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CENTRO UNIVERSITÁRIO CURITIBA

FACULDADE DE DIREITO DE CURITIBA

JOAQUIM DE ALMEIDA BRASILEIRO

CONCESSÃO E PERMISSÃO DE PORTOS SECOS E SUA IMPLICAÇÃO NO


DESPACHO ADUANEIRO DE EXPORTAÇÃO E IMPORTAÇÃO

CURITIBA
2022
JOAQUIM DE ALMEIDA BRASILEIRO

CONCESSÃO E PERMISSÃO DE PORTOS SECOS E SUA IMPLICAÇÃO NO


DESPACHO ADUANEIRO DE EXPORTAÇÃO E IMPORTAÇÃO

Monografia apresentada como requisito


parcial à obtenção do grau de bacharel em
Direito, do Centro Universitário Curitiba

Orientadora: Profª Ana Luiza Chalusnhak; Me.

CURITIBA
2022
JOAQUIM DE ALMEIDA BRASILEIRO

CONCESSÃO E PERMISSÃO DE PORTOS SECOS E SUA IMPLICAÇÃO NO


DESPACHO ADUANEIRO DE EXPORTAÇÃO E IMPORTAÇÃO

Monografia aprovada como requisito


parcial para obtenção do grau de Bacharel
em Direito do Centro Universitário
Curitiba, pela Banca Examinadora
formada pelos professores:

_____________, ____ de _______________de 20____.


Local dia mês ano

_______________________________________________
Profª orientadora Ana Luiza Chalusnhak
Centro Universitário Curitiba

______________________________________________
Prof (ª) Membro da banca
AGRADECIMENTOS

Gostaria de agradecer ao Centro Universitário Curitiba, pela oportunidade de


construção do meu aprendizado, e desenvolvimento no curso de direito, com
professores exemplares, comprometidos e dedicados à educação das ciências
jurídicas, bem como os colegas e amigos que conheci, em trabalhos em grupos, por
afinidades e visões de mundo semelhantes.
De um modo muito especial, a minha professora orientadora, Ana Luiza
Chalusnhak, que sempre me incentivou, motivou e me orientou de forma ímpar na
construção deste trabalho.
Agradeço também aos meus pais, pela educação recebida, e pelos valores
que eles me transmitiram ao longo da minha infância e adolescência, os quais
permanecem até hoje. Também, a minha filha, Juliana, que sempre me apoiou com
palavras de amor, carinho, e incentivo para que eu pudesse seguir com o meu
projeto para cursar o direito, que eu aprendi a amar.
RESUMO

O presente estudo em tela, possui o objetivo central de demonstrar a


importância da prestação de serviços públicos por parte do Estado, no que diz
respeito à concessão e permissão, com base na vigência das Leis no. 8.987/95 e
9.074/95, que criou estes institutos de direito, atinentes à Administração Pública
Federal, em especial a Secretaria da Receita Federal do Brasil (SRFB), órgão
responsável pelo controle e fiscalização da aduana brasileira em todo território
nacional, no acompanhamento, monitoramento das atividades aduaneiras em
comércio exterior do Brasil, bem como na arrecadação dos respectivos tributos
gerados nesta área.
As atividades operacionais na exportação e importação (comércio exterior),
tiveram um grande impulso a partir da década de 90 no governo Collor, quando o
Brasil, realizou a sua abertura comercial, e consequentemente um grande avanço
nos volumes de exportações e importações, comercializados pelo Brasil com os
demais países do mundo, há que se observar que também o fenômeno da
globalização à época teve o seu grande movimento expansionista do comércio
mundial, o que possibilitou ao Brasil a sua inserção acentuada no mundo
globalizado.
No bojo da abertura expansionista, verificada no Brasil em seu comércio
exterior e adicionalmente o processo de globalização em curso à época, novas
demandas econômicas, especificamente nas exportações e importações brasileiras
com o enfoque na prestação de serviços operacionais em comércio exterior, a fim de
desafogar os volumes cada vez maiores concentrados, nos portos, aeroportos e
postos de fronteiras, nas atividades de: armazenagem, movimentação, transporte
rodoviário e despacho aduaneiro de exportação e importação. Nesta “esteira” surge
a grande necessidade de criação de novos de aduana, ou seja, a interiorização da
aduana em território nacional, com a finalidade de descentralizar e agilizar as
atividades operacionais em um único local, com todos estes serviços integrados, o
que culminou com a criação das Estações Aduaneiras de Interior, ou seja, os Portos
Secos.
Portanto, a participação do Estado com a delegação de prestação de
serviços ao setor privado (particular) com a observância de todo processo licitatório,
com base nas leis vigentes, citadas anteriormente, vem atender esta demanda, na
busca incansável da eficiência, qualidade e redução dos custos dos serviços
prestados aos cidadãos.

Palavras-chave: Concessão; Permissão, Leis no. 8.987/95 e 9.074/95;


Exportação; Importação; Despacho Aduaneiro; Porto Seco; EADI; Lei no. 5.025/66;
Eficiência; Qualidade; Redução de Custos; Estado.
ABSTRACT

The present study on screen has the central objective of demonstrating the
importance of the provision of public services by the State, with regard to concession
and permission, based on the validity of Laws no. 8,987/95 and 9,074/95, which
created these institutes of law, related to the Federal Public Administration, in
particular the Federal Revenue Service of Brazil (SRFB), the body responsible for the
control and inspection of Brazilian customs throughout the national territory, in
monitoring , monitoring of customs activities in foreign trade in Brazil, as well as the
collection of the respective taxes generated in this area.
Operational activities in export and import (foreign trade) had a great boost
from the 90's in the Collor government, when Brazil, carried out its commercial
opening, and consequently a great advance in the volumes of exports and imports,
commercialized by the Brazil with other countries in the world, it should be noted that
the phenomenon of globalization at the time also had its great expansionist
movement of world trade, which made possible for Brazil its accentuated insertion in
the globalized world.
In the midst of the expansionist opening, verified in Brazil in its foreign trade
and in addition to the globalization process underway at the time, new economic
demands, specifically in Brazilian exports and imports with a focus on the provision of
operational services in foreign trade, in order to relieve the increasing volumes
concentrated, in ports, airports and border posts, in the activities of: storage,
handling, road transport and customs clearance for export and import. In this
"treadmill" arises the great need to create new customs, that is, the internalization of
customs in the national territory, with the purpose of decentralizing and streamlining
operational activities in a single place, with all these services integrated, which
culminated in with the creation of the Inland Customs Stations, that is, the Dry Ports.
Therefore, the participation of the State with the delegation of services to the
private sector (private) with the observance of the entire bidding process, based on
the laws in force, mentioned above, comes to meet this demand, in the relentless
pursuit of efficiency, quality and reduction of the costs of services provided to
citizens.

Keywords: Concession; Permission, Laws no. 8,987/95 and 9,074/95; Export;


Import; Customs clearance; Dry Port; EADI; Law no. 5,025/66; Efficiency; Quality;
Cost Reduction; State.
SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ...............................................................................................3
2. A EVOLUÇÃO DO COMÉRCIO EXTERIOR BRASILEIRO COMO
POLÍTICA PÚBLICA DE ESTADO………………………………………………………..6
3. ASPECTOS FUNDAMENTAIS DA PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS
PÚBLICOS ………………………………………………………………………..………..16
3.1 CONCEITOS PRELIMINARES.....................................................................16
4. A EFICIÊNCIA DO ESTADO E DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA NA
CONCESSÃO E PERMISSÃO NA PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS PÚBLICOS DE
PORTOS SECOS A EMPRESAS PRIVADAS...........................................................38
5. CONCESSÃO E PERMISSÃO DE EXTENSÕES ADUANEIRAS E DE
TERMINAIS OPERACIONAIS ALFANDEGADOS E SUAS ATRIBUIÇÕES............45
6. PROCEDIMENTOS ADMINISTRATIVOS DO DESPACHO ADUANEIRO DE
EXPORTAÇÃO.........................................................................................................57
7. PROCEDIMENTOS ADMINISTRATIVOS DO DESPACHO ADUANEIRO DE
IMPORTAÇÃO...........................................................................................................61
8. CONSIDERAÇÕES FINAIS..........................................................................64
9. REFERÊNCIAS.............................................................................................69
10. ANEXOS
3

1. INTRODUÇÃO

O comércio exterior brasileiro tem apresentado um crescimento exponencial


nos últimos anos, em especial, a partir da década de 90 até os dias atuais. O marco
histórico deste crescimento tem sua trajetória de sucesso, quando o Brasil criou a
sua Política Pública de Estado em seu comércio exterior por meio da Lei de no. 5025
de 10 de junho de 1966, com a criação do Conselho de Comércio Exterior e as
respectivas atividades e responsabilidades de seus agentes públicos e da sua
Administração Pública que estão correlacionadas ao comércio exterior brasileiro.
Desde então, o Brasil vem acumulando um crescimento vertiginoso em sua no
comércio internacional no mundo globalizado, fazendo parte de um clube seleto dos
maiores players do comércio global. Contudo, a partir dos anos 90, no governo
Collor houve um crescimento de maior solidez no comércio exterior brasileiro,
porque a partir deste governo, que foi o primeiro governo civil, e que deu início ao
processo de redemocratização do Brasil.
Nesta época, mas precisamente em março de 1990 quando se inicia o
governo Collor, o nosso país possuía uma economia extremamente fechada e com
um grau de proteção inimaginável à indústria nacional e consequentemente aos
seus respectivos produtos e serviços produzidos no Brasil, em contrapartida o
consumidor brasileiro que arcar com preços abusivos por falta de concorrência e
ainda adquirir produtos infinitamente aos outros países do mundo globalizado, ou
seja, preços maiores por produtos com inferioridade tecnológica e com um alto nível
de obsolescência. Desta forma, a situação que o Brasil vivia naquele momento,
frente aos países mais industrializados do mundo, se fez mister, que o governo
Collor efetuasse uma modernização na Política Pública de Estado, no que concerne
ao comércio exterior, e sempre executada pelo Poder Executivo, ancorado pelo
Órgãos da Administração Pública, como, a Secretaria de Comércio Exterior,
vinculada ao Ministério da Economia, Secretaria da Receita Federal do Brasil ,
vinculada ao Ministério da Economia, Ministério das Relações Exteriores e pelo
Banco Central do Brasil, os quais são os principais Órgãos da Administração
Pública, que suportam as atividades comerciais e operacionais, necessárias para a
eficiência do comércio exterior brasileiro. Neste sentido, diante das necessidades
prementes no comércio exterior à época, foram desencadeadas algumas
4

implementações comerciais e operacionais, uma das primeiras ações naquele


governo dos anos 90, foi sem dúvida a implementação da abertura do Brasil ao
comércio internacional mundial, já que o nosso país era um dos últimos países que
ainda não havia se inserido no mundo globalizado, notadamente com o enfoque na
força motriz, desenvolvida inicialmente pelos países centrais (desenvolvidos), que se
iniciou de forma mais contundente nos anos 80 e que o Brasil como integrante dos
países periféricos (em desenvolvimento), aderiu com uma década de atraso,
conforme exposto anteriormente, essencialmente marcado, pelo excesso de
protecionismo, ineficiência, falta de tecnologia e consequentemente a falta de
competitividade, porque na verdade o mercado brasileiro era somente das empresas
nacionais, ou seja, a economia brasileira à época era dominada por um pequeno
grupo de empresas e empresários nacionais, o que se chama na economia de
oligopólio. E o governo Collor abriu as fronteiras do comércio exterior brasileiro ao
mundo, com as suas primeiras medidas, de aspectos comerciais que foram a queda
de barreiras alfandegárias de vários produtos, em especial, nos segmentos
econômicos como, a indústria de informática, indústria de brinquedos, indústria têxtil
e a indústria automobilística. A logístIca desta abertura comercial ao mundo
globalizado, ficou muito evidenciada pela adoção das barreiras alfandegárias, que
no comércio internacional no mundo, são simbolizadas pelas alíquotas do imposto
de importação, ou seja, o que houve à época foi uma grande quebra de paradigma,
porque o Brasil, com alíquotas do imposto de importação tão baixas em relação
como estava anteriormente, o nosso país “sinalizou” ao mundo globalizado, que
finalmente havia aderido ao mundo globalizado e o seu processo globalizante,
tardiamente mas o fez, aqui obviamente com o enfoque econômico. Esta abertura foi
muito importante porque foi aos poucos “desfazendo” o domínio de um grupo de
empresas e empresários nacionais (oligopólio), como também, proporcionando aos
consumidores e aos cidadãos brasileiros, um, acesso a uma grande variedade de
produtos estrangeiros (internacionais) com preços e tecnologias melhores,
comparativamente aos produtos nacionais. E neste momento, as indústrias
nacionais, enfrentam uma concorrência internacional, que tem como consequências,
a necessidade de suas respectivas modernizações tecnológicas, com aumento de
investimentos em suas fábricas, para competirem com os novos entrantes
econômicos em território nacional.
Para além das importantes medidas de abertura do comércio exterior
5

brasileiro, ao mundo globalizado, há que se enfatizar que as mesmas, foram


acompanhadas de medidas também importantes como a implantação do
SISCOMEX (Sistema Integrado de Comércio Exterior) que trouxe a modernização
operacional, por meio da informatização para todos os despachos aduaneiros de
exportação e importação e a sua correlação com o desenvolvimento destas
atividades no âmbito do porto seco.
6

2. A EVOLUÇÃO DO COMÉRCIO EXTERIOR BRASILEIRO COMO POLÍTICA


PÚBLICA DE ESTADO

As medidas comerciais e operacionais, implementadas no comércio exterior


a partir dos anos 90, foram fundamentais , seja nos aspectos comerciais com a
abertura do comércio exterior ao comércio internacional, como também pelas
medidas de aspectos operacionais, que representaram em seu conjunto, um norte
de grande crescimento e fortalecimento do comércio exterior brasileiro, no que tange
ao aumento significativo da participação brasileira, e do conjunto de suas empresas
nacionais, e consequentemente dos seus produtos no mundo. Condição
inquestionável nos dias de hoje, mas que nos anos 90 representou uma mudança
significativa e necessária, com a quebra de paradigma do modelo econômico e de
comércio exterior brasileiro.
A implementação de um conjunto de procedimentos administrativos para os
despachos aduaneiros na exportação e importação, os quais passaram a ser
informatizados por um sistema oficial, como Política Pública de Estado, que
integrava e ainda integra todas as operações de comércio exterior do Brasil, com a
participação e controle dos Órgãos da Administração Pública, foi um marco
extraordinário à sua época, que “colocou” o Brasil entre os países com sistemas
operacionais mais modernos do mundo, na área de comércio exterior, porque
anteriormente não havia nenhum sistema que controlasse de forma efetiva todas as
operações de exportação e importação em nosso país, ou seja, as operações eram
manuais e impressas por meio de registros em formulários próprios, como as guias
de exportação e importação, e cada empresa que atuava no comércio exterior
brasileiro, deveria preencher estas guias, de acordo com as suas necessidades na
exportação ou importação, e também deveriam protocolar as mesmas nas agências
do Banco do Brasil, e também pagar 1,8% sobre o valor de exportação ou
importação, mencionados nas respectivas guias, e aguardarem o deferimento ou
indeferimento, em até 7 dias úteis por parte da agência do Banco do Brasil.1
Nesta mesma agência do Banco do Brasil, a qual recepcionava estas guias,
e era responsável, e sem nenhum controle por parte dos Órgãos da Administração
Pública, especialmente, a Secretaria da Receita Federal do Brasil (SRFB),

1
DIAS, Reinaldo, RODRIGUES, Waldemar. Comércio Exterior Teoria e Gestão. São Paulo: Atlas,
2009, p.221.
7

Secretaria de Comércio Exterior (SECEX), e Banco Central do Brasil (BACEN), o


que propiciava eventuais “desmandos” por parte das empresas atuantes no
comércio exterior brasileiro à época, porque nenhum destes Órgãos principais,
responsáveis pela execução e controle do comércio exterior brasileiro, conseguiam
exercer as suas funções com fulcro no artigo 37 da Constituição Federal de 1988,
porque todas as informações operacionais realizadas, pelas empresas exportadoras
e ou importadoras, não estavam em nenhum sistema oficial de Estado, que
propiciasse a estes principais Órgãos da Administração Pública, o controle e a
fiscalização de fato e de direito, ou seja, um sistema oficial de Estado, e que fizesse
uma consolidação de todas as informações relativas de todas as exportações e
importações de um determinado período.2
Desta forma, a partir de 1992, nasce o SISCOMEX (Sistema Integrado de
Comércio Exterior), que passou a integrar todos os dados operacionais referentes às
exportações e importações brasileiras em um único sistema oficial do Estado
Brasileiro, vigente até os dias atuais, em sistema informatizado e que também
integrou os Órgãos da Administração Pública, como, a Secretaria da Receita Federal
do Brasil (SRFB), Secretaria do Comércio Exterior (SECEX) e o Banco Central do
Brasil (BACEN),ou seja, estes Órgãos da Administração Pública passam a fiscalizar
e controlar todas as operações em comércio exterior do Brasil, com um sistema
único e oficial do Estado, a partir de uma nova lógica, onde as empresas, que
pretendem exportar ou importar, devem estar cadastradas previamente na
Secretaria da Receita Federal do Brasil (SRFB), como condição essencial para
atuarem no comércio exterior brasileiro. É importante ressaltar, que além da
necessidade de cadastramento prévio das empresas, as informações aduaneiras,
como, classificação fiscal ou classificação tarifária referentes aos produtos, modais
de transportes internacionais adotadas nas exportações ou importações, fretes
internacionais, despesas de armazenagem, despesas de movimentação e os
Incoterms (Termos de Negociação Internacional), são passíveis de controle e
fiscalização da SRFB.3
Este controle e fiscalização, exercido pela Secretaria da Receita Federal do
Brasil, ocorre por meio dos despachos aduaneiros de exportação e importação, os
quais são os procedimentos aduaneiros com fulcro na legislação aduaneira aplicável

2
RATTI, Bruno. Comércio Internacional e Câmbio., 11ª. Ed. São Paulo: Aduaneiras, 2006, p. 220.
3
ROCHA, Paulo Cesar Alves. Regulamento Aduaneiro. São Paulo: Aduaneiras, 2005, p.89.
8

nas atividades operacionais do comércio exterior brasileiro, reguladas pelo


Regulamento Aduaneiro (RA), que contém decretos-lei, instruções normativas e
portarias, que controlam e fiscalizam, as exportações e as importações no âmbito
aduaneiro. Cabe ressaltar que a Secretaria da Receita Federal do Brasil, como um
dos principais Órgãos da Administração Pública no comércio exterior brasileiro,
possui como funções4: a fiscalização e o controle da arrecadação dos tributos nas
operações de exportações e importações, bem como, controlar e fiscalizar os
eventuais descaminhos e evasão de divisas, que constituem práticas ilícitas, as
quais podem ser desenvolvidas, eventualmente, pelas empresas que operam no
comércio exterior brasileiro. Todas as informações aduaneiras, mencionadas
anteriormente, que são passíveis de controle e fiscalização da SRFB, são
demonstradas pelos despachos aduaneiros de exportação e importação, ou seja,
após o cadastramento das empresas pela SRFB, e com, o deferimento por este
Órgão da Administração Pública, que se chama REI – Registro de Exportadores e
Importadores, com todas as informações analisadas e checadas pela SRFB sobre
as empresas, que pretendem atuar no comércio exterior, e quando as mesmas
iniciarem as suas operações nas exportações e importações, estas empresas,
devem constituir um despachante aduaneiro, que é um profissional nomeado pela
SRFB, mediante aprovação em processo seletivo e critérios adotados pela
Secretaria da Receita Federal do Brasil, sendo que esta nomeação se dá com a
publicação do nome da pessoa física e o seu respectivo CPF, que poderá exercer
esta função pública, e o mesmo requer uma simples procuração, a qual é concedida
pela empresa, diretamente no sistema da SRFB, Desta forma, o despachante
aduaneiro passa a representar o seu cliente (empresa), nas suas exportações e ou
importações.5
Nas operações de exportação, os procedimentos administrativos, adotados,
são com fulcro na legislação aduaneira, no comércio exterior brasileiro, reguladas
pelo Regulamento Aduaneiro (RA), é o documento denominado de DU-E (Despacho
Único de Exportação), o qual deverá ser preenchido diretamente pelo despachante
aduaneiro que representa o seu cliente (empresa), por meio de procuração, este
profissional faz a inserção de todos os dados aduaneiros solicitados pelo documento

