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Gestão da Sustentabilidade do Negócio

Unidade I

Prof. Davi Augusto de Oliveira Lima Fernandes

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Apresentação do professor-autor

Graduado em Relações Internacionais pela Estácio de Sá e com Mestrado


Profissional em Economia e Política Internacional, pela Universidade Independente
de Lisboa (Portugal) e FACCEBA (Brasil). Sou um executivo sênior, com mais de 20
anos de experiência, no Brasil e no exterior, em desenvolvimento de negócios, supply
chain management e consultoria empresarial. Também sou professor, lecionando em
cursos de pós-graduação.
Como líder em desenvolvimento de novos negócios, gerenciei times na venda
de soluções SaaS (Cloud Based) e serviços no Brasil e nos EUA. Dirigi múltiplas
operações de desenvolvimento de negócios, em diversas contas estratégicas,
iniciando, gerenciando e mantendo contatos C-Level nesses países.
Como diretor executivo de supply e logística, liderei times em busca dos
melhores resultados, qualidade, eficiência e excelência operacional em várias
indústrias no Brasil e em Angola, inclusive liderando projetos de startups de unidades
fabris.
Como consultor sênior, atuei como PMO, recomendei e implantei ações dentro
das melhores práticas atuais de mercado, garantindo a conformidade de processos e
a qualidade na estruturação dos negócios dos meus clientes nas áreas estruturadas.
Sou professor de cursos de pós-graduação, porém já lecionei em cursos de
graduação e Ensino Médio no Brasil.
Possuo conhecimento avançado do ciclo de vida de gerenciamento de projetos,
metodologias ágeis e experiência com as mais novas plataformas de interação de
serviços 4.0.
SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO E HISTÓRIA ............................................................................ 3

2. HISTÓRIA DO MERCADO ............................................................................... 4

2.1 O Início de tudo: Brasil Colônia ........................................................................ 4

2.2 A criação do Banco do Brasil ............................................................................ 5

2.3 O sistema financeiro na República Velha ......................................................... 7

2.4 O sistema financeiro no Brasil após a República velha .................................... 7

2.5 A Constituição de 1988 e a era da estabilidade financeira ............................... 8

3. POLÍTICA MONETÁRIA NO BRASIL ............................................................. 11

3.1 A mão pesada do Estado................................................................................ 11

3.2 Os instrumentos fundamentais de controle ..................................................... 14

3.3 Movimentação de capital internacional no país .............................................. 15

3.4 Os instrumentos de controle de redesconto ................................................... 15

4 INTRODUÇÃO À GESTÃO DA SUSTENTABILIDADE .................................. 16

4.1 Mercados: introdução ao conceito .................................................................. 16

4.2 Situando-se em seu mercado ......................................................................... 16

4.3 O mercado financeiro...................................................................................... 17

4.4 Mercado futuro ................................................................................................ 22

4.5 Os mercados e a gestão de contratos ............................................................ 24

5. RESUMO ........................................................................................................ 25
1. INTRODUÇÃO E HISTÓRIA

Atualmente, neste mundo globalizado, conectado e, em muitos aspectos e


sentidos, disruptivo, os administradores de empresas, para manterem os negócios
com resultados positivos e interessantes, estão demandando, cada vez mais, por
modelos de negócios e formatos de gestão que tragam a sustentabilidade e a
longevidade das empresas.
Dessa forma, o foco está se concentrando em melhorar a qualidade de
integração dos processos e controles, onde, a meta, para cada projeto de melhoria
específico, em qualquer área da empresa, é a operacionalização da eficiência
idealizada, trazendo, por sua vez, o resultado almejado ao final do ciclo validado.
A sustentabilidade entre gestão de pessoas, administração de processos e
aplicação de técnicas de tecnologia da informação, é a única forma de se conseguir
chegar a esse objetivo e perpetuar os resultados positivos na organização.
É evidente que a sustentabilidade tem sido colocada em um plano de
importância muito alto nos últimos anos, e os administradores precisam não só
entender o porquê de aplicá-la nas organizações, mas, também, quando e como
realizar a mudança de modelo mental para que as pessoas possam executar os
planos de ação de forma alinhada às diretrizes organizacionais vigentes.
É necessário que o administrador, nesse cenário de mercado disruptivo e em
constante alteração, se prepare para utilizar-se de um ferramental de teorias e
práticas, unindo métodos conceituais e empirismo, para que, cada vez mais, e de
forma mais abrangente, consiga fazer a empresa atingir um bom resultado de forma
sustentável e integrada.
Entretanto, existem forças muito grandes a serem derrotadas, em qualquer
organização, agindo para que as estruturas e ações se mantenham da forma como
estão, sem mudança, sem foco atualizado e sem sustentabilidade. É essa batalha que
líderes alinhados ao plano de mudança enfrentam no dia-a-dia.
Tal circunstância e paradigma nos leva ao objetivo primaz deste trabalho que é
o de fazer administradores compreenderem como a sustentabilidade empresarial é a
forma mais adequada para se atingir os resultados esperados.
É evidente que a sustentabilidade, por si só, não é um fim em si, ela precisa ser
construída, implantada e gerenciada dentro de cada formato adequado e dentro de
cada área da organização, passando por longos e intensos processos de mudança,
os quais demandarão por líderes que necessitarão possuir, em seu referencial teórico,
muito embasamento conceitual para que consigam conduzir, de forma eficaz, os
importantes projetos de mudança nas empresas.
Dessa forma, é de suma importância que os administradores entendam de
noções de economia, mercado, negócios e gestão da sustentabilidade, focando, no
final, como a sustentabilidade empresarial pode gerar retornos a organização.
Porém, antes de se estudar o presente e as suas nuances, para tornar mais
fácil a compreensão de como o mercado chegou a este cenário de demandas e
ofertas, será necessário compreender como os acontecimentos do passado
influenciaram outros que, por sua vez, impactaram no contexto atual. Assim, uma
parte pequena deste livro-texto focará em assuntos de história direcionada.
Para o desenvolvimento deste livro-texto, a metodologia adotada é a da
pesquisa bibliográfica, selecionando as informações cabíveis em fontes confiáveis,
porém grande parte do texto exposto aqui é de autoria do próprio autor.

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2. HISTÓRIA DO MERCADO

2.1 O Início de tudo: Brasil Colônia

No início do Período Colonial, nos primeiros anos do século 16, no Brasil, as


transações comerciais eram realizadas, na sua grande totalidade, por meio de
escambo; açúcar, algodão e madeira serviam como referência para as trocas, e essas
mercadorias eram tratadas como moedas.
O açúcar ganhou dimensões gigantescas como moeda, uma vez que as
capitanias hereditárias a produziam em grandes quantidades e permitiam o seu uso
para as transações comerciais.
Assim, açúcar, madeira e algodão foram os primeiros dinheiros, de fato, postos
em circulação no território brasileiro, antiga colônia.
Nos períodos e locais onde a invasão holandesa ocorreu, em algumas regiões
do atual estado de Pernambuco, as pessoas utilizavam moedas cunhadas no local,
denominadas florins, as quais eram distribuídas somente pela Companhia
Neerlandesa das índias Ocidentais.
Os florins também eram conhecidos como moedas obsidionais, pelo fato de
terem sido cunhadas em um local que estava sob estado de sítio, em regime
emergencial, na época do final do período da invasão holandesa da região. Durante
este período, os luso-brasileiros, no esforço de acelerar a expulsão dos invasores,
impuseram um abrangente bloqueio militar terrestre e naval, o qual, junto a outras
iniciativas militares e comerciais, culminou, em 1654, na expulsão completa dos
holandeses das cidades invadidas.
O nome “obsidional” (respeitante à sítio de cidade, uma antiga técnica medieval
de se cercar uma cidade cortando os principais meios de transporte de suprimentos)
se deu principalmente pelo fato de as moedas terem sido cunhadas em Pernambuco
em uma emergência, sob a condição de cerco militar imposta pelos luso-brasileiros.
A invasão holandesa ocorreu entre os anos de 1624 e 1654, mas o tratado de
paz e o consequente término das hostilidades na região, que incluía a não aceitação
dos florins por comerciantes que estavam fora do protetorado da Companhia
Neerlandesa das índias Ocidentais, apenas foi assinado no ano de 1663.
A Companhia Neerlandesa das Índias Ocidentais – em holandês, West-
Indische Compagnie ou WIC – foi uma companhia de organização privada do
comércio externo, capitalista, independente do Estado Holandês, e que se tornou um
instrumento da colonização holandesa nas Antilhas, impulsionando, inclusive a
ocupação holandesa no nordeste brasileiro do século 17. O objetivo desta Companhia
era a de tomar militarmente as capitanias de Pernambuco e Salvador, dominar a
sociedade capturada na invasão e fazer com que essas antigas capitanias dessem
lucro, pois as demais, espalhadas pelo resto do então território luso-brasileiro, só
davam prejuízo.
Após a saída dos holandeses, em 1694, o império português inaugurou, onde
atualmente está localizado o estado da Bahia, a primeira casa da moeda, a qual tinha
como principal meta colocar ordem na bagunça monetária que se instalara no país.
No ano seguinte, cunhava-se a moeda, feita toda em prata, denominada de padrão
franco.
Depois, a casa da moeda mudou-se diversas vezes. Em 1699, foi para o Rio
de Janeiro. Em 1702, ela foi transferida para Pernambuco e, no ano seguinte, em
1703, retornou ao Rio de Janeiro.
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No decorrer dos anos, algumas moedas cunhadas pela Coroa portuguesa, em
Angola (moedas de cobre angolano), vieram para o Brasil e passaram a servir como
troco (para pequenas transações) e, assim, as transações comerciais foram se
modificando, porém, o controle do Estado Português sempre se fez presente em
decorrência da circulação da moeda colonial de ouro e prata.
Em todos os momentos do Período Colonial, para não se perder o controle de
transações realizadas e para se cobrar impostos referentes às movimentações
ocorridas no mês, a Coroa portuguesa instituiu a lei do quinto, na qual as casas de
fundição do império, autorizadas a cunhar moedas para todo o sistema financeiro
existente nas colônias, produziriam um volume excedente referente à quinta parte de
tudo o que fora fundido no mês, naquela região. Assim, o controle do comércio imperial
foi criado e este controle expandiu-se, pela primeira vez, para as finanças.

