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A cultura de citrinos

Eng Jose Mendes


Origem e distribuição
 Sudeste Asiático
Principais países produtores
Produção em Moçambique
 Os citrinos são conhecidos desde 1583 mas a
produção comercial iniciou em 1920
 A produção comercial foi de aproximadamente
40.000 ton em 1979 e 1997 (máximos)
 Principais províncias produtoras:
– Inhambane, Zambézia e Nampula
 Produção de laranja e tangerina por pequenos
produtores, plantas geralmente originadas de semente,
árvores dispersas e produzidas em conjunto com outras
culturas, fruta destinada ao consumo familiar e mercado
local
– Manica e Maputo
 Pomares ordenados de laranjeiras e toranjeiras
enxertadas, fruta destinada à exportação
Produção em Moçambique
Número de explorações em 1999/2000

Exploração Laranjeira Limoeiro Tangerineira Toranjeira


Pequena 600 399 434 960 261 636 16 764
Média 1 483 1 390 909 106
Grande 55 30 24 9
Total 601 937 434 380 262 569 16 879

1%
20%
Laranjeira
46%
Limoeiro
Tangerineira
Toranjeira
33%
Número de plantas em 1999/2000
Exploração Laranjeira Limoeiro Tangerineira Toranjeira

Pequena 4 396 559 1 304 351 3 745 096 72 923

Média 31 755 7 689 24 867 874


Grande 26 222 2 442 2 849 22 563
Total 4 454 536 1 314 482 3 772 812 99 359

1%

39% Laranjeira
46%
Limoeiro
Tangerineira
Toranjeira
14%
Número médio de plantas por exploração em
1999/2000
Exploração Laranjeira Limoeiro Tangerineira Toranjeira
Pequena 7 3 14 4
Média 21 6 27 8
Grande 477 81 119 2 507
Total 7 3 14 6

6 7

Laranjeira
Limoeiro
Tangerineira
3
Toranjeira

14
Número de plantas por
Laranjeiras em 1999/2000 Província

Maputo 57 120

Gaza 598 638

Inhambane 1 490 153

Sofala 64 497

Número de explorações por Manica

Tete 25 350
518 606

Província Zambézia 790 621

Nampula 663 168

Cabo Delgado 211 987

Niassa 34 396
Maputo 14 444
200 000 400 000 600 000 800 000 1 000 000 1 200 000 1 400 000 1 600 000
Gaza 77 023

Inhambane 107 682

Sofala 16 886

Manica 32 814 Número médio de plantas por


Tete 5 632

Zambézia 146 838 exploração, por Província


Nampula 149 623

Cabo Delgado 40 264 Maputo 4

Niassa 10 732 8
Gaza
20 000 40 000 60 000 80 000 100 000 120 000 140 000 160 000 Inhambane 14

Sofala 4

Manica 16

Tete 5

Zambézia 5

Nampula 4

C. Delgado 5

Niassa 3

2 4 6 8 10 12 14 16
Número de plantas por
Limoeiros em 1999/2000 Província
Maputo 100 827

Gaza 231 412

Inhambane 225 593

Sofala 95 955

118 574
Número de explorações por Manica

Tete 34 851

Província Zambézia 171 307

Nampula 278 534

Cabo Delgado 42 735

33 305 Niassa 14 693


Maputo

Gaza 74 428 50 000 100 000 150 000 200 000 250 000 300 000

Inhambane 42 387
31 727
Sofala

Manica 34 045
Número médio de plantas por
Tete 10 240 exploração, por Província
Zambézia 68 958

Nampula 118 814

Cabo Delgado 15 472 3


Maputo
Niassa 7 003
Gaza 3

20 000 40 000 60 000 80 000 100 000 120 000 Inhambane 5

Sofala 3

Manica 3

Tete 3

Zambézia 2

Nampula 2

C. Delgado 3
2
Niassa

0 0,5 1 1,5 2 2,5 3 3,5 4 4,5 5


Número de plantas por
Província
Tangerineiras em 1999/2000
Maputo 21 434

Gaza 365 963

Inhambane 2 335 839

Sofala 24 113

Número de explorações por Manica 737 364

Província Tete

Zambézia
14 890

122 281

Nampula 135 143

Cabo Delgado 12 513


Maputo 7 743 3 273
Niassa
Gaza 52 385
500 000 1 000 000 1 500 000 2 000 000 2 500 000
Inhambane 98 016

