Você está na página 1de 30

Contabilidade Internacional

CONTABILIDADE INTERNACIONAL
Autoria:
Benvinda Maria de Souza Vieira
EXPEDIENTE
REITOR: FICHA TÉCNICA
PROF. CLÁUDIO FERREIRA BASTOS AUTORIA:
BENVINDA MARIA DE SOUZA VIEIRA
PRÓ-REITOR ADMINISTRATIVO FINANCEIRO:
PROF. RAFAEL RABELO BASTOS SUPERVISÃO DE PRODUÇÃO NEAD:
FRANCISCO CLEUSON DO NASCIMETNO ALVES
PRÓ-REITOR DE RELAÇÕES INSTITUCIONAIS:
DESIGN INSTRUCIONAL:
PROF. CLÁUDIO RABELO BASTOS EMANOELA DE ARAÚJO
PRÓ-REITOR ACADÊMICO: PROJETO GRÁFICO E CAPA:
PROF. VALDIR ALVES DE GODOY FRANCISCO ERBÍNIO ALVES RODRIGUES
COORDENAÇÃO PEDAGÓGICA: DIAGRAMAÇÃO E TRATAMENTO DE IMAGENS:
PROFA. MARIA ALICE DUARTE G. SOARES JOCIVAN DE CASTRO COSTA
COORDENAÇÃO NEAD: REVISÃO TEXTUAL:
PROFA. LUCIANA R. RAMOS DUARTE EMANOELA DE ARAÚJO

FICHA CATALOGRÁFICA
CATALOGAÇÃO NA PUBLICAÇÃO
BIBLIOTECA CENTRO UNIVERSITÁRIO ATENEU

VIEIRA, Benvinda Maria de Souza. Contabilidade Internacional. / Benvinda


Maria de Souza Vieira – Fortaleza: Centro Universitário Ateneu, 2017.

88 p.

ISBN:

1. Contabilidade Internacional. 2. MERCOSUL. 3. Normas Internacionais. I.


Centro Universitário Ateneu. II. Título.

Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta publicação pode ser reproduzida, total ou
parcialmente, por quaisquer métodos ou processos, sejam eles eletrônicos, mecânicos, de cópia
fotostática ou outros, sem a autorização escrita do possuidor da propriedade literária. Os pedidos
para tal autorização, especificando a extensão do que se deseja reproduzir e o seu objetivo,
deverão ser dirigidos à Reitoria.
Benvinda Maria de Souza Vieira

Seja bem-vindo!
Caro estudante, queremos dar a você as boas-vindas e cum-
primentá-lo pela oportunidade de participar dessa modalidade de
ensino-aprendizagem presente no currículo do curso que você es-
colheu estudar.

Você está participando de um momento importante na institui-


ção e no nosso país, pois a Educação a Distância – EAD está se ex-
pandindo cada vez mais por ser uma modalidade que busca atender
às novas demandas educacionais decorrentes das mudanças na nova
ordem econômica mundial.

As características fundamentais da sociedade contemporânea


que têm impactado sobre a educação são, pois, a maior complexida-
de das relações sócio-produtivas, o uso mais intenso de tecnologia, o
redimensionamento da compreensão das relações de espaço e tempo,
o trabalho mais responsabilizado, com maior mobilidade, exigindo um
trabalhador multicompetente, multiqualificado, capaz de gerir situações
de grupo, de se adaptar a situações novas e sempre pronto a aprender.

Em suma, queremos que, a partir do conhecimento das novas


tecnologias de interação e do estudo independente, você, caro estu-
dante, torne-se um profissional autônomo em termos de aprendizado
e capaz de construir e reconstruir conhecimentos, afinal esse é o tra-
balhador que o mercado exige atualmente.

Dessa forma, participe de todas as atividades e aproveite ao


máximo essa nossa interação e também com os seus colegas, tutores
e professores. Juntos construiremos uma sociedade cada vez melhor.
CONTABILIDADE INTERNACIONAL
1. Contabilidade Internacional ............................................ 7
Referências................................................................................ 30

SUMÁRIO
CONTABILIDADE INTERNACIONAL
1. Contabilidade Internacional ...........................................31
Referências.................................................................................47

CONTABILIDADE INTERNACIONAL
1. Diferenças internacionais na elaboração de
Demonstrações Contábeis ....................................... 50
2. Contabilidade nos Estados Unidos .......................54
3. Contabilidade na Grã-Bretanha ..............................62
4. Contabilidade no Japão ............................................. 64
Referências.............................................................................67

CONTABILIDADE INTERNACIONAL
1. MERCOSUL ........................................................................... 70
2. Pequenas e médias empresas – Normas
Internacionais (IFRS) e do CPC ...................................74
Referências.................................................................................87
CAPÍTULO 01
CONTABILIDADE INTERNACIONAL

Apresentação
Caro estudante, queremos dar a você as boas-vindas e cum-
primentá-lo pela oportunidade de participar dessa modalidade de
ensino-aprendizagem presente no currículo do curso que você es-
colheu estudar.

Você está participando de um momento importante na ins-


tituição e no nosso país, pois a Educação a Distância – EAD está
se expandindo cada vez mais por ser uma modalidade que busca
atender às novas demandas educacionais decorrentes das mudan-
ças na nova ordem econômica mundial.

As características fundamentais da sociedade contemporâ-


nea que têm impactado sobre a educação são, pois, a maior com-
plexidade das relações sócio-produtivas, o uso mais intenso de
tecnologia, o redimensionamento da compreensão das relações de
espaço e tempo, o trabalho mais responsabilizado, com maior mo-
bilidade, exigindo um trabalhador multicompetente, multiqualifica-
do, capaz de gerir situações de grupo, de se adaptar a situações
novas e sempre pronto a aprender.

Em suma, queremos que, a partir do conhecimento das novas


tecnologias de interação e do estudo independente, você, caro es-
tudante, torne-se um profissional autônomo em termos de aprendi-
zado e capaz de construir e reconstruir conhecimentos, afinal esse
é o trabalhador que o mercado exige atualmente.

Dessa forma, participe de todas as atividades e aproveite ao


máximo essa nossa interação e também com os seus colegas, tutores
e professores. Juntos construiremos uma sociedade cada vez melhor.
• Conhecer as principais mudanças na prática con-
tábil brasileira;
• Desenvolvimento Contábil no Brasil;
Objetivo de • Compreender a padronização e a Convergência
Aprendizagem de Normas Contábeis.

