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PUC - SP
Levi Gimenez
São Paulo
2009
PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO
PUC - SP
Levi Gimenez
São Paulo
2009
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Banca Examinadora
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DEDICATÓRIA
Dedico este trabalho a Arimar de Andrade Zeca Gimenez, minha amada esposa, companheira
de todos os momentos, que me apoiou incondicionalmente durante o mestrado e tornou este
trabalho possível.
Dedico também a Adelícia Carvalho Gimenez, minha mãe, que nos indicou o caminho do
conhecimento.
v
AGRADECIMENTOS
Ao meu orientador, professor Dr. Antonio Benedito Silva Oliveira, por sua orientação e apoio
desde o início desta caminhada até a conclusão deste trabalho.
Aos professores, Dr. Antonio Robles Junior e Dr. Claudio Parisi, pela gentileza de aceitarem
compor a banca examinadora desta dissertação e pelas contribuições dispensadas.
Ao professor Dr. Roberto Fernandes dos Santos, à professora Neusa Maria Bastos Fernandes
dos Santos, à secretária Elisabete Cardoso Coelho e a todo o corpo docente do Programa de
Estudos Pós-Graduados em Ciências Contábeis e Financeiras da PUC-SP.
Aos empresários Miguel Pardo Junior e Luiz Eduardo Toledo Ferraz, da Hilub Produtos de
Lubrificação e Abastecimento Ltda., pelo apoio.
Sumário
1 INTRODUÇÃO ......................................................................................................... 11
1.1 OBJETIVO DA PESQUISA ...................................................................................... 13
1.2 DEFINIÇÃO DO PROBLEMA ................................................................................. 16
1.3 DELIMITAÇÃO DO TEMA ...................................................................................... 18
1.4 PRESSUPOSTOS ....................................................................................................... 19
1.5 JUSTIFICATIVA ........................................................................................................ 20
3 METODOLOGIA ..................................................................................................... 94
3.1 NATUREZA ............................................................................................................... 94
3.2 ANÁLISE DE CONTEÚDO ...................................................................................... 94
3.2.1 Antecedentes ............................................................................................................... 94
3.2.2 Definição ..................................................................................................................... 95
3.2.3 Técnica da Análise de Conteúdo ................................................................................. 95
3.2.4 A pré-análise ............................................................................................................... 96
3.2.3.1 A exploração do material ............................................................................................ 96
3.2.3.2 Tratamento dos resultados, inferência e interpretação ................................................ 97
3.2.4 Aplicação da técnica da Análise de Conteúdo ............................................................ 97
RESUMO
ABSTRACT
Organizations, and the decision process in particular, are affected by the new economy
dynamics, making managers, academics and investors search for new management models.
From the inconformity of the existing management models appeared the Economic
Management and Beyond Budgeting, the first, aiming organizational efficacy throughout the
economic result, using the modern budget and the latter, through a flexible management
denominated radical decentralization (empowerment), without budgets, having decisions
taken by “front line managers” and elaborating a Rolling Forecast for economic planning. The
problematic of this article was to accomplish a comparison between both, having the target to
establish their main differences, and to validate the research it was applied Content Analysis
technique, categorizing important expressions like management process, aiming the
understanding of the proposal of the models facing the challenges of reaching organizational
result and efficacy. Managerial tools, to visualize the tools available to managers, enabling
them accomplish their mission. Information systems and decentralization complement the
categories. The association of the key-words to the categories made clear the preoccupation of
the Economic Management in relation to the management process, once 55.4% of the key-
words are included in this category, against 26.3% from Beyond Budgeting. The power of
Beyond Budgeting resides in managerial tools from where emerges 63.5% against 38.4%. The
information systems with 6.3% are more important to the Economic Management, whereas
decentralization with 8.6% is superior in Beyond Budgeting. It was denoted that both make
use of budget, although under different denominations and under the auspices of this
technique Economic Management was presented as a deductive, normative and descriptive
model, seeking to support managers in their decision process through a strong concept basis,
and Beyond Budgeting, inductive, originated from an empiric basis, from a research in
organizations, establish a set of leadership principles and adaptive management and consider
them as universal.
1 INTRODUÇÃO
do lucro, destacam estes como medida de eficiência, guia para futuros investimentos, decisões
econômicas, indicador de eficiência administrativa e para uma política de dividendos.
Para diferentes fins, diferentes formas de mensurar o lucro: da forma tradicional
apurado pela contabilidade, em termos de valor econômico com base no valor presente do
capital, nos custos correntes e no preço de venda.
Contabilmente, o lucro é o resultado da receita, deduzidos os custos e as despesas,
medindo a eficiência da empresa na utilização dos recursos colocados à sua disposição, ou, a
variação positiva do patrimônio líquido entre dois períodos expressando a preservação do
capital.
O lucro é decorrente da mutação patrimonial, quando os agentes econômicos “abrem
mão” de parcela ou de seus estoques de riquezas (capital) com a finalidade de realizarem
trocas com outros agentes econômicos, atendendo às necessidades destes ou expectativas de
resultado econômico quanto ao bem ofertado.
Segundo Hendriksen e Breda (1999: p.183), o economista Adam Smith foi o primeiro
a definir o lucro como sendo o montante que poderia ser consumido sem reduzir o capital e
Hicks ao aprofundar a idéia afirmou que o lucro é o montante que uma pessoa pode gastar
durante um período e ainda ficar tão bem no final como no início. Esse conceito de
preservação de riqueza aplicado à empresa foi explorado por Chang apud Catelli (2001: 83):
Edward e Bell (1961) apud Glautier e Underdown tem o lucro econômico como
subjetivo. Os autores não refutam o valor econômico, não obstante consideram que não é
função do contador apurá-lo e transferem ao investidor a avaliação da empresa e os riscos
decorrentes. Esse posicionamento é apoiado por Hendriksen e Breda (2001: p.203) ao
afirmarem que “a tarefa dos contadores deve ser, não calcular o lucro econômico, mas
fornecer informações para o mercado para permitir aos investidores calcularem o lucro
econômico”.
A gestão econômica tem no lucro econômico, apesar da subjetividade, “porque se
constitui numa informação que supre adequadamente os modelos de decisão de pelo menos
dois usuários da informação contábil: o proprietário do capital e o administrador do
capital” (Catelli e Guerreiro, 2001: p.87). Opostamente, o lucro contábil não atende a ambos.
15
Como tarefas da administração o autor destaca aquelas que: (a) criam produtos de
valor (utilidades), (b) criam e mantêm clientes satisfeitos, (c) promovem a capacidade de
evolução deliberada, (d) atraem, desenvolvem e mantêm talentos, (e) constroem e mantêm
relações significativas, (f) usam os recursos produtivamente, (g) praticam princípios de
conduta aceitos, e (h) obtêm um lucro razoável.
