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DIREITO

TRIBUTÁRIO I
INTRODUÇÃO AO DIREITO TRIBUTÁRIO

CONCEITOS

DEFINIÇÃO DE DIREITO TRIBUTÁRIO: O Direito Tributário constitui o


conjunto de normas que disciplinam juridicamente os tributos.

CONCEITO DE TRIBUTO: Trata-se do principal instrumento viabilizador


de qualquer sociedade constituída. Os tributos são classificados como
receitas derivadas, isto é, aquelas que decorrem de transferência do
patrimônio de particulares.

CARÁTER INSTRUMENTAL DO TRIBUTO: O tributo é um instrumento;


um meio para realização dos fins estatais (como por exemplo, a
redistribuição de riqueza), e da efetivação do bem comum, e nunca um
fim em si mesmo. Conceitua-se também como um instrumento de
política econômica ou para a indução de comportamentos.

FINALIDADES DO TRIBUTO

FUNÇÃO FISCAL OU ARRECADATÓRIA: Arrecadação de fundos


para investimentos e gastos públicos. É a função original do tributo.
FUNÇÃO EXTRAFISCAL OU NÃO ARRECADATÓRIA: É a utilização
do tributo para qualquer finalidade que não seja a arrecadação de
fundos.

Ex: finalidade ambiental – tributar mais os veículos mais poluentes.

DIREITO TRIBUTÁRIO E CONSTITUCIONALISMO

REGIME JURÍDICO CONSTITUCIONAL APLICÁVEL

IMPORTÂNCIA: O fenômeno tributário possui conceitos e aplicações


peculiares a cada regime constitucional - conjunto de regras que
disciplinam rigorosamente todas as cobranças de natureza tributária.
Assim, é importante identificar se uma determinada cobrança possui ou
não natureza tributária.

CONCEITO JURÍDICO-POSITIVO: O tributo é conceito jurídico-positivo,


pois depende do contexto normativo e é delimitado pelo ordenamento
jurídico.

ESTADO TRIBUTÁRIO

ESTADOS FISCAIS (TRIBUTÁRIOS): É o Estado que possui no tributo


o principal suporte financeiro para o cumprimento de suas tarefas. Os
tributos ocupam uma posição central na estrutura de finanças públicas.
O Estado Democrático de Direito instituído pela Constituição Federal de
1988 se insere nesse conceito.
Isso pode ser percebido pelo grande número de serviços e direitos
inseridos na Constituição a serem prestados pelo Estado (e que são
financiados por meio do tributo); além do caráter excepcional da
exploração direta de atividade econômica pelo Estado.

ESTADOS NÃO-FISCAIS (NÃO-TRIBUTÁRIOS): É o Estado que não


possui no tributo o principal suporte financeiro para o cumprimento de
suas tarefas.

Ex: Estados em que a principal fonte de renda é a própria atividade


econômica estatal – como no caso dos Emirados Árabes, por meio da
exploração de petróleo.

CONSEQUÊNCIA DO CARÁTER TRIBUTÁRIO DO ESTADO:


Reconhecimento da existência de um dever fundamental de pagar
tributos para a sustentação de uma comunidade politicamente
organizada, uma vez que os encargos financeiros que decorrem da
organização dessa comunidade serão suportados pelos tributos.

As obrigações tributárias individualizadas são tradução desse dever de


suportar os encargos decorrentes da existência da comunidade
politicamente organizada.

O Direito Tributário passa então a regrar as obrigações multilaterais e


horizontais entre os cidadãos contribuintes, uma vez que a relação
tributária se estabelece entre todos aqueles que pagam tributo (toda a
sociedade). Não se trata somente de obrigação bilateral/vertical entre o
contribuinte e o fisco.

ESTATUTO CONSTITUCIONAL DO INDIVÍDUO: A efetivação dos


direitos fundamentais tem um custo e, num Estado Tributário, este custo
é suportado pelo fenômeno tributário. Assim, os direitos e os deveres
(dentre eles, o de pagar tributos) passam a se colocar em um mesmo
plano.
CONCEITO JURÍDICO DE TRIBUTO

DEFINIÇÃO DE TRIBUTO NO CTN

ART. 3º DO CÓDIGO TRIBUTÁRIO NACIONAL (CTN): “Tributo é toda


prestação pecuniária compulsória, em moeda ou cujo valor nela se
possa exprimir, que não constitua sanção de ato ilícito, instituída em lei
e cobrada mediante atividade administrativa plenamente vinculada”.

CRÍTICAS:

● É função do legislador conceituar os institutos jurídicos?