2.2 A criação do Banco do Brasil

A mudança da família real e da Corte portuguesa para o Brasil foi uma


consequência direta da situação em que vivia a Europa no início do século XIX. Neste
período, grande parte da Europa vivia sob a ameaça de invasão das tropas
napoleônicas e quase todas as nações estavam em guerra, incluindo Portugal.
Em 1806, devido ao Bloqueio Continental decretado por Napoleão, todas as
nações da Europa continental foram obrigadas a fechar seus portos ao comércio com
os ingleses. Napoleão pretendia enfraquecer o comércio com seu inimigo inglês e,
dessa forma, cortar as rotas de abastecimento a Londres. Nessa época, o Príncipe
Regente, Dom João VI, governava Portugal no lugar da sua mãe, a Rainha Dona Maria
I, que, segundo os livros de história, sofria de loucura.
Portugal decidiu não aderir ao Bloqueio Continental imposto pelos franceses e,
dessa forma, se livrou de uma condição muito difícil, pois a economia portuguesa da
época era completamente dependente da economia inglesa, já que os ingleses eram
o principal fornecedor de produtos manufaturados consumidos em Portugal e, por
outro lado, o maior cliente e consumidor dos produtos vendidos por Portugal e suas
colônias, incluindo o Brasil e Angola. Os ingleses, por sua vez, não queriam perder
um velho aliado comercial e militar, Portugal, incluindo as colônias consumidoras do
império luso, tais como o Brasil, Angola, Moçambique e os demais.
Para resolver a situação de acordo com os interesses ingleses, Dom João foi
convencido a se transferir com sua Corte para o Brasil, e, dessa forma, os ingleses
garantiam o acesso ao mercado consumidor brasileiro e ao importante comércio de
produtos básicos e alimentos, para suportar a sua nação durante o bloqueio. A
transferência da Corte era uma boa solução também para a família real, pois evitava
a deposição da dinastia de Bragança pelas forças napoleônicas. Portanto, é correto
afirmar que a mudança da família real e da Corte portuguesa para o Brasil, em 1808,
se deu devido às guerras napoleônicas.

Assim, em 29 de novembro de 1807, Dom João e sua família, acompanhados


por um séquito de mais de 15.000 pessoas, partiram para o Brasil sob a proteção de
quatro navios de guerra britânicos que os escoltaram até o destino. Parte da esquadra
portuguesa aportou na Bahia e parte no Rio de Janeiro. No dia seguinte à saída de D.
João de Lisboa, as tropas francesas do General Junot invadiram Lisboa sem
resistência quase nenhuma.

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A chegada de Dom João à Bahia se deu em janeiro de 1808; lá a família real
ficou por apenas um mês, partindo para o Rio de Janeiro logo após.
A vinda da família real para o Brasil acabou trazendo muitas benfeitorias e
certos avanços, inclusive o desenvolvimento e a implantação de um sistema financeiro
integrado, mais eficiente e mais pujante, como a criação do Banco do Brasil.
A criação do primeiro Banco do Brasil, instituição pública que passou, desde a
origem, por diversas fases, teve, na sua gênese, apenas uma finalidade: assegurar a
emissão de moeda para atender às necessidades da Coroa portuguesa, pois a
cobrança direta de tributos era deficitária no Brasil, nova sede do Império.
Assim, por meio de um alvará expedido pelo Príncipe Regente Dom João, em
12 de outubro de 1808, o Banco do Brasil foi criado. O Banco foi constituído,
incialmente, por um capital de Rs 1:200$000 ações de um (contos de réis) cada,
porém a primeira oferta pública de ações só se completou, no entanto, nove anos
depois, em 1817, limitando-se à emissão de moeda. De qualquer forma, o sistema de
crédito existente na antiga colônia pouco se alterou.
D. João VI retornou para Portugal em 1821, e o Banco, criado apenas para
suprir as suas necessidades enquanto estivesse no Brasil, e, consequentemente,
sendo dilapidado pelo governo, sofreu o seu golpe fatal quando a família real voltou
para Portugal. Na sua partida, a família real levou consigo todas as reservas de metais
preciosos (ouro e prata), resultando no encerramento das atividades em 1829 e em
sua liquidação por decreto em junho de 1833.
Assim, foram retiradas de circulação as cédulas de emissão do Banco e
substituídas por cédulas de emissão do Tesouro Nacional. Nesta ocasião, o Banco do
Brasil conheceu seu segundo período, o qual ocorreu entre os anos de 1821 e 1829.
Em 1838, e não antes disso, os empreendedores brasileiros da época viram
aparecer o primeiro banco voltado para suportar a demanda de crédito no Brasil. Era
um banco que essencialmente captava recursos e concedia crédito, de forma arcaica,
aos, então, devedores. Assim, o Banco Comercial do Rio de Janeiro foi criado, tendo
como fundadores alguns dos comerciantes mais abastados da capital e, de uma forma
ou de outra, isso fez com que a situação de concessão de crédito, importante alicerce
do cenário econômico-financeiro regional da época, mudasse substancialmente para
um formato diferente, porém melhor. Assim, impulsionados pelo sucesso deste banco
e seguindo o seu modelo, diversas instituições nasceram no período do segundo
reinado. É importante notar que outro fator que fomentou a criação e instalação desses
novos bancos, nos moldes do Banco Comercial do Rio de Janeiro, na capital do
império brasileiro, foi o aumento da exportação de café neste período e a
preponderância dos negócios relacionados a este produto para a economia da época.
Esses novos bancos, na sua grande maioria, situavam-se no estado do Rio de Janeiro,
sede do Império.
O Barão e Visconde de Mauá, Irineu Evangelista de Souza, através do Decreto
nº 801, de 2 de agosto de 1851, deu origem a uma nova instituição financeira, com
controle privado, conhecida como o terceiro Banco do Brasil. Este novo Banco contava
com um capital de Rs 10:000$000 (contos de réis). Porém, em 1853, decorrente da
fusão do Banco do Brasil e do Banco Comercial do Rio de Janeiro, surgiu o quarto
Banco do Brasil. Esta fusão é fruto da iniciativa dirigida pelo Visconde de Itaboraí, hoje
considerado o verdadeiro fundador do Banco do Brasil. Em 31 de agosto de 1853,
através da Lei nº 1.223, o Governo aprovou seus estatutos e a fusão. O novo
estabelecimento se consolidou, expandindo-se pelo país.