4
BACELLAR FILHO, Romeu Felipe. Direito Administrativo e o novo Código Civil. Belo Horizonte:
Fórum, 2007, p.97.
5
BACELLAR FILHO. 2007. p.97.
9

informatizado no SISCOMEX, no módulo de exportação, a DU-E, estas informações


são: descrição técnica do produto ou produtos, peso bruto, peso líquido, modal de
transporte internacional, frete internacional, forma de pagamento, Incoterms (termos
de negociação internacional), origem, destino, moeda, classificação tarifária,
despesas de armazenagem e movimentação das cargas. A DU-E é um documento
único no despacho aduaneiro nas exportações brasileiras, independentemente do
modal de transporte internacional adotado pela empresa exportadora, ou seja, modal
aéreo internacional, modal marítimo internacional, modal ferroviário internacional ou
modal rodoviário internacional.6
Já, nas importações brasileiras, os procedimentos administrativos, no
despacho aduaneiro, ocorre pelo documento informatizado, que é a DI – Declaração
de Importação, documento que deverá ser preenchido, também pelo despachante
aduaneiro que representa o seu cliente (empresa), por meio de procuração
eletrônica previamente concedida pelo constituinte no site da Secretaria da Receita
Federal do Brasil. O documento DI, no módulo de importação do SISCOMEX
(Sistema Integrado do Comércio Exterior), requer as mesmas informações,
mencionadas anteriormente nos procedimentos de exportação, ou seja, na DU-E,
somente com uma diferença fundamental que as importações brasileiras com fulcro
na legislação aduaneira, reguladas pelo Regulamento Aduaneiro da SRFB, são
gravadas pelos tributos, taxas e contribuições fiscais, como: imposto de importação
(II), imposto sobre a circulação de mercadorias e serviços (ICMS), imposto sobre
produto industrializado (IPI), AFRMM (Adicional ao Frete da Renovação da Marinha
Mercante), programa de integração social (PIS), contribuição de finalidade social
(Cofins).7
Estes tributos, taxas e contribuições fiscais, devem ser preenchidos
necessariamente, na Declaração de Importação (DI), pelo respectivo despachante
aduaneiro, ou seja, esta necessidade não existe no preenchimento pelo
despachante aduaneiro nas exportações (DU-E), porque as exportações brasileiras
de acordo com a legislação aduaneira, reguladas pelo Regulamento Aduaneiro da
SRFB, não “sofrem” nenhum tipo de tributo direto, porque a lógica é que o Brasil
necessita aumentar e manter os seus saldos superavitários em sua Balança

6
KEEDi, Samir. Transportes, Unitização e Seguros Internacionais de Carga Prática e Exercícios.
São Paulo: Aduaneiras, 2005, p. 72.
7
RATTI. 2006. p. 365.
10

Comercial, que é um indicador macroeconômico, ou seja, o valor das exportações


devem superar sempre que possível o valor das importações. Obviamente as
exportações brasileiras com fulcro na legislação aduaneira do Brasil, estão livres de
gravação de tributos, taxas e ou contribuições fiscais diretas, mas indiretamente as
empresas, recolhem os tributos, taxas e contribuições fiscais, quando importaram as
suas matérias primas e insumos no mercado nacional para a produção de seus
produtos finais (acabados), os quais são exportados para os seus clientes no
exterior, necessário que se faça esta observação.
Portanto, o despacho aduaneiro de exportação e importação, representam um
conjuntos de procedimentos administrativos, específicos e necessários,
parametrizados pela Secretaria da Receita Federal do Brasil, com fulcro na
legislação aduaneira vigente, por meio de decretos-lei, portarias e instruções
normativas, previstas e reguladas no Regulamento Aduaneiro. 8
Além das responsabilidades e atribuições da Secretaria da Receita Federal
do Brasil, como Órgão da Administração Pública, há mais dois Órgãos da
Administração Pública, que exercem controle e fiscalização nas atividades
operacionais no comércio exterior brasileiro, que são a Secretaria de Comércio
Exterior (SECEX) que está vinculada ao Ministério da Economia, e também o Banco
Central do Brasil.9
Inicialmente, a Secretaria de Comércio Exterior, como importante Órgão da
Administração Pública e de Estado, que possui atribuições e responsabilidades, nas
operações do comércio exterior brasileiro, seja nas exportações e ou importações,
estas atribuições e responsabilidades estão diretamente ligadas às atividades
administrativas nas operações do comércio exterior brasileiro, ou seja, a SECEX é
demandada pelos despachantes aduaneiros que representam os seus clientes
(empresas), nas operações de exportações e importações.
Para além das rotinas operacionais nas exportações e ou importações,
representadas pelos documentos informatizados oficiais, preenchidos e enviados
nos seus respectivos módulos de exportação e ou importação por meio do
SISCOMEX, que são a DU-E e ou a DI, também são atribuições e
responsabilidades, deste Órgão da Administração Pública e de Estado, a Secretaria
de Comércio Exterior, a análise, e seus respectivos deferimentos e ou

8
BACELLAR FILHO. 2007. p.31.
9
ROCHA. 2005, p. 261.
11

indeferimentos dos procedimentos administrativos especiais, nas exportações e ou


importações brasileiras, os quais são denominados com fulcro na legislação
aduaneira e Regulamento Aduaneiro, como Regimes Aduaneiros Especiais, como:
admissão temporária, exportação temporária, drawback e ex tarifário. O Regime
Aduaneiro Especial, admissão temporária, de acordo com a legislação aduaneira,
regulada no Regulamento Aduaneiro, prevê que uma determinada máquina ou
equipamento pode ser importado, a partir de qualquer país do Brasil,.
Para a exposição e participação em feira, por um determinado período, este
procedimento especial, com deferimento prévio, ou seja, antes do embarque da
máquina ou equipamento, pela SECEX, implica em suspensão dos tributos, taxas e
contribuições fiscais, que normalmente incidem nas importações rotineiras pelas
empresas importadoras. Porque esta máquina e ou equipamento não será
nacionalizada no Brasil, ou seja, não há gravação e nem a cobrança dos tributos,
taxas e ou contribuições fiscais, que estarão suspensos e amparados pelo
deferimento da SECEX, pelas suas características de temporalidade.10
O regulamento aduaneiro especial, exportação temporária, é o procedimento
especial, com fulcro na legislação aduaneira, regulado pelo Regulamento Aduaneiro,
que possui, o conceito e aplicabilidade oposto do procedimento de admissão
temporária, ou seja, a exportação temporária, consiste por parte da SECEX a
análise e os seus respectivos deferimentos e ou indeferimentos para a exportação
de máquinas e ou equipamentos ao exterior, para a exposição e ou participação de
feiras, somente após o respectivo deferimento da Secretaria de Comércio Exterior, é
que o despachante aduaneiro (preposto do seu cliente), pode dar o
encaminhamento do despacho aduaneiro junto a Aduana.
Conforme exposto anteriormente, com fulcro na legislação aduaneira do
Brasil, regulada pelo Regulamento Aduaneiro, não há incidência direta de tributos,
taxas e contribuições fiscais nas exportações brasileiras, mas o procedimento
especial, denominado de exportação temporária se faz necessário, porque as
características essenciais neste procedimento administrativo especial é a
temporalidade, ou seja, a máquina e ou equipamento, sai do Brasil com direção ao
exterior com uma finalidade específica, para uma exploração em uma feira, mas é
importante ressaltar que esta máquina e ou equipamento ao retornar ao Brasil, tem

10
ROCHA, Paulo Cesar Alves. Regulamento Aduaneiro.,9ª. Ed. São Paulo: Aduaneiras, 2005, p.
338.
12

os seus tributos, taxas e contribuições fiscais suspensos, porque estão amparados


pela legislação aduaneira e pelo Regulamento Aduaneiro como procedimento
especial, portanto não representa uma importação rotineira (normal) que tem a
gravação e a cobrança dos tributos, taxas e contribuições fiscais pelo Órgão da
Administração Pública, a SRFB.
O regime aduaneiro especial, drawback, com fulcro na legislação aduaneira,
regulado pelo Regulamento Aduaneiro, se constitui em uma importante fonte de
suspensão de tributos, taxas e contribuições fiscais para os empresários brasileiros.
A premissa fundamental como espinha dorsal do conceito e
aplicabilidade, com base na legislação aduaneira do Brasil, é que o drawback são
benefícios fiscais para a exportação, para as empresas brasileiras que possuem em
seu processo de produção, a necessidade de importação de matérias primas e
insumos, com a finalidade de produção de produtos que serão exportados, e desta
forma, estas importações, não estão gravadas de tributos, taxas e contribuições
fiscais, e as mesmas são suspensas, desde que haja o deferimento por parte do
Órgão das Administração Pública de Estado. 11
A Secretaria de Comércio Exterior, ou seja, em síntese, o procedimento
administrativo especial drawback, tem como fundamento principal, em que a
empresa efetue, a sua exportação, e que tenha os benefícios fiscais, como: imposto
de importação (II), imposto sobre circulação de mercadorias e serviços (ICMS),
adicional ao frete de renovação da marinha mercante (AFRMM), imposto sobre
produto industrializado (IPI), programa de integração social (PIS), contribuição com
finalidade social (Cofins), os mesmos são suspensos nas importações de matérias
primas e insumos pelas empresas, desde que efetuem as suas exportações, está é
a condição básica. Há que se destacar, a importância e a utilização, deste
procedimento administrativo especial, que é utilizado em grande escala, por muitos
segmentos econômicos no Brasil, em especial, pelo segmento das indústrias
automotivas, que culturalmente e pela sua característica de atuação global (nos
cinco continentes), possui fornecedores no mundo todo, porque são montadoras de
veículos, que possuem uma grande necessidade de importação de partes, peças,
matérias primas e insumos para a montagem de seus veículos no nosso país, desta

11
BACELLAR FILHO, Romeu Felipe. Direito Administrativo e o novo Código Civil. Belo Horizonte:
Fórum, 2007, p.50. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988, artigos 37, caput e
parágrafo 3º.
13

forma, este segmento utiliza este procedimento administrativo especial, de forma


rotineira, em sua gestão de exportação e importação, porque os volumes, e os
valores envolvidos são muito significativos, e os benefícios fiscais recebidos pelas
indústrias automotivas são importantes para as mesmas.
O regime aduaneiro especial, ex tarifário, com base na legislação aduaneira
e no regulamento aduaneiro, significa que uma empresa, que deseja importar uma
máquina e ou equipamento, e esta máquina e ou equipamento não existe no
mercado nacional, a empresa pode pleitear este regime aduaneiro especial, ex
tarifário a SECEX. Que analisa, e defere ou indefere, a respectiva importação, o
deferimento é bastante difícil porque há uma proteção à indústria nacional de
máquinas e equipamentos, desta forma, a empresa importadora, deve obter junto à
ABIMAQ – Associação Brasileira de Máquinas e Equipamentos, informações acerca
de prováveis fabricantes nacionais da máquina e ou equipamento a ser importada
pela empresa, se eventualmente, houver uma informação da ABIMAQ, que não há
fabricantes, a empresa importadora, deve enviar esta informação à SECEX,
instruindo o respectivo pleito, afim da obtenção do deferimento. Que analisa, e
defere ou indefere, a respectiva importação, o deferimento é bastante difícil porque
há uma proteção à indústria nacional de máquinas e equipamentos, desta forma, a
empresa importadora, deve obter junto à ABIMAQ – Associação Brasileira de
Máquinas e Equipamentos, informações acerca de prováveis fabricantes nacionais
da máquina e ou equipamento a ser importada pela empresa, se eventualmente,
houver uma informação da ABIMAQ, que não há fabricantes, a empresa
importadora, deve enviar esta informação à SECEX, instruindo o respectivo pleito,
afim da obtenção do deferimento.
Após o deferimento, a SECEX, manda publicar o “ex tarifário” com as tarifas
reduzidas do imposto de importação (II) e do imposto sobre produto industrializado
(IPI), com a respectiva descrição técnica da máquinas e ou equipamento, no Diário
Oficial da União (DOU), somente após esta publicação, ou seja, o cumprimento da
publicidade, como um Órgão da Administração Pública e de Estado, com fulcro no
Artigo 37 da Constituição Federal de 1988, é que a empresa importadora pode dar
os encaminhamentos na importação da respectiva máquina e ou equipamento, e
providenciar o despacho aduaneiro de importação, no módulo de importação, com o
preenchimento de todas as informações relativas à importação, em especial com a
redução de tributos (impostos federais), mencionados anteriormente, ou seja, como,
14

a máquina e ou equipamento, não é produzida no Brasil, a empresa importadora,


com o deferimento da SECEX (Órgão da Administração Pública e de Estado), pode
importar com redução de tributos federais, porque a Secretaria de Comércio Exterior,
para além da inexistência de produção nacional, quando uma empresa, importa uma
máquina e equipamento, há um investimento, na ampliação ou criação de uma linha
de produção, e consequentemente uma necessidade de criação de novos postos de
trabalho, ou seja, a criação de novos empregos, como contrapartida para a
Administração Pública e do Estado.
As responsabilidades e atribuições do Banco Central do Brasil (BACEN),
como um Órgão da Administração Pública e de Estado, que também possui um
papel muito importante nas atividades operacionais no comércio exterior brasileiro,
nas respectivas exportações e nas importações. Cabe ao Banco Central do Brasil, o
controle e a fiscalização dos bancos, corretoras de valores, casas de câmbio, e as
empresas exportadoras e importadoras, por meio do SISCOMEX, especificamente, o
módulo operado pelo BACEN.12

O SISBACEN (Sistema Integrado do Banco Central) , por meio deste


módulo, é que o Banco Central do Brasil, controla e fiscaliza todas as operações de
câmbio, efetuadas pelas empresas que estão exportando e ou importando no Brasil,
este controle e fiscalização sobre as empresas, em especial, as empresas
exportadoras e ou importadoras, é necessário porque o Bacen, é o “guardião” da
moeda e do câmbio do Brasil, ou seja, o que o Bacen está controlando e
fiscalizando, são as operações de exportações e importações realizadas pelas
empresas brasileiras, nas exportações, e se houve efetivamente, os recebimentos
dos valores exportados dos produtos, pelas empresas brasileiras e de outro lado, se
houve nas importações, os pagamentos dos valores de produtos pelas empresas
brasileiras aos seus fornecedores internacionais, ou seja, o controle e fiscalização
da entrada e saída de divisas do Brasil, porque tem reflexos diretos na balança
comercial brasileira, como também, cabe ao Bacen, punir com medidas
administrativas, às empresas exportadoras e ou importadoras que cometeram
eventuais irregularidades, ou seja, empresas que exportaram e não receberam os
seus respectivos valores e empresas que importaram e não efetuaram os
pagamentos devidos.13

12
RATTI. 2006, p. 216.
13
BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988, artigo 37, caput e parágrafos 1º.
15

Portanto, a evolução do comércio exterior brasileiro, como Política Pública


de Estado, que nasceu com fulcro na Lei no. 5025 de 10 de junho de 1966, tem nos
Órgãos da Administração Pública e de Estado, o seu grande sustentáculo nas
atividades operacionais do comércio exterior brasileiro.

e 3º. e artigo 175, parágrafo único, incisos I, II, III e IV. Regida pela Lei no. 5025 de 10 de junho de
1966.
16

3. ASPECTOS FUNDAMENTAIS DA PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS PÚBLICOS

3.1 CONCEITOS PRELIMINARES

Os aspectos fundamentais da prestação dos serviços públicos por parte dos


órgãos da Administração Pública, possui fulcro no artigo 37 da Constituição da
República Federativa do Brasil de 1988, em seus princípios fundamentais como:
legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência. Estes são os
princípios que norteiam toda a Administração Pública e consequentemente os seus
agentes públicos, ou seja, os servidores públicos. A supremacia do interesse público
em detrimento do interesse do particular, também é um princípio basilar em toda
Administração Pública, que deve ser seguido por todos os agentes públicos nos
diversos Órgãos da Administração Pública.
O poder público possui a responsabilidade e atribuição pela prestação de
serviços públicos aos cidadãos brasileiros, sempre com base no princípio precípuo
da supremacia do interesse público. Desta forma, cabe ao Estado como papel
central, dispor estes serviços, na forma da lei, observando as práticas de mercado
com tarifas justas, e que atendam de forma qualitativa aos usuários finais desses
serviços, não somente as empresas terceirizadas que recebem as suas respectivas
concessões e permissões em nome do Estado.
A prestação de serviços públicos possui uma correlação direta acerca da
finalidade do Estado, novamente sob a égide do princípio do interesse da
supremacia da coletividade em detrimento de particulares ou minorias, sempre em
consonância com o artigo 37, e os seus incisos da Constituição Federal da
República de 1988. O Estado possui um papel fundamental na prestação de
serviços públicos, porque muitas vezes o interesse em questão, é público, portanto
não cabendo aos particulares, o desenvolvimento de algumas prestações de
serviços que possuem características, responsabilidades e atribuições do Estado,
muitas vezes, atreladas a políticas públicas essenciais para a população, como:
segurança, educação e saúde, onde o Estado tem o dever de atuar, na
implementação dessas políticas, como a grande força motriz, capaz de atender um
conjunto expressivo da população de um determinada localidade, em um Brasil de
dimensões continentais, dessa forma, conseguindo atender as necessidades
17

básicas de populações desde o Chuí ao Oiapoque.


Estes serviços públicos, mencionados anteriormente em áreas fundamentais
para a população brasileira, como: saúde, educação e segurança, se constituem de
natureza mais básicas para os cidadãos brasileiros, e cabe diretamente ao Estado
no seu provimento e implementação por meio de políticas públicas, e geralmente,
não são terceirizados por meio de concessões e permissões , porque são a base da
prestação de serviços públicos por parte do Estado, simbolizado e operacionalizado
pelos seus Órgãos da Administração Pública.O artigo 6º da Constituição da
República Federativa do Brasil de 1988, Capítulo II – Dos Direitos Sociais, descreve
em seu caput, os direitos sociais dos cidadãos brasileiros, que o Estado deve prover.
Conforme Celso Antônio Bandeira de Mello14 “em linguagem leiga era
designado “serviço”, tudo aquilo que o Estado faz, ou, toda atividade administrativa
desempenhado pelo mesmo”, sabe-se que as atividades essenciais mencionadas
anteriormente, devem ser providas pelo Estado, mas a grande maioria dos serviços
prestados pelo Estado, os quais são implementados e operacionalizados pela
Administração Pública, não necessitam, que sejam prestadas diretamente pelo
Estado, porque a prestação desses serviços, cuja natureza, não estão diretamente
correlacionados às atividades que trazem sem seu bojo, os direitos sociais, mais
prementes da população, podem ser terceirizados por meio de concessão e
permissão de empresas terceiros ou particulares, que possuam tarifas condizentes
com a qualidade do respectivo serviço prestado por esta empresa. Por outro lado, o
Estado possui o poder discricionário, para esta terceirização, sempre observando, o
princípio da supremacia do interesse público.
Muitas vezes , esta terceirização na prestação de serviços públicos pelo
Estado, está fundamentado na limitação dos seus recursos financeiros, bem como
limitação de estrutura de pessoal, equipamentos e outros, assim o Estado deve
atender prioritariamente as áreas sociais e suas respectivas públicas, dessa forma,
este poder discricionário do Estado por meio dos Órgãos da Administração Pública,
proporcionam estes serviços públicos em nome de terceiros, para que o Estado
possa cumprir uma de suas funções fundamentais, quando intervém, junto a
economia nacional, e os seus atores em diversos segmentos, com a finalidade

14
BANDEIRA DE MELLO, Celso Antônio. Curso de Direito Administrativo. 34ª. ed. São Paulo:
Malheiros, 2019, p. 425.
18

prover serviços a determinados segmentos com tarifas justas e de qualidade para os


seus usuários finais da sociedade.
Quanto à obrigação do Estado na prestação dos serviços essenciais,
assevera Maria Luiza Machado Granziera:

O traço conceitual que distingue os serviços públicos das


demais atividades econômicas, é a essencialidade, porque sua
falta expõe a danos tanto pessoas como seus bens. Também,
por esta razão, esses serviços estão adstritos ao princípio da
continuidade.15

