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1.INTRODUÇÃO ................................................................................................................................. 3
Conclusão ............................................................................................................................................. 16
Bibliografias......................................................................................................................................... 17
Poderíamos citar, também, o caso particular de uma família, acostumada a gastar uma certa
quantia em educação e que em um determinado momento as mensalidades dos colégios dos
filhos em idade escolar são reduzidas. A família gastará menos em tais serviços, o que
significa uma maior disponibilidade de renda a ser gasta em outros bens e serviços ou
poupada.
Como já sabemos que, o mercado é, em uma definição económica simples, o encontro entre
ofertantes e demandantes de certo produto ou serviço, seja em local determinado, seja por
comunicação electrónica ou por outros meios.
Inicia-se aqui o estudo da economia do bem-estar, que envolve a análise de como a alocação
dos recursos escassos afecta o bem-estar económico. Sem dúvida, produtores e consumidores
se beneficiam por participarem do mercado, uma vez que aqueles conseguem vender aí seus
produtos e estes conseguem aí os bens e serviços cujo consumo consideram necessários. Mas,
reformulando a pergunta feita acima, é possível dizer que o equilíbrio de mercado maximiza o
bem-estar económico de uma sociedade?
Preço em MT
50
Disposição para pagar de Cláudia
Demanda
0 1 2 3 Quantidade
Para qualquer preço acima de 30 e abaixo de 50, temos um consumidor disposto a pagar pelo
prato de xipsi Mayaya (Cláudia). O excedente do consumidor é, portanto, equivalente à
diferença entre50 (disposição para pagar de Cláudia) e o valor do prato. A 30, temos que o
excedente do consumidor de Cláudia será igual à área sombreada. Temos, assim, um
excedente do consumidor igual a 20. Isso significa que Cláudia pagou 20 a menos pelo prato
de Xipsi Mayaya do que estaria disposta a pagar.
Preço
MT Preço: 30
50
30
20
Demanda
0 1 2 3 Quantidade
Analisemos agora qual o excedente do consumidor ao preço de 20. Veja o gráfico a seguir.
Nesse gráfico, está representada uma situação em que o preço do prato de sushi é igual a 20.
A esse preço, sabemos que os três consumidores estariam dispostos a consumir o prato de
Xipsi Mayaya, mas como a disposição para pagar de Pedro é igual a 20, não temos excedente
do consumidor para Pedro a esse preço.
Pelo gráfico, podemos perceber que o excedente do consumidor de Cláudia, aqui representado
pela área sombreada mais clara, seria igual a 30. Da mesma maneira, o excedente do
consumidor de Maísa, representado pela área sombreada mais escura, é igual a R$10. Temos,
portanto, que o excedente do consumidor total, ao preço de 20, é igual à soma das duas
áreas sombreadas, ou seja, é igual a 30 + 10 = 40.
50
30
20
Demanda
0 1 2 3 Quantidade
Preço
A
Excedente do Consumidor
para o preço P1
P1
B C
Demanda
Q1 Quantidade
Considere agora outra situação, com referência ao mesmo mercado, em que se estabelece um
preço P2, menor que o preço P1. Assim, teremos que:
Preço
A
Excedente do Consumidor
para o preço P2
B
P1 C C
P2 F
D E
Demanda
Q1 Q2 Quantidade
Como demonstrado acima, o excedente do consumidor inicial, a um dado preço P1, era igual à
área sombreada mais clara, correspondente à área do triângulo ABC. Agora, a um preço P 2
menor que P1, temos que o excedente do consumidor para os compradores iniciais (isso é,
aqueles que compravam esse produto quando o preço era igual a P1) aumentou, como se pode
ver pela área sombreada mais escura, correspondente ao rectângulo BCED.
Além disso, há uma nova quantidade de compradores (Q2 – Q1) disposta a também adquirir
esse produto, caso seja comercializado ao preço P2. Temos, assim, que o excedente do
consumidor para os novos compradores corresponde à área quadriculada no gráfico,
correspondente à área do triângulo CEF. Desse modo, temos que o excedente do consumidor
total a um preço P2 equivale ao somatório das áreas do triângulo ABC, do rectângulo BCED e
do triângulo CEF, ou simplesmente à área do triângulo maior ADF.
