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INSTITUTO MÉDIO PEDAGÓGICO DE QUELIMANE

Trabalho de campo 1
Tema: Identificar os procedimentos para organizar uma rede de extensão

Qualificação em Agropecuária
2º Ano

Trabalho de campo de agropecuária do


modulo Organizar e Supervisionar redes
de extensão, de carater avaliativo
recomendado pela formadora Felícia
Berro

Adelina Eusébio Macarão

Quelimane
Junho de 2021
Índice
Introdução ....................................................................................................................................... 3

Identificar os procedimentos para organizar uma rede de extensão ............................................... 4

1.1. Condições para a organização de um serviço de extensão ................................................... 4

1.2. Distinguir os fatores que determinam os estilos de liderança numa organização de


extensão ....................................................................................................................................... 4

1.3. Demonstrar compreensão dos diferentes aspetos na gestão da equipe de extensão ............. 7

Conclusão ........................................................................................................................................ 9

Referencias bibliográficas ............................................................................................................. 10


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Introdução

A agricultura é a base de desenvolvimento e principal fonte de combate à pobreza em muitos países


africanos, como Uganda, Quénia, Tanzânia e Etiópia (Saravanan, 2008 e Salami, et al., 2010) e
Moçambique (República de Moçambique, 1999; MINAG, 2011a). Alage (2017)
Os principais constrangimentos enfrentados pelos pequenos produtores em África são
particularmente comuns, designadamente, baixa produtividade, limitado acesso ao crédito,
tecnologias adequadas e a água para irrigação associados a causas como pouca quantidade de água
existente ou que atravessa vários países africanos, sobretudo a sul do Sahara nem sempre é
aproveitada devido à incapacidade de suportar os custos de estabelecimento de sistemas de
conservação da água e de irrigação aliados aos limitados sistemas de crédito e com juros
relativamente altos, não favorecem aos pequenos produtores aceder ao crédito e consequentemente
fazer uma agricultura voltada ao mercado. Com isso, a necessidade de implantação de programas
de extensão agrários para apoiar os pequenos agricultores.

Nhancale (2011) descreve condições para estabelecimento de um serviço de extensão como:


existência de tecnologias adequadas (para as condições edafo-climaticas); existência de
informação útil para o extensionistas; existência de uma estrutura organizacional e administrativa
especializada; existência de uma legislação e mandato oficial que autorize o exercício da atividade
de extensão; existência de problemas críticos na comunidade (fome, erosão e pobreza). Enquanto
Bento (s/d) diz que facotes como o líder deve conhecer qual o seu estilo – orientado para a tarefa
ou para os relacionamentos e, o líder deve saber diagnosticar a situação e determinar se as relações
com os seus membros, estrutura da tarefa e poder de posição são favoráveis ou desfavoráveis
adequando o estilo de liderança à situação, o líder podendo aumentar a eficiência e eficácia do
grupo determinam os estilos de liderança a praticar e, finalmente a organização de equipa numa
extensão rural não exercita nenhum planejamento estratégico. Trabalha em programas e projetos
demandados das comunidades, os quais constituem planos operacionais de trabalho, normalmente
orientados para a produção e focados no componente técnico estabelecidos por lei de um cada país.

Este trabalho procura responder questões relacionadas com Identificação dos procedimentos para
organizar uma rede de extensão descritos a partir de uma estrutura que parte da introdução,
desenvolvimento, conclusão e referencias bibliográficas.
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Identificar os procedimentos para organizar uma rede de extensão

1.1. Condições para a organização de um serviço de extensão

Segundo Nhancale (2011), escreve que os requisitos para o estabelecimento de um serviço de


extensão são:
 existência de tecnologias adequadas (para as condições edafo-climaticas);
 existência de informação útil para o extensionistas;
 existência de uma estrutura organizacional e administrativa especializada;
 existência de uma legislação e mandato oficial que autorize o exercício da atividade de
extensão;
 existência de problemas críticos na comunidade (fome, erosão e pobreza).
Bordenave (1985) apud Sant’Ana (2017) considera que as diferentes concepções de extensão rural
ou comunicação rural dependem do modelo de desenvolvimento rural que se pretende adotar para
uma região ou país. Por sua vez os modelos de desenvolvimento dependem do tipo de sociedade
que se pretende construir ou transformar.

1.2. Distinguir os fatores que determinam os estilos de liderança numa organização de


extensão

A liderança tem sido um dos temas organizacionais mais estudados nas últimas décadas, tornar-se
cada vez mais importante na vida de todas as organizações pelo facto de, por um lado, o mundo
organizacional requerer líderes eficazes para a condução bem-sucedida das organizações e, por
outro lado, a liderança representar o processo mais eficaz de renovar e revitalizar as organizações
e impulsioná-las rumo ao sucesso e à competitividade (Chiavenato, 2005 apud Bento, s/d).

