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SÃO PAULO
2019
PAULO BASSIL HANNA NEJM
Dissertação apresentada à
Banca Examinadora da Pontifícia
Universidade Católica de São Paulo,
como exigência parcial para obtenção
do título de Mestre em Direito
Tributário, sob a orientação do Prof.
Dr. Robson Maia Lins.
SÃO PAULO
2019
Banca Examinadora
__________________________________
__________________________________
__________________________________
Ao meu pai Bassil
Provérbios 4:7
RESUMO
A presente dissertação tem como objeto a análise do uso abusivo dos tratados
internacionais para fins de planejamento tributário. E para cumprirmos essa
finalidade abordamos os principais conceitos e institutos ligados ao tema,
analisando as normas jurídicas de direito interno que permitem e limitam o
exercício da atividade de planejamento tributário. Analisamos ainda como
ocorrem os planejamentos tributários com a utilização dos tratados
internacionais. E por fim, o que torna essa prática abusiva, e os meios de se
coibir o abuso na utilização dos tratados para realizar planejamento tributário.
This dissertation aims to analyze the abusive use of international treaties for tax
planning purposes. And to fulfill this purpose we approach the main concepts
and institutes related to the theme, analyzing the legal norms of domestic law
that allow and limit the exercise of tax planning activity. We also analyze how
tax planning occurs with the use of international treaties. And finally, we
investigate what makes this practice abusive, and ways to curb abuse by using
treaties to execute tax planning.
Keywords: International Tax Law, Tax Planning; Tax Treaty; Treaty Shopping;
Rule Shopping; Treaty Abuse
SUMÁRIO
1. DIREITO TRIBUTÁRIO INTERNACIONAL .................................. 15
Note que não é necessário que haja a incidência tributária, basta que
exista uma relação jurídico-tributária. Pois, existem situações, como as que
abordaremos mais adiantes, de dupla não incidência tributária, onde nenhuma
das jurisdições impõe qualquer ônus tributário sobre o sujeito passivo, seja em
razão de isenções, créditos tributários, regimes tributários privilegiados etc.
1
TÔRRES, Heleno. Pluritributação internacional sobre as rendas de empresas. 2ª ed. ver.,
atual. e ampl. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2001. p. 53.
17
2
CARVALHO, Paulo de Barros. Direito tributário: linguagem e método. 6. ed. São Paulo:
Noeses, 2015. p. 226.
3
VILANOVA, Lourival. As estruturas lógicas e o sistema do direito positivo. 4. ed. São Paulo:
Noeses, 2010. p.126
18
4
MOUSSALLEM, Tárek Moysés. Revogação em matéria tributária. 2ª ed. São Paulo: Noeses,
2011, p. 139.
5
VILANOVA, Lourival. As estruturas lógicas e o sistema do direito positivo. 4ª ed. São Paulo:
Noeses, 2010, 87
19
6
FERRAZ JUNIOR, Tercio Sampaio. Introdução ao estudo do direito: técnica, decisão,
dominação. 9ª ed. São Paulo: Atlas, 2016, p.140
7
BOBBIO, Norberto. Teoria do ordenamento jurídico. Trad. Ari Marcelo Solon. 2ª ed. São
Paulo: EDIPRO, 2014, p. 48.
20
Nesse sentido, preleciona Hans Kelsen em sua notável obra Teoria pura
do direito que,
8
MELLO, Celso D. de Albuquerque. Curso de direito internacional público. 15. ed. Rio de
Janeiro: Forense, 2004. v. 1, p. 121-123.
9
KELSEN, Hans. Teoria pura do direito. 6. ed. São Paulo: Martins Fontes, 1998. p. 369-370.
21
Essa distinção fica evidente pelo fato de que uma mesma situação
ocorrida no campo do direito interno e no exterior poderá sofrer consequências
diversas, ser analisada e tratada por agentes diferentes, podendo incorrer em
sanção em um ambiente e em outro não; esse é apenas um exemplo para
evidenciar a existência de mais de um sistema jurídico.
10
BOBBIO, Norberto. Teoria do ordenamento jurídico. Trad. Ari Marcelo Solon. 2ª ed. São
Paulo: EDIPRO, 2014, p.152.
11
BOBBIO, Norberto. Teoria do ordenamento jurídico. Trad. Ari Marcelo Solon. 2ª ed. São
Paulo: EDIPRO, 2014, p.152
23
O mesmo autor anuncia que: “Há não apenas um, mas muitos
ordenamentos jurídicos, porque há muitas nações, que tendem a exprimir, cada
14
HART, H. L. A. O conceito de direito. Trad. Antônio de Oliveira Sette-Câmara. São Paulo:
Martins Fontes, 2009. p. 305.
15
ADEODATO, João Maurício. Uma teoria retórica da norma jurídica e do direito subjetivo. São
Paulo: Noeses, 2014, p. 341.
16
BOBBIO, Norberto. Teoria da norma jurídica. Trad. Ariani Bueno Sudatti e Fernando Pavan
Baptista. 6ª ed. São Paulo: EDIPRO, p. 169.
25
19
Art. 4º A República Federativa do Brasil rege-se nas suas relações internacionais pelos
seguintes princípios: I - independência nacional; II - prevalência dos direitos humanos; III -
autodeterminação dos povos; IV - não-intervenção; V - igualdade entre os Estados; VI -
defesa da paz; VII - solução pacífica dos conflitos; VIII - repúdio ao terrorismo e ao racismo;
IX - cooperação entre os povos para o progresso da humanidade; X - concessão de asilo
político.
20
TÔRRES, Heleno. Pluritributação internacional sobre as rendas de empresas. 2ª ed. ver.,
atual. e ampl. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2001. p. 67.
27
Não resta qualquer dúvida de que para que o Estado possa exercer a
sua soberania tributária deve existir algum elemento de conexão entre o Estado
e o sujeito, o bem ou a situação objeto de tributação.
