
independente. O único ensino é este: o de que a literatura é um equilíbrio precário entre ser ela
mesma e não ser tudo aquilo que se espera ou se pretende que ela seja.
Em geral, conhecer, estudar, ensinar e viver a literatura, estas maneiras, uma a uma, duas a duas,
não têm sentido algum. Não se pode conhecer, nem estudar, nem ensinar, nem viver, aquilo que,
no fundo e em verdade, não ama. Amando a literatura, porém, é impossível não querer conhecê-
la em toda a parte e em todos os tempos, em extensão e em profundidade, é impossível não
querer estudá-la para transmitir e comunicar aos outros a fascinação que ela exerce sobre nós, é
impossível não querer vivê-la

Unidade 17: Estratégias Didáctico-Pedagógicas da Leitura


Com o resumo estamos diante de uma estratégia holística de compreensão, já que a sua
elaboração demanda a compreensão global dos textos. Se os alunos do Ensino secundário, em
princípio, não têm problemas em resumir um texto de reduzida dimensão, o mesmo não se passa
com a condensão de extensões mais vastas.
Uma outra estratégia holística de compreensão é o comentário, que suscita muitas dificuldades,
tantos no entendimento dos elementos que devem ser contemplados, como no modo de os
integrar.

37
Na identificação de valores ideológicos e simbólicos configurados pela obra literária (romance,
novela, drama, etc.), o aluno realiza macroprocessos de compreensão ao seleccionar elementos
implicados, que surgem integrados num todo em que convergem aspectos temáticos, categorias
genológicas e procedimentos técnic-literários. A aprendizagem acerca de como são se organizam
discursivamente os diversos textos que são objecto de estudo, na escola, deve processar-se de
forma progressiva e recorrente, de modo a permitir que os saberes sejam conscientemente
reinvestidos em novas situaçòes de recepção e produção textual. Estratégia de ensino entende-se
um conjunto de acções do professor orientadas para alcançar determinados objectivos de
aprendizagem que se tem em vista.
No caso de literatura, estratégias entendemos um conjunto de processos de ensino. O
estabelecimento das estratégias envolve opções diversas: quanto aos procedimentos
metodológicos de abordagem dos textos, de acordo com a sua natureza modal e genológica;
quanto á selecção de obras de referência teórica, com vista à informaçào que se deve transmitir
aos alunos; quanto à selecção de textos literários em função dos objectivos de aprendizagem, e
dos conteúdos program’aticos.

Unidade 18: A importância da leitura para a produção de textos


Considerando a produção de textos na escola, pode-se dizer que cabe aos educadores, portanto,
propiciar condições para o aluno exercitar-se na arte de pensar, captar e criar suas próprias
ideias, através de actividades que exijam reflexão e produção de um novo texto; e para alcançar
esse objectivo, deve-se utilizar a criatividade, sempre considerando e usando “A PALAVRA”
como veículo de expressão do pensamento, desenhando através da “ARTE DA PALAVRA
ESCRITA” um texto original, diferente, como se fosse uma verdadeira obra de arte.
Frequentemente, no ensino da leitura, tenta-se conciliar o inconciliável: fazer compreender como
funciona o código escrito pela descoberta do princípio alfabético e fazer descobrir as finalidades
e as questões envolvidas na leitura usando os mesmos textos. Estes dois objectivos
complementares exigem que os alunos apoiem-se sobre suportes escritos de dimensões e de
natureza muito diferentes.
Textos muito curtos, insípidos, sem ambições semânticas e sem significado social não podem
revelar a um aluno o que é ler;

38
Em contrapartida, textos ricos, variados, carregados de sentido são impróprios para colocar em
evidência as relações que ligam as letras e os grupos de letras escritas aos sons orais. Uma
orientação eficiente para a prática de produção de textos, na escola, deve envolver procedimentos
fundamentais distribuídos em dois grandes momentos: o que antecede e o que coincide com o
acto de escrever, propriamente dito.
Os alunos devem estar convictos de que escrever é expressar ideias, conceitos, informações,
sentimentos, sensações de maneira clara, coesa e coerente com aquilo que se deseja e cabe ao
professor ensinar-lhes a seleccionar e manipular tanto palavras e frases como ideias, conceitos e
informações para que possam obter o resultado desejado em sua produção textual.