FUNDAMENTO JURÍDICO – Art. 146, inc. III da C.F/88. Cabe à lei


complementar estabelecer normas gerais em matéria de legislação
tributária, especialmente sobre definição de tributos e de suas espécies,
bem como, em relação aos impostos discriminados nesta Constituição,
a dos respectivos fatos geradores, bases de cálculo e contribuintes.

OPINIÃO DO PROFESSOR – Não é função do legislador e sim da


doutrina (da ciência do direito). Temos como exemplo o Direito Penal,
em que o conceito de crime não é explicitado no Código Penal.

● Seria condizente com um direito tributário constitucionalizado


a conceituação de tributo em lei infraconstitucional?
OPINIÃO DO PROFESSOR – Não seria condizente, pois uma Emenda
Constitucional poderá alterar a definição de tributo presente no CTN.

PRESTAÇÃO PECUNIÁRIA COMPULSÓRIA

por força da lei


COMPULSORIEDADE: A obrigação tributária é heterônoma ou ex lege
– seu nascimento independe da manifestação da vontade do sujeito
passivo de se tornar obrigado.

Compulsoriedade não se confunde com ausência de alternativa, uma


vez que todo contribuinte tem a opção de não causar o fato gerador. Ex:
todo cidadão pode ou não ter um veículo, mas uma vez que ele adquire
um, deverá (compulsoriamente) pagar o IPVA.

PECUNIÁRIA (EM MOEDA OU CUJO VALOR NELA SE POSSA


EXPRIMIR): Os tributos se materializam hoje na forma de obrigações de
entrega de dinheiro. Entretanto, há a possibilidade de serem instituídas
prestações in natura (entrega de coisa) ou in labore (prestação de
serviços), embora não exista nenhum tributo hoje dessa natureza.

NÃO CONSTITUI SANÇÃO POR ATO ILÍCITO: Tributo não é


penalidade por ato ilícito. Entretanto, o descumprimento das obrigações
tributárias implica em uma sanção – direito tributário sancionador -, de
natureza pecuniária ou administrativa. Essa sanção não constitui a
criação de um tributo, e sim um acréscimo no valor a ser pago em razão
do descumprimento da obrigação.

Exemplos: i) IPTU progressivo no tempo - art. 182, § 4º, inc. II, da


C.F/88; ii) possibilidade de o sócio responder pessoalmente pelas
dívidas tributárias da sociedade caso seja comprado dolo, fraude ou
simulação.
Tribuna non ole - Independentemente da origem da renda (seja lícita ou
ilícita), ela deverá ser tributada pelo imposto de renda.

INSTITUÍDA EM LEI: Os tributos são obrigações que decorrem da lei e


não da manifestação de vontade do sujeito passivo (contribuinte).

É vedado aos entes federativos instituir tributo sem lei – logo, a


instituição do tributo em lei é requisito de sua validade, mas não da sua
existência. Nesse sentido, o tributo não instituído em lei continua
existindo, mas é inconstitucional e ilegítimo.

COBRADA MEDIANTE ATIVIDADE ADMINISTRATIVA PLENAMENTE


VINCULADA: Os atos administrativos de cobrança dos tributos – ou
lançamentos - são plenamente vinculados, ou seja, os tributos devem
ser cobrados independentemente da vontade do gestor público.
ESPÉCIES TRIBUTÁRIAS

QUESTÕES PRÉVIAS

PERSPECTIVA NORMATIVA (ESTÁTICA):

É focada na norma de incidência dos tributos, estruturada de forma que


todo tributo decorre de uma norma estática. Forma dual: “Se A é, então
B deve ser”, sendo A o fato gerador e B a consequência.

Todo tributo pode ser decomposto nessa estrutura dual (hipótese - o que
é + mandamento - o que deve acontecer).

Exemplo: A (fato gerador): a pessoa física ou jurídica é proprietária de


um veículo automotor.

B (consequência ou mandamento): deverá efetuar no prazo e base de


cálculo previstos em lei, o pagamento do IPVA.

PERSPECTIVA OBRIGACIONAL (DINÂMICA):

É focada na relação obrigacional que surge com a ocorrência do FATO


GERADOR, e que se desenvolve até a extinção do crédito tributário.

CONCEITOS:

FATO GERADOR DO IMPOSTO: São fatos particulares do contribuinte


que dão origem aos impostos (Ex: ser proprietário de veículo
automotor).

FATO GERADOR DA TAXA: É a própria atuação estatal cobrada por


meio de tributo (Ex: taxa judiciária/custas processuais).
BASE DE CÁLCULO DO TRIBUTO: É a dimensão econômica do fato
gerador do tributo. Ex: no IPVA, a base de cálculo é o valor do veículo.