Como objetivos secundários pretende-se estabelecer os parâmetros de comparação e
uma metodologia adequada para tal, tratando-se de duas propostas distintas, alicerçadas em
premissas díspares e ênfases distintas: a Gestão Econômica através de uma estrutura teórica,
objetivando construir caminhos para munir o gestor em direção à eficácia empresarial e o
Beyond Budgeting constituído a partir da prática de algumas empresas, que, segundo seus
pesquisadores e gestores das empresas pesquisadas, trocaram o orçamento por meios,
instrumentos e práticas mais eficientes para alcançar melhores resultados.
Na revisão teórica, inicia-se a introdução aos tipos de orçamentos, suas definições,
vantagens e desvantagens apoiados na bibliografia selecionada, objetivando traçar analogias
e diferenças entre os modelos com foco no orçamento, posto que para a Gestão Econômica se
trata de um importante instrumento, em contraposição ao Beyond Budgeting, para quem
eliminar o orçamento é condição para solução de um grande número de problemas
empresariais.
Por mais prescientes que sejam os defensores ou divulgadores, todos os modelos são
híbridos porque incorporam características de modelos adjacentes e apresentam, em suas
convicções, de alguma maneira, seu tempo, ambiente econômico, aspectos político-sociais,
tecnológico e cultural.
Para análise de um modelo é impositivo segregar variáveis e adotar alguns princípios e
premissas, papel delegado à metodologia de pesquisa, tendo como base que ambos
consideram a organização como um sistema aberto e que a inter-relação entre a empresa e o
ambiente é um ciclo de troca de recursos, tendo com vista a otimização do resultado da
empresa.
Assim, nenhum modelo pode ser considerado ideal nem universal, mas sim adequado
a situações específicas ou singulares a cada organização, o que nos induz a refletir que um
mesmo modelo implantado em organizações diferentes, embora partindo da mesma base
filosófica ou de pressupostos, se torna diferenciado em sua execução.
Não existem duas organizações iguais. O próprio conceito vem se alterando ao longo
dos tempos conforme as mudanças no ambiente e na percepção empresarial. Para os
comportamentalistas são “relações humanas, na atividade grupal, que equivalem à estrutura
social” (Koontz e O’Donnell, 1982: p.251). “Uma organização é a coordenação de
diferentes atividades de contribuintes individuais com a finalidade de efetuar transações
18
planejadas com meio ambiente” (Lawrence & Lorsch, 1972: p.2). Assim, as definições vão
se alterando ao longo do tempo, porque as estruturas hierárquicas são substituídas por
estruturas flexíveis e enxutas, focalizadas nas atividades em que a empresa tem competência
ou vantagem competitiva. Sob essa nova forma de corporação, denominada de pós-industrial
ou pós-empresarial por Kanter (1997: p.108), pressupõe-se uma organização com menos
departamentos permanentes, mais responsabilidades delegadas às unidades de negócios, mais
serviços prestados por fornecedores externos e uma hierarquia menos vertical e menos
importante, porque os benefícios advêm da cooperação entre divisões, unidades de negócios
ou departamentos. Organizações também são utilizadas como sinônimos de empresas.
Dentro desse ambiente o orçamento tem recebido críticas, normalmente sob os
aspectos comportamentais, porém é utilizado pelas empresas. A relevância do orçamento para
Gestão Econômica e a necessidade de eliminá-lo pelo BBRT nos conduz a inquirir sobre
quais são as principais similaridades e diferenças entre os modelos.
1.4 PRESSUPOSTOS
Abordando de maneira sucinta o assunto, Bio (1985: p.21) compreende que eficácia
diz respeito a “resultados, a produtos decorrentes de uma atividade”, enquanto eficiência se
refere a “método, a modo certo de fazer as coisas. É definida pela relação entre volumes
produzidos/recursos consumidos”.
O conceito de eficiência tem sido mormente associado à produtividade como Bio
(1985), Megginson, Mosley e Pietri Jr (1998) e Katz e Kahn (1978: p.181) descrevem:
A abordagem da Gestão Econômica é mais ampla porque trata da utilização ótima dos
recursos limitados, não somente em seus aspectos físico-monetários, mas em termos de
preservação da riqueza. Hendriksen (1999: p.217) em seu conceito de eficiência caminha para
esta vertente ao afirmar que “o lucro líquido e seus componentes são utilizados como medidas
de eficiência da administração”.
A sociedade também tem cobrado das empresas um papel que anteriormente não era
delas: responsabilidade socioambiental. O posicionamento da empresa com relação à questão
é acompanhado pela comunidade que premia ou refuta as iniciativas, ou a falta delas. Os
modelos de gestão precisam estar preparados para apoiar os gestores em suas decisões, em
busca eficiência e eficácia dentro do desenvolvimento sustentável.
Dentro desse contexto, o pressuposto a ser corroborado é quanto à inexistência de
modelos bons ou ruins e sim adequados aos objetivos dos administradores e/ou gestores e sua
forma de visualizar o futuro do negócio, dentro de um ambiente em constante mudança.
1.5 JUSTIFICATIVA
2 REVISÃO TEÓRICA
2.1 ORÇAMENTO
Os orçamentos podem ser de curto prazo, um ou dois anos, ou longo prazo, atendendo
às necessidades de previsão da empresa, na maioria cinco anos, abrangendo a organização
como um todo, e preparados por centros de responsabilidade em que planejamento e controle
são atribuídos a um gestor.
O valor adicionado à medida que os responsáveis pelos centros de responsabilidade
persigam as previsões, aliás a proposta do orçamento é encontrar o máximo valor a agregado
dentro de diretrizes, critérios e propósitos, conforme Anthony e Govindarajan (2002: p.461):
Possibilita toda a organização ter ciência das metas estabelecidas, assim como
resultado esperado de cada gestor. Cada departamento ou unidade organizacional
conhece sua contribuição para o resultado econômico final.
Permite melhor direcionamento dos recursos às atividades, gerando produtos e
serviços melhores em sintonia com os clientes, evitando desperdícios e perdas.
Possibilita comparar os resultados, desempenho atual, com base nas informações
oriundas do sistema contábil-gerencial, comparado ao orçamento, ambos
elaborados por centros de responsabilidade.
O compartilhamento de informações entre os gestores para a preparação das peças
orçamentárias reduz os atritos entre os departamentos. Ao optarem por uma
26
Como todos os instrumentos o orçamento também tem limitações, que podem ser
transpassadas com a adoção de medidas para evitar os comportamentos disfuncionais e
melhorar a qualidade das previsões por meio do aprendizado contínuo proporcionado pelo uso
e pelas análises elaboradas a partir do cotejamento com o realizado.
