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por
Orientação:
2012
NOTA BIOGRÁFICA
Bruno Ricardo da Cunha esteves da Costa nasceu a 27 de Fevereiro de 1982, em Barcelos.
Licenciou-se em Engenharia Civil, na Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto
(FEUP), em 2005. Desde o final do curso desempenhou funções de direção e fiscalização de
obras, maioritariamente públicas. Em 2009, concluiu o Mestrado Integrado em Engenharia Civil
na FEUP. Concluiu já a parte escolar do Mestrado em Economia e Administração de Empresas da
FEP.
i
AGRADECIMENTOS
Neste momento, não posso deixar de agradecer a todos aqueles que direta ou indiretamente
contribuíram para que este trabalho fosse desenvolvido.
Agradeço particularmente o apoio do meu orientador, o Professor Doutor Rui Henrique
Alves, pela sua disponibilidade e ajuda, pela preciosidade das suas reflexões e pela confiança
demonstrada durante todo este estudo.
Estou muito grato aos meus pais, e a minha avó, por terem facilitado toda esta caminhada. E
agradeço especialmente à Andreia, pelo seu apoio ilimitado e toda a sua compreensão, bem
como a companhia dos seus pais e irmão. Não me posso esquecer da ajuda dos meus colegas e
amigos durante todos estes anos. Tornaram tudo mais fácil.
ii
RESUMO
O objetivo deste trabalho é descrever, analisar e quantificar o impacto dos diferentes tipos de
medidas de política estrutural, com vista a avaliar o fundamento das reformas estruturais
previstas no programa de assistência financeira a Portugal. O estudo da política estrutural é
feito não só do ponto de vista teórico da sua razão de ser, reforçada pelas vastas análises
empíricas existentes, mas igualmente numa perspetiva prática e quantitativa, designadamente
através da simulação, com base num modelo desenvolvido por Barnes et al. (2011), dos
impactos provocados pela alteração de diferentes indicadores estruturais no produto potencial
de Portugal. Os resultados obtidos permitem identificar as prioridades de atuação para
estimular o crescimento económico de longo prazo, e por conseguinte avaliar a
adequabilidade das medidas previstas no Memorando do ponto de vista quantitativo, para
além da análise teórica.
iii
ÍNDICE GERAL
1. INTRODUÇÃO............................................................................................................................... 1
1.1. OBJETIVOS ..................................................................................................................................................... 1
1.2. ESTRUTURA DO ESTUDO ............................................................................................................................. 1
2.2.2.2.Regulamentação ......................................................................................................................................... 16
2.2.2.3.Privatização ................................................................................................................................................ 16
2.2.3.1.Heterogeneidade ....................................................................................................................................... 18
iv
2.2.3.2.Regulamentação ........................................................................................................................................ 19
2.2.3.3.Politicas ativas .......................................................................................................................................... 20
v
4.1.5.1. Descrição das medidas ............................................................................................................................. 46
4.1.5.2. Análise ..................................................................................................................................................... 46
5. CONCLUSÃO ................................................................................................................................ 51
BIBLIOGRAFIA .................................................................................................................................................... 53
vi
ÍNDICE DE FIGURAS
2. ENQUADRAMENTO TEÓRICO
Fig.2.1 – Convergência condicional ........................................................................................................................ 6
vii
ÍNDICE DE QUADROS
2. TEMÁTICA DA EVACUAÇÃO
Quadro 2.1 – Algumas estimativas do que induz o crescimento .......................................................................... 10
............................................................................................................................................................................... 34
Quadro 3.2 – Avaliação dos indicadores estruturais em termos de potencial de crescimento no PIB per capita de
Portugal .................................................................................................................................................................. 38
viii
Efeitos de medidas
as de política estrutural: o caso do atual programa de assistência financeira a Portugal
1
INTRODUÇÃO
1.1. OBJETIVOS
O objetivo deste trabalho é descrever, analisar e quantificar o impacto dos diferentes
tipos de medidas de política estrutural, com vista a avaliar o fundamento das reformas
estruturais previstas no programa de assistência financeira a Portugal. O estudo da
política estrutural é feito não só do ponto de vista teórico da sua razão de ser,
ser reforçada
pelas vastas
as análises empíricas existentes, mas igualmente numa perspetiva
p prática e
quantitativa,, designadamente através da simulação, com base num modelo desenvolvido
por Barnes et al. (2011), dos impactos provocados pelaa alteração de diferentes
indicadores estruturais no produto potencial de Portugal. Os resultados obtidos
permitem identificar as prioridades de atuação para estimular o crescimento económico
de longo prazo, e por conseguinte avaliar a adequabilidade das medidas previstas no
Memorando do ponto de vista quantitativo, para além da análise teórica.
teórica.
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Efeitos de medidas
as de política estrutural: o caso do atual programa de assistência financeira a Portugal
2
Efeitos de medidas
as de política estrutural: o caso do atual programa de assistência financeira a Portugal
2
NQUADRAMENTO TEÓRICO1
ENQUADRAMENTO
2.1.1. A função
unção de produção agregada
1
Serviu de referência bibliográfica de base para este capítulo: Burda, Michael and Charles Wyplosz;
Macroeconomics - A European Text; 5th Edition; Oxford University Press; 2009.
2009
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Efeitos de medidas
as de política estrutural: o caso do atual programa de assistência financeira a Portugal
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Efeitos de medidas
as de política estrutural: o caso do atual programa de assistência financeira a Portugal
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Efeitos de medidas
as de política estrutural: o caso do atual programa de assistência financeira a Portugal
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Efeitos de medidas
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consequências claras no longo prazo, tornando esses países mais ricos e mais
produtivos.