21
UCKMAR, Victor; CORASANITI, Giuseppe; VIMERCATE, Paolo de’ Capitani di; OLIVA,
Caterina Corrado; GRECO, Marco Aurélio; ROCHA, Sergio André. Manual de direito
tributário internacional. São Paulo: Dialética, 2012. p. 22.
28
22
Art. 7º A competência tributária é indelegável, salvo atribuição das funções de arrecadar ou
fiscalizar tributos, ou de executar leis, serviços, atos ou decisões administrativas em matéria
tributária, conferida por uma pessoa jurídica de direito público a outra, nos termos do § 3º do
artigo 18 da Constituição.
29
23
Art. 8º O não-exercício da competência tributária não a defere a pessoa jurídica de direito
público diversa daquela a que a Constituição a tenha atribuído.
30
25
BARRETO, Paulo Ayres. Planejamento tributário: limites normativos. São Paulo: Noeses,
2016, p. 53
26
Art. 151. É vedado à União: (...) III - instituir isenções de tributos da competência dos
Estados, do Distrito Federal ou dos Municípios
27
Art. 84. Compete privativamente ao Presidente da República: (...) VIII - celebrar tratados,
convenções e atos internacionais, sujeitos a referendo do Congresso Nacional;
32
Assim, a primeira vista, nos parece crível afirmar que, pelo fato de o
Supremo Tribunal Federal já ter permitido a imposição de isenções por meio de
tratados internacionais, a criação de novas hipóteses de incidência tributária
também poderiam ser instituídas, visto a competência privativa do Presidente
da República em firmar esses instrumentos internacionais.
28
Art. 150. (...) § 6º Qualquer subsídio ou isenção, redução de base de cálculo, concessão de
crédito presumido, anistia ou remissão, relativos a impostos, taxas ou contribuições, só
poderá ser concedido mediante lei específica, federal, estadual ou municipal, que regule
exclusivamente as matérias acima enumeradas ou o correspondente tributo ou contribuição,
sem prejuízo do disposto no art. 155, § 2.º, XII, g.
34
29
GRECO, Marco Aurélio. Planejamento tributário. 3ª ed. São Paulo: Dialética, 2011. p. 435.
30
RAAD, Kees Van. Five fundamental rules in applying tax treaties. Liber Amicorum Luc
Hinnekens. Bruylant: Bruxelles, 2002, p. 588.
35
31
XAVIER, Alberto. Direito tributário internacional do Brasil: tributação das operações
internacionais. 5ª edição, atualizada – Rio de Janeiro: Forense, 2002. p. 21.
32
SHOUERI, Luís Eduardo. Princípios no Direito Tributário Internacional: Territorialidade, Fonte
e Universalidade. In: FERRAZ, Roberto (coord.). Princípios e limites da tributação. São
Paulo: Quartier Latin, 2005. p. 338.
37
33
SHOUERI. Luís Eduardo. Chapter 3: The international allocation of Taxing Rights. In.
ROCHA, Sergio André e CHRISTIANS, Allison (coord). Tax Sovereignty in the BEPS Era.
Series: International Taxation (Book 60). The Netherlands: Wolters Kluwer, 2017, p. 53.
39
2. TRATADOS INTERNACIONAIS
34
Decreto 7.030, de 14 de dezembro de 2009. Artigo 2. Expressões Empregadas – 1. Para os
fins da presente Convenção: a) “tratado” significa um acordo internacional concluído por
escrito entre Estados e regido pelo Direito Internacional, quer conste de um instrumento
único, quer de dois ou mais instrumentos conexos, qualquer que seja sua denominação
específica.
41
35
Art. 84. Compete privativamente ao Presidente da República: VIII – celebrar tratados,
convenções e atos internacionais, sujeitos a referendo do Congresso Nacional.
43
Isso porque o artigo 84, inciso VIII, da Constituição Federal36 diz que os
tratados internacionais celebrados estão sujeitos a referendo do Congresso
Nacional, sem destacar qualquer exceção.
36
VIII – celebrar tratados, convenções e atos internacionais, sujeitos a referendo do Congresso
Nacional.
37
Art. 49. É da competência exclusiva do Congresso Nacional: I – resolver definitivamente
sobre tratados, acordos ou atos internacionais que acarretem encargos ou compromissos
gravosos ao patrimônio nacional.
44
39
MOUSSALLEM, Tárek Moysés. Fontes do direito tributário. 2. ed. São Paulo: Noeses, 2006.
p. 204-205.
46
40
MOUSSALLEM, Tárek Moysés. Fontes do direito tributário. 2. ed. São Paulo: Noeses, 2006.
p. 207.
48
41
CARVALHO, Paulo de Barros. fundamentos jurídicos da incidência. 10ª ed. ver. e atual. São
Paulo: Saraiva, 2015, pp. 46/48.
42
BARRETO, Paulo Ayres. Planejamento tributário: limites normativos. São Paulo: Noeses,
2016, p. 26/27
49
43
CARVALHO, Paulo de Barros. fundamentos jurídicos da incidência. 10ª ed. ver. e atual. São
Paulo: Saraiva, 2015, p. 107.
44
idem, p. 111.
45
idem, p. 112.
46
TORRES, Ricardo Lobo. Interpretação e integração da lei tributária. In: MACHADO, Hugo de
Brito. Interpretação e aplicação da lei tributária. São Paulo: Dialética, 2010. p. 335.
50
Apesar de admitirmos que o sistema jurídico pode ser alterado por meio
dos planos semânticos e pragmáticos, as plataformas físicas de enunciação
são a principal forma de modificação sistêmica, e as autoridades competentes
se esforçam para contemplar as alterações semânticas e pragmáticas nos
textos legais.
47
TORRES, Ricardo Lobo. Interpretação e integração da lei tributária. In: MACHADO, Hugo de
Brito. Interpretação e aplicação da lei tributária. São Paulo: Dialética, 2010. p. 346.