Essas normas são fundamentalmente marcadas em função


da Lei nº 11.638/07, que levou a nossa Contabilidade a nível inter-
nacional, e com pronunciamentos do Comitê de Pronunciamentos
Contábeis (CPC), que, pela primeira vez, propicia uma harmoniza-
ção contábil das Normas Brasileiras Contábeis.

No fim de 2008, foi introduzida a Medida Provisória nº 449/08


que trata de um regime tributário de transição e altera significativa-
mente o Balanço Patrimonial.

Em 27 de maio de 2009, a Lei nº 11.941/09, que traz parte da


MP nº 449/08, consolidando a composição do Balanço Patrimonial,
foi finalmente aprovada. Comparando as três leis temos:
Quadro 01: Comparativo de leis.
Ativo
Lei nº 6.404/76 Lei nº 11.638/07 Lei nº 11.941/09
Circulante Realizável a Longo Circulante Realizável Circulante
Prazo Permanente a Longo Prazo Perma- Não Circulante
• Investimentos; nente • Realizável a Longo
• Imobilizado; • Investimentos; Prazo;
• Diferido. • Imobilizado; • Investimentos;
• Intangível; • Imobilizado;
• Diferido. • Intangível.
PASSIVO
Circulante Exigível a Longo Circulante Exigível a Circulante Não
Prazo Longo Prazo Circulante
• Resultado de Exercícios; • Resultado de Exercícios; • Exigível a Longo
• Futuros; • Futuros; Prazo;
• Patrimônio Líquido. • Patrimônio Líquido. • Patrimônio Líquido.
Fonte: Marion (2009).

8 ELABORAÇÃO DE INTERNACIONAL
CONTABILIDADE PROJETOS SOCIAIS
Como fica destacado, a Lei nº 11.941/09 elimina os grupos Di-
ferido (Ativo) e Resultados de Exercícios Futuros (Passivo).

1.1. As principais mudanças na


prática contábil brasileira
Houve mudanças na Contabilidade brasileira. Isso é o que se
tem comentado no âmbito da profissão, das empresas, das univer-
sidades, da mídia e da sociedade em geral. De fato, isso, “em par-
te”, é verdade; em parte porque a Contabilidade, entendida como
o principal sistema de informação das organizações empresariais,
que propicia condições para se realizar o controle do patrimônio e
se avaliar os seus desempenhos, não mudou. O que mudou foram
as práticas contábeis.

Com a Lei 11.638/2007, o Brasil passou a adotar as Normas


Internacionais de Contabilidade, mais comumente conhecidas por
IFRS (International Financial Reporting Standards – Normas Inter-
nacionais de Informação Financeira. Essa nova lei introduziu im-
portantes conceitos do direito societário, tendo sido adaptados
conceitos legais bastante utilizados em economias mais desenvol-
vidas, alinhando, também, a normatização brasileira às legislações
dos Estados Unidos e de países da Europa. Foram trazidas inova-
ções tanto para as demonstrações contábeis quanto para as práti-
cas contábeis, visto que essas normas são baseadas muito mais em
princípios do que em regras (SAIKI; ANTUNES, 2010). Consequen-
temente, essa nova abordagem traz impactos substanciais para a
profissão contábil, uma vez que o contador passa a exercer muito
mais a sua capacidade de julgamento do que no passado recente,
com reflexões positivas sobre o status da profissão no Brasil.

As inovações trazidas por essa nova lei também causaram


muita inquietação, especialmente, para contadores, gestores, au-
ditores e para o mercado de capitais, importante usuário da infor-
mação contábil divulgada. Mas, em síntese, pode-se afirmar que
as mudanças introduzidas buscam aprimorar a qualidade da infor-
mação contábil, tendo como foco principal a sua utilidade para o
usuário dessa informação; melhorias visando aprimorar a compre-
ensibilidade, a relevância, a confiabilidade e a comparabilidade das
informações divulgadas, que são as características qualitativas da
informação contábil que as torna útil.
ELABORAÇÃO
CONTABILIDADE
DE PROJETOS
INTERNACIONAL
SOCIAIS 9
A Contabilidade é um serviço de informação es-
pecial. Ela começou com a necessidade de infor-
mações dos proprietários das empresas comer-
ciais. [...] Mas, ao longo do tempo, expandiu-se
num instrumento complexo. [...] Como um mapa
de navegação, ela assiste na realização da missão
– uma ajuda na medida em que a informação es-
teja disponível para os navegadores e para todos
a quem interessar (LITTLETON, 1953, 14).

Na afirmação de Littleton, verifica-se que a Contabilidade nas-


ceu na forma como hoje denominamos por gerencial, ou seja, a Con-
tabilidade que tem como objetivo o controle e a avaliação do patri-
mônio, originalmente destinada quase só aos seus proprietários. Hoje,
a Contabilidade gerencial está bastante associada às atividades da
área de controladoria nas empresas, cuja responsabilidade principal
é a de organizar e oferecer as informações necessárias ao processo
decisório (CATELLI, 1999). Por estar restrita aos relatórios utilizados
internamente, não está sujeita às normas e às legislações contábeis
dos países, sendo diretamente impactada pelo sistema de crenças e
valores do principal gestor ou dos proprietários da organização.

Da mesma afirmação de Littleton, pode-se extrair que, do uso


preponderantemente interno, com o surgimento dos sócios puramen-
te capitalistas - na figura dos acionistas - e com o crescimento dos
mercados de capitais, a Contabilidade dividiu seu olhar direcionan-
do-o aos interessados pelas informações da empresa que estão fora
do seu ambiente, ou seja, aos usuários externos. Nesse sentido, Pale-
pu, Healy e Bernard (2004) afirmam que os relatórios contábeis são
potencialmente meios importantes para a administração comunicar o
desempenho e a governança da empresa aos investidores e demais
interessados (PALEPU; HEALY; BERNARD, 2004). Hendriksen e Van
Breda (1992), em uma abordagem mais abrangente, consideram que
o propósito principal desses relatórios é o de dar suporte ao processo
decisório de todos aqueles que têm um interesse na empresa ou outro
tipo de organização objeto desses documentos.
10 ELABORAÇÃO DE INTERNACIONAL
CONTABILIDADE PROJETOS SOCIAIS
Considerando-se que esses relatórios são divulgados de for-
ma a atender às necessidades de informações por diversos interes-
sados, surgiu a necessidade de um padrão de relatórios com nor-
mas de elaboração seguidas de forma a permitir a comparabilidade
e, também, a avaliação por auditoria independente. Em função da
existência dessas normas, tem-se a atuação dos órgãos regulado-
res e fiscalizadores.