Os bem públicos necessitam de ser financiados, e para isso o Estado pode recorrer a
cobranças pela sua utilização ou a impostos. É sempre uma questão delicada para os
governos, que são colocados perante restrições orçamentais, ao mesmo tempo que veem
a necessidade de modernizar as suas infraestruturas. Poderão existir também lobbies
políticos a favor desse tipo de investimento. É necessário encontrar um equilíbrio,
equilíbrio entre
o investimento insuficiente que pode prejudicar o crescimento devido a uma rede de
infraestruturas
aestruturas públicas desadequada,
desadequada e o excesso de investimento tendo em conta as
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Efeitos de medidas
as de política estrutural: o caso do atual programa de assistência financeira a Portugal
condições disponíveis para o seu financiamento. Para resolver este problema, entre
outros motivos, vários países optaram por privatizar as suas infraestruturas públicas,
como ass redes de energia, as telecomunicações ou os transportes. Esta cedência levanta
questões do ponto de vista da proteção dos interesses da população,
população que será necessário
garantir.
A deficiente garantia dos direitos de propriedade é uma das causas que impedem a
fluência do capital
pital das nações ricas para as nações pobres. Os direitos de propriedade
são claramente uma condição para o crescimento económico de longo prazo, pois ao
garantir a estabilidade, atraem o investimento. São normalmente ameaçados por regimes
arbitrários e nãoo democráticos e pelas guerras civis.
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Efeitos de medidas
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Efeitos de medidas
as de política estrutural: o caso do atual programa de assistência financeira a Portugal
Efeito na taxa de
Fator
crescimento anual
PIB per capita inicial (efeito de um nível mais elevado em 1%) -2,5
2,5
Educação: (efeito de mais 1 ano) 0,4
Esperança de vida: (efeito de um aumento de 10%). 0,8
Taxa de fertilidade: (efeito de um aumento de 50%) 0,6
Gastos públicos: (efeito de um rácio 10% mais elevado) 0,6
Sistema jurídico: (efeito de um aumento de 0,1) 0,2
Investimento: (efeito de um rácio 10% mais elevado) 0,8
Fontes: Barro e Sala-i-Martin
Sala (2004)
2.1.3.1.Condição
Condição para o crescimento endógeno
Admite-se assim que a produtividade marginal não diminui o suficiente e que o declive
da curva da função de produção excede sempre o declive da reta de ampliação do
capital. Se a produtividade marginal do capital for constante, a curva da função de
produção passa a ser uma linha reta (Figura 2.2).
). Se a poupança exceder a depreciação e
a necessidade de aumento de capital, o stock de capital aumentará de forma ilimitada.
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Efeitos de medidas
as de política estrutural: o caso do atual programa de assistência financeira a Portugal
Alfred Marshall (1920) introduziu a hipótese de que a perceção dos efeitos individuais
poderia ser substancialmente diferente dos efeitos percetíveis
ercetíveis quando os indivíduos são
considerados no seu conjunto. No caso do investimento, o facto de se verificarem
rendimentos marginais decrescentes,
decrescentes quando analisados em termos individuais,
individuais não
significa que a produtividade
produtivid marginal do conjunto que participa na atividade não possa
ser constante. Haveria nesse caso um aumento da produtividade agregada mesmo sem
tal acontecer em termos individuais.
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Efeitos de medidas
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O conhecimento
to é um bem público, na medida em que cumpre o requisito da
d
impossibilidade de exclusão - uma pessoa não pode impedir o seu consumo por outra - e
o princípio de não rivalidade, visto que pode ser usado por várias pessoas ao mesmo
tempo. Como o conhecimento pode ser utilizado ilimitadamente,
ilimitadamente não sofre de
rendimentos decrescentes.
decrescentes. Algumas descobertas foram seguramente
seguramen dos mais
produtivos investimentos de sempre, mas são de difícil quantificação,
quantificação e o retorno
privado é normalmente muito inferior ao retorno para a sociedade no seu todo.
todo O
conhecimento é assim um claro exemplo de externalidade positiva, a partir do qual é
sustentado o crescimento infindável.
Os dados empíricos parecem suportar a teoria schumpeteriana da inovação, uma vez que
evidenciam o surgimento de longas ondas de crescimento,, que é sincronizado nos países
dominantes, evidenciando a transmissão da inovação entre países. Esta transmissão
ocorre mais tardiamente nos designados seguidores. Compreender este fenómeno
assume uma grande
rande relevância, dado que a inovação de produtos e de processos de
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Efeitos de medidas
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Para fazer face às recessões, podem ser implementadas políticas ativas do lado da
procura,, numa perspetiva de curto prazo.
prazo O seu objetivo é limitar os custos em termos
de desemprego e de produção,
produção acelerando a recuperação da economia.
economia
Uma orientação alternativa, mas que pode ser aplicada em conjunto, visa impulsionar o
PIB potencial, Ȳ, que é o produto de longo prazo da economia. Corresponde
orresponde ao nível
máximo sustentável de produto que evita pressões inflacionistas. Para o efeito, são
implementadas políticas estruturais de longo prazo, que são, no essencial,
essencial destinadas à
melhoria do potencial de oferta da economia, sendo por isso denominadas políticas do
lado da oferta (supply-side
side). Visam promover a eficiência dos mercados e dos sectores
de atividade, contribuindo
uindo assim para aumentar o produto de equilíbrio, deslocando a
curva da oferta agregada (Figura 2.3). Uma das vantagens das políticas do lado da oferta
é que não são sensíveis à correlação produto-inflação.
produto Contudo,
udo, existe menor
atratividade destas
tas medidas
medida para os governos, que deriva do facto dos seus efeitos se
vislumbrarem no longo prazo, visto que demoram anos até começarem a produzir os
resultados desejados. Numa primeira fase, o produto aumenta e a inflação diminui. No
longo prazo, a inflação volta ao
ao ponto inicial, mas o produto torna-se
torna definitivamente
maior.