Como vimos acima, o excedente do consumidor mede objetivamente o benefício que o consumidor
recebe ao adquirir um bem, de acordo com o seu próprio ponto de vista. O excedente do consumidor é,
portanto, uma medida do bem-estar econômico, e quanto maior o seu valor, maior o benefício aos
consumidores desse mercado.
Como o valor pago pelos compradores é igual ao valor recebido pelos vendedores, esses dois
valores irão se anular na fórmula do excedente total descrita acima, e teremos, assim, que:
Logo,
Dessa maneira, temos que o excedente total do mercado corresponde à diferença entre a
disposição para pagar e os custos de produção.
Mas afinal, qual é essa situação na qual se maximiza o excedente total? Em que situação
podemos dizer que chegamos à “eficiência de mercado”?
De acordo com o que vimos acima, referente aos excedentes do consumidor e do produtor a
determinados preços P1 e P2, por exemplo, podemos dizer que, no ponto em que as curvas de
oferta e demanda se cruzarem no espaço (ou seja, no ponto de equilíbrio), teremos uma
situação que maximiza o excedente total desse mercado, como demonstrado na representação
gráfica ao lado.
E
Preço
Oferta
Preço de
Equilíbrio
Demanda
QE Quantidade
Na área sombreada mais escura, temos o excedente do consumidor e, na área sombreada mais
clara, o excedente do produtor. O excedente total corresponde, portanto, à soma dessas duas
áreas.
Preço
Oferta
Preço de
Equilíbrio
Preço máx
Demanda
Q Quantidade
Assim, podemos afirmar que é no equilíbrio de mercado que alcançamos a eficiência. Isso nos
permite dizer que o mercado livre aloca a oferta aos compradores que atribuem um valor
Autor: Sergio Alfredo Macore Smacore@isced.ac.mz 8846458829
máximo a um bem e a demanda aos produtores com o mínimo custo de produção. Para preços
maiores que o preço de equilíbrio, o valor para os compradores é maior que o custo para os
produtores.
Para preços menores que o preço de equilíbrio (como no gráfico ao lado, que representa a
imposição de um preço máximo pelo Governo), o valor para os compradores é menor que o
custo para os produtores. Pelo gráfico, percebe-se que a quantidade Q que será comercializada
é inferior à quantidade de equilíbrio (uma vez que, a esse preço, os ofertantes desejam vender
uma quantidade menor do produto). O excedente total, portanto, corresponde à soma das áreas
dos trapézios representadas no gráfico (e é, claramente, menor que aquele em uma situação de
equilíbrio de mercado). Em ambas as situações, não temos uma situação de eficiência de
mercado. Assim, é a quantidade de equilíbrio que maximiza a soma dos excedentes do
produtor e do consumidor.
No ponto 2, apresentamos que como o indivíduo é maximizador, em termos de valor total dos
bens que possui, das suas decisões (quanto a comprar e vender bens e serviços) resulta um
ganho que varia com o preço da troca. Também no ponto 3, considerando o comprador como
um intermediário, apresentei que o ganho do comprador varia com o preço. De forma
simétrica, temos o ganho do vendedor. Apresentei nos pontos 2 e 3 que, somando o ganho dos
compradores e dos vendedores, o máximo se obtém no preço de equilíbrio de concorrência
perfeita.
No ponto 2 (em termos de valor) apresentei que a curva da procura do indivíduo é obtida
numa perspectiva incremental, respondendo à seguinte questão: Sendo que o preço é p e o
indivíduo já adquiriu d0, será que aumenta a sua utilidade se adquirir d1 = d0 +d?