Em síntese, pode-se dizer que as demonstrações contábeis são


a principal fonte de informações econômico-financeiras das empre-
sas para uma ampla gama de usuários em seus processos decisórios
e que a normatização contábil tem por objetivo garantir que essas
informações divulgadas sejam compreensíveis, relevantes, confiáveis
e comparáveis, ou seja, úteis para o processo decisório dos usuários,
principalmente para aqueles que são externos à empresa.

De acordo com o Pronunciamento Conceitual Básico do Co-


mitê de Pronunciamento Contábil (CPC), o objetivo das demons-
trações contábeis é fornecer informações sobre as posições pa-
trimonial e financeira, o desempenho e as mudanças na posição
financeira da entidade que sejam úteis a um grande número de usu-
ários em suas avaliações e tomadas de decisão econômica (CPC,
2008, item 12). Dentre os interessados pela informação contábil
incluem-se investidores atuais e potenciais, empregados, credo-
res por empréstimos, fornecedores e outros credores comerciais,
clientes, governos e suas agências e o público; todos usam as de-
monstrações contábeis para satisfazer algumas das suas diversas
necessidades de informação (CPC, 2008, item 9).

O movimento visando à adoção das normas internacionais


de Contabilidade pelo Brasil pode ser explicado por diversos as-
pectos. Dentre eles, destacam-se a redução das taxas inflacionárias
e a expansão do mercado de capitais, aumentando a importância
da informação contábil como subsídio para as decisões de investi-
mentos, créditos, financiamentos etc. Entretanto, as diferenças en-
tre as práticas contábeis locais e as internacionais/norte-america-
nas mostraram-se um problema para fomentar tais investimentos
ELABORAÇÃO
CONTABILIDADE
DE PROJETOS
INTERNACIONAL
SOCIAIS 11
no país. Assim sendo, o Brasil passou a adotar as IFRS – normas
emitidas pelo International Accounting Standard Board (IASB) ou
Comitê de Normas Internacionais de Contabilidade, entidade do
setor privado, independente, criada em 1973 para estudar, preparar
e emitir normas de padrões internacionais de Contabilidade, com
sede em Londres, constituída por mais de 140 entidades profissio-
nais de todo o mundo, inclusive do Brasil.

Antes mesmo da promulgação da Lei 11.638/2007, o Conselho


Federal de Contabilidade (CFC), por meio da Resolução 1.055/05,
criou o CPC, considerando os seguintes aspectos:

• a redução de riscos nos investimentos internacionais (quer


sob a forma de empréstimo financeiro, quer sob a forma
de participação societária) bem como os créditos de natu-
reza comercial, sendo a redução de riscos derivada de um
melhor entendimento das demonstrações contábeis, ela-
boradas pelos diversos países, por parte dos investidores,
financiadores e fornecedores de crédito;

• a maior facilidade de comunicação internacional no mundo


dos negócios com o uso de uma linguagem contábil bem
mais homogênea;

• a redução do custo do capital que deriva dessa harmonização,


o que, no caso, é de interesse vital para o Brasil (CFC, 2011).

Nesse contexto, o CPC foi criado com o objetivo de promover


o estudo, o preparo e a emissão de pronunciamentos técnicos so-
bre procedimentos de Contabilidade e a divulgação de informações
dessa natureza para permitir a emissão de normas pela entidade
reguladora brasileira, visando à centralização e a uniformização do
seu processo de produção, levando sempre em conta a conver-
gência da Contabilidade brasileira aos padrões internacionais (CPC,
2011). Em resumo, o CPC emite os pronunciamentos contábeis ba-
seados nas IFRS e nos órgãos reguladores no Brasil – tais como o
CFC, a Comissão de Valores Mobiliários (CVM) e o Banco Central
do Brasil (Bacen).
12 ELABORAÇÃO DE INTERNACIONAL
CONTABILIDADE PROJETOS SOCIAIS
Cabe, ainda, mencionar que o CPC foi idealizado pelos princi-
pais membros das áreas acadêmica, governamental e da iniciativa
privada com o intuito de permitir avanços concretos em direção
à modernização das normas e das práticas contábeis brasileiras.
Integram o CPC a Associação Brasileira das Companhias Abertas
(Abrasca), a Fundação Instituto de Pesquisas Contábeis, Atuariais
e Financeiras (Fipecafi), a Associação dos Analistas e Profissionais
de Investimento do Mercado de Capitais (Apimec), o Instituto dos
Auditores Independentes do Brasil (Ibracon) além da Bolsa de Va-
lores de São Paulo (Bovespa) e do CFC. Apesar de sua atuação
autônoma, o CPC interage também com a Comissão de Valores
Mobiliários (CVM), com o Banco Central do Brasil (Bacen), a Fede-
ração Brasileira de Bancos (Febraban), com a Secretaria da Receita
Federal do Brasil (SRFB) e a Superintendência de Seguros Privados
(Susep) (CPC, 2011).

1.2. O desenvolvimento da Contabilidade no Brasil


O desenvolvimento da Contabilidade no Brasil está fortemen-
te atrelado também ao desenvolvimento econômico do país. No
período de 1970 a 1975, o Brasil experimentou taxas elevadas de
crescimento econômico do Produto Interno Bruto (PIB), desper-
tando o interesse de investidores e bancos estrangeiros, principal-
mente pela abundância de recursos disponíveis à época.

Entretanto, a taxa de inflação no Brasil também passou a ter um


crescimento bastante significativo, o que obrigou o Governo a pro-
mover, em 1979, uma maxidesvalorização cambial da nossa moeda
de 30% em um único dia. Esse fato foi marcante na história da Conta-
bilidade no Brasil, pois o Governo não permitiu a dedutibilidade fiscal
dessa perda cambial, determinando que o prejuízo fosse ativado e
amortizado (Decreto-lei 1.733, de 10 de dezembro de 1979).

Em outras palavras, não permitiu o reconhecimento contábil


como despesa do exercício, quando o correto seria fazer o ajuste
extracontabilmente no Livro do Lucro Real (LALUR). Em 1983 e
1999, tivemos mais duas maxidesvalorizações cambiais, mas a capi-
talização como Ativo Diferido foi facultativa.
ELABORAÇÃO
CONTABILIDADE
DE PROJETOS
INTERNACIONAL
SOCIAIS 13
É importante registrar outros dois fatos marcantes na história
do desenvolvimento histórico da Contabilidade no Brasil:

a) Em 1987, a CMV editou Instrução 64, determinando a ela-


boração de demonstrações contábeis complementares em
moeda de poder aquisitivo constante (correção integral)
para companhias abertas. É oportuno lembrar que, por
meio da Lei nº 9.249/95, o Governo proibiu qualquer tipo
de indexação das demonstrações financeiras;

b) Em 1993, o Conselho Federal de Contabilidade editou a Re-


solução 750, estabelecendo os Princípios Fundamentais de
Contabilidade (atual Resolução CFC nº 1.282/10).