ALÍQUOTA: É o percentual que aplicado sobre a base de cálculo a fim


de se chegar ao valor do tributo que deverá ser pago. Ex: no IPVA,
deverá ser aplicado a alíquota de 4% sobre o valor do veículo (que é a
base de cálculo).

CLASSIFICAÇÃO DOS TRIBUTOS


Existem diversas classificações doutrinárias em relação aos
tributos. Deve-se analisar se a escolha do critério utilizado para se fazer
uma determinada classificação é adequada para que se possa
compreender a realidade do sistema tributário nacional; além de
compatível com o disposto na Constituição.

CLASSIFICAÇÃO DOS TRIBUTOS PELO FATO GERADOR:

TRIBUTOS VINCULADOS: São aqueles cujo fato gerador é uma


atuação estatal. Ex: taxas

TRIBUTOS NÃO VINCULADOS: São aqueles cujo fato gerador é


alheio a uma atuação estatal - fato do contribuinte. Ex: impostos

CLASSIFICAÇÃO DOS TRIBUTOS PELO DESTINO DO PRODUTO


DA ARRECADAÇÃO:

TRIBUTOS AFETADOS: Também denominados de tributos de receita


vinculada, são aqueles em que a destinação da aplicação do recurso já
é indicada obrigatoriamente pela legislação. Ex: art. 148 C.F/88.
TRIBUTOS NÃO AFETADOS: Também denominados de tributos de
receita não vinculada, são aqueles em que não há nenhuma disposição
em lei indicando a destinação dos recursos arrecadados, havendo maior
liberdade na aplicação dos recursos. Ex: impostos (é vedada pela
Constituição a destinação dos impostos para órgãos específicos).

CLASSIFICAÇÃO DOS TRIBUTOS PELO ART. 4º DO CTN:

A classificação dos tributos é feita a partir do Fato Gerador da


obrigação, sendo irrelevantes: o nomem juris (nomenclatura do tributo),
as características formais e a destinação do produto da arrecadação.

CRÍTICA DO PROFESSOR: A destinação não é efetivamente


irrelevante para a classificação dos tributos, de acordo com a C.F/88.

PRESSUPOSTOS METODOLÓGICOS PARA A DIVISÃO


DOS TRIBUTOS EM ESPÉCIE

1) PROPÓSITO DA CLASSIFICAÇÃO: Facilitar a análise, o


entendimento e o isolamento do regime constitucional a que se
sujeitam cada uma das espécies tributárias. É preciso analisar se
a classificação se enquadra nesse propósito.

2) RELEVÂNCIA DA DESTINAÇÃO: Verificar a relevância da


destinação do produto da arrecadação e da finalidade a ser
cumprida pela espécie tributária.

3) PRESSUPOSTO PARA A CLASSIFICAÇÃO POR


PROPRIEDADES: Se há uma espécie tributária entre nós, é
porque há um dispositivo constitucional prevendo a existência
dessa espécie tributária e outorgando competência a um ou mais
entes federativos para instituí-la.

4) CLASSIFICAÇÃO POR PROPRIEDADES E NÃO POR


CATEGORIAS:

● Classificação por categorias (não é utilizada): É aquela em


que os tributos são classificados de forma bipartida.

Ex: vinculado e não vinculado, formal e não formal, etc.

● Classificação por propriedades: Ênfase da classificação na


identificação individual de cada tributo, indicando suas
principais características.
IMPOSTOS

PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS
Taxa é destinada para fins específicos, financiando o mesmo serviço em razão do qual foi recolhida, já o
imposto não tem finalidade previamente estabelecida.

A) FATO DO CONTRIBUINTE: O fato gerador dos impostos é um


fato atribuído ao contribuinte, alheio a qualquer atuação estatal -
fato presuntivo de capacidade contributiva.

B) SUJEIÇÃO AO PRINCÍPIO DA CAPACIDADE ECONÔMICA DO


CONTRIBUINTE: Os impostos têm caráter pessoal e serão
graduados segundo a capacidade econômica do contribuinte.

C) FUNÇÃO REDISTRIBUTIVA: Critério de justiça que estabelece


que os impostos devem ter como finalidade a redistribuição de
recursos àqueles que não detém capacidade econômica.

D) AFETAÇÃO VEDADA: É vedada a afetação de receita de


impostos a órgão, fundo ou despesa específica. A arrecadação
deve ser destinada sempre ao financiamento difuso da máquina
estatal.