Sofala 6 246

Manica 29 191 Número médio de plantas por


Tete 2 722

27 335
exploração, por Província
Zambézia

Nampula 35 234

Cabo Delgado 3 327 Maputo 3


369 Gaza 7
Niassa

Inhambane 24
10 000 20 000 30 000 40 000 50 000 60 000 70 000 80 000 90 000 100 000
Sofala 4

Manica 25

Tete 5

Zambézia 4

Nampula 4

C. Delgado 4

Niassa 9

0 5 10 15 20 25
Número de plantas por
Toranjeiras em 1999/2000 Província

Maputo 21 159

Gaza 3 352

Inhambane 25 614

Sofala 1 609

Número de explorações por Manica 18 954

529
Província Tete

Zambézia 11 720

Nampula 9 032

801 Cabo Delgado 2 432


Maputo
1 958
1 201 Niassa
Gaza
Inhambane 2 582 5 000 10 000 15 000 20 000 25 000 30 000

Sofala 889

Manica 2 519

Tete 140
3 795
Número médio de plantas por
Zambézia
Nampula 3 696 exploração, por Província
Cabo Delgado 1 158
Niassa 98
Maputo 26
500 1 000 1 500 2 000 2 500 3 000 3 500 4 000 3
Gaza

Inhambane 10

Sofala 2

Manica 8

Tete 4

Zambézia 3

Nampula 2

C. Delgado 2

Niassa 20

0 5 10 15 20 25 30
Classificação taxonómica
Família: Rutaceae
Sub-família: Aurantioideae
Tribo: Citrae
Sub-tribo: Citrinae
• Grupo dos citrinos primitivos;
• Grupo dos citrinos aparentados;
• Grupo dos citrinos verdadeiros.
 Grupo dos citrinos verdadeiros:
Género Fortunela;
Género Eremocitrus;
Género Poncirus;
Géneros mais
Género Climenia; importantes
Género Microcitrus;
Género Citrus.
Géneros mais importantes
Fortunella
 Árvore pequena ou
arbusto (poucos
espinhos);
 Folhas unifoliadas e
persistentes;
 Fruto muito pequeno;
 Uso como plantas
ornamentais e produção
de híbridos com
resistência ao frio.
Espécies de Fortunella

Fortunella margarita Fortunella japónica


(Kumquat ou cunquato (Kumquat redondo)
oval)
Poncirus
 Árvores pequenas
com ramos angulosos
e muitos espinhos;
 Folhas trifoliadas e
caducas;
 Fruto não comestível;
 Uso com porta-
enxerto (resistência
ao frio e boa
qualidade da fruta) e
obtenção de híbridos.
Espécie de Poncirus
Poncirus trifoliata
Citrus
 Árvores pequenas ou médias, mais ou menos
espinhosas;
 Folhas unifoliadas e persistentes, com pecíolos
mais ou menos alados;
 Frutos de tamanhos e formas diversas,
geralmente comestíveis;
 Maior parte das espécies usadas para produção
de fruta e algumas usadas como porta-enxertos.
 Difícil classificação taxonómica das espécies.
Swingle classifica 16 espécies e Tanaka classifica
160. Hogson tem uma classificação intermédia,
que acrescenta 15 ssp à classificação de Swingle.
Espécies mais importantes (género Citrus)
Nome comum Nome científico Nome comum Nome científico

Laranja doce C. sinensis Limão galego C. aurantifolia


(lima Mexicana)
Laranja azeda C. aurantium Shadock C. grandis
Limão C. limon Toranja C. paradisi
Limão rugoso C. jambhiri Tangerina Ponkan C. reticulata
e Clementina
Limão C. volkameriana Tangerina C. unshiu
volkameriano Satsuma
Lima doce C. limettioides Tangerina King C. nobilis

