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Cultura do Alho

Prof. Dr. Hugo Catão


Produção mundial
Tabela 1. Produção mundial de alho

76,6%

Fonte: Agrianual 2011


Produção mundial
Tabela 3. Produtividade de alho dos principais países produtores

Fonte: Agrianual 2011


Produção nacional
Tabela 4. Produção de alho no Brasil

ton

Fonte: Agrianual 2011


Importações

Gráfico 2. Importações médias anuais de alho pelo Brasil Fonte: ANAPA 2011
Importações – 2010/2011

Gráfico 3. Importações de alho pelo Brasil 2010/2011 Fonte: ANAPA 2011


Porque importar???
• Consumo nacional 2011/2012 de 25
milhões de cx

• Oferta nacional de 10 milhões de cx

• Necessidade de importações :
• 15 milhões de cx em 2010
• 1,25 milhões/cx/mês
Allium sativum L.
• Família: Alliaceae
• Origem: Ásia Central (Afeganistão, Turquia, Irã e
antiga URSS
INTRODUÇÃO
Botânica
Planta: 50 cm altura
Folhas: alongadas,
estreitas e cerosas
Caule: disco comprimido
(folhas e raízes)
Bainhas das folhas:
pseudocaule (bulbo)

Reprodução assexuada
através do plantio dos
“dentes”

Bulbos (branco ou
arroxeado) Fonte: Mota (2003)
Haste floral
 Raízes: pouco ramificadas (0,5-1,0 m)
 Bulbo: composto por bulbilhos
 Bulbilho: contém uma gema
 Túnica: bulbo
 Película: bulbilho
 Compostos sulfurados voláteis: alicina e garlicina
 É rico em tiamina, riboflavina, niacina e ácido ascórbico
 Bactericida (aparelho respiratório e gastrointestinal)
 Digestivo, diurético, anti-asmático e vermífugo.
Germânio anti-cancerígeno.
A: folha membranosa que envolve
o bulbilho
B: folha de reservas nutritivas
C: folha de brotação
D: 1a folha completa
E: 2a folha completa
F: 3a folha completa
G: caule da futura planta
H: início da formação de raízes

FIGURA 1 – Cortes longitudinal e transversal


de um bulbilho de alho
Fonte: Trani et al. (1997)
CULTIVARES
 As cultivares variam quanto:
 aspectos morfológicos da planta;
 aspectos morfológicos do bulbo;
 precocidade; Duração das fases:
 suscetibilidade à doenças; Fase 1 = 1

 superbrotamento; Fase 2 = 2,5


Fase 3 = 2,5
 ocorrência de palitos (descarte)
 o ciclo da cultura pode ser divido em 3 fases:
1. Emergência até o desaparecimento da folha de
armazenamento;
2. Emissão das folhas novas até a formação dos bulbos;
3. Desenvolvimento dos bulbilho, maturação até a colheita
1ª fase: Alho na desmama
Início da 2ª fase: Diferenciação dos bulbilhos
Início diferenciação dos bulbilhos
CULTIVARES
Cultivares precoces

 Ciclo: 4-5 meses


 Menor exigência em fotoperíodo: < 9 horas
 Exigência em frio: pequena
 Bulbos
 Grande nº de bulbilhos
 Coloração externa: branca ou arroxeada
 Menor conservação pós-colheita
 Menor valor comercial
Cultivares: Branco Mineiro, Cateto Roxo, Juréia, Cara
Branco Mineiro

Fonte: Mota (2003)


Cara

Fonte: Mota (2003)


Cultivares de ciclo mediano (Semi-nobres)

 Ciclo: 5-6 meses

 Fotoperíodo: 9-13 horas


 Exigência em frio: média
 Bulbos
 Menor nº de bulbilhos
 Coloração externa: arroxeada
 Melhor conservação pós-colheita
 Alcança boa cotação comercial

 Cultivares: Amarante, Gigante Roxo, Gravatá, Lavínia


Gigante Roxo

Fonte: Mota (2003)


Cultivares tardias (Nobres)

 Ciclo:  6 meses

 Fotoperíodo: mínimo de 13 horas (extremo sul)


 Exigência frio: alta
 Centro-Sul: vernalização
 Bulbos
 coloração externa esbranquiçada
 bulbilhos: roxo escuro, graúdos e em pequeno nº
 alta conservação pós-colheita
 Obtenção da mais alta cotação comercial
Cultivares: Chonan, Roxo Pérola de Caçador, Quitéria
Chonan

Quitéria
Fonte: Mota (2003)
Cultivares
As cultivares nacionais com melhores características
comerciais são:
 Chonan,
 Roxo Pérola de Caçador,
 Caxiense,
 Quitéria,
 Contestado,
 Gigante Roxo,
 Amarante
 Gravatá
CLIMA E ÉPOCA DE PLANTIO