As exceções a essa regra devem estar expressamente previstas


na Constituição (art. 167, inc, IV da C.F/88). As principais
exceções são:

- Ações e serviços públicos de saúde;


- Manutenção e desenvolvimento do ensino;
- Realização de atividades da administração tributária;
- Prestação de garantias às operações de crédito por
antecipação de receita;

REPARTIÇÃO DE COMPETÊNCIAS
Todos os entes federativos (União, Estados, Municípios e D.F)
poderão instituir impostos.

COMPETÊNCIA PRIVATIVA: É a repartição de competência exclusiva a


cada ente federado, com base na indicação do possível aspecto
material do Fato Gerador.

Distrito Federal: No âmbito do Direito Tributário, o Distrito Federal


possui competência de natureza dúplice: pode instituir tanto impostos
estaduais, como municipais.

TERRITÓRIO FEDERAL (Art. 147): Compete à União, em Território


Federal, instituir: os impostos estaduais e, se o Território não for dividido
em Municípios, cumulativamente, os impostos municipais.

Ao Distrito Federal cabem os impostos municipais.

COMPETÊNCIA RESIDUAL (Art. 154, inc. I): A União poderá instituir,


por meio de lei complementar, impostos residuais, isto é, outros que não
sejam de sua competência, desde que não cumulativos e não tenham
fato gerador ou base de cálculo próprios dos discriminados na
Constituição.

Deverá ser repassado aos Estados 20% do valor total arrecadado dos
impostos residuais.
COMPETÊNCIA EXTRAORDINÁRIA (Art. 154, inc. II): A União poderá
instituir por meio de lei ordinária, na iminência ou no caso de guerra
externa, impostos extraordinários, compreendidos ou não em sua
competência tributária, os quais serão suprimidos, gradativamente,
cessadas as causas de sua criação.

NÃO CUMULATIVIDADE DOS IMPOSTOS

DEFINIÇÃO: É uma técnica para apurar o valor do imposto devido. Só


se fala em cumulatividade ou não cumulatividade quando se tratar de
tributo plurifásico.

Portanto, se o tributo for monofásico ou não incidir sobre a cadeia


de mercadorias, bens e serviços (como no caso do imposto sobre a
propriedade), não faz sentido relacioná-lo com o fenômeno da
cumulatividade ou não cumulatividade.

TRIBUTAÇÃO PLURIFÁSICA: É o tributo que incide nas várias fases


da cadeia de circulação/produção de mercadorias, bens e serviços.

Exemplo de cadeia de circulação: produto vendido da indústria para a


distribuidora; da distribuidora para o varejo; do varejo para o
consumidor.

Imposto sobre a propriedade


TRIBUTAÇÃO MONOFÁSICA: É o tributo que incide em apenas uma
fase da cadeia de circulação/produção de mercadorias, bens e serviços.

TÉCNICA DA NÃO CUMULATIVIDADE: É a técnica utilizada para


apurar o real valor devido a título de impostos, por meio da qual
compensa-se o valor devido em cada operação com o montante
cobrado nas anteriores.

TIPOS DE IMPOSTOS

Incidem sobre o consumo, ou seja, sobre um produto ou serviço. Não considera a renda do contribuinte, e sim o consumo.

IMPOSTOS INDIRETOS: Possibilitam transferência do encargo


financeiro

Importância: restituição dos impostos (art. 166 do CTN) - se o tributo


for classificado como imposto indireto, para requerer a restituição dos
impostos o contribuinte deverá provar a autorização do consumidor.

Exemplos: ICMS e IPI (não-cumulatividade).

Incidem diretamente sobre a renda do contribuinte. EX: Imposto de Renda.

IMPOSTOS DIRETOS: são aqueles cujo encargo financeiro é suportado


pela mesma pessoa que pratica o fato gerador.

Exemplo: IPVA - o proprietário do veículo é quem suporta o encargo


financeiro.

IMPOSTOS REAIS: São aqueles que se abstraem (independem) das


características pessoais do sujeito passivo.

Exemplo: IPTU

IMPOSTOS PESSOAIS: São aqueles que o legislador leva em


consideração as condições pessoais do sujeito passivo.
TAXAS

DEFINIÇÃO: Tributo cujo fato gerador constitui atuação estatal


diretamente referida ao contribuinte (tributo vinculado a uma atuação
estatal).

TIPOS DE TAXA
TAXAS DE POLÍCIA: Decorrentes do exercício do poder de polícia (art.
78 do CTN).

Poder de polícia: é a atividade estatal tendente a remover limites


jurídicos impostos à atuação dos particulares.

Exemplos: emissão de passaporte, concessão de alvará, fiscalização


sanitária, etc.

