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Disciplina: Sociologia

Autores: D.ra Arlene Denise Bacarji

Revisão de Conteúdos: Esp. Sonia Luiza luz

Designer Instrucional: Esp. Raphael Pereira Nunes de Souza

Revisão Ortográfica: Esp. Lucimara Ota Eshima

Ano: 2021

Copyright © - É expressamente proibida a reprodução do conteúdo deste material integral ou de suas


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Marketing da Faculdade UNINA. O não cumprimento destas solicitações poderá acarretar em cobrança
de direitos autorais.

1
Arlene Denise Bacarji

Sociologia
1ª Edição

2021

Curitiba, PR

Faculdade UNINA

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Faculdade UNINA
Rua Cláudio Chatagnier, 112
Curitiba – Paraná – 82520-590
Fone: (41) 3123-9000

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D.ra Yara Rodrigues de La Iglesia

Revisão de Conteúdos
Sonia Luiza luz

Designer Instrucional
Raphael Pereira Nunes de Souza

Revisão Ortográfica
Lucimara Ota Eshima

Desenvolvimento Iconográfico
Juliana Emy Akiyoshi Eleutério

Desenvolvimento da Capa
Carolyne Eliz de Lima

FICHA CATALOGRÁFICA

BACARJI, Arlene Denise.


Sociologia / Arlene Denise Bacarji. – Curitiba: Faculdade UNINA, 2021.
86 p.
ISBN: 978-65-5944-142-6
1.Sociedade. 2. Cultura. 3. Globalização.
Material didático da disciplina de Sociologia – Faculdade UNINA, 2021.

Natália Figueiredo Martins – CRB 9/1870

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PALAVRA DA INSTITUIÇÃO

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Seja bem-vindo(a) à Faculdade UNINA!

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nº 112, no Bairro Bacacheri, criada e credenciada pela Portaria nº 299 de 27 de
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grupos de estudos o que proporciona excelente integração entre professores e
estudantes.

Bons estudos e conte sempre conosco!


Faculdade UNINA

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Sumário
Prefácio ....................................................................................................... 07
Aula 1 – A Sociologia como ciência: o seu surgimento ................................ 08
Apresentação da Aula 1 .............................................................................. 08
1.1 – Origem da Sociologia, Augusto Comte ou Montesquieu? ............ 08
1.1.1 – O Positivismo ............................................................................ 10
Conclusão da Aula 1 ................................................................................... 13
Aula 2 – A Sociologia dos clássicos ............................................................. 14
Apresentação da Aula 2 .............................................................................. 14
2.1 – Sociologia dos clássicos e sua contribuição para nossa
compreensão do mundo .............................................................................. 14
2.1.1 – Karl Marx .................................................................................. 15
2.1.2 – Max Weber ............................................................................... 20
2.1.3 – Émile Durkheim ........................................................................ 23
Conclusão da Aula 2 ................................................................................... 26
Aula 3 – Sociedade, Cultura e Indivíduo ...................................................... 26
Apresentação da Aula 3 .............................................................................. 26
3.1 – O que é a Sociedade? ................................................................. 27
3.1.1 – Cultura, o que é? Você sabe? ................................................... 28
3.1.2 – Grupos Sociais ......................................................................... 34
Conclusão da Aula 3 ................................................................................... 34
Aula 4 – As Organizações ........................................................................... 35
Apresentação da Aula 4 .............................................................................. 35
4.1 – O que é uma organização? .......................................................... 35
4.1.1 – Cultura Organizacional ............................................................. 37
4.1.2 – O poder nas Organizações ....................................................... 41
Conclusão da Aula 4 ................................................................................... 44
Aula 5 – O Trabalho ..................................................................................... 45
Apresentação da Aula 5 .............................................................................. 45
5.1 – Trabalho e a vida humana ............................................................ 45
5.1.1 – Sindicalização .......................................................................... 50
Conclusão da Aula 5 ................................................................................... 53
Aula 6 – Globalização e sociedade pós-industrial ....................................... 53
Apresentação da Aula 6 .............................................................................. 53
6.1 - Globalização, o que significa? ...................................................... 54

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6.1.1 - Sociedade pós-industrial ........................................................... 58
Conclusão da Aula 6 ................................................................................... 63
Aula 7 – A Sociologia da pós-modernidade ................................................. 63
Apresentação da Aula 7 .............................................................................. 63
7.1 – As raízes da modernidade que desembocam na pós-
modernidade ............................................................................................... 64
7.1.1 - As características da sociedade e do homem pós-moderno ...... 67
Conclusão da Aula 7 ................................................................................... 72
Aula 8 – Temas importantes da Sociologia .................................................. 73
Apresentação da Aula 8 .............................................................................. 73
8.1 - Sociologia do Desenvolvimento ................................................... 73
8.2 – Estado ......................................................................................... 74
8.3 – Classes Sociais ........................................................................... 76
8.4 – Gênero ........................................................................................ 80
Conclusão da Aula 8 82
Índice Remissivo 83
Referências 85

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Prefácio

Prezado aluno, aluna. Este livro traz para você aspectos importantes de
Sociologia e Sociologia Organizacional, a partir dos quais você poderá
compreender melhor a sociedade, o ser humano e suas relações sociais, bem
como as organizações e seus mecanismos.
A Sociologia é uma disciplina importante, ela serve para que possamos
enxergar além e atrás das aparências. Desta forma, as pessoas podem
raciocinar e pensar sobre a sociedade de forma mais profunda, menos alienada
e mais crítica. Isso proporcionará uma vida melhor como cidadão, mais
participativa e mais capaz de compreender os fenômenos sociais.
Nos dois primeiros capítulos, vamos trazer para você os conteúdos de
Sociologia Geral, sua origem, sua lógica, seu desenvolvimento e seus clássicos.
Em um segundo momento, a partir do terceiro capítulo, vamos abordar os
conteúdos de Sociologia Organizacional, os quais tratam de questões sobre as
organizações, poder, trabalho, sindicalismos, conflitos e resolução destes,
cultura organizacional, dentre outros temas importantes.
Esperamos que com estes conteúdos você possa gostar da disciplina,
conhecer a sua importância e, quem sabe, dar continuidade ao estudo desses
temas também com outros autores e livros indicados no final nas referências
bibliográficas. Também esperamos que você possa compreender melhor os
processos sociais presentes na sua vida, no nosso país e nas empresas e
organizações.
Bons estudos!

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Aula 1 – A Sociologia como ciência: o seu surgimento

Apresentação da aula

Olá, aluno, aluna. Sejam bem-vindos à primeira aula da disciplina de


Sociologia. A partir de agora, você vai conhecer como surgiu a Sociologia, se ela
é uma ciência ou não, e um pouco do filósofo que lhe deu o nome de Sociologia,
assim como de sua filosofia denominada de positivismo. Já ouviu falar desse
termo? Então vamos lá.

1.1 Origem da Sociologia, Augusto Comte ou Montesquieu?

A Sociologia não nasceu assim já direto com esse nome. Quem a nomeou
foi Augusto Comte, que primeiramente acreditava em uma ciência com o nome
de “Física Social", pois ele tinha forte influência das diversas ciências que
estavam no auge naquela época, como a própria Física. Augusto Comte
acreditava que deveria haver uma ciência que estudasse as leis da sociedade.
Baseado em Montesquieu e em seu livro intitulado O Espírito das Leis, em que
expõe que as leis são necessárias por causa da natureza das coisas, Comte vê
nisso o determinismo aplicado aos fenômenos sociais.
Na verdade, a ciência que estudaria as leis que regem as sociedades que
foi primeiramente denominada Física Social, logo em seguida foi denominada
por Augusto Comte de Sociologia, (Logia - estudo), - ciência que estuda a
sociedade - e por isso ele é tido como o fundador da Sociologia.

Importante
No entanto, se olharmos para a lógica da Sociologia e para sua essência, vamos
perceber que quando alguns autores consideram Montesquieu como fundador
desta ciência, estão certos também, pois em Montesquieu nasce a lógica de
causa e efeito.
O que significa essa lógica de causa e efeito?

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Montesquieu é o filósofo que percebe que os fenômenos históricos, sociais
e geográficos determinam outros aspectos na sociedade. Por exemplo, você já
percebeu que a cultura de um lugar, inúmeras vezes, tem a ver com aspectos
geográficos daquele lugar? Você já percebeu que a cultura, o comportamento, a
forma de pensar e de agir de pessoas que moram em lugares com praias é
diferente das pessoas que moram em regiões frias e montanhosas? Pois bem,
isso foi o que Montesquieu começou a perceber e assim, ele foi notando que os
fenômenos sociais possuem relação de causa e efeito.

Curiosidade
Outro exemplo, que não é de Montesquieu, mas é só para ilustrar o raciocínio:
você já parou para pensar por que existem pobres? Será que existe uma causa
para isso? Ou, por que precisamos de diversas leis, como as de trânsito? Para
Montesquieu, existem causas profundas que explicam os acontecimentos que
aparentemente seriam irracionais e essa é a lógica da Sociologia. Esta ciência
se propõe a estudar as causas profundas e escondidas atrás dos
acontecimentos e dos fenômenos sociais, ou seja, a Sociologia não é uma
opinião sobre o acontecimento social ou sobre uma notícia de jornal, revista ou
mídias. Bem longe de ser algo do senso comum, a Sociologia é uma ciência,
com objeto, método e sistematização.

Saiba mais
Para Montesquieu, não é o acaso que domina o mundo. Tudo tem sua causa e
explicação racional na própria sociedade. Isso explica também a diversidade das
leis nos diversos locais, países e cidades, a diversidade dos costumes e hábitos,
dentre outras questões diversas nas diferentes sociedades.
Porém, Augusto Comte foi quem deu início a uma ciência com nome de ciência
(Sociologia) e com outros aspectos a mais para esta ciência.
A Sociologia faz parte das três áreas da grande área de Ciências Sociais. As
Ciências Sociais estudam três campos: Antropologia, Ciência Política e
Sociologia. Assim, esta ciência fica dentro da grande área de Ciências Sociais.

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Importante
Então, qual é a lógica da Sociologia? Você consegue se lembrar?
Existem causas e efeitos para os fenômenos sociais que vêm da própria
sociedade, e inúmeras vezes estão atrás das aparências.
Temos que ter uma coisa bem clara. Muitas pessoas pensam que Sociologia é
um olhar para a sociedade com o senso comum e dizer uma opinião: "eu acho
que...". Bem, Sociologia não se faz assim e dizer uma opinião a respeito de um
acontecimento ocorrido na sociedade não é fazer sociologia. A Sociologia é uma
ciência e como toda ciência tem seu método científico. Precisamos de provas,
constatações de pesquisas com método, e não de boatos. Para ser ciência, para
ser sociologia, deve-se ter evidência empírica ou factual. Nós vamos entender
melhor isso quando, no próximo capítulo, explicarmos os clássicos.

1.1.1 O Positivismo

Você já ouviu falar em positivismo? Talvez sim, pois é muito comentado


esse termo e, muitas vezes, utilizado em muitos sentidos diferentes do que
vamos ver aqui. Não se trata, no entanto, de pensamento positivo ou de
positividade no sentido de comportamento na vida ou ainda de visão positiva,
boa ou esperançosa. Aqui, estamos falando de uma filosofia que tem suas
origens no pensamento científico. Então vamos lá, vamos compreender!
O positivismo, no sentido mais amplo e filosófico, refere-se à teoria do
conhecimento proposta por Francis Bacon, John Locke e Isaac Newton, que
busca priorizar a observação e procura por uma explicação causal por meio de
indução. Nas ciências sociais, no caso, a Sociologia está dentro dela, o
positivismo se refere a três aspectos:
1- O princípio ontológico, de acordo com o qual o conhecimento só pode
fundamentar-se na experiência;
2- O princípio metodológico da unidade do método científico, o qual
aplica os procedimentos das ciências naturais às ciências sociais,
estabelecendo leis invariantes e generalizações semelhantes a leis
sobre fenômenos sociais;
3- E o princípio da neutralidade axiológica, que mantém uma distância
entre os fatos e os valores pessoais. Por exemplo, se você vai fazer

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uma pesquisa na área de política você deverá ser neutro, não tomar
partido de nenhuma linha de pensamento ou de ideologia política.

Augusto Comte dá origem ao positivismo da linhagem francesa, que é


continuado por Emile Durkheim no seu aspecto de observação dos fatos em si,
como eles realmente são, sem envolvimento do observador, com extrema
neutralidade, estendendo o racionalismo científico às pesquisas sociais, à
conduta humana.
Para Comte o positivismo envolve coisas mais amplas e profundas do que
apenas um método científico. Comte acreditava que as sociedades passavam
por três estágios ou três estados. É a teoria dos três estados.
Essa teoria dos três estados ou três estágios de Comte funda uma ciência
naturalista da sociedade, capaz de explicar o passado das sociedades e prever
o futuro aplicando métodos de investigação: observação, experimentação e
comparação.
É uma teoria que sustenta a evolução do espírito humano em três fases
necessárias: a fase teológica ou primitiva, a fase metafísica ou filosófica e a fase
técnico-científica.

Augusto Comte
Fonte: https://pt.thpanorama.com/blog/ciencia/auguste-comte-biografa-y-aportes.html

Comte afirma que todas as sociedades passam pela fase teológica ou


primitiva, na qual as pessoas acreditam em causas sobrenaturais para os

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fenômenos sociais e físicos, como “choveu porque o espírito da chuva fez
chover” ou, ainda, “as pessoas são pobres porque Deus quer assim ou porque
estão pagando pelos seus pecados”.
A segunda fase é a filosófica ou metafísica, na qual as explicações para
os fenômenos são abstratas e apenas teóricas, sem nenhuma comprovação na
realidade. Comte acreditava que essa fase foi a dos filósofos.
A terceira fase é a mais perfeita para ele, a fase técnica-científica é a fase
positiva, a perfeita, a última, depois dela não existe nenhuma outra. É a fase em
que a ciência domina o mundo, o pensamento e todas as pessoas devem
obedecer, inclusive os cientistas deverão ser os governantes. Assim, a
sociologia, ciência que para ele sintetizaria todo o conhecimento, desvendando
os mistérios da sociedade, iria orientar a formação do governo positivo. No final,
o positivismo tornar-se-ia uma religião. Seria a religião da humanidade.

Reflita
Vamos então fazer aqui algumas reflexões importantes.
1- Primeiramente, temos que saber que Sociologia não é achismo, pois
uma ciência nunca é um “achismo”. Em Sociologia não podemos
nunca “achar” isso ou aquilo e, sim, temos que estudar e verificar o
que as pesquisas mostram, comprovam, concluem ou percebem. Tudo
deve ser pesquisado com métodos bem claros, muitas vezes
estatísticos, com observações e interpretações baseadas nos fatos
constatados e comprovados.

2- O que você pensa sobre a teoria de Comte dos Três Estados? Apesar
de Comte não ter visto dessa forma, pois para ele as sociedades
passavam por esses estados e saiam dele, você percebe que na nossa
sociedade encontramos pessoas de todos os estágios de Comte?
Você também percebe o quanto Comte tinha razão sobre a questão
da ciência? Hoje, a ciência é, para nós, a verdade. E isso está certo
ou errado? Sim, está certo, se for uma ciência de boa qualidade (feita
com pesquisas sérias, métodos adequados, e pesquisadores isentos
de ideologias tendenciosas), realmente a Ciência pode nos trazer
muitos rumos certos e verdadeiros para muitas coisas como saúde
física e mental, para as empresas, organizações e instituições, para a
economia, e até mesmo para a política, por que não?

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Curiosidade
Você sabia que as televisões, assim como a publicidade, utilizam técnicas bem
traçadas para seduzir o telespectador ou prender sua atenção ou, ainda, fazê-lo
desejar certos produtos de consumo? Pois é, a Sociologia da Comunicação é a
ciência que estuda essas técnicas. Caso você tenha interesse nisso, existem
muitos autores que trabalham o assunto, sobre cultura de massa, técnicas
publicitárias, etc., dentre eles, Gabriel Cohn, Theodor Adorno, Pedrinho
Guareschi, Noam Chomsky.
Dentre essas técnicas, existe uma muito comum que é associar o objeto de
consumo a algo que seduz. Antigamente, as propagandas de cigarro traziam
sempre símbolos de virilidade como cavalos, de liberdade como campos verdes,
estradas, carros potentes, símbolos de beleza e poder. Assim, a pessoa
começava a fumar acreditando que com isso ela teria beleza, poder, potência
sexual, liberdade.