Houve um avanço, em 1993, com a edição da Resolução 750


pelo Conselho Federal de Contabilidade, quando foram definidos 7
(sete) princípios – Entidade, Continuidade, Custo como base de va-
lor, Prudência, Competência, Objetividade e Atualização Monetária.
Este foi em decorrente da elevada inflação que o país vivenciou à
época, tendo alcançado, segundo índices oficiais, mais 1.800% ao
ano 1990. O CFC criou um grupo específico para desenvolver as
Normas Brasileiras de Contabilidade, buscando sua aderência com
as Normas Internacionais de Contabilidade.

Entretanto, mencionadas Normas Brasileiras de Contabilidade


editadas pelo conselho Federal de Contabilidade não tem força legal
e, portanto, embora os profissionais da área contábil possam ser puni-
dos pelo Conselho pela não observância aos princípios fundamentais
de contabilidade e às Normas Brasileiras de Contabilidade, o mesmo
não acontece com as empresas, já que elas estão sujeitas à observân-
cia de normas legais e regulamentares e não às do CFC.

Finalmente, em 2010, o CFC editou a Resolução 1.282 atualizan-


do a anterior (Resolução 750). Dentre as principais modificações, des-
tacam-se a eliminação do Princípio do Registro pelo Valor Original.
Este último passou a contemplar, adicionalmente, mensuração pelas
variações do custo histórico: custo corrente, valor realizável, valor pre-
sente, valor justo e a já mencionada atualização monetária.
14 ELABORAÇÃO DE INTERNACIONAL
CONTABILIDADE PROJETOS SOCIAIS
1.3. Desenvolvimento do mercado de
capitais e do sistema financeiro nacional
e seus reflexos na Contabilidade
O desenvolvimento histórico do nosso mercado financeiro e
o de capitais tiveram início nos meados da década de 1960, quan-
do foram instituídas duas legislações básicas, que reformularam a
área, continuando as mesmas ainda em vigor:

A Lei nº 4.595, de 31 de dezembro de 1964 da Reforma Ban-


cária criou o Conselho Monetário Nacional e o Banco Central do
Brasil, sendo estabelecidos normas e rotinas de funcionamento e
procedimentos de qualificação aos quais deveriam subordinar-se
às instituições do Sistema Financeiro Nacional.

1.4. Lei do Mercado de Capital (Lei nº 4.728, de 14.7.65)


O fortalecimento da poupança interna para seu direciona-
mento em investimentos produtivos esbarrava na preferência dos
investidores por imóveis (e não em papéis) e no modelo de desen-
volvimento econômico sedimentado em crédito bancário.

Uma das tentativas do Governo brasileiro para incentivar a


aplicação de recursos em empresas brasileiras, notadamente no
mercado acionário, veio com a edição do decreto-lei nº 157, que
previa a redução do Imposto de Renda a pagar de pessoas físi-
cas e jurídicas desde que comprovada sua aplicação em fundos de
investimento administrados por bancos e instituições financeiras
autorizadas. Os recursos captados eram canalizados nas Bolsas de
Valores, preferencialmente na subscrição de ações de empresas de
interesse nacional, buscando substituir a tradicional fonte de cap-
tação vigente, qual seja, a de crédito bancário.

O cenário e o ambiente econômico vigente à época relevam a


existência de poucas opções de financiamento disponíveis para as
empresas e, portanto, a captação de recursos via mercado acioná-
rio revelava-se aparentemente promissora. Entretanto, o arraigado
senso de propriedade (preferência por bens de raiz), tradição de
empresa familiar, e, para piorar, uma trajetória de elevada inflação
não estimularam o investidor brasileiro a ter confiança para aplicar
recursos acionários.
ELABORAÇÃO
CONTABILIDADE
DE PROJETOS
INTERNACIONAL
SOCIAIS 15
Apesar da reestruturação do Sistema Financeiro Nacional, o
setor público apresentava elevada participação no mercado finan-
ceiro, pois, para atender demanda no setor habitacional, o Gover-
no criou poupanças compulsórias como FGTS, voltado exclusiva-
mente para atendimento da demanda habitacional, e PIS/PASEP,
constituído por contribuição de empresas privadas e públicas para
fortalecimento do sistema oficial de crédito.

Entre 1966 e 1971, o mercado primário cresceu a uma taxa


média anual de, aproximadamente, 53% em termos reais, mas esse
crescimento trouxe também milhares de investidores desprepara-
dos, com intenções de fazer fortuna rapidamente. Na segunda fase,
quando ocorreu a baixa, os investidores desapareceram, revelando
sua imaturidade, segundo Andrezo e Lima (2000).

Esse período também foi marcado pelo início do elevado en-


dividamento externo com captação de recursos do exterior por
meio da Lei nº 4.131/62 e repasses via Resolução nº 63/69. Tais
recursos foram aplicados parcialmente em obras de retorno duvi-
doso, como Transamazônica entre outras.

Entre 1964 e 1973, aparentemente, a inflação se encontrava


sob controle. Esse período foi caracterizado, principalmente no iní-
cio da década de 1970, como a era do “milagre econômico”, sob
comando do Governo Militar, sendo que as taxas de crescimento
anuais beiravam 8% em termos reais, atraindo interesse de investi-
dores externos.

A Lei nº 6.385/76 e a criação da Comissão de Valores Mobiliá-


rios visavam fortalecer o funcionamento regular e eficiente do mer-
cado de valores mobiliários a fim de dotar o investidor brasileiro de
suficiente confiança para aplicar seus recursos com perspectivas
de investimento compatíveis com o nível de risco a assumir.

Em termos de comportamento da nossa economia, os anos


1980 foram os piores: elevada inflação e diversas tentativas de
combate a ela, mediante planos econômicos heterodoxos, que
contribuíram para perda da credibilidade e resultaram na primeira
moratória (1985); como consequência, na repercussão internacio-
nal negativa desta medida.
16 ELABORAÇÃO DE INTERNACIONAL
CONTABILIDADE PROJETOS SOCIAIS
Entretanto, alguns fatos marcantes da década de 1980 mere-
cem destaque:

• Queda do regime militar e restabelecimento da democra-


cia com eleição de novo presidente civil;

• Nova Constituição Federal, em 1988;

• Criação dos bancos múltiplos, mediante a alteração da es-


trutura do Sistema Financeiro vigente, reunindo, em uma única
instituição, atividades até então exercidas por bancos comer-
ciais, bancos de investimento, financeiras, sociedades de crédito
imobiliário e sociedades de arrendamento mercantil.