Unidade 19: A prática pedagógica do Ensino da literatura: o papel específico do professor de


literatura
A leitura deve ser trabalhada de acordo com o género textual a ser utilizado; tendo objectivos
diferentes para cada tipo de texto. São diversas as maneiras de ler como diversos são os textos e
os objectivos de leitura. A leitura é um “processo de interlocução entre leitor / autor mediado
pelo texto. (...) O leitor não é passivo, mas agente que busca significações”.
Quanto ao texto literário, este tem uma linguagem específica, a conotativa, que para a maioria
dos jovens interpretar essa linguagem é bastante difícil. Tal facto reflecte a falta de
conhecimento da natureza do texto literário e evidencia a abordagem tradicional e autoritária que
tem sido dada à Literatura e à leitura, pois os próprios jovens afirmam que gostam de ler e
reconhecem a importância da leitura.
Segundo alguns autores a Literatura perdeu o carácter educativo que possuía na Antiguidade e
vive uma crise no seu ensino, no que diz respeito a finalidades e objectivos.
O ensino de Literatura precisa ser repensado e libertado de associações ideológicas ou históricas
que sirvam a uma determinada classe social que dita quais obras literárias devem ser modelos
para a leitura; de que forma a escola deve trabalhá-las em sala de aula; o que deve ser ensinado.
E desvinculado de pedagogias que ofereçam receitas a serem seguidas, importadas de realidades
estrangeiras.
A Literatura precisa ser encarada como fenómeno artístico, considerada em sua natureza
educativa por excelência, porque traz valores, crenças, ideias, pontos de vista de seus autores,

39
que podem enriquecer a vida daqueles que a lêem. Não deve estar presa a modismos pedagógicos
e sim ser considerada como uma actividade prazerosa de conhecimento do ser humano e das
diversas funções da linguagem, dentre elas a função poética, pois retrata e recria as questões
humanas universais, numa linguagem esteticamente trabalhada, transgressora da rotina
quotidiana.
Segundo Silva (1990: 43), “os protocolos de leitura estão estremecidos, como estão estremecidos
os cânones autoritários de interpretação. Nada – é isso que resulta de respostas fechadas aos
textos literários.”

Unidade 20: Materiais de Ensino de Literatura no ensino secundário geral (1.º e 2.º Ciclos)
Ao elaborar o material de leitura, uma das primeiras preocupações do professor deve ser quanto
aos critérios de selecção de textos que podem estar agrupados por temas, tipologias, nível
linguístico, interesses dos alunos, entre outros.
Um dos princípios básicos que o professor deve atentar ao elaborar o seu material em leitura
interactiva é respeitar os conhecimentos prévios ou de mundo que o aluno possui. Os textos
seleccionados para trabalhar em sala de aula não podem ser culturalmente distantes do aluno. A
dificuldade em compreender o texto pode ser maior se o aluno não possui o conhecimento prévio
sobre o assunto a ser tratado. O texto não deve somente possuir significado no universo de
conhecimento do aluno, mas também deve pertencer ao seu universo de interesse. Deve tratar de
assuntos que motive o seu engajamento no acto de aprender. Em um primeiro momento, o
professor deve ater-se a textos que o aluno seja capaz de relacionar a um conhecimento de
mundo anterior e, de maneira gradativa, inserir textos diferentes que ampliem o conhecimento de
mundo do aluno. Assim, a falta do conhecimento de mundo não será um elemento
desestimulante para a leitura do texto.
Outro princípio é o que se refere à tipologia dos textos seleccionados. O professor deve escolher
textos, os mais variados possíveis, de diferentes tipologias para que o aluno se familiarize com as
diferentes marcas discursivas inerentes a cada discurso: o espaço que ocupa em uma página, se
possui autoria individual ou colectiva, se está em colunas, porque o autor destaca determinadas
palavras em detrimento de outras.
Ao seleccionar um texto, o professor precisa verificar se o texto seleccionado realmente
promoverá a prática da habilidade visada, pois o aluno não pode ser forçado a executar uma

40
tarefa de leitura não-realista porque o professor decidiu trabalhar determinada estratégia naquele
ponto do planeamento e não conseguiu encontrar um texto melhor.
As ferramentas de avaliação também devem ser contempladas no planificação do professor de
leitura instrumental. A avaliação é o instrumento fundamental para o professor saber se atingiu
ou não os objectivos propostos no planificação e assim, verificar se deve avançar ou retroceder
no programa. Para o aluno, a avaliação é o instrumento para saber se alcançou ou não os
objectivos propostos.