Propaganda da marca de cigarros Hollywood


Fonte: https://repositorio.uniceub.br/jspui/bitstream/235/11930/1/51600357.pdf

Conclusão da aula

Querido aluno, aluna, esperamos que após esta aula você possa entender
para que e por que a Sociologia é importante. Também é essencial você saber
que Sociologia é o estudo das relações sociais e não somente da sociedade de
forma simples. Cremos que esta aula tenha favorecido o seu interesse por esses
estudos, assim como a consciência de que tudo o que enxergamos a olhos nus
na sociedade tem uma causa, muitas vezes oculta por detrás das aparências

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que não conseguimos ver e compreender somente com o senso comum. Por
isso, é fácil um político ou um líder qualquer enganar pessoas da sociedade que
não possuem conhecimento básico do que é Sociologia. Mas com você não vai
mais acontecer isso, pois no próximo capítulo vamos entender a sociologia dos
clássicos que muito tem a nos dizer sobre a nossa realidade social, coisas que
você nunca sonhou, mas que é real.

Atividade de aprendizagem
Reflita sobre a teoria do estágio teológico de August Comte. O que significa
explicar uma realidade social com causas sobrenaturais, como os pobres
serem pobres porque Deus os quer assim ou porque estão pagando por algo
que fizeram em outras vidas. Você concorda com essa forma de ver o mundo?
O que você diria a uma pessoa que pensa assim?

Aula 2 – A Sociologia dos clássicos

Apresentação da aula

Olá, prezada aluna(o). Nesta aula, vamos descrever a sociologia dos


grandes clássicos dessa ciência, Karl Marx, Émile Durkheim e Max Weber.
Esses são os clássicos da Sociologia. A partir dessa aula você nunca mais verá
o mundo e a sociedade com os mesmos olhos. Você também poderá escolher
com qual clássico você mais se identifica ou pode usufruir das três linhas de
pensamento para analisar seu mundo. Vamos lá?

2.1 Sociologia dos clássicos e sua contribuição para nossa compreensão


do mundo

Você sabe o que significa ser considerado um clássico de uma ciência?


Por que Augusto Comte não é considerado um clássico da Sociologia e, sim,
apenas o fundador?
Um clássico de uma ciência é sempre alguém que traça o ARON, método
daquela determinada ciência ou modelos de metodologia a seguir. E na
Sociologia, temos três grandes clássicos, que nos oferecem três grandes

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categorias de análise social e três grandes modelos de metodologias a adotar.
Normalmente em uma pesquisa sociológica adotamos um deles e seguimos um
dos modelos. Por isso, Augusto Comte não é considerado um clássico da
Sociologia, pois o seu pensamento social ou sociológico não nos serve de
modelo metodológico a seguir.
Os clássicos da Sociologia nos oferecem, cada um deles, uma categoria
de análise, pela qual cada uma delas nos dá uma chave de leitura da realidade
social. Karl Marx analisa a sociedade pela categoria econômica, Max Weber
analisa a sociedade pela categoria de ação social, e Émile Durkheim pela
categoria de fato social. Tanto a ação social de Max Weber como o fato social
de Durkheim não significam aquilo que entendemos por estes termos no nosso
cotidiano de nossa língua. São conceitos sociológicos que nada têm a ver com
o termo tal qual entendemos na linguagem corriqueira de nosso dia a dia.
Vamos então entender cada um desses autores de suma importância para
esta ciência, e suas categorias que nos servirão de chave de compreensão de
nossa realidade.

2.1.1 Karl Marx

Saiba mais
Você já ouviu falar de Marx? Sobre Comunismo ou Socialismo? Ou de esquerda
e direita? Pois então, agora você irá conhecer verdadeiramente de onde vem
esses termos todos, mas sem “Fake”!

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Ilustração de Karl Marx
Fonte: https://hermanoprojetos.com/2020/01/22/etica-o-compromisso-moral-de-karl-
marx/

Karl Marx viveu de 1818 a 1883. Nasceu na Prússia e morreu em Londres.


Escreveu muitos livros, dentre eles, os mais importantes e metodológicos são O
Manifesto Comunista e O Capital. Marx normalmente traz o nome de Friedrich
Engels como coautor de alguns de seus livros e também companheiro com
afinidades filosóficas.
A Sociologia nasceu em um contexto de fim do regime feudal e
nascimento da industrialização e da técnica. O que resultou no sistema
capitalista. Karl Marx foi quem melhor analisou e estudou esse sistema, fazendo
a ele uma crítica, que podemos denominar de crítica econômica do capitalismo.
Vamos conhecer e entender que crítica é essa? Será que ela é bem
fundamentada? Por que os capitalistas detestam tanto Karl Marx? A análise que
Marx faz do sistema capitalista é imbatível até hoje.
Para Marx todas as sociedades (exceto a comunista), em suas
economias, passam por contradições que destroem aquele determinado
sistema. Para ele, assim foi com a sociedade escravista, depois com a feudal e
também seria com o capitalismo. Então, esse autor se dedica a mostrar as
contradições internas do capitalismo que o destruiriam de forma irreversível.
Por exemplo, a grande contradição interna que Marx apontou no sistema
capitalista foi a seguinte:

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Quanto mais se aumenta a riqueza, mais se aumenta o número de pobres.
Vamos ver por que ele chega a essa conclusão?

Marx analisa a sociedade capitalista da seguinte forma: os ricos possuem


os meios de produção, que são as fábricas, as máquinas, as indústrias, etc.,
mas, para que esse dono do meio de produção se enriqueça cada vez mais, ele
não consegue pagar o trabalho dos trabalhadores de forma justa, portanto,
trabalho é sempre mal pago e muito explorado, para que o lucro dessa empresa
ou indústria ou fábrica possa ser cada dia maior. E esse trabalhador vai ficando
sempre pobre, com filhos pobres e sempre mal pagos, para que o lucro possa
ser maior nas empresas e o dono fique cada dia mais rico.
O que você pensa disso?

Reflita
No Brasil, por exemplo, as montadoras de carros, que são muitas vezes
multinacionais, utilizam a nossa matéria-prima, a nossa mão de obra, mas seus
trabalhadores não conseguem comprar nenhum carro dessa montadora, ao
menos à vista e novo. E contraditoriamente, muitos carros ficam estragando lá
nos seus pátios por não terem para quem vender. Mas esses carros só existem
porque os trabalhadores trabalharam na construção dele. Será que esses
trabalhadores recebem um salário que é justo por cada carro que saí?
Assim é em muitas empresas, na quais, se não fosse o trabalho do trabalhador,
a empresa não produziria, mas esse trabalhador recebe um salário que não é
nem dez por cento do que ele produz. É o que Marx irá chamar de “mão-de-obra
barata”, que faz com que exista a chamada “mais valia”, que nada mais é do que
o lucro que o empresário tem em cima do trabalho mal pago.

Curiosidade
Você já se perguntou por que nenhum governo conseguiu ou lutou para não
termos tantos pobres no Brasil? Agora que você conhece o básico da análise
que Marx faz da economia capitalista, você percebe que ter pobre é importante
para o sistema, pois, se não tivermos pobres e desempregados, como vamos ter
mão de obra barata? Ninguém vai querer trabalhar por tão pouco se não estiver
precisando muito. Quanto mais a fila de desemprego estiver grande, maior será
o benefício do empregador, pois ele poderá escolher, explorar e sempre dirá

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assim: “se você não quer, tem uma fila lá fora precisando de emprego”, não é
mesmo? Qual foi o trabalhador que nunca ouviu essa frase ao menos uma vez
na vida? É assim, pois, que o capitalista se enriquece.

Justamente por toda essa situação gerada no sistema capitalista, Marx


desenvolve um conceito que já existia, mas com ele toma outras cores, que é o
conceito de luta de classes. Para Marx, vai sempre haver uma luta entre
proletários (trabalhadores assalariados) e donos dos meios de produção
(empresários, industriais, fabricantes). Essa luta toma forma quando Marx
sugere a revolução do proletário para tomada do poder do Estado para implantar
o comunismo, que seria a tomada dos bens de produção, a destituição de bens
da chamada “burguesia” e outras formas de gerenciar as empresas, fábricas e
indústrias, com a divisão dos lucros entre todos os trabalhadores, e esses sendo
os donos, mais ou menos como temos hoje no Brasil nas chamadas
cooperativas. Para você compreender bem essa lógica, é só ler O manifesto
comunista, é um livro simples, linguagem simples e muito bom para aprofundar
esse pensamento de Marx.
Por que Marx acreditava que a revolução do proletário iria solucionar o
problema da pobreza? Porque, para ele, não haveria mais pobres no
comunismo.
Marx acreditava que a consciência de uma pessoa seria formada pela sua
classe social. Então uma pessoa proletária, da classe trabalhadora, iria sempre
pensar como um trabalhador, ser justa, etc., e uma pessoa nascida na classe
burguesa iria sempre pensar como os burgueses, sempre querendo explorar o
trabalhador e obter sempre o maior lucro possível através da mão de obra barata.
O que você pensa disso?

Curiosidade
Você já ouviu falar sobre “ALIENAÇÃO”? Você já deve ter ouvido alguém dizer:
“aquela pessoa é uma alienada!”.
Esse termo começa em Karl Marx, hoje é utilizado em muitos sentidos, mas Marx
chamava de processo de alienação o fato de uma pessoa acreditar que ela é o
que ela tem, de se identificar o “TER” com o “SER”. Eu sou a marca do carro que

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uso, eu sou a empresa em que trabalho, eu sou a marca de roupa que visto, ou
de tênis que calço, etc.

É baseado nesse processo que o capitalismo vende suas marcas,


fazendo você se identificar com o produto, como se você fosse aquilo que usa.
Você conhece alguém assim? Será que essa pessoa é uma alienada de verdade
então?
Na Sociologia de Marx, alienada é uma pessoa que não sabe quem ela é,
e se torna escrava do sistema capitalista, devido à introjeção de ideologias.

Saiba mais
Ideologia em Marx é um conjunto de ideias, verdadeiras ou falsas, que servem
para atender aos interesses políticos, ou religiosos, ou econômicos.
Com esse conceito de ideologia, você pode compreender muitas coisas, como
as fake news, que trazem uma notícia falsa para atender interesses de alguns
grupos ou, ainda, você poderá entender como Hitller conseguiu estabelecer o
nazismo na Alemanha, pois a ideologia tem muito poder, convence, muitas vezes
tem argumentos falsos e até ameaçadores que fazem com que pessoas
ingênuas acreditem. Para Marx, o Capitalismo só vive da ideologia burguesa,
uma ideologia com muitos absurdos. Só para ilustrar um deles: dizer que pobres
são pobres porque não trabalham, ou dizer que você pode ficar rico vendendo
qualquer coisa. Sabemos que isso ocorre em uma porcentagem menos do que
um em um milhão, e muitos trabalham mais de doze horas por dia e nunca
enriquecerão.

Você poderia estar pensando: “poxa, mas se Marx nos deu essa teoria
tão esclarecedora, por que falam tão mal do comunismo? Por que não nos
tornamos comunistas? Qual é o problema de Marx?”.
Veja, o problema é que Marx pregava a revolução do proletário, a luta de
classes, a tomada do poder pelo proletariado e a ditadura do proletariado.
Ditaduras em todos os lugares do mundo são regimes totalitários, falidos,
pois o ser humano sofre muito numa ditadura. Nós não nascemos para pertencer
a nenhuma ditadura, seja ela de esquerda ou de direita, como foi a ditadura
militar historicamente comprovada. Nenhuma nação que possui inteligência e
educação suporta a ditadura.
A democracia supõe os três poderes: Legislativo (Congresso nacional),
Executivo (presidente e ministros) e Judiciário (STF e tribunais independentes,
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Ministério Publico). Ditaduras não aceitam esse sistema democrático, o melhor
sistema político encontrado até então, delineado por Montesquieu, para que
ninguém possa ter mais ou menos poder do que outrem, e assim os poderes
independentes podem ser isentos de abusos e irregularidade. Se isso existe,
ainda que em menor proporção em uma democracia, que dirá numa ditadura na
qual um indivíduo ou um pequeno grupo faz simplesmente o que quiser?

2.1.2 Max Weber

Max Weber
Fonte: https://www.mundociencia.com.br/sociologia/max-weber/

Maximiliano Weber, conhecido como Max Weber é o outro grande


clássico da Sociologia, nascido em Erfurt no ano de 1864, e falecido em 1920,
em Munique. Intelectual, jurista e economista alemão, também nos oferece uma
categoria de análise social interessante. Enquanto Karl Marx analisava a
sociedade pela categoria econômica, Max Weber analisa a sociedade pela
categoria de ação social. Mas não no sentido do senso comum. Vamos entender
o que é esta ação social em Weber. Ação Social em Weber e na Sociologia não
é ação assistencialista como comumente chamamos assim as ações de caridade
etc.
Ação Social em Weber é toda e qualquer ação que envolve uma ou mais
pessoas numa relação social, ou seja, vamos lá compreender do que se trata:
se uma pessoa tropeça em uma outra e segue adiante sem dizer nada para esta
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outra, não é uma ação social, pois não houve uma relação social. Mas se a
pessoa pede desculpas, então já passa a ser uma ação social, pois toda ação
que envolve relação social é uma ação social. Outro exemplo: uma pessoa se
levanta de uma cadeira num cinema e vai ao banheiro, lá, apesar de haver outras
pessoas, ela penteia o cabelo e volta. Isso é uma ação social? Não. Porque não
houve relação social. Certo?
As ações assistencialistas são ações sociais também no sentido
weberiano? Sim, pois são ações que envolvem duas ou mais pessoas numa
relação social.

Max Weber analisa as ações sociais pelas suas motivações, pelo seu
sentido. Por exemplo, uma ação social de um banco tem um sentido econômico.
Uma ação social de uma Igreja tem um sentido valorativo, ou seja, relacionado
a valores morais, éticos e religiosos. Um casamento é uma ação social afetiva,
pois é motivada por afeto (na maioria das vezes) e uma festividade de São João
é uma ação social tradicional, motivada pela tradição e pelos costumes. Vamos
compreender melhor.
Weber divide as ações sociais em quatro tipos de ações. Mas elas não
precisam ser puras, podem ser mistas. Às vezes uma ação econômica pode ser
também valorativa e vice-versa. Uma ação afetiva, pode ser também econômica,
ou tradicional.
Os quatro tipos de ações são:
1- Ação Social Racional orientada a fins: trata-se de fins lucrativos e/ou
materiais em geral. No caso de uma empresa, as ações devem ser em
primeiro lugar racionais, ou seja, devem obedecer a uma lógica, buscar
um objetivo a ser atingido. Isso é ser racional. E nesse caso, os objetivos
são materiais.
2- Ação Social Racional orientada a valores ou valorativas: nesse caso a
ação também é racional, pois visa atingir um determinado objetivo, possui
uma determinada lógica. Essas ações podem ser motivadas por valores
políticos, religiosos, morais, éticos.
3- Ação Social Afetiva: essas ações normalmente não são racionais, mesmo
que obedeçam à certa busca de objetivos, mas, sim, afetivas. São ações
sociais motivadas por afetos. Como uma pessoa sentir um impulso de

21
beijar outra ou uma pessoa ajudar a outra por compaixão mesmo não
podendo, portanto, muitas vezes, age de forma irracional.
4- Ação Social Tradicional: essas ações são motivadas pela tradição ou
pelos costumes. Por exemplo: inúmeras vezes uma pessoa que não é
católica quer se casar numa igreja católica, quer que um padre faça seu
casamento, quer entrar vestida de noiva na igreja, etc. Mas se ela não é
católica, por que deseja um casamento assim? Motivada pela tradição.
Da mesma forma são as festas juninas, tiveram suas origens na fé católica
que comemorava esses santos em junho, mas aos poucos foi se tornando
uma festa para qualquer pessoa de qualquer religião, tornou-se
tradicional, não mais religiosa.

Assim, Max Weber introduz na Sociologia um método, a Sociologia


compreensiva. A partir da compreensão do tipo de ação social e suas motivações
pode-se compreendê-la.