Uma das modalidades de atuação do Estado, conforme mencionada


anteriormente, trata-se da prestação dos serviços públicos de forma mais
generalizada, os quais estão incluídos, os serviços estritamente públicos, ou seja,
aqueles serviços, que são de interesse de forma direta do Estado ou sob o seu
controle, em face disso, a prestação desses serviços são passíveis de delegação
por parte do Estado, aos terceiros, que em nome do Estado, podem prestar os
serviços, na forma da lei, com a observância, de possuírem uma natureza
personalíssima do Estado.16
Uma outra modalidade de atuação do Estado, se localiza no âmbito da
atividade econômica, sob a forma de empresas e suas sociedades empresárias, cujo
interesse contempla com a finalidade de distribuição social da riqueza. Estes
interesses, estão correlacionados aos interesses econômicos, mas, de certa forma,
as suas atividades econômicas possuem em alguma medida, uma correlação com o
interesse da Estado por meio dos Órgãos da Administração Pública, em especial, as
atividades que impactam diretamente determinada política pública e
consequentemente um determinado Órgão da Administração Pública, onde há um
nítido desenvolvimento econômico do Estado e a supremacia do interesse público e
dos seus atores envolvidos, ou seja, o conjunto das empresas e os seus
empresários.
Com relação a estas modalidades de atuação do Estado, o mesmo pode
prestar os serviços públicos de forma direta, mediante os seus Órgãos da
Administração Pública, considerando a essencialidade do serviço prestado e
15
GRANZIERA, Maria Luiza Machado. Contratos Administrativos: gestão teoria e prática. São
Paulo, 2002, p.111.
16
CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL. 1988. Artigo 37, caput e parágrafos
1º. e 3º.
19

presença necessária do Estado, como também há forma indireta, por meio de


concessão e permissão às empresas particulares, que constituem um conjunto de
atores, ou seja, de sociedades empresárias, as quais possuem, convergência entre
as suas atividades econômicas desempenhadas e o interesse público do Estado
para esta deleção com fulcro na forma da lei.
Sob a ótica da Administração Pública e dos aspectos administrativos, a
centralização ou descentralização na prestação dos serviços públicos pelo Estado,
ocorre mediante a uma necessidade administrativa. Conforme assevera Maria Sylvia
Zanella Di Pietro:

Fala-se em centralização quando o desempenho da atividade administrativa


é entregue a uma pessoa, ao Estado, que atua por intermédio de sua
estrutura administrativa – seus órgãos e agentes, em seu nome e sob sua
responsabilidade. Neste caso, como é o próprio Estado que executa e
administra a atividade, fala-se em Administração Direta. 17

Ocorrerá a prestação de serviço público descentralizado quando se transferir


a atividade ou seu exercício para outra pessoa jurídica (sociedade empresária) que
não o Estado. Neste caso, trata-se de Administração Indireta do Estado, que é
composta, tais como: autarquias, fundações instituídas pelo Poder Público,
sociedades de economia mista e empresas públicas.
No momento que a outorga do exercício na prestação dos serviços públicos
a particulares, ou seja, as empresas, não há mudança do regime jurídico, que
compreende a sua prestação, ou seja, não há a transformação de serviço público
em serviço privado, porque existe de fato e de direito, é uma relação jurídica de
colaboração entre o prestador dos serviços e o Estado, permanecendo com o Poder
Público, a respectiva titularidade do serviço prestado.
É fato que o Estado não consegue atender às inúmeras demandas da
sociedade civil e empresarial, as quais são de interesse público do Estado, muitas
vezes por falta de estrutura, de organicidade, falta de recursos financeiros públicos e
falta de pessoas, o Estado não atende às demandas sociais e quando atende, pode
faz-lo de maneira precária e deficiente, comprometendo as necessidades da
sociedade. A crise econômica-financeira do Estado é uma realidade que vem
norteando há muitos anos, e isto, leva a uma constatação, de acordo com Maria

17
DI PIETRO, Maria Sylvia Zanella. Direito Administrativo.32ª ed. Rio de Janeiro, Forense, 2019, p.
349.
20

Sylvia Zanella Di Pietro:

A Constituição Federal atribuiu competências ao Poder Público que ele não


tem condições de cumprir a contento: faltam verbas nas áreas da saúde,
educação, previdência social, moradia, transporte, segurança: isso para
falar apenas nas atividades essenciais”. Outra realidade que se faz presente
perante ao Estado e a procura desesperada por soluções: é a busca de
institutos novos, de medidas inovadoras, que permitam ao Estado lograr
maior eficiência na prestação de serviços que lhe são afetos.18

Um dos grandes motivos para o exaurimento do Estado Social, é a


irresponsabilidade do Estado na gestão das contas públicas, com um crescimento
exponencial das despesas públicas, muitas vezes sem o apontamento da origem e
ou da fonte de receita para a sua respectiva despesa, ou seja, um Estado que aplica
de forma equivocada os seus recursos financeiros-econômicos, fruto dos impostos
pagos pelo conjunto da sociedade como um todo (cidadãos, empresas, outros). Este
mesmo Estado, que ao longo de muitos anos foi e ainda é caracterizado pelo
intervencionismo e pela absorção de responsabilidades que não exatamente estão
associadas pelo princípio basilar da supremacia do interesse público, tendo como
um norte, de que as políticas públicas deveriam ser implementadas
independentemente de haver recursos financeiros-econômicos por parte do Estado.
O que demonstra a ineficiência da arrecadação tributária, mesmo de forma
crescente, frente às obrigações do Poder Público para o financiamento da prestação
dos serviços prestados pelo Estado.
Conforme assume Ruth Helena Pimentel de Oliveira:

coloca a questão dos princípios norteadores da prestação de serviços


públicos na afirmação: “A doutrina aponta a existência de alguns princípios
gerais, integrantes desse regime jurídico, uma vez que tais princípios
objetivam garantir seu adequado funcionamento aos usuários.19

Os principais princípios, que regem os serviços prestados pela


Administração Pública, são: continuidade, qualidade, eficiência, modicidade e a
igualdade. A continuidade é representada pela ideia de que os serviços públicos
devem ser prestados continuamente e muitas vezes ininterruptamente. Os princípios
da qualidade e da eficiência estão presentes em um conceito e aplicabilidade

18
DI PIETRO. 2019, p. 349.
19
OLIVEIRA, Ruth Helena Pimentel de. Entidades Prestadoras de Serviços Públicos e
Responsabilidade Extracontratual. São Paulo, 2003, p. 47.
21

comum, de que os serviços, devem ser de boa qualidade e a eficiência, que os bens
envolvidos na prestação dos serviços devem estar em condições de uso e os seus
respectivos agentes devem desempenhar com presteza e eficiência as suas
funções.
Já, o princípio da modicidade, possui uma lógica em sua subjetividade, de
forma implícita, de que, os serviços quando onerosos para a sociedade, devem ser
oferecidos a preços módicos, ou seja, preços compatíveis e ajustados às condições
financeiras dos destinatários (usuários) desses serviços.
Conforme Maria Sylvia Zanella Di Pietro20 “A existência de alguns princípios
inerentes ao regime jurídico dos serviços públicos: o da continuidade, o da
mutabilidade do regime jurídico e o da igualdade dos usuários”, são os princípios
defendidos por esta doutrinadora.
Há que ser observado na mesma medida e importância na aplicabilidade
dos princípios mencionados anteriormente, que o Estado possui o dever de zelar
pela boa prestação dos serviços prestados, exigindo a aplicação desses princípios
também na prestação de serviços públicos por parte de terceiros.
Também existem aspectos econômicos mundiais que possuem reflexos
diretos no Estado, tais como o aumento significativo nas atividades de comércio
exterior brasileiro, na esteira da globalização mundial, com um conjunto de
aproximadamente 200 (duzentos) países que comercializam os seus produtos e
serviços por meio, das exportações e importações. O Brasil vem aumentando a sua
pauta de exportações e importações na forma da lei, em especial, com fulcro na Lei
nr. 5025 de 10 de junho de 1966, com a criação do Conselho de Comércio Exterior
(CONCEX), com o estabelecimento de sua política pública de comércio exterior. São
mais de 50 (cinquenta) anos de política pública em seu comércio exterior, desde o
seu início, com a comercialização de seus produtos primários nas exportações e de
matérias primas e insumos em suas importações. Hoje, o Brasil está entre os
maiores exportadores e importadores do mundo, com a uma política pública de
comércio exterior que se tornou modelo no mundo globalizado, para além das
competências das sociedades empresariais e respectivamente dos seus atores
particulares, como também de empresas públicas e e de economia mista, envolvidas
nas atividades do comércio exterior brasileiro, há que se destacar, o importante
papel desempenhado pelo Estado, por meio da sua Administração Pública, em
20
DI PIETRO. 2019. p. 361.
22

especial, os Órgãos da Administração Pública, tais como: Secretaria da Receita


Federal do Brasil (SRFB), Secretaria do Comércio Exterior (SECEX) e Banco Central
do Brasil (BACEN).
Dessa forma, estabelecer medidas que modifiquem o desempenho do
Estado destaca-se como condição indispensável para um reordenamento da
conduta estatal na prestação dos serviços públicos.
Esta atuação se subordina à efetiva existência de recursos financeiros -
econômicos, na busca de alternativas viáveis da atuação do Estado mediante uma
participação mais efetiva da sociedade civil e o seu conjunto atores particulares,
como as sociedades empresárias, com o estabelecimento de parcerias construtivas,
produtivas e eficientes entre os mesmos.
O contexto mundial globalizado, no qual todos estão inseridos neste século
XXI, e o fato da incapacidade do Estado em suprir todas as necessidades da
sociedade na prestação de serviços para uma sociedade com demandas cada vez
mais diversificadas e com os gargalos socioeconômicos enfrentados pelo Estado,
pressupõe uma série de variáveis que afetam a prestação de serviços pelo Estado, e
ao mesmo tempo, contribuem na busca de uma modificação do papel do Estado em
mundo marcado pela pela tecnologia da informação, conexões sem fronteiras,
informações em tempo e a consolidação de uma sociedade da informação, que
possuem uma correlação nas relações comerciais entre os países, as empresas,
que desaguam no comércio internacional e nas suas necessidade de
desburocratização, agilidade, conectividade e eficiência entre os diversos atores que
operam no comércio exterior brasileiro.
Neste cenário global, onde o Brasil possui um papel importante entre os
maiores países que operam no comércio exterior, é imprescindível que o Estado,
busque o aperfeiçoamento, no conjunto de serviços prestados pelo Estado, por meio
dos seus principais Órgãos da Administração Pública, diretamente envolvidos no
comércio exterior brasileiro e nos seus procedimentos operacionais e suas
atividades primordiais, tais: a concessão e permissão des portos secos, despacho
aduaneiro de exportação e despacho aduaneiro de importação. Diante de um mundo
globalizado notadamente marcado pela concorrência internacional no comércio
exterior, ou seja, exportação e importação de produtos e serviços entre os quase
200 (duzentos) países que se relacionam comercialmente, torna-se extremamente
relevante a presença do Estado na prestação de serviços operacionais no comércio
23

exterior brasileiro, a fim de torná-lo cada mais eficiente, ágil e desburocratizado,


como o assim, preconiza a política pública do Estado, criada em 10 de junho de
1966 por meio da Lei no. 502521, que criou o Conselho de Comércio Exterior do
Brasil (CONCEX), que estabelece as relações comerciais com os países no mundo,
bem como as melhorias e aperfeiçoamento nos serviços no comércio exterior
brasileiro.
Com a terceirização das denominadas acessórias, a Administração Pública,
pode se concentrar os seus objetivos e esforços na prestação de serviços
propriamente ditos, naqueles de sua exclusiva competência, e, desta forma, focalizar
o aperfeiçoamento dos seus servidores, com a finalidade de melhoria da eficiência
na melhoria na prestação de serviços do Estado por meio dos Órgãos da
Administração Pública.
Conforme assevera Marçal Justen Filho “Terceirização” tem sido utilizado
com grande frequência no âmbito das atividades econômicas privadas, indicando a
tendência à redução da extensão da organização empresarial. O mesmo afirma
ainda que:
Grande vantagem da terceirização reside na perspectiva de redução de
custos em proporção superior aos resultados alcançados por meio de
estrutura anterior, ou seja, o preço pago aos terceiros é inferior ao custo que
o empresário teria de enfrentar para produzir ele próprio, os mesmos bens
ou serviços.22

No âmbito da Administração Pública, a terceirização apresenta grande


relevância, especialmente em face da redução de encargos, diretos e indiretos com
pessoal. Mediante a terceirização, os servidores públicos são desobrigados da
realização desses serviços por parte do Estado, e os empregados de empresas
privadas assumem tais encargos na prestação de serviços à sociedade civil.
Portanto,trata-se de uma forma de gestão, em que o Estado recorre, a fim
de tornar a sua administração mais ágil, menos burocrática, mais eficiente, e com
uma estrutura organizacional concentrada em sua área privativa, na prestação de
serviços públicos, com as características e natureza da Administração Pública
Direta.
As alternativas de terceirização, com a finalidade de redução na prestação
de serviços públicos por parte do Estado, há que se destacar, a privatização e a
21
BRASIL. LEI no. 5025 de 10 de junho de 1966.
22
JUSTEN FILHO, Marçal.Teoria Geral das Concessões de Serviço Público.São Paulo, 2003, p.
18.
24

delegação (concessão e permissão), esta última, é o objeto em tela desta pesquisa


que se pretende abordar, porque a compreensão e o entendimento da modalidade
de terceirização é pressuposto fundamental para a construção do tema central deste
trabalho de pesquisa, que possui como um grande fio condutor, a concessão e
permissão para o funcionamento dos portos secos e sua implicação no despacho
aduaneiro de exportação e importação.
De acordo com Marçal Justen Filho:

O conceito de concessão relaciona-se com o e privatização, porém não se


confunde com este, segundo o doutrinador em tela, a concessão importa na
transferência para a órbita alheia não apenas a prestação dos serviços, mas
dos riscos inerentes, configurando-se mediante a assunção da condição de
delegatário por parte de um particular. O mesmo assevera que “não há
concessão quando os riscos da atividade pública permanecem na órbita
estatal''. Diante do exposto, verifica-se que a privatização não é a
submissão do serviço ao regime do direito privado e que quando não há
transferência do risco para a iniciativa privada não se configura a
concessão.23

Celso Antônio Bandeira de Mello assevera que:

Além desses serviços públicos privativos do Estado – prestados por ele


diretamente ou mediante autorização, concessão ou de permissão, há os
serviços públicos não privativos, correspondentes àqueles que o Estado
pode desempenhar, imprimindo-lhes regime de Direito Público, sem,
entretanto, prescrever a livre iniciativa do ramo de atividades em que se
inserem, como, por exemplo, os serviços de educação e saúde, livres aos
particulares para desempenhá-los, independentemente de concessão,
sujeitando-se apenas à fiscalização do Poder Público. Esses serviços,
quando prestados pelo Estado, são públicos, mas quando prestados por
particulares, não o são.24

Há que ressaltar que, embora haja similitude entre serviços públicos


terceirizados e concedidos, as figuras não se confundem, em ambas, o particular é
incumbido de desempenhar certas prestações inerentes ao Estado, A principal
diferença, reside no fato, que na concessão, o terceiro recebe a delegação para
desempenhar o serviço por risco e conta próprios, mantido o regime jurídico original:
a terceirização por sua vez se correlaciona com a relação jurídica em que o
terceirizado não se apresenta diante dos usuários como titular de posição jurídica

23
JUSTEN FILHO, Marçal.Teoria Geral das Concessões de Serviço Público.São Paulo, 2003, p.
25.
24
BANDEIRA DE MELLO, Celso Antônio. Curso de Direito Administrativo. 34ª. ed. São Paulo:
Malheiros, 2019, p. 439.
25

própria. De acordo com a professora e doutrinadora, Maria Sylvia Zanella Di Pietro25


“O que não é possível é a terceirização (como contrato de prestação ou locação de
serviço) que tenha por objeto determinado serviço público como um todo. Isto
porque não se confunde a locação de serviços, disciplinada pela Lei no. 8666, com a
concessão ou permissão de serviços públicos.
E a Constituição, no art, 175, estabelece que “incumbe ao Poder Público, na
forma da lei, diretamente ou sob regime de concessão ou permissão, sempre
através de licitação, a prestação de serviços públicos”26.
Portanto, a terceirização está vinculada em maior grau à responsabilidade
do Estado que a concessão, uma vez que naquela o terceirizado não desempenha
prestação de serviços em nome próprio perante aos usuários finais dos serviços
prestados, a execução das atividades são realizadas em favor do Estado, que por
sua vez mantém a condição de prestador do serviço aos usuários. Dessa forma, a
terceirização seria adequada em situações e ou hipóteses diversas daquelas que se
prestaram para a concessão.
Sob a égide dos aspectos jurídicos, a concessão se relaciona com algumas
atividades que comportam delegação por parte do Estado aos particulares, para
desempenho em nome próprio.
De outro lado, a terceirização se relaciona com as atividades, cujo
desempenho incumbe ao Estado, o qual poderia atribuir a terceiros apenas o
encargo de complementá-las.
A concessão de serviços públicos destaca-se como um meio legítimo e
adequado para a prestação de serviços públicos, no entanto, há que se ressalvar,
que nem todo serviço público pode ser objeto de concessão de serviço público, esse
contrato somente é compatível com os serviços que permitam exploração comercial
que garanta a remuneração do concessionário ou permissionário, o que não ocorre
com os chamados serviços públicos sociais, que a própria Constituição Federal de
1988 ou a lei definem como gratuitos, como mencionados anteriormente, a
prestação de serviços essenciais diretamente pelo Estado, nas áreas: da saúde,
educação e assistência social.
Diante do exposto, há que se observar que as condições em que os serviços

25
DI PIETRO, Maria Sylvia Zanella. Direito Administrativo.32ª ed. Rio de Janeiro, Forense, 2019, p.
378.
26
CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL. 1988. Artigo 175.
26

públicos são prestados, estimulam a adoção de antigos institutos jurídicos de


atuação compartilhada entre o Estado e a iniciativa privada, dos quais são
exemplos: a concessão e a permissão de serviços públicos. Estes institutos jurídicos
oferecem como benefício a desoneração estatal da execução e do custeio do
serviço público, sem trazer como consequência a perda de sua titularidade.
As situações mencionadas e analisadas anteriormente em sua plenitude,
contribuem de forma significativa na construção deste trabalho de pesquisa, com a
focalização central, que é demonstrar a importância da delegação de serviços
aduaneiros e dos procedimentos administrativos públicos aos particulares, ou seja,
os despachantes aduaneiros, na operacionalização do comércio exterior brasileiro,
através da concessão e permissão de portos secos, proporcionando mais agilidade,
eficiência, desburocratização e competitividade das exportações e importações, e
um contexto notadamente competitivo globalmente.
Neste contexto, o Estado pode se concentrar na prestação de serviços de
sua exclusiva competência, solucionando os problemas decorrentes da sua
ineficiência na prestação dos serviços públicos essenciais (saúde, educação e
assistência social) e outorgar as empresas privadas a oportunidade de garantir a
participação cada mais efetiva e competitiva do comércio exterior brasileiro na
economia internacional, através de suas crescentes exportações e importações.
No âmbito da concessão de serviço público, é importante notar, que há uma
relação entre a Administração Pública e o particular, porque atribui a este os
encargos que lhe são próprios. Dessa forma, não cabe a Administração Pública
desvincular-se da prestação do serviço público, quando concedido, porque mesmo
concedido, o serviço permanece público e de responsabilidade da Administração
Pública que o concedeu. Assim, o Estado continua sendo o responsável pela
prestação do serviço perante a coletividade, ou seja, a sociedade civil.
Assevera Marçal Justen Filho:

Não seria exagero afirmar que a concessão de serviço público é uma


tentativa de composição entre alternativas radicalmente diversas. Trata-se
de uma espécie de meio termo entre concepções opostas e contraditórias.
O instituto da concessão de serviço público é via para organizar interesses
potencialmente antagônicos, buscando assegurar a realização conjunta e
concomitante de finalidades e interesses tendencialmente excludentes.27
A concessão do serviço público atua de certa forma como um instituto

27
JUSTEN FILHO. 2003. p. 25.
27

jurídico mediador que busca solucionar a contraposição entre o interesse público


perseguido pelo Estado e o interesse privado, este representado pela iniciativa
privada que atua sob a concepção do lucro, através da exploração empresarial das
atividades de serviço público.
De acordo com Marçal Justen Filho28, “A concessão de serviço público não
pode ser considerada como uma relação jurídica envolvendo apenas esses dois
pólos de interesse”, o mesmo assevera que “não se pode reduzir a concessão a
uma relação jurídica entre Estado e concessionário.’’ Além disso, ‘‘deve
reconhecer-se a titularidade de interesses jurídicos da sociedade, desta feita, a
concessão é uma relação jurídica trilateral”.
Quanto aos efeitos trilaterais da concessão, Maria Sylvia Zanella Di Pietro,
diz que:

Uma das características do contrato de concessão de serviço público é a de


produzir efeitos trilaterais: embora celebrado apenas entre poder
concedente e concessionário, os seus efeitos alcançam terceiros estranhos
à celebração do ajuste e que são os usuários do serviço concedido.29