TAXAS DE SERVIÇOS: Decorrentes da utilização potencial ou efetiva


de serviços públicos específicos e divisíveis, prestados ao contribuinte
ou postos a sua disposição.

Especificidade: O serviço público precisa ser específico - não pode


haver taxa incidente em serviços públicos generalizados.

Divisibilidade: O serviço público deve ser passível de ser utilizado


individualmente - é mais difícil de avaliar no caso concreto.

Exemplos: serviço de limpeza da rua não é divisível, pois não


pode ser utilizado individualmente; ao contrário do serviço de coleta
residencial de lixo.

CÁLCULO DO VALOR DA TAXA

LIMITE CONSTITUCIONAL (Art. 145, § 2º): As taxas não podem ter


base de cálculo própria de impostos, tendo em vista que revelam a
capacidade econômica do contribuinte.

● Súmula 29 do STF: admite alguns critérios para apurar a base de


cálculo das taxas - “É constitucional a adoção, no cálculo do valor
de taxa, de um ou mais elementos da base de cálculo própria de
determinado imposto, desde que não haja integral identidade
entre uma base e outra.”
LÓGICA CONTRAPRESTACIONAL: As taxas detém uma lógica de
preço, uma vez que são pagas em razão de um serviço/atuação do
Estado.

DIMENSÃO DO VALOR: Segundo entendimento do STF, o valor da


taxa deve ter proporcionalidade com o custo do serviço.

REPARTIÇÃO DE COMPETÊNCIA

COMPETÊNCIA ANEXA: A competência de instituir taxas depende da


prévia competência administrativa. A União, os Estados, o Distrito
Federal e os Municípios têm competência para instituir taxas em relação
aos serviços e ao poder de polícia que cada um tem competência para
prestar ou exercer.

Assim, é preciso identificar primeiramente a competência administrativa,


que por sua vez irá obrigatoriamente indicar a competência de instituir a
respectiva taxa.

Exemplo: se é da União a competência para expedir passaporte, será


dela também a competência para instituir a respectiva taxa de polícia.

QUESTÕES CONTORVERTIDAS

TAXA x PREÇO PÚBLICO: O preço público não tem natureza tributária.


É relacionado a uma prestação decorrente de um contrato de direito
público.

Exemplos de preço público: pedágio, tarifa de ônibus, energia


elétrica, etc.

Problema: identificar quais serviços estão sujeitos ao regime das taxas


e quais estão sujeitos ao regime dos preços públicos.
Súmula 545 do STF: As taxas, diferentemente dos preços públicos, são
compulsórias e têm a sua cobrança condicionada à previa autorização
orçamentária (procedimento rígido para serem instituídas). Além disso,
podem ser cobradas pela mera disposição do serviço, ao contrário dos
preços públicos.

TAXAS DE FISCALIZAÇÃO: As taxas de fiscalização estão


condicionadas ao exercício da fiscalização (poder de polícia) ou ao
mero potencial do exercício da fiscalização, sendo esta última hipótese
cobrada mediante guia a ser paga anualmente.

● Decisão do STF: a existência do exercício efetivo da fiscalização


se presume a partir da existência dos órgãos que exercem a
fiscalização.

● Cobrança da metragem do imóvel (Súmula 29 do STF):


Quanto maior o imóvel, maior será a intensidade do exercício de
fiscalização e será instituída, consequentemente, uma taxa com
maior valor.

TAXA DE ILUMINAÇÃO PÚBLICA: A partir de uma Emenda


Constitucional firmada no art. 149 da C.F, passou a existir a
competência de instituir taxa de contribuição de iluminação pública,
outorgada ao Distrito Federal e aos Municípios.

TAXA DE LIMPEZA PÚBLICA: taxa de serviço referente à coleta


residencial de lixo que era cobrada pelos municípios anteriormente.

Súmula vinculante nº 19 do STF: estabelece que o serviço de coleta


residencial de lixo é divisível; portanto, esse serviço não poderá ser
financiado por meio de taxa.
Com efeito, a Corte entende como específicos e divisíveis os
serviços públicos de coleta, remoção e tratamento ou destinação de lixo
ou resíduos provenientes de imóveis, desde que essas atividades sejam
completamente dissociadas de outros serviços públicos de limpeza
realizados em benefício da população em geral e de forma indivisível,
tais como os de conservação varrição, lavagem e capinação de vias e
logradouros públicos, limpeza de praias, túneis, córregos, valas, galerias
pluviais, bueiros e caixas de ralo e assistência sanitária.