Saiba mais
Uma das obras mais famosas e importantes de Max Weber é A Ética Protestante
e o Espírito do Capitalismo. É uma obra na qual ele mostra esse método
compreensivo na pesquisa que faz e traz também uma grande compreensão do
desenvolvimento do capitalismo nos EUA.
Nessa obra, Weber demonstra como a ética protestante que fez parte da
formação cultural norte-americana influenciou o desenvolvimento do capitalismo,
por ter um ethos (conjunto de costumes) que proporciona o trabalho e o acúmulo
de bens, a riqueza e uma vida ascética. Isso tudo irá incidir diretamente no
desenvolvimento do sistema capitalista.
Weber ainda desenvolveu os conceitos de burocracia, organizações, poder,
dominação, etc. Alguns ainda vamos ver em outros capítulos desse livro.

Curiosidade
Você já se perguntou por que os terroristas têm tanto êxito em suas ações,
apesar deles não terem dinheiro e armas bélicas poderosas como das grandes
potências?

22
Max Weber tem uma forma de compreender esse fenômeno. Ele diz que as
ações mais fortes e que mais possuem êxito são as orientadas à valores éticos,
religiosos ou políticos e morais. As ações dos grupos terroristas são motivadas
única e exclusivamente por valores éticos, religiosos, políticos e morais. Ao ponto
de uma pessoa ser suicida para atingir um objetivo em sua ação. Isso faz com
que eles alcancem muitas metas.

2.1.3 Émile Durkheim

Émile Durkheim
Fonte: https://sites.google.com/site/estudoemiledurkheim/

Émile Durkheim foi o outro grande clássico da Sociologia. Sua categoria


de análise é capaz de explicar inúmeros fenômenos sociais que vivemos hoje.
Francês nascido em 1858 e falecido em 1917, tem como principais obras As
Regras Do Método Sociológico, Da Divisão Do Trabalho Social e O Suicídio.
Uma mente brilhante, grande pensador e cientista social, com uma mente
extremamente científica e intuitiva. Sua teoria é apaixonante. Vamos ver?
Enquanto Marx analisava a sociedade pela categoria econômica e Max
Weber pela categoria de ação social, Émile Durkheim irá analisar a sociedade
pela categoria de fato social. Mas esse termo em Durkheim nada tem a ver com
os acontecimentos ou fenômenos sociais ou fatos históricos. Fato social em
Durkheim é algo totalmente diferente, mas extremamente profundo.

23
Importante
Fatos sociais são modos de agir, de pensar, de sentir e de se comportar que
fazem parte de uma sociedade, é generalizado, exterior ao indivíduo e exerce
coerção sobre ele. E para Durkheim, esse é o objeto da Sociologia.

Você consegue imaginar o que é isso? Os exemplos de fatos sociais são


a religião, a cultura, a educação, as leis, as normas morais, que uma pessoa
aprende desde quando nasce no seio de uma família dentro de uma sociedade.
Esse ser humano vai apreender os modos de agir, de se comportar, de sentir,
de pensar, que não vieram de dentro dele, mas de fora, vieram da sociedade,
por isso são exteriores aos indivíduos, e exercerão coerção sobre eles, ou seja,
esses indivíduos serão obrigados a aderirem esses fatos sociais.
A criança é obrigada a aprender a andar de roupa, comer com talheres, e
ter modos de se comportar na sociedade e na vida. Caso contrário, seremos
discriminados e isolados. Você andaria com uma pessoa que come com a mão
ou anda sem roupa? É permitido andar nu pelas ruas?
Durkheim percebeu que muito além dos indivíduos existe algo que se
chama sociedade e que está acima dos indivíduos. Existe uma consciência
coletiva (conceito diferente de Inconsciente coletivo, de Jung) que traz dentro
dela as representações sociais que são pertencentes a todos de uma mesma
sociedade.
Por exemplo: quando dizemos a palavra “televisão”, o que vem à sua
mente? Sim, a mesma coisa que vem à mente de todos, pois existe uma
representação de “televisão” que faz parte de todas as mentes das pessoas de
uma sociedade. A isso chamamos de representação social, que pertence a uma
consciência coletiva.
A consciência coletiva é o conjunto de crenças, de sentimentos, imagens,
conceitos que fazem parte da população de uma determinada sociedade, tendo
uma força coercitiva sobre as pessoas, por exemplo: ao nascer, uma criança
encontra uma cultura pronta, cheia de conceitos, formas de pensar e agir,
imagens, representações sociais que estão fora dela, mas que ela precisará
introjetar, caso queira fazer parte dessa sociedade. Essas crenças, imagens,

24
conceitos, pensamentos, etc., são chamados em Sociologia de Representações
Sociais.
Você já havia percebido isso?

Reflita
Quando uma pessoa, por algum motivo, não consegue se adaptar à sociedade
em que vive, ela vai ter mais ou menos problemas?

Hoje, vivemos em um mundo onde muitos dos valores, crenças e


conceitos do passado, de nossos pais e avós, estão sendo questionados, pois
essas formas de pensar geraram muitos preconceitos, discriminações e
isolamento de pessoas que não merecem ser isoladas ou discriminadas, aliás,
ninguém merece!
Em outras palavras, muitas das representações sociais presentes na
nossa consciência coletiva devem realmente ser questionadas, reavaliadas,
reformuladas, readaptadas, para que possamos ter uma sociedade mais
pacifica, mais acolhedora com todos, menos discriminatória e mais inclusiva.
No entanto, Durkheim mostra que para a sociedade permanecer coesa,
precisamos de um mínimo de comportamento padronizado e de uma consciência
coletiva que nos educa quando nascemos. Caso contrário, a sociedade pode
entrar em colapso, pois imagine cada um fazendo o que sente desejo, muitas
vezes instintivos? Como seria? Logo, é sempre necessário equilíbrio entre uma
consciência coletiva que nos ajuda a pertencer a um povo e nos torna um povo
organizado em sociedade, e os anseios e idiossincrasias individuais. Sem esse
equilíbrio, cairíamos na patologia social.

Vocabulário
Idiossincrasias: 1. Predisposição particular do organismo que faz que um
indivíduo reaja de maneira pessoal à influência de agentes exteriores (alimentos,
medicamentos etc.); 2. Característica comportamental peculiar a um grupo ou a
uma pessoa.

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Conclusão da aula

Prezada aluna, aluno. Chegamos ao final dessa aula percebendo


nitidamente que muitas coisas que os clássicos da Sociologia nos explicaram
são aspectos que nunca imaginamos existir e não conhecíamos sua lógica. Caso
esses aspectos façam parte de seu olhar a partir de agora, poderemos, quem
sabe, compreender muitas coisas que antes não compreendíamos ou, ainda,
enxergar muitas coisas que antes não enxergávamos.

Atividade de aprendizagem
Faça uma reflexão sobre esta aula e pense, descrevendo, o que mudou no
seu olhar para a sociedade, em que ela contribuiu para uma mudança em
você? Houve alguma contribuição?

Aula 3 – Sociedade, Cultura e Indivíduo

Apresentação da aula

Querido aluno, aluna. Nesta aula, vamos colocar em prática a chave de


leitura que Durkheim deixou como grande marca na Sociologia, pois vamos
entender o que é a sociedade, o que é a cultura e quem é o indivíduo dentro
dela, pois, como diz Durkheim, a sociedade não é a soma dos indivíduos. Então
vamos entender um pouco de sua constituição e formação e como o indivíduo
se relaciona, em geral, com ela.

26
3.1 O que é a Sociedade?

Representação de sociedade
Fonte: https://www.colegioweb.com.br/sociedade/sociedade.html

A sociedade, como dizia Durkheim, não é a soma de indivíduos. O


conceito de sociedade é um pouco complexo, mas é importante. A sociedade é
um sistema organizado de pessoas que se relacionam por meio de instituições
sociais formais, informais, ordenado em uma estrutura social com normas,
prescrições, regras e leis, ou seja, os indivíduos se organizam de forma a terem
uma unidade e poderem conviver em paz em suas relações sociais.
Você poderia dizer: “mas eu não quero regras sociais, nem quero aceitar
as normas da sociedade em que vivo, e não preciso de sociedade alguma”. Sim,
você até pode pensar assim, mas vai ter muitos problemas, pois ninguém vive
sem a sociedade, ela é uma necessidade humana, faz parte da natureza
humana, e sem que você percebesse, ela já veio antes de você e já lhe ensinou
muitas coisas. Vamos ver como?

Você já ouviu dizer que o ser humano é um ser social?


Muito bem, isso significa que se você pegar uma criança e colocá-la
recém-nascida para ser criada por gorilas, ela só vai aprender aquilo que ela ver

27
nos gorilas ou que eles ensinarem a ela. Ela não vai aprender a falar, não vai
aprender a se vestir, vai andar, comer, gesticular igual aos gorilas.
Isso ocorre porque o ser humano necessita de uma sociedade para ele
completar sua humanidade, para ele aprender a falar a língua de seu povo,
aprender os hábitos, costumes, e tudo mais.
Esse processo de aprendizagem, que ocorre desde que a criança nasce,
recebe o nome de processo de socialização primária e vai de 0 a 12 anos. É
nesse processo que se forma o caráter e a personalidade de um ser humano, e
é nesse período que ele aprende não somente a cultura, mas aprende a amar,
ser sincero, fiel, verdadeiro ou aprende o contrário. Vai depender de seu seio
familiar. Tudo, absolutamente tudo, o que ele vivenciar nesse período é o que
ele vai aprender. Uma criança criada sem limites, sem educação, na rua, sem os
pais (sejam biológicos ou que fazem a função de pais), ela, muito provavelmente,
será uma pessoa com problemas de personalidade, comportamentais e até,
talvez, mentais, pois na fase de 0 a 7 anos ocorre a formação do caráter.

Curiosidade
Você sabia que a origem de transtornos de personalidade, doenças mentais,
neuroses e psicoses, perversões, está relacionada com essa fase da vida
humana?
De acordo com a teoria psicanalítica, todas as patologias ou quaisquer
comportamentos que nem são patológicos, são adquiridos nessa fase do ser
humano, inclusive delinquência, criminalidade, drogadição, etc. Por isso, essa
fase é tão importante, e a criança necessita de amor, atenção, suficiente
atendimento de suas necessidades básicas, como fome, frio, sede, caso
contrário ela poderá desencadear graves problemas mentais ou de
personalidade.

3.1.1 Cultura, o que é? Você sabe?

Um dos fatores problemáticos no Brasil, para ensinar Sociologia, é a


confusão entre os termos do senso comum com os termos científicos. Cultura é
um dos termos mais confundidos nesse sentido, pois no Brasil ter cultura é ter
estudo e conhecimento. Na verdade, estudo e conhecimento é apenas um tipo

28
de cultura chamada cultura ilustrada. Mas cultura significa outra coisa bem
diferente.
Todos nós temos cultura, pois ela faz parte essencial de uma sociedade,
portanto, todas as sociedades, sejam elas indígenas, tribais ou industriais e
modernas possuem cultura.
No sentido sociológico, cultura significa um todo complexo de crenças,
moral, leis, costumes, arte, objetos de trabalho, formas de organização de
trabalho, formas de organização parental, conhecimentos, conceitos, costumes,
hábitos, enfim, uma visão de mundo.
Cada povo possui aspectos culturais diferentes ou até uma cultura toda
diferente. A cultura é passada de geração a geração pelo processo de
socialização, que já vimos no item anterior.

Importante
Cultura e ideologia se interagem? Você se lembra do conceito de ideologia que
estudamos no capítulo anterior? Ideologia é um conjunto de ideias, FALSAS e/ou
verdadeiras que atendem aos interesses políticos, religiosos, econômicos,
dentre outros.

Todas as vezes que ideias que podem ser misturas de verdades e


mentiras podem até ter mais verdades ou ter mais mentiras estão ali para
atender interesses políticos, religiosos ou econômicos, morais dentre outros,
podemos dizer que é ideologia. Certo?
Mas como interage a ideologia com a cultura de um povo?
Bem, na maioria das vezes, a cultura de um povo tem suas origens na
formação histórica desse povo, nas suas raízes históricas, nas suas
necessidades de se relacionar com a natureza daquele lugar ou, mesmo, das
pessoas daquele local se relacionarem entre si. A cultura de um povo
normalmente possui muitos elementos puros, mas nem sempre. Ela também
pode ter sido influenciada por ideologias ou, ainda, pode estar sofrendo pressão
de ideologias para que haja mudanças em si. E essas ideologias podem ter mais
ou menos força, podem ter mais ou menos êxito. Às vezes, uma determinada

29
ideologia pode influenciar na criação de músicas e de artes em geral, cinema,
novelas, história em quadrinhos.

Curiosidade
Nos anos 60, 70 e 80 do século XX, a América Latina sofreu uma invasão de
ideologia norte-americana através de cinemas, história em quadrinhos e até
mesmo por meio de nossas emissoras, como a Rede Globo e o SBT naquela
época. Traziam muitos filmes e novelas colocando os super-heróis norte-
americanos sempre salvando a humanidade de perigos e inimigos ocultos, assim
como sempre, esse inimigo oculto era o comunismo. Até hoje, isso ainda persiste
em alguns filmes, mesmo que sem muita audiência. Mas agora, o inimigo é outro.
Na época, era sempre a briga presente na guerra fria entre EUA e URSS (União
Soviética), fazendo assim com que o Brasil e os brasileiros acreditassem que os
EUA estariam nos salvando de um grande perigo que representava a URSS.
Junto disso, muitas outras ideologias permeavam: tudo o que era fabricado no
Brasil não prestava, só os importados, inclusive os filmes. Existem pesquisas
que descobriram que os EUA financiavam os filmes de pornochanchada no Brasil
para que as famílias e pessoas de família assistissem somente aos filmes norte-
americanos com seus super-heróis e suas teorias conspiratórias, ou seja, esse
é um caso típico de uma ideologia que penetrou na nossa cultura e, por muitos
anos, fez os brasileiros acreditarem que tudo que era dos EUA era melhor do
que o nosso conteúdo, que os EUA iriam sempre nos salvar e que o comunismo
era o maior perigo para nós (não que devemos acreditar que o comunismo seja
bom, aqui não entra essa questão, mas é importante entender como uma
ideologia interfere numa cultura).

Você certamente já ouviu falar em instituições sociais, mas certamente


sempre pensa que elas são algo como o Congresso Federal, o STF, o Ministério
Público, os Governos, etc., mas será que é só isso? Vamos ver então do que se
trata esse conceito tão importante e tão negligenciado, esquecido, hoje em dia?
Instituição Social é o que faz uma sociedade existir e se manter, é o que
oferece para as pessoas sentido para a vida, para a morte, é o que civiliza uma
sociedade, uma cultura. Vamos entender o porquê.
Quando uma criança nasce, ela precisa de uma sociedade que lhe diga
como ela vai viver, que lhe ensine a viver, conviver, relacionar-se e a ser um ser
humano. Se nós nascêssemos numa sociedade sem isso, cresceríamos como
selvagens e começaríamos novamente o que os outros já aprenderam. Seria
muito cansativo e nunca evoluiríamos. Você já ouviu a expressão “esta pessoa
está inventando a roda”, ou seja, algo que já foi inventado e evoluído? Desse

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modo, estaríamos começando novamente se não houvesse já uma sociedade
com tudo pronto para aprendermos. E muitas dessas coisas prontas nos são
dadas pelas instituições sociais. A primeira das instituições sociais são os
papéis!

Papel social
Fonte da imagem: https://www.preparaenem.com/sociologia/papeis-sociais.htm

Você sabia que o papel de pai, o papel de mãe, o papel de professora ou


professor, o papel de juiz, o papel de filho, o papel de aluno, o papel de médico,
o papel de motorista, o papel de enfermeiro ou enfermeira, de policial e todos os
outros papéis são instituições sociais? Sim, são as primeiras instituições sociais.
Instituições Sociais são princípios que regem o agir humano.
Em outras palavras, as instituições sociais são princípios criados pelas
sociedades por uma consciência coletiva (conceito de Durkheim) para que as
pessoas possam não mais gastarem energia criando tudo novamente a cada
geração. Imagina quanta energia seria gasta se, ao crescer, uma pessoa tivesse
que recriar o mundo e uma cultura?
Elas também são depósitos de sentido para as ações, para a vida, para
uma pessoa ter um rumo, ou seja, qual o sentido de sua vida? Você já parou
para pensar nisso? Pois então, esse sentido da vida, o significado da morte, do
amor, do sexo, tudo isso, você não vai encontrar dentro de você, mas, sim, nas
instituições sociais que já trazem isso de uma consciência coletiva passada de
geração a geração e depositada nelas. Por exemplo: as religiões. A religião é

31
uma grande instituição social que vai trazer para as pessoas o sentido da vida,
da morte, do amor, do sexo, do nascimento, etc. Todas as religiões têm essa
função social. Não adianta acreditarmos que essas verdades se encontram
dentro dos indivíduos. O indivíduo por si só não tem como saber sobre essas
questões tão mais amplas e profundas se não for pela consciência coletiva de
sua sociedade depositada nas instituições. As instituições são depósitos dessa
consciência e desses significados.