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Efeitos de medidas
as de política estrutural: o caso do atual programa de assistência financeira a Portugal
Fig.
Fig.2.3 – Efeito das políticas do lado da oferta
Na área do Euro, uma vez que os países partilham a mesma moeda, a competitividade
relativa de um país em relação aos seus pares depende exclusivamente da evolução dos
custos unitários de trabalho.
Adam Smith (1776) afirmou que a afetação mais eficiente dos recursos ocorria por meio
do sistema de mercado. Kenneth Arrow et al. (1954) confirmaram a intuição de Adam
Smith, identificando as circunstâncias sob as quais uma economia de mercado garantia a
afetação socialmente ótima dos recursos. Os mercados devem promover a concorrência
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Efeitos de medidas
as de política estrutural: o caso do atual programa de assistência financeira a Portugal
Num estado
ado ideal, todos os mercados devem equilibrar-se
se para que se atinja a afetação
ótima de recursos. Há economistas que consideram que os mercados são naturalmente
eficientes e que não há necessidade da intervenção dos governos, outros identificam a
existência de falhas de mercado que justificam uma intervenção,
intervenção se as mesmas
estiverem claramente identificadas
identific e se visarem apenas a falha,, evitando desta forma
ciar novas distorções no mercado.
2.2.2.2. Regulamentação
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Efeitos de medidas
as de política estrutural: o caso do atual programa de assistência financeira a Portugal
2.2.2.3. Privatização
Para fazer face à existência de monopólios naturais, os países criaram empresas estatais
para evitar que as mesmas usem
us o seu poder de monopólio. Tal aconteceu por exemplo
na energia, telecomunicações
ecomunicações e transportes. Os preços eram regulamentados com base
nos custos. Mas estes não eram controlados, e, na ausência de concorrência,
concorrência a renda do
monopolista manifestou
ifestou-se sob a forma de negligência
ência na qualidade de produção e
serviço, e por vezes em gastos supérfluos,, nomeadamente do ponto de vista da
remuneração.. Estes problemas originaram uma onda de privatizações nestes sectores,
sectores
que continua a decorrer, com o objetivo de dinamizar o crescimento económico.
A propriedade pública de empresas pode ser vista como uma forma de subsidiação.
Estes subsídios também podem ser concedidos a empresas privadas, o que faz com que
surgem ineficiências
as por se beneficiar certas empresas em detrimento de outras. A razão
que leva os países a subsidiar
subsidia ou deter certas atividades deriva essencialmente de
interesses estratégicoss e políticos. Certos setores são considerados indispensáveis e são
objeto de políticas
íticas industriais ou comerciais que pretendem reforçar a posição das
da
entidades nacionais através da cedência de condições favoráveis ou subsidiação direta.
direta
O efeito de tais políticas é a prática de preços anormalmente altos em prejuízo dos
consumidores, prejudicando
rejudicando a eficiência dos mercados. A nível interno europeu, estas
políticas nacionais têm sido proibidas mas ainda existe
xiste resistências de certos setores
se em
vários países. De notar que na
n sua relação com o exterior, a própria União Europeia
mantém políticas
icas de preferência a nível europeu, por exemplo com a Airbus.
Supervisão financeira
Como vimos,, os mercados estão sujeitos a falhas que podem prejudicar o desempenho
económico. Os mercados financeiros
fin ceiros são fundamentais mas têm de ser bem vigiados
para limitar a possibilidade de surgirem crises com consequências gravosas para a
economia. As crises financeiras são uma consequência do problema da informação
assimétrica, que resulta do facto dos agentes
agentes ocultarem informações que podem ser
relevantes para o correto funcionamento dos mercados. A regulamentação permite
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Efeitos de medidas
as de política estrutural: o caso do atual programa de assistência financeira a Portugal
As falhas
lhas do sistema financeiro podem ser resolvidas pela intervenção do Estado,
E e no
caso da informação assimétrica,
assimétrica tal é conseguido com o estabelecimento de regras para
a informação que deve ser fornecida pelos agentes, de maneira a evitar implicações
económicas negativas.. A última crise financeira
ceira global demonstrou a existência de
grandes deficiências naa regulação
regulação financeira, o que motivou identificação das ações a
implementar por parte de muitos países para melhorarem as suas políticas de supervisão
e regulação financeira. É também relevante promover a concorrência entre as
instituições financeiras, e estabelecer
estabelecer reformas que permitam agilizar e fortalecer a
capacidade de concessão de crédito às pequenas e médias empresas, ao custo mais baixo
possível, de maneira a promover o empreendedorismo e a difusão de tecnologia, com
benefícios para o crescimento
crescim económico. Favorecer a concessão de crédito às
populações habitualmente desservidas poderá também contribuir para reduzir a exclusão
nos países não desenvolvidos, promovendo o surgimento de pequenos negócios.