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2.3 O sistema financeiro na República Velha

Foi na República Velha que o sistema financeiro começou a tomar uma forma
mais contemporânea e, dessa forma, em 1906, surgiu o quinto Banco do Brasil, fruto
da fusão entre o então atual Banco do Brasil e o Banco da República do Brasil. Tal
acontecimento ocorreu em 30 de dezembro de 1905, através do Decreto-Lei nº 1.455.
Até 1906, quando o Banco do Brasil foi consolidado em seu quinto formato,
esta instituição tornou-se a única autorizada pelo antigo Governo Republicano Federal
a atuar no mercado local, pois até 1905, no Brasil, ainda não havia uma
regulamentação federal que consolidasse todo mercado financeiro existente em uma
só região unificada. Assim, devido a esse indigesto vácuo em diversas regiões
decorrente da precária infraestrutura em comunicações e transportes da época,
existiam no Brasil regiões monetárias isoladas que contavam com legislações
regionais regulamentadoras da emissão de títulos de créditos para moedas locais ou
regionais equivalentes. O sistema financeiro brasileiro ainda era uma imensa colcha
de retalhos, atuando através de moedas diferentes, com valores diferentes, legislação
independente e títulos diferentes.
Também, com a consolidação do Banco do Brasil como agente único do Estado
Brasileiro, iniciou-se a era da normatização e controle estatal total do sistema
financeiro nacional e, já em 1920, o primeiro órgão fiscalizador dos bancos existentes,
a Inspetoria Geral dos Bancos, foi criado.
Em 1921, foi aprovada, pelo congresso da época, o regulamento para a
fiscalização dos bancos e das casas bancárias, criando a Carteira de Redesconto,
que possibilitava maiores garantias às operações de crédito dos bancos nacionais,
pois poderiam recorrer ao Banco do Brasil, reduzindo-se consideravelmente a
vulnerabilidade do sistema.

2.4 O sistema financeiro no Brasil após a República velha

Em 2 fevereiro de 1945, através do Decreto-Lei nº 7.293, foi criada a


Superintendência da Moeda e do Crédito (SUMOC,), responsável pelo controle do
mercado monetário, recebendo, do Banco do Brasil, as atribuições da Carteira de
Redesconto. Este foi o início da era dos depósitos compulsórios dos bancos para uma
instituição indicada pela autoridade monetária nacional. Mais adiante, a SUMOC foi
substituída pelo Conselho Monetário Nacional (CMN) e, depois, pelo Banco Central
do Brasil (Bacen ou BC), que, por sua vez, regulamentou o Sistema Financeiro
Nacional (SFN).
A partir dos anos 1950, inicia-se no país uma fase macroeconômica
caracterizada pela expansão econômica e o consequente crescimento da atividade
bancária.
Nas décadas de 1950 e 1960, e com a criação do Banco Nacional de
Desenvolvimento Econômico (BNDE), o país passa por um novo ciclo de crescimento
econômico e social.
Outros órgãos foram criados para dar suporte a esse crescimento e organizar
a malha econômica e financeira que estava sendo criada no país. Assim, o Sistema
Financeiro da Habitação (SFH) e o Banco Nacional da Habitação (BNH) foram criados
para regulamentar e financiar transações do mercado imobiliário brasileiro. O
Conselho Monetário Nacional (CMN) do país passa por um novo ciclo de renovação
e, consequentemente, o novo sistema financeiro nacional passa a ser controlado e
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regulamentado através do CMN e o do Bacen, que se tornam os principais órgãos do
sistema.
O aumento do fluxo de capitais no Brasil, na década de 1960, se deu devido a
dois fatores importantes e estruturantes: (i) o desenvolvimento, a implantação e
operacionalização de bancos de investimento nacionais, operando em território
brasileiro para suprir as necessidades de empresas privadas e públicas; (ii) a
facilidade de empresas nacionais conseguirem recursos no exterior, autorizadas pelo
CMN da época.
Em 1964, o governo Castelo Branco permitiu que o Brasil tivesse um sistema
financeiro organizado, de vanguarda, segmentado e supervisionado pelo Bacen,
executando, também, as políticas monetárias e cambiais do país. Tais modificações
e reformas se consolidaram como importantes marcos de evolução do sistema
financeiro nacional e, dessa forma, constituíram, no final de sua implantação, na atual
estrutura do SFN, sempre amparados pelo CMN e pelo Bacen.
Em 7 de dezembro de 1976, é criada a Comissão de Valores Mobiliários (CVM),
que facilita a obtenção de recursos pelas empresas. No ano de 1979, no governo do
Presidente Figueiredo, o Sistema Especial de Liquidação e Custódia (SELIC) é criado
e passa a realizar a custódia e liquidação com títulos públicos, como as letras do
Tesouro Nacional e as obrigações reajustáveis do Tesouro Nacional.
Em 1983, o então ministro da economia, Delfim Netto, promove um ajuste para
incentivar as exportações e desvaloriza o cruzeiro em 30%, frente ao dólar.
Entre 1985, após a saída do último presidente militar do poder e a promulgação
da Constituição de 1988, o Brasil viveu momentos de grandes mudanças, porém, no
campo econômico, de grandes crises.
Foi um período conturbado no contexto político e econômico, pois o Brasil
voltara a ter um presidente eleito via voto direto, depois de passar por um período de
grandes protestos exigindo a volta do voto direto (1984), porém, no campo econômico,
a hiperinflação acabara de se instalar no país e o mercado inteiro se viu inserido em
uma ciranda financeira gigantesca.
Já a indústria nacional, protegida pela reserva de mercado, torna-se obsoleta,
devido à não atualização e concorrência com os produtos que eram fabricados no
exterior.

2.5 A Constituição de 1988 e a era da estabilidade financeira

A Constituição brasileira de 1988, baseada em valores de esquerda e de ideais


pseudoliberais, tentou vender uma imagem de liberdade na área econômica e de
diminuição da ação do Estado sobre a economia, através da tentativa de estruturação
do sistema financeiro nacional em um formato liberal que desse autonomia ao
mercado, leia-se investidor, para que o mesmo promovesse, também, o equilíbrio de
classes através da democratização do crédito, capital e trabalho, porém, na prática, o
que aconteceu foi o oposto.
O Estado ganhou poderes centralizadores nunca dados a ele anteriormente e,
durante a gestão dos governos de esquerda, criou um cenário de caos de excesso de
impostos, taxas, regras e burocracia e, inexoravelmente, acabou concentrando no
Executivo o poder da imensa máquina de arrecadação, investimento e controle de
mercado.
No entanto, a Constituição deu ao mercado respostas importantes sobre a
responsabilidade de gestão de importantes órgãos, e isso, aliado a políticas
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macroeconômicas responsáveis, trouxe a estabilidade financeira que tanto
demandava o povo brasileiro. Assim, mercados, como o da previdência privada,
passaram a ganhar musculatura e a exigir maior atenção.
Em 1988, com a nova Constituição Brasileira, bancos múltiplos surgiram no
mercado bancário nacional e receberam amparo e autorização do CMN para a sua
criação. Esses bancos, em conformidade com os dispostos nos documentos
regulamentadores do Bacen, caracterizam-se por ser instituições do setor púbico ou
privado, as quais operam uma variedade de serviços bancários no mercado financeiro.
Essas instituições, através das suas carteiras comerciais, amparadas pela resolução
nº 1.524/88, realizam uma diversidade imensa de operações no mercado, oferecendo
opções, entre outras, de crédito imobiliário, investimentos diversos, arrendamentos
mercantis etc.
O Plano Real foi um programa que definiu diversas medidas que contribuiriam
para o restabelecimento da economia. Na época, o país passava por uma crise, devido
à desvalorização da moeda e o aumento considerável da inflação. A inflação no Brasil,
no pico da crise, chegou a fazer os supermercados alterarem os preços dos alimentos
em até duas vezes no mesmo dia.
O Plano Real começou a ser implantado em 1994, durante o governo de Itamar
Franco, com o auxílio do Ministro da Fazenda, Fernando Henrique Cardoso. Uma das
principais medidas do plano era a substituição da moeda da época pelo Real. Esta e
outras medidas foram fundamentais para conter a inflação e estabilizar a economia.
Em 1995, houve o surgimento do Programa de Estímulo à Reestruturação do
Sistema Financeiro Nacional (PROER), como uma alternativa à crise enfrentada por
instituições financeiras durante o governo de Fernando Henrique Cardoso, a fim de
que estas não quebrassem e não perdessem a confiança do sistema.
Muitas instituições foram adquiridas por outros bancos que possuíam estruturas
mais robustas e muito mais dinheiro. Na época discutiu-se muito a questão da ética
desse programa, pois parte da sociedade acreditava ser um absurdo transferir
dinheiro federal para que bancos privados não quebrassem.
Outro destaque importante está na criação do Comitê da Política Monetária
(COPOM), em 20 de junho de 1996. Este comitê, após sua criação e entrada em vigor,
foi capaz de definir a taxa de juros SELIC aplicadas no país e também as regras da
política monetária para o período. Além disso, auxiliou ainda mais na estruturação do
sistema, tornando-o transparente e ajudando-o na tomada de decisão, como por
exemplo, no controle da inflação.
Em 1999, o lançamento da cédula de crédito bancário contribuiu para a criação
de títulos de crédito que facilitariam e padronizariam determinadas operações, tais
como financiamentos, repasses ou empréstimos.
No ano de 2002, fatos importantes transformaram mais uma vez o sistema, tais
como a criação do Sistema de Pagamento Brasileiro (SPB), do Sistema de
Transferências de Reservas (STR) e da Transferência Eletrônica Disponível (TED).
Mesmo o Brasil tendo uma Constituição socialista, prolixa e que pretendia
distribuir riqueza através de decreto e não de fomento aos negócios, o mercado
brasileiro é muito maior e, através dos anos, inclusive até depois da maior crise
econômica de crédito e confiança em que passou o país, durante e após os governos
de esquerda e, em especial, o Governo Dilma, tem demonstrado sinais de grande
resiliência e de recuperação rápida.
Já o empresário brasileiro, diante deste Estado pesado, burocrático e das lições
aprendidas após a crise, tem entendido que a sustentabilidade do seu negócio