Os usuários não podem ser afastados da relação jurídica decorrente da


concessão ou permissão de serviços públicos, pois os efeitos gerados os atingem,
eles são os destinatários da prestação de serviços pelo Estado.
É imprescindível considerar que o Estado e a sociedade não se identifiquem,
porque significa a existência de uma pluralidade das partes e interesses envolvidos
nesta relação e concessão. Há uma evidência de uma situação conflituosa,
subjacente à própria sociedade, porque, se por um lado, todos estejam engajados
em um interesse geral caracterizado pelo princípio da supremacia do interesse
público, que é inquestionável na obtenção de um serviço público que atenda a
sociedade como um todo, ou seja, a coletividade, na prestação de um serviço
público da melhor qualidade por parte do Estado, também, se estabelecem, por
outro lado, interesses divergentes quando se trata do custeio das despesas
correspondentes à prestação do serviço, pois os cidadãos que não utilizam tais
serviços não se importam quanto ao aumento dos valores tarifários, enquanto os
cidadãos que utilizam os serviços protestam contra estes aumentos.
Neste ponto, o que se faz evidente é que a outorga de concessão de um

28
JUSTEN FILHO. 2003. p. 25.
29
DI PIETRO. 2019, p. 378.
28

serviço significa que a prestação do serviço público deixa de ser custeada pela
sociedade em seu conjunto e passa a ser custeada por parte dos usuários, conforme
sua respectiva fruição.
A concessão do serviço público está centrada no relacionamento entre o
Estado e a iniciativa privada e tem por objetivo, o desenvolvimento de atividades
essenciais ao interesse coletivo. Na concessão de serviços, o poder público delega
a execução desses serviços aos órgãos da Administração Pública, que os executam
por sua conta e risco, com remuneração paga, em regra, pelos usuários, na forma
da lei.
A busca de satisfação e o atendimento às necessidades do cidadão-usuário
do serviço público induzem ao Poder Público a conferir a um terceiro, por meio das
modalidades de licitação pública, como: a concessão e a permissão, a realização do
serviço público, sem que com isso o poder concedente transfere a propriedade ao
concessionário o permissionário.
A contextualização da concessão e permissão no direito público
contemporâneo está em certa medida relacionada com a necessidade das diversas
demandas em que o Estado acaba sendo acionado, em especial, pelas atividades
desenvolvidas pelas sociedades empresárias (empresários) em mundo cada vez
mais globalizado, com um crescimento exponencial no comércio internacional, onde
o Estado possui uma política pública do seu comércio exterior (exportações e
importações), esta política pública de Estado, que é explicitada e desenvolvida pelo
Poder Executivo, que possui uma forte "âncora" no direito aduaneiro, e o seu
ordenamento jurídico próprio e específico, focalizados no comércio exterior
brasileiro, com fulcro em decretos-lei, portarias e instruções normativas,
disciplinadas no Regulamento Aduaneiro (RA), cabe ressaltar que o direito
aduaneiro que possui sua origem e aplicabilidade no direito público, mas a sua
aplicabilidade ocorre junto a todos os operadores do comércio exterior brasileiro, que
em via de regra são, empresas e particulares autônomos, como por exemplo o
despachante aduaneiro, que é um profissional autônomo (particular), mas necessita
de uma autorização prévia do Órgão da Administração Pública. 30

30
ROCHA, Paulo Cesar Alves. Regulamento Aduaneiro.,9ª. Ed. São Paulo: Aduaneiras, 2005, p.
338.
29

A Secretaria da Receita Federal do Brasil (SRFB), que autoriza os


particulares que desejam se tornarem despachantes aduaneiros mediante uma série
de exigências documentais, procedimentos e uma prova para a respectiva
habilitação e credenciamento dos mesmos, que após aprovados, terão os seus
nomes e os seus respectivos CPF´s, divulgados, ou seja, publicados no Diário
Oficial da União, e somente a partir desta publicação oficial por parte do Estado, é
que os despachantes aduaneiros poderão operar no comércio exterior, atendendo as
empresas que exportam e importam (seus clientes), na forma da lei, com atenção e
cumprimento das normas do Regulamento Aduaneiro (RA), bem como na utilização
do SISCOMEX (Sistema Integrado do Comércio Exterior), que um sistema do
Estado, que integra três Órgãos da Administração Pública, como: Secretaria da
Receita Federal, Secretaria de Comércio Exterior e Banco Central do Brasil.
No direito contemporâneo, fica difícil entender a função exercida pela
concessão sem que se examinem as várias posições do direito estrangeiro a
respeito do tema, objeto deste trabalho de pesquisa.
A evolução dinâmica do instituto da concessão nos diversos países, em
fases distintas de sua evolução econômica e política, esclarece as atuais tendências
do direito contemporâneo com repercussão na legislação nacional.
Na idade média, as concessões senhoriais ocorriam para a transferência da
administração de feudos ou para exploração de atividades em domínios
pertencentes ao senhor feudal. A exploração de minas pelos senhores feudais
ocorria diretamente ou por meio das concessões.
Utilizaram-se formas contratuais com a finalidade de garantir tanto empenho
dos que executavam os serviços quanto às diretrizes para a remuneração. Em troca
da prestação das atividades, os senhores, feudais dispunham de terras ou rendas
como parte do pagamento da concessão. Era o senhor feudal quem fazia a
fiscalização, rescindindo a concessão em alguns casos. O concessionário exerce os
poderes do senhor sobre os seus subordinados. Deveriam ser respeitados os
direitos de terceiros, e as condições da concessão tinham por base um censitário,
documento que fixava as obrigações do concessionário.
30

No século XVII, os atos de benevolência do soberano que implicam


transferência de prerrogativas e derrogação de normas tinham por denominação o
termo, sob designação de atribuição de encargos próprios da Administração Pública
ao particular, teria uma outra explicação, como: que na época em que havia a venda
de cargos públicos, transferiram-se ao comprador todos os privilégios e
prerrogativas do órgão, sendo, para tanto, necessária uma concessão.
De acordo com a doutrinadora Odete Medauar, 'a concessão já tinha o
caráter contratual baseado no censier que era um documento no qual já estavam
fixadas as obrigações ao concessionário’’31. Também é conhecida pelo direito
francês desde o século XVI, a doutrina francesa considerou-a sempre um contrato
de direito público este que instituto jurídico evoluiu na França em razão da existência
da chamada “dupla natureza da concessão”, uma contratual nas relações entre o
concedente e concessionário, e a outra regulamentar referente aos direitos e os
deveres da empresa concessionária em relação aos usuários finais.
No século XVII, as garantias oferecidas aos concessionários eram poucas,
porém no século XVIII ocorreu a ampliação dessas garantias, prevendo direitos de
indenização em caso de culpa da Administração Pública, aumento de obra, rescisão
unilateral sem culpa do concessionário e ocorrência de situações imprevistas. Nos
municípios, muitos serviços públicos tornaram-se objeto de concessão,
justificando-se tal exploração pelos concessionários como uma forma de se obter
mais economia.
Na Europa do século XIX, a concessão já trazia a característica da longa
duração, para propiciar o retorno do investimento aplicado. Foi criada para serviços
que exigirem grandes investimentos financeiros e pessoal técnico especializado, ou
seja, encargos que o Poder Público não tinha condições financeiras para assumir.
Esta forma de terceirização incidiu principalmente na construção de estradas de
ferro, fornecimento de água, gás, eletricidade e transportes urbanos.
Na Inglaterra, as grandes obras de infraestrutura do século passado,
realizadas por empresas privadas, não se originaram de concessões propriamente
ditas, mas de simples autorizações, como nos Estados Unidos da América. Eram as
licenças de construção, concedidas mediante projetos de interesse local, ou seja, o
princípio da supremacia do interesse público estava implícito naquela época.

31
MEDAUAR, Odete. Direito Administrativo. 21 Ed. Belo Horizonte: Fórum Conhecimento Jurídico.
2018.
31

Dessa forma, o instituto da concessão de serviços públicos perdeu parte de


sua importância no século XX, em virtude das nacionalizações das concessionárias.
No entanto, em alguns segmentos, a utilização aumentou, como por exemplo: a
delegação de serviços de abastecimento e de saneamento, de rodovias, de pontes e
viadutos.
Durante as décadas de 30 e 40 registrou-se um declínio das concessões em
âmbito mundial, ocasionada pela instabilidade econômica no pós-guerra, como
também os reflexos nefastos na economia mundial, provocados a partir dos Estados
Unidos da América, com a quebra da bolsa de valores de Nova York. Dessa forma,
as atividades concedidas foram nacionalizadas e criaram-se empresas estatais que
absorveram parte das concessões do setor privado, assim, surgiram, as concessões
outorgadas aos entes da Administração Indireta ou Descentralizada, ou seja,
empresas públicas e sociedades de economia mista.
O ressurgimento do interesse pela concessão no mundo ocorreu a partir dos
anos 80, com a justificativa de atuar como uma forma de execução de serviços sem
ônus financeiro para a Administração Pública. Esta ressurgimento resultou da
necessidade de delegar a execução de serviços públicos a particulares, por meio
dos contratos de concessão de serviços públicos, como também, das instituições de
pessoas jurídicas de direito privado, criadas para esta finalidade, pois o Estado não
dispunha de organização e tão pouco de infraestrutura necessária para a realização
dessas atividades.
Os setores da infraestrutura básica para a população, como: o fornecimento
de água, esgoto e saneamento, foram privatizados na Inglaterra a partir do ano de
1989, de acordo com o modelo de desenvolvimento pensado pela ex-Primeira
Ministra Margaret Thatcher. Estas privatizações de serviços públicos, ocorreram com
grande sucesso, transformando as antigas repartições públicas em sociedades de
economia mista, que, após, passaram para o controle da iniciativa privada. De
acordo com o modelo inglês, o concessionário é proprietário das instalações e
dispõe da flexibilidade de gestão que caracteriza a atividade empresarial
(particular).32
Já a concessão nos Estados Unidos da América é realizada na forma de
uma autorização pela Administração Pública daquele país, para o ingresso em
determinadas atividades do interesse público, como delegação do Poder Público,
32
MEDAUAR. 2018.
32

com similaridades com a França e ao Brasil, nos seus respectivos sistemas e


procedimentos.
A utilização da concessão no Brasil remonta-se historicamente ao longo do
século XIX, época em que a Administração Pública, contemplou a captação de
recursos da iniciativa privada, especialmente na implementação de ferrovias, de
forma marcante, nas primeiras décadas do século XX, a concessão foi aplicada para
outros setores, especificamente energia elétrica, após a metade do século XX,
porém este instituto jurídico havia perdido a sua importância a aplicabilidade.
Conforme assevera o doutrinador Arnold Wald ‘‘a evolução histórica do instituto da
concessão ao longo do tempo se aperfeiçoou significativamente à luz dos contratos
entre as partes’’.33
Na constituição de 1934, a característica marcante da disposição
constitucional elegeu a exigência de que a empresa concessionária fosse
administrada por brasileiros, na Constituição de 1937, a redação mudou, com fulcro
no artigo 146 desta Carta Magna, as empresas concessionárias deveriam constituir
com a maioria de brasileiros a sua administração ou delegar a brasileiro, todos os
poderes de gerência, esta mudança, destacou a disposição sobre o sistema tarifário
a ser implantado através de edição de uma lei federal.
A Carta Magna de 1946, remeteu à lei a disposição a respeito do regime das
concessões de serviços públicos. Surge na Constituição de 1967, pela primeira vez
no ordenamento jurídico constitucional, a referência ao equilíbrio
econômico-financeiro da relação contratual de concessão de serviço público, Este
equilíbrio econômico- financeiro, surgiu como um mecanismo de defesa da relação
contratual na concessão de serviço público, diante da dinâmica das relações sociais,
especialmente as de ordem política e econômica.
Ocorreu no Brasil, o ressurgimento do interesse pela concessão,
especialmente na década de 80. Assevera Marçal Justen Filho:

Em face da carência de recursos públicos para a exploração de serviços


públicos lucrativos, tornou à tona o instituto da concessão, redescobriu-se a
sua utilidade, e a sua difusão tornou-se bandeira de inúmeros movimentos
políticos, mas a evolução jurídica produziu um novo perfil para o instituto.34

Na Constituição Federal de 1988, houve a regulação, constante no

33
WALD, Arnold et al. O Direito da Parceria e a Nova Lei de Concessões. São Paulo. 1996. p. 57.
34
JUSTEN FILHO. 2003, p. 25.
33

parágrafo único do artigo 175, e a previsão dos serviços públicos concedidos. No


ano de 1998, houve a promulgação da Emenda Constitucional no. 1935, que instituiu
alterações na relação administrativa orientada para a atuação do Estado por meio
dos Órgãos da Administração Pública, na prestação de serviços públicos. Nesta
emenda, houve a intenção do legislador de instituir um novo modelo para a
Administração Pública que tivesse como proposta, a demanda pelo maior controle
dos gastos e pelo aperfeiçoamento da qualidade na prestação desses serviços
públicos.
Na década de 80, foram criadas os EADI ́s – Estações Aduaneiras de
Interior com fulcro no Regulamento Aduaneiro (RA), que se constitui no
ordenamento jurídico do direito aduaneiro sob o controle da Secretaria da Receita
Federal do Brasil, órgão da Administração Pública, responsável pelas operações do
comércio exterior brasileiro, especialmente, no direito aduaneiro. As Estações
Aduaneiras de Interior, ou seja, Portos Secos, como são conhecidos entre todos os
operadores do comércio exterior, tiverem a sua expansão e consolidação na década
de 90, quando o governo brasileiro à época, o governo do ex Presidente Collor,
promoveu uma grande abertura do comércio exterior brasileiro, com as reduções de
tarifas de importação, como também, desburocratizar o comércio exterior nacional
com a introdução de sistema informacional de Estado, o SISCOMEX – Sistema de
Comércio Exterior, o que gerou à época, procedimentos mais transparentes e um
ganho de eficiência e qualidade, na prestação de serviços públicos aos operadores
(particulares) do comércio exterior brasileiro. Não por acaso, que na década de 90,
houve um quantidade exponencial de licitações por parte do Estado por meio da
Administração Pública e o seu Órgão responsável por esta área, a Secretaria da
Receita Federal, que coordenou todo o processo licitatório de concessão e
permissão às empresas (particulares), ou seja, as concessionárias para a prestação
de serviços no s EADI-s (portos secos), oferecendo serviços, tais como:
armazenagem de produtos, movimentação dos materiais, transportes e toda
infraestrutura de pessoal, equipamentos e espaços físicos para os Auditores Fiscais
da Receita Federal, Fiscais do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento
(MAPA) e Fiscais Estaduais (controle de arrecadação do ICMS), cabe ressaltar que
a empresa concessionária (particular), opera de acordo com as regras e
subordinação da Secretaria da Receita Federal, que é o Órgão responsável da
35
DECRETO - LEI no. 4.765/2003
34

Administração Pública, pela qualidade e eficiência dos serviços prestados aos


operadores do comércio exterior brasileiro.
Em 13 de fevereiro de 1995, o Brasil passou a ter uma lei específica de
concessão de serviços públicos, trata-se da Lei no. 8.987/9536, denominada Lei de
Concessões e Permissões de Serviços Públicos. A sanção dessa Lei ocorreu com a
finalidade de regulamentar o regime de concessão e de permissão da prestação de
serviços públicos, com fulcro no artigo 175 da Constituição Federal de 1988.
Já em 07 de julho de 1995, foi editada a Lei no. 9.074/95 que, em conjunto
com a Lei no. 8.987/9537, elencou todas as atividades econômicas sujeitas ao regime
de concessão e permissão de prestação de serviços públicos. Com o destaque para
os setores: a geração, a transmissão e a distribuição de energia elétrica, vias
federais, explorações de obras ou serviços de barragens, contenções, eclusas,
diques e irrigações, estações aduaneiras e outros terminais alfandegados de uso
público, não instaladas em área de porto e de aeroporto.
No segundo semestre de 1996, após a edição dessas duas últimas leis,
finalmente se iniciou a Receita Federal a autorizar o alfandegamento em terminais
particulares, permitindo-os a processar cargas de terceiros, criando a opção privada
aos portos públicos.
Na década de 90, notadamente marcada pela abertura do comércio exterior
brasileiro, conforme mencionado anteriormente, ocorreu no Brasil, o processo
conhecido à época, de “interiorização das aduanas”. Este processo consiste na
política de criação de uma variedade de recintos alfandegados, com a finalidade de
descongestionar a zona primária, ou seja, os portos, aeroportos e zonas de
fronteiras, na forma da Lei (Regulamento Aduaneiro). Especialmente nos
procedimentos administrativos públicos realizados pelos despachantes aduaneiros
(particulares), estes procedimentos, são conhecidos como despacho aduaneiro de
exportação e despacho aduaneiro de importação, ou seja, consiste em um conjunto
de procedimentos, com previsão legal no Regulamento Aduaneiro, sob a
responsabilidade da Receita Federal. Neste sentido, as estações aduaneiras de
interior (portos secos), contribuíram de forma significativa no descongestionamento
da prestação de serviços aduaneiros com maior agilidade e eficiência na prestação

36
LEI no. 8.987 de 13 de fevereiro de 1995.
37
LEI no. 9.074 de 07 de julho de 1995.
35

desses serviços aduaneiros e alfandegários.38


No ano de 2002, com o Decreto-lei no. 4.76539, alterou-se a denominação de
Estações Aduaneiras de Interior, que passou a ser denominadas de Portos Secos,
em face de uma adequação de terminologia à prática dos operadores do comércio
exterior brasileiro, já que os contêineres, que são o símbolo maior do modal de
transporte internacional marítimo, passaram a ocupar em grande parte, estes
espaços físicos.
Cabe ressaltar, que o processo de “interiorização” aduaneira, ainda se
desenvolve nos dias atuais, face ao crescimento significativo das exportações e
importações brasileiras (comércio exterior) no cenário global, e os Portos Secos
desempenham um papel fundamental, na agilização e eficiência nos procedimentos
de despachos aduaneiros de exportação e importação, descentralizando estas
operações de comércio exterior que antes estavam restritas somente aos portos,
aeroportos e ou zonas de fronteiras. Os Portos de Secos se constituem em zona
secundária com base no Regulamento Aduaneiro.
Esta expansão na licitação de novos Portos Secos no Brasil, para além de
atender a expansão do comércio exterior brasileiro, proporcionando uma maior
competitividade na prestação dos serviços aduaneiros e alfandegários nestes
importantes espaços físicos, demonstra a interação e o esforço entre os atores, o
Estado de um lado e as empresas (particulares), especialmente, nos tempos atuais,
onde o Brasil vem crescendo significativamente em suas exportações e importações,
e possui grande parceiros globais, como: China, Estados Unidos, Alemanha, Itália,
França, Japão, Holanda e Argentina, ou seja, os principais parceiros na atualidade,.
Dessa forma, este aumento no comércio exterior brasileiro, pressupõe uma
participação do Estado por meio da sua Administração Pública através de uma
licitação pública, onde os particulares (empresas), se vencedoras do processo
licitatório, podem prestar estes serviços aduaneiros e alfandegários, muito
importantes para a operação do comércio exterior.
É imprescindível ressaltar a importância e a dimensão constitucional em que
se insere o instituto da concessão. São muitas e explícitas as referências que a
Constituição Federal de 1988 faz à concessão de serviço público. Dessa forma, há

38
ROCHA, Paulo Cesar Alves. Regulamento Aduaneiro.,9ª. Ed. São Paulo: Aduaneiras, 2005, p.
338.
39
Decreto nº 4.543 de 26 de Dezembro de 2002.
36

que se compreender o instituto com base em uma sistemática constitucional.