Justiça
A lei e a ordem são uma externalidade. São um bem público e têm rendimentos
crescentes à escala, pois funcionam tanto melhor quanto mais aceites e aplicadas forem.
Todos beneficiam com o seu cumprimento, e o seu correto funcionamento promove a
igualdade entre todos. A eficiente aplicação da justiça impulsiona o investimento em
capital físico e humano,, pois promove um clima de confiança
confiança para os investidores, que
acreditam que a propriedade do capital investido não será expropriado ou nacionalizado
de forma inesperada.. Os direitos de propriedade permitem
tem ao mercado produzir
melhores resultados e limitar as externalidades negativas, uma vez que pretendem
garantir o respeito pela propriedade e a equidade de tratamento. São um bem público
porque cumprem os princípios de não-exclusão
não e de não-rivalidade
rivalidade, conforme já
referido no ponto 2.1.
Outras
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Efeitos de medidas
as de política estrutural: o caso do atual programa de assistência financeira a Portugal
2.2.3.1. Heterogeneidade
2.2.3.2. Regulamentação
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Efeitos de medidas
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Por isso, os governos intervêm, embora por vezes de uma forma desadequada. A
regulamentação do despedimento dificulta a redução dos postos de trabalho no curto
prazo e aumenta o custo do trabalho para as empresas. A falta de flexibilização
incentiva as empresas a preencherem
preencher as necessidades de trabalho adicional com o
recurso a horas extraordinárias, renovações consecutivas de contratos
contratos de curta duração,
ou com o auxílio de agências de trabalho
trabal temporário,, em vez de contratarem novos
trabalhadores.
Em geral, as políticas
cas que incidem sobre o mercado de trabalho visam: melhorar a
qualidade e a quantidade
dade de trabalho oferecida na economia e tornar o mercado de
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Efeitos de medidas
as de política estrutural: o caso do atual programa de assistência financeira a Portugal
As reformas fiscais, como a redução dos impostos sobre o trabalho para tornar o
trabalho compensador e reduzir o trabalho não declarado, mantendo simultaneamente as
receitas fiscais globais graças ao aumento do número de trabalhadores que contribuem,
favorecem o emprego. Outras reformas destinadas a incentivar a participação
parti de mais
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Efeitos de medidas
as de política estrutural: o caso do atual programa de assistência financeira a Portugal
pessoas no mercado de trabalho poderão incidir sobre a flexibilização dos horários dos
trabalhadores, dando-lhes
lhes maior
maio possibilidade de escolha.. Estas medidas poderão
favorecer a participação na força de trabalho de certos grupos, por exemplo as mulheres
com crianças a cargo.
As reformas dos mercados de trabalho não são fáceis de implementar, não só porque
normalmente são impopulares e por isso têm custos políticos para os governos, mas
igualmente devido ao peso dos parceiros sociais com quem,
quem, desejavelmente,
desejavel se tenta
acordar as reformas.. Contudo, estas podem ser vistas como uma intromissão no
processo de negociação coletiva.
coletiva
2.2.4. Tributação
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Efeitos de medidas
as de política estrutural: o caso do atual programa de assistência financeira a Portugal
bem-estar
estar ADEG e os produtores
pr a área GECB (Figura 2.4). Os triângulos DEF e EFC
são as perdas nos excedentes
edentes do consumidor e do produtor devido à tributação.
Fig.
Fig.2.4 – Carga excedentária da tributação
Os impostos que não provoquem distorções são apelativos aos governos. Correspondem
C
a impostos únicos ou retroativos.
retroativos Mas devido à forte impopularidade destes, a maioria
dos impostos efetivamente implementados acabam por se os que causam distorções nos
mercados.
Na prática, este
ste tipo de imposto afasta a economia do seu equilíbrio ótimo, podendo
mesmo acontecer que o aumento
aumento da tributação diminua a receita fiscal. A taxa de
imposto destorce de tal maneira a economia que a partir de um certo ponto a tributação
torna-se ineficiente, visto que se consegue menos receita com uma carga fiscal superior.
Este fenómeno é ilustrado pela curva de Laffer (Figura 2.5).
). Com uma carga fiscal nula
a receita é inexistente. A receita fiscal cresce com o aumento da carga tributária até
atingir o seu nível máximo no ponto D.. A partir daí a receita cai até um valor nulo,
nulo
quando a taxa dee imposto atinge
ating 100 %, pois produzir tornou-se
se inútil.
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Efeitos de medidas
as de política estrutural: o caso do atual programa de assistência financeira a Portugal
A curva de Laffer tem sido referenciada no âmbito daa problemática do imposto sobre o
trabalho. A tributaçãoo excessiva funciona efetivamente como um desincentivo.
desi Uma
carga tributária pesada pode favorecer fugas ao fisco,
fisco levar os indivíduos a reduzirem a
sua oferta de trabalho, e estimular a economia paralela. A tendência das organizações
económicas tem sido a de incentivar reformas estruturais fiscais
scais que promovam
promova o
crescimento económico aliviando a carga tributária sobre o trabalho,
trabalho e se necessário
compensando perdas com a tributação imóvel da propriedade e do consumo.
consum A redução
do peso da tributação soobre o trabalho aumenta o produto potencial graças à maior taxa
de participação no trabalho.
trabalho Mais especificamente, é possível diminuir
iminuir a carga fiscal
sobre os rendimentos mais baixos,
baixo sobre os reentrantes
trantes no mercado e sobre os
trabalhadores mais velhos,
velhos bem como diminuir as taxas de imposto marginais com vista
a aumentar o número de horas de trabalho de pessoas com formação superior.