Limão Cravo C. limonia Tangerina C. reshni


(lima Rangpur) Cleópatra
Cidrão C. medica Tangerina Sunki C. sunki
Híbridos
 Híbridos intragenéricos
– Tangor (C. reticulata x C. sinensis)
– Tangelo (C. reticulata x C. paradisi)
– Orangelo (C. sinensis x C. paradisi)
– Lemonime (C. limon x C. limettioides)

 Híbridos intergenéricos
– Citrange (P. trifoliata x C. sinensis)
– Citrumello (P. trifoliata x C. paradisi)
– Limequat (C. limettioides x Fortunella sp.)
– Outros mais complexos: citrangequat
HÍBRIDOS INTRAGENÉRICOS
Tangor (C. reticulata x C. sinensis)
Tangerina x Laranja
HÍBRIDOS INTRAGENÉRICOS
Tangelo (C. retriculata x C. paradisi)
Tangerina x Toranja
HÍBRIDOS INTRAGENÉRICOS
Lemonime (C. limon x C. limettioides)
Limão x Lima doce
HÍBRIDOS INTERGENÉRICOS
Citrange (P. trifoliata x C. sinensis)
Poncirus x Laranja
HÍBRIDOS INTERGENÉRICOS
Citrumello (P. trifoliata x C. paradisi)
Poncirus x Toranja
HÍBRIDOS INTERGENÉRICOS
Limequat (C. limettioides x Fortunella sp.)
Lima doce x Fortunella
Cultivares de laranjeira
I. Com base nas características do fruto podem ser:

Sem acidez Consideradas insípidas e excessivamente doces


Sanguíneas Tem polpa e casca vermelha (o pigmento vermelho
é activado por temperaturas baixas durante a
maturação). Nos trópicos a cor vermelha não se
desenvolve.
De umbigo Produzem frutos sem sementes, formados por
partenocarpia. São precoces e têm uma tendência
natural de formar mutações
Normais Grupo mais importante

II. Com base na época de maturação podem ser:


Precoces, de meia estação ou tardias.
Cultivares precoces de laranjeira

 As cultivares precoces
mais importantes, na
África do Sul:
– Palmer
– Washington
– Bahianinha Robin
– Navelina
– Cara-cara

– McClean
– Robin.

Human (1988)
Cultivares de laranjeira de meia estação
Tomango
 As cultivares de
meia estação mais
importantes na
África do Sul:
– Tomango;
Clanor
– Clanor;
– Salustiana;
– Shamouti.

Muller (1988)
Cultivares de laranjeira tardias mais importantes

Koekemoer (1988)
Cultivares importantes em Moçambique
 Valência
– cultivar tardia;
– adequada para consumo
fresco e indústria.
 Washington navel
– cultivar tardia;
– necessita de noites frias
durante a maturação
para desenvolver a cor
laranja dos frutos.
 Outras:
– Joppa, Jaffa, Hamlin
Cultivares de limoeiros
 São muito sensíveis ao calor e frio;
 Não são muito adaptados aos climas
tropicais onde são cultivados limas ácidas
em vez de limões;
 Nos trópicos os limoeiros podem:
– Florir em três diferentes períodos;
– Produzir frutos ao longo do ano;
– O rendimento é mais elevado entre Julho e
Outubro.
Cultivares de limoeiros
 Principais cultivares (em
Moçambique e no mundo):
– Eureka;
– Lisboa.