A outorga de concessão constitui uma opção quanto ao desempenho dos
serviços públicos, sendo assim, torna-se evidente a necessidade de se conjugar o
regime efetivo dessa outorga com os princípios jurídicos fundamentais.;
A Carta Magna de 1988 dispõe sobre a outorga da concessão e da
permissão de serviços públicos no artigo 175, refere-se ainda, em seu parágrafo
único, a necessidade de edição da lei complementar à matéria.
Conforme o artigo 175 da Constituição Federal de 1988, os serviços podem
ser prestados diretamente pelo Poder Público, ou indiretamente, através de
concessão ou permissão a particulares (empresas), por meio de licitação, e na forma
da lei, ainda no artigo 175 da Constituição Federal de 1988, há a menção ao instituto
da permissão, que é outra modalidade de delegação de serviço público a
particulares. A permissão é tratada no parágrafo único do artigo 175 como contrato,
sucedendo o mesmo com a legislação que disciplinou a matéria.
De acordo com Ruth Helena Pimentel de Oliveira, a regulamentação legal da
delegação de prestação de serviços públicos ao particular, exigida pelo comando
constitucional, foi atendida com a edição da Lei Federal no. 8.98740, de 13 de
fevereiro de 1995, que dispõe sobre o regime de concessão e permissão da
prestação de serviços públicos, e da Lei Federal no. 9.074, de 7 de julho de 1995,
que estabelece normas para outorga e prorrogação das concessões e permissões
de serviços públicos”.41
As concessões devem ser tratadas segundo sua especificidade, evitando-se,
assim, o tratamento segundo um único figurino. Neste sentido, não se pode adotar
uma interpretação literal, pretendendo-se finalmente ao significado das expressões
utilizadas pelo legislador e ignorando o sistema constitucional vigente. Pelo artigo 7º
da Lei no. 8.987/95, existe o reconhecimento da extensão do regime do Código de
Defesa do Consumidor (CDC) à prestação dos serviços públicos. O Código de
Defesa do Consumidor, Lei no. 8.078, de 11 de setembro de 1990, dispõe sobre as
normas de proteção do consumidor, estabelece normas de ordem pública e
interesse social, na medida em que pretende equilibrar as relações entre
fornecedores de produtos e serviços e os seus consumidores. Regulamenta ainda
as atividades de prestadoras de serviços públicos nos âmbitos federal, estadual e

40
LEI no 8.078 de 11 de setembro de 1990. Lei de Defesa do Consumidor.
41
MEDAUAR. 2018.
37

municipal.
38

4. A EFICIÊNCIA DO ESTADO E DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA NA


CONCESSÃO E PERMISSÃO NA PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS PÚBLICOS DE
PORTOS SECOS A EMPRESAS PRIVADAS

A concessão de serviços públicos diz respeito ao contrato administrativo, no


qual a Administração Pública delega a um particular, a execução de uma serviço
público em seu nome, por sua conta e risco, assegurando-se a remuneração dos
serviços concedidos com o recebimento de tarifa cobrada do usuário. Existem vários
doutrinadores que entendem que a concessão de serviços públicos no Brasil possui
natureza jurídica contratual.
De acordo com o doutrinador Hely Lopes Meirelles:

Contrato de concessão de serviço público, ou, simplesmente, concessão de


serviço público, é o que tem por objeto a transferência da execução de um
serviço ao particular, que se remunerar dos gastos com o empreendimento,
aí incluídos os ganhos normais do negócio, através de uma tarifa aos
usuários.42

Ainda, conforme o mesmo doutrinador:

pela concessão o poder concedente não transfere propriedade alguma ao


concessionário, nem se despoja de qualquer direito ou prerrogativa pública.
Delega apenas, a execução do serviço, nos limites e condições legais
contratuais, sempre sujeita a regulamentação e fiscalização do
concedente.43

Dessa forma, a concessão evidencia uma forma indireta de prestação de um


serviço público, excluindo-se do instituto certas atividades inerentes ao Estado,
atividades típicas, situadas no limite das suas atribuições originárias.
A análise do instituto da permissão de serviços públicos possui uma
correlação da forma de delegação de serviços públicos aos particulares (empresas).
Dessa forma, um aspecto bastante importante acerca do objeto de pesquisa em tela.
É imprescindível que se estabeleça a distinção entre concessão e permissão
de serviços públicos, o que na prática, representa diferenças sutis entre si, porque
ambas implicam prestação de serviços públicos por meio de particulares,
remunerados por uma tarifa que os usuários pagam. Tanto a concessão como a

42
MEIRELLES, Hely Lopes. Direito Administrativo Brasileiro. São Paulo, 2003, p. 319.
43
MEIRELLES. 2003, p. 319.
39

permissão de serviços públicos, admitem um alto grau de exigência e complexidade,


dessa forma, se faz necessário esta distinção.
Assevera o doutrinador Marçal Justen Filho acerca das diferenças dos dois
institutos:

A concessão é o instituto adequado às situações em que a transferência do


serviço para a iniciativa privada importar atuação de médio e longo prazo,
exigindo inclusive (mas não necessariamente) investimentos em bens
reversíveis ao patrimônio público. A permissão será utilizável para
delegações em que a remuneração obtida em curto prazo seja suficiente
para compensar o particular. Não haverá investimentos de maior monta nem
haverá bens que reverterão para o patrimônio público, O contrato destina-
se a prazos curtos de vigência.44

Há uma diferença significativa entre os institutos da concessão e permissão,


a primeira se exterioriza por meio de contrato, enquanto que a segunda por sua vez,
por um ato administrativo, discricionário, precário, revogável em princípio a qualquer
tempo.
Com fulcro na Lei de Concessões que trata de forma detalhada das
concessões e estipula a aplicação das mesmas regras às permissões, com base no
artigo 40 da Lei no. 8.987/95, existe a especificação de que as permissões de
serviço público devem ser formalizadas por meio de contrato de adesão.
De acordo com o doutrinador Walter Douglas Stuber, sobre as diferenças
entre os institutos da concessão e permissão:

A concessão é um ato bilateral. Apesar da discricionariedade dos atos da


Administração, de seu poder de, flexivelmente, estabelecer alterações ou
encerrar o contrato de concessão, a qualquer tempo, por razões de
interesse público, tais alterações ou encerramento acarretam o dever de
pagamento de indenizações, por rompimento contratual, do Poder Público
ao concessionário. (...) A permissão é ato unilateral de outorga do exercício
público a particular, a título precário, ou seja, tal outorga não constitui o
particular em direitos contra o Estado, não havendo vínculo de direito
adquirido. (...) Há, portanto, a possibilidade de revogação unilateral, e a
qualquer tempo, por parte do Poder Público o dever de indenizar o
particular, a menos que o contrário tenha sido expressamente previsto no
contrato de adesão.45

Dessa forma, mesmo quando concedido, o serviço continua sendo público,


assim, o poder concedente, ou seja, união, estado e ou município, nunca se despoja

44
JUSTEN FILHO. 2003, p. 135.
45
STUBER, Walter Douglas.O Financiamento de Projetos no Brasil e a Lei de Concessões.São
Paulo, 1996, p. 42-43.
40

do direito de explorá-lo direta ou indiretamente. A exploração pode ser realizada


pelos Órgãos da Administração Pública, Autarquias, e Empresas Estatais, desde
que o princípio da supremacia do interesse público esteja presente.
De acordo com o doutrinador, Hely Lopes Meirelles:

A regulamentação e controle do serviço público e de utilidade pública


caberão sempre ao Poder Público, qualquer que seja a modalidade de sua
prestação aos usuários (...) O fato de tai serviços serem delegados a
terceiros, estranhos à Administração Pública não retira do Estado seu poder
indeclinável de regulamentá-los e controlá-los, exigindo sempre sua
atualização e eficiência, de par com o exato cumprimento das condições
impostas para a sua prestação ao público, Qualquer deficiência do serviço
que revele inaptidão de quem o presta ou descumprimento de obrigações
impostas pela Administração Pública ensejará a intervenção do Poder
Público delegante para regularizar seu funcionamento ou retirar-lhe a
prestação.46

Na permissão, a Administração Pública estabelece os requisitos para a


prestação dos serviços e, por ato unilateral , pode transferir a execução aos
particulares que possam demonstrar a capacidade para o seu respectivo
desempenho, com base na qualidade e eficiência para os serviços que serão
prestados. O serviço público permitido é executado em nome do permissionário,
também por sua conta e risco, mas sempre nas condições e com os requisitos
preestabelecidos pela Administração Pública, e o seu respectivo Órgão
permissionário, que controla a execução, que pode intervir quando os serviços forma
prestados inadequadamente aos usuários. São as várias as características dos
contratos de concessão e de permissão de serviços públicos são aplicadas à
concessão e permissão dos portos secos, dessa forma, a importância desta seção
para a posterior compreensão e entendimento das características contratuais
específicas deste segundo tipo de delegação a particulares.
Quanto à ausência de exclusividade na outorga da concessão ou permissão
é a regra extraída do artigo 16 da Lei no. 8.987/95, que possui o interesse em evitar
que a ausência de competição desestimule a eficiência na prestação dos serviços
públicos pelo concessionário ou permissionário, se extrai a obtenção do melhor
resultado possível para o interesse público concreto, que consiste na realização do
princípio da dignidade humana.
A licitação impõe-se como uma característica importante nas concessões de

46
MEIRELLES. 2003. p. 319.
41

serviço público, esta modalidade contempla a concorrência pública, com fulcro na


Lei no. 8.666/93, conhecida como a Lei das Licitações. A Lei de Concessões
preceitua que toda concessão de serviço público, precedida ou não de execução de
obra pública, deverá ser objeto de licitação prévia.
De acordo com Hely Lopes Meirelles, acerca da Lei no. 8.987/95, artigo 16,
assevera que:

A concessão, em regra, deve ser conferida sem exclusividade, para que


seja possível sempre a competição entre os interessados, favorecendo,
assim, os usuários com serviços melhores e tarifas mais baratas. Apenas
quando houver inviabilidade técnica ou econômica de concorrência na
prestação do serviço, devidamente justificada admite-se a concessão com
exclusividade.47

A doutrinadora Fernanda Stracke Moor, explica acerca da utilização da


concorrência nos serviços públicos:

A característica da ausência de exclusividade deve ser entendida na


sistemática própria da prestação indireta do serviço público, abrindo espaço
para a concorrência entre os prestadores ou potenciais prestadores de
serviços públicos, considerando sempre que a sua execução será exercida
por aqueles terceiros que atenderem às condições necessárias para o bom
desempenho do serviço. A competitividade se manifesta na fase contratual,
como elemento que enseja a melhoria da qualidade do serviço, sendo
comum nos casos em que a concessão não é outorgada exclusivamente a
um concessionário, e na fase licitatória, assegura a igualdade de
oportunidade para todos os interessados e favorecer a modicidade de
tarifas.48

A concessão de serviço público formaliza-se através de um contrato


administrativo, que deverá fixar o objeto, a área e o prazo de concessão, o preço do
serviço, os critérios e procedimentos para o reajuste e revisão das tarifas, os direitos
e os deveres dos usuários para a fruição dos usuários das prestações dos serviços,
a minuciosa enumeração dos encargos do concessionário, os direitos e deveres
referentes às alterações e expansões eventuais e futuras, as penalidades
contratuais e administrativas, para além de outras condições.
Conforme o doutrinador Walter Douglas Stuber acerca do instituto da
concessão, pontua:

47
MEIRELLES. 2003. p. 319.
48
MOOR, Fernanda Stracke. O Regime de delegação da prestação de serviços públicos. Porto
Alegre, 2002, p. 82.
42

O contrato de concessão é um contrato administrativo, regido pela Lei de


Concessões e regulado pelas suas cláusulas e pelos preceitos de direito
público, aplicam-se supletivamente ao contrato de concessão os princípios
da teoria geral dos contratos e as disposições de direito privado. O contrato
de concessão deve estabelecer com clareza e precisão as condições para
sua execução, expressas em cláusulas que definam os direitos, as
obrigações e as responsabilidades das partes, consoante os termos da
licitação e da proposta a que se vincula.49

Dessa forma, pressupõe que o dever do Estado, a capacitação técnica e


administrativa do pessoal que executará os atos referentes ao processo, desde os
seus responsáveis pelas decisões técnicas, a elaboração dos termos de referência,
a elaboração de edital e contrato, até aqueles que se ocuparão da fiscalização e do
controle dos serviços prestados pela concessionária.
É uma prerrogativa da Administração Pública, a retomada do serviço,
durante o prazo de concessão, por motivo de conveniência ou interesse, trata-se dos
institutos da encampação ou resgate. De qualquer forma, é uma garantia à
concessionária a determinação de que a encampação depende de lei autorizadora
específica, A concessionária não pode se opor à retomada do serviço pela
Administração Pública, mas assegura-se a esta, a mesma concessionária, o direito à
indenização dos prejuízos sofridos.
Quanto às prerrogativas contratuais, se confere à concessionária o direito ao
recebimento da tarifa, à manutenção do equilíbrio econômico-financeiro do contrato
e a inalterabilidade de seu objeto, qualquer que seja uma eventual modificação no
mesmo, que possa repercutir na equação do contrato, que possa dar um ensejo a
sua respectiva revisão, inclusive no que tange ao valor estipulado da tarifa.
Com relação aos usuários, os mesmos são beneficiários do serviço público,
por meio do pagamento da tarifa, não integram o contrato de concessão de serviços
públicos, bem como, a sua relação obrigacional, que ocorre entre o usuário e o
concessionário, formalmente ou não. Os seus direitos devem ser claramente
assegurados no contrato de concessão, uma vez que é ele o destinatário do serviço
concedido.
Os usuários de serviços públicos são protegidos pelo artigo 22 do Código de
Defesa do Consumidor (CDC), que prevê:

Que os Órgãos Públicos, por si ou suas empresas concessionárias,


permissionárias ou sob qualquer outra forma de empreendimento, são

49
STUBER. 1996. p. 42-43.
43

obrigados a fornecer serviços adequados, eficientes, seguros, quantos aos


essenciais, contínuos.50

Conforme assevera o doutrinador Marçal Justen Filho, quando a proteção ao


usuário:

O Estado tem o dever de assegurar que as necessidades individuais e


coletivas continuem a ser satisfeitas, depois de produzida a privatização. A
empresa privada que assumir a atividade correspondente ao serviço
público, ainda que o faça sob o regime de Direito Privado, terá o dever de
fazê-lo em termos universais, com a observância dos princípios da
igualdade, da continuidade e da modicidade de tarifas.51

Dessa forma, a atribuição do risco ao concessionário significa a ausência de


remuneração por parte do Poder Concedente. As despesas e os encargos são
custeados pelo concessionário, e a remuneração do mesmo se efetiva por meio da
cobrança de tarifas pagas pelos usuários e por outras soluções empresariais. Assim,
existe lucro se os resultados forem satisfatórios, ou prejuízo, se os resultados forem
insatisfatórios.
Para além do risco assumido pelo concessionário ou permissionário, não há
a vedação constitucional acerca dos recursos estatais serem aplicados na
manutenção de atividades concedidas. Dessa forma, a participação estatal atua
prevenindo e evitando que a dimensão dos riscos e dos encargos assumidos pelos
particulares (empresas privadas) se transformem em encargos excessivamente
elevados para os usuários.
A doutrinadora Maria Luiza Machado Granziera, pontua acerca da política de
tarifa pública.

A tarifa é a remuneração, ao longo do contrato de concessão, do


investimento efetuado pelo concessionário no serviço, incluindo ou não a
execução de obras, somando-se a isso o custeio da prestação do mesmo e
incluindo ainda de acordo com o critério de julgamento utilizado na licitação,
nos termos do artigo 15 da Lei no. 8.987/95, a remuneração ao poder
concedente pela outorga da concessão.52

Já o artigo 9º da Lei de Concessões prescreve a política tarifária da


concessão e permissão., mencionando o artigo em seus parágrafos, estabelecem

50
LEI Nº 8.078, DE 11 DE SETEMBRO DE 1990. Artigo 22.
51
JUSTEN FILHO. 2003, p. 135.
52
GRANZIERA, Maria Luiza Machado. Contratos Administrativos: Gestão,Teoria e Prática. São
Paulo: Atlas, 2002.
44

que a tarifa do serviço deve ser fixada pelo preço da proposta vencedora da licitação
e preservada pelas regras de revisão com fulcro na Lei de Concessões.
Ainda acerca da política tarifária, Marçal Justen Filho pontua:

Então, a tarifa a ser exigida para a fruição do serviço por parte dos usuários
deverá ser suficiente para a manutenção do serviço (e para a obtenção do
lucro do delegatário). Isso produz a diferenciação entre dois conjuntos de
pessoas: a comunidade e os usuários. Os recursos da comunidade não
mais serão aplicados para a implantação e manutenção do serviço. Caberá
aos próprios usuários arcar com as despesas necessárias. Dito de outro
modo, a concessão acarreta a redução dos encargos dos não-usuários,
cujos recursos deixam de ser exigidos para a manutenção do serviço
público. E, de modo concomitante, gera o agravamento da situação
econômica dos usuários do serviço, que terão de arcar com o ônus
econômico correspondente.53

Também há outra característica contratual que deve ser verificada, que diz
respeito à intangibilidade da equação econômico-financeira da concessão. Na
ocorrência de evento superveniente e extraordinário, assegura-se ao concessionário
a recomposição da relação original entre os encargos e vantagens.

53
JUSTEN FILHO. 2003, p. 135.
45

5. CONCESSÃO E PERMISSÃO DE EXTENSÕES ADUANEIRAS E DE


TERMINAIS OPERACIONAIS ALFANDEGADOS E SUAS ATRIBUIÇÕES

O estudo da concessão e da permissão de prestação dos serviços públicos


é amplo e compreende uma certa complexidade, por esse motivo, a necessidade de
se especializar o estudo desse assunto acerca da delegação dos serviços em
estações aduaneiras de interior (EADI ́ s) por parte da Administração Pública.
Portanto, este trabalho de pesquisa, contempla uma espécie de concessão
e ou permissão, ou seja, a de prestação de serviços aduaneiros de responsabilidade
da União, sob a fiscalização da Secretaria da Receita Federal do Brasil (SRFB,
enquanto Órgão da Administração Pública Federal, responsável pelas atividades de
prestação dos serviços em comércio exterior (despachos aduaneiros nas
exportações e importações), cabe ressaltar quando se diz a prestação dos serviços
aduaneiros, as quais, decorrem das atividades dos despachos aduaneiros de
exportações e importações, realizadas nos terminais operacionais alfandegados sob
a égide da Secretaria da Receita Federal do Brasil (SRFB). Fundamentam-se tais
serviços nos termos do art. 1º., da Lei no. 9074/95, pelo qual podem ser delegados
por concessão ou por permissão, os serviços e obras públicas de competência da
União, tais como: “c) extensões aduaneiras e outros terminais alfandegados de uso
público , não instalados em área de porto ou aeroporto, precedidos ou não de obras
públicas”.
Em alguns países sem litoral, armazenamento de produtos, possui uma
função e atribuição, em decorrência dos problemas peculiares provocados pela
inexistência de acesso direto ao mar. Nestes países, é muito recorrente, encontrar
os “portos secos”, os quais, atendem as demandas dos exportadores e
importadores, nos seus respectivos armazenamentos dos produtos exportados e ou
importados por estes países, bem como as suas atividades operacionais finais
nestes “portos secos”, que são os despachos aduaneiros de exportação e
importação que proporcional os direitos aduaneiros com os registros das
exportações e importações, conforme a legislação aduaneira vigente nesses países.
Também no Brasil as atividades do comércio exterior (exportação e
importação), realizadas nas Estações Aduaneiras de Interior (EADI ́ s) ou Portos
Secos, são fundamentais, em especial nas operações dos despachos aduaneiros de
exportação e importação. Atendendo às demandas cada vez mais crescente e
46

significativa dos exportadores e importadores brasileiros, em face das negociações


internacionais das empresas brasileiras com o mundo globalizado.
As atividades operacionais desenvolvidas nas Estações Aduaneiras de
Interior (EADI´s) ou Portos Secos, ou seja, estes armazéns ou terminais
alfandegados, recebem uma grande variedade de produtos, os quais de destinam as
exportações e ou importações brasileiras, as principais atividades, desenvolvidas
pelos EADI´s, são:

a) Armazenagem dos produtos (exportação e importação);


b) Estocagem dos produtos (exportação e importação);
c) Movimentação com as empilhadeiras:
d) Transportes rodoviários;
e) Despachos aduaneiros na exportação e importação;
f) Secretaria da Receita Federal do Brasil (SRFB), Ministério da
Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), Agência Nacional
de Vigilância Sanitária (ANVISA).