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Efeitos de medidas
as de política estrutural: o caso do atual programa de assistência financeira a Portugal
A OCDE tem analisado o efeito das reformas estruturais nas finanças públicas, focando-
se nos
os gastos governamentais,
governamentais em particular com a saúde, educação e com o sistema de
pensões. A evidência empírica nos países da OCDE sugere que as ações de política que
podem levar a ganhos de produtividade ou reduções de desemprego estrutural tendem a
melhorar o saldo orçamental no longo prazo.. Consequentemente, existem sinergias
entre reformas estruturais em diversas áreas, nomeadamente focadas nos mercados de
trabalho e produtos,
odutos, e os saldos orçamentais (de Mello, 2010).
Nessa perspetiva, a OCDE considera que as reformas nas áreas da saúde e educação e
no sistema de pensões possuem um forte potencial de poupança por meio do aumento
da eficiência, permitindo a realocação desse saldo orçamental a favor do crescimento
económico.
nómico. Por exemplo, de
d acordo com Erlandsen (2007), em muitos países da OCDE,
a análise empírica revela que uma melhoria na eficiência dos gastos na saúde pode
aumentar significativamente a esperança de vida sem colocar um encargo financeiro
adicional no orçamento. No caso do sistema de pensões, uma reforma visando a
supressão dos incentivos
ncentivos à aposentação antecipada poderá ser favorável ao crescimento,
na medida em que a utilização do trabalho seria aumentada. Analogamente, parece
existir um forte potencial de poupança na educação (Sutherland et al., 2007).
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Efeitos de medidas
as de política estrutural: o caso do atual programa de assistência financeira a Portugal
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Efeitos de medidas
idas de política estrutural: o caso
ca do atual programa de assistência financeira a Portugal
3
IDENTIFICAÇÃO
CAÇÃO E AVALIAÇÃO DE IMPACTO DOS
INDICADORES
CADORES ESTRUTURAIS
Para poder avaliar os impactos que as medidas estruturais do Memorando poderão ter
em Portugal, importa perceber quais os impactos dos diferentes tipos de reformas
possíveis no PIB potencial per capita do país e quall a situação inicial,
inicial comparando os
valores desses
sses indicadores estruturais com as médias da OCDE e daa União Europeia.
Europeia
No modelo, ass políticas estruturais cujo impacto foi estimado estão focadas,
focadas
designadamente, no mercado de trabalho, no sistema fiscal, naa regulamentação do
mercado de produtos, noo capital humano, nos
os programas de apoio social, no comércio e
investimento estrangeiro,
ngeiro, e nos incentivos à investigação e desenvolvimento.
desenvolvimento
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Efeitos de medidas
idas de política estrutural: o caso
ca do atual programa de assistência financeira a Portugal
Barnes et al. (2011) explicam que o objetivo foi fornecer instrumentos de cálculo direto.
Interligaram os resultados existentes e produziram estimativas dos seus efeitos globais
no PIB, tendo em conta as várias vias através das
das quais as políticas estruturais poderiam
afetar o desempenho económico.
econó
CAPITA
1
Tendo em conta a diferença existente e conhecida de PIB per capita do país em relação à média da
OCDE, ao fazer uma simulação considerando que Portugal tem indicadores estruturais iguais aos da
média, é possível comparar os resultados entre esta e a realidade.
realid
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Efeitos de medidas
idas de política estrutural: o caso
ca do atual programa de assistência financeira a Portugal
Dee acordo com os resultados de Barnes et al. (2011), algumas das medidas
medid têm, por um
lado, impacto nulo ou residual no estado estacionário,
estacionário e por outro, os seus indicadores
têm valores em que Portugal está alinhado com a média da OCDE e da UE.
UE Assim,
optou-se por retirar esses indicadores,
indicadores 5 de um total de 25,, de maneira
maneir a simplificar a
análise. Essas
as medidas são referentes aos apoios e benefícios sobre o cuidado de
crianças, à quantidade média semanal de horas normais e extras trabalhadas, às
restrições ao investimento direto estrangeiro e às barreiras tarifárias.
Consideraram-se
se cinco indicadores estruturais nesta área:
• 1. Average net
et income replacement
r rate for unemployment (long-term)
(long [%]: é a
percentagem de reposição do salário
salári líquido nos cinco anos subsequentes à
perda de emprego,
emprego, qualquer que seja o tipo de subsídio dado pelo Estado durante
esse período. Quanto mais baixa for,
for maior será o PIB no longo
l prazo. A
redução desta taxa tem um efeito relativamente rápido, pois ao fim de dez anos
atinge-se
se mais de metade do crescimento esperado no estado estacionário.
estacionário Tendo
em conta o desvio padrão no conjunto dos países da OCDE, a redução desta taxa
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Efeitos de medidas
idas de política estrutural: o caso
ca do atual programa de assistência financeira a Portugal
tem um efeito positivo muito importante no PIB potencial (com uma diminuição
de 10% na taxa obtém-se
obtém mais 4,7% de PIB);
• 2. Employment Protection Legislation (EPL) (regular) [índice de 0 a 6]:
6 é um
índice que se refere a todos os tipos de medidas de proteção do emprego efetivo.
efetivo
Baseia-se
se principalmente na legislação,
egislação, decisões judiciais, regulamentação
coletiva, etc. Quanto menos elevado for este índice, menor é a proteção do
emprego, e maior será o PIB no longo prazo. A diminuição deste indicador tem
te
um efeito relativamente rápido: ao fim de dez anos conseguee-se mais de metade
do crescimento esperado no estado estacionário.
estacionário. A redução deste indicador tem
um impacto positivo significativo no PIB de longo prazo (mais 3%
3 em média
com menos uma unidade no índice);
índice)
• weeks é o número de semanas de licença de maternidade
3. Maternity leave weeks:
(pagas ou não). Quanto
Quan mais baixo for este número, mais elevado será o PIB no
longo prazo. A diminuição deste indicador tem um efeito rápido, ao fim de dez
anos já se atinge o potencial de crescimento esperado para o estado estacionário.