Unidade 21: Selecção do material de Ensino de literatura

O ensino de leitura sempre pressupõe três factores: as finalidades, os conteúdos (textos) e as


pessoas envolvidas no processo, ou seja, as características dos alunos e da turma a ser trabalhada.
A selecção de conteúdos, por isso, de acordo com os Programas do Ensino secundário, não mais
deve privilegiar a memorização de informações, mas deve basear-se em eixos estruturadores
Comunicação; Investigação e Compreensão e Contextualização Socio-cultural, que são
organizados em competências / habilidades e temas, sugeridos por esse documento: Usos da
Língua; Diálogo entre Textos: um exercício de leitura; Ensino de gramática: algumas reflexões e
Texto como representação do imaginário e construção do património cultural.

Unidade 22: A prática Pedagógica do Ensino de um Texto Literário: Reflexões sobre os


apectos intra e extratextuais.

A língua, como poesia, é energia, é mobilidade, viagem e horizonte. Numa como na outra,
porém, são indispensáveis mecanismos de regulação – como em toda a cultura – e o texto
poético é sempre um texto altamente codificação. Ele é também, todavia, um texto capaz de
jogar ironicamente com a sua própria codificação, transgressivo em relação aos mecanismos
reguladores da semiose. No texto literário, como em nenhum outro tipo de texto,
entrecruzam-se múltiplos discursos e dialogam múltiplos textos. O professor e o aluno, ao
descreverem e analisarem os fenómenos interdiscursivos, intertextuais do texto literário estão a
descobrir mecanismos e manifestações fundamentais da semiose textual.

41
A condição fundamental para que o texto literário desempenhe satisfatoriamente as suas funções
no processo de ensino e aprendizagem da língua reside na existência de antologias/manuais de
boa qualidade. Pelos autores que acolhe e que exclui, pelos estilos de época que privilegia, pelos
géneros e subgéneros discursivos que acolhe, pelo modo como delimita um “texto” no texto
originário, pela distribuição topológica dos seus textos, pelos títulos que impõe, pelas linhas de
leitura que propõe.

Unidade 23: Estratégias de Análise e Comentário de Textos Literários


Comentário
É um conjunto de observações subjectivas e objectivas que se fazem sobre um texto, de forma a
revelar o seu sistema de ideias, a identificar a sua organização interna e a questionar a rede de
intenções comunicadas (a intenção do autor desse texto, a intenção do leitor desse texto e a
própria intenção textual comunicada). O que é que o texto diz? Como diz? O que me diz? -
Estas são as principais perguntas a que temos de dar resposta quando pretendemos fazer um
comentário de texto. Para chegar a tais respostas é preciso, em primeiro lugar, chegar a um
momento de síntese a que chamamos compreensão.
Para atingir estes objectivos, é necessário respeitar uma determinada metodologia, que pode ser
sintetizada da seguinte forma:
1. Ler atentamente o texto a comentar, pelo menos duas vezes.
2. Resolver todas as dificuldades encontradas, procurando nos dicionários e enciclopédias as
respostas a todas as palavras e expressões que ofereceram dificuldade de compreensão.
3. Identificar o tipo de texto que estamos a ler.
4. Localizar o texto: trata-se de um excerto ou de um texto independente?
5. Indicar o tema do texto.
6. Determinar a estrutura do texto. Todo o texto possui uma estrutura interna, ou seja, os
elementos que o constituem ordenam-se segundo uma lógica de sentido.
7. Analisar a forma do texto.
O comentário crítico é a metodologia corrente do ensaio literário, que se inspira numa ideia hoje
em aberto no âmbito das discussões teóricas da literatura: a distância criativa entre um texto
literário e um texto crítico, entre um Dichter (escritor criativo) e um Denker (pensador crítico).
Geoffrey Hartman, no ensaio "Literary Commentary as Literature", in Criticism in the