Sendo assim, determinado que ao preço p o indivíduo pretende adquirir a quantidade d(p),
então está disponível para ter como despesa pd(p). Se o preço descer para p’ = p – p, então
pode adquirir a mesma quantidade d(p) por apenas (p – p)d(p). Desta forma sobra-lhe o
Autor: Sergio Alfredo Macore Smacore@isced.ac.mz 8846458829
dinheiro Pd(P) Metical que pode gastar noutras coisas. Assim, sendo que o indivíduo
adquire a mesma quantidade, o ganho monetário induzido pela descida do preço o
representado no seguinte quadrado sombreado:
Vamos assumir que é óptimo eu ficar no distrito de Namuno 4 dias se o preço for P por dia
mas que aumenta para 5 dias se o preço for P’ por dia. Então, eu vou ganhar na mesma nos 4
dias 4x(P –P’) e mais um bocadinho pelo dia adicional que para mim vale menos que P senão
inicialmente iria 5 dias.
Desta forma, o ganho do consumidor induzido pela descida do preço vem aumentado de uma
outra pequena parcela:
Por exemplo, o indivíduo vai ver um jogo de futebol se o preço for inferior a 10 Metical (é o
seu preço de reserva), e vai ver dois jogos de futebol se o preço for inferior a 6 Metical.
No limite, para variações infinitesimais do preço em que o consumidor pode rever a sua acção
para todas as variações do preço (função procura contínua), o ganho do consumidor induzido
pela descida do preço será toda a área à direita e abaixo da curva da procura localizada entre P
e P’.
Por exemplo, sendo que inicialmente o preço era de 30 meticais por peça e desceu até P’ de
15 meticais por peça, então o ganho do consumidor vem dado pela área à direita da curva da
procura compreendida entre P = 30 e P´ = 15 meticais por peça:
Excedente do consumidor
Na figura, o ganho dos vendedores corresponde à área à esquerda e acima da curva da oferta.
Sendo que o preço de reserva é zero e o preço afixado é P’, então o ganho total dos
vendedores e dos consumidores vem representado na figura seguinte pela zona sombreada
inferior:
Desta figura, torna-se óbvio (uma vez mais) que o máximo da soma do excedente do
consumidor com o excedente do vendedor se verifica no preço de concorrência perfeita.
Por exemplo, se o preço de mercado for maior que o máximo que os vendedores afixariam se
fossem monopolista, havendo uma redução do preço todos beneficiam (por exemplo, na fig.
12, p. 66, para um preço superior a 17,1). Nos casos em que todos melhoram pela intervenção
pública, não há dúvida que a intervenção deve ser implementada.
No entanto, existem situações em que para um indivíduo melhorar, outros têm que piorar
(denominadas por situações óptimo Pareto). É o caso de querermos aumentar o excedente do
Por exemplo, a não existência de comércio livre a uma escala global prende-se,
principalmente, pela dificuldade de avaliar os ganhos do comércio para cada país
(desconhecimento das isoquantas) e fazer a sua distribuição de forma justa entre os indivíduos
(nem todos os indivíduos de um país têm o mesmo ganho-ver o exemplo do efeito negativo da
união europeia nos agricultores Moçambicanos).
Chegando o fim deste trabalho, ficou evidente de que, o excedente do consumidor é um dos
componentes do excedente económico, conceito que ganhou popularidade com o economista
inglês Alfred Marshall. Resumidamente falando, ele é o ganho financeiro obtido pelo
consumidor quando ele compra um bem ou um serviço por um preço abaixo do qual estava
disposto a pagar.
Para os economistas, mais importante do que o valor em si, é a sensação de bem-estar que
esse facto gera. Quanto mais disseminada ela for, maior a propensão ao consumo na
sociedade, o que impacta positivamente no crescimento económico.
Dai que, o pensamento económico dominante prevê a possibilidade de, numa transacção
efectuada voluntariamente entre duas entidades, ambas obterem ganhos ou benefícios, sendo
que, de outro modo, não a efectivariam. Neste contexto, torna-se por vezes importante medir
ou avaliar o benefício obtido pelas partes envolvidas numa determinada troca ou transacção.
Daqui nascem os conceitos de excedente do produtor (medida do benefício obtido pela
empresa ou produtor) e excedente do consumidor.
Samuelson, Paul A. e William D. Nordhaus, 1997, Economics (16th ed., 1st ed. 1948),
McGraw-hill, New York.
Varian, Hall (1999), Intermediate Microeconomics (5th ed), WW Norton&Company, New
York.