Todas estas atividades em tela, são efetuadas no âmbito dos armazéns e


terminais alfandegados (portos secos), ou seja, compreendem uma gama de
prestação de serviços que envolvem diversos atores, como: empresas do setor
privado (exportadores, importadores, despachantes aduaneiros, funcionários do
porto seco e transportadoras rodoviárias), e de outro lado, Órgãos da Administração
Pública Federal, como: Secretaria da Receita Federal do Brasil, Ministério da
Agricultura, Pecuária e Abastecimento e a Agência Nacional de Vigilância Sanitária.
Todos estes Órgãos da Administração Pública Federal, se fazem necessários de
forma presencial para o acompanhamento, anuência, deferimento e ou
indeferimento de determinadas mercadorias, as quais necessitam de autorizações
para as importações e ou exportações, previamente aos seus respectivos
despachos aduaneiros, como por exemplo: os produtos (mercadorias) relativos a
medicamentos, bebidas e alimentos que são de responsabilidade da ANVISA pelo
acompanhamento, anuência e fiscalização.
A utilização e a expansão na utilização de portos secos (armazéns
alfandegados e terminais operacionais alfandegados), são uma tendência mundial,
porque representam um espaço com extensões aduaneiras que atendem ao
47

comércio exterior (exportação e importação) dos países, bem como, as crescentes


demandas dos empresarias dos mesmos que atuam no comércio internacional.
Também o ganho de eficiência e competitividade para todos os atores
envolvidos na cadeia global de suprimentos e na prestação de serviços, os quais
ocorrem no âmbito dos armazéns e terminais alfandegados, em especial, os
serviços dos despachos aduaneiros nas exportações e importações. Como também
pode-se verificar que os portos secos, possibilitam uma alternativa como local, para
as atividades de despachos aduaneiros na exportação e importação, para além dos
portos marítimos e ou aeroportos, os quais, quase sempre possuem demandas por
estes serviços em escalas muito superiores aos portos secos.
A denominação porto seco, tem sua origem, culturalmente conhecida entre
os diversos operadores do comércio exterior brasileiro, por tratar-se de um armazém
alfandegado, que tradicionalmente se encontram localizados nos perímetros urbanos
das capitais e ou cidades que possuam também um fluxo razoável na demanda de
exportações e importações, e acima de tudo, esta denominação está atrelada ao
equipamento contêiner que é utilizado exclusivamente nos portos marítimos, desta
forma, ao longos dos anos, convencionou-se que a “melhor” denominação para o
armazém alfandegado, seria chamá-lo de porto seco, porque o mesmo recebe
inúmeros contêineres que provém dos portos marítimos nas importações, como
também, recebe contêineres que decorrem das empresas que estão realizando suas
exportações, nas duas situações, os empresários que atuam nas importações e ou
exportações, percebem que há uma eficiência e redução de tempos, nas atividades
de despacho aduaneiro no porto seco em detrimento dos portos marítimos.
Ressalta-se que o porto seco, recebe uma grande diversidade de cargas ou
produtos, oriundos de vários segmentos industriais brasileiros, os quais, podem
chegar ao porto seco, por meio do modal de transporte rodoviário doméstico e ou
modal de transporte rodoviário internacional, desta forma, o porto seco, realiza uma
importante interface entre os principais modais de transportes, a saber:

a) Transporte rodoviário nacional e internacional;


b) Transporte Marítimo Internacional;
c) Transporte Aéreo Internacional.
A Secretaria da Receita Federal do Brasil (SRFB), conforme legislação
aduaneira em vigor, em seu Regulamento Aduaneiro, denomina as áreas, a seguir,
48

como Zona Primária:

a) Pontos de fronteiras entre os países;


b) Portos;
c) Aeroportos.

Como também denomina a área, a seguir, como, Zona Secundária:

a) Porto Seco.

Esses recintos alfandegados foram criados pela Secretaria da Receita


Federal do Brasil (SRFB), com a finalidade de ofertar a prestações de serviços em
único local, que concentra-se todas as atividades operacionais em forma de
serviços, como uma alternativa para a realização do despacho aduaneiro no
comércio exterior (exportação e importação). De acordo com a SRFB, são “terminais
alfandegados de uso público, situados em zona secundária, destinados à prestação
por terceiros, dos serviços públicos de movimentação e armazenagem de
mercadorias sob controle aduaneiro”.
As estações aduaneiras de interior (EADI´s), ou seja, os recintos
alfandegados, também, para além dos serviços de movimentação e armazenagem,
oferecem os serviços de acondicionamento, e reacondicionamento e de montagem
de mercadorias importadas, denominadas pela SRFB em seu Regulamento
Aduaneiro, como, entreposto aduaneiro que é uma espécie do gênero regimes
aduaneiros especiais.
Os EADI´s (recintos alfandegados) representam, como zona secundária,
uma eficiência, redução do tempo, redução de custo e agilidade para os seus
demandantes, os empresários atuantes no comércio exterior brasileiro.
Também verifica-se que as estações aduaneiras de interior, ou seja, os
portos secos, apresentam-se como áreas ou espaços aduaneiros,. Capazes de
amenizar os problemas relativos das distâncias na cadeia de ́produção e logística de
suprimentos até o seu consumo (consumidor final), com a minimização do tempo e
dos fluxos na gestão dos processos fabris e logísticos e consequentemente uma
redução significativa no tempo de trânsito desde o início do processo produtivo, com
a chegado no porto seco, despacho aduaneiro e finalmente com o embarque da
49

mercadoria (produto) ao exterior. Este ganho de eficiência em toda cadeia produtiva


e logística, também tem os seus efeitos positivos em custos menores na reposição
dos estoques. Estas razões são preponderantes na instalação de um porto seco,
próximo às regiões produtoras e ou consumidores, que possuam atividades no
comércio exterior brasileiro, com uma significativa demanda dos empresários pela
prestação de serviços que decorrem desta instalação do porto seco. Com base na
Lei no. 5025 de 10 de junho de 1966, que criou o Conselho Nacional de Comércio
Exterior (CONCEX), o comércio exterior possui uma política pública, dessa forma, os
portos secos, são essenciais para a eficiência, redução de custos logísticos, na
busca de uma maior competitividade do comércio exterior brasileiro (exportações e
importações).
O resultado prático da instalação da instalação dos portos secos, torna-se
visível não apenas na velocidade que as unidades próximas às indústrias imprimem
ao processo produtivo, mas também na agilidade nos despachos aduaneiros de
exportações e importações e consequentemente nos desembaraços das
mercadorias (cargas), ou seja, as liberações das mercadorias, com base na
legislação aduaneira em vigente da Secretaria da Receita Federal do Brasil (SRFB)
por meio de seu Regulamento Aduaneiro (RA).
Os portos secos conferem outras vantagens competitivas aos exportadores
e importadores, tais como:

a) Segurança dos produtos estocados; os exportadores e importadores


são beneficiados por seguros, que garantem a proteção à carga;
b) Diversificação na prestação dos serviços e atendimento personalizado,
pelos diversos serviços prestados nos portos secos;
c) Os portos secos, também possuem os serviços de despacho
aduaneiro, com o controle e fiscalização dos Auditores Fiscais do Tesouro Nacional,
que são os servidores da Secretaria da Receita Federal do Brasil, que atuam
diretamente nos portos secos, o que possibilita uma agilização em todo despacho
aduaneiro e desembaraço aduaneiro nas exportações e importações;
d) As estações aduaneiras de interior (portos secos), cobram taxas de
armazenagem e movimentação de mercadorias, com valores mais baixos,
comparativamente aos portos e aeroportos, bem como, oferecem o serviço de
entreposto aduaneiro na importação, ou seja, o regime aduaneiro especial conforme
50

legislação aduaneira vigente no Regulamento Aduaneiro da SRFB. Por este regime


de entreposto aduaneiro na importação, a empresa, proprietária da carga que quiser
transferir as suas mercadorias (cargas) dos portos, aeroportos, pontos de fronteiras
para os portos secos (estações aduaneiras de interior), conta com a possibilidade de
deixá-las nesta espécie de regime com a suspensão de tributos”, e efetuando os
pagamentos dos mesmos a medida das nacionalizações destas mercadorias, ou
seja, toda vez que a empresa importadora (proprietária das mercadorias), necessite
nacionalizar uma parte destas mercadorias, momento do registro da declaração de
importação, há a incidência dos tributos devidos para esta nacionalização.

Diante destas vantagens proporcionadas pelos portos secos e a sua


correlação na competitividade do comércio exterior brasileiro, é que a tendência
atrelada a uma ideia principal, que haja a delegação dos serviços envolvidos em
terminais alfandegados a pessoas jurídicas de direito privado que tenham como
principal objeto social, cumulativamente ou não, a armazenagem, a movimentação,
a guarda ou o transporte de mercadorias.
Esta delegação pode ser efetivada mediante permissão ou concessão de
serviços públicos, sendo esta precedida da execução de obra pública.
Tanto as operações de movimentação e de armazenagem de mercadorias
sob o controle aduaneiro quanto a prestação de serviços conexos em porto seco,
sujeitam-se ao regime de concessão ou de permissão.
A execução das atividades operacionais e a prestação dos serviços conexos
são efetivados mediante regime de permissão, salvo, quando os serviços devam ser
prestados em porto seco, instalado em imóvel pertencente à União, tratando-se de
uma excepcionalidade, sendo que neste caso será adotado o regime de concessão
precedida da execução de obra pública. A concessão de serviço público precedido
da execução de obra pública é indispensável ao serviço delegado, conforme a Lei
no. 8987/95, art. 2º. , III, a realização de obra para essa finalidade compreende a
construção, total ou parcial; conservação; reforma; ampliação ou melhoramento de
qualquer obra de interesse público.
A percepção das vantagens e a importância de concessão e de permissão
de extensões aduaneiras e terminais alfandegados – mediante implementação de
portos secos – é a de que esta forma de delegação é capaz de suprir a ineficîencia
do Estado, aqui representado pela Secretaria da Receita Federal do Brasil (SRF),
51

enquanto Órgão da Administração Pública Federal, responsável pelo controle e


fiscalização das atividades operacionais desenvolvidas nos portos secos, em
especial, as atividades operacionais atinentes aos serviços de despacho aduaneiro
nas exportações e importações, as quais necessitam dos respectivos registros junto
ao SISCOMEX (Sistema Integrado de Comércio Exterior), que é um sistema do
Estado que integra os Órgãos da Administração Pública Federal, tais como:

a) Secretaria da Receita Federal do Brasil;


b) Banco Central do Brasil (BACEN);
c) Secretaria de Comércio Exterior.

Muitos procedimentos e características dos contratos nesta pesquisa,


já foram abordados em capítulo anterior, quanto às características da concessão e
permissão: na realidade, não existem muitas peculiaridades na concessão e
permissão de portos secos, já que constituem uma forma de delegação a terceiros
da prestação de serviços públicos. Desta forma, as peculiaridades relativas às
estações aduaneiras de interior são estabelecidas no edital de licitação e em
contrato.
É pertinente explicar que o tratamento dado nesta pesquisa, em especial
neste tópico, não possui correspondência doutrinária, por tratar-se de um assunto
pouquíssimo explorado pela doutrina jurídica. Quando observa-se os serviços
prestados em portos secos, estes são serviços públicos, que utilizam de forma
subsidiária as regras contratuais da concessão de serviços públicos ao contrato de
concessão de portos secos. A base utilizada para o enfoque dado às características
gerais e procedimentos na concessão e permissão de portos secos está contida em
contrato de concessão e edital de concorrência pública, fornecidos pela
Superintendência da Receita Federal do Brasil da 9ª. Região Fiscal, em Curitiba -
PR.
Os princípios inerentes à concessão são os mesmos que se referem à
execução de serviços públicos e que já foram citados em capítulo anterior,
especialmente, os da continuidade, o da mutabilidade do regime jurídico e o da
igualdade dos usuários.
A característica inicial a ser observada com relação à concessão de
funcionamento de portos secos é comum a todos os contratos administrativos, que
52

trata da exigibilidade quanto à necessidade de licitação pública prévia, na


modalidade de concorrência. Sendo que o objeto desta licitação é a concessão
precedida da execução de obra pública em portos secos, que estabelece prazos e
condições definidas em contrato.
A concessão de portos secos deve ser precedida da execução de obra
pública para prestação dos serviços públicos de estadia e de pesagem de veículos e
unidades de carga, bem como os de movimentação por meio de empilhadeiras e a
posterior armazenagem dos diversos produtos (mercadorias) nessas unidades.
Conforme Faria ressalta, a concessão de serviço público precedido da
execução de obra pública, opera-se segundo a regra geral, mediante contrato
precedido de licitação da modalidade concorrência. Este doutrinador, comenta ainda
que o concessionário, por sua conta e risco, realiza as obras de acordo com o edital
e contrato e, em seguida, explora o uso do bem, cobrando dos usuários uma quantia
em pecúnia.
Na etapa de habilitação do processo licitatório, o licitante deve comprovar
que tem como principal objeto social, cumulativamente ou não, a armazenagem, a
guarda ou o transporte de mercadorias. A comprovação da mesma, deve ser
realizada mediante apresentação do contrato social e da última alteração contratual,
se eventualmente houver, na respectiva junta comercial.
Também, o licitante se compromete, ainda, a usar o imóvel da União
exclusivamente para as atividades do porto seco, bem como apresentar um projeto
ou anteprojeto dessa unidade. No caso de o licitante vencer a concorrência, a
formalização de contrato entre a concessionária e a União dependerá da assinatura
de um “contrato de cessão”, sob regime de arrendamento, pelo uso de imóvel
próprio nacional, o qual será administrado pela Secretaria do Patrimônio da União.
Quanto à participação na licitação, é comum o edital de abertura da
concorrência vedar a participação de empresas interessadas que estejam em
processo de recuperação judicial e ou falência, de dissolução, de fusão, de cisão ou
de incorporação. O edital pode vedar também acesso a empresas que estejam
cumprindo suspensão temporária de participação em licitação e impedimento de
contratar com o Ministério da Economia ou que tenham sido declaradas inidôneas
para licitar ou contratar com os Órgãos da Administração Pública Federal.
Na proposta deve constar o prazo máximo para o início de funcionamento
estação aduaneira de interior (EADI), contado a partir da data de aprovação do
53

contrato, não podendo exceder a 30 (trinta) dias corridos. Também devem ser
propostas tarifas (em algarismos e por extenso), que compreendam o custo,
incluindo seguros, remuneração da concessionária e amortização do investimento
(custos envolvidos no capital investido, no caso dos equipamentos móveis), a serem
cobradas dos usuários pela armazenagem das mercadorias que estejam sob
controle aduaneiro.
A concessão ou a permissão de porto seco é formalizada por termo de
contrato, celebrado entre a União, representada pela Secretaria da Receita Federal
do Brasil (SRFB), como o Órgão da Administração Pública Federal, responsável
(denominada concedente para fins de contrato), e licitante vencedora (denominada
concessionária para fins de contrato), observando-se os termos da Lei no. 8987, de
1995, do respectivo edital e demais normas pertinentes.
O prazo para celebração do contrato é de 5 (cinco) dias, contados a partir da
data da convocação, cuja validade e eficiência só se consumam depois de aprovado
pelo Secretário da Receita Federal do Brasil, e publicado seu extrato no Diário
Oficial da União .
Os contratos de concessão e de permissão de estações aduaneiras de
interior, devem fixar o objeto; a área e o prazo de concessão; o preço do serviço; os
critérios para revisão das tarifas; os direitos e deveres dos usuários; penalidades
contratuais e administrativas; os encargos do concessionário, e outras condições
contratuais que se fizerem necessárias.
Com relação à execução do contrato, a concessionária poderá auferir
receitas acessórias na unidade concedida, decorrentes de prestação de serviços
conexos com aqueles da concessão, prestados facultativamente aos usuários,
relativos a limpeza e desinfecção de veículos e unidades de carga, movimentação e
armazenagem de mercadorias, favorecendo assim a modicidade das tarifas.
A remuneração dos serviços pela concessionária deve ser realizada pelo
usuário (característica comum às concessões e permissões em geral), sendo
aqueles relativos à estadia e pesagem de veículos e unidades de carga,
movimentação e armazenagem de mercadorias, aplicados conforme tarifas
constantes da proposta vencedora.
As tarifas cobradas pela concessionária poderão ser revistas, a fim de se
preservar o equilíbrio econômico-financeiro do contrato; no entanto, sempre que
forem atendidas as condições do contrato, considera-se mantido o equilíbrio
54

econômico-financeiro.
Importante ressaltar, que diante desta característica, que os interesses do
concessionário são resguardadas nos casos em que não exista confronto com o
interesse público; existem, prerrogativas da Administração Pública Federal, com
relação a contratos firmados com particulares, que devem ser aplicadas em caso de
conflito de interesses públicos e privados, como pro exemplo, dessas prerrogativas,
podem ser citadas: a aplicação do princípio da supremacia do interesse público
sobre o privado; a indefinição da relação contratual e possibilidade de encampação
ou retomada do serviço (sempre quando observado o interesse público).
Outra característica, também importante, refere-se ao exercício da
fiscalização por parte da concedente, que não exclui nem reduz a responsabilidade
da concessionária ou de seu agente ou preposto, inclusive perante terceiros, por
qualquer irregularidade, danos resultantes de imperfeição técnica, vícios redibitórios,
e a ocorrência destes não implica co-responsabilidade da concedente, no exercício
da fiscalização, a concedente terá acesso aos dados relativos à administração,
contabilidade, recursos técnicos, econômicos e financeiros da concessionária. Tal
característica exclui a co-responsabilidade estatal perante prestação irregular dos
serviços concedidos em porto seco.
Quanto às penalidades, a concessionária ficará sujeita à sanção quando
infringir a legislação aduaneira, ou quando descumprir execução total ou parcial do
contrato. Tais penalidades podem ser tanto de advertência, quanto de multa, no
processo de aplicação das penalidades, no entanto, é assegurado o direito dos
princípios do contraditório e da ampla defesa.
Quando não houver o pagamento da multa, cobra-se esse valor
administrativamente, podendo, ainda, o valor ser inscrito como Dívida Ativa da União
e cobrado judicialmente. O atraso no recolhimento do valor das multas aplicadas,
quando superior a 30 (trinta) dias, resultará na caducidade da concessão.
A inexecução total ou parcial do contrato também pode acarretar, de acordo
com o concedente, a declaração de caducidade da concessão ou aplicação das
sanções contratuais, respeitando-se as disposições do art. 27 da Lei no. 8987/95 e
das demais cláusulas contratuais, no que que couber.
A extinção da concessão e permissão de portos secos pode ocorrer como
em qualquer outro tipo de concessão de serviço público; extingue-se uma concessão
por:
55

a) Advento do termo contratual;


b) Encampação;
c) Caducidade;
d) Rescisão;
e) Anulação;
f) Falência ou extinção da empresa concessionária.

Conforme explica o Edital de Concorrência para a concessão de porto seco:

Considera-se encampação a retomada do serviço pelo poder concedente,


durante o prazo da concessão, por motivo de interesse público, mediante lei
autorizativa específica e após prévio pagamento da indenização das
parcelas dos investimentos ainda não amortizados ou depreciados que
tenham sido realizados, com o objetivo de garantir a continuidade e
atualidade dos serviços permitidos.

A caducidade da concessão pode ser declarada pelo concedente quando o


serviço estiver sendo prestado de forma inadequada ou deficiente no
descumprimento de cláusulas contratuais; na paralisação do serviço (salvo em caso
fortuito ou força maior); na perda das condições necessárias para a prestação do
serviço permitido; no não cumprimento das penalidades impostas por infrações; no
não atendimento à intimação do poder concedente para a regularização da
prestação do serviço, bem como na condenação em sentença judicial transitada em
julgado por sonegação de tributos e contribuições sociais.
E por último, observa-se que a formalização do contrato de concessão (ou
permissão) impõe à concessionária (ou à permissionária) obrigações e encargos
relacionados com a prestação dos serviços públicos em estação aduaneira de
interior (EADI), o que deveria ser feito com regularidade, continuidade, eficiência,
segurança, atualidade, generalidade, cortesia de atendimento e modicidade das
tarifas, na forma estabelecida na legislação específica.
A exigência do atendimento a esses princípios é uma característica comum
aos contratos administrativos, sendo também, caracterizados como princípios
inerentes à concessão e, dessa forma, aplicáveis à concessão e à permissão de
funcionamento de portos secos. Quando existe a inobservância ao atendimento dos
princípios citados ocorre a ineficiência na prestação de serviços públicos pelo
56

concessionário ou delegatário, podendo incorrer em uma das possibilidades de


extinção da concessão ou permissão. 54

54
ROCHA, Paulo de Cesar Alves.
57

6. PROCEDIMENTOS ADMINISTRATIVOS DO DESPACHO ADUANEIRO DE


EXPORTAÇÃO

A exportação se constitui em uma importante área de atuação em nível de


país, e de Estado, com reflexos muito significativos nos indicadores econômicos do
Brasil, que possui um volume expressivo em suas exportações para o mundo
globalizado, em especial, com a sua pauta exportadora no segmento econômico do
agronegócio, porque o Brasil é um dos maiores países agrícolas do mundo.
A exportação ou venda internacional de um país para outro, está amparada
na legislação de comércio exterior do país exportador, ou seja, o país de origem,
como também na legislação de comércio exterior do país de destino, e também nas
normas de aplicabilidade mundial, nas regras internacionais de negociação, ou seja,
os Incoterms, bem como os documentos, tais como:

a) Proforma invoice;
b) Commercial invoice;
c) Packing list;
d) Bill of lading ou Air Waybill.