42
Wilderness, defende que não há diferença entre ambos, servindo-se para isso do exemplo do Glas
de Derrida.

Unidade 24: Análise da obra/texto literário


ANÁLISE DO POEMA

Logo que iniciamos a leitura do poema, notamos que é todo elaborado em primeira pessoa, trata-
se do “eu” lírico, que se refere à subjectividade, ao íntimo, à descrição dos sentimentos.
Notamos também a presença de vários predicativos do sujeito, referindo-se à subjectividade do
“eu” lírico.
No poema, como um todo, percebemos logo de início algumas das principais características da
poesia de Cecília Meireles, tais como leveza e a delicadeza com que tematiza a passagem do
tempo, a transitoriedade da vida e a fugacidade dos objectos, que parecem intocáveis em seus
poemas, com uma linguagem altamente feminina, intuitiva e sensorial, decorrendo assim, um
certo tom melancólico dos mesmos.
Alfredo Bosi, em seu livro História Concisa da Literatura Brasileira, define: “Com Cecília
Meireles a vertente intimista, (...), afina-se ao extremo e toca os limites da música abstracta”.
(AB, p. 515)
É importante ressaltar que, por ter estudado música, seus poemas tematizam a musicalidade
como uma importante característica.
No último terceto do soneto, primeiro verso, há aliteração da oclusiva /k/, o que sugere o ritmo
da batida do coração, quando eterniza a música, a canção, enquanto a assonância da vogal /a/
sugere um sentimento de alegria do “eu” lírico.
Na primeira estrofe, o “eu” lírico dá importância ao tempo presente, à criação do seu poema.
Afirma que o poeta declara os sentimentos para as pessoas, mas o poeta é imparcial.
No terceiro verso desta estrofe há uma antítese entre “alegre” X “triste”. Entretanto, ao colocar
as palavras “não” e “nem”, o “eu” lírico dá um tom de indiferença, mas a melancolia persiste
com o uso das consoantes semi-abertas /o/, /e/ e as vogais fechadas /u/ e /i/.
O “eu” lírico se contenta em ser apenas poeta, como afirma no quarto verso deste quarteto,
apesar de a sua existência ser triste.

43
Outra ocorrência importante e recorrente na obra de Cecília é o uso dos verbos “existir” e “ser”,
que sugerindo o tom existencialista de Cecília Meireles.
Na segunda estrofe, chama a atenção ao valor que se dá às coisas passageiras, para que não nos
prendamos a elas, pois passam como o vento. Deve -se agir como o poeta, que é livre, como o
vento.
Logo, não sente “gozo” nem “tormento”.
Em seu primeiro verso há assonância dos fonemas /a/, /i/, /o/ e a presença do fonema /s/,
ocorrendo uma aliteração, que lembra a passagem do tempo, de forma rápida, com um vento,
como diz o “eu” lírico.
Na terceira estrofe, percebemos um conflito interior, uma dúvida do “eu” lírico, que não sabe
qual decisão tomar: a de parar ou a de continuar. A dúvida com relação a sua existência
permanece na
repetição da expressão “Não sei”. Ocorre uma antítese entre as formas verbais “fico” (terceiro
verso) e “passo” (quarto verso), pois a transitoriedade da vida mais uma vez é questionada. As
formas “fico” (terceiro verso) e “edifico” (primeiro verso) estão rimando e nós podemos pensar
que, enquanto vivemos, edificamos algo na terra, de ordem espiritual ou material, mas quando
“passamos”, tudo se desfaz, como observamos na rima que acontece no segundo e no quarto
versos.
Na quarta estrofe, o “eu” lírico reafirma a importância dada ao presente, ao tempo do “agora”,
iniciado na primeira estrofe, pois o poeta continua a cantar e diz que a canção é tudo, assim como
o
poema, porque são eternizados com o passar do tempo, assim como o voo ritmado das asas dos
pássaros, enquanto que ele e nós somos finitos - um dia, ficaremos mudos e não seremos mais
nada.
A música, que muitos consideram desnecessária, será e é eterna, como o espírito. Percebemos,
então, que o poema é uma metáfora que representa a fugacidade da vida e como as pessoas a
deixam passar, sem dar o real valor ao que realmente importa, também notamos a existência de
um eufemismo nos terceiro e quarto versos da última estrofe, pois se evita a palavra morte,
substituindo-a por uma expressão menos desagradável.
Notamos também no interior de alguns versos, uma pausa interna, denominada cesura, na qual o
“eu” lírico faz uma reflexão sobre o que vai tratar poeticamente.