Fonte: https://pt.slideshare.net/naotemnada/instituies-sociais-20096996

As instituições sociais, que são inúmeras como papéis, família,


casamento, educação, elementos culturais, religião, crenças em geral, além
logicamente do direito, das leis, da moral e do Estado, possuem a função de
conter os instintos do ser humano e civilizá-los. Se não tivéssemos essas
instituições, seríamos selvagens ainda!

32
Curiosidade
Você parou para pensar por que será que as pessoas do nosso país estão cada
dia mais violentas, agressivas e transtornadas? Passou pela sua cabeça que
pode ser devido ao enfraquecimento e até mesmo à falta de instituições sociais
fortes na vida dessa pessoa?
Será que uma pessoa que comete feminicídio teve suficiente presença de
educação, família, religião, leis e moral na sua vida?
Será que uma pessoa que faz parte do crime percebe a presença forte do Estado
e das leis? Será que essa pessoa teve acesso à educação?

Fonte:https://m.facebook.com/PrefeituradeCampoLargo/photos/a.119053088264635/1
736179246552003/?type=3&source=57&__tn__=EH-R

Você consegue agora entender o índice de criminalidade de nossa


nação?
Longe dessa fala qualquer mal-entendido, acreditando que estamos aqui
insinuando a necessidade de instituições fortes, como ditaduras de militares, por
exemplo, ou intervenção das forças armadas para resolvermos o problema. Não,
isso é mera ilusão, pois a violência, a imposição por meio da força, as ditaduras,
jamais conseguiram ou conseguirão ser para uma sociedade fonte de contenção
dos instintos.

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Fonte de contenção dos instintos é uma nação que ensina a pensar. Só o
que pode nos fazer conter nossa violência ou qualquer outro instinto desvairado
é a capacidade de pensar, pois somos animais, mas somos animais racionais,
simbólicos, culturais. Quanto mais desenvolvermos esses traços humanos em
nós, menos selvagens seremos. Ditadura alguma desenvolve isso.

3.1.2 Grupos Sociais

Grupos sociais são formados por pessoas que possuem interesses


comuns, que interagem entre si e compartilham uma consciência de membros.
Para isso, é claro, possuem símbolos, objetivos, crenças em comum.
Grupo social é diferente de um agrupamento temporário por causa de
algum evento ou de um objetivo temporário, até mesmo de coletividade. Por
exemplo, um estádio cheio de pessoas não compõe um grupo social, mas uma
torcida organizada sim; um ônibus cheio de pessoas não é um grupo social, mas,
sim, um breve agrupamento coletivo diferente de um grupo que se forma para
fazer parte de uma confraria.

Conclusão da aula

Chegamos ao final de mais uma aula. Esperamos que com esta aula você,
querido aluno, querida aluna, possa hoje compreender melhor o que é uma
sociedade, como ela se organiza e quem é o indivíduo dentro dessa sociedade
que possui instituições, cultura, processos de socialização, grupos sociais,
dentre tantas outras questões importantes.
Na verdade, o mais importante dessa aula é você entender que existe
uma sociedade e que não vivemos sem ela. As instituições sociais, ao nos darem
regras e normas, muitas vezes, estão nos ajudando a conviver, a controlar os
instintos e a nos tornar mais humanizados e organizados.
Por exemplo, se não existisse a família, seja ela tradicional ou pós-
moderna, e as pessoas se relacionassem de forma desorganizada, poderíamos
ter situações que em nenhuma tribo indígena ou cultura das mais primitivas
possuem, que é irmão se relacionar com irmão sem nem saber que é irmão, e
assim por diante. Em todas as culturas, desde as mais tribais até as mais

34
civilizadas, precisa haver formas de organização parental, pois as leis biológicas
não suportam relações parentais muito próximas e a espécie se acaba pela
degeneração genética. Então, você percebe a importância da cultura e das
instituições? Isso não quer dizer que elas não devam e não possam mudar,
adaptar-se aos novos tempos, etc., mas sempre na tentativa de organizar as
relações para que não haja problemas de consanguinidade.
Nesse sentido que desejamos que você, após essa aula, tenha
compreendido o valor e o papel de uma sociedade e o quanto precisamos dela,
de sua cultura e de suas instituições sociais.

Atividade de aprendizagem
Reflita nessa atividade na qual você aprendeu que não deve bater, matar,
roubar, mentir, enganar seu próximo, ou seja, onde e com quem você
aprendeu a ter aquilo que no popular se chama de “caráter”?

Aula 4 – As Organizações

Apresentação da aula

Nesta aula, querida aluna, querido aluno, vamos compreender um pouco


sobre as organizações, o que é, do que trata o que vamos chamar de cultura
organizacional, poder formal e informal, dentre outras questões relacionadas ao
tema.

4.1 O que é uma organização?

Fonte: https://conceitos.com/organizacoes/

35
Você sabe o que é “organização”? Certamente, ao ouvir falar sempre do
termo “organização”, nós nunca paramos para pensar: qual é o conceito de uma
organização? Sabemos que pode ser uma empresa, uma ONG, uma
associação, etc., mas o conceito exato não sabemos, não é isso mesmo?
Portanto, agora, vamos compreender o que é uma organização de
maneira profunda.
As pessoas dentro de uma sociedade precisam entrar em acordos e para
isso precisam de processos de integração, comunidades, agrupamentos. Esses
agrupamentos precisam de uma administração que seja racional, que vise a um
determinado objetivo comum aos seus membros, precisam de regulamentação,
ordem, etc. Tudo isso vai levar a uma organização, que visa a um fim, e possui
ação racional de seus atores.

Importante
Uma organização é um processo social que está na natureza da ação humana,
visa atender as necessidades da vida social e individual com ações racionais,
administradas, ordenadas e bem estruturadas, na busca de objetivos comuns.
De acordo com Reinaldo Dias, organização é um ente social criado para alcançar
determinados objetivos com o trabalho humano e recursos materiais. A
organização se caracteriza principalmente pela racionalidade das ações que
visam atingir objetivos.

As organizações podem ser de muitos tipos, por exemplo, no nosso país


temos as organizações não governamentais, chamadas ONGs. Essas
organizações possuem características próprias, objetivos de uma categoria
própria delas, formas de se organizarem diferentes de outras organizações,
como empresas que visam lucros ou bancos. Entre os próprios bancos existem
muitas diferenças, assim como entre as empresas em geral.
Todas as organizações possuem suas características próprias
relacionadas à economia, ao poder, às comunicações internas, à divisão do
trabalho, à estrutura como um todo e formas de se organizar. Por exemplo, a
Igreja Católica é uma organização que se organiza de forma diferente de uma

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Igreja Evangélica, uma faculdade pode se organizar de forma totalmente
diferente de outra faculdade, e assim por diante.
Essas questões tão diferenciadas de uma organização para outra são
devido a alguns fatores que vamos verificar agora, como cultura organizacional,
formas de poder, etc. Vamos lá conhecer por dentro uma organização?

4.1.1 Cultura Organizacional

Toda e qualquer organização tem seu modo de ser, como dizíamos


anteriormente, e esse modo de ser pode ser mais eficiente, menos eficiente,
mais próprio para determinado tipo de organização, menos próprio, mais
adequado ou menos adequado. É claro que esse modo de ser organizacional
tem também profunda relação com as lideranças que exercem suas funções de
poder dentro dela e por isso a chamada cultura organizacional vai variar muito
de uma organização para outra.

Importante
Cultura Organizacional é o conjunto de crenças, valores, pensamentos,
conceitos, filosofias, que são compartilhados pelos membros de uma
determinada organização. Em outras palavras, é um sistema de valores e
crenças compartilhados entre os membros de uma organização que interage
diretamente com sua estrutura, com os processos de tomada de decisões e
sistema de controle de uma empresa.

Inúmeras vezes, ter uma cultura forte e bem definida, bem socializada
entre os membros, está relacionado ao êxito da empresa e vice-versa. No
entanto, é importante haver harmonia entre a cultura da organização, as
estratégias e estilo administrativo.
Para que isso ocorra, é fundamental ter pessoas das áreas de psicologia
empresarial que sejam competentes e auxiliem nas contratações, pois uma
pessoa no poder com determinada personalidade poderá arruinar a cultura da
organização por não ter nada a ver com ela ou poderá tornar tudo menos

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eficiente pela incompatibilidade entre seus comportamentos e a cultura da
organização.
A cultura de uma organização tem como função socializar os membros
com determinada filosofia, incluindo formas de administração, valores, mantendo
assim uma certa coesão entre os membros, o que pode motivar o pessoal e
comprometê-los melhor com as metas da empresa.
A cultura organizacional inclui regras e normas que ajudam a moldar os
comportamentos de seus membros, fazendo com que se sintam pertencentes ao
grupo, auxiliando nas tomadas de decisões, contribuindo para a estabilidade da
empresa.

Cultura organizacional
Fonte:https://www.simeon.com.br/cultura-organizacional-entenda-o-que-e-como-
funciona-e-qual-a-sua-importancia/

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Curiosidade
Você sabia que um dos fatores que faz com que o Brasil não seja um país com
alto nível de desenvolvimento empresarial e organizacional seja o fato de termos
muitas empresas familiares? Empresa família é um tipo de empresa que é de
uma família e a administração e funções de poder estão sempre nas mãos de
familiares ou amigos dos familiares. Isso faz com que em vez de contratar
pessoas de alto nível de competência e especialização para aquele determinado
cargo, contrata-se pessoa pelo vínculo familiar, afetivo ou de amizades. Isso é
péssimo para o bom desenvolvimento de uma organização. Toda organização
que contrata amigos, filhos dos amigos, amigos dos amigos, sempre vai ter
índices menores de eficiência, pois sempre vai contratar pessoas não pelo
currículo ou pela competência, mas, sim, pelo vínculo de relacionamento
pessoal, o que acarreta a contratação de pessoas incompetentes, na maior parte
das vezes.

O processo de formação da cultura de uma organização vai ocorrer a


partir da formação do grupo e da liderança desse grupo. Por isso, empresas que
demitem sempre e demitem muito, contratando novos membros, normalmente
nem cultura conseguem ter, pois os novos membros sempre vêm com outra
cultura e assim nunca se estabelece uma cultura forte.
Normalmente, empresas e organizações com cultura forte e bem definida
não costumam contratar e demitir com frequência, só quando é muito necessário
mesmo, pois esse procedimento não favorece em nada uma organização, ao
contrário, ter membros antigos e comprometidos pode favorecer muito o êxito
das metas fundamentais. Eles serão mais socializados, mais comprometidos,
mais confiantes no retorno, mais vinculados à própria organização que vai
passando a fazer parte da vida deles. Ao contrário do que ter sempre novos
membros e demissões recorrentes que desanimam os que ficam e os tornam
inseguros e desconfiados, sem o desejo de investir na empresa.

39
Importante
Existe uma coisa na organização chamada “clima organizacional”, o que significa
isso?
Clima organizacional é uma percepção coletiva da atmosfera organizacional que
se estabelece a partir de ideias e sentimentos que os trabalhadores têm de seu
dia a dia na organização.

Todos os indivíduos possuem uma percepção do certo e errado na


administração, do que é capaz, de como deveria ser seu local de trabalho, do
comportamento e decisões de seus líderes, e tudo isso vai formar o clima
organizacional.
Esse clima estará relacionado diretamente com a satisfação, medos,
temores, necessidades, expectativas e com o que se vê na realidade da
organização em relação a isso tudo em cada indivíduo.
Normalmente, quando a liderança traz um tipo de cultura organizacional
orientada ao poder, à dominação e à eliminação de oposições, o clima costuma
ser de temor, medos, tensões, insegurança em geral. Já, quando o líder traz uma
cultura organizacional de preocupação com o bem-estar geral dos membros,
amistosa, de cooperação com as necessidades e expectativas das pessoas, de
honestidade e justiça, o clima pode ser bem diferente.
A cultura organizacional pode influenciar muito no clima, tanto
positivamente quando for uma cultura positiva, como negativamente quando for
uma cultura negativa.

Reflita
O que seria uma cultura organizacional negativa? Você já trabalhou ou
conhece alguém que trabalha em locais com assédio moral, maus-tratos e outras
situações abusivas vindas do chefe? Existem determinadas organizações,
normalmente empresas, que têm por cultura organizacional tratar os seus
funcionários com pressão, assédio moral, opressão, exigências descabidas,
como se isso fosse fazer o trabalhador se empenhar mais. Na verdade, isso tem
a ver com a frase de Paulo Freire, “quando o oprimido não tem educação
suficiente para se desalienar, o dia que ele puder, ele se tornará o opressor”, ou
seja, vemos muitas pessoas de classes sociais trabalhadora que se tornam

40
chefes e quando isso acontece, eles oprimem seus colegas subordinados. Muito
triste e péssimo para o êxito da empresa e da organização.

4.1.2 O poder nas Organizações

Para Max Weber, poder significa a probabilidade de impor a própria


vontade numa relação social, mesmo contra resistências, seja qual for o
fundamento dessa probabilidade.
Para Weber, existem três tipos de dominação relacionada às estruturas
de poder, em que dominação se configura obediência a uma ordem:
• O primeiro tipo de dominação é o tipo tradicional ou herdado, esse tipo de
poder é como aqueles dos monarcas, dos reis e rainhas, que por uma
questão de herança genética do cargo de seus antepassados, a pessoa
torna-se rei, rainha ou chefe hierárquico de uma empresa. É dado por
sucessão.
• O segundo tipo de poder é o oficial, quando uma pessoa é nomeada
oficialmente por algum processo, normalmente burocrático, para aquele
cargo. Isso pode se dar hoje em dia por um concurso, por uma nomeação
meritória, por eleição, etc.
• O último tipo de poder e o mais forte é o poder carismático, em que a
pessoa exerce poder sobre outros única e exclusivamente pelo seu
carisma, que se traduz em maneiras de ser própria daquela pessoa que
gera confiança e persuasão.

Normalmente, o poder carismático quase nunca coincide com os outros. Por


exemplo, o poder carismático nunca coincide com o poder oficial ou herdado,
muito raro.

41
Curiosidade
Um exemplo citado pelo próprio Max Weber de poder carismático foi São
Francisco de Assis.

Muitas pessoas acreditam que poder carismático é tendo aquilo que no


popular se chama “lábia”, muitas vezes com mentiras e fake news. Na verdade,
essas pessoas até podem exercer um certo poder por algum tempo, mas dura
pouco, pois a mentira tem perna curta.
Os líderes carismáticos são líderes que pensam realmente no povo e que
conseguem superar as expectativas desse povo de forma verdadeira, em muitos
lugares esses líderes são endeusados, mas quando isso ocorre de forma
duradoura é porque são pessoas muito boas, com bons propósitos, que amam,
autênticas e muito verdadeiras. Por exemplo: Martin Luther King, Nelson
Mandela, Mahatma Gandhi.
Existem nas organizações o poder formal e o poder informal. O poder
formal é aquele exercido pela pessoa que tem essa função ou cargo,
oficialmente estabelecido por alguém ou por algum processo. Esse poder é
exercido de forma objetiva e clara, mas pode ser de muitas maneiras. Na pós-
modernidade, a hierarquia deve ser mais discreta, e o poder deve ser exercido
o mais horizontal possível, de forma flexível, dialogada, capaz de escutar os
membros da organização. Mas isso ainda está longe de acontecer em muitas
organizações.
O poder informal é aquele exercido por pessoas do grupo que não
possuem cargos de liderança, mas que possuem carisma e persuasão, e assim
exercem poder sobre o grupo. Muitas vezes, o poder informal entra em conflito
com o poder formal. Coisa que complica muito, pois o poder formal costuma
eliminar o poder informal. Mas não sem conflitos.