TAXA JUDICIÁRIA: viola a garantia constitucional do acesso à justiça a


taxa judiciária calculada sem limite sobre o valor da causa - súmula nº
667 do STF. Deve haver um teto que limite o valor das taxas judiciárias.
CONTRIBUIÇÕES DE MELHORIA

CONCEITO

DEFINIÇÃO JURÍDICA (Art. 145, inc. III, C.F/88): Tributo que decorre
de obras públicas geradoras de valorização imobiliária.

Exemplo: o município de Belo Horizonte realiza uma obra que melhora


substancialmente a Lagoa da Pampulha, valorizando todos os imóveis
próximos à região.

OBSERVAÇÃO DO PROFESSOR: Essa espécie de tributo não é


cobrada na prática pelos entes federados, devido ao alto nível de rigidez
e complexidade dos requisitos para a instituição desse tributo
regulamentados no art. 82 do CTN.

FINANCIAMENTO

FORMA: As obras públicas são financiadas por meio de imposto, em


que cada um contribui segundo a sua capacidade econômica.

Entretanto, quando é identificada uma categoria especial de


contribuintes que se beneficiaram em demasia com a realização da
obra, são cobradas desses indivíduos as contribuições de melhorias.

LIMITES (Art. 81 do CTN): A contribuição de melhoria tem como limite


total a despesa realizada (o ente não pode receber valor superior ao
que gastou com a obra); e como limite individual o acréscimo de valor
que da obra resultar para cada imóvel beneficiado.

COMPETÊNCIA
COMPETÊNCIA INTEGRAL: A competência de instituir contribuição de
melhoria é outorgada a todos os entes federados, de acordo com a
prévia repartição de competência administrativa - o ente competente
para realizar a obra pública é competente para instituir e exigir o tributo.

Mesma regra das taxas.


EMPRÉSTIMO COMPULSÓRIO

CONCEITO

DEFINIÇÃO JURÍDICA (Art. 148, C.F/88): Empréstimo compulsório é


um tributo de competência privativa da União, que poderá ser instituído
mediante lei complementar, para:

i) atender a despesas extraordinárias, decorrentes de calamidade


pública, de guerra externa ou sua iminência
ii) realizar investimento público de caráter urgente e de relevante
interesse nacional

CONTROLE INFLACIONÁRIO - INCONSTITUCIONAL: O art. 15, inc.


III do CTN prevê a hipótese de instituição de empréstimo compulsório
para controle inflacionário. Essa hipótese não foi recepcionada pela
Constituição.

CARACTERÍSTICAS

AUSÊNCIA DE FATO GERADOR: Diferentemente das outras espécies


de tributo, o que legitima a instituição do empréstimo compulsório são
as próprias hipóteses previstas em lei.

AFETAÇÃO: Trata-se de um tributo afetado, cuja destinação deve ser o


atendimento de despesas extraordinárias decorrentes de guerra externa
ou situação de calamidade pública; ou investimento público de caráter
urgente e de relevante interesse nacional.

PRAZO E RESTITUIÇÃO: A lei fixará obrigatoriamente o prazo do


empréstimo e as condições de seu resgate (restituição).
EMPRÉSTIMO COMPULSÓRIO x IMPOSTO
EXTRAORDINÁRIO

SEMELHANÇAS: Ambas as espécies de tributo são de


competência exclusiva da União e podem ser instituídas na
iminência ou em caso de guerra externa.

DIFERENÇAS:

● O imposto extraordinário pode ser instituído por lei ordinária e


medida provisória, enquanto o empréstimo compulsório só pode
ser instituído por meio de lei complementar.

● No imposto extraordinário, os impostos serão suprimidos


gradativamente conforme as causas de sua criação sejam
cessadas; já no empréstimo compulsório, a forma e prazo de
restituição são estabelecidas na lei complementar que o instituiu.
CONTRIBUIÇÕES ESPECIAIS

CONCEITO

DEFINIÇÃO: Trata-se de espécie de tributo cujo critério de identificação


baseia-se na finalidade da criação do tributo, sendo necessária a
vinculação da receita que deu causa a sua criação.
A União institui o tributo com a finalidade de financiar atividades
de interesse público expressas no dispositivo legal.

ABRANGÊNCIA: Contribuições sociais, de intervenção no domínio


econômico e de interesse das categorias profissionais.

AFETAÇÃO

REGRA GERAL: São considerados tributos finalísticos, ou seja, sua


finalidade/destinação está expressamente prevista na Constituição.

RESSALVAS:

● DRU - Desvinculação de Receita da União (art. 76 do ADCT):


mecanismo constitucional transitório que permite que 30% da
receita da União seja desafetada e possa ser aplicada ao
funcionamento difuso da máquina estatal, até dezembro de 2024.