A década de 1990 testemunhou o crescimento da


importância relativa do mercado de capitais no
Brasil. Uma série de mudanças no quadro macro-
econômico e o relatório do início da década (es-
tabilização da moeda, abertura comercial, aber-
tura para investimentos estrangeiros em bolsas)
tornaram o mercado brasileiro mais atraente e
acessível aos investidores internacionais. A entra-
da líquida de capitais de US$ 386 milhões em 1991
para alcançar uma média anual de US$ 3,3 bilhões
entre 1993 e 1996. O saldo, entretanto, tornou-se
negativo em 1998 com recuperação em 1999, se-
gundo Carvalho (2000).

Em 1996, a Bolsa Mercantil e de Futuros (desde 2008, com


a integração entre BM&F e Bovespa passou a denominar-se BM&F
BOVESPA S.A.) chegou a ocupar o quarto lugar no ano seguinte,
conforme Andrezo e Lima (2000).

A retratação do mercado, verificada a partir de 1996, é explicada


por dois fatores: a instituição e o posterior aumento da CPMF (Con-
tribuição Provisória sobre Movimentação Financeira) e as altas taxas
de juros, que tornaram os investimentos de renda fixa mais atraentes
comparativamente aos investimentos de risco em renda variável.

Por outro lado, o Sistema Financeiro Nacional teve forte impacto


ELABORAÇÃO
CONTABILIDADE
DE PROJETOS
INTERNACIONAL
SOCIAIS 17
com a edição do Plano Real, em 1994. Acostumados a auferir ganhos
elevados em função da inflação, os bancos tiveram que reaprender a li-
dar com concessão de crédito em uma economia estabilizada e, como
consequência, muitos deles resistiram e tiveram que ser absorvidos por
outros bancos ou simplesmente quebraram (NIYAMA, 2010).

1.5. Empresa no Brasil


As empresas brasileiras classificam-se em dois grandes gru-
pos: as sociedades anônimas e as sociedades por quotas de res-
ponsabilidade limitada:

• Sociedades anônimas estão sujeitas às disposições da Lei


nº 6.404/76 (atual Lei nº 11.638/07) e podem ser de capi-
tal aberto (sujeitas ao controle à fiscalização da Comissão
de Valores Mobiliários) e de capital fechado (normalmente
pertencentes a grupos familiares).

• Sociedade por quotas de responsabilidade limitada.

As sociedades anônimas têm responsabilidade legal de publicar


demonstrações financeiras na forma da lei societária, ter conselho fiscal
além de atender aos requisitos quanto à transparência de seus atos (au-
mento de capital, alteração membros da diretoria entre outros).

As sociedades anônimas de capital aberto são obrigadas a pu-


blicar anualmente, e remeter trimestralmente para as Bolsas de Valo-
res e a Comissão de Valores Mobiliários as seguintes demonstrações
financeiras: balanço patrimonial, demonstração de resultado do exer-
cício, demonstração das mutações do patrimônio líquido, demonstra-
ção do fluxo de caixa de recursos demonstração do valor adicionado
bem como o parecer dos auditores independentes.

As sociedades anônimas de capital fechado são obrigadas


a publicar anualmente as seguintes demonstrações financeiras:
balanço patrimonial, demonstração de resultado de exercício, de-
monstração de lucros e prejuízos acumulados e demonstração de
fluxo de caixa. Além disso, tais companhias não estão sujeitas a
auditoria independente.
18 ELABORAÇÃO DE INTERNACIONAL
CONTABILIDADE PROJETOS SOCIAIS
As sociedades por quotas de responsabilidades limitada não
são obrigadas a publicar demonstrações financeiras de qualquer
espécie, ou seja, não prestam qualquer tipo de informação quanto
ao seu desempenho operacional ou econômico-financeiro. As com-
panhias de grande porte estão sujeitas à auditoria independente
conforme a Lei nº 11.638/07 (art. 3º).

De acordo com a Junta Comercial, a constituição de empre-


sas brasileiras por tipo jurídico, as empresas individuais e as socie-
dades limitas representam um número bem maior em relação às
sociedades anônimas.

1.6. Auditoria no Brasil


Sendo a Contabilidade uma Ciência Social e dinâmica, ela não
pode ficar alheia ao desenvolvimento da humanidade. A evolução
do processo contábil se dá com a criação e o aprimoramento de
suas técnicas, que utiliza novas ferramentas e aperfeiçoa a eficiên-
cia dos seus processos.

Com o advento do computador, cujo uso difundiu-se de for-


ma fantástica no fim do século XX, impulsionado especialmente
pela evolução dos meios de comunicação que possibilitou a im-
plantação da rede internacional de computadores (internet), a hu-
manidade iniciou uma nova era. Esse processo de mutação que se
encontra em andamento neste milênio envolve todas as éreas do
conhecimento (RIBEIRO, 2012).

A auditoria, uma das principais técnicas contábeis, ganhou


maior importância a partir da década de 1970, quando as compa-
nhias abertas passaram a ter suas demonstrações financeiras obri-
gatoriamente auditadas por auditores independentes.

Até então, a auditoria era requerida usualmente pelas seguin-


tes razões:

• Atendimento de exigência estatutárias;

• Exigências de consolidação de balanço para subsidiária


brasileira de empresas multinacionais no exterior;

• Obtenção de crédito junto a instituições financeiras oficiais


ou privadas.
ELABORAÇÃO
CONTABILIDADE
DE PROJETOS
INTERNACIONAL
SOCIAIS 19
Outras atividades regulamentadas pelo Governo Federal,
usualmente aquelas que captam ou administram recursos de ter-
ceiros ou que prestam serviços de utilidade pública, também estão
sujeitas à obrigatoriedade de ter auditoria independente:

• Bancos e instituições financeiras equiparadas, segundo


normas do Banco Central do Brasil;

• Seguradoras, segundo normas da Superintendência de Se-


guros Privados do Brasil;

• Empresas de previdência privada, segundo normas da Se-


cretaria de Previdência Complementar;

• Empresas de telefonia, segundo normas da Agência Nacio-


nal de Telecomunicações;

• Empresas de energia elétrica, segundo normas da Agência


Nacional de Energia Elétrica.