29
apenas um nível de atividade e acrescenta “uma vez que o orçamento tenha sido determinado,
ele não muda, mesmo que a atividade mude”.
Hansen e Mowen (2001: p.263) alegam que como as receitas e os custos preparados
para o nível de atividade, “que raramente se iguala as atividades reais, não são muito úteis
quando se fala em preparar relatórios de desempenho”.
Horngren, Datar e Foster (2006: p.204) atentam que:
Welsch, Hilton e Gordon (1988: p.366) afirmam que “neste formato de orçamento é
possível acomodar despesas irregulares e curvas sem a suposição que são em linha reta”.
Ao segregar os elementos, as variações podem ser identificadas com maior clareza,
tais como variação nos preços de aquisição de matéria-prima, deficiência na utilização da
matéria-prima, deficiência na utilização da mão-de-obra ou divergência nos valores pagos,
variação de preços de venda e variações de volume. Diagnosticar as deficiências é o primeiro
passo para uma ação corretiva.
Desenvolvido por Peter A. Pyhrr e implementado com sucesso pela primeira vez em
1970 nas divisões de assessoria e pesquisas da Texas Instruments Inc. e no ano seguinte em
toda a empresa. Em 1973, no Estado da Geórgia (Estados Unidos) sob a liderança do
governador Jimmy Carter, posteriormente Presidente do país (1977 a 1981).
O conceito básico é avaliar as despesas todos os anos e obrigar os gestores a
justificarem, detalhadamente, todas as dotações solicitadas em seu orçamento. Cada
administrador é obrigado a preparar um pacote de decisão, para cada atividade, ou operação
minuciosamente descrita com seus recursos justificados.
Um pacote de decisão é um documento que identifica e descreve uma atividade
específica para permitir a administração avaliar e priorizar em relação a outras atividades que
concorrem pelos recursos e decidir por sua aprovação ou rejeição.
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Pyhrr (1997: p.6) define pacote de decisão como “uma atividade, uma função ou uma
operação em separado, de modo definitivo para avaliação e comparação, pela
administração, com outras atividades”. Esta identificação inclui:
dos padrões dos pedidos de vendas; da programação da produção, compras e expedição dos
recursos capazes de desempenhar múltiplas atividades; e da demanda sazonal por atividades.
Como o Orçamento Base Zero, o Orçamento com Base em Atividades é de difícil
implantação, exige grande número de detalhes às estimativas das atividades e também para
controle. Porém, possibilita a identificação de atividades e processos que demandam mais
recursos que o necessário, sendo um auxílio possível para eliminar aquelas agregadoras de
valores, melhorando o direcionamento dos recursos.
As dificuldades de implantação do Orçamento Base Zero são assumidas por Cooper e
Kaplan (1999: p.533), “na prática, obviamente, orçamento baseado em atividades não é um
exercício simples. A organização precisa especificar em maiores detalhes sobre como
produzir e as necessidades de vendas”. Complementam os autores que essas tarefas
realizadas eficientemente proporcionam maior controle nas estruturas de custos,
particularmente os custos fixos e os recursos consumidos em um novo produto ou cliente.
Para Matos (1966), apud Pereira (2008: p.8), a descentralização é uma questão de
continuidade, aprendizagem e crescimento.
Pelos aspectos salientados o lucro econômico, embora subjetivo, constitui uma fonte
de informação mais relevante para o processo de gestão na Gestão Econômica, um constructo
formalizado pelos pesquisadores do modelo.
A teoria geral de sistemas proposta pelo biólogo alemão Ludwig Von Bertalanffy, a
partir de 1956, como uma tendência à interação entre as ciências sociais e naturais, encontrou
ampla ressonância na teoria da administração, porque empresas e organismos vivos têm
similaridades, tais como interação adaptação, capacidade de mudança, crescimento e ciclo de
vida.
Bertalanffy (1975: p.29) passa características a advogar uma versão organísmica na
biologia:
maior a ser alcançado, que representa sua razão de existir (missão)”. Guerreiro (1989:
p.153) explica que:
As estruturas descentralizadas são vantajosas para a maioria das empresas desde que:
(a) as decisões tomadas pelos gestores visem à eficácia organizacional; (b) a responsabilidade
seja acompanhada da autoridade correspondente para que os gestores possam tomar decisões
que otimizem o resultado e sejam responsáveis por estas; (c) um sistema de informações que
apóiem os gestores; (d) haja medidas de mensuração e desempenho ao mesmo tempo em que
permitam que a retroalimentação seja motivadora; e (e) mecanismos eficientes de controle.
Embora busque uma decisão racional e formal para o sistema de Gestão Econômica,
não deixa de reconhecer variáveis que afetam a otimização do resultado. Estabelece diretrizes
básicas sobre as quais o modelo de decisão do sistema de informação para a Gestão
Econômica, descrito ipsi literis (Guerreiro, 1989: p.65):
A definição tem a anuência de Laudon e Laudon (1999: p.4) que também destacam a
importância para planejamento, controle, análise e processo decisório das organizações, ou
processo de gestão.
A integração harmoniosa entre tecnologia da informação, sistema de informação e
processos de gestão tende a disponibilizar informações em quantidade adequada,
temporalidade e aderência aos tomadores de decisão, influenciados diretamente na qualidade
da decisão e na prevenção aos riscos.
A informação é a base do processo decisório, abundante na era digital, nem sempre
atende às necessidades dos decisores e por isso os sistemas devem ser configurados para
adequar e atender a essas carências, de selecionar e apresentar, de forma estrutural, aquilo que
é relevante para a formação do lucro econômico. O desenvolvimento, ou mesmo a
continuidade, é resultante de um saldo líquido de decisões acertadas ao longo do tempo, não
necessariamente as melhores, sob a perspectiva do gestor, sob o contexto de sua área de
atuação, não obstante a que melhor otimiza o resultado econômico.
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PLANEJAMENTO OPERACIONAL
PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO
RESULTADO ECONÔMICO
( + ) Margem Operacional
( + ) Receita Operacional
EXECUÇÃO
( + ) Margem Financeira
( + ) Receita Financeira
( - ) Custo Variável Financeira
( - ) Custo Fixo
CONTROLE
Fonte: Guerreiro (1989: p.67)
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A questão do risco tem larga importância tanto pelos aspectos de resultado das
decisões quanto pela influência para os gestores ao tomarem decisões. A premissa é que
sempre se tomará a melhor decisão, o risco é enfocado de forma ambígua: os gestores tomam
a melhor decisão considerando todos os riscos envolvidos? Sendo a resposta positiva, a
indagação sucessiva: eles têm noção ou tomam decisões desconhecendo os riscos e
incertezas? Embora a resposta pareça óbvia, não o é, porque necessitaria particularizar cada
decisão, para efeito de mensuração e avaliar somente após a conclusão dos efeitos.