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depende do seu entendimento sobre a história econômica, as políticas tributárias do
momento e o valor do crédito disponível de mercado.
Ultimamente, o sistema bancário vem sofrendo mudanças significativas com a
utilização de novas tecnologias disruptivas e com a entrada de bancos virtuais, que
dispensam o calhamaço burocrático e lento criado pela rede bancária original
brasileira. Startups da área financeira, chamadas de fintechs, vêm revolucionando o
mercado com a oferta de soluções de meios de pagamento utilizando tecnologia de
ponta, abertura de contas bancárias através do smartphone e até a possibilidade de
transferências de dinheiro entre contas com mais agilidade.
O sistema jurídico, por sua vez, não está acompanhando o ritmo atual de
mudanças e, consequentemente, não está conseguindo atualizar a sua base de
jurisprudência, afetando diretamente ações que estão começando a aparecer,
relacionadas ao mau uso da tecnologia ou a fraudes criadas por um sistema de troca
de dados nunca antes vistos no país.
Os meios de pagamento estão sendo inundados, todos os dias, por inovações
que fazem com que a própria política monetária do Brasil precise ser revista. Um
exemplo é a nova solução de transferência de dinheiro via smartphones disponível no
mercado brasileiro e que consegue habilitar a transferência de recursos via contas de
países diferentes, instantaneamente, e sem a necessidade de se esperar por tanta
burocracia relacionada ao atual SWIFT, que é uma forma de identificação dos bancos
para transferências de dinheiro entre agências e/ou instituições bancárias. O termo
SWIFT é um acrônimo para Society for Worldwide Interbank Financial
Telecommunication, uma sociedade cooperativa de bancos internacionais, sediada
em Bruxelas, que tem o objetivo de normatizar procedimentos referentes a transações
financeiras internacionais.
Assim, é importante notar que o mundo empresarial está em constante
mudança e, dessa forma, o sistema bancário e financeiro também. Os dois mundos,
que ocorrem paralelamente e interligados na vida das empresas, precisam de olhos
atentos às mudanças e de gestores que estejam sempre ligados às mudanças
disruptivas que a tecnologia vem trazendo, pois, em linhas gerais, empresas e
gestores desatentos podem não só estarem perdendo oportunidades, mas, também,
com decisões financeiras e administrativas ligadas a um arcabouço bancário antigo,
incorrendo no pagamento de juros, taxas desnecessárias e fazendo a empresa ter
mais custo do que deveria.
A seguir, visualizaremos o que é política monetária e como ela evoluiu no Brasil
nos últimos anos. Esse entendimento é extremamente importante para aqueles
gestores que pretendem, algum dia, empreender.

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3. POLÍTICA MONETÁRIA NO BRASIL

3.1 A mão pesada do Estado

A história da política monetária nos países seguiu por caminhos diferentes,


porém, algumas lições de como não fazer foram extremamente emblemáticas e
precisam ser entendidas para que nunca mais ocorram.
No Brasil, os economistas, por muitos anos, estudaram o caso dos erros de
política monetária implementados pela República de Weimar, que fora implantada na
Alemanha ao final da Primeira Guerra Mundial e perdurou até 1933, quando o então
regime Nacional-Socialista, o Nazismo, de Hitler, se instalou naquele país.
Para o povo alemão, os anos entre 1914 e 1923 foram muito difíceis, pois além
de saírem da Primeira Guerra Mundial derrotados e com uma dívida imensa a pagar
aos países signatários do tratado de Versailles, ainda enfrentou uma inflação
exorbitante, a qual teve um início discreto, porém cresceu e moveu as taxas de juros
a padrões inaceitáveis, fazendo os preços de tudo aumentarem exponencialmente dia
após dia. O que fez com que a crise financeira se acirrasse, também, foi a aplicação,
pelo Banco Central Alemão, de uma política monetária controversa, que era a de
suspender a conversão de papel-moeda em ouro, objetivando impedir que as reservas
do país se esgotassem durante o esforço de guerra e após o armistício em 1917.
Assim como todos os outros bancos dos outros países que faziam parte da
tríplice Aliança, para os seus respectivos países, o Reichsbank ofereceu assistência
ao governo central alemão no financiamento do esforço de guerra. Como impostos
são sempre impopulares, o governo alemão preferiu implementar uma política
monetária de não aumentar as taxas de impostos à população e resolveu, então, pedir
emprestadas as quantias aos bancos. Nesse sentido, o governo alemão foi
prontamente auxiliado pelo Reichsbank, que simplesmente passou a comprar a maior
parte dos títulos do tesouro do país e, consequentemente, se tornou um grande credor
da nação.
Dessa forma, o desfecho dessa história, para o povo alemão, foi um desastre,
pois logo após o final da guerra e da assinatura do tratado de Versailles um grande
percentual da dívida do governo, criada durante o período anterior, foi parar nos cofres
do Banco Central da Alemanha, e um montante equivalente de papel-moeda,
impresso sem qualquer lastro pelo próprio Reichsbank alemão, acabou como dinheiro
vivo em posse do povo, que demandava por produtos e serviços escassos. A falta de
produtos e serviços, aliada à quantidade indiscriminada de dinheiro impresso sem
lastro na mão do povo, fez a inflação do país aumentar exponencialmente, criando um
caos generalizado na economia e sociedade alemã da época. O pior foi o impacto
dessa crise, que se caracterizava pela monetização da dívida do governo, pelo Banco
Central.
Ao final da década de 1920, a quantidade de dinheiro em circulação havia
quadruplicado, os preços haviam subido mais de 100% (e continuava a subir), e a
crise se aprofundava cada vez mais.
Historiadores apontam a crise como o principal fator que empoderou o partido
nazista naquele país, e Hitler, após a tomada de poder, para mostrar ao povo que o
regime era o ideal para a nação, soube capitalizar suas políticas monetárias para
amedrontar qualquer resistência política que pudesse surgir, internamente, ao seu
regime.