 Cultivar promissora:
– Villafranca. Lisboa

Eureka Villafranca
Vincent (1990)
Outros limoeiros
 O limoeiro rugoso
(C. jambhiri):
– Foi introduzido em
Moçambique como
porta- enxerto, por ser
tolerante à tristeza;
– O fruto é consumido e
apreciado em
Moçambique mas em
outros países é
considerado não
comestível.
Cultivares de limeiras
 Existem dois grupos:
– Limas ácidas, geralmente
chamadas de limões: em
muitos países tropicais são
cultivadas limas em vez de
limões;
 Um exemplo de uma cultivar
produzida na África do Sul,
que é exportada é a Bearss,
que produz frutos grandes e
sem sementes
– Limas doces: são
geralmente usadas como
porta-enxertos.
Produção de limeiras em Moçambique

 Em Moçambique as
limeiras existem em
número reduzido (quer as
doces como as ácidas).

 A mais conhecida é uma


limeira ácida, cujos frutos
são vulgarmente
chamados “limão
xirochana”.
Cultivares de toranjeira e shadock
 A toranjeira e o shadock são espécies diferentes
com algumas características comuns.
 Ambas possuem frutos arredondados com casca
amarela quando maduro;
 Ambas produzem uma substância amarga na
casca e película que envolve os gomos
 Ambas possuem cultivares pigmentadas e não
pigmentadas
– O pigmento que dá a cor vermelha (licopeno) é
activado pelo calor e degrada com temperaturas
baixas.
 O Shadock possui cultivares doces
Diferenças entre a toranjeira e o shadock
Característica Toranjeira Shadock
Porte da árvore Maior Menor
Frutos Menores, casca fina Maiores, casca grossa
Sementes Poliembriónicas Monoembriónicas
Gemas Glabras Pubescentes
Cultivares de toranjeira
 Principais cultivares:
1. Marsh Seedless
(branca);
2. Redblush (rosa
pálida);
3. Star Ruby (vermelha).

1 2 3
Fonte: Breedt (1988)
Produção de shadock em Moçambique

 Em Moçambique, o
shadock é produzido
apenas para o consumo
local;
 Possuem polpa rosada;
 Não existem cultivares
conhecidas.
Cultivares de tangerineira
SR-63

 Clementinas

SR-70

SRA-63 Nules Clementine

Fonte: Rensburg (1989)


Cultivares de tangerineira
 Satsumas

Selecção de Owari

Fonte: Rensburg (1988)


Produção de tangerinas em Moçambique

 Em Moçambique, a
Província de Inhambane
tem uma produção
considerável.
 Não se pode falar em
termos de cultivares pois
tratam-se de plantas
propagadas por
semente.
 Pensa-se que a cultivar
introduzida foi a
Imperador.
Cultivares de tangelo
(tangerineira x toranjeira)

Minneola

Fonte: Rensburg (1988)


Cultivares de tangor
(tangerineira x laranjeira doce)

Fonte: Rensburg (1988)


1, 4, 5. Kumquats; 2. Citrangequat; 3. Limequat; 6, 18-24. Tangerinas; 7, 8, 28-31, 33,
34. Laranjas doces; 9-11. Limões; 12-15. Limas; 16, 17. Tangelos; 25-27. Laranja azeda;
32. Tangor; 35, 38. Toranjas; 39. Shadock; 40, 41. Cidrão
1, 4, 5. Kumquats; 2. Citrangequat; 3. Limequat; 6, 18-24. Tangerinas; 7, 8, 28-31,
33, 34. Laranjas doces; 9-11. Limões; 12-15. Limas; 16, 17. Tangelos; 25-27.
Laranja azeda; 32. Tangor; 35,38. Toranjas; 39. Shadock; 40, 41. Cidrão.
Descrição geral da árvore
Tamanho da árvore e formato da copa
Espécie Altura da Formato da copa
árvore (m)
C. Sinensis ± 7 a 12 Redonda e compacta
(laranjeira)
C. reticulata ±3 Arredondada podendo ser
(tangerineira) ligeiramente cilindrica, densa e
com ramos finos
C. limon ±3a6 Redonda com os ramos
(limoeiro) frequentemente salientes, copa
aberta com ramos angulosos
C. paradisi ± 9 a 15 Arredondada a cónica
(toranjeira)
Descrição dos principais órgãos
 Raízes:
– Uma raiz principal e várias
laterais, nas quais se
encontram as raízes mais
finas que são responsáveis
pela absorção de água e
nutrientes. Estas são
abundantes e bem
desenvolvidas mas não
possuem pêlos radiculares;
– 80% das raízes absorventes
encontram-se nos primeiros
80-90 cm de profundidade.
Distribuição das raízes de limoeiro
enxertado em laranjeira azeda
Descrição dos principais órgãos
Caule lenhoso, normalmente erecto
e cilíndrico;
Ramos geralmente angulares
quando jovens, com espinhos
principalmente em plantas jovens,
plantas originadas de sementes,
ramos ladrões e em algumas
espécies (limeiras, Poncirus).
No caule (planta jovem) e nos
ramos (planta adulta) encontram-
se as gemas, geralmente
acompanhadas de um espinho.
Folhas
 Simples e persistentes com excepção do
Poncirus trifoliata (folhas trifoliatas e
caducas).
 O tempo de vida é de 3 anos em ramos
vegetativos vigorosos ou 15 meses em ramos
frutíferos.
 Características importantes para a
identificação das espécies:
– Cor da folha;
– Forma do limbo da folha;
– Asas do pecíolo;
– Aroma característico que se liberta ao esmagar uma
folha (das glândulas de óleo).
Folhas