A entidade que congrega os profissionais da área de audito-


ria é o Instituto dos Auditores Independentes do Brasil (IBRACON),
anteriormente denominada IAIB.

Para se credenciar como auditor independente, além de seu


registro como contador junto ao Conselho Federal de Contabilida-
de de seu Estado, o profissional deve ter registro junto à Comissão
de Valores Mobiliários.

Para obtenção desse registro, a Comissão de Valores Mobili-


ários exige a comprovação do exercício da atividade de auditoria
por pelo menos 5 (cinco) anos, mediante a apresentação do pa-
recer e das respectivas demonstrações contábeis auditadas. Essa
regra foi modificada pela Instrução CMV 308 que estabeleceu a
obrigatoriedade de aprovação no Exame de Qualificação Técnica a
ser aplicada pelo Conselho Federal de Contabilidade e Instituto dos
Auditores Independentes do Brasil.
20 ELABORAÇÃO DE INTERNACIONAL
CONTABILIDADE PROJETOS SOCIAIS
De forma geral, os padrões de auditoria adotados pelas empre-
sas de auditoria brasileiras são semelhantes aos adotados pelo Ame-
rican Institute of Certified Public Accountants (AICPA) e pelo Inter-
national Federation of Accounts (IFAC). Além disso, os modelos de
pareceres seguem em essência esses pronunciamentos internacionais.

O Banco Central do Brasil exige, desde 2005, que a contra-


tação ou a manutenção do auditor independente pelas instituições
financeiras fique condicionada à aprovação do responsável técnico,
do diretor ou de qualquer outro integrante em nível de gerência em
exame de certificação, organizado pelo Conselho Federal de Con-
tabilidade e Instituto dos Auditores Independentes.

1.7. Padronização harmonização, uniformidade e


convergência de normas contábeis
São termos utilizados frequentemente em artigos relaciona-
dos ao processo de globalização das normas contábeis: padroni-
zação, harmonização, uniformidade e convergência. A seguir, você
conhecerá cada termo para melhor entendimento do processo:

• Padronização: consiste na adoção mais rígida, sem flexibi-


lização. O padrão escolhido como referência para harmoni-
zação mundial das demonstrações são as normas IAS/FRS
publicadas pelo IASB;

• Harmonização: busca amenizar as diferenças internacio-


nais. Os pronunciamentos internacionais são traduzidos e
adaptados às características de cada país, sem perder as
características básicas de cada pronunciamento;

• Uniformidade: com a harmonização mundial das normas


contábeis de vários países serão comparáveis porque esta-
rão uniformizados de acordo com o padrão internacional,
porém, respeitando as características de cada país;

• Convergência: processo de implementação das normas in-


ternacionais em cada país. No Brasil, o processo foi iniciado
oficialmente em 1º janeiro de 2008 com a Lei nº 11.638/07.
Fonte: adaptado de Perez Júnior, J. H. (2009, p. 4).
ELABORAÇÃO
CONTABILIDADE
DE PROJETOS
INTERNACIONAL
SOCIAIS 21
1.8. Organismos internacionais responsáveis pelas
normas internacionais: aspectos introdutórios
A globalização gera uma série de implicações no mundo dos
negócios. Uma das mais importantes é a concorrência acirrada en-
tre as empresas, que resulta em uma busca de melhorias constantes.
Essa busca traduz-se na diversificação dos negócios, bem como na
ampliação dos mercados consumidores. Exemplos claros de tais
melhorias são fusões, cisões, incorporações, aquisições e joint ven-
tures (companhias com controle compartilhado). Essas operações,
denominadas genericamente Business Combination (combinações
de negócios) têm crescido rapidamente. Nesse contexto, surgem
problemas relacionados ao tratamento contábil aplicável a essas
concentrações de empresas, sendo necessário identificar as prin-
cipais semelhanças e diferenças no tratamento contábil a fim de
harmonizar as práticas contábeis adotadas pelos diversos países
que estão participando ativamente do atual mundo dos negócios,
os quais podem ser compostos por grupos de empresas que atuam
em diversas partes do globo bem como por companhias que an-
gariam fundos nos distintos mercados de capitais. A harmonização
das normas contábeis abre o mercado brasileiro aos investidores
internacionais além de tornar o mercado de capitais e o sistema
financeiro brasileiro mais transparentes reduzindo o risco do país.

1.9. Órgãos reguladores USA – Securites Exchange


Comission
Nos Estados Unidos da América, o formato e o conteúdo das
demonstrações financeiras das companhias abertas são regulados
pela SEC, comissão de valores mobiliários norte-americana, de for-
ma similar à CVM brasileira. Não obstante o fato de que a SEC te-
nha delegado muitas de suas responsabilidades ao FASB, ela, fre-
quentemente, acrescenta outras solicitações. Uma vez que a SEC
reconhece os pronunciamentos do FASB como sendo de uso obri-
gatório, da mesma forma como eram reconhecidas as opiniões do
APB antes de 1973, ele constitui-se na principal entidade responsá-
vel pela emissão de padrões para a preparação das demonstrações
financeiras e pela determinação dos Estados Unidos.
22 ELABORAÇÃO DE INTERNACIONAL
CONTABILIDADE PROJETOS SOCIAIS
1.10. FASB – Financial Accounting Standards Board
O Conselho de Padrões de Contabilidade Financeira (FASB),
criado em 1973, caracteriza-se por ser uma entidade independente,
cujos membros devem ser totalmente desvinculados do mercado de
capitais. Todavia, historicamente, a maioria dos membros do conse-
lho foram, anteriormente, auditores, funcionários de grandes corpora-
ções mundiais, servidores governamentais e membros da academia,
porque, para o desempenho dessa função, é exigido conhecimento.
Antes de emitir um novo pronunciamento (SFAS), o FASB, frequen-
temente, trabalha com uma força-tarefa composta de contadores pú-
blicos (CPAs) representativos da indústria, acadêmicos e usuários das
demonstrações financeiras para desenvolver um memorando de dis-
cussão. Após receber os comentários públicos e ouvir suas opiniões,
essa assessoria prepara uma proposta de padrões de Contabilidade e
a disponibiliza para comentários públicos. Esse instrumento confere
ao público uma oportunidade para comentar sobre o projeto antes
de ser finalizado e emitido como um pronunciamento do FASB. A
base conceitual para os USGAAP está incluída nos pronunciamentos
conceituais do FASB, denominados SFAS, que criaram uma espécie
de estrutura conceitual básica usada pelo conselho para o estabeleci-
mento de padrões de Contabilidade.