Segundo Bento (s/d), escreve o seguinte:

“[….] são necessários dois aspetos para utilizar a teoria da contingência de Fiedler:
primeiro, o líder deve conhecer qual o seu estilo – orientado para a tarefa ou para
os relacionamentos; segundo, o líder deve saber diagnosticar a situação e
determinar se as relações com os seus membros, estrutura da tarefa e poder de
posição são favoráveis ou desfavoráveis (Fiedler & Garcia, 1987). Adequando o
estilo de liderança à situação, o líder pode aumentar a eficiência e eficácia do
grupo”.
Por outras palavras, uma pessoa torna-se líder não apenas devido aos atributos da sua
personalidade, mas, também, em virtude da coexistência de vários fatores situacionais da interação
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entre o líder e os seus subordinados. De acordo com esta teoria, são três os principais fatores que
determinam se uma dada situação é favorável ou desfavorável ao líder:

 A relação líder-subordinado, isto é, o grau de aceitação do líder pelos subordinados;


 A estrutura da tarefa, ou seja, se os objetivos, as decisões e as soluções dos problemas estão
clarificados (tarefa estruturada) ou não;
 A posição do poder do líder, determinada fundamentalmente pela sua autoridade formal e
pelo grau da influência sobre as recompensas, punições, etc.

Conforme o Plano Diretor de Extensão Agrária (2007-2016), Moçambique está aberto a várias
metodologias de extensão agrária, como forma de acolher a prática de vários intervenientes e
adequar-se aos sistemas socioeconómicos e agrogeológicos predominantes (DNEA, 2007). A
seguir será descrito a metodologia de extensão, designadamente, a Escola na Machamba do
Camponês apesar de o país possuir o Programa Integrado de Transferência de Tecnologias
Agrárias. Alage (2017)

 A Metodologia Escola na Machamba do Camponês

A escolha deste método de extensão aplicado em Moçambique deve a sua familiarização, onde
tive a oportunidade de trabalhar com as EMCs de 25 de junho e do povoado de muloguiua ambos
no distrito de Nicoadala.

A metodologia Farmer Field School (FFS) traduzida em Moçambique como (EMC), surgiu no
mundo em resposta à busca de métodos participativos de difusão de tecnologias aos agricultores.
Desde a sua origem, a EMC tem sido palco de debates acesos entre académicos e políticos, tendo
sido usada de três formas seguintes (Waddington e White, 2014 apud Alage, 2017): como um tipo
de extensão, como uma maneira de educação de adultos ou ainda e como uma forma atrativa de
difusão de tecnologias.

Analisando várias intervenções numerosos economistas (Feder, et al., 2004) citado por Alage
(2017) questionam a opção pela EMC por a considerarem onerosa, facto que, por conseguinte,
possa comprometer a sua sustentabilidade. Assim como lamentando, entretanto, ser uma lacuna a
ausência de dados de base para a sua comparação na avaliação.
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Perante esses debates sobre a sustentabilidade das EMC e seus impactos, Eicher (2007) citado por
Alage (2017) considerou prematuro considerar a EMC como sendo uma metodologia apropriada
para os países em vias de desenvolvimento e por isso recomendou o aprofundamento de estudos
das mesmas em função das condições agro-ecológicas.

Moçambique introduziu o modelo de Treino e Visita em 1988, com apoio do Banco Mundial, um
modelo completamente “top-down” baseado em pressupostos não realísticos em Moçambique,
sobretudo na altura, como por exemplo uma forte capacidade de investigação e existência de
tecnologias a espera de serem adotadas (DNEA, 2007). Em 1992 este modelo foi modificado,
dando origem ao Treino e Visita Modificado que era mais participativo e flexível na periodicidade
das suas ações como formações. Em 2004 foi introduzida a metodologia Escola na Machamba do
Camponês e mais tarde, em 2011, foi criado o Programa Integrado de Transferência de Tecnologias
Agrárias (PITTA). Alage (2017)

 O extensionistas como líder no processo transmissão de conhecimentos aos agricultores

Segundo (Maunder, 1973: 3) citado por Alage (2017) definem a extensão rural como um serviço
ou sistema que usando processos educativos, ajuda a população rural, através de processos
educativos a melhorar os métodos e técnicas de produção agrícola, a aumentar a eficiência da
produção e as receitas, a melhorar os seus níveis de vida e a elevar os padrões sociais e culturais
da vida rural.

Resumindo, a extensão rural é comunicação orientada para educação de adultos, de adesão


voluntária e pressupõe a existência de uma inovação a ser partilhada pelos extensionistas.