 Planta bienal

 Dia longo: bulbificar

 Dia curto: florescer

 Fatores limitantes: fotoperíodo e temperatura elevada


Temperaturas baixas podem ser compensadas com o fotoperíodo
e vice-versa;

Apresentará somente fase vegetativa


Condições climáticas

 Fotoperíodo longo:
Antecipa o início da formação do bulbo.
Reduz o ciclo da cultura.
Fotoperíodo crítico de 9 horas (Amarante e Cateto
Roxo).
Fotoperíodo insuficiente – formação de charuto.
Temperatura:

Resistente a geada

Temperatura amena (18-20ºC) – fase inicial do ciclo

 Temperatura baixa (10-15ºC) – fase intermediária do ciclo

 Temperatura alta (20-25ºC) – fase final do ciclo


Efeito de temperatura elevadas

Charuto
Efeito de temperaturas baixa

Pseudoperfilhamento
Vernalização pré-plantio

 Produção de cvs. tardias em locais onde o fotoperíodo


e a temperatura são limitantes

 Temperatura 3-5ºC, UR 70-80%, 40-55 dias

 Vernalização: estimula o acúmulo de hormônios de

crescimento (auxinas, giberelinas, citocininas).

Retirada dos bulbos às vésperas do plantio;

Plantio: inverno (maio) – Centro-Sul do Brasil e BA.

Regiões com fotoperíodo curto e temperatura elevada


possibilitou o plantio de alho nobre;
Vantagens Vernalização

• Auxilia na quebra da dormência dos bulbilhos;

• Antecipa a formação dos bulbos;

Reduz o ciclo da cultura: redução de 30-40 dias no ciclo


 Roxo Pérola de Caçador, Quítéria e Chonan

Diferentes cultivares não apresentam respostas similares


DORMÊNCIA

É o estado pelo qual as “sementes” (bulbilhos) são


colocados em condições ambientais favoráveis para
germinarem e não o fazem

Giberelinas Ácido Abscísico

Citocininas
FIGURA 2 – Índice Visual de Dormência – IVD
Fonte: Burba (1982) citado por Ferreira et al. (1986)

IVD < 70% = não plantar


Coloração das folhas de brotação: branca-creme ou verde
Falta de frio na vernalização: cebolão, superbrotado e
diferenciação longa
Fonte: 5a Aproximação
 Ordem decrescente de extração: N, K, S, Ca, P e Mg

 P: eleva a produtividade e tamanho do bulbo

 N: excesso causa superbrotamento

 K: previne o superbrotamento

 S: eleva a produtividade – sulfato de K

 Ca: resposta independente da elevação do pH


SOLO E ADUBAÇÃO
Efeitos fisiológicos dos nutrientes

Nitrogênio
Nutriente mais estudado por apresentar relação
com produtividade e superbrotamento.
Em regiões frias, a forma amoniacal tem
prejudicado o desenvolvimento incial e provocado
superbrotamento no final do ciclo – baixa de
nitrificação e toxidez da amônia.
Doses acima de 50 kg ha-1 induz superbrotamento
principalmente na forma amoniacal.
Cuidados com o teor de MO no solo > 1,5% + N =
superbrotamento.
SOLO E ADUBAÇÃO

Efeitos fisiológicos dos nutrientes

Nitrogênio
Deve ser aplicado depois da diferenciação dos
bulbilhos de forma parcelada.
Sintoma de deficiência amarelecimento geral das
folhas ou clorose iniciando-se pelas folhas mais
velhas.
Implantação da cultura
Solo

Leves e ricos em MO, sem torrões e bem drenados

Solos muito argilosos deformam os bulbos

Solos arenosos não tem poder de retenção de


umidade e nutrientes
Implantação da cultura
Preparo de solo

Fonte: adaptado de Souza, 2009.


Implantação da cultura
Demarcação dos canteiros

Rotoencandeirador

Enxada rotativa

Canteiros de 1,0 a 1,20 m


Implantação da cultura
Demarcação dos canteiros

6 linhas duplas
Épocas de plantio

Região Sul do Brasil


Implantação da cultura
Épocas de plantio
Região do Cerrado do Brasil

Fonte: Lucini /Epagri (2009)


Implantação da cultura
Épocas de plantio
Região do Cerrado do Brasil

Fonte: Lucini /Epagri (2009)