Os modelos de decisão, com as suas peculiaridades e características objetivam criar
estruturas conceituais e aplicáveis ao processo decisório, essencial entre as atividades dos
gestores. Riscos e incertezas afetam diretamente essas decisões.
Frank Knight (1972: p.249) fez a distinção entre riscos e incertezas:
2.2.4.4 Planejamento
operações. Mallo (2000: p.465) conceitualmente divide-se em três classes, segundo o objetivo
dos responsáveis pelo planejamento: satisfatórias, ótimas e adaptativas. O primeiro conceito
advém de Simon (1979), sendo a melhor alternativa conseguida em um determinado grau
considerado satisfatório pela organização. Em contraposição, as ótimas buscam o resultado
máximo, enquanto as adaptativas focam o processo de planejamento e os participantes vão
introduzindo continuamente todas as informações captadas da realidade e que possam ter
influência em um futuro planejamento.
Ackoff (1976: p.4-5) conclui pela existência de três filosofias de planejamento, ou
estratégias de planejamento: satisfação, otimização e adaptação. Satisfação “termo criado por
Herbert A. Simon, que designa os esforços para atingir algum nível de satisfação, mas não
exceder este nível”. Otimização “faz-se um esforço para fazer bem, mas tão bem quanto
possível”. Para otimizar o planejamento são utilizados modelos matemáticos.
O nível de detalhamento é outra variável importante no processo de planejamento.
Descrevendo o processo decisório Simon (1979: p.104) afirma que um profissional escolheria,
a partir de determinado objetivo, algumas alternativas e as mais plausíveis seriam
minuciosamente descritas, porém acrescenta que no processo de seleção de alternativas há
sempre uma chance para uma melhor alternativa ser desprezada por falta de uma análise mais
precisa, porém, impossível no momento do planejamento. A alternativa selecionada foi a
melhor entre as possíveis.
Os autores normalmente dividem o planejamento em estratégico, tático e operacional.
A Gestão Econômica considera o planejamento estratégico e o planejamento operacional de
curto, médio e longo prazo.
Composto por quatro fases, o planejamento na Gestão Econômica busca assegurar o
cumprimento da missão, fase em que surgirão as diretrizes, as políticas e os objetivos
estratégicos que deverão possibilitar a escolha de alternativas na fase de pré-planejamento
operacional, que serão detalhadas na fase de planejamento de médio e longo prazos, horizonte
temporal de um ano, e refinada no planejamento de curto prazo, próximo à efetiva execução.
Para contribuir para o resultado econômico os gestores são assistidos pelo sistema de
informação da Gestão Econômica, que deve supri-los com informações “sobre eventos,
atividades clientes, segmentos relacionados às áreas de responsabilidade, permitindo que
atuem permanentemente em busca da eficiência e eficácia de suas atividades”.
Esste sistema é composto pelo conjunto de subsistemas de pré-orçamentação,
orçamentos, custos e contabilidade e está totalmente integrado ao processo de gestão (Quadro
4).
54
estratégia é um processo de aprendizado que pode seguir também na outra direção”. Propõe
deixar de lado a expressão Planejamento Estratégico e substituir por Pensamento Estratégico
Ligado à Ação, cabível a organizações que não podem prever o curso de seu ambiente,
controlá-lo ou assumir sua estabilidade.
2.2.4.6 Execução
2.2.4.7 Controle
com os resultados planejados à execução das atividades da empresa. O controle abrange toda
a organização, desde tarefas simples e cotidianas, até a implementação da estratégia.
Gomes e Salas (2001: p.22) destacam que o controle pode ser pouco ou muito
formalizado para obter a informação e influenciar o comportamento das pessoas para atingir
objetivos organizacionais e destacam sua importância estratégica:
O controle está vinculado às crenças e aos valores dos administradores, ou aquilo que
se pretende atingir (fim) e o que é objeto do controle (meio). A retroalimentação do sistema
de informações (meio) é responsável pela avaliação de desempenho e de resultados com base
nos critérios econômicos (fim).
O grande desafio das empresas é manter um nível equilibrado de controle que reduza
os riscos, dentro dos limites estabelecidos por órgãos reguladores, legislação vigente e
auditores independentes, manter a motivação, fomentar a criatividade e a inovação e
responder as mudanças requeridas pelo ambiente.
O controle não é recente na Administração, porém, o gerenciamento do controle ganha
destaque a partir dos anos 60, como destacam Anthony, Dearden e Vancil (1972: p.3) que o
entendem como:
Centralizado.
Detalhamento das informações no mesmo nível do realizado.
Altamente estruturado (sistema de informação similar ao de contabilidade de
custos).
Compatibilidade com a base conceitual do realizado.
Obediência ao modelo de mensuração da controladoria.
Através das simulações (de volumes, mix, taxas e prazos) e alternativas efetua-se o
monitoramento permanente do desempenho planejado e realizado, avaliados conforme
diretrizes, políticas e padrões. Os orçamentos são:
62
Com base no princípio do controle, para o qual as causas dos desvios devem ser
segregadas para facilitar as ações de correção, as variações apuradas são:
Salienta-se que o termo inflação é aplicável apenas quando a economia sofre uma
perda do valor aquisitivo de sua moeda corrente, em índices que afetam a análise. Na
inexistência dessa situação, o cálculo do desvio não é necessário.
2.3.1 Introdução
Aquilo que é denominado por Hope e Fraser (2003) de empresas que aderiram a
“processos adaptativos” excetuando a parte orçamentária recebe nomenclaturas, tais como
empresas flexíveis (Toffler, 1985), Empresas Visionárias (Colins e Porras, 1995), Empresas
Válidas (Arantes, 1998), Empresa Pós Industrial (Kanter, 1997), e o ambiente como
Sociedade Pós-Industrial (Drucker, 1995), Sociedade do Conhecimento e Era da Informação,
66
para citar alguns termos. Em suma, são empresas em permanente busca de novos métodos,
modelos, tecnologias para corresponderem às necessidades ambientais e garantir a
continuidade em um meio hostil, em permanente mudança, podendo suplantar aquelas não
adaptadas às suas condições.
O afastamento da administração clássica ou científica ocasiona mudanças nos
processos de desenvolvimento econômico, tecnológico e sociocomportamental e,
consequentemente, exige mudanças no comportamento e nos padrões gerenciais. De acordo
com essa nova classificação, surgem modelos como a Gestão Econômica, fortemente apoiado
na teoria geral de sistemas e a abordagem humanística do BBRT, entre outras.
