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Este grupo hortícola, pertencente ao género Brassica, que inclui várias espécies,
entre as quais podemos assinalar:
· Brassica rapa (sin. Brassica campestris var. rapa): Couve nabo “Turnips”
· Brassica campestris:
Ø var. chinensis (sin. Brassica chinensis): Couve china (Paak-ts’oi)
Ø var. pekinensis (sin. Brassica pekinensis): Repolho china (Pe-tsai)
· Brassica oleracea:
Ø var. italica: brócolos “broccoli, sprouting broccoli”
Ø var. gemmifera: couve bruxelas ”brussels sprouts”
Ø var. botrytis: couve-flor “cauliflower”
Ø var. acephala: couve de folhas, galega “borecole, collard, kale”
Ø var. gongylodes: rábano “kohlrabi”
Ø var. capitata: repolho “cabbage”
Rábano Repolho
As couves, na sua maioria, são plantas bienais. Durante o primeiro ano formam-se os
órgãos vegetativos e os órgãos onde se acumulam as substâncias de reserva e no início da
segunda fase vegetativa desenvolve-se o caule floral rapidamente. A fase de vernalização
realiza-se, para a maioria das couves, mais rapidamente a baixas temperaturas positivas, no
intervalo de 4 a 13C. É de destacar aqui a diferença de temperaturas de vernalização e do
comprimento do dia na espécie Brassica campestris, pois a floração e a formação da
semente na couve china (Paak-ts’oi) é encorajada a temperaturas relativamente altas e
comprimento do dia maiores que 12-13 horas enquanto que o repolho china (Pe-tsai) a
temperaturas relativamente baixas e em dias longos. Destaca-se também algumas
variedades novas de repolho (Brassica oleracea var. capitata) produzidas na Indonésia,
América Central e Japão que produzem sementes a temperaturas relativamente altas.
A estrutura dos órgãos reprodutivos de todas as espécies é igual. A inflorescência é
um rácimo. Segundo a sua situação sobre o caule floral e as condições em que cresce, o
seu comprimento varia.
Devido a sua representatividade, debruçar-nos-emos agora principalmente sobre o
repolho.
Capítulo 1: Generalidades
O repolho é uma planta hortícola muito antiga. Foi conhecida e aproveitada como
alimento, desde há milhares de anos antes da nossa era. É originária do sul da Europa e
regiões mediterrâneas.
Para conhecermos a importância do repolho, em termos de composição de alguns
elementos nutritivos, apresenta-se na tabela 1 a composição de algumas hortícolas do
género Brassica e as mais comercializadas em Moçambique.
De 1979 a 1988 depois do tomate, o repolho era a cultura hortícola mais produzida
no mundo. A maior parte da produção do repolho é produzida nas zonas temperadas.
Desde 1995 a 1997, cerca de 60% da produção mundial do repolho era proveniente de 7
países: China, Índia, Coreia do Sul, Japão, USA, Polónia e Indonésia (Tabela 2).
Tabela 2. Produção mundial
O repolho é uma planta bienal típica. Durante o primeiro ano forma-se a roseta de
folhas e o repolho. Neste acumulam-se as substâncias de reserva que servirão de base ao
crescimento da caule floral no início do ciclo vegetativo seguinte.
2.1. Raiz
2.3. Folhas
Estas podem ser sésseis ou de pecíolos mais ou menos curto, partindo do caule em
diferentes ângulos, segundo as particularidades das variedades.
Os limbos das folhas são diferentes quanto ao seu tamanho, tendo a superfície muito
variável (lisa ou enrugada), por vezes com um pó parecido com cera. A sua cor varia de
verde-claro a intensamente violáceo.
O sistema de nervuras também é variável quanto ao tamanho e localização. As
nervuras grossas e bem desenvolvidas constituem um sinal de baixa qualidade dos
repolhos destinados para consumo o que se deve a um crescimento anormal dos tecidos
condutores.
De acordo com o tamanho das variedades, as rosetas de folhas podem oscilar entre
0,5-1 m de diâmetro. Esta particularidade das variedades é de grande importância ao
determinar a área de implantação mais adequada, quanto a sua forma e tamanho.
O repolho não é senão uma gigantesca gema composta, formada pelo tronco
interior (figura 2), folhas enrugadas e não abertas, gema apical e gemas laterais,
inseridas sobre o tronco, nas axilas das folhas, formando-se graças à actividade da gema
apical, da qual se formam constantemente novas folhas que, depois de formada a roseta
de folhas (aparelho de assimilação), não se abrem, continuando o crescimento dentro da
cabeça do repolho.
O tronco interior não é de tamanho constante, sendo em algumas variedades, muito
curtos. Noutras, é mais longo. Permanecendo uniformes as condições ambientais, quanto
mais longo for o tronco interior, menor será a qualidade do repolho. Muitas vezes, os
entrenós dos troncos longos são maiores e, por isso, os repolhos não são nem bastantes,
nem uniformemente compactos.