Mesmo com uma redução de 10 semanas deste indicador, não se consegue um
forte impacto no PIB do estado estacionário (apenas duas décimas);
décimas)
• age é a idade
4. Standard retirement age: de legal da reforma. Quanto mais elevada for
essa idade,
e, maior será o PIB no longo prazo. O aumento dessa idade tem um
efeito lento, ao fim de dez anos atinge-se
atinge 2/3 doo potencial de crescimento
esperado para o estado estacionário. O aumento de um ano tem algum impacto
no PIB do estado estacionário (três décimas);
• 5. Implicit taxes on continued work at older ages (early retirement) [%]: por
definição, é um "imposto implícito por continuar a trabalhar"
trabalhar mais cinco anos
(este indicador early retirement considera o valor médio dos trabalhadores de 55
e 60 anoss de idade). Ao
A trabalhar mais um ano, está-se a reduzir o seu saldo de
pensão líquido. O acréscimo de pensão obtido não corresponde ao aumento das
contribuições que se está a fazer para o sistema de pensões.. Quanto mais baixa
baix
for esta taxa maior é o incentivo
incentivo de continuar a trabalhar, logo a sua redução tem
um efeito positivo. O impacto é relativamente rápido, pois ao fim de dez anos
atinge-se
se metade do crescimento esperado no estado estacionário. Também tem
um efeito quantitativo não desprezível no PIB potencial
po médio
médio.
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Efeitos de medidas
idas de política estrutural: o caso
ca do atual programa de assistência financeira a Portugal
• 6. Average tax wedge on labour [%]:: é a carga fiscal média sobre o trabalho,
trabalho que
incide sobre a empresa e o trabalhador,, incluindo as contribuições para a
segurança social (TSU em Portugal).
Portugal) Quanto mais reduzida for esta
es carga fiscal,
maior será o PIB no longo prazo. A diminuição da mesma tem um efeito rápido,
quase 2/3 do impacto esperado no estado estacionário é conseguido num espaço
de 10 anos. O impacto da redução desta percentagem é muito forte:
forte uma redução
de 10% resulta
lta num aumento do PIB de 7,3%
% na média da OCDE;
OCDE
• 7. Marginal tax wedge on labour [%]: é o imposto marginal sobre o trabalho.
Mede o montante de imposto pago por umaa unidade adicional de rendimento.
rendimento A
diferença é expressa como uma percentagem da alteração na compensação de
trabalho total. A taxa marginal de imposto para um indivíduo irá
i aumentar à
medida que o rendimento aumenta. Quanto mais modesta for esta taxa,
taxa maior
será o PIB no longo prazo. A diminuição da mesma tem um efeito rápido, mais
de 90%
% do impacto expectável no estado estacionário é conseguido em 10 anos.
O efeito quantitativo deve ser tido em conta:: uma redução de 10%
10 resulta num
aumento do PIB de longo prazo em 1,2% em média,, segundo o modelo;
modelo
• 8. Share of consumption and property taxes [%]: é a proporção dos impostos
sobre o consumo e a propriedade,
propriedade no conjunto da carga fiscal. O PIB no longo
prazo será tanto maior quanto maior for esta proporção.
proporção O seu aumento tem um
impacto relativamente demorado:
demorado o crescimento do PIB ao fim de 10 anos é
menos de metade do esperado no estado estacionário. Mas o efeito da redução
desta taxa é forte: uma subida de 10%
% resulta num aumento do PIB de longo
prazo em 2,5% em média.
No mercado de produtos,
produtos usamos oito índices relativos à regulação de diferentes
setores, e um nono que corresponde à média desse conjunto:
30
Efeitos de medidas
idas de política estrutural: o caso
ca do atual programa de assistência financeira a Portugal
• 9. Gas sector, 10. Electricity sector, 11. Road sector, 12. Rail sector, 13. Air
sector, 14. Post sector, 15. Telecommunications
ations sector, 16. Overall product
tions [índice de 0 a 6 (máximo)]: a restrição da regulação nestes
market - regulation
diferentes sectores
tores é tanto maior quanto mais elevado for o índice. O PIB no
longo prazo
zo será tanto maior quanto menor for a regulação em qualquer um dos
sectores.
tores. O seu impacto é rápido: o crescimento do PIB ao fim de 10 anos
corresponde a mais de 60%
60 do esperado
rado no estado estacionário. E o efeito da
redução é forte: cada unidade a menos no índice corresponde a um aumento
médio do PIB no estado estacionário de mais de 2,0%.