.
2.3.2 Definição
Após pesquisa empenhada pelo BBRT essas empresas recebem atenção especial, tendo
em comum o fato de não mais usarem o orçamento na gestão de seus negócios, segundo Hope
e Fraser (2003: p.47). O quadro 6 apresenta seus objetivos, o horizonte de planejamento e
como fazem para mensurar resultados.
optando por uma ruptura com a eliminação do processo orçamentário: elaboração, negociação
e aprovação.
Por ocasião do início da pesquisa formam escolhidas para visita companhias que
haviam abandonado ou trocado radicalmente seu planejamento, orçamento e processo de
controle e implementado algum sistema, não usual de prêmio, e outras que usavam
diferentemente os orçamentos; todavia, nenhuma que acreditava efetivamente na sua
utilização.
A pesquisa do grupo BBRT foi baseada em três questões:
Ao estabelecer essa problemática o escopo do BBRT deixou claro não intentar uma
saída para o orçamento, o reconhecimento de sua utilidade na atual nem configuração
proposta. A hipótese e a metodologia do trabalho dos pesquisadores buscam o ocaso do
orçamento.
implantação estiver mais avançado, para a linha de frente. Concluem os autores que o elevado
senso de posse e compromisso envolve as pessoas locais para estabelecer os objetivos e
tomar as ações cabíveis e forças necessárias ao aprimoramento contínuo.
Hope e Fraser (2003: p.13) asseveram que exemplos de comportamentos disfuncionais
foram trazidos ao conhecimento durante a fase de pesquisa, ocasionados pelos contratos fixos,
entenda-se metas definidas no orçamento a serem cumpridas no período estabelecido para os
gestores e pelas quais serão mensurados, dos quais os autores destacam dez:
deficiente e o mal estar organizacional). A obra citada não tem como escopo criticar somente
o orçamento e sim auxiliar os administradores na busca da eficácia empresarial, que entre
outras ações somam a eliminação das “defesas organizacionais”.
Joseph Bower (1979) apud Mintzberg (1998) também criticou o processo de alocação
de recursos considerando como “um estudo, barganha, persuasão e escolha espalhados por
muitos níveis da organização e longos períodos de tempo” e Jelineck (1979) comparou o
planejamento estratégico, que redunda no orçamento, conduzido pelos “planejadores
contemporâneos” aos programas de trabalho nas fábricas cem anos antes (Mintzberg, 1998:
p.49).
Críticas aos orçamentos e suas limitações são comuns ao longo do tempo. Apontam
sua importância, dificuldade de implantação e limitações os autores como Kaplan, Welsch,
Horngren, Hansen e Mowen ou Vatter, e possíveis efeitos colaterais como os citados Hofsted,
Jelineck e Argirys, porém nunca ousaram invalidar o orçamento normalmente analisando-o
sob o prisma que há barreiras a serem transpostas na implantação, elaboração, execução e
controle do orçamento, incluindo a melhoria na integração estratégia-orçamento e reduzir o
tempo gasto na elaboração, hipótese controvertida porque a demanda por um tempo maior ou
menor para elaboração é resultado direto de forma, volume e nível de informações
consideradas necessárias para visualizar e conduzir a organização.
Dearden (1962: p.133), pesquisador de uma era que os orçamentos tinham a conotação
estabelecida pelo BBRT, em virtude do ambiente organizacional, alertava para algumas regras
a serem observadas pelo “pessoal de orçamento”, reconhecendo as relações interpessoais e o
processo orçamentário:
Brookson (2000: p.18) salienta que em algumas empresas os orçamentos são vistos
como algo a ser temido e não como ferramentas para melhorar o desempenho porque
incorporam interesses conflitantes. Entretanto, sustenta que a prevenção desses conflitos é
possível quando se produz orçamentos realistas.
Em pesquisa exploratória, Souza (2007: p.139), avaliando em que estágio se
encontram as organizações em relação à utilização do Planejamento e Orçamento Empresarial
como ferramenta de gestão, conclui que o Beyond Budgeting é novo e ainda tem traços de
modismo, além de ser muito dependente das pessoas e não aplicável a muitas culturas.
Com base nas pesquisas realizadas nas empresas, que segundo o BBRT substituíram
os orçamentos, foram traçados 12 Princípios divididos em dois grupos, a serem seguidos pelos
líderes. No primeiro grupo, conforme Hope e Fraser (2003: p.70) estão os princípios de
liderança:
O segundo grupo, de acordo com Hope e Fraser (2003: p.143), é composto por
princípios destinados às lideranças para gerirem empresas descentralizadas:
orçamento (fixo, flexível, contínuo, Base Zero ou com Base em Atividades) adaptaram-se às
necessidades das empresas, sofrendo mudanças relevantes em sua estrutura, incorporando
novos conhecimentos proporcionados pela tecnologia e mudanças de processos.
Hope e Fraser (2003: p.04) discordam dessa assertiva. Entendem que o orçamento não
tem a conotação de modelo para o planejamento financeiro, e sim como processo de
gerenciamento de desempenho que orienta um plano, coordena objetivos, recompensas,
planos de ações e recursos para o período consecutivo e, posteriormente, mensura e controla.
Os autores definem seu entendimento de orçamento e qual o sinônimo do vocábulo no livro:
divulgador do Beyond Budgeting.
A saída para evitar esses efeitos colaterais da utilização dos contratos fixos é a
resilição, ou a troca consensual dos contratos fixos por contratos de melhorias relativas, em
que os executivos criam um clima de confiança e promovem um ambiente desafiante para os
colaboradores produzirem melhorias contínuas de desempenho usando seus conhecimentos e
seu julgamento para adaptar as condições impostas e promover as mudanças. O quadro 7
apresenta um comparativo entre os dois tipos de contrato:
competitivas, as necessidades dos consumidores e têm autoridade para agir. Os líderes por sua
vez não precisam empreender grande parcela de tempo à coordenação e ao controle e mudam
de planejadores de ações através dos planos e orçamentos para inspirar as pessoas através de
uma visão clara de mudança e sucesso. Essa postura das lideranças é denominada de
Descentralização Radical ou Empowerment.
Para o modelo as decisões devem ser locais, tomadas pelos gerentes operacionais e
suas equipes revestidos de autoridade para atingir os objetivos “sem serem constrangidos por
um plano ou acordo” (Hope e Fraser, 2003: p.31).
Para o Beyond Budgeting a forma praticada de descentralização e delegação de
poderes, com a utilização do processo orçamentário, ocorre em um regime de submissão e
controle. Deduz-se que não importa a forma de denominação descentralização, devolução,
autogovernança ou empowerment,o intuito é:
2.3.9 Controle
conceitos bastante subjetivos e que para o perfeito funcionamento precisam estar inseridos em
um ambiente cultural que os favoreça e evite comportamentos disfuncionais.