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Assim, esse caso reflete um exemplo em que, pela primeira vez na história,
uma política monetária desastrosa conseguiu derrubar um governo inteiro e fazer
nascer uma ideologia, nesse caso a nazista, das cinzas de uma guerra perdida.
Já no Brasil, a história da política monetária, até hoje, nos mostrou que o país
passou por alguns momentos de grande crise e, após cada crise, conseguiu se
reerguer com uma estrutura maior, mais abrangente, porém mais controladora e
burocrática.
Como apresentado anteriormente, a reforma do sistema financeiro de 1964 foi
importante, pois até aquele momento o Brasil não tinha um banco central unificado e
atuante no mercado. Os principais objetivos desta reforma foram a criação do Bacen
e a concessão de autonomia das autoridades monetárias em relação ao governo
federal.
Por outro lado, através de uma visão centralizadora, a Constituição de 1988
vedou a instalação no país de novas agências e instituições financeiras estrangeiras
e proibiu o aumento da participação do capital estrangeiro em instituições financeiras
nacionais, a não ser em casos de acordos internacionais.
A crise financeira do segundo semestre de 1995 mostrou que a legislação não
dava ao Bacen os instrumentos necessários para uma atuação preventiva, que
permitisse uma ação saneadora para evitar que uma empresa financeira, mal
administrada, se tornasse um doente terminal. E, durante a crise financeira mundial
de 1994 e 1995, a lição foi aprendida e uma nova legislação foi criada para autorizar
o Bacen a exigir que uma empresa financeira aumentasse seu capital, transferisse
seu controle acionário, fosse reestruturada mediante fusão, incorporação ou fosse
dividida em uma operação de cisão. Essa nova resolução deu ao Bacen plenos
poderes para que, na hipótese de não obediência de determinações do Banco Central,
a instituição financeira sofresse intervenção, da forma que achasse mais adequada.
A reforma bancária permitiu que, conforme o artigo 13 da Lei nº 4595: "a
execução de encargos e serviços de competência do Banco Central do Brasil poderia
ser contratada com o Banco do Brasil por determinação do Conselho Monetário
Nacional, pelo prazo e nas condições por este fixados".
Esta permissão criou a Conta Movimento, a qual, na prática, transformou o
Banco do Brasil em autoridade monetária, fazendo com que as suas operações,
consequentemente, tivessem impacto sobre o passivo monetário do Banco Central.
Assim, o Banco do Brasil se tornou uma fonte de utilização de recursos do Banco
Central no mercado.
A experiência acumulada desde a criação do Bacen e os ajustes feitos após
cada crise que o país enfrentou sugerem que as modificações realizadas foram de
grande sucesso e que deixaram o sistema muito mais liberal do que o que previa,
incialmente, a Constituição de 1988. Além disso, com as reformas que deixaram o
Bacen com autonomia descolada do Executivo, o mercado começou a visualizar certa
liberalização de mercado, o que foi positivo, pois desse momento em diante, com
ajuda de investimentos diretos externos, o Brasil conseguiu entrar em uma onda de
privatizações de antigas empresas estatais que, por serem administradas pelo Estado,
eram lentas, mal geridas e sempre davam prejuízo.
Em 1999, sob o governo de Fernando Henrique Cardoso, o Banco Central
abandonou o então regime de bandas cambiais e passou a operar em regime de
câmbio flutuante, e isso causou uma grande crise cambial que desvalorizou a moeda
Brasileira, levando os economistas a chamarem esse péssimo acontecimento de
efeito samba.

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Na realidade, essa crise foi o ápice de políticas de combate à pobreza e inflação
mal dimensionadas e implantadas na nação naquele momento. Em outras palavras, a
crise está relacionada diretamente a problemas estruturais do plano de combate à
inflação implementado pelo governo de FHC.
O Plano Real obteve sucesso no combate à inflação, mas a segunda etapa do
plano de reestruturação nunca foi posta em prática, pois se tratava do investimento
em políticas de crescimento industrial, comercial e melhoria social.
Governos anteriores aplicaram políticas econômicas erradas que impactaram
em um cenário de crise no Brasil. Esses governos, indiscriminada e sucessivamente,
colocaram em prática políticas de câmbio semifixo sobrevalorizado frente ao dólar,
aliados a econômicas deflacionistas (juros elevados e baixo investimento estatal),
gerando, inexoravelmente, graves problemas estruturais macroeconômicos,
pressionando, dessa forma, as contas do governo para se ajustarem às flutuações do
câmbio e demais demandas relacionadas.
O Banco Central ficava, constantemente, sem dólares para realizar os swaps
de moeda, em transações internacionais, e se enfiava, cada vez mais, em dívidas
internacionais para regularizar o déficit da sua balança de pagamentos e
recebimentos. Também, a abertura indiscriminada da economia, associada à
sobrevalorização do real frente ao dólar, impactaram diretamente no enfraquecimento
da indústria nacional, pois os setores de comércio e outros industriais preferiram
importar a comprar no mercado interno, aumentando a taxa de desemprego com o
fechamento de centenas de indústrias. As exportações diminuíram, pois não era mais
interessante exportar.
Apenas no final do governo FHC é que as contas foram regularizadas através
da desvalorização responsável da moeda e a retomada do investimento do Estado na
iniciativa privada brasileira.
De qualquer forma, mesmo com as modificações o Estado ainda é o grande
tomador de crédito e o grande devedor da economia e isso se tornou o estopim da
grande crise em que viveu o país, durante os dois governos Dilma, onde o Estado
tomava dinheiro a juros de mercado e emprestava, para empresários corruptos e
alinhados a ideologias político-partidárias a juros subsidiados, criando grandes
rombos fiscais aos cofres da nação.
Em outras palavras, mesmo aplicando regras e legislações que proviam o
Bacen e os outros órgãos reguladores e de apoio ao mercado, mais autonomia e
liberdade para atuarem de forma rápida em causas de crise, a Constituição de 1988
criou um cenário de ambiente econômico pesado, majoritariamente empurrado pelo
Estado às custas de altos endividamentos e arrecadação através de uma carga
tributária vil, confusa e imensa.
De qualquer forma, se depender apenas da macroeconomia, a política
monetária macroeconômica liberal atual é sólida e o Brasil tem mercado
suficientemente pulverizado, forte e vigoroso para se reconstruir, com certa rapidez,
de estragos que políticas socialistas ou alinhadas a ideais marxista-leninistas possam
vir trazer para a nação.
Enfim, para se resumir de forma objetiva o entendimento sobre política
monetária brasileira, é importante notar que, assim como em vários países que
mantêm certa semelhança ao arcabouço econômico-financeiro nacional, a política se
caracteriza pela operacionalização de ações monetárias sobre o volume de crédito, a
quantidade de moeda vigente em circulação no sistema, e, também, na mudança das
taxas de juros oficiais a serem seguidas pelo mercado financeiro, controlando, com
isso tudo, a liquidez da arquitetura econômica do Brasil.
13
3.2 Os instrumentos fundamentais de controle

Política monetária é o controle da oferta de dinheiro e crédito na economia para


se garantir o equilíbrio do sistema financeiro nacional e, também, pode ser
considerado como um meio de se estabilizar e controlar ao máximo os níveis de
preços e taxas de juros para garantir a liquidez ideal da economia.
Os governos possuem três instrumentos tradicionais de controle da política
monetária brasileira, os quais são:

 A alteração da taxa de juros no mercado de reservas bancárias.


 O controle das taxas de redesconto.
 A administração das alíquotas das reservas compulsórias sobre os
depósitos do sistema bancário.

Assim, efetivamente, a política monetária pode ser aplicada através das


seguintes ações:

 O governo aumenta e/ou diminui as taxas de juros.


 O governo controla os movimentos do capital internacional (entrada e saída
de USD/Euro/demais moedas).
 O governo administra e controla as bases que dispõem sobre o crédito
concedido por bancos e outras instituições financeiras sobre as emissões
de capitais.

A economia do país é fortemente influenciada pela política monetária, a qual,


na prática, atua e controla o gasto na economia nacional, principalmente sobre a renda
e os empreendimentos e, consequentemente, impacta diretamente sobre a política de
crédito no Brasil, que, por sua vez, altera, para melhor ou pior, a vida cotidiana do
povo.
Assim, a política monetária pode tomar conotação expansionista ou restritiva.
Expansionista é quando ela é formada por medidas que baixam as taxas de juros e
possibilitam maior demanda por produtos e serviços. Esse tipo de política, geralmente
atribuído a movimentos keynesianos, dá uma rápida resposta a um cenário de
estagnação e restrição de mercado, aquecendo a demanda e fazendo a economia
crescer rapidamente, pois a quantidade de empréstimos/crédito cresce
exponencialmente.
Porém, esse tipo de política não pode se perpetuar na economia, e o Bacen e
o Ministério da Economia precisam descobrir o momento correto para parar e retomar
ações de contenção da demanda, pois algumas chagas econômicas podem surgir,
tais como a inflação e o desabastecimento.
Já as políticas restritivas englobam um conjunto de medidas que tendem a
reduzir o crédito e o consequente crescimento da quantidade de moeda através do
aumento das taxas de juros. De forma mais objetiva, pode-se afirmar que é uma
política que tem o objetivo de desaquecer a economia e evitar a aumento de preço,
da inflação e deter uma possível situação de desabastecimento.