Implantação da cultura
Debulha do alho semente
Implantação da cultura
Classificação do alho
semente
Classificação dos bulbilhos pelo tamanho
15 x 25 mm; 10 x 20 mm; 8 x 17 mm; 5 x 17 mm
Peneira:
4 (1g) – 300 kg ha-1
3 (2g) – 600 kg ha-1
2 (3g) – 900 kg ha-1
1 (4g) – 1.200 kg ha-1

Semi-nobre: 350 a 400 kg ha-1


Nobres: 700 a 800 kg ha-1

Plantio manual consome 370 h ha-1


Plantio mecânico consome (4 linhas) 4 h; (2linhas) 32h

Seleção dos bulbilhos e tratamento pré-plantio


Implantação da cultura
Tratamento pré plantio

Prevenção contra fungos de solo


Iprodione – 1 kg para 100 kg de bulbilhos
Procimidone – 200 g para 100 kg de bulbilhos

Podridão
branca
Principalmente
IMPLANTAÇÃO DA CULTURA

 Propagação vegetativa: plantio de bulbilhos


 Custo de produção 30-50% alho-semente
 500-700 kg/ha bulbilhos selecionados (> 1g)

Material de plantio: alho semente certificado ou


selecionado pelo produtor
 Eliminação de viroses: cultura de meristemas
IMPLANTAÇÃO DA CULTURA

 Densidade de plantio: influencia na


produtividade e no tamanho do bulbo
Plantio no nível do solo: 20-25cm entre linhas e 8-
10 cm entre plantas dentro da fileira.
Em canteiros: 25-30cm entre linhas e 10 cm entre
plantas
Plantio em fileiras duplas: 12cm entre linhas
dentro da fileira dupla, 10 cm entre plantas e 20-
25cm entre fileiras duplas
 Plantio: bulbilho inteiro, em sulcos
 Canteiros: 3 a 4 fileiras
 População ideal: 360 a 600 mil plantas ha-1
 Profundidade de 5 cm

Bulbilhos de peso semelhante deverão ser


plantados no mesmo canteiro

Quanto maior o bulbilho, maior a


produtividade e massa de bulbo
Cuidados no plantio
Fonte: Filgueira (2000)
Plantadeira adubadeira de alho de 4 linhas
Fonte: Menezes Sobrinho et al. (1997)
TRATOS CULTURAIS

Cobertura morta

 Manutenção do teor adequado de água no solo


 Reduz temperatura do solo
 Auxílio no controle de plantas daninhas
 Fornecimento de nutrientes
 Melhora na qualidade do solo
 Palha da haste de arroz, capim seco, serragem e
bagaço de cana-de-açúcar
TRATOS CULTURAIS

Cobertura morta (desvantagens)

 Favorece a umidade excessiva


 Disperssores de plantas daninhas
 Redução do nível de oxigênio para a planta
 Pode dificultar a brotação dos bulbilhos
 Favorece o surgimento de doenças
 Favorece o superbrotamento
Irrigação

 2 em 2 dias: até 30 dias


 3 a 4 dias até o final do ciclo (interrompido 15
dias antes da colheita)
 água útil 60%: cvs. suscetíveis a superbrotamento
 água útil 90%: cvs. Resistentes
Para cultivares vernalizadas, dos 30 a 70 dias a
irrigação deverá ser a mínima possível e após, de 7 em
7 dias, cessando 20 dias antes da colheita.
-Controle de plantas daninhas

 Período crítico: até 100 dias


Irrigação na cultura do alho
Controle de plantas
daninhas
Lento crescimento inicial e morfologia das folhas

Redução média de 85% da produtividade em


Relação aos tratamento livre de plantas daninhas
Qasem (1996) citado por Souza (2009)

Período crítico de prevenção da interferência


(PCPI)
42 a 90 DAP
Manejo de plantas daninhas...

Existe manejo perfeito?????

Manejo integrado
Controle de plantas daninhas

Competição
Nutrientes, água, luz, CO2 etc;
Morfologia e arquitetura foliar;
Alelopatia
Hospedeiro
Controle: mecânico, químico ou integrado (os
dois juntos)
O controle mecânico pode causar danos
Químico é o mais indicado (Karmex 800, Afalon,
Ronstar, Herbadox, Treflan, Fusilade……
ANOMALIAS FISIOLÓGICAS

Superbrotamento

Crescimento vegetativo das bainhas foliares que


constituem o bulbo
 Cultivares tardias (vernalizadas) e precoces
 Causa: excesso de N e de água no solo
 Controle
 Controlar irrigação
 Evitar excesso de N (equilibrar com K)
Fonte: Filgueira (2000)
Fonte: Trani et al. (1997)
PRINCIPAIS DOENÇAS

Podridão-branca (Sclerotium cepivorum)