51
48
CARVALHO, Paulo de Barros. Fundamentos jurídicos da incidência tributária, p. 117.
49
MOUSSALLEM, Tárek Moysés. Revogação em matéria tributária. 2ª ed. São Paulo: Noeses,
2011, p. 125.
52
SEÇÃO 3
Interpretação de Tratados
Artigo 31
Artigo 32
Artigo 33
50
ROCHA, André Sergio. Tributação internacional. São Paulo: Quartier Latin, 2013. p. 208.
55
51
GAMA, Tácio Lacerda. Competência tributária: fundamentos para uma teoria da nulidade. 2ª
ed. São Paulo: Noeses, 2011, p. 159
52
BOBBIO, Norberto. Teoria do ordenamento jurídico. Trad. Ari Marcelo Solon. 2ª ed. São
Paulo: EDIPRO, 2014, p. 123
56
53
CARVALHO, Paulo de Barros. Direito Tributário: fundamentos jurídicos da incidência, p. 115
57
Para Kelsen as situações que não sejam qualificadas pelo sistema como
obrigatórias ou proibidas, são juridicamente permitidas, não existindo, assim,
lacunas no direito, essa seria o que a doutrina chamou de norma geral
exclusiva. Certamente, essa visão reducionista do problema não encontra mais
espaço num sistema tão complexo quanto o nosso.
54
KELSEN, Hans. Teoria pura do direito, p. 273/275.
58
que faz com que possam existir casos não contemplados pelas normas
jurídicas.
55
BOBBIO, Norberto. Teoria do ordenamento jurídico, p. 133
56
BOBBIO, Norberto. Teoria do ordenamento jurídico, p. 136/137
59
57
KELSEN, Hans. Teoria Pura do Direito, p. 388
58
GAMA, Tácio Lacerda. Competência tributária: fundamentos para uma teoria da nulidade, p.
162
60
59
Em nosso ordenamento este princípio pode ser extraído do inciso XXXV, do artigo 5º da
Constituição Federal, conjugado com o artigo 140, do Código de Processo Civil, que
prescreve que “O juiz não se exime de decidir sob a alegação de lacuna ou obscuridade do
ordenamento jurídico”.
61
com isso apresentar a sua sugestão de integração do sistema, nem por isso o
sistema é incompleto.
60
Art. 4º Quando a lei for omissa, o juiz decidirá o caso de acordo com a analogia, os
costumes e os princípios gerais de direito.
61
Art. 5º Na aplicação da lei, o juiz atenderá aos fins sociais a que ela se dirige e às
exigências do bem comum.
62
Art. 108. Na ausência de disposição expressa, a autoridade competente para aplicar a
legislação tributária utilizará sucessivamente, na ordem indicada:
I - a analogia;
II - os princípios gerais de direito tributário;
III - os princípios gerais de direito público;
IV - a equidade.
62
Essa regra serve tanto para evitar a antinomia, ou seja, evita a utilização
de analogia para integrar o sistema, quando essa regra puder entrar em conflito
com o princípio da legalidade, que determina, em brevíssima síntese, que a
hipótese de incidência de um tributo deve ser criada por lei, e também
estabelece uma norma (negativa) de integração do sistema, estabelecendo
uma proibição ao agente público e ao julgador.
63
§ 1º O emprego da analogia não poderá resultar na exigência de tributo não previsto em lei.
64
CARVALHO, Paulo de Barros. Fundamentos Jurídicos da incidência Tributária, p. 47.
63
Sobre um mesmo fato, não raras as vezes, pode incidir mais de uma
norma, e caso essas normas sejam conflitantes, estaremos diante de uma
antinomia.
65
Art. 110. A lei tributária não pode alterar a definição, o conteúdo e o alcance de institutos,
conceitos e formas de direito privado, utilizados, expressa ou implicitamente, pela
Constituição Federal, pelas Constituições dos Estados, ou pelas Leis Orgânicas do Distrito
Federal ou dos Municípios, para definir ou limitar competências tributárias.
65
66
MACHADO, Hugo de Brito. Interpretação e aplicação das leis tributárias. In: MACHADO,
Hugo de Brito. Interpretação e aplicação da lei tributária. São Paulo: Dialética, 2010. p. 148.
67
ÁVILA, Humberto. Eficácia do novo Código Civil na legislação tributária.
In:GRUPENMACHER, Betina, Treiger (Coord.). Direito tributário e o novo Código Civil. São
Paulo: Quartier Latin, 2004. p. 68
68
Idem. p. 71.
69
Idem. p.73.
67
70
BARRETO, Paulo Ayres. Planejamento tributário: limites normativos. São Paulo: Noeses,
2016, p. 153.
68
71
ACCIOLY, Hildebrandro. Direito internacional público. São Paulo: Saraiva, 1948. p. 311.
69
72
ADEODATO, João Maurício. Uma teoria retórica da norma jurídica e do direito subjetivo. São
Paulo: Noeses, 2014. p. 359-360.
73
FERRAZ JUNIOR, Tercio Sampaio. Introdução ao estudo do direito: técnica, decisão,
dominação. 9. ed. São Paulo: Atlas, 2016. p. 196-197.
70
74
REZEK, José Francisco. Direito internacional público. 9. ed. São Paulo: Saraiva, 2002. p. 96-
97.
75
SCHOUERI, Luís Eduardo. Direito tributário. 7. ed. São Paulo: Saraiva, 2017. p. 112.
71
76
GAMA, Tácio Lacerda. Competência tributária: fundamentos para uma teoria da nulidade. 2.
ed. São Paulo: Noeses, 2011. p. 226-227.
77
CARVALHO, Paulo de Barros. Direito tributário: linguagem e método. 6. ed. São Paulo:
Noeses, 2015. p. 232.
78
MCNAUGHTON, Charles William. Hierarquia e sistema tributário. São Paulo: Quartier Latin,
2011. p. 332.
72
79
Art. 98. Os tratados e as convenções internacionais revogam ou modificam a legislação
tributária interna, e serão observados pela que lhes sobrevenha.