1.11. AICPA – American of Certified Public Accountants


O Instituto Americano dos Contadores Públicos Certifica-
dos (AICPA) possui um comitê técnico sênior denominado Comi-
tê Executivo de Padrões da Contabilidade (AcSEC). Esse comitê é
composto de 15 membros voluntários, com representantes da in-
dústria, da academia, analistas e empresas de contadores públicos
nacionais e regionais. Além disso, todos os membros do AcSEC são
contadores certificados (CPAs) e membros do AICPA. O AcSEC
está autorizado a formular padrões de Contabilidade bem como a
representar o AICPA em matérias da Contabilidade. Esses padrões
são elaborados através do trabalho de comitês do AICPA e de for-
ças-tarefa. O comitê emite pronunciamentos de posição (SOPs),
guias de auditoria e de Contabilidade, os quais são revisados e can-
celados pelo FASB.
ELABORAÇÃO
CONTABILIDADE
DE PROJETOS
INTERNACIONAL
SOCIAIS 23
1.12. Organismos internacionais responsáveis pela
harmonização
a) ASB: International Accounting Standards Board

Em nível internacional, o Quadro de Padrões Internacionais


de Contabilidade (IASB) é o órgão que emite pronunciamentos
denominados International Accounting Standards (IAS) utilizados
como referência em diversos países. Seus pronunciamentos são
aceitos como ferramenta de publicação em quase todas as bolsas
de valores do mundo para as empresas que nelas desejem ser co-
tadas, auxiliando, dessa forma, o acesso aos mercados de capitais
mundiais e tornando as empresas que utilizam tais padrões capa-
zes de ser ativamente participantes da atual economia globalizada.
Para se ter uma noção da importância do IASB, um fato marcante
ocorreu no ano de 2002. A Comunidade Europeia (CE) aprovou
uma regulamentação que torna:

[...] obrigatória, a partir de 2005, a elaboração


de demonstrações financeiras consolidadas de
acordo com os pronunciamentos emitidos pelo
IASB para todas as companhias abertas de seus
países-membros. Essa resolução da CE represen-
ta um marco histórico no processo de harmoni-
zação contábil das práticas contábeis mundiais,
uma vez que esse grande bloco econômico pas-
sará a divulgar, aos seus usuários externos, infor-
mações consolidadas passíveis de comparação.
Esse procedimento possivelmente impulsionará
outras iniciativas nesse sentido, haja vista a gran-
de redução de custos provocada por esse evento,
especialmente no que tange à conversão das de-
monstrações contábeis de acordo com os princí-
pios de Contabilidade geralmente aceitos de um
país para o outro. Prova disso é que a Austrália
também passará a adotar os pronunciamentos
24 ELABORAÇÃO DE INTERNACIONAL
CONTABILIDADE PROJETOS SOCIAIS
emitidos pelo IASB a partir de 2005. Os Padrões
Internacionais de Relatórios Financeiros (IFRS
– International Financial Report Standards) e os
Padrões Internacionais de Contabilidade (IAS - In-
ternational Accounting Standards) foram criados
pelo Conselho Consultivo de Normas de Contabi-
lidade (IASB - International Accounting Standards
Board) para assegurar que as empresas desenvol-
vam relatórios financeiros compatíveis.

b) IASC: Internacional Accounting Standards committee

O IASC – Comitê de Padrões de Contabilidade Internacional foi


constituído no ano de 1973 através de um acordo entre organismos
profissionais de Contabilidade da Austrália, do Canadá, da França, da
Alemanha, do Japão, do México, dos Países Baixos, do Reino Unido,
da Irlanda e dos Estados Unidos. Entre 1983 e 2001, os membros do
IASC incluíram todas as entidades de profissionais contábeis que são
membros da Federação Internacional de Contadores - IFAC. Em maio
de 2000, uma nova constituição, em termos de estrutura organiza-
cional, foi aprovada; nela, o IASC foi estabelecido como uma entidade
independente, comandada por dezenove curadores.

c) SAC – Standards Advisory Councic

O Conselho Consultivo de padrões é o organismo internacio-


nal através do qual grupos e indivíduos que advêm de outras áreas
geográficas - onde não estão estabelecidos os curadores do IASB -
fazem recomendações ou aconselham o IASB. Esse conselho deve
reunir-se, no mínimo, três vezes por ano. Além disso, o IASB deve
consultá-lo sobre todos os principais projetos. As assembleias do
SAC devem ser públicas. O SAC é composto de aproximadamente
30 membros, todos eles pertencentes a regiões geográficas dis-
tintas, com especialização técnica que possibilite contribuir para a
formulação de normas contábeis.
ELABORAÇÃO
CONTABILIDADE
DE PROJETOS
INTERNACIONAL
SOCIAIS 25
d) SIC – Standing Interpretation committee (SIC)

O Comitê Permanente de Interpretações foi criado em 1997,


tendo em vista a necessidade de considerar algumas questões
contábeis que possam receber tratamento contábil divergente ou
inaceitável, devido à falta de orientação oficial no local. Essas con-
siderações fazem parte do contexto das normas internacionais e
da estrutura conceitual do IASB. Para o desenvolvimento de suas
atividades, o SIC consulta entidades similares em todo o globo. O
SIC trata de questões abrangentes, não daquelas que se referem
a exceções. As interpretações abrangem assuntos relacionados a:

• pronunciamentos já emitidos (áreas nas quais a prática con-


tábil é insatisfatória em relação às normas internacionais);

• pronunciamentos não emitidos (tópicos novos, que não


existiam quando a norma foi desenvolvida).

O SIC conta com um grupo de até 12 membros votantes, in-


cluindo profissionais de Contabilidade, elaboradores e usuários das
demonstrações financeiras, originários de vários países.

1.13. Harmonização da Contabilidade


nos moldes IFRS no mundo
As Normas Internacionais de Contabilidade, atualmente co-
nhecidas como normas IFRS, são um conjunto de pronunciamentos
de Contabilidade internacionais publicados e revisados pelo IASB.

As normas IFRS foram adotados pelos países da União Eu-


ropeia a partir de 31 de dezembro de 2005 com o objetivo de har-
monizar as demonstrações financeiras consolidadas publicadas pe-
las empresas abertas europeias. A iniciativa foi internacionalmente
acolhida pela comunidade financeira.