44
No segundo verso da quarta estrofe, aparece o hipérbato, que resulta da inversão na ordem
natural das palavras relacionadas entre si, realçando a eternidade do espírito.
Nas últimas estrofes podemos dizer que ocorre a gradação, ou seja, o encadeamento gradual dos
termos relativos a uma ideia, que intensifica a dúvida do “eu” lírico sobre uma decisão a ser
tomada. No poema de Cecília Meireles notamos a presença de uma certa feição do clássico no
Modernismo, principalmente no que se refere às rimas, no caso do poema todo composto de
rimas alternadas.
Na primeira estrofe, há a rima do primeiro e terceiro versos e do segundo e do quarto versos. Na
segunda estrofe ocorre o mesmo esquema: primeiro e terceiro versos e segundo e quarto versos.
Na terceira estrofe: primeiro e terceiro versos. Na quarta estrofe: primeiro e terceiro versos e do
segundo e quarto versos.
Observamos, também, a existência da rima rica, ou seja, rimas entre palavras de classes
gramaticais diferentes, na primeira estrofe, o primeiro e terceiro versos e segundo e quarto
versos.
Também, na segunda estrofe, o primeiro e terceiro versos. No restante do poema, constata-se a
presença da rima pobre, isto é, rimas com palavras de classes gramaticais semelhantes. A
herança simbolista da poetisa é reconhecida por essas métricas.
O uso dessas figuras denominadas cavalgamento, sinalefa, hiato e crase contribuem para a
prorrogação da reflexão na primeira figura citada e a efemeridade da vida, nas duas posteriores.
Ocorre a sinérese, fusão, numa só, de duas vogais próximas pertencentes a sílabas distintas na
primeira estrofe do quarto verso, ou seja, a passagem de um hiato a ditongo e também na quarta
estrofe, no terceiro verso.
O poema Motivo é riquíssimo de significações e através da detecção dos fatos estilísticos vemos
como a poetisa os utiliza com tanta propriedade, criando o seu estilo, que o torna único.
O título Motivo pode significar uma esperança que o “eu” lírico sente para poder continuar
vivendo, apesar de conscientemente saber que ela, a vida, é uma passagem para um outro plano
desconhecido.

45
Resolução de exercícios

O conto clássico à Poe contava uma história


Conto:

anunciando que havia outra; o conto moderno


Estratégias de interpretação

1. Distinga o conto
conta duas histórias como se fossem uma só. A
moderno do conto
O

teoria do iceberg de Hemingway é a primeira


tradicional
13:

síntese desse processo de transformação: o mais


importante nunca se conta. A história é construída
Unidade

com o não-dito, com o subentendido e a alusão.

46
Noémia de Sousa e José Craveirinha são dois
importantes intelectuais da literatura nacionalista
em Moçambique. Eles representam uma poética
que contestava o imperialismo português e
buscavam restaurar o espírito moçambicano. A
produção literária de ambos os autores é marcada
1. Procure um ou dois
por circunstâncias históricas e políticas que
textos de autores
influenciaram suas obras.
moçambicanos, como
Noémia de Sousa, Noémia de Sousa, por exemplo, foi uma das
José Craveirinha e, primeiras mulheres negras a publicar poesia em
analise-os sob ponto Moçambique. Ela escreveu sobre a luta contra o
de vista das colonialismo português e a opressão racial. Sua
circunstâncias e poesia é caracterizada por um forte senso de
motivações que identidade cultural e nacionalismo.
explicam a sua
José Craveirinha, por sua vez, foi um poeta e
produção.
jornalista moçambicano que também lutou contra
Unidade 14: Níveis de Análise de Textos Literários

o colonialismo português. Ele escreveu sobre a


vida cotidiana dos moçambicanos e a luta pela
independência do país. Sua poesia é marcada por
uma forte conexão com as raízes culturais
africanas.