42
Fonte: https://ecofin.es/como-cultivar-su-poder-informal/

O conflito é algo presente nas organizações, pois o homem é complexo e


imprevisível como disse Fredberg em seu livro O Poder e a Regra. Por causa
dessa imprevisibilidade humana, é sempre possível haver conflito.
O conflito se dá devido a interesses antagônicos entre grupos e pessoas
entre si ou entre esses e a organização. Para cada caso, existem formas de
resolução.
O conflito deve ser resolvido pelo diálogo com cuidado para não
desencadear mais conflitos. Às vezes, um chefe vai resolver um conflito e cria
novos e piores. Por isso, é muito necessário prudência, diálogo, discrição, nunca
expor as pessoas.

Curiosidade
Você certamente já ouviu falar em “burocracia”. Certamente, ouviu dizer que ela
é culpada de alguma coisa. Max Weber foi um grande estudioso da burocracia.
E, pasmem vocês, ainda não foi criado nenhum sistema melhor que a
burocratização para as organizações.

A burocracia significa o processo apresentado nas organizações para que


elas sejam realmente organizadas, mediante a qual as relações são
formalizadas. A hierarquia existe para termos alguém que nos orienta e também
nos conduz um pouco, a rotina é implantada diminuindo os improvisos, são

43
estipuladas as regras e regulamentos para todos os membros, são feitos
processos de seleção e ascensão aos cargos, que podem ser por concursos ou
por outros processos, tudo isso faz parte do sistema burocrático. A burocracia é
uma racionalidade que perpassa todo e qualquer tipo de organização por meio
de processos racionais que tornam as coisas mais previsíveis e organizadas.

Conclusão da aula

Queridos alunos e alunas, chegamos ao final de mais uma aula. Nesta


aula, vimos que as organizações são mais complexas do que imaginamos, com
relações de poder, conflitos, culturas organizacionais nem sempre bem
organizadas, e vimos também os tipos de poder, o conceito de burocracia.
Esperamos que com isso, agora que você sabe o conceito de organização, de
burocracia, de poder, de cultura organizacional, possa ter uma boa capacidade
de compreensão das redes relacionais existentes numa organização. E mais do
que isso, possa um dia, ao ter essa oportunidade, auxiliar alguma organização a
ser melhor e mais humana com os membros e com a sociedade em geral.

Atividade de aprendizagem
Para um aprofundamento dos assuntos, sugiro a leitura de um texto muito
interessante, disponível na internet em PDF. Pode fazer busca pelo título no
Google, apenas.
“A cultura organizacional como forma de controle invisível nas organizações
modernas e pós-modernas”. GISELE SERAFIM CARDOSO DOS SANTOS*
Revista Espaço Acadêmico. N. 194. Julho 2017.

44
Aula 5 – O Trabalho

Apresentação da aula

Nesta aula, querida aluna, querido aluno, vamos refletir um pouco sobre
o trabalho, o que é, como começou, como se transformou na industrialização, o
que Marx pensa do trabalho, ou seja, vamos aprofundar um pouco alguns
aspectos importantes sobre o tema. Afinal, não podemos só trabalhar sem saber
o que esse ato representa na nossa vida, não é mesmo? Ao pensar sobre isso,
vamos entrar naquele processo de desalienação, olha que maravilha!

5.1 Trabalho e a vida humana

Você sabia que cada cultura desenvolve suas formas de trabalho? Até
mesmo objetos de trabalho são parte da cultura de uma sociedade. Uma
sociedade indígena desenvolve formas de trabalho diferente de uma sociedade
capitalista, e esta desenvolve formas diferentes de uma sociedade comunista ou
outra. Os indígenas desenvolvem materiais de trabalho, artefatos e instrumentos
para caça e pesca enquanto nossa cultura ocidental desenvolve computadores,
máquinas, indústrias, fábricas.

Forma de trabalho
Fonte:http://portaldoprofessor.mec.gov.br/fichaTecnicaAula.html?aula=50376

45
A relação com a natureza em cada sociedade também irá desenvolver
formas de trabalho diferentes uma da outra, por exemplo, a relação com os
animais, o que se pode comer ou não, com os alimentos em geral, plantações,
agricultura, tudo isso é parte da cultura de uma sociedade que vai gerar formas
de trabalho diferentes de uma para outra e, até mesmo, em uma mesma
sociedade, como na sociedade brasileira, temos várias formas de trabalho
diferentes de acordo com os locais e com a natureza, assim como também de
acordo com as origens étnicas. Na nossa sociedade temos indígenas,
agricultores, comerciantes, industriais, funcionários públicos e tantos outros
aspectos que mudam as formas de organização do trabalho.
Então vamos ver o que é o trabalho no sentido amplo e conceitual.

Reflita
Como é sua relação com o trabalho? Você está buscando se preparar e se
formar para ter um trabalho bom que traga satisfação, prazer, alegria e não
somente dinheiro? Você já refletiu sobre quantas horas você passa trabalhando
na sua vida? Por que será que nossa relação com o trabalho muitas vezes é
sempre pensando nas férias? Vamos ver?

O termo trabalho tem uma origem não muito animadora, talvez por isso
nossa relação com o trabalho seja sempre esperando as férias. É possível que
isso ocorra também porque não trabalhamos no que gostamos ou em uma
empresa boa e prazerosa ou, ainda, porque trabalhamos demais, mais do que
devíamos, e nossa vida pessoal fica nula. Mas qual a origem do termo
“trabalho”?
Apesar de hoje o trabalho fazer parte da vida cotidiana dos seres humanos
e ter sido sempre fonte de alimentos e de valores de troca, nem sempre o
trabalho foi realizado por todas as pessoas em algumas sociedades. Na Antiga
Roma, por exemplo, o trabalho era algo realizado apenas pelos escravos e
presidiários. Por isso, o termo “trabalho” tem origem na Idade Média (século XIV),
na palavra “tripallium”, que era um instrumento de tortura da Roma antiga. Nessa
época, a sociedade feudal era estruturada em camadas, em que a nobreza, o
clero, e o povo faziam parte, mas a camada que trabalhava era somente o povo.

46
Trabalhadores camponeses
Fonte: https://aventurasnahistoria.uol.com.br/noticias/historia-hoje/sociedade-moderna-
trabalha-mais-horas-que-camponeses-medievais-indica-pesquisadora.phtml

O trabalho sempre existiu, mas na Antiguidade era muito diferente do que


passou a ser com a Revolução Industrial.
Com a Revolução Industrial surgem os operários, ou seja, as indústrias e
fábricas necessitam de um recurso humano. Entretanto, esse recurso humano
não foi nada fácil de moldar de acordo com o que os empregadores gostariam.
As pessoas adultas vindas de um sistema de produção manufatureira não
industrial, que eram os artesãos, assim como também os comerciantes e outros
trabalhadores rurais, não tiveram facilidade para se acostumar com trabalhos
monótonos, disciplinas dentro das empresas, horários muito mais rígidos, falta
de convívio com os familiares e de lazer, rotina, transformação em instrumento,
dependência do empregador, enfim, são muitos os fatores que fizeram com que
a administração das empresas criasse mecanismos e formas de construir um
“operário”.

47
Cena do filme Tempos Modernos, 1936.
Fonte: https://aventurasnahistoria.uol.com.br/noticias/reportagem/ha-72-anos-era-
instituida-primeira-lista-negra-de-hollywood.phtml

Mídias
Na imagem acima, o filme Tempos Modernos (1936), de Charlie Chaplin, traz
uma sátira e uma crítica muito pertinente ao processo de industrialização. De
forma cômica, ele mostra como a industrialização teve que moldar o ser humano
a algo que não é da natureza humana: o trabalho mecânico, rotineiro, durante
muitas horas, sem uso da criatividade, exaustivo, escravizador.

Devido a esse fator, a administração racional do trabalho era o maior


problema nesse período, pois tinha que haver uma luta muito grande contra os
costumes e hábitos tradicionais da vida desses trabalhadores.
Por isso, surgiram o Taylorismo e o Fordismo, (modelo de controle do
trabalho baseado em monitoramento e premiações pelo tempo de produção,
estudado em Administração), como formas e mecanismo de domesticação do
fator humano no trabalho industrial.
Também, a partir da Revolução Industrial, as classes sociais ficam mais
visíveis e bem definidas, pois o operariado passa a ser uma classe grande e
visível, assim como os donos das fábricas e indústrias também ficam mais
diferenciados.

48
Além dessas questões acima citadas, houve, com a Revolução Industrial,
uma troca da manufatura pelas produções pelas máquinas, o que provoca um
intenso êxodo de pessoas do meio rural para o meio urbano, o que gera altas
concentrações populacionais em favelas e moradias precárias e desemprego
pelo excesso de mão de obra.

Curiosidade
Os movimentos socialistas e marxistas ganham força devido aos abusos que
havia nesse início do processo de industrialização, em que devido à falta de
adaptação dos adultos e a outros fatores, colocavam crianças para trabalhar e a
jornada de trabalho era de 12 horas em alguns países. No Brasil, foi com Getúlio
Vargas que a política trabalhista toma forma através da Constituição de 1934,
criando a carteira de trabalho e o Ministério do Trabalho, e em 1943 nasce a CLT
(Consolidação das Leis de Trabalho). Aos poucos, a jornada de trabalho passou
a ser de 44 horas, o que ocorre com a Constituição de 1988. É provável que ele
tenha criado essas condições para controlar os sindicatos com artigos na lei.

Imagem comemorativa aos 77 anos do Ministério do Trabalho, em 2007.


Fonte:http://portaldoprofessor.mec.gov.br/fichaTecnicaAula.html?aula=31030

49
5.1.1 Sindicalização

Em decorrência das péssimas condições de trabalho a que as pessoas


se submetiam nesse início da Revolução Industrial, - e, diga-se de passagem,
até hoje encontramos muitos problemas semelhantes, desde trabalho infantil até
trabalho escravo – surgem os sindicatos.
Como já dissemos acima, as classes sociais ficaram mais evidentes e a
divisão era bastante acentuada entre burgueses e proletários.
Começam a aparecer fortes ameaças de uma revolução socialista, pois
não era somente Marx que se preocupava com a situação dos trabalhadores, até
a Igreja Católica, com o Papa Leão XIII, publicou a denominada Rerum Novarum
demonstrando o quanto o trabalhador precisava ser mais respeitado na sua
dignidade e tratado de maneira menos desumana.
As atividades sindicais eram proibidas na maioria dos países europeus.
No entanto, devido ao temor de uma situação caótica, o governo inglês aprovou
em 1824 uma lei que permitia as associações semiclandestinas da Inglaterra a
se tornarem livres associações dos operários que desemboca em organizações
sindicais, chamadas trade unions. Foi o primeiro país a ter essas organizações.
Essas organizações sindicais inglesas iniciaram então um trabalho de
falar pelos trabalhadores, buscando os direitos e salários, melhores condições
de trabalho, e inúmeras formas de ajuda aos trabalhadores como um todo em
todos os sentidos.

Movimentos operários
Fonte: https://cursoenemgratuito.com.br/movimentos-operarios/

50
Importante
Sindicatos são organizações coletivas de trabalhadores que buscam melhorias
de vida e condição no trabalho. Os sindicatos agem por meio de greves e ações
coletivas no Ministério Público, assim como também tentam negociações e
acordos coletivos junto aos patrões que possam favorecer os trabalhadores de
forma a também resultar em condições melhores de produção e de trabalho.

No Brasil, os sindicatos nasceram – um pouco mais tardiamente que na


Europa, devido ao sistema escravocrata e ao adiamento do processo de
industrialização –, com os imigrantes, que vieram para cá e já tinham experiência
com a situação industrial na Europa, assim como com as organizações sindicais.
Passaram por muitas situações até que em 1930, na era Vargas, os
sindicatos tinham que se enquadrar no Estado Varguista por meio do Ministério
Público e, também, por meio de leis. Muitos estados, como Rio de Janeiro, São
Paulo e outros, não aceitaram esse enquadramento. Com o golpe de 1964, as
coisas só pioraram, logicamente.
Por mais que Getúlio Vargas tivesse esse tom estranho de querer
controlar os sindicatos, hoje, tudo o que ele criou, como o Ministério do Trabalho,
a CLT (Consolidação das Leis Trabalhistas), a carteira de trabalho, a jornada de
oito horas, tudo isso acabou sendo muito positivo para os trabalhadores, pois
resultou em proteção ao trabalho da mulher e do menor, regulamentação de
jornadas de trabalho para muitas categorias, e não podemos negar que ele
regulamentou a ação sindical com o decreto nº 19.770 em 1931.
Em 1952, houve nova retomada da atividade dos sindicatos, com abertura
de novos sindicatos, de 1945 a 1964, a ação sindical cresceu, fortaleceu,
exerceu muito poder benéfico para os trabalhadores por meio de greves e lutas
dos trabalhadores, principalmente em São Paulo. Mas em 1964, o golpe militar
pôs fim a evolução do sindicalismo brasileiro.
No Brasil, o que nós percebemos é o seguinte: os sindicatos passam por
altos e baixos, pois existem muitas variáveis que interferem na sua evolução ou
involução. Dentre eles, os governos federais, as linhas ideológicas dos
presidentes, do Congresso, que são eleitos pelo povo; mas também a linha de

51
pensamento econômico deles, pois isso vai interferir no comportamento das
empresas, dos órgãos patronais, e os sindicatos oscilam entre melhores
condições para negociações ou piores. Um exemplo dessas variantes são
mudanças nas leis trabalhistas, se há mudanças nas leis trabalhistas que
favorecem as empresas, os sindicatos poderão fazer muito pouco no que tange
ao assunto em questão da respectiva lei, pois os sindicatos podem agir melhor
quando se tem leis que podem ser reivindicadas.
No entanto, mesmo com todas as dificuldades que um governo federal
pode acarretar, os sindicatos ainda agem e muito. Porém, existe um problema
sério que atinge os sindicatos: aquilo que se chama de cooptação.
Cooptação é um processo no qual os patrões se associam de forma
camuflada e informal, logicamente, aos dirigentes sindicais. Nesses casos, o que
ocorre é que o sindicato fica de mãos atadas, pois os dirigentes estão associados
aos patrões e não fazem nada pelos trabalhadores, o sindicato seria uma
organização “fake” ou de “fachada”.
Infelizmente, essa prática patronal que consegue muitas vezes êxito junto
aos dirigentes sindicais é muito comum no nosso país. Isso explica porque são
poucos os sindicatos que realmente exercem um poder efetivo de luta
trabalhadora e alcancem metas e objetivos.

Movimento sindicalista
Fonte: http://www.cntrv.org.br/noticias/enfraquecimento-de-sindicatos-e-estrategia-
para-afundar-mais-ainda-o-pais-20bb/

52
Existem falas de que os sindicatos vão acabar. Na verdade, enquanto
houver sistema capitalista com exploração do trabalho humano para maior
obtenção de lucros, os sindicatos vão continuar existindo. Podem mudar,
reinventar-se, optar por novas formas de se organizar ou se adaptar de qualquer
jeito, mas acabar não. Existem sindicatos exemplares hoje.

Conclusão da aula

Com o término de mais esta aula, esperamos que você possa ter um olhar
diferenciado para o trabalho, para o seu trabalho, seu projeto de vida, suas
opções profissionais, e se algum dia você for uma liderança, possa ser uma
pessoa mais justa e a menos alienada possível. Esperamos que a
conscientização dos fatores acima traga liberdade e olhar profundo da realidade
do trabalho.

Atividade de aprendizagem
Para esta aula a atividade é uma busca sobre o Taylorismo e o Fordismo para
que você saiba o que é. Caso já tenha estudado esses temas em outra
disciplina, você pode optar por pesquisar sobre acordos coletivos entre
sindicatos e empresas.

Aula 6 – Globalização e sociedade pós-industrial

Apresentação da aula

Olá, alunos e alunas, nesta aula vamos compreender os processos de


que certamente você já ouviu falar, denominados de globalização e sociedade
pós-industrial. Assim, estudaremos as novidades que isso traz para as
sociedades atualmente, como esses fatores impactam a nossa vida social e do
trabalho, e qual é a lógica que conduz esses processos.

53
6.1 Globalização, o que significa?

A Globalização é um fenômeno social que, na verdade, foi


propositalmente provocado pelas grandes corporações internacionais,
econômicas e capitalistas. É um fenômeno que tem a ver com o avanço
tecnológico, pois você percebe que sem comunicações instantâneas e cada vez
mais facilitadas a distância, esse fenômeno que pode ser chamado de
mundialização se tornaria bastante difícil?
Mas o que é globalização?