Tachizawa e Scaico (1997: p.31), defensores dos benefícios das organizações
flexíveis, atentam que “uma sociedade econômica em que os esforços e os objetivos de
qualquer um de seus componentes só serão válidos se convergirem e apoiarem os objetivos
econômicos da empresa”. Os objetivos econômicos são rentabilidade, disponibilidade de
fluxo de caixa, participação no mercado, eficiência operacional, qualidade dos produtos e
serviços e qualidade gerencial.
A referência (benchmarking) é obtida para produtos, serviços e processos de trabalho.
O controle tem como objetivo mensurar o quanto esses objetivos estão sendo atingidos; em
relação a um controle possível é algum tipo de objetivo ou benchmarking.
Esses objetivos são conseguidos com esforços coordenados entre lideranças e equipes
apoiados em um plano de negócios, e com base nele mensurados, e são realizáveis em um
ambiente flexível, com maior liberdade de decisão para as gerenciais intermediárias e
colaboradores de outros níveis, não obstante o controle é necessário.
O tradicional controle hierárquico não se encaixa no modelo cuja proposta é eliminar o
orçamento, por si só um instrumento de controle, sendo cabível a descentralização radical
(empowerment) que cria riscos e requer controle diferenciado. O Beyond Budgeting é
desfavorável a qualquer tipo de centralização e medidas absolutas ou que constituam
“amarras” para o exercício da função. A compreensão é que ao abolir o orçamento a empresa
ganha flexibilidade, responde mais rapidamente às mudanças ambientais e necessidades dos
clientes.
Todavia, o controle não está eliminado do modelo, apesar de entender que eliminar o
orçamento é condição sine qua non para o “alto desempenho” de uma empresa, outras
medidas de controle multiníveis são apresentadas como alternativa, entre elas indicadores
financeiros, os denominados Key Performance Indicators - KPIs (indicadores-chave de
desempenho). A finalidade é indicar como determinado item do negócio, previamente
selecionado como vital, está se apresentando em determinado período. É uma forma de
mensuração, normalmente expressa em gráficos, tabelas ecores (vermelho, amarelo, verde
como um semáforo).
Em essência, os recursos são limitados e as necessidades de realização ilimitadas,
surgindo assim o primeiro grande desafio à descentralização: a otimização dos recursos. O
segundo desafio é o posicionamento da empresa perante seus acionistas e proprietários,
exigindo resultados objetivos e adotando padrões de comparação, fornecidos principalmente
83
pelas demonstrações financeiras, com seus princípios, suas regras e seus procedimentos. O
terceiro é a legislação societária e fiscal de cada país, as leis de proteção aos acionistas e
órgãos reguladores, a adequação ao International Financial Reporting Standards - IFRS e
Sarbanes-Oxley - SOX, voltadas principalmente para as empresas de capital aberto, e por fim
a flexibilização do controle, ou omissão no seu cumprimento pelas empresas, pelos órgãos
fiscalizadores, reguladores e legisladores, tem criado um ambiente propício a fraudes, ganhos
incompatíveis, que não resistem por longo tempo e o ocaso são prejuízos para investidores e
poupadores.
A história tem exemplificado, desde a crise das tulipas (1636-1637), a crise do
subprime (2008), que o excesso de liberdade, com ausência de controle, conduz a prejuízos,
por vezes coletivo, quando a empresa vai a bancarrota arrastando consigo fornecedores,
clientes, colaboradores e os cidadãos, perdedores de benefícios sociais em virtude de impostos
não liquidados.
Nesse contexto entende-se o controle como instrumento para prevenir ou minimizar
crises, embora haja necessidade de estabelecer um equilíbrio para não coibir a inovação, o
avanço tecnológico e o bem-estar dos indivíduos.
relatividade é complexa porque passa a variar segundo o limite do decisor, influenciado por
diversos requisitos, porém sustentados pelos princípios.
Em essência, as pessoas são diferentes necessitando alinhá-las aos objetivos
organizacionais, tarefa iniciada no recrutamento e na seleção, no treinamento e nos desafios
durante todo o período em que o colaborador pertencer à organização para alinhar os
objetivos pessoais e os da empresa.
Assim, as decisões baseadas em desempenho relativo carregam alto grau de
subjetividade e de risco, na visão tradicional, ainda que esta dualidade aumente cada vez mais
na atividade empresarial, são variáveis que o gestor quer reduzir, embora seja impelido cada
vez mais conviver com ela. Segundo o Beyond Budgeting e as crenças de Wallander
(Handelsbanken e Ahsell), estão embasadas na filosofia econômica:
Excetuando o objetivo real “não é uma soma absoluta em dólares e centavos, mas
relativo”, todos os demais itens identificam a maioria das empresas em uma economia de
mercado: retorno sobre o capital investido, sobrevivência e vencer a competição.
Outras medidas de desempenho e indicadores, como indicadores de ocorrência,
indicadores de tendência, tabelas comparativas e Rolling Forecasts, que consiste em uma
previsão financeira com base em poucos indicadores, de alto nível, tais como vendas, custos e
fluxos de caixa atualizados em base contínua. Sugere-se previsões trimestrais para os cinco
trimestres vindouros.
Pela importância que esses modelos desempenham no contexto do planejamento e
controle em um ambiente sem orçamentos é relevante uma melhor compreensão.
Diversas características são atribuídas ao Rolling Forecast, por Hope e Fraser (2003),
dentro da visão, e com a utilização dos princípios do Beyond Budgeting:
Uma proposta para elaboração do Rolling Forecast é a previsão para cinco ou oito
trimestres, adicionando oito trimestres anteriores, sempre acrescentando um trimestre à
medida que um se realiza.
O gestor não moldará os eventos não havendo por que o uso de comportamentos
antiéticos, associados às defesas empresariais.
Uma atitude de complacência, de anuência, com o cenário apresentado. Positiva a
influência pode ter nulo impacto no resultado operacional, porém em momentos de
conjuntura negativa pode constituir-se em explicação para o baixo desempenho.
O Rolling Forecast consegue agregar mais valor, segundo Hope e Fraser (2003:
p.193), Pflaeging (2003) e Neto (2007), quanto utilizado com o Balanced Scorecard - BSC.
Desenvolvido no início dos anos 90, o Balanced Scorecard - BSC como instrumento
de mensuração acabou por converter-se em um “instrumento de gestão da estratégia”, como
explicam seus elaboradores (Kaplan e Norton, 2001: p.14), aliás, seu potencial e
popularização, pode ser atribuído à importância enquanto sistema de gestão estratégica e não
como um sistema de mensuração de desempenho.