O papel dos serviços de extensão na coordenação com os outros intervenientes na cadeia de


produção é primordial pois a extensão deve se ligar a Investigação, a Ciência e a Tecnologia de
modo a alimentar os produtores com inovações apropriadas (Pazvakavambwa, 2001; Schuh,
2001). Alage (2017)

Alage (2007) saliente que a comunicação, nesse processo, deve ser multifacetada para que os
serviços de extensão possam satisfazer os produtores e permitir que os investigadores estejam
informados sobre o desempenho das tecnologias, suas adaptações e resultados no aumento da
produção e da produtividade.
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Ainda nesse contexto o autor acima citado acrescenta que apesar de se reconhecer que a extensão
rural é importante também são feitas críticas ao seu processo. Uma das razões para essas críticas
está associada a exclusão de certos grupos acima referidos. Para além disso outras razões que
determinam os estilos de liderança numa organização de extensão são atribuídas aos seguintes
fatores:

 Relativo grande número de produtores assistidos por cada extensionista;


 Organização dos serviços de extensão;
 Modelo de extensão;
 Adequação das tecnologias difundidas;
 Recursos financeiros, materiais e didáticos disponíveis e;
 Ocupação do extensionista em atividades fora de sua competência.

1.3. Demonstrar compreensão dos diferentes aspetos na gestão da equipe de extensão

Em resposta ao desenvolvimento, os serviços de extensão agrária no mundo e particularmente em


África iniciaram nos anos 90 a 2000 um processo de reformas dos serviços em termos estruturais
e operacionais Alage (2017) demonstra abaixo.
1. A nível estrutural, os aspetos debruçaram-se essencialmente sobre os aspetos a seguir indicados.
 Adequação da organização dos serviços de extensão de modo a proporcionar uma liderança
mais específica e tornar mais saliente as suas ações, sobretudo ao nível dos Ministérios da
Agricultura e nas instituições de ensino;
 Revisão ou desenho de Políticas e Estratégias para se tornarem mais adequadas a fase de
desenvolvimento, de acordo com o lugar e a diversidade de intervenientes de extensão:
sector público, Organizações Não Governamentais e setor privado incluindo organizações
de produtores;
 Adequação de unidades que incentivassem maior ligação entre a investigação e a extensão
no processo de geração e de difusão de tecnologias, como base para a ligação com os
demais intervenientes na cadeia de produção agrária.
2. A nível operacional, incluíram os seguintes aspetos:

 Identificação de mecanismos de ligação funcionais para uma melhor partilha de informação


e de conhecimento para o aumento da produção e de produtividade;
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 Orientação para a identificação e utilização de metodologias mais participativas e mais


dinâmicas de extensão agrária, contrariamente aos métodos mais ou menos coercivos;
 Diversificação de metodologias de extensão agrária correspondendo às diversidades sócio
económicas e ambientais que caraterizam os locais de atuação.

Para concluir Scholz (2014) resume afirmando que a extensão rural não exercita nenhum
planejamento estratégico. Trabalha em programas e projetos demandados das comunidades, os
quais constituem planos operacionais de trabalho, normalmente orientados para a produção e
focados no componente técnico (ASBRAER, 2006, p.81).
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Conclusão

A metodologia Farmer Field School (FFS) traduzida em Moçambique como (EMC), surgiu no
mundo em resposta à busca de métodos participativos de difusão de tecnologias aos agricultores.
Apresentando-se como um tipo de extensão, como uma maneira de educação de adultos ou ainda
e como uma forma atrativa de difusão de tecnologias.

extensão rural é comunicação orientada para educação de adultos, de adesão voluntária e pressupõe
a existência de uma inovação a ser partilhada pelos extensionistas.
Também, a extensão rural não exercita nenhum planejamento estratégico. Trabalha em programas
e projetos demandados das comunidades, os quais constituem planos operacionais de trabalho,
normalmente orientados para a produção e focados no componente técnico, com isso conclui-se
que:
 Condições para organização do serviço de extensão incluem aspetos como comunicação,
informação, adaptação a ambiente de mudanças, motivação dos trabalhadores,
flexibilidade, número de agricultores e recursos disponíveis e;
 Aspetos de gestão de equipa de extensão referem-se a treinamento, compensação para bom
desempenho, motivação e satisfação profissional, composição/formação da equipe
(generalistas e especialistas), resolução de conflitos, aspetos de género.
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Referencias bibliográficas

1. Alage, Albertina (2017). Desafios da extensão agrária no desenvolvimento sustentável em


Moçambique. Universidade aberta, Brasil.

2. Bento, António V. (s/d). Liderança Contingencial: os estilos de liderança de um grupo de


professores do Ensino Básico e Secundário. Departamento de Ciências da Educação, Universidade
da Madeira.

3. Nhancale, Inácio Tiago (2011). Conceitos básicos sobre extensão rural e o papel do
extensionistas. Direção nacional de extensão agraria, Maputo.

4. Sant’Ana, Antonio Lázaro (2017). As diferentes concepções de extensão rural. UNESP

5. Scholz, Gustavo Adolfo Gomes (2014). Planejamento nas organizações estaduais de


assistência técnica e extensão rural - ater: perceções do alinhamento estratégico frente às
políticas setoriais. Universidade Tecnológica Federal do Paraná, Curitiba.

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