Hume (1938)
Flores
 Hermafroditas em geral
(podem ocorrer
excepcionalmente flores
masculinas em limoeiros,
limeiras e no cidrão e
femininas nas Satsumas);
 Solitárias ou agrupadas;
 Inserção terminal ou axilar;
 Pétalas brancas,
amareladas, violáceas ou
rosadas;
 Ovário composto com 8 a
18 lóculos.
Fruto

Glândulas de óleo
essencial no epicarpo
ou epicarpo, que
geralmente é amarelo
ou cor de laranja

A parte interna ou polpa é


dividida em segmentos. Esta
parte do fruto é rica em
açúcares, ácidos, vitamina,
pectina, fibras e diferentes
ácidos orgânicos e potássio
Semente
Desenvolvimento vegetativo
 O crescimento depende de vários fluxos vegetativos
que ocorrem com a emissão de brotações;
– Número: 3 a 6;
– Duração: 4 a 6 semanas.
 Fase de repouso
– Durante parte do ano;
– Causas:
 Seca nos trópicos;
 Baixas temperaturas nas

regiões subtropicais e temperadas.


 Período de juvenilidade:
– Não há produção de flores (excepção: toranjeira);
– Duração de 2-3 anos em plantas enxertadas e 5-7 anos
em plantas provenientes de semente;
– Influenciado pelo vigor da planta e soma térmica.
Desenvolvimento reprodutivo
 Indução floral:
– Pela seca, nos trópicos;
– Pelo repouso invernal, nos sub-
trópicos.

 Algumas espécies/cultivares
podem florir:
– Várias vezes ao longo do ano,
em climas tropicais e
semitropicais;
– Uma única vez por ano, em
climas subtropicais.
Desenvolvimento reprodutivo
 Apenas cerca de 3% das flores
atingem o estado de fruto maduro.

 Causas da abcisão das flores:


– Factores fisiológicos e ambientais.

 Alternância de produção nas


tangerineiras e em algumas
cultivares de laranjeiras (solução:
redução das flores ou frutos
pequenos, manualmente ou
quimicamente, nos anos de carga).
Desenvolvimento reprodutivo
Fases de desenvolvimento do fruto da laranja Valência

Set Fase I. Divisão celular


e intensa (± 9 semanas)
Out
Nov Fase II. Fase de
a alongamento das
Mar células (aumento rápido
do tamanho do fruto)
Duração ± 30 semanas
Abr Fase III. Maturação
e (± 11 semanas)
Mai
Desenvolvimento reprodutivo
 Existem duas fases em que ocorre a queda
dos frutos:
– Uma fase inicial, que ocorre algumas semanas
depois da floração, em que caem flores e
frutos pequenos
 Causas: Polinização deficiente, stress hídrico ou
térmico, problemas nutricionais (níveis inadequados
de N), competição entre os frutos
– Queda de Novembro, que acontece quando os
frutos têm 10 a 30 mm de diâmetro
 Causas: temperaturas elevadas, combinadas com
baixa humidade relativa
Clima
 Podem ser cultivados em climas:
– Tropicais
 Estações secas e chuvosas alternadas e sem frio

invernal (Latitude: 0 a 20º);