O BSC é definido como:
O BSC pode ser implantado com o orçamento, que os autores não veem um problema
em si, mas a pouca dedicação à discussão da estratégia e muito tempo discutindo aspectos
táticos. O Beyond Budgeting enxerga nessa utilização conjunta um problema, porque torna o
scorecard um contrato fixo.
90
2.3.15 Benchmarking
2.3.16 Governança
Participação.
Responsabilidade.
Accountability.
Transparência.
Consenso.
Igualdade.
Eficiência e eficácia.
3 METODOLOGIA
3.1 NATUREZA
Quanto aos seus fins, este trabalho tem natureza exploratória. Uma das peculiaridades
deste tipo de pesquisa, destacada por Gil (2002, p.41), é o “aprimoramento de ideias ou a
descoberta de intuições”. Collis e Hussey (2005, p.?) afirmam que este tipo de pesquisa é
adequado quando há poucos estudos anteriores sobre o assunto, o que não se aplica à Gestão
Econômica, mas é adequado ao Beyond Budgeting, pois há pretensão de descobrir padrões,
ideias, hipóteses e obter informações sobre as características comportamentais de determinado
problema. Quanto aos seus meios, justifica-se a pesquisa bibliográfica.
Para garantir a confiabilidade e a validade, o instrumento cabível é a Análise de
Conteúdo, “que mede o conteúdo semântico, o aspecto ou o quê de uma mensagem”,
conforme Cooper e Schindler (2003, p.346). Foi considerada a técnica mais adequada em
função das questões abertas dada impossibilidade de formulá-las pela inexistência de uma
hipótese, bem como, para sistematizar e tornar objetivo o tema escolhido.
3.2.2 Definição
Richardson (1999, p.224) afirma que esta técnica, pela sua natureza científica, deve ser
eficaz, rigorosa, precisa e extrair os momentos mais importantes de um discurso. Assim,
“deve-se basear em teorias relevantes que sirvam de marco de explicação para as
descobertas do pesquisador”.
A natureza científica, exposta no método, dividida por Bardin (1977, p.95), em três
fases interrelacionadas para a organização da Análise de Conteúdo:
1. Pré-análise
96
2. Exploração do material
3. Tratamento dos resultados, a inferência e a interpretação
3.2.4 A pré-análise
É a fase da organização, com três finalidades: (1) escolha do material a ser analisado;
(2) formulação das hipóteses e dos objetivos; e (3) elaboração de indicadores que
fundamentem a interpretação final.
Por vezes é necessário o estabelecimento de um corpus, explicado por Bardin (1997,
p.96) como “conjunto de documentos tidos em conta para serem submetidos aos processos
analíticos”. Este processo implica escolhas por parte do pesquisador, além da observância de
determinadas regras, para garantir uma seleção rigorosa e sistemática:
Instrumentos de
Categorias Modelo de Gestão Sistema de Informações Descentralizção
Gestão
Palavras-Chave
No corpus, formado pelas “unidades de registro e contexto” a ser tomado como base
pelo Beyond Budgeting, composto de 28 páginas e “unidade de registro e contexto”sobre a
Gestão Econômica, com 27 páginas, foram identificados elementos, palavras a esquerda e a
direita que qualificassem as palavras-chave, e por extensão as categorias, a partir de
substantivos, verbos, adjetivos ou advérbios pertencentes ao mesmo parágrafo. Assim,
palavras a esquerda de frase iniciadas ou a direita quando pertencentes a frase seguintes foram
desconsideradas.
À medida em que surgiam as palavras foram sendo registradas nas “grelhas de
análise”, por igualdade ou semelhança léxica, acompanhadas da frequência, e objetivando ao
final, listar a quantidade de palavras segundo sua frequência descendente, para posterior
análise e inferências.
Para a realização da fase de análise de dados foram consideradas as palavras que
apareceram mais de uma vez e seus sinônimos, ou palavras que conduzam ao mesmo
entendimento. Exemplo: abandonar, abolir, ocaso estão associadas a proposta do Beyond
Budgeting a uma gestão sem orçamentos.
Ampliando a pesquisa usou-se os códigos de significação, ou a análise de palavras-
chave, segundo seu significado, dentro do contexto em que estão inseridas, sob a forma de
99
citações diretas pelos autores do Beyond Budgeting e da Gestão Econômica. São elas:
controle, orçamento e decisão.
100
4 ANÁLISE COMPARATIVA
Temos passado os últimos cinco anos visitando muitas organizações que tem, em
maior ou menor grau, tentado atacar os problemas da previsão orçamentária. A
maioria foi além de consertar o processo existente: Eles o abandonaram
completamente. Eliminaram o ciclo anual de preparar, submeter, negociar, e
aprovar um orçamento por departamento, função, unidade de negócio, divisão, e
finalmente toda a organização. O resultado tem sido economizar meses de trabalho.
O orçamento não mais representa um contrato de execução/desempenho anual que
define o que subordinados obrigatoriamente devem entregar a seus superiores para
o ano a frente. O orçamento não mais determina o que as unidades de negócios
obrigatoriamente devem fazer e vender. E o orçamento não mais determina como o
desempenho destas unidades e suas pessoas será avaliado e recompensado. (HOPE
e FRASER, 2003: p.19)
ELEMENTOS 186
CONTROLE 61
Palavras-
chaves
PLANEJAMENTO/PLANEJAR 51
EXECUÇÃO 19
AVALIAÇÃO DE DESEMPENHO 9
Fonte: Elaborado pelo autor
Processo de Gestão
6% Planejamento
44%
36% Execução
Controle
14%
Avaliação de
Desempenho
ELEMENTOS 169
METAS 88
Palavras-
chaves
PLANOS 23
RECURSOS 16
ORÇAMENTO 6
Fonte: Elaborado pelo autor.
105
Instrumentos de Gestão
5%
12%
METAS
17%
PLANOS
66% RECURSOS
ORÇAMENTO
a) não existe tempo fixo, como o ano fiscal, para que se façam
comparações com o “orçado”; [grifo do autor Neto]
b) Incluem apenas algumas variáveis-chave, como vendas, custos e
consumo de capital, o que possibilita que sejam rápidos, eficazes e fáceis de
elaborar.
No item “b” cabem algumas considerações: (a) o nível de detalhamento é uma decisão
do gestor, podendo ser maior ou menor segundo suas necessidades de informação para o
modelo de decisão; (b) Variáveis-chaves são oriundas de controles auxiliares, caso contrário
estão alienadas de qualquer tipo de mensuração físico-monetária.