73
80
SCHOUERI, Luís Eduardo. Tratados e convenções internacionais sobre tributação. In: Direito
Tributário Atual. v. 17. São Paulo: Dialética, 2003. p. 35.
81
BRITTO, Lucas Galvão de. O lugar e o tributo: Ensaio sobre competência e definição do
critério espacial na regra-matriz de incidência tributária. São Paulo: Noeses, 2014. p. 166.
82
CARVALHO, Paulo de Barros. Direito tributário: linguagem e método. 6. ed. São Paulo:
Noeses, 2015. p. 474.
74
84
MOUSSALLEM, Tárek Moysés. Fontes do direito tributário. 2. ed. São Paulo: Noeses, 2006.
p. 206.
76
86
GRECO, Marco Aurélio. Planejamento tributário. 3ª ed. São Paulo: Dialética, 2011. p. 436.
78
3. PLANEJAMENTO TRIBUTÁRIO
87
XAVIER, Alberto. Direito tributário internacional do Brasil: tributação das operações
internacionais. 5ª edição, atualizada – Rio de Janeiro: Forense, 2002. p.311.
80
...
89
MEIRELLES, Hely Lopes. Direito administrativo brasileiro. 28ª ed. São Paulo: Malheiros:
2003, p.86.
82
podem, ou não, ser praticadas por ele e pelo Estado, na expectativa de não
existirem surpresas ou arbitrariedades.
90
Art. 60. A Constituição poderá ser emendada mediante proposta: (...) § 4º Não será objeto de
deliberação a proposta de emenda tendente a abolir: (...) III - a separação dos Poderes.
91
Art. 1º (...) Parágrafo único. Todo o poder emana do povo, que o exerce por meio de
representantes eleitos ou diretamente, nos termos desta Constituição.
92
MACHADO, Hugo de Brito. Introdução ao planejamento tributário. 2ª ed. São Paulo:
Malheiros, 2019, p. 101/102.
84
93
Art. 146. Cabe à lei complementar: (...) II - regular as limitações constitucionais ao poder de
tributar; III - estabelecer normas gerais em matéria de legislação tributária, especialmente
sobre: a) definição de tributos e de suas espécies, bem como, em relação aos impostos
discriminados nesta Constituição, a dos respectivos fatos geradores, bases de cálculo e
contribuintes; b) obrigação, lançamento, crédito, prescrição e decadência tributários;
94
Art. 97 - Somente a lei pode estabelecer: I - a instituição de tributos, ou a sua extinção; II - a
majoração de tributos, ou sua redução, ressalvado o disposto nos artigos 21, 26, 39, 57 e
65; III - a definição do fato gerador da obrigação tributária principal, ressalvado o disposto
no inciso I do § 3º do artigo 52, e do seu sujeito passivo; IV - a fixação de alíquota do tributo
e da sua base de cálculo, ressalvado o disposto nos artigos 21, 26, 39, 57 e 65; V - a
cominação de penalidades para as ações ou omissões contrárias a seus dispositivos, ou
para outras infrações nela definidas; VI - as hipóteses de exclusão, suspensão e extinção de
créditos tributários, ou de dispensa ou redução de penalidades.
85
95
BARRETO, Paulo Ayres. Planejamento tributário: limites normativos. São Paulo: Noeses,
2016, pp. 90/91.
96
HUCK, Hermes Marcelo. Evasão e Elisão no Direito Tributário Internacional. In: ROCHA,
Valdir de Oliveira. Planejamento Fiscal: Teoria e prática. 2º Vol. São Paulo: Dialética, 1998.
p. 12
97
Art. 98. Os tratados e as convenções internacionais revogam ou modificam a legislação
tributária interna, e serão observados pela que lhes sobrevenha
86
98
TIPKE, Klaus. Moral tributária do estado e dos contribuintes. Trad. Luiz Dória Furquim. Porto
Alegre: Sergio Antonio Abris Editor, 2012, p.114.
87
arrecadar aquilo que é determinado por lei, nem mais, nem menos, apenas o
juridicamente prescrito pelo ordenamento.
Notamos que todos cenários acima expostos são lícitos, não sendo
proibido, em si, o planejamento tributário, ou estruturar as atividades
empresariais ou civis de uma forma que seja tributariamente mais favorável.
99
BECKER, Alfredo Augusto. Carnaval tributário. 2ª ed. São Paulo: LEJUS, 1999, p.49
89
Essa é a faceta da isonomia que estabelece que a lei deve ser aplicada
a todos de forma igualitária, ou seja, ela é igualmente válida a todos.
100
Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se
aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à
liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes.
101
Art. 150. Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é vedado à União,
aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios:
II - instituir tratamento desigual entre contribuintes que se encontrem em situação equivalente,
proibida qualquer distinção em razão de ocupação profissional ou função por eles exercida,
independentemente da denominação jurídica dos rendimentos, títulos ou direitos;
102
XAVIER, Alberto. Os princípios da legalidade e da tipicidade da tributação. São Paulo:
Revista dos Tribunais, 1978. p. 54/55.
90
Art. 145.
...
103
TIPKE, Klaus. Princípio da Igualdade e ideia de sistema no direito tributário. Trad. Brandão
Machado. In: MACHADO, Brandão (coord.). Direito Tributário: estudos em homenagem ao
Prof. Ruy Barbosa Nogueira. São Paulo: Saraiva, 1984. p. 526.
91
104
COSTA, Regina Helena. Princípio da capacidade contributiva. 4ª ed. atual., rev. e e ampl.
São Paulo: Malheiros, 2012. p.26/27.
105
HUCK, Hermes Marcelo. Evasão e Elisão no Direito Tributário Internacional. In: ROCHA,
Valdir de Oliveira. Planejamento Fiscal: Teoria e prática. 2º Vol. São Paulo: Dialética, 1998.
p. 16.
93
...