– Semitropicais
 Verões quentes e chuvosose invernos frios e secos
(Latitude: 20-28º);
– Subtropicais
 Invernos frios e chuvosos e verões quentes e secos
(Latitude: 30-40º).
Temperatura
 Óptima: 23-32ºC
 Paralização do crescimento quando a
temperatura é > 39ºC e < 12,8ºC
 Temperaturas elevadas, principalmente à
noite
– prejudicam a indução floral (as temperaturas não
devem ser superiores a 19ºC) e a floração
– as laranjas e tangerinas não desenvolvem a sua
cor laranja característica
 Danos nas flores e frutos pequenos: < - 2ºC
 Morte da planta: < - 8ºC.
Precipitação
 Óptima: 1250-1850 mm/ano, bem
distribuída
 Mínima: 700 mm/ano
 Momentos críticos:
– Nos 2-3 anos de vida do pomar
– Entre a floração e a frutificação (Agosto-
Março).
 Em Moçambique a produção para
exportação não pode depender apenas da
precipitação.
As cores mais escuras (azuladas)
representam as zonas
moderadamente aptas
Precipitação
 Consequências da falta de água:
– Entre a floração e a frutificação:
 floração excessiva;

 queda dos frutos ainda pequenos;

 redução do tamanho do fruto.

– Durante a maturação dos frutos:


 Diminuição da percentagem de sumo;

 Aumento da acidez.
Humidade relativa
 Tem uma grande adaptação às condições
extremas.
 Humidade relativa alta:
– Ameniza o efeitos das temperaturas altas;
– Aumenta a proliferação de doenças.
 Humidade relativa baixa:
– Maiores perdas de água por transpiração.
Luminosidade
 Influência no desenvolvimento vegetativo,
floração, frutificação e qualidade dos
frutos.
 Baixa luminosidade:
– Diminui a quantidade e qualidade dos frutos.
 Alta luminosidade:
– Pode causar lesões, principalmente em
plantas jovens.
Ventos
 O efeito do vento depende:
– Velocidade do vento;
– Clima (temperatura e
humidade do ar);
– Fase de desenvolvimento da
planta.
 Plantas jovens:
– Quebra de ramos;
– Crescimento inclinado.
 Plantas adultas:
– Queda de folhas e flores;
– Manchas nos frutos.
Remane, 1999
 Influência do clima no desenvolvimento
vegetativo:
– Efeito da temperatura e luminosidade
(qualidade e intensidade) e precipitação.

 Influência do clima no desenvolvimento


reprodutivo:
– Efeito da temperatura, precipitação/humidade
(stress hídrico) na indução floral, floração,
queda das flores, no desenvolvimento do fruto;
– Efeito da temperatura, luminosidade, stress
hídrico/humidade, ventos na qualidade do fruto.
Aspectos do fruto influenciados pelo clima
 Forma: temperaturas e humidades elevadas, frutos maiores
 Tamanho: baixa humidade, frutos mais alongados ou olongos
 Cor ( efeito da temperatura nos diferentes pigmentos)
 Aspecto externo: humidade elevada e ventos fortes, frutos de
má qualidade externa
 Permanência dos frutos na árvore: temperaturas baixas,
maior tempo de permanência do fruto na árvore (depois de
maduro)
 Espessura da casca: menor em climas quentes e húmidos
 Teor de açúcares: maior em climas subtropicais não muito
frios em aumenta proporcionalmente com a luminosidade
 Teor de acidez: menor em climas com temperaturas mais
elevadas
 Vitamina C: é directamente proporcional a luminosidade
Solos
O solo ideal:
 Origem aluvionar;  Boa estrutura,
 Profundidade
porosidade e drenagem;
superior a 1 m;  pH entre 6,5 e 7,5
 Textura média (40-  Matéria orgânica  2%
60% de areia, 10-  Boa fertilidade;
20% de argila e 15-  Baixa salinidade.
20% de limo);
 5-10% de calcário;
Factores limitantes ao desenvolvimento radicular