Ambos os autores foram influenciados pelas


circunstâncias históricas e políticas de
2. Depois da análise, Moçambique na época em que escreveram suas
relacione-os. obras. Suas produções literárias são uma forma de
resistência contra o imperialismo português e uma
tentativa de restaurar o espírito moçambicano.

47
A problemática dos géneros literários é um
1. Proceda uma leitura assunto já abordado na cadeira de Introdução aos
minuciosa sobre esta Estudos Literários. Estamos agora a recapitula-lo,
matéria e faça uma já que o mesmo se reveste de importância extrema
ficha de leitura. na compreensão da problemática da interpretação
e análise textual.

O quadro conceptual que entendemos para a


integração dos saberes didácticos de que nos
ocupamos norteia-se por três princípios que
servem de orientação teórica, metodológica e
prática: o princípio da aprendizagem integrada, o a
2. Diferencie a interactividade pedagógica e o da construção da
aprendizagem aprendizagem. A aprendizagem integrada envolve,
integrada e a nas actividades do ensino da literatura, em
construção da complementaridade com o da língua materna. Na
Unidade 15: A Prática Pedagógica do Ensino da Literatura

aprendizagem. aprendizagem da leitura, visamos especialmente o


ensino-aprendizagem dos processos de
compreensão, no caso vertente, das operações
cognitivas, intelectuais e discursivas implicadas
nas diversas modalidades de leitura, de acordo
com as especificidades dos textos.

3. Refira-se às
estratégias didáctico- A interactividade pedagógica diz respeito ao papel
pedagógicas de activo do aluno nas diversas actividades de ensino-
leitura, tendo em aprendizagem: na planificação dos projectos da
conta o que acaba de leitura, nas aulas, nas estratégias de avaliação, etc.
aprender nesta lição.

48
Reflicta sobre o texto Em síntese, conhecer, estudar, ensinar e viver a

Unidade 16: Reflexões sobre as várias propostas


e, no mínimo de uma literatura, estas maneiras, uma a uma, duas a duas,
página e meia (A4), não têm sentido algum. Não se pode conhecer,
escreva sobre a nem estudar, nem ensinar, nem viver, aquilo que,
relação conhecer, no fundo e em verdade, não ama. Amando a
de leitura de textos literários

estudar, viver e literatura, porém, é impossível não querer


ensinar a literatura. conhecê-la em toda a parte e em todos os tempos,
em extensão e em profundidade, é impossível não
querer estudá-la para transmitir e comunicar aos
outros a fascinação que ela exerce sobre nós, é
impossível não querer vivê-la.

49
1. “No âmbito da
interpretação literária,
encerram alguma
complexidade as
actividades de leitura
que exigem operações
Considerando a produção de textos na escola,
de relacionamento do
pode-se dizer que cabe aos educadores, portanto,
tipo globalizante
propiciar condições para o aluno exercitar-se na
( aproximações
arte de pensar, captar e criar suas próprias ideias,
analógicas ou
através de actividades que exijam reflexão e
importância da leitura para Unidade 17: Estratégias Didáctico-Pedagógicas da Leitura

contrastivas)”. a)
produção de um novo texto; e para alcançar esse
Refira-se à
objectivo, deve-se utilizar a criatividade, sempre
complexidade que se
considerando e usando “A PALAVRA” como
desenha no âmbito da
veículo de expressão do pensamento, desenhando
interpretação de um
através da “ARTE DA PALAVRA ESCRITA” um
texto literário, tendo
texto original, diferente, como se fosse uma
em conta os três
verdadeira obra de arte.
níveis aprendidos nas
unidades anteriores.
b) Proponha
estratégias eficazes
para o ensino do texto
literário.

1. Desenvolva Aprender a escrever é, em grande parte, se não


A

estratégias para que os principalmente, aprender a pensar, aprender a


a produção de textos

alunos gostem de ler. encontrar ideias e a concatená-las, pois, assim


18:

como não é possível dar o que não se tem, não se


pode transmitir o que a mente não criou ou não
Unidade

aprisionou.