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Nesse momento, durante a aplicação de políticas monetárias restritivas, o
Estado precisa investir em uma infraestrutura sólida para o crescimento e,
consequentemente, fazer o que pouco políticos fizeram até hoje, exceto nos governos
militares, que foi destinar recursos para investimentos em educação, infraestrutura
logística, malha de distribuição de energia e reestruturar a matriz de geração de
riqueza para diminuir a parcela do Estado na economia.

3.3 Movimentação de capital internacional no país

Através de duas formas simples, porém opostas entre si, o governo controla os
movimentos do capital internacional, movimentados dentro e fora do país, a depender
do regime cambial adotado pelo governo existente no momento:

 Câmbio fixo – o Banco Central fixa a taxa de câmbio comprando e


vendendo a moeda estrangeira, de vários países e com demanda interna,
a um preço estipulado previamente.
 Câmbio flutuante – o banco central deixa que o mercado de câmbio
estabeleça o preço das moedas estrangeiras transacionadas no mercado
brasileiro.

Atualmente, este governo adotou e está aplicando o regime cambial


flutuante.

3.4 Os instrumentos de controle de redesconto

Uma das funções do Bacen é ser o banco dos bancos, e uma das maneiras
que o Banco Central controla o empréstimo de dinheiro ao sistema bancário é através
do redesconto.
O redesconto bancário é uma operação do Bacen, que, através de
determinações diretas, obriga as instituições bancárias do país a manterem mais ou
menos dinheiro em caixa, para que, com isso, estas possam manter as suas
operações em situação sadia.
Por outro lado, todos os bancos precisam disponibilizar, periodicamente, uma
parcela de dinheiro transacionado ao Bacen, para que o sistema esteja em condições
de liquidez.
Assim, neste sistema, um banco poderá utilizar a alternativa do redesconto
apenas em última instância, para que não cause uma ruptura no seu fluxo de
recebimentos e pagamentos e deixe os clientes sem o dinheiro investido deles.
Assim, o objetivo final das políticas monetárias é o bem-estar da sociedade e
a liquidez das transações, porém, conforme posicionamento políticos, sempre
haverá divergência sobre como se aplicar as políticas e como instrumentalizar os
gatilhos de controle da economia.

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4. INTRODUÇÃO À GESTÃO DA SUSTENTABILIDADE

4.1 Mercados: introdução ao conceito

Antes de iniciarmos os estudos da gestão da sustentabilidade, é de extrema


importância que se entenda o que é a base da principal arquitetura de negócios que
há no mundo capitalista atual, que são os mercados.
O mercado é o local no qual dois entes econômicos, chamados de forças,
realizam uma intensa troca de bens ou serviços por unidades monetárias vigentes ou,
em alguns casos, até por outros bens ou serviços. As forças são: demandante e
ofertante de bens e serviços.
Os mercados podem estar em um momento de grande demanda e pouca
oferta, causando inflação, ou de muita oferta e pouca demanda, causando uma
situação de crise deflacionária, porém, todos os dois cenários antagônicos são ruins
para a estabilidade dos mercados.
Para controlar o impacto e conter o avanço de um dos cenários acima, ao longo
dos anos os governos brasileiros, através de mudanças nas políticas econômicas,
contiveram ou incentivaram o avanço da demanda, pois essa é uma curva que está
fora do controle do Estado, uma vez que a oferta de bens e serviços pode ser
controlada.
A forma como os governos implementam as políticas econômicas influencia
diretamente na distribuição da riqueza, do crédito e, consequentemente, impactam
diretamente na relação de demanda e oferta que existe entre as forças de mercado,
porém, mesmo que pendam radicalmente para a esquerda ou direita, todos
respeitarão as premissas fundamentais de oferta e demanda em que as forças
convivem diariamente.
Assim, podemos afirmar que uma economia que tem suas bases dependentes
no relacionamento entre essas duas forças e premissas é conhecida como economia
de mercado.
O empresário, atualmente, precisa ter em mente que essas forças nunca
mudam e que, dentro dessa economia de mercado, mesmo que o Estado modifique
as bases da política econômica vigente, ele deverá rapidamente entender as novas
regulamentações e gatilhos para que, através de contramedidas administrativas,
consiga reestabelecer a sustentabilidade do seu negócio. Em outras palavras, o
empresário precisa se manter atualizado, constantemente, sobre as bases de
mercado em que vive, para conseguir manter o equilíbrio do seu negócio.

4.2 Situando-se em seu mercado

Não existe uma regra definitiva de como um empresário pode saber


efetivamente onde seu negócio está posicionado em um determinado mercado e,
atualmente, existem diversas ferramentas e empresas de consultoria que podem
auxiliá-lo a fazer isso, porém, essa é uma etapa de extrema importância, pois no
momento do seu planejamento estratégico, ele precisa saber onde está e para onde
quer ir.
Empresas que não souberam se posicionar estrategicamente acabaram
perdendo sua posição, foram excluídas do mercado e/ou, em alguns casos, até
tiveram que fechar. Um exemplo conhecido é o caso da Kodak, que perdeu a

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oportunidade de entrar no mundo da fotografia digital quando podia, mas não o fez
por um erro de posicionamento e, em 2012, decretou falência. Atualmente, a Kodak
está tentando se reinventar e, já em 2018, conseguiu lançar um modelo de câmera
com impressão instantânea que se acopla a um smartphone e, dessa forma, consegue
imprimir fotos baixadas ou até tiradas com a sua própria câmera. É a tentativa da
empresa de se posicionar onde o mercado está demandando.
Por outro lado, existem empresas que se reposicionaram após erros e hoje
estão entre as mais valiosas do mundo, como no caso da Apple, que, em meados dos
anos 1990, quase fechou, devido a erros sucessivos de posicionamento no mercado
de microcomputadores pessoais, mas, no final dessa mesma década e início dos anos
2000, entrou de vez no hall da fama das empresas mais valiosas do mundo por ter
mudado seu posicionamento e investido no mercado da música com os iPods e,
posteriormente, em telefonia, com os smartphones.
A grande lição que fica é a de que o empresário precisa se situar exatamente
onde o mercado está indo e nunca deixar de se atualizar, utilizando, para isso, todo o
ferramental possível e conhecido de pesquisas, levantamento de dados e visitas às
feiras e até a operações de concorrentes.
Outra forma de se situar é a parceria estratégica. Em alguns casos, empresas
clientes e fornecedoras se tornam parceiras para que consigam, juntas, explorar o
vasto mercado em que estão inseridas. Um caso prático é a junção, por joint venture,
da Lenzing AG e a Duratex, na construção da maior fábrica de celulose solúvel do
mundo, que será implantada, a partir de 2020, no interior de Minas Gerais. As duas
empresas pretendem ser as líderes na fabricação e comercialização de matéria-prima
para a indústria têxtil.
Segundo o próprio press release da Duratex, emitido no final de 2019, esta
empresa destinará uma parte da sua própria produção florestal para este projeto,
aproximadamente 43 mil ha em Minas Gerais, sem afetar a sua capacidade de suprir
as suas próprias fábricas de painéis de madeira reflorestada. Já a Lenzing terá uma
empresa parceira fornecendo matéria-prima para a produção de celulose solúvel, que
será destinada ao mercado têxtil mundial.
No final, o importante é estar situado onde existem negócios e demandas
importantes.

4.3 O mercado financeiro

O mercado financeiro atual é subdividido em quatro grandes áreas, as quais


veremos abaixo:

 Mercado monetário: é o ambiente no qual operações de curto prazo se


realizam e tais operações se destinam a atender às necessidades
imediatas de liquidez (termo que estudaremos na Unidade II) dos clientes
e/ou agentes econômicos. As operações que ocorrem no mercado
monetário são balizadas por taxas de juros básicas e alinhadas às
premissas estabelecidas pelas autoridades monetárias do país.
No mercado monetário são negociados os títulos emitidos pelo tesouro
nacional, e o objetivo dessa emissão é a captação de recursos para
financiamento de projetos e/ou pagamento de dívidas do próprio Estado.
Todos os títulos são escriturais, isto é, emitidos exclusivamente na forma

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eletrônica. Abaixo, seguem alguns tipos de títulos negociados na
atualidade:

- Letras do Tesouro Nacional: títulos pré-fixados, que têm sua


rentabilidade definida no momento da compra. O pagamento é feito no
vencimento do título.