Esta constatação traz uma nova realidade à comparação, ou seja, o Budgeting nega e
desqualifica o orçamento, porém, dados os atributos citados, utiliza um instrumento com as
características do orçamento, adaptadas a um tipo de gestão específico. As principais
diferenças, quanto à aplicação ou elaboração, de forma diferente e com uma quantidade
menor de informações, não se sustentam porque a forma de elaboração e a quantidade de
informações são fruto das decisões do gestor e não características imutáveis do instrumento.
Pode-se qualificar o Rolling Forecast como um orçamento flexível/contínuo sintetizado.
Em contraposição, a Gestão Econômica visualiza o orçamento como parte do processo
de gestão, “um instrumento que permite a simulação de alternativas e o monitoramento
permanente dos desempenhos planejados e realizados” nos dizeres de Catelli, Guerreiro e
Pereira (2003, p. 275). Esta relação patenteia-se, através da aplicação da Análise de Conteúdo
com os elementos, flexível/variável, destacado 08 (oito) vezes, ou 6,2%. Sobressaem os
conceitos de orçamento, sob o âmbito da Gestão Econômica corrigido, ajustado, original e
realizado com um total de 28 (vinte e oito) elementos relacionados, equivalente a 21,7%.
Esta ênfase no orçamento justifica-se porque este é parte do Sistema de Informação da
Gestão Econômica como destaca Oliveira (2009, p.327):
Fonte: Adaptado pelo autor com base em Guerreiro (1989), Oliveira (2001)
Os valores estimados para o período devem ser similares, porque para elaborar o
Rolling Forecast e o Relatório Financeiro Mensal os gestores estimaram, a partir dos melhores
valores praticados no mercado; presumem-se os mais atualizados, portanto, idênticos aos
orçamentos corrigidos e ajustados, apresentado pela Gestão Econômica que vai fazendo as
alterações nos valores e quantidades nas fases de planejamento (longo, médio e curto prazo), à
medida que se aproxima do período de execução (orçamento ajustado). As demais
informações contidas no Rolling Forecast são valores históricos, disponíveis para ambos, em
períodos futuros, estabelecidos em 05 (cinco) trimestres para o Beyond Budgeting e segundo
as necessidades informacionais para decisão do gestor, para a Gestão Econômica.
Informações idênticas poderiam ser constituídas a partir do orçamento contínuo,
porque a Gestão Econômica não refuta este tipo de orçamento e comparada ao Rolling
Forecast com atualizações trimestrais para 05 (cinco) trimestres previstos; apresentadas em
conjunto com 08 (oito) trimestres realizados, conforme quadro 10.
4.1.4 Descentralização
PALAVRAS-CHAVES
Avaliação de Desempenho
1 0,4% 9 3,8%
Instrumento
ELEMENTOS
CATEGORIA BEYOND BUDGETING % GESTÃO ECONÔMICA %
A palavra “controle” apura que é para indicar a direção a ser trilhada pela empresa,
com pouca direção, multiníveis, baseados em governança e indicadores relativos de
perfomance, conforme um dos princípios (item 2, abaixo). São multifacetados e multiníveis,
114
1 Guerreiro (1989, p.313) afirma que os gestores operacionais, portanto, não devem se
limitar apenas a execução das atividades sob sua responsabilidade, mas também planejá-las e
controlá-las”.
2 A inseparabilidade entre planejamento de curto e longo prazo, e controle é
observada por Oliveira (2001, p.170).
CONSIDERAÇÕES FINAIS
conseguiram resultados superiores, segundo Hope e Fraser (2003), e citam Rhodia, Borealis e
Svenska Handelsbanken. Baseados nos estudos dos procedimentos adotados por estas
empresas, propõem uma verdade geral, uma metodologia, com 12 princípios fundamentais de
liderança e de processos descentralizados, que, quando seguidos podem direcionar a
resultados superiores. Não há preocupação em estabelecer conceitos, ou construções lógicas,
mas sim descrever a experiência e generalizar como válida para todas as organizações.
Espera-se com esta comparação contribuir para melhor compreensão dos modelos,
reconhecendo as características observadas através da metodologia, e sua possível adoção por
gestores, como um caminho para a otimização do patrimônio das empresas. Outrossim, que
este estudo preliminar seja motivador para novos estudos, suscitando novos problemas,
hipóteses, premissas ou pressupostos, relacionados aos modelos ou às considerações do
presente trabalho, com o objetivo precípuo de aperfeiçoar a gestão das organizações em
ambientes de mudança constante, tendo a incerteza como uma das principais variáveis à
alocação de recursos escassos, necessitando de um sistema informacional que conduza à
eficácia empresarial.
122
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ANEXO S
A – Categoria Processo de Gestão – Beyond Budgeting
Beyond Budgeting
Metas, Planos, Recursos e Orçamento
Elemento Frequencia
abandonar/abolir/saída/invalidar 17
processo 10
anual/apertados 8
Ação 7
usar/uso 6
características/condição/situação/conotação 5
empresarial/empresas 5
essencia/relevante/centrais 4
gerencial/gestão 4
limitados/limite 4
pré-determinado/projeção/traçado 4
tradicional/era 4
métodos/modelos/instrumento 4
acordo 3
conhecimentos/subsídios/habilidade 3
considerando/contexto/conforme 3
crítica 3
definição/definidas 3
demandados/esperados 3
determina /estabelecer/entendem 3
diferentemente/difere 3
elaborador 3
específicos/particular/isoladamente/denominados 3
força/forte/reforço 3
implantação 3
maior/mais/superior 3
manejar/conduzir 3
necessários/precisa 3
objetivos/ fixos 3
planejamento/projeção 3
recompensas/reconhecendo 3
vistos/visão/enxergam 3
ambiente 2
associados/relação 2
aumentando/acrescentar 2
contrato fixo 2
demandados 2
direcionando/orienta 2
eficácia/eficaz 2
gastar/reduzir 2
passar/através 2
pautados/relacionados 2
produz/elaborar 2
referir/simbolo 2
suporte 2
surgimento/oriundo 2
volume 2
Resumo ELEMENTOS 169
ORÇAMENTO/ORÇAMENTÁRIO 88
RECURSO 23
PLANOS 16
METAS 6
132
Beyond Budgeting
Sistemas de Informação
Elemento Frequencia
condicionada 2
Beyond Budgeting 2
Resumo ELEMENTOS 4
SISTEMAS DE INFORMAÇÃO 4
Gestão Econômica
Sistemas de Informação
Elemento Frequencia
gestão (econômica) 7
decisão/tomada 4
suporta/assistidos/estruturado 3
umbilical/subsistema/interelacionados 3
gera/define 2
tecnologia 2
Resumo ELEMENTOS 21
SISTEMAS DE INFORMAÇÃO 13