50
Na escola, uma grande dificuldade enfrentada
pelos alunos com relação ao escrever refere-se à
necessidade que eles têm de deixar a linguagem
coloquial, “aquela do dia-a-dia”, e passar a se
2. Discuta sobre a
expressar por escrito, numa linguagem mais
relevância do manual
formal e mais cuidadosa. A fala por ser mais
de ensino de
espontânea, menos cerimoniosa e com certeza
literatura/português.
mais fácil que escrever, e pelo facto de a escrita ter
normas próprias (ortografia, acentuação, etc.), a
falta de um interlocutor à sua frente exige deles
que obedeçam a essas normas.

Considerando a produção de textos na escola,


pode-se dizer que cabe aos educadores, portanto,
propiciar condições para o aluno exercitar-se na
arte de pensar, captar e criar suas próprias ideias,
através de actividades que exijam reflexão e
3. Refira-se à relação
produção de um novo texto; e para alcançar esse
ensino da leitura e
objectivo, deve-se utilizar a criatividade, sempre
escrita.
considerando e usando “A PALAVRA” como
veículo de expressão do pensamento, desenhando
através da “ARTE DA PALAVRA ESCRITA” um
texto original, diferente, como se fosse uma
verdadeira obra de arte.

51
Professores podem e devem planificar um

literatura: o papel específico do


prática
da
5. De uma forma ambiente, em sua dimensão tanto física quanto

Ensino
sucinta, fale da atitude social, no interior da unidade escolar, mais

professor de literatura
A

que o professor de especificamente na sala de aula, que se constitua


do
19:

português deve tomar num espaço cultural capaz de


pedagógica

na sua aula. instigar/sugerir/convocar certos conhecimentos,


Unidade

atitudes, valores, desejos e reflexões.

6. Desenvolva Para se conseguir que o aluno se torne um leitor


estratégias específicas crítico, o ensino deve colocar o texto como uma
para tornar seus possibilidade de reflexão e recriação, associando a
alunos como leitores actividade de leitura à produção de outros textos
críticos. pelos alunos e facilitando a expressão de suas
visões sobre o texto.

7. Refira-se, na sua De acordo com os Programas do Ensino


opinião, aos Secundário, a Literatura deve estar integrada às
objectivos da aula de aulas de leitura e a metodologia de ensino deve
literatura no ensino considerar o carácter sócio-interacionista da
secundário. linguagem verbal, tendo o texto como objecto de
trabalho, considerado nos diversos géneros que
circulam no nosso país.
ensino secundário geral (1.º

1. Proponha Consideramos produtiva a leitura iniciada por


Ensino de Literatura no
Unidade 20: Materiais de

estratégias didácticas actividades de reconhecimento do texto/obra


para o ensino de um (leitura prévia), seguida de outras que visam a
texto poético. interpretação e compreensão. Significa, neste caso,
explorar todo o material, implícito ou
explicitamente presente no texto.

52
2. Refira-se à Um dos princípios básicos que o professor deve
elaboração e atentar ao elaborar o seu material em leitura
organização do interactiva é respeitar os conhecimentos prévios
material para uma ou de mundo que o aluno possui. Os textos
e 2.º Ciclos)

aula de leitura. seleccionados para trabalhar em sala de aula não


podem ser culturalmente distantes do aluno.

Deve privilegiar a memorização de informações,


mas deve basear-se em eixos estruturadores
1. Discorra sobre os Comunicação; Investigação e Compreensão e
elementos eficazes Contextualização Socio-cultural, que são
para seleccionar organizados em competências / habilidades e
materiais adequados temas, sugeridos por esse documento: Usos da
Unidade 21: Selecção do material de Ensino de literatura

para uma aula de Língua; Diálogo entre Textos: um exercício de


português. leitura; Ensino de gramática: algumas reflexões e
Texto como representação do imaginário e
construção do património cultural.

O ensino de leitura sempre pressupõe três factores:


2. Proponha um plano as finalidades, os conteúdos (textos) e as pessoas
de lição no qual se envolvidas no processo, ou seja, as características
refira ao critério que dos alunos e da turma a ser trabalhada. Sem a
usou para seleccionar presença desses três factores, o trabalho com a
o texto literário da sua leitura / literatura corre o risco de se tornar vazio
aula. ou um “receituário” em que se repetem esquemas
já prontos.