- Letras Financeiras do Tesouro: títulos pós-fixados, que têm sua


rentabilidade vinculada à taxa Selic. O pagamento é feito no
vencimento do título.

- Notas do Tesouro Nacional – série C (NTN-C): títulos com rentabilidade


vinculada à variação do IGP-M, acrescida de juros definidos no
momento da compra. O pagamento dos juros é feito semestralmente e,
do principal, no vencimento.

- Notas do Tesouro Nacional – série B (NTN-B): títulos com rentabilidade


vinculada à variação do IPCA, acrescida de juros definidos no momento
da compra. O pagamento dos juros é feito semestralmente e, do
principal, no vencimento.

- Notas do Tesouro Nacional – série F (NTN-F): títulos pré-fixados, que


têm sua rentabilidade definida no momento da compra. O pagamento
dos juros é feito semestralmente e, do principal, no vencimento.

 Mercado de crédito: é o nome dado ao sistema, ou arcabouço financeiro,


no qual as operações de concessão e tomada de crédito ocorrem. A
arquitetura desse mercado é composta por duas partes: uma credora (a
que empresta dinheiro) e uma outra devedora (tomadora de crédito). Essas
partes, em alguns contextos, são chamadas de clientes e bancos e,
normalmente, estabelecem uma relação contratual entre si. As instituições
no Brasil são confiáveis e, consequentemente, protegem esse tipo de
relacionamento/transação, fazendo com que as partes credoras tenham
poderes para cobrar dos devedores, em caso de inadimplência. Já em
países em que as instituições são fracas e corruptas, principalmente em
países de ideologia socialista, as dívidas quase nunca são pagas, e é por
isso que investidores e credores nunca fazem negócios por lá. Exemplos
de países que, atualmente, agem dessa forma: Angola, Coreia do Norte e
Venezuela. Nesses países, o mercado de crédito é praticamente
inexistente. As principais operações desse mercado são:

- empréstimos bancários, em que o banco empresta dinheiro a juros;


- cheque especial, financiamento, duplicatas descontadas, entre outros.

Como dito anteriormente, o Banco Central é o responsável pelo controle e


fiscalização; algumas operações conhecidas desse mercado são:

- créditos rotativos;
- desconto bancário de títulos;

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- hot money,
- CDC (crédito direto ao consumidor) etc.

 Mercado de capitais: o mercado de capitais talvez seja o mais emblemático


e um dos mais conhecidos de todos, pois ele engloba as bolsas de valores,
sociedades corretoras e outras instituições financeiras autorizadas. Na
realidade, este mercado é um sistema em que valores mobiliários são
distribuídos, proporcionando liquidez aos títulos de emissão de empresas,
viabilizando, consequentemente, o processo de capitalização. Como dito
anteriormente, este mercado é constituído por:

- bolsas de valores;
- sociedades corretoras;
- outras instituições financeiras autorizadas.

Os principais ativos negociados:

- ações;
- títulos de dívidas;
- derivativos.

Seu objetivo é canalizar os recursos financeiros da sociedade para o


comércio, para a indústria e para o próprio governo. Apesar de possuírem
instituições atuantes, em comum, com os mercados monetários e de
capitais, o prazo negociado aqui é diferente (maior). A CVM é o responsável
pelo controle e fiscalização.
Neste mercado, as ações são negociadas, mas o que são ações?

Ações correspondem a uma fração do capital social total de uma empresa


de capital aberto. Essas ações são subscritas e vendidas no mercado para
captar recursos não exigíveis de obrigações e as ações estão divididas em:

- Ordinárias nominativas (ON) – Ação que proporciona a participação do


acionista nos resultados obtidos e confere a ele o direito de voto na
assembleia ou no conselho. Essas ações não dão direito preferencial a
dividendos.

- Preferenciais nominativas (PN) – Ação diferente das ON, pois oferecem


ao acionista a prioridade no recebimento de dividendos e/ou, no caso
de dissolução da empresa, no reembolso de capital. Em geral, não
concede direito a voto em assembleia.

Uma ação endossável é uma ação nominativa que pode ser transferida
mediante simples endosso no verso; são negociadas no mercado e podem
ser classificadas como:

- Nominativas: cautela ou certificado que apresenta o nome do acionista,


cuja transferência é feita com a entrega da cautela e a averbação do

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termo, em livro próprio da sociedade emitente e identificada pelo
acionista.

- Escriturais: são ações endossáveis que funcionam como uma conta


corrente, onde os valores são lançados, a depender da sua situação,
em uma conta de débito ou de crédito dos acionistas. Geralmente,
ações negociadas na Bovespa mantêm este formato.

- Ao portador: estas ações pertencem a quem as apresentar nos balcões


de negociação, porém, desde 1990, no Brasil, este tipo não é mais
utilizado, pois o país decidiu seguir normas internacionais que visam
coibir a lavagem de dinheiro, e estas ações eram largamente utilizadas
para este fim.

As ações também podem ser transacionadas:

 pela liquidez do papel;


 primeira linha ou blue chips;
 segunda linha: ações menos negociadas.
Pelo grau de capitalização de mercado da empresa:
 large caps: alta capitalização;
 mid caps: média capitalização;
 small caps: baixa capitalização.

Pelo tipo de mercado que são vendidos:

 integral;
 fracionado.

Na realidade, para aqueles que querem simplesmente investir algum


dinheiro excedente, sem querer ter muito conhecimento, é importante que
contratem um corretor ou um agente de bolsa, mesmo que existam custos
administrativos, pois esse é um mercado onde se podem ganhar ou perder
muito dinheiro.

Através de uma sociedade corretora, uma plataforma de mercado, como a


da XP Investimentos, ou no mercado de balcão, as ações emitidas pelas
companhias abertas podem ser convertidas em dinheiro a qualquer
momento, desde que haja procura no mercado e desde que estes papéis
possuam alguma liquidez.

 Mercado cambial: é um velho conhecido do povo brasileiro, pois é nesse


mercado global que bancos, estados, empresas e até pessoas trocam
moedas estrangeiras pelas suas moedas nacionais. No Brasil, quem regula
as taxas oficiais de câmbio é o Bacen. A depender da política econômica
de cada país, as políticas cambiais podem ter suas taxas de conversão
atreladas a coeficientes fixos, flutuantes ou híbridos. No Brasil, a taxa de
câmbio, desde o governo FHC, é flutuante. As taxas oficiais são calculadas

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pelo Bacen a partir de variações de mercado. Já em países onde a taxa é
fixa, o câmbio é determinado pela política econômica diretamente.

O ambiente onde o mercado cambial existe é abstrato, e o Bacen é o


grande órgão balizador e fiscalizador, autorizando, também, que outros
agentes operem, tais como:

 bancos,
 corretoras,
 distribuidoras,
 agências de turismo e meios de hospedagem (hotéis) e
 entre clientes.

No Brasil, o mercado de câmbio, para o dólar, ocorre para três cotações


existentes:

 Comercial: é aquele geralmente utilizado pelas grandes empresas na


realização de importações ou exportações, e para pagamento e
recebimento de serviços relacionados ao exterior. O câmbio comercial
também é utilizado para as transações do governo e para empréstimos de
residentes no exterior, quando registrados no Banco Central.

 Turismo: é cotação utilizada para se balizar operações utilizadas em


viagens ao exterior e demais ações associadas a doações, pensões a
estrangeiros ou de estrangeiros à brasileiros, heranças internacionais,
conversões utilizadas para aposentadorias, etc. Uma característica
interessante é que, atualmente, para este tipo, não existe limite de valor
para as transações/negociações.

 Paralelo: é geralmente ligado a atividades ilícitas e também utilizado por


pequenas entidades e/ou investidores, que querem guardar economias em
na moeda norte-americana. Infelizmente é um câmbio largamente utilizado
em operações de lavagem de dinheiro, tráfico de drogas e sonegação
fiscal, já que não é paralelo ao controle do governo. Este mercado, em
geral, demonstra cotações mais altas para os compradores e mais baixas
para os vendedores. Também, é importante notar que o mercado cambial
é utilizado para balizar as operações de cobrança de juros no exterior, que
são:

 LIBOR: taxa de juros interbancária do mercado de Londres, sendo


referência para a fixação dos juros que os bancos cobram de seus
empréstimos em um horizonte de dois anos. É muito utilizada para o cálculo
das taxas de juros nas operações de repasses com recursos vindos do
exterior.