A proforma invoice (fatura pró forma), é um documento de aplicabilidade


mundial no comércio exterior, conforme mencionado no capítulo anterior o comércio
exterior é composto de duas subáreas, a exportação (venda internacional) e a
importação (compra internacional). Este documento proporciona as negociações
iniciais entre exportadores e importadores do mundo, ou seja, se constitui em uma
cotação sem valor legal. O documento, denominado commercial invoice (fatura
comercial) é o documento mais importante no comércio internacional com
abrangência para todos os países que operam no mundo globalizado, porque
representa a efetivação da negociação entre os exportadores e importadores, ou
seja, analogamente, resguardando-se e relativizando as comparações, seria a nota
fiscal que atende a comercialização entre as empresas no Brasil em suas
respectivas negociações, apenas com uma grande diferença, que a commercial
invoice possui aplicabilidade no comércio mundial entre os quase 200 países.
Quanto ao documento packing list, é um documento que traz apenas as informações
relativas às mercadorias, com as suas referências, números de caixas e as suas
58

respectivas a mercadorias, ou seja, é um documento descritivo técnico sem as


informações comerciais, que constam nos documentos, proforma invoice e
commercial invoice, tais como:

a) Nome do exportador;
b) Nome do importador;
c) Endereço do exportador;
d) Endereço do importador;
e) Descrição técnica das mercadorias;
f) Tipo de Incoterm (regra de negociação);
g) Modal de transporte internacional (tipo);
h) Porto ou Aeroporto de origem;
i) Porto ou Aeroporto de destino;
j) Modalidade de pagamento;
k) Tipo de moeda.

Os documentos Bill of Lading e Air Waybill, que significam respectivamente,


conhecimento de transporte marítimo internacional e conhecimento de transporte
aéreo internacional, ou seja, são documentos elaborados pelos operadores do
comércio exterior, as empresas de navegação marítima internacional, ou seja, os
armadores e as empresas de navegação aérea internacional, as companhias aéreas
internacionais de cargas.
Os procedimentos administrativos e operacionais no despacho aduaneiro de
exportação, se constituem em importante etapa de preenchimento eletrônico de
todos os dados dos documentos mencionados acima (documentos de aplicabilidade
mundial) como também a observância da legislação aduaneira vigente, com base no
Regulamento Aduaneiro da Secretaria da Receita Federal do Brasil (SRFB), bem
como a legislação administrativa da Secretaria de Comércio Exterior (SECEX) e a
legislação do Banco Central do Brasil (BACEN). A observância se faz necessária
nas respectivas legislações desses três Órgãos da Administração Pública Federal
que são os Órgãos intervenientes no comércio exterior brasileiro, ou seja, os
procedimentos de despacho aduaneiro das exportações brasileiras, devem seguir as
normas vigentes para estarem aptas para serem exportadas para outros países.
Cabe ressaltar que o despachante aduaneiro é o profissional privado, o qual
59

foi nomeado pela Secretaria da Receita Federal do Brasil, mediante concurso


autorizado para exercer as suas funções junto aos exportadores e importadores.
As atribuições do despachante aduaneiro são exercidas no âmbito do porto
seco, atendendo aos seus clientes (exportadores e importadores) como profissionais
da iniciativa privada (empresas), mas ao mesmo tempo com prerrogativas de
atuação e interface junto aos Órgãos da Administração Pública Federal, (SRFB,
SECEX, BACEN), que atuam no comércio exterior brasileiro e dessa forma, são
intervenientes nas exportações brasileiras. O despachante aduaneiro, uma vez
nomeado pela SRFB para exercer efetivamente as suas atividades operacionais, o
mesmo passa a operar o SISCOMEX – Sistema Integrado do Comércio Exterior, que
é um sistema do Estado Brasileiro que integra as funções e atribuições dos Órgãos
da Administração Pública, responsáveis e intervenientes, mencionados
anteriormente.
As atribuições da Secretaria de Comércio Exterior (SECEX) no SISCOMEX,
são a observância na análise das solicitações eletrônicas (online) dos exportadores,
a partir das classificações fiscais das mercadorias, com base na legislação de
comércio exterior, como também acerca da necessidade ou não de órgão
interveniente, por ex: ANVISA, para as exportações de medicamentos, bebidas e
alimentos.
Já as atribuições da Secretaria taria da Receita Federal do Brasil (SRFB) no
SISCOMEX, são as funções relacionadas ao controle e fiscalização de todas as
exportações brasileiras, com base na legislação aduaneira vigente (Regulamento
Aduaneiro), bem como as informações contidas e preenchidas eletronicamente na
DU-E, que é a Declaração Única de Exportação, que é o documento legal, o qual
deve ser preenchido diretamente pelo despachante aduaneiro no SISCOMEX, no
módulo da SRFB, estas informações compreendem todas as informações que estão
na Commercial Invoice, que deve espelhar as negociações efetivas entre o
exportador brasileiro e o importador (seu cliente), a partir da DU-E, devidamente
preenchida pelo despachante aduaneiro, a SRFB, controla e fiscaliza todas as
exportações brasileiras que devem sair fisicamente dos portos secos no país.
O Banco Central do Brasil (BACEN), possui atribuições no SISCOMEX, com
base em sua legislação vigente, como controle e fiscalização dos bancos brasileiros
devidamente credenciados e autorizados a operarem no comércio exterior brasileiro.
Dessa forma, o BACEN, analisa e opera na etapa final das exportações brasileiras,
60

quando as mercadorias exportadas já chegaram ao seus destinos no mundo e há a


última etapa para o exportador que é o recebimento em pecúnia de suas
mercadorias exportadas, portanto, há necessidade de conversão da moeda
estrangeira negociada e mencionada na Commercial Invoice (Fatura Comercial), e
neste momento, há transferência do banco do importador (cliente) para o banco do
exportador (fornecedor), por meio da SWIFT – Sociedade para as Telecomunicações
Financeiras Interbancárias Mundiais.
Portanto, os procedimentos administrativos do despacho aduaneiro de
exportação se constitui em uma série de procedimentos administrativos executados
pelo despachante aduaneiro, que é o representante legal perante aos Órgãos da
Administração Pública Federal (SRFB, SECEX, BACEN), nomeado pela Secretaria
da Receita Federal do Brasil, para a sua atuação e com prerrogativas para ser o
procurador dos exportadores (seus clientes) junto ao porto seco de sua respectiva
região aduaneira. Dessa forma, os procedimentos administrativos compreendem a
análise de todos os documentos de aplicabilidade mundial (commercial invoice,
packing list, bill of lading, air waybill), bem como as legislações vigentes da SECEX,
SRFB e BACEN, mencionadas anteriormente neste capítulo. Posteriormente, o
despachante aduaneiro inicia o despacho aduaneiro, com o preenchimento de todos
os dados (a partir dos documentos) e a observância das legislações, com a inserção
de todos os dados no módulo da DU-E (declaração única de exportação)
eletronicamente no SISCOMEX, nos dados de atribuição da autoridade aduaneira,
após análise, também eletrônica e de forma online por parte da SRFB, o
despachante aduaneiro ao acessar a DU-E protocolada eletronicamente, terá a
informação do deferimento ou indeferimento por parte da SRFB, se a DU-E for
deferida pela autoridade aduaneira (SRFB), o despachante aduaneiro procede com
o desembaraço aduaneiro, ou seja, a liberação da mercadoria, do seu cliente
(empresa exportadora) no âmbito e nas dependências do porto seco, dessa forma,
finalizando o despacho aduaneiro.55

55
ROCHA, Paulo de Cesar Alves.
61

7. PROCEDIMENTOS ADMINISTRATIVOS DO DESPACHO ADUANEIRO DE


IMPORTAÇÃO

A importação se constitui em uma importante área de atuação em nível de


país, e de Estado, com reflexos muito significativos nos indicadores econômicos do
Brasil.
A importação ou compra internacional, de produtos e serviços de um país
para nosso país, tem como objetivo, atender as demandas das indústrias brasileiras
em suas cadeias de produção, em seus respectivos processos de produção, bem
como a aquisição de serviços de outros países para o Brasil, também a importação
de bens de capital, ou seja, a importação de máquinas e equipamentos são
necessários, para atender aos investimentos em novas fábricas e ou na expansão
das indústrias já existentes no Brasil.
As importações são importantes para o atendimento de demandas das
empresas brasileiras para a incorporação de matérias primas, produtos, bens de
capital, serviços, bem como a importação de produtos acabados para a revenda no
mercado brasileiro, como ocorre com grande intensidade nas importações de
produtos acabados da China para o Brasil, especialmente no segmento econômico
de produtos eletroeletrônicos.
A exportação se constitui em uma importante área de atuação em nível de
país, e de Estado, com reflexos muito significativos nos indicadores econômicos do
Brasil, que possui um volume expressivo em suas exportações para o mundo
globalizado, em especial, com a sua pauta exportadora no segmento econômico do
agronegócio, porque o Brasil é um dos maiores países agrícolas do mundo.
A importação, assim como a exportação, como mencionada no capítulo
anterior tem como base a legislação de comércio exterior do Brasil, e do país de
origem, bem como as importações brasileiras estão sujeitas, assim como as
exportações (mencionada em capítulo anterior) as normas de aplicabilidade mundial,
as quais regem o comércio internacional, composto de aproximadamente 200
países, operadores desse comércio globalizado.
Os documentos de aplicabilidade mundial que regem o comércio mundial,
são aplicados também na importação, assim como foi mencionado no capítulo
anterior. Cabe ressaltar que o comércio exterior é composto de exportação e
importação, dessa forma a legislação de comércio exterior do país de origem,
62

legislação aduaneira e documentos de aplicabilidade mundial, regem de forma


indistinta as importações e exportações, porque são espécies de um gênero que é o
comércio exterior.
Também é importante ressaltar que os Órgãos da Administração
Pública Federal, responsáveis pela importações brasileiras, são os mesmos Órgãos,
citados em capítulo anterior, acerca das exportações brasileiras, ou seja, a
Secretaria da Receita Federal do Brasil (SRFB), Secretaria de Comércio Exterior
(SECEX) e Banco Central do Brasil (BACEN), bem como o SISCOMEX – Sistema
Integrado de Comércio Exterior que integram esses Órgãos da Administração
Pública Federal, são os gestores do SISCOMEX, com os seus respectivos papéis e
atribuições, mencionados em capítulo anterior.
Feitas estas observações em sede de procedimentos administrativos e as
suas similaridades nas importações e exportações (mencionado anteriormente),
convém pontuar, que as diferenças encontram-se, em outros aspectos do despacho
aduaneiro de importação, o qual difere em sua complexidade. Os procedimentos
administrativos de despacho aduaneiro de importação possuem a incidência
tributária com vários impostos e contribuições sociais e taxas, tais como:

a) Imposto de importação (II);


b) Imposto sobre produto industrializado (IPI);
c) Imposto sobre a circulação de mercadorias e serviços (ICMS);
d) Contribuição social do Programa de Integração Social (PIS);
e) Contribuição social de Finalidade Social (COFINS)
f) A taxa de Adicional ao Frete de Renovação de Marinha Mercante
(AFRMM), aplicável somente nas importações marítimas internacionais.

De posse de todas as informações, e com base na legislação de comércio


exterior vigente da SECEX, legislação aduaneira vigente no Regulamento Aduaneiro
da SRFB, legislação vigente do BACEN e com os documentos de aplicabilidade
mundial (commercial invoice, packing list, bill of lading ou air waybill), o despachante
aduaneiro, procede com o preenchimento de todos e a inserção diretamente no
módulo de importação no SISCOMEX, de forma eletrônica e online, ou seja, na DI
(declaração de importação), neste momento ocorre o registro da declaração de
importação (DI), bem como há o recolhimento de todos os tributos incidentes nas
63

importações brasileiras, mencionado anteriormente neste capítulo.


O despachante aduaneiro ao acessar a DI (declaração de importação), que
foi registrada eletronicamente, terá a informação do deferimento ou indeferimento
por parte da SRFB, caso se a DI for deferida pela autoridade aduaneira (SRFB), o
despachante aduaneiro procede com o desembaraço aduaneiro, ou seja, a liberação
da mercadoria, do seu cliente (empresa importadora) em sede do porto seco
(estação aduaneira de interior), dessa forma, os procedimentos administrativos do
despacho aduaneiro de importação se encerram, e as respectivas mercadorias
(cargas) seguem por meio de transporte rodoviário para o porto, aeroporto e ou
rodoviário internacional, esta etapa compreende a logística internacional e os seus
modais de transportes (tipos), que não são de responsabilidade e nem atribuição do
despachante aduaneiro.56

56
ROCHA, Paulo de Cesar Alves.
64

8. CONSIDERAÇÕES FINAIS

A prestação de serviços públicos possui uma relação direta acerca da


finalidade do Estado, que por sua vez, tem o dever de assistir às demandas
coletivas. Assim, a legitimidade do Estado e dos seus respectivos Órgãos da
Administração Pública Federal, dependem da eficiência que confere à prestação dos
serviços públicos essenciais para a proteção dos direitos fundamentais da sociedade
brasileira.
O Estado pode atuar na atividade econômica, assumindo a posição dos
empresários, pode gerir e executar serviços de utilidade pública, e até mesmo,
realizar serviços alheios à sua razão de existir. Atendendo às suas políticas públicas
de Estado, como no estudo em tela, a política pública de comércio exterior na busca
de uma maior eficiência em suas atividades operacionais desenvolvidas em sede de
Porto Seco, visando a expansão da economia brasileira, especialmente o comércio
exterior do país.
O surgimento de novas demandas nacionais e globais no comércio exterior
brasileiro, que desde a sua criação, enquanto política pública no ano de 1966,
transformou o Brasil ao longo de décadas em um dos maiores países exportadores e
importadores do mundo globalizado.
A área de serviços e a sua respectiva prestação pelo Estado tem sido um
grande diferencial no crescimento do comércio exterior brasileiro, e
consequentemente o crescimento da economia brasileira, com o aumento
exponencial das exportações brasileiras para o mundo, com a entrada, cada vez
maior, de divisas para o Brasil.
Dessa forma, cresceu a demanda na área de serviços em atividades
operacionais, desempenhadas pelos empresários exportadores e importadores do
Brasil. E a prestação desses serviços pelo Estado, não o coloca como uma razão de
existir, ou seja, não representa uma contraposição desse mesmo Estado, porque
surge como uma necessidade, ao predispor o país ao desenvolvimento econômico,
como também, contribuir para a inserção dos produtos nacionais na economia
mundial, agregando competitividade ao comércio exterior brasileira e a economia
brasileira como um todo.
Na impossibilidade de atualização na prestação de serviços públicos
decorrentes de novas demandas sociais,e de outro lado pela escassez de recursos
65

financeiros e técnicos-operacionais, surgem as necessidades, e a satisfação das


mesmas, mediante a descentralização na prestação de serviços públicos.
As empresas privadas e os Órgãos da Administração Pública Federal, estão
cada vez mais, buscando meios mais eficazes para acompanhar os movimentos do
mundo globalizado, em especial, o crescimento significativo do comércio exterior e
as suas novas demandas de serviços, onde a velocidade, é o grande mote das
transformações: sociais; econômicas; tecnológicas e culturais. Um mundo
globalizado, onde a competitividade entre as empresas e os países, estão cada vez
maior, e se impõe a necessidade por eficiência em seu estado da arte, a qual possa
equalizar a qualidade com o menor custo possível na prestação desses serviços.
Neste contexto, a terceirização na prestação de serviços nas atividades
operacionais de comércio exterior, especialmente nas atividades aduaneiras que
envolvem, a movimentação, armazenagem de cargas e o transporte rodoviário de
cargas, e a delegação desses serviços por meio da concessão e permissão por
parte do Estado, institutos de atuação compartilhada entre o Estado e a iniciativa
privada, com atuação em conjunto para alcançarem a eficiência na prestação
desses serviços, visando o aprimoramento da qualidade e a redução significativa de
custos dos mesmos.
Na delegação a empresas privadas (particulares), a Administração Pública
Federal, não se desvincula da prestação dos serviços públicos, mesmo após a
concessão e permissão, os serviços públicos permanecem. O estado continua
sendo o responsável pela sua prestação perante a coletividade, devendo atuar como
fiscalizador dos serviços prestados pelo concessionário. Neste sentido, a concessão
e a permissão, atuam como institutos de direito, mediadores na contraposição entre
os interesses dos setores público e privado. Cabe ressaltar, que há uma relação
jurídica trilateral na qual o terceiro interesse é o do cidadão (usuário do serviço) que
possui a satisfação de suas necessidades por meio de pagamento de tarifas à
empresa concessionária.
A partir dos anos 90, com a abertura do comércio exterior brasileiro,
verificada no governo Collor, com a redução das barreiras alfandegárias (alíquotas
do imposto de importação), com a criação do SISCOMEX – Sistema Integrado de
Comércio Exterior e a desburocratização do comércio exterior no Brasil, houve um
grande aumento no fluxo de mercadorias importadas, bem como um aumento
expressivo nas exportações brasileiras para o mundo. Nesse contexto, ocorreu o
66

processo de interiorização aduaneiro pelo Brasil, que atendia uma política pública de
criação de recintos alfandegados, que visava atender uma descentralização das
atividades operacionais e aduaneiras concentradas nos portos, aeroportos e postos
de fronteiras, que constituem as zonas primárias, com abrangência para os
procedimentos administrativos de despacho aduaneiro na exportação e importação.
Registrou-se nesse período a implantação das estações aduaneiras de interior no
território nacional, implementadas pela Secretaria da Receita Federal do Brasil
(SRFB), enquanto Órgão da Administração Federal, que possui as atribuições
aduaneiras no comércio exterior brasileiro, no acompanhamento e controle
aduaneiro, como também, a cobrança dos tributos devidos nas operações de
comércio exterior. A implantação e implementação das estações aduaneiras em
território nacional teve como base as Leis no. 8.987/95 e 9.074/95, que tratam dos
institutos de concessão e permissão de serviços públicos.
Neste contexto, como fio condutor deste estudo, as características gerais da
concessão e permissão de serviços públicos são aplicadas à concessão e à
permissão de funcionamento de portos secos, tendo em vista que trata-se da
delegação a terceiros de serviços públicos de movimentação, armazenagem e
transporte rodoviário, em sede de Zonas Secundárias, ou seja, áreas restritas aos
portos secos. As características comuns, são: a ausência de exclusividade na
outorga da concessão ou permissão; a necessidade de licitação prévia na
modalidade de concorrência pública; a formalização do contrato mediante fixação do
objeto; área e prazo de concessão; preço dos serviços; direitos e deveres das partes
envolvidas; penalidades contratuais e administrativas decorrentes do
descumprimento do contrato pelas partes, entre outras condições.
O presente estudo em tela, teve como fio condutor, a busca de respostas ao
problema formulado, bem como as respostas aos objetivos específicos propostos no
estudo, neste sentido, retoma-se os mesmos abaixo, com as suas respectivas
respostas:
Qual é a implicação da concessão e permissão dos portos secos no
despacho aduaneiro de exportação e importação?
O problema foi respondido ao longo do estudo com base nas Leis no.
8.987/95 e 9.074/95, que tratam dos institutos de concessão e permissão de
serviços públicos, também há que se observar a Lei no. 5.025/66, que criou o
Conselho Nacional do Comércio Exterior e Dispõe sobre o Intercâmbio Comercial
67

com o Exterior, cabe ressaltar que esta lei vigente, instituiu a Política Pública de
Comércio Exterior do Brasil, adicionalmente, a abertura comercial do Brasil nos anos
90, com a redução de suas barreiras alfandegárias em suas importações (alíquotas
do imposto de importação), como também o aumento significativo das exportações
do Brasil para os demais países do mundo, foram fundamentais para o aumento da
“interiorização das áreas aduaneiras”, para além do porto, aeroporto e postos de
fronteiras, o que fez, emergir a necessidade de criação dos portos secos pelo Brasil
para desafogar o grande volume de mercadorias nas importações e exportações, e
consequentemente a necessidade uma maior participação na prestação de serviços
pelo Estado, com a terceirização das atividades operacionais de comércio exterior
ao setor privado (empresas), serviços de armazenagem, movimentação, transporte
rodoviário de mercadorias, em especial as atividades do despachante aduaneiro,
potencializando o despacho aduaneiro de exportação e importação nas
dependências do porto seco, integrando todas as atividades operacionais e
proporcionando a eficiência, qualidade e redução dos serviços aos cidadãos.
Os objetivos específicos também foram respondidos ao longo do estudo,
conforme abaixo:

a) Compreender os instrumentos de concessão e permissão da prestação de


serviços públicos, de portos secos, pela Administração Pública;
b) Identificar e apresentar a eficiência dos portos secos e sua implicação no
despacho aduaneiro de exportação;
c) Identificar e apresentar a eficiência dos portos secos e sua implicação no
despacho aduaneiro de importação.