2.5. Sementes
2.6. Ciclo
Fase 1: Estabelecimento
Fase 2: Crescimento vegetativo
Fase 3: Formação do rendimento – 30-40 dias
Inicia a formação do repolho; reduz ou pára o desdobrar das folhas, mas
continua a emitir novas folhas.
Fase 4: Maturação – 10-20 dias
Acaba quando a cabeça está firme.
3.1. Temperatura
3.2. Luminosidade
3.3. Humidade
3.5. Salinidade
Pela tabela podemos observar que o tomate, brócolos e o repolho têm uma perda de
25% do potencial de rendimento num solo ligeiramente salino (4-8 mS/cm), enquanto que
a alface, cebola e a cenoura têm a mesma perda de rendimento num solo considerado não
salino (0-4 mS/cm).
Em relação a água de rega, não se observa nenhuma redução no potencial de
rendimento do repolho com conductividade eléctrica da água de rega (ECw) igual a 1,2
mS/cm (ECe = 1,5 ECw). Reduções, no potencial de rendimento do repolho, em 10%, 25%,
50% e 100% observa-se com ECw de 1,9 mS/cm, 2,9 mS/cm, 4,6 mS/cm e 8,1 mS/cm,
respectivamente.
3.6. Solos
3.7. Variedades
Já antes se fez uma descrição mais ou menos detalhada em relação aos diferentes
tipos ou variedades (botânicas) do género Brassica. No entanto, devemos ainda assinalar
que cada uma das variedades (botânicas) inclui uma série de variedades (agronómicas) de
características algo diferentes umas das outras, quanto à forma, cor, tamanho, rendimento e
resistência a pragas e doenças, entre outras características. Por exemplo, em Moçambique,
segundo a Unidade de Direcção Agrícola (UDA), no ano de 1982, planificou-se o cultivo
de diferentes variedades botânicas de couves, que passaremos a assinalar anotando ainda a
sua variedade (agronómica):
· Couve-tronchuda – Penca de chaves; de origem desconhecida
· Outras couves – tronchudas; origem Holanda
· Couve-flor – Alpha palma; Holanda
· Brócolos – Sriffi; Holanda
· Couve-bruxelas – Merlon F-1; Holanda
· Couve-china – Pe-tsai; Nova Zelândia.
Capítulo 6: Propagação
Tabela 6: Influência do tamanho das posturas sobre o tamanho final dos repolhos
Tamanho das posturas Peso médio do repolho (kg) Produção relativa (%)
Grandes 3,959 100
Médias 3,476 87,8
Pequenas 3,176 80,1
A plântula do repolho não deve envelhecer em alfobre, pois isto dificulta a sua
recuperação (aumenta o período de estabelecimento), diminuindo o rendimento.
No momento do arranque, se a postura for tenra e frágil, elas devem ser arrancadas
cuidadosamente, sem danificar o pecíolo das folhas e o caule.
7.1. Adubação
sem adubo orgânico: 500 a 1000 kg/ha de superfosfato mais 300 kg/ha de
cloreto de potássio e, se o pH do solo for inferior a 6, adicionar 400 kg/ha de nitrato
de amónio contendo cálcio (26%) “limestone ammonium nitrate”, se o pH for
superior a 6, adicionar 500 kg de sulfato de amónio ou 220 kg/ha de ureia;
com adubo orgânico: 30 m3 de estrume ou composto (adubo orgânico já
decomposto) mais 600 kg de adubo mineral misturado (2:3:2) e 100 kg de cloreto
de potássio.
7.2. Rega
Pragas:
Abaixo está apresentada a descrição (características, sintomas, biologia e controlo) das
principais pragas que podemos encontrar em Moçambique.
São lagartas de 12 mm, quando atingem o comprimento máximo, e de cor verde clara (veja
fotos – Segeren et al, 1994). Permanecem na página inferior das folhas, onde fazem
pequenos furos de 2-10 mm de diâmetro (veja fotos – Segeren et al, 1994) resultando, no
repolho, pequenas e inúteis cabeças. O ciclo de vida dura 25 a 50 dias e depende muito da
temperatura. As fêmeas podem pôr nas folhas 50-150 ovos isoladamente ou em grupos.
Podemos encontrar esta praga em todo o país (Moçambique).
Controlo químico:
Durante a aplicação do insecticida deve-se ter o cuidado de pulverizar ambos os lados da
folha e é indispensável a mistura de um molhante/aderente às caldas de insecticidas para
poder molhar bem as folhas.
Alguns dos insecticidas (substância activa) que se podem usar são: Ripcord (cipermetrina),
Decis (deltametrina), Basudine (diazinão) e Malatião (malatião).
Broca da couve (Hellula undalis)
São lagartas têm 15 mm quando crescidas e de cor creme, com listras laterais de cor
castanho-avermelhada (veja fotos – Segeren et al, 1994). Penetram nas nervuras, pecíolos,
caules (veja fotos – Segeren et al, 1994) e ápice destruindo completamente as plantas
pequenas. Em plantas maiores aparecem 2 a 4 rebentos novos, algumas semanas depois da
destruição do ápice. No repolho atacado produzem várias cabeças pequenas de pouco valor
comercial.