 Camada rochosa sólida e pouco


decomposta;
 Camada de argila pesada;
 Baixa disponibilidade de nutrientes;
 Baixa disponibilidade de água para a planta:
– Solos muito arenosos (argila inferior a 10%);
– Solos pedregosos ou com camadas de rocha
ou argila pesada;
– Solos com conteúdo de argila e limo superior a
50% .
Influência do solo na planta e fruto

Em solos muito argilosos:


 Planta:  Fruto:
– Raízes menos – Menor;
abundantes; – Casca mais grossa;
– Menor porte da
– Menos sumo;
planta.
– Maior teor de
açucares e ácidos;
– Amadurece mais
tarde.
Propagação
 A propagação dos citrinos deve ser feita por enxertia.
– Os porta-enxertos são propagados por semente, usa-se de
preferência aqueles que tem sementes poliembriónicas;
– As cultivares são propagadas vegetativamente (enxertadas
no porta-enxerto seleccionado).

 Principal vantagem da enxertia (em relação a outros


métodos de propagação vegetativa):
– Possibilidade de uso de um porta-enxerto:
 adaptado às condições de clima e solo;
 resistente ou tolerante às doenças que atacam as raízes e o tronco
e às doenças virais;
Qualidades procuradas nos porta-enxertos
 Boa afinidade com a cultivar;
 Resistência ou tolerância a doenças:
– Gomose, tristeza, exocortis, xiloporose;
 Adaptação ambiental e edáfica;
 Determinado efeito sobre o desenvolvimento da
planta e eficiência produtiva:
– Desenvolvimento da copa;
– Produção;
– Longevidade da planta;
– Entrada em produção.
 Qualidade dos frutos (qualidade interna, externa
e tempo de conservação pós-colheita).
Combinações que mostram reacções de
incompatibilidade e morte das plantas
Comparação entre a planta enxertada e a planta
originada de semente
Porte e formato da copa da planta enxertada e da
planta originada de semente
Porta-enxertos mais importantes
 No mundo
– Laranja azeda
– Limão rugoso
– Limão cravo
– Poncirus trifoliata
– Citranges
– Citrumellos
 Em Moçambique
– Limoeiro rugoso
– Citranges Troyer e Carrizo
Características dos principais porta-enxertos
Recomendações na escolha do porta-enxerto
 Geral:
– Não usar um único porta-enxerto mas ter
diferentes porta-enxertos para as diferentes
cultivares.
 Específicas:
– Não usar laranjeiras doces e limoeiros onde
existe gomose;
– Não usar laranjeira azeda onde existe tristeza;
– Não usar limoeiros quando a qualidade da fruta
é importante.
O viveiro

O alfobre
O plantário
Operação de enxertia

Porta-enxerto pronto para ser enxertado (4mm , 25-30 cm altura)


Operação de enxertia

Colheita das gemas


Operação de enxertia

Corte em T direito no porta-enxerto


Operação de enxertia

Corte da gema a ser enxertada


Operação de enxertia

Colocação da gema no porta-enxerto


Propagação

Amarre da gema enxertada


Propagação

Corte a 15 cm acima da gema enxertada


Formas de educação da planta enxertada: a. corte total do porta-
enxerto; b. corte parcial; c. enrolamento e d. incisão anelar
Formas de educação: enrolamento do porta-enxerto
Formas de educação: corte parcial do porta-enxerto
Formas de educação: corte total do porta-enxerto
Início da poda de fromação (corte a 80 cm de altura)
Poda de formação

A – Ramos primários
B – Ramos secundários
C – Ramos terceários

Fonte: Simão (1998)