Globalização
Fonte: https://noticiasconcursos.com.br/topicos-importantes-sobre-a-globalizacao/

O processo de globalização é o fato das nações terem cada dia menos


barreiras para suas relações internacionais em todos os sentidos. Mas os
aspectos econômicos e tecnológicos são os mais proeminentes.
Globalização é o processo pelo qual as nações se tornam cada vez mais
uma única sociedade. Mas será mesmo que isso será possível em todos os
aspectos sociais?
Não. Na verdade, esse processo se inicia desde os anos 1970 do século
XX, tem sua consolidação maior no início dos anos 1980 e hoje é um processo
já bem estabelecido por meio de vários mecanismos, como o Mercosul, União
Europeia, dentre outros. No entanto, é um processo mais visível e consolidado
nas questões econômica e tecnológica, que envolvem o consumo e as
comunicações por meio das mídias.

54
Importante
No início do processo de globalização, havia um interesse pelos meios de
comunicação de massa protagonizado por Marshall Mac Luhan, de transformar
o mundo numa “aldeia global” – termo utilizado por Mac Luhan.
No entanto, apesar de influências econômicas e midiáticas nas culturas
regionais, ao ponto de transformá-las numa única cultura global não passou de
alguns produtos alimentícios e de modas, como roupas, sapatos e outros
modismos passageiros, pois as culturas regionais de cada povo, cada nação,
cada sociedade, são advindas de suas raízes históricas e étnicas, em que
qualquer mudança no sentido de cultura de massa dos meios de comunicação
não passa de mudanças superficiais.

Verificamos que dos anos 80 até hoje se passaram mais de 40 anos e


nada foi profundamente mudado nas culturas locais, a não ser questões que hoje
são profundamente questionadas no mundo ocidental, como a questão de
gênero, dentre outras, que precisavam mesmo ser questionadas e modificadas,
pois tratam de preconceitos e discriminações que não têm mais lugar na
sociedade pós-moderna. O que temos de mudanças significativas são os
aspectos da pós-modernidade que vamos ver no último capítulo, mas são muito
mais providenciados pela cultura de massa e meios de comunicação social do
que realmente pelo processo de comunicação. Mesmo que se estenda para um
fenômeno mundial, caso não houvesse a globalização como é hoje, essa cultura
pós-moderna iria se estabelecer de alguma forma em alguma outra proporção
talvez, mas iria se estabelecer igualmente. No entanto, a cultura de raiz de um
povo não muda tão fácil.

55
Aldeia global
Fonte: https://www.multiplaescolha.com.br/o-que-significa-aldeia-global/

Reflita
Você percebe que a indústria alimentícia tenta interferir na cultura de nosso povo,
assim como as modas e a música. Na moda e na música, nós acolhemos muitas
coisas, mas nossa raiz continua. Na alimentação, os Fast Food norte-
americanos fazem um certo sucesso, principalmente entre os mais jovens, mas
os adultos e os mesmo jovens quando se tornam adultos preferem nossos
sanduíches aos do McDonald’s, concorda? E assim são muitas outras tentativas
de interferência na cultura local, bem como ocorre na América Latina. Para
comprovar isso, assista a um filme colombiano ou mexicano, e compare com um
filme norte-americano, por exemplo. O cinema é uma mostra clara de que a não
globalização de culturas, por mais que haja economicamente e nas
telecomunicações, acontece mais no nível de informação e consumo de algum
produto.

Existem dois fatores importantes:


1) O processo de globalização é antigo, desde sempre os impérios
tentam ser uma única grande nação e com as grandes navegações
isso também foi desencadeando. Além disso, culturalmente temos os
livros dos grandes filósofos e os grandes pensadores do mundo, Marx,
Rousseau, Adam Smith, John Locke e tantos outros, que sempre
exerceram profunda influência na humanidade mesmo antes da

56
evolução das telecomunicações. Esses fatores não deixam de
significar uma semente de globalização.
2) Independentemente do processo de globalização que vivemos hoje
devido ao avanço tecnológico, os processos de unificação de aspectos
culturais no ocidente, como se dá, por exemplo, na cultura pós-
moderna, como vamos verificar no próximo capítulo desse livro, deu-
se principalmente pelo sistema econômico capitalista, que traz os
mesmos aspectos de influência na vida, no psiquismo e nas relações
sociais de todos os que pertencem a ele.

Para a economia, realmente a globalização significa a dissolução de


barreiras nacionais para operações de mercado e capital com negócios
simultâneos nas capitais mais importantes do mundo. Assim, os agentes
econômicos passam a estar em toda parte do mundo e não somente nos EUA
ou em outro lugar.
Para isso, o suporte fundamental é a tecnologia, e os agentes mais
importantes são as grandes corporações transnacionais. O mercado é regulado
mundialmente e as decisões são tomadas a partir da realidade mundial.
Um dos mecanismos utilizado para a dissolução de barreiras nacionais é
a criação de blocos regionais como o Mercosul, União Europeia e outros
semelhantes. Esses blocos têm a função de criar regras para os países membros
que possam facilitar as importações/exportações, assim como todas as relações
internacionais entre eles e de mercado em geral.
Apesar de ser um processo de mundialização, os pobres ficam muito
aquém desse processo, sem acesso aos bens tanto materiais quanto simbólicos.

O processo de globalização não é inclusivo, as pessoas pobres e alguns


países mais pobres ficam à margem desse processo, sem acesso aos bens tanto
simbólicos quando materiais.

57
6.1.1 Sociedade pós-industrial

Denomina-se sociedade pós-industrial essa época a partir da grande


revolução tecnológica que vivemos atualmente, cuja transformação interfere
profundamente nas relações sociais como um todo, nas relações de trabalho,
nas organizações, nas famílias, na produção, nos serviços e nas formas
organizacionais.
Caracteriza-se pela mudança de uma economia produtora de bens para
uma economia de serviços, assim como pela maior valorização do conhecimento
intelectual e tecnológico, com profissionais de nível educacional superior e
técnico.
Nessa sociedade pós-industrial temos uma diferença muito grande em
relação à sociedade industrial da época de Marx e até mais ou menos a década
de 1970, 1980. A diferença é que a classe chamada “operária” está
desaparecendo e no lugar estamos tendo uma massa de desempregados, pois
na sociedade pós-industrial o desemprego é estrutural.
O alto índice de desemprego é gerado pela alta tecnologia que tomou o
lugar de muitos trabalhadores e oferece maior lucro para as empresas
logicamente. Exemplo disso no Brasil, além dos trabalhadores do campo, temos
os bancos, onde hoje os caixas eletrônicos resolvem coisas que antes eram
resolvidas por milhares de pessoas nos caixas dos bancos. Outros exemplos
disso são os supermercados que já estão instalando caixas automáticos para o
próprio cliente operar e passar sua compra, e assim muitos outros empregos
estão sumindo, pois a máquina está tomando o lugar do ser humano já faz algum
tempo.
Por isso, os serviços que mais vão prevalecer são os profissionais liberais,
cujo serviço ainda está longe de ser um trabalho exercido por máquinas, como
odontologia, direito, medicina, psicologia, e aqueles desenvolvidos por técnicos,
ou seja, o conhecimento e a tecnologia intelectual serão ainda o que terão postos
de trabalho.

58
Uso de máquinas nas empresas, a sociedade pós-industrial
Fonte: https://economiadeservicos.com/2019/06/04/domenico-de-masi-e-a-sociedade-
pos-industrial/

Com o processo de tecnologias de informação e inteligência artificial, as


tomadas de decisão também vão ficando menos em evidência, uma vez que
tomadas de decisões se tornam desnecessárias quando se planeja as atividades
de antemão e estas são contidas em processos de informação.
Cada vez mais as organizações, empresas, grandes corporações,
necessitam mais de pessoas com conhecimento e formação que consiga
compreender as tecnologias da informação, seus símbolos e sistemas
operacionais. São funções que exigem intensa atividade mental e mediação
cognitiva para o trabalho.
No Brasil, isso é bastante visível, uma vez que cargos e empregos
existem, porém estão em aberto devido à falta de pessoas qualificadas,
principalmente na área de Tecnologia da informação (TI).
As relações de trabalho na sociedade pós-industrial tendem a ser muito
diferentes das relações anteriores, pois, por conta de uma economia mais de
serviços do que de bens e pela proeminência do conhecimento intelectual e

59
técnico, a tendência é o indivíduo se relacionar com a organização de forma mais
distante, o lado material e mecânico da organização tende a desaparecer e
permanece a abstração.
Podemos ainda mencionar não somente a sociedade pós-industrial, mas
também a sociedade pós-pandemia. Se a tendência da sociedade pós-industrial
era o home office, agora pós-pandemia, certamente em muitos países
desenvolvidos isso poderá se consolidar. No Brasil, ainda era algo não muito
comum e, mesmo assim, poderá aumentar muito essa forma de trabalho.
Também os pequenos escritórios é uma característica, os chamados small office,
assim como cresce a terceirização, a fragmentação progressiva do
conhecimento técnico-científico.
Domenico DeMasi trabalha muito as questões sobre o futuro do trabalho,
mostrando o quanto em um futuro muito próximo não teremos mais trabalhos
para todos, como hoje já não temos, quando as pessoas terão que usar a
criatividade para sobreviver e trabalhar menos. Por exemplo, uma opção seria a
redução da jornada de trabalho para seis horas e, assim, poder contratar outras
pessoas para completar a carga necessária, ou seja, o mundo, as pessoas, as
organizações, as empresas terão todos que se reorganizar para novas formas
de trabalho, novas maneiras de contratações.
Estamos passando por aquilo que podemos chamar de reestruturação
produtiva. De acordo com Reinaldo Dias, ocorre em todas as fases como esta,
e há um deslocamento da massa de empregos de um setor para outro. Assim
como no início houve um deslocamento do setor agrícola para o setor industrial,
hoje há um deslocamento do setor industrial para o de serviços.
Outra característica da sociedade pós-industrial é a flexibilidade. As
pessoas terão que ter mais maleabilidade para poderem atender à diversificação
da produção, maior adaptação e multidisciplinaridade, pois mesmo que o
trabalho seja mediado pelo computador, o indivíduo que opera a máquina tem
que ter conhecimento muitas vezes em várias áreas para atender a demanda.

60
Importante

Fonte:http://lounge.obviousmag.org/sarcasmo_e_sonho/2019/02/as-incoerencias-do-
trabalho-na-sociedade-pos-industrial-e-como-enfrenta-las.html

Você já percebeu que, em muitos tipos de trabalho, com a tecnologia nós


podemos fazer muito mais do que antes? Sim, podemos! Porém, isso é
extremamente problemático porque também trabalhamos muito mais do que
antes, quando não havia tanta tecnologia, pois as coisas podem ser feitas de
forma mais rápida e por isso o montante de trabalho é maior. Hoje, uma pessoa
faz o trabalho de duas em alguns setores, e outras de três ou mais. Isso também
gera desemprego, além de stress, cansaço, fadiga, conflitos com a gestão,
dentre outros problemas.

Na Sociologia Organizacional existem uns temas para os quais vamos


aqui trazer algumas repostas: conflitos, como resolvê-los?
A resposta é simples: se o conflito for entre grupos, existem técnicas para
resolução desses conflitos. Entretanto, se o conflito for entre o indivíduo e a
organização, é importante refletir sobre o porquê desse conflito: o indivíduo não
se adaptou? O indivíduo tem outros objetivos diferentes dos da instituição? O
indivíduo tem comportamentos errados? O indivíduo está insatisfeito? Ele não
está se sentindo valorizado? O salário é muito baixo e o deixa muito chateado?
Ele se sente explorado?
Para cada uma dessas perguntas vamos descrever aqui uma breve
resposta: na hora da contratação, deve-se ter um setor de RH que tenha
psicólogos bem preparados para poderem contratar pessoas que possuem o
mínimo de afinidade com a organização. Isso irá facilitar a adaptação e o

61
desempenho dessa pessoa. Caso a pessoa não seja valorizada, não tem o que
fazer, ninguém que não se sente valorizado vai ter bom desempenho. Caso a
pessoa ganhe um salário muito baixo e não tenha outros benefícios que
compensem, não tem o que fazer, ela irá sem dúvida sempre procurar outro lugar
para trabalhar e ficar ali somente até encontrar. Se o indivíduo está insatisfeito é
importante conversar e perguntar o que ele precisa para ficar mais satisfeito, às
vezes, é algo mínimo para a empresa.
Essa é a diferença entre os países desenvolvidos e os países
subdesenvolvidos.
Um país desenvolvido trata o trabalhador de forma mais humanizada, de
forma a dar recompensas, garantias, satisfações, mesmo que em alguns casos
seja apenas pela empresa e não pelo trabalhador. No Brasil, temos ainda
organizações que se pautam no alto índice de desemprego e não se importam
em demitir e contratar outro infinitamente. Não valorizam o funcionário e
tampouco se preocupam em deixá-lo mais satisfeito para melhor produtividade.
O Brasil é um país ainda selvagem no que tange às questões empresariais. São
raros os lugares onde o trabalhador se sinta pertencente àquele local por ser
bem tratado.
Nem mesmo o Fordismo foi possível no Brasil, pois esse modo de
administração se baseia na recompensa, inclusive material, de promoção e
recompensas salariais.
Na verdade, não existe formas de domesticar o ser humano. Fredberg irá
trazer a noção de homem complexo e irá dizer que todos são imprevisíveis.
Mas quando se faz justiça qualquer ser humano se sentirá valorizado e
bem em qualquer lugar. O resto é “dourar pílula”.
Se o conflito é o confronto entre interesses antagônicos, a organização
deve sempre verificar os interesses de seus membros e até que ponto a
organização não deverá também tentar preencher um pouco as expectativas.
Mas a questão é que no sistema com mão de obra excedente é fácil desprezar
os interesses dos trabalhadores, o que não ocorre em países desenvolvidos.

62
Reflita
O ser humano da sociedade globalizada pós-industrial é mais livre, ouve sua
subjetividade, deseja fazer o que gosta, prefere ganhar menos e ter qualidade
de vida, está querendo se voltar mais para a família, e todas essas
características tendem a se generalizar cada vez mais, principalmente no Brasil.

Conclusão da aula

Esperamos que, com essa aula, você possa hoje compreender mais e
melhor a sociedade, o trabalho, as relações de trabalho, o porquê do Brasil ainda
ser um país subdesenvolvido. E com essa nova consciência possa, quem sabe,
quando tiver oportunidade, ajudar uma empresa, um gestor, ou mesmo ser um
gestor mais capaz de entender como se faz um ser humano ser mais producente
na sociedade pós-industrial globalizada.

Atividade de aprendizagem
Ao final dessa aula, acesse um texto na internet de Domenico DeMasi sobre
o futuro do trabalho, O Ócio Criativo.

Aula 7 – A Sociologia da pós-modernidade

Apresentação da aula

Nesta aula, você vai entender o porquê de tanto caos na sociedade atual,
de onde vem esse caos, quais as origens da cultura que vivemos hoje e como
ela nos influencia, quais são os fatores que mais nos influenciam e modificam as
nossas atitudes, formas de pensar e de agir. Vamos lá, conhecer o momento
atual?

63
7.1 As raízes da modernidade que desembocam na pós-modernidade

Você certamente já ouviu falar sobre pós-modernidade ou homem pós-


moderno, não é mesmo?
O termo pós-modernidade significará aqui as consequências da
modernidade, como Anthony Guiddens coloca, uma vez que suas raízes são as
raízes da própria modernidade quando chegaram a um estado exacerbado, mas
também, como outros autores pensam, a pós-modernidade traz inclusive uma
ruptura com aspectos da modernidade, pois na nossa visão, os dois aspectos
habitam juntos os nossos tempos e por isso muitas coisas podem parecer
paradoxais. Portanto, sempre serão mencionadas juntas a modernidade e a pós-
modernidade, como fazem os próprios autores que serão citados.

Mas o que é o básico dessa cultura que vivemos?

Ao analisar as raízes da modernidade, conclui-se que existe uma


característica básica que perpassa todo o modo de racionalização que na pós-
modernidade chega ao seu mais alto grau e a sua maior profundidade: a pós-
modernidade é o auge do individualismo com todas as suas consequências,
nascido nas raízes da modernidade. As raízes mais importantes da modernidade
são quatro: o humanismo renascentista, a reforma protestante, o
mercantilismo e a revolução científica.