● DREM - Desvinculação de Receita dos Estados e Municípios


(art. 76-A e 76-B do ADCT): mecanismo constitucional transitório
que permite que 30% da receita dos Estados, do Distrito Federal e
dos Municípios seja desafetada e possa ser aplicada ao
funcionamento difuso da máquina estatal, até dezembro de 2024.

COMPETÊNCIA

REGRA GERAL (ART. 149, caput): Competência exclusiva da União.

EXCEÇÕES (Art. 149, § 1º):

● Os Estados, o Distrito Federal e os Municípios têm competência


para instituir contribuição para custeio de regime previdenciário
(contribuição previdenciária) - aposentadoria e pensões.
Não abrange o custeio de serviços de saúde e assistência
social.

● A partir de uma Emenda Constitucional firmada no art. 149 da C.F,


passou a existir a competência de instituir taxa de contribuição de
iluminação pública, outorgada ao Distrito Federal e aos
Municípios.

ESPÉCIES DE CONTRIBUIÇÃO ESPECIAL

A) Contribuições Sociais
B) Contribuições de Intervenção no Domínio Econômico (CIDE’s)
C) Contribuições Corporativas
D) Contirbuições para o Custeio do Serviço de Iluminação Pública
(CCSIP)
CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS

FINALIDADE/DESTINAÇÃO: Outorga e garantia de direitos sociais.

CONTRIBUIÇÕES DE SEGURIDADE SOCIAL (Art. 195)

DEFINIÇÃO: contribuição destinada a financiar saúde, assistência e


seguridade/previdência social.
Assistência Social x Seguridade Social: a assistência social
independe de contribuição (ex: bolsa família), enquanto que para ser
titular de benefício previdenciário é preciso ser contribuinte em relação à
previdência social.

COMPETÊNCIA: Competência exclusiva da União.

FINANCIAMENTO (Art. 195)

A seguridade social será financiada por toda a sociedade, de


forma direta e indireta, nos termos da lei, mediante recursos
provenientes dos orçamentos da União, dos Estados, do Distrito Federal
e dos Municípios.

FONTES ORDINÁRIAS DE CUSTEIO: são as fontes recepcionadas


pela Constituição. Serão arrecadadas contribuições de seguridade
social:

A) Do empregador, da empresa e da entidade a ela equiparada na


forma da lei, sobre:

● Folha de pagamentos, em 20%;


● Receita ou faturamento (COFINS - em 3% se for cumulativo,
e 7,65% se não-cumulativo).

● Lucro (Contribuição Social Sobre Lucro - CSSL), em 9%.

B) Do trabalhador e dos demais segurados da previdência social

● A alíquota será progressiva (quanto maior o salário, maior


será a alíquota), não incidindo contribuição sobre
aposentadoria e pensão concedidas pelo Regime Geral de
Previdência Social.

● Contribuição sinalagmática: para obter acesso aos


benefícios da previdência social, deve-se contribuir.

C) Sobre receita de concursos de prognósticos

● Prognóstico: jogos que são decididos pela sorte - loterias,


etc.

D) Do importador de bens e serviços

● Inclusão pela EC 42/03, com a finalidade de dar tratamento


isonômico aos bens e produtos importados e aos que
circulam internamente.

NOVAS FONTES DE CUSTEIO (art. 195, § 4º): a União tem


competência para instituir, por meio de lei complementar, novas fontes
de custeio para contribuições de seguridade social - mesma lógica da
competência para instituição de impostos residuais.

● Contribuições decorrentes das fontes de custeio ordinárias: a


União poderá também instituir contribuições decorrentes das
fontes de custeio ordinárias, e estas, segundo entendimento do
STF, poderão ser instituídas mediante lei ordinária.

SUJEIÇÃO À ANTERIORIDADE NONAGESIMAL

Lei que institui ou majora contribuição de seguridade social só se


aplicará aos casos ocorridos até 90 dias depois da publicação da lei.

CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS GERAIS

DOUTRINA x STF: De acordo com a doutrina, só poderia haver


contribuições sociais gerais que foram recepcionados pelo texto da
Constituição.
O STF, todavia, entende que poderão ser instituídos novos tipos
de contribuições sociais gerais.

Trabalho apresentado: o STF entendeu pela constitucionalidade da


cobrança da contribuição relativa à correção monetária do FGTS, pois
não houve desvio de finalidade.

DESTINAÇÃO:

● COFINS (Contribuição de Financiamento da Seguridade Social) -


art. 56 do ADCT

● Salário-educação - art. 212, § 5º da CF/88

● PIS (Programa de Integração Social) e PASEP (Programa de


Formação do Patrimônio do Servidor Público) - art. 239 da CF/88.