53
1. Fale da O texto literário solicita a atenção do leitor/leitor
importância dos para os níveis fonológico, sintáctico, lexical,
textos literários no semântico e pragmático da linguagem, para os
Unidade 22: A prática Pedagógica do Ensino de um Texto Literário: Reflexões sobre os aspectos intra e extratextuais.

desenvolvimento modelos e estratégias dos diferentes géneros


da competência discursivos, para a riqueza e a profundidade da
linguística. memória textual.

2. Identifique as A antologia/manual é um instrumento de


qualidades de uma fundamental importância nas estratégias e nos
boa Antologia processos da metacomunicação literária e da
aprendizagem da língua em texto.

3. O que entende por


Capacidade de articular uma língua.
competência
linguística?

4. 8. “Estudar (e
ensinar) a
literatura e a
língua é,
essencialmente ler Porque a condição fundamental para que o texto
o livro, que é de literário desempenhe satisfatoriamente as suas
facto o suporte funções no processo de ensino e aprendizagem da
material do texto” língua reside na existência de antologias/manuais

b. Desenvolva de boa qualidade.


algumas estratégias
didácticas que
motivem os alunos a
ter gosto pela leitura.

54
Ler atentamente o texto a comentar, pelo menos
Unidade 23: Estratégias de
Análise e Comentário de Textos
duas vezes. Desde logo, devemos assinalar todos
1. Proponha o melhor os elementos do texto que nos ofereçam
método para comentar dificuldades de compreensão (vocábulos,
um texto. referências concretas, conceitos complexos
desconhecidos ou empregues em situações
Literários

inesperadas).

2. Proponha os Resolver todas as dificuldades encontradas,


momentos a ter em procurando nos dicionários e enciclopédias as
consideração quando respostas a todas as palavras e expressões que
se pretender comentar ofereceram dificuldade de compreensão. Nesta
um texto. pesquisa, não se pretende analisar já o sentido das
palavras desconhecidas, mas apenas registar e
esclarecer a sua ocorrência

3. Compare textos O enunciado sempre será dialógico e social,


Unidade 24: Análise da obra/texto

baseando-se em situando-se em um determinado género, que se


aspectos, formal, encarrega de materializá-lo. E, essa materialidade
temático e estilístico. se revelará no enunciado por meio de seu
conteúdo temático, estilo e construção
composicional. Sendo assim, podemos dizer que
os géneros organizam dentro de suas dimensões: a
literário:

social e a verbal.

55
A análise cruzada é uma técnica de análise de
dados que consiste em comparar informações de
diferentes fontes para identificar padrões e
tendências. Essa técnica pode ser aplicada em
4. Num texto corrido,
diversas áreas, como marketing, finanças e
faça uma análise
pesquisa académica. Na literatura, a análise
cruzada de dois textos
cruzada pode ser utilizada para comparar
de autores
diferentes obras e autores, identificando
moçambicanos.
semelhanças e diferenças temáticas e estilísticas.
A estrutura formal da análise cruzada pode variar
dependendo do objectivo e do contexto em que é
realizada.

56
Conclusão
De forma conclusiva, tomamos como princípio de que a concepção de literatura de alguns
pensadores nos vem de modo duplo, eles se referem à literatura como um documento de seu
tempo de modo lúdico e crítico, mas mostra-se sempre original não esgotando as possibilidades
de criar, pois o imaginário empurra o artista à geração de formas e expressões inusitadas.
Doravante, a literatura provoca no leitor um efeito também dúplice, acciona sua fantasia
colocando frente a frente dois imaginários e dois tipos de vivência interior, mas suscita um
posicionamento intelectual, uma vez que o mundo representado no texto mesmo afastado no
tempo ou diferenciado enquanto invenção produz uma modalidade de reconhecimento em quem
lê.

57
Referências bibliográficas

COVANE, Lourenço (s/d). Didáctica da Literatura. Manual do Curso de Licenciatura em Ensino


da Língua Portuguesa. Centro de Ensino à Distância. Universidade católica de Moçambique.

58

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