Atualmente, aproximadamente 110 países já aderiram ou estão


em processo de convergência às normas internacionais de Contabili-
dade. Veja, a seguir, o histórico de criação das normas IAS/IFRS:
26 ELABORAÇÃO DE INTERNACIONAL
CONTABILIDADE PROJETOS SOCIAIS
• 1972 – a criação de um comitê de pronunciamentos con-
tábeis internacionais foi sugerida durante o 10º Congresso
Mundial de Contadores;

• 1973 – criado o IASC;

• 2001 – criado o IASB para emissão do IFRS;

• 2005 – os países da União Europeia adotam as normas do IFRS;

• 2006 – FASB e IASB fazem acordo para convergência en-


tre IFRS e USGAAP. A China adota;

• 2007 – Brasil, Canadá, Chile, Índia, Japão e Coreia estabe-


lecem datas para adotar o IFRS;

• 2007 – Ângela Merkel (UE) e George W. Bush (USA) fazem


acordo de harmonização das normas contábeis confirman-
do o trabalho desenvolvido pelo FASB e pelo IASB no sen-
tido de criar um modelo de Contabilidade Universal;

• 2007 – a Lei nº 11.638/07 é aprovada pelo Congresso Na-


cional com o objetivo de harmonizar as práticas contábeis
brasileiras às internacionais.

1.14. Órgãos reguladores da Contabilidade Internacional


no Brasil Comissão de Valores Mobiliários
A Comissão de Valores Mobiliários foi criada em 1976 através
da Lei n° 6.385/76. Trata-se de uma entidade autárquica vinculada
ao Ministério da Fazenda, que, entre suas atribuições previstas na
referida lei, tem competência para regulamentar, com observância
da política definida pelo Conselho Monetário Nacional, as matérias
previstas nesta lei e na Lei das Sociedades por Ações. A partir de
então, a CVM, por delegação legal expressa, também passou a emi-
tir pareceres, instruções e deliberações, regulamentando a matéria
contábil para as sociedades anônimas de capital aberto. Além dis-
so, juntamente com a Lei das Sociedades por Ações, disciplina o
funcionamento do mercado de valores mobiliários e a atuação das
companhias abertas, dos intermediários financeiros e dos investi-
dores além de outros cuja atividade é relacionada a esse mercado.
ELABORAÇÃO
CONTABILIDADE
DE PROJETOS
INTERNACIONAL
SOCIAIS 27
CPC – Comitê de Pronunciamentos Contábeis

O Comitê de Pronunciamentos Contábeis foi idealizado a partir da


união de esforços e da comunhão de objetivos das seguintes entidades:

• ABRASCA – Associação Brasileira das Companhias Abertas;

• APIMEC NACIONAL – Associação dos Analistas e Profissio-


nais de Investimento do Mercado de Capitais;

• BOVESPA – Bolsa de Valores de São Paulo;

• CFC – Conselho Federal de Contabilidade;

• FIPECAFI – Fundação Instituto de Pesquisas Contábeis, Atuariais e


Financeiras;

• IBRACON – Instituto dos Auditores Independentes do Brasil.

Pronunciamentos contábeis em função das necessidades de:

• convergência internacional das normas contábeis (redução de


custo de elaboração de relatórios contábeis, redução de riscos e
custo nas análises e nas decisões, redução de custo de capital);

• centralização na emissão de normas dessa natureza (no Bra-


sil, diversas entidades o fazem);

• representação e processo democráticos na produção des-


sas informações (produtores da informação contábil, auditor,
usuário, intermediário, academia, Governo).

Criado pela Resolução CFC nº 1.055/05, o CPC tem como obje-


tivo “o estudo, o preparo e a emissão de Pronunciamentos Técnicos
sobre procedimentos de Contabilidade e a divulgação de informações
dessa natureza para permitir a emissão de normas pela entidade re-
guladora brasileira visando à centralização e à uniformização do seu
processo de produção, levando sempre em conta a convergência da
Contabilidade brasileira aos padrões internacionais”.

O CPC é totalmente autônomo das entidades representadas,


deliberando por 2/3 de seus membros:

• o Conselho Federal de Contabilidade fornece a estrutura


necessária;
28 ELABORAÇÃO DE INTERNACIONAL
CONTABILIDADE PROJETOS SOCIAIS
• as seis entidades compõem o CPC, mas outras poderão vir
a ser convidadas futuramente;

• os membros do CPC, dois por entidade, na maioria conta-


dores, não auferem remuneração. Além dos 12 membros
atuais, serão sempre convidados a participar representan-
tes dos seguintes órgãos: Banco Central do Brasil; Comis-
são de Valores Mobiliário; Secretaria da Receita Federal;
Superintendência de Seguros Privados (SUSEP).

Outras entidades ou especialistas poderão ser convidados. Pode-


rão ser formadas comissões e grupos de trabalho para temas específicos.

Produtos do CPC:

• pronunciamentos técnicos;

• orientações;

• interpretações.

Os pronunciamentos técnicos serão obrigatoriamente sub-


metidos a audiências públicas. As orientações e interpretações po-
derão, também, sofrer esse processo.

Estrutura

Assembleia dos Presidentes das Entidades: elegem os mem-


bros do CPC (representantes das seis entidades) com mandatos
de quatro anos (exceto metade dos primeiros membros, com dois
anos); podem, por 3/4 de seus membros, indicar outros membros
do CPC; podem alterar o Regimento Interno do CPC.

Pronunciamentos CPC/IFRS

Os contadores de qualquer tipo societário de empresa de-


vem cumprir as exigências da Lei nº 11.638/07 a fim de executar a
Contabilidade das empresas. Para isso devem:

• tomar ciência da Lei nº 11 638/07, resoluções do CFC, pro-


nunciamentos do CPC;

• ter a habilidade no reconhecimento do fato contábil con-


forme a legislação atual;

• interpretar os pronunciamentos CPC/IFRS.


ELABORAÇÃO
CONTABILIDADE
DE PROJETOS
INTERNACIONAL
SOCIAIS 29
REFERÊNCIAS
CONSELHO FEDERAL DE CONTABILIDADE – CFC.

MARION, José Carlos 15. ed. São Paulo: Atlas, 2009.

NIYAMA, Jorge Katsumi. 2. ed. São Paulo: Atlas, 2010.

RIBEIRO, Osni Moura. Auditoria Fácil. São Paulo, 2010.

REVISTA DE ECONOMIA & RELAÇÕES INTERNACIONAIS: janeiro 2012.

Anotações

30 ELABORAÇÃO DE INTERNACIONAL
CONTABILIDADE PROJETOS SOCIAIS
www.UniATENEU.edu.br

Rua Coletor Antônio Gadelha, Nº 621


Messejana, Fortaleza – CE
CEP: 60871-170, Brasil
Telefone (85) 3033.5199

Você também pode gostar