Humanismo renascentista e revolução científica


Fonte: http://portaldoprofessor.mec.gov.br/fichaTecnicaAula.html?aula=30370

64
Segundo Urbano Zilles, o humanismo renascentista é um movimento “que
se constitui em livre indagação da natureza física pelo homem sem os limites
impostos pela autoridade” da tradição e da Igreja. A renascença, ao querer
libertar a investigação racional e a experiência da intromissão da autoridade,
opõe-se ao catolicismo. Constitui uma volta à natureza. “Abandonando a tradição
aristotélica de que a ciência só é possível dos universais, o humanismo
renascentista volta-se ao singular concreto”.
Assim, nasce o método científico. O homem é visto unilateralmente como
se fosse ele mesmo Deus. “O homem concebe a si mesmo como criador do
mundo e reclama liberdade de espírito”. Percebe-se nitidamente o nascimento
do individualismo, ou seja, da valorização do indivíduo como a referência
principal, em que a máxima é realmente o dito (sofisma) de Protágoras de que
“o homem é a medida de todas as coisas”.
Nesse espírito nasce, então, o racionalismo da revolução científica, no
sentido de que a natureza é um sistema de causas e efeitos regido por leis que
um método científico pode descobrir. “Exclui o significado e o propósito das
operações da natureza e absolve a ciência de pensar nesses termos mais
antigos a respeito dos desígnios de Deus” . Também “exclui o acaso”, mas abre
para a probabilidade como elemento de imprevisibilidade. A razão passa a ter
como modelo a matemática e como se baseia na experiência, cai no
empiricismo. Percebe-se, então, a nítida valorização de uma razão autônoma,
sem Deus, que culminará no Iluminismo.
No fim do século X, surgia na Europa o mercador. A princípio, este não tem
nenhum prestígio social. É também chamado de burguês, pois habitava em
“burgos” (vilarejos cercados) que eles construíam. Eles queriam liberdade
municipal contra os senhores feudais e suas explorações tributárias. Faziam
revoluções ou pagavam por esta liberdade. Ansiavam por esta desde o século
XII. No século XIII, emancipados, passaram a construir residências luxuosas. A
Igreja, por sua parte, condenava os juros, como forma de usura.
As normas canônicas da satisfação das necessidades e do justo preço se
chocavam com o espírito burguês da ambição do lucro. Embora a Igreja não
fosse hostil à liberdade dos burgos, temia a diminuição do poder de sua
autoridade. Contrariando a independência e a tendência ao enriquecimento da
burguesia, a ação da Igreja fez-se incômoda para os burgueses.

65
Reforma protestante
Fonte: https://pleno.news/fe/assista-filmes-e-documentarios-sobre-a-reforma-
protestante.html

Já, a Reforma Protestante nasce no contexto histórico-econômico-cultural


descrito acima, incluindo o renascimento. De acordo com os autores do
Dicionário de Conceitos Fundamentais em Teologia, a reforma teve seu início
dentro da própria Igreja Católica. Ainda para estes mesmos autores, Duns
Scotus e Guilherme de Ockham contribuíram em muito no sentido de diluir o
pensamento medieval da ordem, buscando a liberdade e dispersando o que
Tomás de Aquino havia sintetizado com auxílio de Aristóteles. Retomam o
estado anterior a Tomás de Aquino. Na política, a Igreja não mais possuía a força
dominante. A reforma apenas leva adiante o que já se encontrava latente.

Mídias
Assista ao filme Lutero (2003), que traz a história de forma bastante fiel,
composto por atores excelentes em uma narrativa que prende a nossa atenção,
nem parece filme para estudo.

66
Para os mesmos autores acima, os nobres dos estratos inferiores e os
camponeses pobres recebem Lutero como libertador, uma vez que, com a
proibição de juros pela Igreja, desenvolve-se nas cidades a economia monetária
que negociava dinheiro e a economia de monopólio, típica do capitalismo
primitivo. De fato, a Igreja havia se tornado rica em todos os países com força
econômica e seus privilégios pareciam nascer da exploração dos leigos. O
próprio clero, que tinha pouca formação e poucos cuidados, com frequência
sentiu a reforma como libertação.
“Com a confissão da ‘Sola Scriptura’, afasta-se Lutero de todas as
autoridades humanas e eclesiásticas”. Lutero se contrapõe à pretensão da
hierarquia acusando-a de dominadora e sustenta que a Igreja se afastou da
Igreja originária devido aos dogmas e às novas tradições surgidas no decorrer
da história.

Importante
O fato é que é notória a ânsia por libertação. Tem-se por um lado, a burguesia
com seu desejo de lucro que a Igreja não aceitava e, por outro, Lutero com seu
desejo de autonomia da consciência individual, enquanto buscava libertá-la do
“crivo” da tradição e do magistério da Igreja. Assim, como o Renascimento
buscou a libertação da Tradição e da Igreja, e a revolução científica buscou
libertar a razão de Deus e da fé, ou seja, a raiz da modernidade que é a mesma
da pós-modernidade é a busca de liberdade e libertação das instituições.

7.1.1 As características da sociedade e do homem pós-moderno

A partir do breve histórico que vimos no item acima que está por detrás
de nossa realidade atual, vamos então trazer aqui quais as características
geradas por esse histórico.
Vimos que a busca por liberdade e autonomia norteou toda a
modernidade, e isso logicamente influenciou e foi imensamente intensificado
pelas grandes narrativas da modernidade, como as de Karl Marx, Freud,
Rousseau, dentre outros. Mas as consequências para a cultura de todo o evento
da modernidade foram muitas. Vamos lá, uma por uma que podemos já ter
consciência.

67
A revolução científica fez com que houvesse o processo de secularização,
no qual a religião iria perder muito de seu poder para dar lugar à ciência. Hoje,
verificamos uma reação a isso, na qual as pessoas estão se voltando para a
religião e dando as costas para a ciência.
A luta por não mais aderir às tradições, ao Estado e à Igreja que nasce no
humanismo renascentista, trouxe para nós hoje a morte lenta das instituições
sociais como um todo, e sabemos, de acordo com a aula 3 dessa disciplina, a
importância das instituições sociais e isso gera uma crise muito grande, como
falta de referenciais para os jovens, adolescentes e qualquer pessoa, o que gera
o relativismo, a luta por opiniões em detrimento de uma Verdade, em que
ninguém mais tem verdade alguma, e tudo não passa de opiniões. Porém, essa
morte das instituições vai além disso, ela também faz com que a desordem e a
violência se instalem de forma muito forte, como estamos vendo hoje, nos altos
índices de violência, delinquência e destrutividade.
Outra característica é a fragmentação, iniciada com a fragmentação
religiosa ao nascer muitas outras denominações cristãs, mas que desemboca no
pluralismo de todo tipo, nas diversas opções em todos os sentidos, e aos poucos
começa a transformar o pensamento, o conhecimento, em que tudo se torna
muito fragmentado. Essa situação leva também ao que se chama de
esquizofrenia social, que é o fato de uma pessoa pensar várias coisas ou até
conceitos e visões contraditórias a respeito de um mesmo objeto.

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Fonte: https://br.pinterest.com/pin/100486635422335926/

Hoje, você tem um médico otorrinolaringologista que é especialista


somente em sinusite e se você tiver uma faringite já deverá procurar outro
otorrino, ou seja, é a especialização da especialização. Odontologia é assim: um
dentista faz canal, o outro faz bloco e o outro tira o raio-x. Para resolver um
problema, o paciente precisa ir em três ou mais especialistas. É claro que isso
também tem a ver com a divisão social do trabalho, que por uma busca de um
conhecimento muito especializado também fragmenta muito a ciência. No
entanto, faz com que um profissional não consiga mais ter a noção do todo. Um
ser humano não é visto no todo, e sim, no fragmento, o que dificulta até mesmo
diagnósticos mais corretos e acertados.

Importante
Todas essas situações geram maior caos, principalmente pela morte das
instituições, dos referenciais, avanço da violência e da desordem psíquica. Os
transtornos psíquicos aumentaram muito, o uso de psicotrópicos também.

69
Atrás de tudo isso, consta o grau de individualismo exacerbado, em que o “outro”
sempre fica a serviço do “eu”, quando ninguém abre mão de seu “eu” pelo bem
comum, e muitos conflitos entre o indivíduo e a sociedade começam a ser
proeminentes. Por exemplo: uma mulher grávida pensa no eu dela, mas não no
“outro” que está por vir, e luta pela liberdade em fazer aborto. Outro exemplo
claro, a violência no trânsito, em que uma pessoa acha que é dona da rua e faz
o que quer, atrapalhando as pessoas e começa a confusão que muitas vezes dá
em morte absurda.

Reflita
Vamos refletir sobre as contradições que podemos chamar de esquizofrenia
social? Você já percebeu que muitas pessoas que lutam pela vida de uma árvore,
de animais e florestas, são as mesmas que lutam pela liberdade em fazer
aborto? O que você pensa disso?
Você já reparou que as mesmas pessoas que se dizem muito cristãs, católicas
ou evangélicas muitas vezes discriminam, condenam e demonizam outras
pessoas por causa de suas opções sexuais, afetivas ou políticas e outras?
Será que esse comportamento está em consonância com ser cristão? Ou é
discrepante?
Você já percebeu que muitas pessoas que lutam por um direito x ou y, pisam no
direito x ou y do outro?

Em outras palavras, vivemos realmente esquizofrenias sociais, muito


problemáticas para a sociedade, pois a partir disso nascem também as fake
news, as manipulações, a sociedade pós-verdade, na qual a ideologia (naquele
sentido que vimos nos capítulos anteriores) tem mais poder do que a verdade, o
amor, a compaixão, a solidariedade, a amizade, o “face a face” que nos move a
amar o outro incondicionalmente e a ser pessoas melhores que realmente é o
verdadeiro amor ao próximo. E a democracia entra em crise e descrédito.
Além de tudo isso, ainda temos a influência da sociedade de consumo,
tecnológica, globalizada, exemplificada pelas grandes indústrias e fabricantes de
grandes marcas. Antigamente uma máquina de lavar roupa da Brastemp durava
30 anos, hoje dura no máximo dez; um carro que servia por 20 anos, hoje, com
os novos modelos, fica desatualizado, velho, em dois anos ou três; e assim,
muitas outras coisas como relógios, celulares, etc. Isso porque a indústria
precisa de consumo e de consumismo, então um celular fica ultrapassado, um
computador, um carro, um fogão, tudo isso vai ficando ultrapassado para que as

70
pessoas ligadas a status, consumam mais, trocando seus bens de forma mais
rápida, ou seja, entramos então na característica do descartável.
Essa descartabilidade hoje atinge o afeto das pessoas, as relações
sociais e afetivas, como é o caso do “ficar”, do “contratinho”, de relações sem
compromisso, e passageiras e efêmeras.
Tudo isso pode ser melhor aprofundado nos livros de Zigmunt Baumann
e outros que constam na bibliografia desta disciplina, como David Harvey
também.

Importante
Você já ouviu falar, certamente, da sociedade líquida de Zigmunt Bauman. Você
sabe o que significa essa metáfora? Então vamos descobrir! Bauman utiliza a
metáfora da liquidez para analisar a sociedade atual mostrando que o que era
sólido se derrete no ar, como já havia preconizado Marx. Bauman estende essa
frase para tudo, para a tradição, para os valores, para a moral, para as formas
fixas de pensar. É uma sociedade na qual tudo se derrete e pode ser moldado
de acordo com o recipiente. Como qualquer liquido os valores e conceitos,
formas de pensar e de agir, as culturas, tudo pode ser moldado de acordo com
o sujeito, pode se encaixar em vários recipientes diferentes, ou pode se diluir e
fluir.
O que você pensa disso? É real?

Você poderia estar pensando: mas só tem coisa ruim? É o fim do mundo?
Diante disso, veja: em toda época de crise de uma sociedade, até que as coisas
se reorganizem novamente, elas tendem a ficar caóticas por um período. A
sociedade normalmente possui movimentos pendulares, oscilando de um
extremo ao outro para chegar ao um ponto mais equilibrado. Temos alguns
vislumbres de uma nova sociedade que vem por aí, uma vivência mais
democrática a partir da conclusão que nenhuma ditadura resolverá esses
problemas, não adianta regredir e retroceder ao passado das ditaduras que
nenhuma deu certo, nem de direita nem de esquerda; uma vivência da tolerância
das diferenças de maneiras mais humanizada, mais acolhedora, de uma
consciência mais evoluída; uma convivência mais amistosa entre os diferentes
grupos, com aceitação e respeito que é uma justa conquista dos movimentos
sociais, com leis que possam também impor mais respeito às pessoas.

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Se hoje vivemos as fake news, também temos mais acesso às verdades
dos comportamentos, pois tudo é gravado, filmado e não adianta mentir e
apostar na corrupção, o próprio Brasil está entrando numa fase diferente de luta
contra a corrupção, pois tudo é provado e comprovado por meios eletrônicos.
Não adianta mais ter um discurso anticorrupção e uma prática corrupta, pois tudo
será descoberto, cedo ou tarde. As instituições, que em vez de morrerem, podem
apenas ser melhores e mais confiáveis a partir de então, pois as instituições
também precisam se rever, refazerem-se, reformarem-se.
Outros aspectos positivos foi a carta de Direitos Humanos de 1948, a luta
por direitos de todos, a busca por reconhecimento da dignidade, de respeito e
de direitos iguais para todos, ou seja, isso e mais outras coisas são positivas.
O ser humano sempre tende a se readaptar e se reorganizar, apenas
precisamos nos preocupar com o meio ambiente para as catástrofes ambientais
não destruírem populações inteiras.

Conclusão da aula

Esperamos que a partir dessa aula, você possa então ter uma chave de
leitura para a nossa realidade cultural e social em que estamos inseridos,
compreendendo a transformação dos valores, das relações, das instituições, e
percebendo que pode também fazer o diferencial ao estudar o todo, lutar contra
muita fragmentação, relativismo, buscando a verdade das coisas, lutando contra
os preconceitos, a discriminação e a injustiça cometida por grupos que não
sabem o que fazem. Que isso lhe traga uma consciência libertadora.

Atividade de aprendizagem
Assista ao vídeo de Zimunt Bauman, um dos pensadores mais importantes
sobre a pós-modernidade.
https://www.youtube.com/watch?v=aCdUuQycl6Q

72
Aula 8 – Temas importantes da Sociologia

Apresentação da aula

Querida aluna, aluno. Nesta aula você irá ter acesso à conceitos
importantes de Sociologia que nós não tivemos oportunidade de trabalhar nos
outros capítulos, mas que não podemos terminar essa disciplina sem ter um
pouco de conhecimento, como Sociologia do desenvolvimento, Estado, classes
sociais, desigualdade social, teorias de gênero.

8.1 Sociologia do Desenvolvimento

A Sociologia do desenvolvimento estudou durante alguns anos os


processos de desenvolvimento dos países de terceiro mundo e seus aspectos
sociais, políticos, culturais, além dos econômicos, de forma a ver nesses
aspectos uma interação. Pôde analisar a viabilidade de processos de
industrialização igual para todos, percebendo que não era viável por não haver
as mesmas condições iguais em todos os lugares, considerando as questões
culturais, sociais e políticas de cada nação. Também pôde perceber que apesar
de muitos países não serem mais "colônias" no sentido oficial do termo, ainda
viviam a colonização disfarçada pelos países de primeiro mundo, pois todo
investimento vindo de um país mais rico para outro mais pobre sempre revelará
interesses econômicos por detrás.
A Sociologia do desenvolvimento irá analisar o desenvolvimento
econômico de um país, relacionado com o processo de dependência,
colonização, ambiente e meio-ambiente, questões socioculturais,
subdesenvolvimento e crescimento, dentre muitos outros que interferem no
crescimento econômico de um país. Por exemplo: hoje, a questão do meio-
ambiente faz com que o nosso país perca grandes investidores internacionais,
assim como a falta de acesso à educação e formação técnico-científica de nosso
povo faz com que o nível de desemprego e de falta de mão de obra qualificada
deixe o nosso país no terceiro mundo para todo o sempre.