Sintomas
 Apodrecimento das raízes e do disco
 Amarelecimento e morte de folhas baixeiras
 Bulbo recoberto por micélio branco e escleródios negros
Favorece
 Baixa temperatura e umidade elevada
Ferrugem (Puccinia allii)

Sintomas
 Pústulas (manchas) amarelas na superfície das folhas
 Secamento precoce das folhas
 As pústulas podem ficar cobertas de pontos negros

Favorece
 Temperatura amena (20ºC) e umidade elevada
Ataque severo Puccinia allii
Mancha-púrpura (Alternaria porri)

 Sintomas
 Lesões brancas nas folhas que evoluem para
púrpura e aumentam de tamanho

 Pode causar amarelecimento e morte da planta

 Favorece
 Temperatura entre 21ºC e 30ºC
 Umidade relativa alta
Fonte: Menezes Sobrinho (1997)
Viroses

Principais vírus: Leek yellow stripe virus (LYSV), Garlic yellow stripe
virus (GYSV), Garlic latent virus (GLV)

Sintomas
 Estrias cloróticas variáveis de amarelo-claro a verde-claro
 Redução do porte da planta
 Bulbos e bulbilhos de menor tamanho
 Baixa produtividade

Transmissão: pulgões
Estrias amarelas nas folhas
Nematóide (Ditylenchus dipsaci)

Sintomas

Bulbos esbranquiçados, com pouca consistência


Raízes necrosadas
Parte aérea amarelecida ou murcha
Bulbos armazenados apresentam chochamento
precoce e película externa amarelada

Disseminação (centro-sul): alho-semente (extremo sul)


Fonte: Menezes Sobrinho et al. (1997)
PRINCIPAIS PRAGAS

Ácaro-do-chochamento (Aceria tulipae)

Sintomas
 Folhas retorcidas e manchas cloróticas estriadas
 Chochamento de bulbos armazenados
 Destruição de bulbilhos e um aspecto melado
Fonte: Menezes Sobrinho et al. (1997)
Pragas do Alho
Tripes (Tripes tabaci)
Traça-do-alho (Cadra cautella, Plodia interpunctella
e Ephestia elutella )

Sintomas
 traças penetram nos bulbilhos, deixando excrementos
secos

Controle
 Inseticidas
 Fumigação

Fonte: Menezes Sobrinho et al. (1997)


Fonte: Menezes Sobrinho et al. (1997)
COLHEITA
 Ciclo: 110 a 150 dias
 Ponto de colheita: planta amarelece e seca, sem tombar,
“estalo”

 Colheita: manual ou semimacanizada

Cura: objetivo é favorecer a secagem do bulbo e a


cicatrização do ápice dos bulbilhos

 Cura inicial: no campo, exposição indireta à luz solar por


1-3 dias

 Cura lenta: galpão meio escuro, seco e arejado ( 20 a 30


dias).
 Beneficiamento
 Corte do pseudocaule, deixando-se 2 cm de talo
 Aparam-se as raízes, rente ao bulbo
 Eliminação de túnicas sujas

 Classificação
GRUPOS

 Alhos Nobres: até 20 bulbilhos/bulbo


 Alhos Comuns: mais 20 bulbilhos/bulbo
Colheita do alho
Colheita do alho
Alho recém colhido
Cura do alho
Cura do alho
Classificação e embalagem
SUBGRUPOS

TABELA 4 – Classificação dos bulbos com base na coloração da túnica e


da película dos bulbilhos

Subgrupo* Túnica Película


Alhos brancos branca branca
Alhos roxos branca roxa
*É permitida a mistura a 10% de bulbos no subgrupo
Fonte: Fonseca & Angeletti (1998)
CLASSES

TABELA 5 – Classificação dos bulbos com base no diâmetro

Classe Diâmetro transversal (mm)


7 > 56
6 47-56
5 42-47
4 37-42
3 32-37
Fonte: Menezes Sobrinho (1997)
Embalagem
 Caixa de madeira, oitavada (10 kg)
 Sacos telados vermelhos
 Caixas de papelão
 Bandejas de isopor
 Sacos plásticos

Fonte: Lana, Nascimento & Melo (1998)


Alta conservação dos bulbos, evitar:

Utilização de cultivares precoces

 Irrigação tardia, próxima à colheita

 Colheita de plantas verdes

 Ausência de cura

 Corte prematuro da rama

 Incidência de ácaros, traças, nematóides e podridão-branca

 Deficiência de B na cultura
Comercialização

 Máxima cotação: junho-julho


 Início colheita alho precoce e entrada do alho chinês

Industrialização

 Alho em pasta (proporção alho:sal - 1:3)


 Alho desidratado ( temperos, molhos e sopas)
OBRIGADO!!!

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