Todos os objetivos específicos propostos no estudo foram respondidos,


iniciando com a resposta do primeiro objetivo. A compreensão dos instrumentos de
concessão e permissão da prestação dos serviços públicos de portos secos foram
plenamente respondidos ao longo deste estudo, com base nas Leis no. 8.987/95 e
9.074/95, que tratam dos institutos da concessão e permissão da prestação dos
serviços públicos, por meio da Secretaria da Receita Federal do Brasil (SRFB).
A SRFB que é Órgão da Administração Pública Federal pelas atividades
aduaneiras e pelo comércio exterior, em especial na análise e estudos de
implantação e implementação de portos secos, por meio de edital de licitação
68

pública na concessão e permissão de serviços públicos pela iniciativa privada


(empresas).
Os objetivos específicos mencionados no item b), c) , também foram
respondidos no estudo, quanto a sua identificação, apresentação de eficiência dos
portos secos e a sua implicação e ou correlação no despacho aduaneiro de
exportação e importação, e a resposta tem como base o desafogamento das
atividades operacionais nas exportações e importações (comércio exterior), antes
concentradas nos portos, aeroportos e postos de fronteiras, e a partir dos anos 90,
com a abertura comercial do Brasil à época, e o surgimento dos portos secos, para
atender as demandas crescentes nas exportações e importações, e
consequentemente gerando a integração dos serviços de armazenagem,
movimentação, transporte rodoviário, e em especial os serviços de despacho
aduaneiro na exportação e importação, todos integrados em um único lugar,
proporcionando a eficiência, qualidade e redução dos custos dos serviços prestados
no porto seco.
Portanto, o problema e os objetivos específicos, formulados no presente
estudo, foram respondidos. Porém, cabe ressaltar, a necessidade de continuidade
de novos estudos acadêmicos futuros, na busca de aprofundamento, do tema em
tela, face a importância dos papéis e atribuições dos Órgãos da Administração
Pública Federal, no que tange ao comércio exterior brasileiro, especialmente os
institutos da concessão e permissão, com base nas Leis no. 8.987/95 e 9.074/95,
como também a Lei no. 5.025/66, que criou o Conselho Nacional do Comércio
Exterior, e instituiu uma Política Pública de Comércio Exterior no Brasil.
69

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PR CURITIBA SRRF09 Fl. 823

SUPERINTENDÊNCIA REGIONAL DA RECEITA FEDERAL DO BRASIL DA 9ª REGIÃO FISCAL

Processo: 10905.720019/2021-79

AUDIÊNCIA PÚBLICA
CONCORRÊNCIA RFB/SRRF09
OUTORGA DE PERMISSÃO PARA IMPLANTAÇÃO DE PORTO SECO NO MUNICÍPIO
DE CURITIBA/PR OU NO MUNICÍPIO DE SÃO JOSÉ DOS PINHAIS/PR

PREÂMBULO
Aos 31 dias do mês de AGOSTO de 2021, às 9 horas (horário de Brasília/DF), a Comissão
Especial de Licitação (CEL) instituída para a execução de certames licitatórios, na modalidade
concorrência, para seleção de interessados na operação de portos secos, designada pela Portaria
SRRF09 nº 23, de 22 de fevereiro de 2021, publicada Diário Oficial da União (DOU) de 23/02/2021,
na Seção 2, fls 12 e 13, alterada pela Portaria SRRF09 nº 106, de 9 de abril de 2021, publicada DOU
de 13/04/2021, na Seção 2, fl. 16, reuniu-se em AUDIÊNCIA PÚBLICA EXCLUSIVAMENTE
VIRTUAL destinada a possibilitar à sociedade o direito de manifestação sobre a documentação
objeto da concorrência, que é a outorga de permissão para prestação dos serviços públicos de
movimentação e armazenagem de mercadorias em porto seco a ser instalado no Município de Curitiba
ou no Município de São José dos Pinhais, no Estado de Paraná, conforme Aviso de Audiência Pública
publicada no DOU e em Jornal de Grande Circulação, nas condições nele contidas e nas normas
estabelecidas pela Lei nº 8.666/93 e demais legislações pertinentes.

1. OBJETO DA CONCORRÊNCIA
O objeto da concorrência é a outorga de permissão para prestação dos serviços públicos de
movimentação e armazenagem de mercadorias, para carga geral e outras, pelo prazo de vinte e cinco
anos, em porto seco a ser instalado no Município de Curitiba/PR ou no Município de São José dos
Pinhais/PR.

2. PUBLICAÇÃO OFICIAL
O chamamento para a Audiência Pública foi publicado, conforme Aviso de Audiência Pública
publicado no DOU nº 153, de 13/08/2021, Seção 3, fls. 37 e 38, e no Jornal Tribuna do Paraná,
publicado em 12/08/2021, fl. 10, nos quais foi informado que a Minuta do Edital licitatório e seus
anexos, bem como as informações para ingresso em ambiente virtual da audiência pública
estariam disponíveis na internet, endereço eletrônico: https://www.gov.br/receitafederal/pt-br/acesso-
a-informacao/licitacoes-e-contratos/licitacoes-br/2019/unidades-federativas-
uf/pr/srrf09/2021/concorrencia-porto-seco-curitiba-sao-jose-dos-pinhais. Lá se informa ainda que
serão aceitas manifestações enviadas para o endereço eletrônico conc-
portoseco.pr.curitiba@rfb.gov.br até a data da dita Audiência.
Seguem as publicações citadas:
Documento de 11 página(s) assinado digitalmente. Pode ser consultado no endereço
https://cav.receita.fazenda.gov.br/eCAC/publico/login.aspx pelo código de localização EP06.0921.14215.M0F0. Consulte a página de
autenticação no final deste documento.
Documento nato-digital
PR CURITIBA SRRF09 Fl. 824

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3. ABERTURA E APRESENTAÇÃO DA PARTE DA RECEITA FEDERAL DO BRASIL


A audiência foi aberta pelo Chefe da Divisão de Programação e Logística (DIPOL) da 9ª
Região Fiscal da Receita Federal do Brasil (RFB), Auditor-Fiscal Luís Gustavo Horn, que apresentou
os componentes da mesa, deu boas-vindas aos participantes da Audiência Pública Virtual em especial
o Superintendente-Ajunto, Auditor-Fiscal Fabiano Blonski, o Presidente da Comissão Especial de
Licitação, Auditor-Fiscal Marcelo Mossi Vendramini. Ressaltou que esta reunião visa possibilitar à
sociedade o direito de manifestação sobre a documentação da concorrência cujo objeto é a outorga
de permissão para a movimentação de serviços públicos para a movimentação e armazenagem de
mercadorias em porto seco a ser instalado no Município de Curitiba/PR ou São José dos Pinhais/PR

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Posteriormente, passou a palavra ao Superintendente-Adjunto da RFB na mesma Região


Fiscal, Auditor-Fiscal Fabiano Blonski. Este, após dar boas-vindas aos presentes e agradecer a
participação de todos, destacou que gostaria de ter realizado essa audiência há alguns meses, mas não
foi possível, que a presente licitação está ocorrendo extemporânea devido a suspensão de novas
licitações de portos secos por parte de órgão de controle externo, que assim que puderam ser
retomadas foi constituída a comissão especial de licitação para essa e demais licitações. Destaca ainda
que sugestões ao edital de licitação são bem-vindas e incentivadas por parte dos interessados para o
aperfeiçoamento do edital.
O Auditor-Fiscal Gustavo Horn retoma a palavra esclarecendo que perguntas e manifestações acerca
da licitação podem ser enviadas ao endereço eletrônico conc-portoseco.pr.curitiba@rfb.gov.br, assim como
digitadas no “chat” do sistema de videoconferência Teams, ambiente no qual teve curso a Audiência Pública
em pauta, até e durante esta.
Na sequência, procedeu-se as apresentações do certame, realizadas integrantes da CEL, com
foco inicial nos principais aspectos da Minuta do Edital que amparará a concorrência, no Estudo de
Viabilidade Técnica e Econômica (EVTE) realizado especificamente para esse certame e, alfim, no
método de cálculo na classificação das propostas dos licitantes, conforme reproduzido abaixo:

Apresentação da Minuta do Edital pelo Auditor-Fiscal Filipe Rezende Ruiz:

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Receitas Acessórias Início das Operações

A permissionária poderá auferir receitas acessórias, em Prazo máximo para o início de funcionamento do Porto Seco,
decorrência da prestação de serviços conexos com aqueles contado a partir da data da publicação do resumo do contrato
objeto da permissão, desde que tenha feito a opção na proposta no Diário Oficial da União, a que se refere o subitem 6.4, não
apresentada, conforme subitem 3.2.2, inciso VI, deste edital. podendo tal prazo exceder o limite de 18 (dezoito) meses

Minuta do Edital de Licitação


Início das Operações

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Apresentação do EVTE pelo Auditor-Fiscal Antônio Carlos da Costa Cavalcanti Filho:

Comissão Especial de Licitações CONTEXTO

Concorrência do Porto Seco de Curitiba ou


de São José dos Pinhais
O atual Porto Seco situa-se em São José dos
Pinhais, a 4,9Km do Aeroporto Afonso Pena. Em
Estudo Viabilidade Curitiba, na Cidade Industrial, há um CLIA.
Técnica e Econômica O presente certame trata da licitação dos
serviços públicos de movimentação e armazenagem
(EVTE) em Porto Seco, em qualquer área dos Municípios de
SJP ou de Curitiba.
Antonio Carlos da Costa Cavalcanti Filho
Auditor-Fiscal da Receita Federal do Brasil
Comissão Especial de Licitação

DEMANDA PASSADO

Com base em informações de importações e


exportações processadas no atual Porto Seco de SJP, nos
15 anos anteriores (2005 a agosto de 2020).

DEMANDA FUTURA

Estima-se a demanda futura com base em estudos


que projetam cenários macroeconômicos, com base
em pesquisa de instituição de referência para o
Governo Federal, de 2018.

a.a. Crescimento de 50% para os 25 anos da permissão.

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DIMENSIONAMENTO DO PS ORÇAMENTO DO PS

Tabela 11– Orçamento do Porto Seco

Área (m 2) ITEM Inicial 6° ano (acréscimo) 11° ano (acréscimo) 16° ano

ÁREATOTAL DO ARMAZÉM 1.264 1.316 1.368 1.536 Mobiliário 236.657,70 2.600,85


Equipamentos 3.237.189,74 0,00 0,00 0,00
0,00 0,00
ÁREA TOTAL DO PÁTIO 5.825 6.042 6.258 6.963 Informática 1.015.410,80 0,00 0,00 0,00
Obras 5.275.297,07 158.306,97 159.097,08 550.789,12
Outros 153.885,00 0,00 0,00 0,00

TOTAL POR ETAPAS 9.918.440,31 158.306,97 159.097,08 553.389,97

INVESTIMENTO PARA O PS

R$9.918.440,31 (inicial)

+ R$870.794,02 (acréscimos no 6ª, 11º e 16º anos)

= R$10.789.234,33.

Apresentação do método de classificação pelo Auditor-Fiscal Marcelo Mossi Vendramini:

Metodologia de Classificação da Concorrência


Comissão Especial de Licitações
Concorrência do Porto Seco de Curitiba/São José dos Pinhais

Decreto
6.759/2009:

Metodologia de Classificação da Art. 11. Portos secos são recintos alfandegados de uso
público nos quais são executadas operações de
Concorrência movimentação, armazenagem e despacho aduaneiro de
mercadorias e de bagagem, sob controle aduaneiro.

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Metodologia de Classificação da Concorrência Metodologia de Classificação da Concorrência


Remuneração do Permissionário Critério de Classificação

Instrução Normativa RFB nº 1.208/2011: Portaria RFB nº 490/2011:

Art. 4º A concessionária ou permissionária cobrará do Item 5.6.2.1 (...)


usuário tarifa que englobe todos os custos, inclusive V - Será calculada a média ponderada das notas NTI e NTE
seguros, remuneração dos serviços e amortização do (subitem 5.2.6.1, III e subitem 5.2.6.1, IV), obtendo-se,
investimento, bem como aqueles necessários ao exercício
para cada proposta, uma nota final de tarifa NF, mediante o
da fiscalização aduaneira, nos termos e limites
emprego da seguinte fórmula:
determinados pela autoridade competente.
Parágrafo único. A concessionária ou permissionária
poderá auferir receitas acessórias em decorrência da
prestação de serviços conexos com o objeto da concessão
ou permissão, prestados facultativamente aos usuários. 5.6.2.2 As Licitantes serão classificadas em ordem decrescente,
em relação as suas Notas Finais (NF).

Metodologia de Classificação da Concorrência

Obrigado!
Link para acesso à planilha de cálculo

Marcelo Mossi Vendramini


Auditor-Fiscal da Receita Federal do Brasil
Presidente da Comissão Especial de Licitação

4. MANIFESTAÇÕES E PERGUNTAS ESCRITAS E RESPECTIVAS RESPOSTAS


As perguntas foram respondidas na medida em que as lia o Chefe da DIPOL e constarão da
Ata da presente Audiência Pública, da qual se dará publicidade.
Seguem reproduzidas as perguntas e as manifestações, juntamente com as respectivas
respostas ou indicações destas.

Pergunta 1
Veículo: Chat
Remetente: Luiz Manoel Mascarenhas
Data: 31/08/2021
Como a Receita Federal vai proceder quanto as tarifas irrisórias praticadas pelo porto seco
anterior?
Todos são sabedores que era mantido esse porto seco pela permissionária apenas para não haver
concorrência tendo mais cargas de exportação do que de importação, ou seja, as cargas eram
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direcionadas para o CLIA que tem tarifa livre....

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Não iremos cair de novo no mesmo problema? O atual CLIA ganhar esse certame com tarifa irrisória
para ninguém entrar no mercado? O que isso seria vantajoso para os usuários?
Uma sugestão para se coibir isso em minha opinião, seria também analisar os valores dos serviços
conexos.
Trabalho nessa área desde 1976 e isso inviabilizou diversos recintos aqui na oitava região.
A Receita Federal em Brasília é sensível ao problema relatado.
Muito grato.
Luiz Manoel Mascarenhas
Consultor em logística e comercio exterior
Presidente executivo da ABCLIA
A essa pergunta, o Auditor-Fiscal Gustavo Horn respondeu inicialmente que a ideia foi trazer
os serviços conexos, por terem grande representatividade, para o cálculo das tarifas a serem
consideradas no certame, que tal ponderação foi explicada na apresentação do Auditor-Fiscal Marcelo
Mossi Vendramini e é considerada justa e adequada pela RFB, mas que a CEL estaria aberta ao
recebimento de sugestões para aprimoramento do edital. Reforçou também que tal metodologia já
fora aplicada no Edital da Concorrência do Porto Seco de Dionísio Cerqueira/SC.
O Auditor-Fiscal Marcelo Mossi Vendramini respondeu, complementando o chefe da DIPOL,
que esse questionamento seria respondido oficialmente na Ata desta Audiência Pública e que, se o
interessado tivesse alguma sugestão concreta para o aperfeiçoamento do processo, ele poderia
apresentar tais contribuições via e-mail para que a CEL viesse a analisar.
Luiz Manoel Mascarenhas informa via chat que o fato alertado por ele é ruim para o mercado
sendo necessário um marco regulatório. Em resposta o Auditor-Fiscal Gustavo Horn esclarece que a
Receita Federal não pode esperar, que tal mora causa situações indesejadas.
Retomando a palavra, o Auditor-Fiscal Gustavo Horn, anunciou que no dia 14/09/2021
ocorrerá a Audiência Pública para o porto seco no Município de Foz do Iguaçu/PR, também na
modalidade permissão. E que no dia 07/10/2021 será realizada outra Audiência Pública para o porto
seco no Município de Cascavel/PR.
Na sequência, Gustavo Horn registra a participação do Delegado da Alfândega da Receita
Federal em Curitiba, o Auditor-Fiscal Rafael Dolzan, do chefe da Divisão de Controle Aduaneiro
(DIANA), o Auditor-Fiscal José Carlos de Araújo e de toda a Comissão Especial de Licitação.
Via chat, Luiz Manoel Mascarenhas informa que há 17 portos secos que operam por liminar
no Brasil, 8 deles na oitava região fiscal. O Auditor-Fiscal Gustavo Horn esclarece que a Receita
Federal fará tudo ao seu alcance para que essas situações - concessões operando via liminar - não se
repitam, aumentando a segurança jurídica aos permissionários.

Pergunta 2
Veículo: Chat
Remetente: Henrique Debiazi
Data: 31/08/2021

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Por favor, nos foi apresentado a Área total mínima de armazém e pátio. Gostaria de saber se há
limitação máxima.
O Auditor-Fiscal Marcelo Mossi Vendramini responde de plano que não há limite máximo
para a área de armazém e pátio, tanto o EVTE quanto o Edital preveem requisitos mínimos que a
empresa interessada na permissão deva atender ficando a critério da futura permissionária o tamanho
real do novo empreendimento.
Os presentes foram informados que questionamentos realizados após a presente Audiência
Pública constarão de sua Ata que será divulgada até 17/09/2021, no sítio eletrônico da Receita
Federal, https://www.gov.br/receitafederal/pt-br/acesso-a-informacao/licitacoes-e-
contratos/licitacoes-br/2019/unidades-federativas-uf/pr/srrf09/2021/concorrencia-porto-seco-
curitiba-sao-jose-dos-pinhais), assim como, do envio por cópia aos correios eletrônicos informados
pelos participantes.
Com a palavra, o Chefe da Divisão agradeceu mais uma vez a participação de todos e, por não
haver mais o que constar, encerrou a Audiência Pública.

5. RESPOSTAS PÓS-AUDIÊNCIA
A Comissão agora, em sede de Ata, formaliza respostas às perguntas que entendeu não
respondidas ou respondidas apenas parcialmente no decorrer da Audiência Pública.

a) Resumo do questionamento via chat enviado pelo Sr. Luiz Manoel Mascarenhas, Presidente
executivo da ABCLIA e respectivas respostas da CEL:
Questiona o Sr. Luiz qual seria o tratamento dado pela Receita Federal no caso de eventuais
propostas apresentadas com tarifas irrisórias e quais seria a repercussão ao usuário. Ademais, sugere
que sejam levadas em consideração na análise das propostas os valores dos serviços conexos.

Resposta da CEL:
Em resposta aos questionamentos acima a Comissão Especial de Licitação informa que a
minuta do edital em seu item 5.2.2 veda propostas apresentadas com tarifas zero, bem como as que
não comprovarem a exequibilidade e a viabilidade econômica do empreendimento. Assim, as tarifas
propostas de armazenagem e movimentação deverão, em conjunto, ser suficientes para cobrir todos
os custos do licitante, incluindo seguros, a remuneração da permissionária e amortização do
investimento (custos envolvidos no capital investido), bem como aqueles necessários ao exercício da
fiscalização aduaneira.
Acerca das receitas acessórias cobradas por serviços conexos e complementares, a empresa
licitante tem a opção de cobrá-las. Caso opte por auferir tais receitas, as tarifas de armazenagem e
movimentação deverão ser reduzidas no mesmo percentual calculado no item 12 do Anexo IV.
Ademais, os valores praticados nas tarifas de serviços conexos e complementares não poderão ser
superiores aos preços máximos constantes no Anexo VIII dessa minuta de edital.
Esse mecanismo do edital objetiva trazer uma limitação à cobrança dos preços dos serviços
conexos, trazendo mais segurança ao usuário dos serviços.

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6. TERMO DE ENCERRAMENTO DA ATA


Sem mais nada para constar e tendo sido cumpridas as disposições da legislação pertinente, a
Comissão Especial de Licitação lavrou a presente Ata em uma única via, que, após lida e achada
conforme, foi assinada pelo Presidente e pelos Membros da Comissão.

Curitiba, 02 de setembro de 2021.

Comissão Especial de Licitação


(assinado digitalmente)

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Ministério da Fazenda

PÁGINA DE AUTENTICAÇÃO

O Ministério da Fazenda garante a integridade e a autenticidade deste documento


nos termos do Art. 10, § 1º, da Medida Provisória nº 2.200-2,
de 24 de agosto de 2001 e da Lei nº 12.682, de 09 de julho de 2012.

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original para todos efeitos legais. Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001.

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03/09/2021, RAFAEL GUAZZI em 03/09/2021, FILIPE REZENDE RUIZ em 03/09/2021, FERNANDO RIBEIRO CORREA em
03/09/2021, RENATO MOROISHI em 02/09/2021 e ANTONIO CARLOS DA COSTA CAVALCANTI FILHO em 02/09/2021.

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