73
Problemas sociais
Fonte: https://brasilescola.uol.com.br/geografia/subdesenvolvimento-os-problemas-
sociais.htm

8.2 Estado

O conceito de Estado na Sociologia é muito importante, mas também um


pouco impreciso. Para alguns autores é o conjunto de instituições sociais e
mecanismos de poder para coagir os indivíduos à ordem. Tem como função
primordial regular os aspectos da vida das pessoas, manutenção da ordem,
administração das relações externas, administrar parcialmente a economia
(depende do tipo de Estado) e prover o bem-estar social através de um governo
central e local, de serviços públicos, tribunais, polícia e forças armadas.

Importante
O Estado Democrático de Direito é composto de três poderes: Judiciário,
Legislativo e Executivo. Por isso, em um Estado Democrático de Direito o
presidente não tem total poder de tomar todas as decisões como ele deseja,
porque tudo vai depender do Congresso Nacional que é o Poder Legislativo e
também do Judiciário que é o guardião da Constituição Federal. Isso tem que
ser assim, como já foi comprovado pelos grandes estudiosos de sistemas de
governo, porque, caso contrário, um poder único poderia fazer e desfazer coisas
que podem ser boas, mas que também podem ser absurdas. Por isso, existem
os três poderes, para que um modere a atuação do outro e não entremos em
uma ditadura.

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Mídias
Assista ao vídeo abaixo:
O que é a DITADURA? - (Lista dos países que ainda vivem Ditaduras)

Curiosidade
Você sabia que pedir o fechamento do STF é contra o Estado Democrático de
Direito? Uma pessoa sem conhecimento pensa que pedir isso nas ruas é
democracia. Isso é um grande equívoco. Não existe democracia sem os três
poderes, e que precisam ser independentes, não podendo, pela Constituição,
haver interferência de um no outro.

75
8.3 Classes Sociais

Você sabe a qual classe social você pertence? E sabe se vai pertencer a
ela para sempre? Vamos ver?

Favela no Rio de Janeiro (RJ)


Fonte: https://observatorio3setor.org.br/noticias/pesquisa-evidencia-contraste-de-
doacoes-entre-classes-sociais-no-brasil/

De acordo com Darcy Ribeiro, o maior antropólogo do Brasil, em seu livro


O Povo Brasileiro, as classes sociais do Brasil são formadas não somente pela
questão econômica, mas pela questão do status (o poder que a pessoa exerce
pelo cargo ou função que ela possui na sociedade), e isso faz muita diferença,
pois no Brasil existem pessoas que ganham pouco, mas possuem um status na
sua região pelo papel que exerce naquele local. Por isso, Darcy Ribeiro é o que
melhor consegue definir as classes sociais no Brasil.
Classe A: é formada por grandes empresários, patriciado (generais,
deputados federais, bispos, etc.), executivos que gerenciam empresas
estrangeiras, juízes, desembargadores, dentre outros que podem não ter
salários de classe A, mas têm o poder sobre a sociedade.
Classe B: é composta por pequenos oficiais, profissionais liberais,
policiais, professores e baixo clero. São dependentes, podem ser mais ou menos
dinâmicos, e acrescentamos à análise de Darcy Ribeiro, em que ele coloca a
existência de B alta, B média e B baixa. Por exemplo, existem professores de
universidades federais que estão no patamar de B alta, mas existem professores

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de anos iniciantes em algumas regiões do Brasil que pertencem à B baixa e só
pertencem à classe B na verdade, por causa do status e não devido ao salário.
Classe C: é composta por operários com empregos estáveis,
assalariados em geral, pequenos proprietários rurais, caseiros, feirantes, dentre
outros que lutam para não perder o que tem, muitas vezes o acesso à escola
pública é limitado, assim como à assistência à saúde. Mas possuem o básico
para o alimento e moradia.
Classe D: é a mais marginalizada, composta por boias-frias, enxadeiros,
garis, diaristas, camelôs, vendedores ambulantes, analfabetos, oprimidos em
geral, como também carrinheiros e todas as pessoas que estão abaixo da linha
de pobreza por não terem uma fonte de renda. Nessa classe, temos os que têm
fonte de renda e o que não têm, mas os que têm fonte de renda não possuem
estabilidade, carteira assinada, direitos com FGTS, etc. É a maior classe em
número de pessoas no nosso país, pois junta-se a eles também os indigentes.
Essa classe social é caracterizada não somente pela fonte de renda baixa ou
não tão baixa, mas sim pela instabilidade, falta de segurança, de acesso à saúde
e educação para si e para os filhos, e uma renda que muitas vezes não consegue
oferecer moradia adequada, com saneamento básico e outras necessidades.
Existem autores que colocam as pessoas sem renda ou com renda muito
baixa na classe E, mas preferimos o modelo de Darcy Ribeiro, que considera
não só a renda, mas o status, a estabilidade, direitos e segurança.

Mídias
Não deixe de assistir ao documentário de Darcy Ribeiro do livro O Povo
Brasileiro:
https://www.youtube.com/watch?v=-zEztOsq6yA

Desigualdade, estratificação e mobilidade social.


O Brasil é um país que desde o início foi estruturado em classes. Vieram
para a colônia os governantes e aqueles das classes mais altas que eram os
intelectuais, cartorários, fazendeiros e assim foram formando a classe A. Já, a

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classe B foi se formando pelos comerciantes, clero e pessoas que rodeavam os
de classe A na dependência deles para vender e oferecer serviços. E a classe D
foi formada desde o início pelos servos e escravos.
Quando houve a abolição da escravatura, esses escravos foram
despejados nas sociedades urbanas, expulsos do campo sem absolutamente
nada, apenas com uma carta de alforria. Muitos deles iniciaram a formação de
favelas. Em seguida, vieram para o Brasil milhões de europeus pela crise da
industrialização que houve na Europa, o que causou a tomada de postos de
trabalho dos negros alforriados nas indústrias, pois os europeus eram mais
experientes e preferidos pelos industriais. E assim, a pobreza aumentou cada
vez mais. Soma-se a esse fato a industrialização do campo e a saída dos
trabalhadores para a cidade, que com desempregos e dificuldades engordaram
as favelas. Mais uma vez a pobreza aumentou.

Desigualdade social
Fonte: https://cps.fgv.br/destaques/balanco-social-2019-o-brasil-chegou-ao-topo-da-
desigualdade

Assim ocorre a desigualdade social, já estrutural no nosso país e só


aumenta com o processo de industrialização, globalização, desemprego cada
dia maior. A desigualdade social ocorre pela má distribuição de renda. Temos
uma pessoa que por ter algum meio de produção consegue ter pessoas que
vendem sua mão de obra por um prato de comida, muitas vezes. Enquanto isso,

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essa pessoa enriquece e não paga um salário digno a quem vende a mão de
obra, e esse lucro chamado mais-valia (a parte do trabalho que não é paga para
o trabalhador e se torna lucro para os donos dos meios de produção). Por isso,
a pobreza só aumenta.
A mobilidade social ocorre quando uma pessoa de classe C ou B baixa
busca estudar e com um curso técnico ou superior que possa lhe oferecer
melhores oportunidades de trabalho, essa pessoa muda de classe social.
A forma que mais faz uma pessoa subir de classe social é através do
estudo, pois muitas vezes existem vagas de trabalho que não são preenchidas
por falta de pessoas com qualificação. A falta de estudo dificulta ser contratado,
às vezes para vagas simples.
A mobilidade social pode também ocorrer no sentido contrário, por
exemplo: uma pessoa de classe média alta ou de classe alta, que não estuda e
não consegue se profissionalizar de alguma forma, pode ficar desempregada e
dependente dos pais e familiares por toda a vida, muitas vezes, os recursos
acabam e essa pessoa cai de classe social.

Reflita
Você já ouviu frases do tipo “é pobre porque não trabalha?", “eu enriqueci com
meu trabalho". Você acredita mesmo nisso?
Você conhece alguém que nasceu na classe C ou B baixa e enriqueceu só com
o trabalho? Você conhece algum pedreiro que trabalha mais de 10 horas por dia
e nunca saiu da pobreza?
Ninguém enriquece com o trabalho somente, a não ser que tenha oportunidades
especiais. Um pedreiro pode trabalhar a vida toda, não vai enriquecer. Um
professor pode trabalhar a vida toda, não vai enriquecer, e assim muitas outras
profissões.

Pois então, o que ocorre é que algumas pessoas de muita "sorte" que
nasceram nas classes mais baixas têm oportunidades únicas e mudam de classe
social, e mesmo assim não ficam ricos, apenas melhoram de vida. Outras
pessoas muito pobres conseguem com um trabalho serem pobres mais
“remediados”, ou seja, que conseguem ter mais acesso à educação dos filhos, à
saúde e moradia mais digna do que antes. Mas enriquecer é algo que não ocorre

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pelo trabalho. Com o estudo, uma pessoa pode ir para a classe A. Por exemplo,
uma pessoa de classe C que consegue fazer o curso de Direito e com muito
estudo, passa em um concurso para juiz. Essa pessoa muda de classe social.
Outra que tem acesso a estudo por escolas públicas, mas por estudar muito,
passa em um curso numa Universidade Federal (estudo gratuito) para medicina,
essa pessoa poderá mudar de classe social, ou seja, o estudo pode facilitar mais
a mobilidade social do que qualquer trabalho assalariado, no qual a pessoa não
tem nem tempo nem energia para investir em formação e qualificação.

8.4 Gênero

Você sabe do que se trata a questão de gênero?

Fonte: https://www.trt6.jus.br/portal/noticias/2020/08/12/isolamento-social-e-questao-
de-genero

A questão de gênero trata da igualdade ontológica (relativo ao ser) entre


as pessoas, sejam elas mulheres, homens, LGBTQIA+, independentemente de
sua sexualidade. O que significa isso?
Hoje, temos na nossa sociedade muita falta de compreensão, muito
preconceito e muita falta de conhecimento sobre o tema. Então vamos ver do se
trata e diminuir nosso desconhecimento?

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A luta das feministas e dos LGBTQIA+ é uma luta pela igualdade de
tratamento, de direitos e de inclusão. Temos na nossa sociedade, até hoje,
problemas como empresas que não pagam os mesmos salários para mulheres
e homens com o mesmo cargo e função, empresas que não contratam pessoas
gays, lésbicas e outros gêneros por preconceitos, discriminação e, muitas vezes,
essas pessoas são vítimas de violência, como o caso de homofobia e
feminicídios. Devemos todos nós lutarmos contra qualquer tipo de violência
contra qualquer pessoa, inclusive contra negros (mesmo que aqui no tema de
gênero não entre racismo), pois o índice é alto.
Ninguém precisa pensar igual, agir igual, ser igual. Mas precisamos
entender que todos possuem igual dignidade, igual valor, todos somos seres
humanos e temos o direito de sermos respeitados independentes de diferenças
que não nos faz menos dignos.
Para os sociólogos e outros profissionais, gênero envolve os
comportamentos que definem os indivíduos como macho e fêmea em contextos
sociais e culturais particulares, em que se presumem que diferenças corporais
correspondam obrigatoriamente a diferenças de comportamento (SCOTT).
No entanto, a questão de gênero vai muito além da discussão sobre papéis,
comportamentos, moral e outras questões. A questão de gênero nos impele a
ter um olhar de busca de respeito por todos. Questão de gênero é diferente da
discussão sobre gênero, pois esta envolve muitas outras questões profundas,
como dominação, dominados, dominadores, opressão, papéis, e como esses
papéis interferem no poder, etc.
O essencial da discussão sobre gênero é lutarmos para que a sociedade
perceba que cor, etnia, raça, orientação sexual, gênero, não define caráter. E
todas essas questões jamais deveriam fazer alguém crer que é superior ou que
alguém deixa de ter a mesma dignidade de ser humano devido a um desses
aspectos que fazem parte da diversidade humana. Isso é um absurdo no século
XXI, pois nossa consciência e humanidade deveriam estar mais evoluídas.

81
Reflita
Você sabia que Zigmunt Bauman escreveu que a máxima mais civilizatória de
toda a história da humanidade é a máxima cristã de amar o próximo como a si
mesmo, não fazer ao outro aquilo que você não quer que faça a si. Você acha
que vivemos em uma sociedade cristã? Qual a importância da religião, se ela
fosse levada a sério, para a nossa sociedade?

Conclusão da aula

Esperamos que com esta aula você possa compreender o todo da


Sociologia, como os temas são trabalhados e o quanto há de coisas que
ignoramos. Esperamos também que, após esta aula, você possa compreender
melhor o nosso país, o nosso povo, as lutas pelo direito e dignidade dos gêneros
não dominantes, dentre outros aspectos que não dissemos aqui, mas que você
pode deduzir com sua capacidade de pensar.

Atividade de aprendizagem
Leia, por favor, o texto desse link:
https://brasilescola.uol.com.br/sociologia/estado-democratico-direito.htm

82
Índice Remissivo

A Sociologia como ciência: o seu surgimento .............................................. 08


(Sociologia; ciência; positivismo)
A Sociologia da pós-modernidade ............................................................... 63
(Sociedade; cultura; caos)
A Sociologia dos clássicos .......................................................................... 14
(Karl Marx; Émile Durkheim; Max Weber)
As características da sociedade e do homem pós-moderno ........................ 67
(Sociedade; modernidade; cultura)
As Organizações ......................................................................................... 35
(Cultura organizacional; poder; organizações)
As raízes da modernidade que desembocam na pós-modernidade ............ 64
(Modernidade; cultura; raízes)
Classes Sociais ........................................................................................... 76
(Classes sociais; desigualdade; mobilidade)
Cultura Organizacional ............................................................................... 37
(Cultura organizacional; conjunto; valores)
Cultura, o que é? Você sabe? ..................................................................... 28
(Cultura; instituição social; visão de mundo)
Émile Durkheim ........................................................................................... 23
(Sociologia; Fato social; população)
Estado ......................................................................................................... 74
(Estado; instituições sociais; manutenção da ordem)
Gênero ........................................................................................................ 80
(Diversidade; preconceito; inclusão)
Globalização e sociedade pós-industrial ..................................................... 53
(Globalização; vida social; fatores)
Globalização, o que significa? ..................................................................... 54
(Globalização; fenômeno; relações internacionais)
Grupos Sociais ............................................................................................ 34
(Grupo social; interesses; pessoas)
Karl Marx ..................................................................................................... 15
(Sociologia; capitalismo; sistema)
Max Weber .................................................................................................. 20
(Ação Social; relação social; sociologia compreensiva)
O poder nas Organizações .......................................................................... 41
(Poder; dominação; relação social)
O Positivismo .............................................................................................. 10
(Positivismo; filosofia; teoria)
O que é a Sociedade? ................................................................................. 27
(Sociedade; sistema; instituições sociais)
O que é uma organização? ......................................................................... 35

83
(Organização; processo social; ação humana)
O Trabalho .................................................................................................. 45
(Trabalho; desalienação; representação)
Origem da Sociologia, Augusto Comte ou Montesquieu? ........................... 08
(Sociologia; Augusto Comte; Montesquieu)
Sindicalização ............................................................................................. 50
(Sindicato; movimentos; organizações sindicais)
Sociedade pós-industrial ............................................................................. 58
(Revolução tecnológica; sociedade; relações)
Sociedade, Cultura e Indivíduo ................................................................... 26
(Cultura; indivíduo; sociedade)
Sociologia do Desenvolvimento .................................................................. 73
(Desenvolvimento; processos; aspectos)
Sociologia dos clássicos e sua contribuição para nossa compreensão do
mundo ......................................................................................................... 14
(Sociologia; clássicos; autores)
Temas importantes da Sociologia ............................................................... 73
(Classes sociais; desigualdade; gênero)
Trabalho e a vida humana ........................................................................... 45
(Trabalho; formas de trabalho; cultura)

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REFERÊNCIAS

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BAUMAN, Z. Mal-estar da Pós-modernidade. Rio de Janeiro: Jorge Zahar,


1998.

BAUMAN, Z. Modernidade Líquida. Rio de Janeiro: Zahar, 2001.

BERGER, P. LUCKMANN, T. A Construção Social da Realidade. 7ª Ed.


Petrópolis: Vozes, 1987.

BERGER, P.; LUCKMANN, T. Modernidade, pluralismo e crise de sentido. A


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CAMPOS, Juliana Lipe de; PONTES, Stefânia Poeta. Ciências Humanas


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TOURAINE, A. Crítica da modernidade. Petrópolis: Vozes, 1995.

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