106
DÓRIA, Antônio Roberto Sampaio. Elisão e evasão fiscal. São Paulo: Livraria dos
Advogados, 1971. p. 78/79.
94
111
CARVALHO, Paulo de Barros. O absurdo da interpretação econômica do fato gerador. In:
MARTINS, Ives Gandra da Silva; MARTINS, Rogério V. Gandra da Silva; COSTA-CORRÊA,
André L.; FERNANDES, Edison Carlos; FLORA, Luis Antonio (Coords.). CTN 50 anos com
eficácia de Lei Complementar (1967-2017). p. 41/42
112
TORRES, Ricardo Lobo. Interpretação e integração da lei tributária. In: MACHADO, Hugo de
Brito. Interpretação e aplicação da lei tributária. São Paulo: Dialética, 2010. p. 355.
113
HUCK, Hermes Marcelo. Evasão e Elisão no Direito Tributário Internacional. In: ROCHA,
Valdir de Oliveira. Planejamento Fiscal: Teoria e prática. 2º Vol. São Paulo: Dialética,
1998.p. 13
114
MELO, José Eduardo Soares de. IPI, ICMS, ISS e planejamento fiscal. In: ROCHA, Valdir de
Oliveira. Planejamento Fiscal: Teoria e prática. 2º Vol. São Paulo: Dialética, 1998. p. 75.
97
115
XAVIER, Alberto. Os princípios da legalidade e da tipicidade da tributação. São Paulo:
Revista dos Tribunais, 1978. p. 45.
116
YAMASHITA, Douglas. Elisão e evasão de tributos: Planejamento tributário: Limites à luz do
abuso do Direito e da Fraude à Lei. São Paulo: Lex Editora, 2005. p. 88/89.
99
(...)
117
ÁVILA, Humberto. Teoria da Segurança Jurídica. 3ª ed. rev. atual. e ampl. São Paulo:
Malheiros, 2014. p. 76.
100
118
Art. 170. A ordem econômica, fundada na valorização do trabalho humano e na livre
iniciativa, tem por fim assegurar a todos existência digna, conforme os ditames da justiça
social, observados os seguintes princípios: I - soberania nacional; II - propriedade privada;
III - função social da propriedade; IV - livre concorrência; V - defesa do consumidor; VI -
defesa do meio ambiente, inclusive mediante tratamento diferenciado conforme o impacto
ambiental dos produtos e serviços e de seus processos de elaboração e prestação; VII -
redução das desigualdades regionais e sociais; VIII - busca do pleno emprego; IX -
tratamento favorecido para as empresas de pequeno porte constituídas sob as leis
brasileiras e que tenham sua sede e administração no País.
119
Art. 1º Fica instituída a Declaração de Direitos de Liberdade Econômica, que estabelece
normas de proteção à livre iniciativa e ao livre exercício de atividade econômica e
disposições sobre a atuação do Estado como agente normativo e regulador, nos termos do
inciso IV do caput do art. 1º, do parágrafo único do art. 170 e do caput do art. 174 da
Constituição Federal. § 1º O disposto nesta Lei será observado na aplicação e na
interpretação do direito civil, empresarial, econômico, urbanístico e do trabalho nas relações
101
Além disso, a lei, que diz prezar pela liberdade econômica, priva os
representantes dos contribuintes de participar da edição de súmulas que
deverão orientar as decisões administrativas perante o Conselho Administrativo
de Recursos Fiscais – CARF, bem como os atos administrativos e normativos
dos órgãos da administração tributária.
O poder de tributar deve ser exercido pelo Poder Legislativo, por meio
dos representantes do povo, atendendo a máxima que levou à Revolução
Americana, e que retrata um dos aspectos mais característicos do Estado de
Direito, que diz “no taxation without representation”.
120
XAVIER, Alberto. Os princípios da legalidade e da tipicidade da tributação. São Paulo:
Revista dos Tribunais, 1978. p. 50.
103
121
MACHADO, Hugo de Brito. Introdução ao planejamento tributário. 2ª ed. São Paulo:
Malheiros, 2019. p.68
122
XAVIER, Alberto. Direito tributário internacional do Brasil: tributação das operações
internacionais. 5ª edição, atualizada – Rio de Janeiro: Forense, 2002. p. 44.
105
124
SOUSA, Rubens Gomes. Compêndio de legislação tributária. São Paulo: Editora Resenha
Tributária, 1975. p. 137/138
125
HUCK, Hermes Marcelo. Evasão e Elisão no Direito Tributário Internacional. In: ROCHA,
Valdir de Oliveira. Planejamento Fiscal: Teoria e prática. 2º Vol. São Paulo: Dialética, 1998.
p. 12.
107
126
YAMASHITA, Douglas. Elisão e evasão de tributos: Planejamento tributário: Limites à luz do
abuso do Direito e da Fraude à Lei. São Paulo: Lex Editora, 2005. p. 64.
127
idem. p. 66
108
(parágrafo único, do artigo 116), que trata da dissimulação, que guarda muita
semelhança com um instituto que já estava previsto, que é o da simulação.
128
BRITTO, Lucas Galvão de. Sobre o uso de definições e classificações na construção do
conhecimento e na prescrição de condutas. In: CARVALHO, Paulo de Barros (Coord.).
Lógica e Direito. São Paulo: Noeses, 2016. P. 349.
110
do artigo 116, não trouxe qualquer inovação, visto que a previsão de revisão do
lançamento de ofício já estava prevista para essas situações, sempre se
enquadraram na figura da simulação, aplicando-se o artigo 149, VI.
129
TORRES, Ricardo Lobo. Planejamento tributário: elisão abusiva e evasão fiscal. Rio de
Janeiro: Elsevier, 2012. p. 22.