Podemos encontrar esta praga em todo o país (Moçambique).
Controlo:
Se houver destruição do ápice tirar todos os rebentos novos, deixando apenas um, algumas
semanas após a sua formação.
Deve-se destruir, logo depois da colheita, todos os restos da cultura.
O controlo químico é o mesmo que se observa para a traça da couve.
Pequenos insectos de 1-2,5 mm, com cor verde acinzentada e, às vezes, cobertos por uma
substância cerosa branca (Brevicoryne brassicae) ou verde (Lipaphis erysimi) ou verde
clara a verde amarelada (Myzus persicae) vivendo em grupos em ambos os lados da folha
(veja fotos – Segeren et al, 1994). As plantas gravemente afectadas murcham e morrem.
Multiplicam-se rapidamente durante os meses de Janeiro a Abril quando a temperatura e
humidade são altas, mas os estragos são maiores na falta de chuva.
Podemos encontrar esta praga em todo o país (Moçambique).
Controlo:
Observar regularmente as folhas e arranca as mais velhas e infectadas. Eliminar os restos
da cultura anterior de couve, repolho ou nabo do campo e da vizinhança.
No controlo químico é indispensável a mistura de um molhante/aderente às caldas de
insecticidas para poder molhar bem as folhas.
Alguns dos insecticidas (substância activa) que se podem usar são: Basudine (diazinão),
Malatião (malatião) e Azodrin ou Nuvacron (monocrotofos).
Doenças:
Em Moçambique (1958), assinalaram-se as seguintes doenças:
· Cancro – Phoma lingam (Tode) Desn.
· Mancha bacteriana – Pseudonomas maculicola (mcCulloch) Stevens.
· Mancha concêntrica da folha – Alternaria oleracea, Milbrath.
· Míldio – Peronospora brassicae, Gaurm.
· Podridão mole – Erwinia carotovora, (zones). Holland.
· Podridão preta ou enegrecimento das nervuras – Xanthomonas campestris,
(Pammel) Dans.
Abaixo está apresentada a descrição (sintomas, biologia e controlo) das principais doenças
que podemos encontrar hoje em Moçambique.
Amarelecimento das folhas, começando a partir das margens (veja fotos – Segeren et al,
1994). No caule das plantas doentes, em corte transversal, nota-se a toda a volta um anel
preto, logo abaixo da casca. A cabeça do repolho pode também ficar parcialmente
descolorida. A temperatura óptima que favorece a doença é cerca de 28°C. Em condições
óptimas, os sintomas são visíveis 4 dias depois da penetração da bactéria. A disseminação
dentro do campo faz-se através da água de rega e da chuva, instrumentos agrícolas, restos
de cultura, crucíferas cultivadas ou espontâneas e sementes.
Controlo:
Rotação de culturas durante pelo menos 2 anos, evitar a produção do repolho nos períodos
quentes e húmidos, fazer os alfobres longe de outras crucíferas, usar variedades resistentes
como a Gloria F1 híbrido e tratar a semente com água quente de 52°C durante 30 minutos.
O controlo químico da doença é difícil, o melhor é fazer o tratamento preventivo.
Controlo:
Rotação de culturas para diminuir o potencial de inóculo, evitar altas densidades de
sementeira ou de transplantação, evitar material mal decomposto e armazenar os repolhos
em lugares frescos e ventilados.
A doença manifesta-se inicialmente por numerosas manchas pequenas de cor púrpura nas
folhas. Em condições de húmidade, estas manchas alargam-se sendo amareladas na página
superior das folhas e o fungo desenvolve-se nas zonas correspondentes da página inferior
(veja fotos – Segeren et al, 1994). Nas plantas crescidas a doença manifesta-se em
manchas amarelo-pardacentes entre as principais nervuras. No alfobre a doença pode
causar bastante danos. Os esporos do fungo são disseminados pelo vento, água de rega e da
chuva ou orvalho. As condições apropriadas para o desenvolvimento do fungo são
humidade relativa elevada com orvalho ou céu nublado e temperaturas de 10°-15°C.
Controlo:
Evitar altas densidades de sementeira ou de transplantação. O controlo químico deve ser
feito logo que as plântulas tenham 3 cm de altura e repetir de 7 em 7 dias. Não esquecer o
uso de um aderente/molhante para assegurar uma boa cobertura.
“Tipburn”:
É caracterizado por uma necrose das margens das folhas jovens. Quando o defeito é
severo pode desenvolver-se sobre mais do que metade da área da folha. No repolho torna-
se difícil a visibilidade deste sintoma porque as folhas afectadas estão no interior da cabeça
e só serão visíveis depois da sua utilização.
Este defeito é causado por uma deficiência de cálcio nas folhas jovens. Vários
factores podem estar na origem da deficiência de cálcio, por exemplo:
a) a) condições do solo que restringem o crescimento das raízes como as
condições anaerobicas, pH, compactação e alagamento de solos;
b) b) humidade relativa que causa transpiração limitada;
c) c) falta de água ou irregularidade de água de rega;
d) d) deficiência de cálcio na solução do solo.