Implantação do pomar
 Escolha do local
 Escolha da cultivar
 Plano e traçado do pomar
 Compassos
– 4 x 4 m, 4 x 6 m, em filas simples (antigamente
usava-se o compasso de 8 x 8 m)
– 2,5 x 2,5 x 6 m, em filas duplas
 Aquisição de mudas
– Aspectos de qualidade das mudas
– Aspectos a considerar na produção ou
encomenda das mudas
Aquisição das mudas
Adubação
Adubos mais recomendados
Nome do adubo % do nutriente
Ureia 46% N
Nitrato de amónio calcário 28% N e 4% CaO
Sulfato de amónio 21% N
UAN 32%N
Superfosfato simples 10,5% P2O5 e 16% S
Superfosfato duplo 19,6% P2O5
Cloreto de potássio 50% K2O
Sulfato de potássio 40% K2O
Nitrato de potássio 38% K2O e 13% N
Adubação
Sintomas de deficiência
Rega
 Não é possível produzir para a exportação em
regime de sequeiro

 Períodos em que não deve faltar água


– Estágio inicial de vida do pomar
– Desde a floração ao desenvolvimento do fruto

 Antigamente muitos dos pomares eram irrigados


por gravidade e gradualmente vem sendo
substituídos por aspersão e micro-aspersão
Controle de infestantes
 Recomendação: ceifa manual ou mecânica
entre linhas, herbicidas dentro da linha
quando as plantas são pequenas
– Vantagens
 Maior conservação da agua

 Evita a erosão

– Desvantagens
 Maior uso de mão-de-obra e tempo, se for manual

 Não pode ser usado quando se rega por gravidade


Podas

Poda lateral
Principais doenças
 Doenças de fungos
– Podridão ou gomose de Phytophthora
(P. parasitica)
O controle da gomose
 Controle preventivo
– Produção de mudas livres de gomose
 Inspecção cuidadosa dos viveiros
 Tratamento da semente
 Tratamento da água e solo
 Evitar o contacto das plantas com o solo infectado
 Eliminação das plantas infectadas
 Fazer a enxertia a 20 cm de altura
– Práticas culturais nos pomares
 Usar solos bem drenados
 Sistemas de rega que não molhe o tronco e que alaguem os
solos
 Evitar sachas mecânicas e manuais próximo das plantas
– Uso de porta-enxertos tolerantes
Outras doenças fúngicas

Mancha preta
(Guignardia citricarpa)

Verrugose (Elsinoe fawcetti)


Doenças de vírus e similares

– Tristeza
 Amarelecimento das plântulas

 Caneluras

 Declínio súbito

– Psorose
– Exocortis

– Formas de saneamento dos vírus, viróides, etc.


 Termoterapia

 Uso de clones nucelares

 Micro-enxertia do ápice caulinar

– A pré-imunização e indexação
Principais Pragas
 Cochonilhas
– Cochonilha vermelha (Aonidiella aurantii)

– Cochonilha dos citrinos (Planococcus citri)


– Cochonilha castanha (Coccus hesperidium)
– Outras: Ceroplastes brevicauda, Ceroplastes
destructor, Icerya purchasi
Lagartas

Lagarta americana
(Helicoverpa armigera)

Lagarta cão (Papilio demococus)

Lagarta mineira (Phyllocnistis citrella)


Ácaros

Ácaro da ferrugem
(Phyllocoptruta oleivora)

Ácaro dos gomos


(Aceria sheldoni)
Trips (Scirtothrips aurantii)

Afídeos
(Toxoptera citricidus)
Os nemátodos e as doenças não patogénicas

 Nemátodos
– O nemátodo dos citrinos
(Tylenchulus semipenetrans)

 Doenças não patogénicas


– Quimeras
– Fendilhamento dos frutos
– Oleocelose ou mancha
gordurosa dos frutos
Colheita e beneficiamento
 O processo de maturação nos citrinos;
 Determinação do momento de colheita:
– sólidos solúveis totais/acidez;
– % de sumo.

 A operação da colheita
O beneficiamento e empacotamento dos frutos

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