• 19. PISA score: são os pontos conseguidos no teste PISA pelos alunos do país. É
um programa mundial de avaliação de desempenho escolar. É coordenado pela
OCDE,, com vista a melhorar as políticas e resultados educacionais. O PIB no
longo prazo
zo será maior com melhores resultado no teste.
teste. O seu impacto é muito
lento:
o: o crescimento do PIB ao fim de 10 anos corresponde a menos de 20%
2 do
31
Efeitos de medidas
idas de política estrutural: o caso
ca do atual programa de assistência financeira a Portugal
esperado
rado no estado estacionário. Mas o efeito
to da melhoria do resultado é
significativo: mais 10 pontos no PISA são suficientes para
p conseguir um
aumento médio do PIB no estado estacionário de 1,1%;
• 20. Average years of schooling (15-24
(15 cohort):: mede o impacto dos
d anos de
escolaridade numa geração de dez anos no PIB potencial. As
A reformas atuam
quando os alunos têm 15-24 anos e os resultados são visíveis nas décadas
seguintes. O seu impacto é muito lento: o crescimento do PIB ao fim de 10 anos
corresponde somente a cerca de 20% do esperado
rado no estado estacionário. Apesar
de demorar muito a produzir todos os efeitos, o impacto doo aumento dos anos de
escolaridade é muito forte:
forte mais um ano de escolaridade numa geração são
suficientes para conseguir um aumento do PIB no estado estacionário de 5,2%
em média.
O modelo que serviu de base a esta avaliação quantifica os efeitos das diferentes
medidas estruturais no PIB per capita para um horizonte temporal de 10 anos e para o
estado estacionário, respetivamente. Tanto
anto para a média da OCDE como para os países
membros individualmente. Como o modelo integra as diferentes características dos
países, os resultados em termos
te de variação percentual do produto
roduto no tempo diferem
para cada um deles, mantendo contudo a mesma ordem de grandeza.
Foram compilados
os os dados relativos ao impacto de um choque unitário relativo a cada
indicador estrutural. Esse valor unitário corresponde à ordem de grandeza do indicador,
indicador
32
Efeitos de medidas
idas de política estrutural: o caso
ca do atual programa de assistência financeira a Portugal
e permite observar o efeito percentual sobre o PIB per capita num prazo de 10 anos e no
estado estacionário, quando se atua especificamente nessas áreas com uma determinada
unidade de choque. O desvio padrão dos diferentes valores dos indicadores na OCDE
permite avaliar melhor a dimensão dos choques em causa.
A listagem
agem dos diferentes parâmetros e resultados permite identificar quais as medidas
estruturais que produzem efeitos mais intensos, e quais as que têm
t m efeito mais rápido,
i.e., quais é que permitem atingir o crescimento correspondente ao estado estacionário
mais rapidamente,, e quais as que atuam mais fortemente na variação percentual do PIB
potencial (Quadro 3.1).
Analisando o nível de atuação das medidas num prazo de dez anos, a ordem dos três
primeiros mantém-se
se inalterada, mas o indicador relativo aos anos de escolaridade deixa
de ter impacto forte. Segundo Luiz de Mello et al. (2010), e conforme se deduz destes
resultados, o tempo que demora a atingir o estado de equilíbrio difere entre as áreas de
33
Efeitos de medidas de política estrutural: o caso do atual programa de assistência financeira a Portugal
Quadro 3.1 – Indicadores estruturais: efeitos dos choques no PIB per capita e comparação Portugal/OCDE/UE
Portugal/OCDE/
Portugal vs Média
Média OCDE¹ Portugal Portugal vs UE
OCDE UE¹
Choque % var. % var. % var.
unitário Estado Estado
Valor Desvio PIB PIB Valor PIB Valor Intens. Rapidez
Δ PT Δ PT
indicador padrão após 10 Estado indicador Estado indic. choque choque
(PIB) (PIB)
anos estac. estac.
POLÍTICAS FOCADAS NO MERCADO DE
TRABALHO
1. Net income replacement rate for
-10% 50,63 18,1 2,9 4,7 38,50 4,0 -12,13 Melhor 51,09 -12,59 Melhor Alta Alta
unemployment (long-term) [%]
2. Employment Protection Legislation
-1 2,16 0,7 1,6 3,0 3,63 2,6 1,47 Pior 2,39 1,24 Pior Alta Média
(EPL) (regular) [0 min a 6 max]
3. Maternity leave weeks -10 sem 27,00 20,2 0,2 0,2 17,00 0,2 -10,00 Melhor 23,00 -6,00 Melhor Baixa Alta
4. Standard retirement age +1 ano 63,80 2,1 0,1 0,3 65,00² 0,3 1,20 Melhor 63,90 1,10 Melhor Baixa Baixa
5. Implicit taxes on continued work at
-10% 24,00 23,1 0,3 0,6 14,73 0,6 -9,26 Melhor 30,94 -16,21 Melhor Média Média
older ages (early retirement) [%]
TRIBUTAÇÃO
6. Average tax wedge on labour (casal
-10% 27,14 10,3 4,6 7,3 29,71 6,1 2,57 Pior 32,40 -2,69 Melhor Alta Média