Ambos têm a mesma função, sendo contribuições que tem


por objetivo financiar a seguridade social dos trabalhadores. A
principal diferença entre eles é que os depósitos de um são
originários de empresas privadas – PIS – e o outro a contribuição
parte de empresas públicas – PASEP.

● Outorga de direitos sociais previstos na Constituição


CONTRIBUIÇÕES DE INTERVENÇÃO NO DOMÍNIO
ECONÔMICO (CIDE’S)

FINALIDADE/DESTINAÇÃO: Financiar a intervenção da União no


domínio econômico.
A finalidade desta contribuição especial compreende o
financiamento, intervenção, direção e fiscalização das atividades
econômicas desenvolvidas pelos particulares por parte do Estado.

COMPETÊNCIA: Exclusiva da União.

FORMA LEGISLATIVA: É instituída por meio de lei ordinária.

EXEMPLO DE CIDE: A contribuição do FUST no caso das empresas de


telefonia, cuja finalidade é reembolsar essas empresas quando realizam
investimentos a fim de promover a universalização do acesso aos
serviços de telefonia e inovação tecnológica.

ESPÉCIES

CIDE’s GENÉRICAS (Art. 149, caput)

Aplicam-se as regras gerais acima.

CIDE COMBUSTÍVEL (Art. 177, § 4º)

PRODUTO AFETADO: Determinação expressa da Constituição em


relação a destinação do produto de arrecadação, que deverá ser:

a) Pagamento de subsídios a preços ou transporte de álcool


combustível, gás natural e seus derivados e derivados de
petróleo;
b) Financiamento de projetos ambientais relacionados com a
indústria do petróleo e do gás;
c) Financiamento de programas de infra-estrutura de transportes.

PARTILHA DE RECEITA: É a única espécie de contribuição especial


que irá partilhar a receita com os Estados e o Distrito Federal (29% do
valor arrecadado).

CARÁTER EXTRAFISCAL: a CIDE Combustível possui caráter


extrafiscal, ou seja, sua principal finalidade não é a arrecadação de
fundos, e sim a intervenção estatal em um setor econômico em razão de
algum desequilíbrio.

MITIGAÇÃO DO PRINCÍPIO DA LEGALIDADE: A contribuição pode


ser reduzida e restabelecida por ato do Poder Executivo - não precisa
de ser instituída lei nesse sentido.

MITIGAÇÃO DO PRINCÍPIO DA NÃO-SURPRESA: O princípio da


anterioridade nonagesimal veda a cobrança de um tributo antes de
decorridos noventa dias da publicação da lei.
Entretanto, em razão do seu caráter extrafiscal, a CIDE
COMBUSTÍVEL poderá ser instituída de forma excepcional a este
princípio.

REFERIBILIDADE

CONCEITO: Princípio doutrinário que estabelece que o sujeito passivo


deve se beneficiar da intervenção estatal.
ENTENDIMENTO DO STF: Segundo o STF, a vinculação pode ser
indireta (o benefício pode ser revertido posteriormente, de forma não
direta e especulativa).
CONTRIBUIÇÕES CORPORATIVAS

FINALIDADE/DESTINAÇÃO: Financiar os interesses das categorias


econômicas e profissionais.

COMPETÊNCIA: Exclusiva da União.

FORMA LEGISLATIVA: Qualquer uma - podem ser instituídas mediante


lei ordinária e medida provisória.

ESPÉCIES: Profissionais e econômicas.

CONTRIBUIÇÕES CORPORATIVAS PROFISSIONAIS

FINALIDADE: Financiar as entidades representativas de classe - os


Conselhos Profissionais.

CONTRIBUIÇÃO DA OAB: Segundo entendimento jurisprudencial, a


contribuição (anuidade) para a OAB não tem natureza tributária.

CONTRIBUIÇÕES CORPORATIVAS ECONÔMICAS

FINALIDADE: Financiar atividades que beneficiam os integrantes das


categorias econômicas.

Exemplos: setor industrial - SESI e SENAI


setor de transporte - SOST e SENAT
CONTIRBUIÇÕES PARA O CUSTEIO DO SERVIÇO DE
ILUMINAÇÃO PÚBLICA (CCSIP)

FINALIDADE/DESTINAÇÃO: Financiar os serviços de iluminação


pública.

COMPETÊNCIA: Exclusiva dos Municípios e do Distrito Federal.

COBRANÇA (Art. 149-A): Os valores podem ser cobrados na fatura de


energia elétrica.

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