 Prime rate: taxa de juros cobradas por bancos americanos de seus clientes
preferenciais. Para clientes de maior risco é cobrada uma taxa adicional
denominada spread.

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Todos os governos do Brasil fizeram projeções de crescimento do mercado
financeiro; alguns acertaram, porém, outros erraram, conforme as suas políticas
econômicas implementadas.
É importante notar que mudanças ideológicas ou operacionais na política
econômica de cada país são responsáveis por períodos de expansão e crescimento
ou de crise, e elas estão relacionadas diretamente com a visão que este ou aquele
governo tem da sua estrutura macroeconômica, seus mercados e o ambiente externo.
O Brasil, durante muitos anos, resolveu adotar políticas de proteção de
mercado, fechando importações e restringindo o crédito, sob a falsa ideia de que
protegeria seus mercados financeiros e, consequentemente, a sua indústria nacional,
porém isso só trouxe atraso para a indústria, os investimentos foram se esvaindo e o
crédito subiu exponencialmente, transformando o país em um ambiente em que só se
cresce através de crédito, porém a juros altíssimos.
Os governos que tiveram a chance de implementar políticas liberais não o
fizeram, porém, liberalizaram as travas de importação e exportação anteriormente
colocadas, deixando produtos e serviços estrangeiros entrarem no país e fazendo com
que a indústria nacional se desenvolvesse. Durante quase 31 anos, após a tomada
de poder pelos sociais-democratas, o Brasil perdeu a chance de reestruturar seu
mercado financeiro e, ainda hoje, o crescimento, investimento e outras operações de
mercado ainda estão intimamente ligadas ao crédito, e o pior, para grandes operações
e obras, apenas a crédito subsidiado pelo Estado, mas atrelado a contrapartidas
políticas altíssimas.
Enquanto o país ainda estiver amarrado ao controle do Estado para crescer e
subjugado a políticas de esquerda, nunca o progresso chegará à nação, pois
inovações e disrupções tecnológicas só são possíveis com investimentos.

4.4 Mercado futuro

Contratos futuros são uma modalidade de derivativos através dos quais um


investidor se compromete a comprar ou vender determinada mercadoria (ativo) em
uma data futura. Assim, apenas para simplificarmos o conceito, é correto afirmar que
no mercado de derivativos mercadorias podem ser compradas ou vendidas em uma
data futura.
Os ativos financeiros cujos valores têm vencimentos em datas futuras e
características de negociação estão amarrados aos ativos que lhes servem de
referência, e este mercado está dividido em: mercado à vista, mercado a termo,
mercado futuro, mercado de opções e swaps.
 Mercado à vista: ocorre quando a entrega da mercadoria física é somente
realizada no segundo dia após a realização do negócio (realizado em
pregão) e o pagamento se dá no terceiro dia útil após a negociação,
somente mediante à efetiva entrega da mercadoria.

 Mercado a termo: é o mercado no qual se processam as operações para


liquidação diferida, em geral após 30, 60 ou 90 dias da data de realização
do negócio.

 Mercado futuro: é o mercado no qual são realizadas operações envolvendo


lotes padronizados de commodities, para liquidação/pagamento em datas
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prefixadas. É uma derivação aperfeiçoada do mercado a termo (visto
acima).

 Mercado de opções: trata-se de uma modalidade operacional em que são


negociados direitos sobre ativos e não os ativos diretamente ou
propriamente ditos.

 Swap: é uma operação em que um título é trocado por outro, como por
exemplo: trocar papéis indexados ao dólar com pagamento futuro pelo
pagamento de uma dívida de hoje.

Para os contratos futuros, é necessário que seja feito um depósito como


margem de garantia para cobrir eventuais prejuízos advindos da operação e, dessa
forma, não exige desembolso imediato no momento da transação de compra ou
venda. Existem diversos ativos que são negociados através desses contratos no
mercado futuro:

 commodities (como café, milho, ouro, etanol, petróleo e outros);


 moeda estrangeira (geralmente dólar);
 índices (geralmente o Índice Bovespa) e outros valores mobiliários.

O objetivo do mercado futuro não é receber ou vender os produtos que os


contratos negociados representam (soja, por exemplo), mas lucrar com a variação de
preços desses produtos.
Uma das vantagens do mercado futuro é a possibilidade de investir alavancado
(tendo em conta apenas uma porcentagem determinada, de acordo com o tipo do ativo
negociado). Exemplo: se os contratos futuros de soja forem R$ 10.000,00, pode ser
que você só precise ter em conta R$ 2.000,00. Essa garantia é para as correções que
o investimento sofre diariamente, em caso de lucro ou prejuízo.
Dessa forma, pode-se categorizar os contratos futuros de duas maneiras
principais:
 Quanto ao ativo a que eles se referem.
 Quanto ao tamanho do contrato, isto é, se é um contrato cheio ou um
minicontrato, versão que permite negociar lotes menores e torna o mercado
futuro mais acessível ao investidor comum.

Existem, nesse universo, contratos cheios e minicontratos para commodities


como açúcar, boi gordo, café, etanol, milho, ouro, petróleo e soja. Também existem
os dois tamanhos de contrato para o Índice Bovespa e para o dólar, entre outros da
modalidade financeira.
Um contrato cheio envolve a negociação de um grande volume de determinada
mercadoria ou bem financeiro. Por exemplo, um contrato futuro de soja equivale à
negociação de 100 sacas de 50 kg do grão. Um minicontrato de café (tipo arábica)
equivale a apenas 10 sacas de 50 kg, portanto bem mais acessível.
O mesmo se dá com o contrato cheio de dólar e o minicontrato de dólar.
Enquanto em um contrato cheio são negociados US$ 50.000, em um minicontrato o
valor negociado em dólares é de US$ 10.000.
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No mercado futuro, os preços negociados são chamados de preços futuros à
data do vencimento. Ou seja, se um contrato de soja está negociado a R$ 50,00 a
saca para novembro de 2018, dizemos que o preço futuro da soja para novembro é
de R$ 50,00. Em geral, o preço futuro será equivalente ao preço à vista acrescido do
custo de carregamento da mercadoria até o vencimento.
O mercado futuro possui uma característica bastante interessante, que o torna
diferente dos demais: os resultados das operações são contabilizados diariamente,
através de um mecanismo criado para se fazer, controlar e prever os ajustes ocorridos
todos os dias. Isso quer dizer que as operações diárias, sejam elas de alta ou baixa,
impactam diretamente nas contas dos investidores, os quais podem receber ou ter
que pagar valores ao sistema. Um exemplo seria o de um investidor que compra
contratos futuros, os quais valorizam, fazendo-o receber um percentual no dia
seguinte pela valorização, ou quando os contratos se desvalorizam, obrigando-o a
pagar um percentual no dia seguinte.

4.5 Os mercados e a gestão de contratos

Na Unidade II, conseguiremos explorar melhor os conceitos de mercado


aprendidos acima, porém com uma análise mais microeconômica. Até então, foi
necessário criar as bases para que o entendimento da macroeconomia fosse feito,
pois todo gestor precisará conhecer o seu ambiente externo para, depois, poder
decidir dentro da sua empresa os melhores caminhos a tomar rumo a sustentabilidade
do negócio.
O gerenciamento de contratos tem um objetivo simples e direto, dentro do
ambiente microeconômico: alcançar a sustentabilidade do negócio. Para isso, o gestor
precisará utilizar um conjunto de técnicas, procedimentos e ferramentas, que
estudaremos na próxima unidade e que auxiliarão os gestores na administração
correta e eficaz de todas as variáveis envolvidas.
Assim, os conhecimentos intrínsecos de macroeconomia e mercados
aprendidos aqui, aliados às técnicas que serão estudadas na unidade seguinte,
capacitarão o gestor a ter noções de sustentabilidade de negócios; por isso o foco
desta unidade foi o de explicar como os mercados foram criados e como eles estão
montados e operando atualmente.

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5. RESUMO

Abrangendo a demanda por conhecimentos acadêmicos de história e de como


o mercado fora criado, nesta unidade vimos como o Brasil começou seu início de
jornada de organização de mercados, como os controles financeiros e estatais foram
criados, por que eles existem hoje e como o Estado se comporta quando se relaciona
com a sociedade e o meio empresarial. Também conseguimos visualizar alguns
conceitos básicos para o entendimento do que é o mercado e de como se situar no
seu mercado.
A seguir, os alunos são levados a responder aos questionários e conseguir,
através de exercícios, fixar o conteúdo apresentado.

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