112
Sobre treaty shopping, Hermes Marcelo Huck ensina que essa prática
“exprime um dos tipos de elisão fiscal subjetiva, pois ocorre através da escolha
de elementos de conexão subjetivos, como os do domicílio ou da sede da
empresa.”131., que caracteriza-se
Existem diversos arranjos possíveis que podem ser utilizados para que
uma empresa se utilize de um tratado internacional, para obter os seus
benefícios, sem que efetivamente seja residente de uma das jurisdições, as
130
SCHOUERI. Luís Eduardo. Planejamento fiscal através de acordos de bitributação: treaty
shopping. São Paulo: RT, 1995. p. 21/22.
131
HUCK, Hermes Marcelo. Evasão e Elisão no Direito Tributário Internacional. In: ROCHA,
Valdir de Oliveira. Planejamento Fiscal: Teoria e prática. 2º Vol. São Paulo: Dialética, 1998.
p. 21.
132
idem.
133
XAVIER, Alberto. Os conceitos de “treaty shopping” e “beneficiário efetivo” no Direito
Tributário Internacional. In. PRETO, Raquel Elita Alves (coord. e org.). Tributação brasileira
em evolução: Estudos em homenagem ao Professor Alcides Jorge Costa. São Paulo: IASP,
2015, p. 1070.
114
134
OECD (2019), Model Tax Convention on Income and on Capital 2017 (full version), OECD
Publishing. http://dx.doi.org/10.1787/g2g972ee-en. p. 1834/1835.
115
135
OECD (2019), Model Tax Convention on Income and on Capital 2017 (full version), OECD
Publishing. http://dx.doi.org/10.1787/g2g972ee-en. p. 1835
136
SCHOUERI, Luís Eduardo. Planejamento fiscal através de acordos de bitributação: treaty
shopping. São Paulo: RT, 1995. p. 25.
116
137
SCHOUERI, Luís Eduardo. Planejamento fiscal através de acordos de bitributação: treaty
shopping. São Paulo: RT, 1995. p. 25/26.
117
138
TÔRRES, Heleno. Direito Tributário Internacional: Planejamento tributário e operações
transnacionais. 2ª ed. rev. atual. e ampl. São Paulo: RT, 2001. p.329/330.
139
TÔRRES, Heleno. Direito Tributário Internacional: Planejamento tributário e operações
transnacionais. 2ª ed. rev. atual. e ampl. São Paulo: RT, 2001. p. 322.
118
Apesar de essa parte não ter sido convertida em lei, o citado dispositivo
trouxe uma possível definição do instituto.
140
XAVIER, Alberto. Tipicidade da tributação, simulação e norma antielisiva. São Paulo:
Dialética, 2002. p. 92-93.
141
BARRETO, Paulo Ayres. Planejamento tributário: limites normativos. São Paulo: Noeses,
2016. p. 146.
120
142
SCHOUERI. Luís Eduardo. Distribuição disfarçada de lucros. São Paulo: Dialética, 1996, p.
150.
143
ROTHMANN, Gerd Willi; PACIELLO, Gaetano. Elisão e evasão fiscal. In: Direito tributário :
artigos selecionados em homenagem aos 40 anos do Centro de Extensão Universitária. São
Paulo: Ed. Revista dos Tribunais, 2012. p. 946.
144
HUCK, Hermes Marcelo. Evasão e Elisão no Direito Tributário Internacional. In: ROCHA,
Valdir de Oliveira. Planejamento Fiscal: Teoria e prática. 2º Vol. São Paulo: Dialética, 1998.
p. 15.
121
145
YAMASHITA, Douglas. Elisão e evasão de tributos: Planejamento tributário: Limites à luz do
abuso do Direito e da Fraude à Lei. São Paulo: Lex Editora, 2005. p. 87/88.
146
MACHADO, Hugo de Brito. Introdução ao planejamento tributário. 2ª ed. São Paulo:
Malheiros, 2019. p, 126.
122
147
OLIVEIRA, Ricardo Mariz. Planejamento tributário – teoria e prática perante o Imposto de
Renda. In: ROCHA, Valdir de Oliveira. Planejamento Fiscal: Teoria e prática. 2º Vol. São
Paulo: Dialética, 1998. p.113.
148
DÓRIA, Antônio Roberto Sampaio. Elisão e evasão fiscal. São Paulo: Livraria dos
Advogados, 1971. p. 46.
149
XAVIER, Alberto. Tipicidade da tributação, simulação e norma antielisiva. São Paulo:
Dialética, 2002. p.91-92
123
150
MACHADO, Hugo de Brito. Introdução ao planejamento tributário. 2ª ed. São Paulo:
Malheiros, 2019. p. 116.
124
Importante salientar esse fato, pois, esses dois institutos são invocados,
não raramente, pelos tribunais administrativos para justificar a manutenção de
autos de infração e imposição de multa, que desconsideraram atos ou negócios
jurídicos praticados pelo contribuinte.
Como esse dispositivo legal foi o mais próximo que tivemos de uma
norma geral antielisiva, cumpre tecermos alguns comentários sobre ele.
Tributar uma situação como se outra fosse nada mais é do que tributar
por analogia fato que é expressamente proibido pelo parágrafo primeiro, do
artigo 108, do Código Tributário Nacional151.
151
Art. 108. Na ausência de disposição expressa, a autoridade competente para aplicar a
legislação tributária utilizará sucessivamente, na ordem indicada:
I - a analogia;
(...)
§ 1º O emprego da analogia não poderá resultar na exigência de tributo não previsto em lei.
127
A elisão fiscal é medida que visa, por meio de alteração um ou mais dos
critérios da regra matriz de incidência tributária, reduzir, evitar ou postergar o
pagamento de tributo.
155
FERRAGUT, Maria Rita. Presunções no Direito Tributário. 2ª ed. São Paulo: Quartier Latin,
2005, p. 160/161.
156
CARVALHO, Paulo de Barros. Direito Tributário: linguagem e método. 6ª ed. São Paulo:
Noeses, 2015, p. 474.
131
157
TOMÉ, Fabiana Del Padre. A prova no direito tributário: de acordo com o código de
processo civil de 2015. 4ª ed., rev., atual. São Paulo: Noeses, 2016, p.357
158
CARVALHO, Paulo de Barros. Entre a forma e o conteúdo na desconstituição dos negócios
jurídicos simulados. In: Estudos de Direito Tributário, em homenagem ao professor Gerd
Willi Rothmann. SCHOUERI, Luís Eduardo; BIANCO, João Francisco (coords.). São Paulo:
Quartier Latin, 2016, p. 735.
133
159
TOMÉ, Fabiana Del Padre. A prova no direito tributário: de acordo com o código de
processo civil de 2015. 4ª ed., rev., atual. São Paulo: Noeses, 2016, p.361/362.
134
160
TOMÉ, Fabiana Del Padre. A prova no direito tributário: de acordo com o código de
processo civil de 2015. 4ª ed., rev., atual. São Paulo: Noeses, 2016, p. 299.
135
Uma das principais medidas adotadas para evitar o uso abusivo dos
tratados internacionais é a identificação das jurisdições com regimes fiscais
privilegiados, os chamados paraísos fiscais.
Isso pelo fato de que aqueles que visam obter vantagens indevidas
geralmente buscam essas jurisdições, por viabilizarem a concessão de
benefícios sem impor grandes obstáculos, muitas vezes até incentivando essa
prática para atrair investimento estrangeiro para o seu território.
Estabelecimento Permanente
Beneficiário Efetivo
161
SCHOUERI. Luís Eduardo. Planejamento fiscal através de acordos de bitributação: treaty
shopping. São Paulo: RT, 1995. p. 159.
162
TORRES, Heleno. Direito Tributário Internacional. p. 373/374.
137
Look-through approach:
163
TORRES, Heleno. Direito Tributário Internacional. 331/332.
164
TORRES, Heleno. Direito Tributário Internacional. p.364.
138
General bona fide provision é uma cláusula geral que dispõe que quando
a empresa demonstrar que o objetivo principal da sua constituição não é a
obtenção dos benefícios previstos no acordo, e que a condução das suas
atividades é legítima e tem fins comerciais, ela pode se aproveitar dos
benefícios sem qualquer restrição.
165
OECD (2019), Model Tax Convention on Income and on Capital 2017 (full version), OECD
Publishing. http://dx.doi.org/10.1787/g2g972ee-en. p. 1848.
140
Pode, ainda, ser adotado o Principle Purpose Test, que é uma cláusula
genérica, adotando-se um critério subjetivo, que determina que se for razoável
concluir, com base em todos os fatos e circunstâncias relevantes, que obter
esse benefício constituiu um dos objetivos principais de um acordo ou
operação, que tenha resultado, direta ou indiretamente, nesse benefício.
ARTIGO XXVII
Limitação de benefícios
166
Decreto nº 9.482/2018.
141
167
OCDE. Disponível em: <https://www.oecd.org/about/history/>. Acesso em: 05 mai. 2019.
168
OCDE. Disponível em: < http://www.oecd.org/general/Key-information-about-the-
OECD.pdf/>. Acesso em: 05 mai. 2019.
144
169
SHOUERI, Luís Eduardo. Contribuição à história dos acordos de bitributação: a experiência
brasileira. In: Revista Direito Tributário Atual. nº 22. São Paulo: Dialética, 2008, p. 283.
145
170
África do Sul, Alemanha, Arábia Saudita, Argentina, Austrália, Brasil, Canadá, China,
Estados Unidos da América, França, Índia, Indonésia, Itália, Japão, México, Coréia do Sul,
Reino Unido, Rússia, Turquia.
171
G20. Disponível em: <https://www.g20.org/en/summit/about/>. Acesso em: 05 mai. 2019.
146
172
OCDE. Disponível em: < https://www.oecd.org/tax/beps/inclusive-framework-on-BEPS-
progress-report-july-2016-june-2017.pdf>. Acesso em: 05 mai. 2019.
149
Os fatores-chave são:
Esses arranjos fazem com que a renda não seja tributada, ou seja
tributada de forma inadequada, contrariando a intenção dos países signatários
dos acordos.
Esta ação que visa atacar toda e qualquer forma de utilização abusiva
dos tratados internacionais, que tenha como única finalidade a redução da
carga tributária, exige que as jurisdições adotem dois dispositivos nos acordos
firmados por elas.
173
OCDE: https://www.oecd.org/tax/beps/beps-actions/action6/
174
ROCHA, Sergio André; SANTOS, Ramon Tomazela. A Convenção Multilateral da OCDE e a
Ação 15 do Projeto BEPS. Revista Fórum de Direito Tributário - RFDT - Belo Horizonte, ano
16, n. 93, maio/jun. 2018, p. 186.
153
175
BARRETO, Paulo Ayres; TAKANO, Caio Augusto. Os desafios do planejamento tributário
internacional na era pós-BEPS. In: XIII Congresso Nacional de Estudos Tributários. São
Paulo: Noeses, 2016. p. 989-1028. p. 1012.
154
ou, ainda, quando verificados arranjos artificiais, cuja única finalidade seja o
aproveitamento desses benefícios.
176
PLANALTO. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-
2018/2015/Exm/Exm-MP%20685-15.pdf. Acesso em: 5 mai. 2019.
156
177
Art. 3º da Instrução Normativa RFB nº 1681/16.
178
Art. 2º Para fins do disposto nesta Instrução Normativa, os termos ou expressões
relacionados à matéria ora disciplinada, a seguir enumerados, são definidos da seguinte
forma:
158
(...)
VI - controlador final do grupo multinacional: refere-se à entidade integrante que controla direta
ou indiretamente 1 (uma) ou mais entidades integrantes de modo que:
a) seja obrigada a preparar demonstrações financeiras consolidadas sob princípios contábeis
geralmente aceitos em sua jurisdição de residência para fins tributários;
b) estaria sujeita a elaborar demonstrações financeiras consolidadas caso seu capital social
fosse negociado publicamente (em bolsa de valores nacional ou estrangeira ou mercado de
balcão, incluindo mercados locais e regionais) em sua jurisdição de residência para fins
tributários; e
c) não seja controlada direta ou indiretamente por outra entidade integrante conforme definido
nas alíneas "a" e "b";"
179
Art. 9º da Instrução Normativa.
159
E, por fim, cumpre salientar que o Brasil assinou dois acordos referentes
à troca automática de informações tributárias, que é o Foreign Account Tax
Compliance Act, denominado FATCA, com os Estados Unidos, e o Common
Reporting Standard - CRS, no âmbito do Fórum Global de Transparência e
Troca de Informações Tributárias.
182 o
Art. 6 As autoridades e os agentes fiscais tributários da União, dos Estados, do Distrito
Federal e dos Municípios somente poderão examinar documentos, livros e registros de
instituições financeiras, inclusive os referentes a contas de depósitos e aplicações
financeiras, quando houver processo administrativo instaurado ou procedimento fiscal em
curso e tais exames sejam considerados indispensáveis pela autoridade administrativa
competente.
183
XII - é inviolável o sigilo da correspondência e das comunicações telegráficas, de dados e
das comunicações telefônicas, salvo, no último caso, por ordem judicial, nas hipóteses e na
forma que a lei estabelecer para fins de investigação criminal ou instrução processual penal;
162
Nesse sentido, concordamos com Sergio André Rocha que faz duras
críticas à arbitragem tributária internacional, que, para o autor, seria um
instrumento para que a OCDE impusesse o seu “Imperialismo Tributário
Internacional”, que a permitiria interpretar todo e qualquer tratado internacional,
que fosse submetido à sua analise, mesmo aqueles que elaborados de forma
diversa do “padrão OCDE”, interferindo diretamente nas políticas internacionais
dos países. Nas palavras do próprio autor:
184
ROCHA, Sergio André. The Other Side of BEPS: “Imperial Taxation” and “International Tax
Imperialism” In. ROCHA, Sergio André e CHRISTIANS, Allison (coord). Tax Sovereignty in
the BEPS Era. Series: International Taxation (Book 60). The Netherlands: Wolters Kluwer,
2017, p. 192
164
projeto, esse processo seria extremamente moroso e poderia não ser tão
eficiente, pois, quando entrassem em vigor já estariam defasados.
O Brasil conta hoje com apenas 33 tratados bilaterais ativos para evitar a
dupla tributação185. Situação que facilita a negociação individual dos tratados,
não havendo a necessidade de adesão à Convenção Multilateral.
SEÇÃO 3
Interpretação de Tratados
Artigo 31
Artigo 32
Artigo 33
186
11. The text of this explanatory statement to accompany the Convention (“Explanatory
Statement”) was prepared by the participants in the ad hoc Group, and in the Sub-
Group on Arbitration, to provide clarification of the approach taken in the Convention
and how each provision is intended to affect tax agreements covered by the
Convention (“Covered Tax Agreements”). It therefore reflects the agreed understanding
of the negotiators with respect to the Convention. It includes descriptions of the types
of treaty provisions which are intended to be covered and the ways in which they are intended
to be modified. The members of the ad hoc group adopted this Explanatory Statement on 24
November 2016 at the same time as adopting the text of the Convention.
168
Conforme analisamos linhas acima, para que uma norma passe a surtir
efeitos em nosso ordenamento jurídico ela deve passar por todo o processo de
positivação que a legitime como uma norma válida, e a injete no ordenamento.
187
ROCHA, Sergio André; SANTOS, Ramon Tomazela. A Convenção Multilateral da OCDE e a
Ação 15 do Projeto BEPS. Revista Fórum de Direito Tributário - RFDT - Belo Horizonte, ano
16, n. 93, maio/jun. 2018, p. 176.
169
188
Artigo 6.º – Finalidade de uma Convenção fiscal abrangida. 1.
Uma Convenção fiscal abrangida é modificada de modo a incluir a seguinte redação
preambular: “Pretendendo eliminar a dupla tributação no que respeita aos impostos
abrangidos pela presente Convenção sem criar oportunidades de não tributação ou de
tributação reduzida através de fraude ou evasão fiscal (designadamente através de
construções abusivas que visem a obtenção dos desagravamentos previstos na presente
Convenção para benefício indireto de residentes de terceiras jurisdições);”
189
3. Uma Parte pode igualmente optar por incluir a redação preambular que se segue
relativamente às suas Convenções fiscais abrangidas que não contenham uma redação
preambular que mencione o desejo de desenvolver as relações económicas ou de reforçar a
cooperação em matéria fiscal: «Desejando desenvolver as suas relações económicas e
reforçar a sua cooperação em matéria fiscal,».
170
190
“k) a expressão “pessoa estreitamente relacionada a uma empresa” significa uma pessoa
que, com base nos fatos e circunstâncias relevantes, possui o controle sobre uma empresa
ou esta última sobre a primeira, ou ambas estão sob o controle das mesmas pessoas ou
empresas. Em qualquer caso, uma pessoa será considerada como estreitamente
relacionada a uma empresa se uma possuir, direta ou indiretamente, mais de 50% de
participação na outra (ou, no caso de uma sociedade, mais de 50% do total dos direitos de
voto e do valor das ações da sociedade ou da participação nos lucros da sociedade), ou se
outra pessoa possuir, direta ou indiretamente, mais de 50% de participação (ou, no caso de
uma sociedade, mais de 50% do total dos direitos de voto e do valor das ações da
sociedade ou da participação nos lucros da sociedade) na pessoa e na empresa.”
171
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS
cláusulas nos tratados internacionais, que prevejam essas situações, ou, ainda,
medidas comunitárias, quando falamos de países que compõe um mesmo
bloco econômico, e que possuem regras comuns entre eles.
BIBLIOGRAFIA
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OECD (2019), Model Tax Convention on Income and on Capital 2017 (full
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