com 2 filhos) [%]
7. Marginal tax wedge on labour (
-10% 43,48 11,3 1,1 1,2 47,54 1,1 4,06 Pior 49,89 -2,35 Melhor Média Alta
indivíduo rendimento médio) [%]
8. Share of consumption and property
+10% 36,11 7,2 1,0 2,5 41,65 2,5 5,54 Melhor 35,70 5,95 Melhor Média Baixa
taxes [%]
POLÍTICAS FOCADAS NO MERCADO DE
PRODUTOS
9. Gas regulation [0 min a 6 max] -0,1 2,38 1,1 0,1 0,2 2,95 0,3 0,57 Pior 2,42 0,53 Pior Média Alta
10. Electricity regulation [0 a 6] -0,1 2,00 1,3 0,1 0,2 1,00 0,3 -1,00 Melhor 1,54 -0,54 Melhor Média Alta
34
Efeitos de medidas de política estrutural: o caso do atual programa de assistência financeira a Portugal
11. Road regulation [0 a 6] -0,1 1,33 1,1 0,1 0,2 1,25 0,3 -0,08 Melhor 1,30 -0,05 Melhor Média Alta
12. Rail regulation [0 a 6] -0,1 3,74 1,3 0,1 0,2 4,50 0,3 0,76 Pior 3,53 0,97 Pior Média Alta
13. Air regulation [0 a 6] -0,1 1,40 1,0 0,1 0,2 3,00 0,3 1,60 Pior 1,38 1,62 Pior Média Alta
14. Post regulation [0 a 6] -0,1 2,80 0,9 0,1 0,2 3,20 0,3 0,40 Pior 2,46 0,74 Pior Média Alta
15. Telecommunications regulation [0 a 6] -0,1 1,41 0,6 0,1 0,2 1,11 0,3 -0,30 Melhor 1,38 -0,26 Melhor Média Alta
35
Efeitos de medidas
idas de política estrutural: o caso
ca do atual programa de assistência financeira a Portugal
Outras medidas têm um impacto significativo no PIB potencial, contudo mais reduzido:
as reduções daa proteção do emprego, do
d imposto implícito sobre a continuação do
trabalho e do imposto marginal, e ainda o aumento dos benefícios fiscais para I&D
I e da
proporção da tributação sobre o consumo e a propriedade na carga fiscal total (esta
medida tem um impacto mais lento que as outras). Um choque igual ao desvio padrão
de cada uma destas medidas aumentam o produto potencial entre 1,2 a 2,1%.
Barnes et al. (2011) referem que as evidências empíricas mostram que as reformas no
mercado de produtos poderão ter contribuído para o essencial do crescimento do PIB
per capita, relacionado com as reformas estruturais, nos países da OCDE ao longo da
década que precedeu a recente a crise financeira e económica.
económica. As simulações
simulaçõ indicam
ainda que tratar o conjunto dos pontos fracos de cada país, alinhando os valores dos
36
Efeitos de medidas
idas de política estrutural: o caso
ca do atual programa de assistência financeira a Portugal
INDICADORES
Identifica-se
se de seguida as mediadas por ordem de potencial de crescimento, à exceção
do 16 que é a média dos indicadores 9 a 15, tendo-se
tendo se optado por não ordenar este. São
também somados os valores para
para o conjunto das diferentes áreas em que os indicadores
se inserem para estabelecer uma ordem em termos de influência.
Da avaliação, resulta que existe um indicador com impacto especialmente elevado (mais
de 10%):
37
Efeitos de medidas
idas de política estrutural: o caso
ca do atual programa de assistência financeira a Portugal
OCDE¹ Portugal
Valor % var.
indicador Δ PT PIB
Descrição do indicador Choque com /Valor estado
Valor Desvio Valor
unitário desvio Desvio estac. Rank
indic. padrão indic.
padrão padrão desvio
favorável OCDE padrão
PIB OCDE
POLÍTICAS FOCADAS NO
9,32 D
MERCADO DE TRABALHO
1. Net income repl. rate for
10%
-10% 50,63 18,1 32,53 38,50 5,98 2,39 10
unemployment long-term [%]
2. Employment Protection
1
-1 2,16 0,7 1,47 3,63 2,16 5,63 5
Legislation (EPL)
3. Maternity leave weeks -10
10 sem 27,00 20,2 6,80 17,00 10,20 0,20 17
4. Standard retirement age +1 ano 63,80 2,1 65,90 65,00² -0,90 0,27 16
5. Implicit taxes on cont.
work at older ages early -10%
10% 24,00 23,1 0,86 14,73 13,87 0,83 14
retirement [%]
TRIBUTAÇÃO 9,94 C
6. Average tax wedge on
-10%
10% 27,14 10,3 16,87 29,71 12,84 7,83 3
labour [%]
7. Marginal tax wedge on
-10%
10% 43,48 11,3 32,18 47,54 15,36 1,69 11
labour [%]
8. Share of consumption and
+10% 36,11 7,2 43,31 41,65 -1,66 0,42 15
property taxes [%]
POLÍTICAS FOCADAS NO
27,71 A
MERCADO DE PRODUTOS
9. Gas regulation -0,1
0,1 2,38 1,1 1,33 2,95 1,62 4,86 6
10. Electricity regulation -0,1
0,1 2,00 1,3 0,70 1,00 0,30 0,91 13
11. Road regulation -0,1
0,1 1,33 1,1 0,23 1,25 1,02 3,07 9
12. Rail regulation -0,1
0,1 3,74 1,3 2,46 4,50 2,04 6,11 4
13. Air regulation -0,1
0,1 1,40 1,0 0,37 3,00 2,63 7,88 2
14. Post regulation -0,1
0,1 2,80 0,9 1,90 3,20 1,30 3,90 7
15. Telecommunications
-0,1
0,1 1,41 0,6 0,79 1,11 0,32 0,97 12
regulation
16. Product market regulation
-0,1
0,1 2,15 0,6 1,55 2,43 0,88 16,72
(média 9 a 15)
INCENTIVOS I&D -0,38
0,38 E
17. R&D tax subsidies +0,1 0,11 0,1 0,23 0,28 0,05 -0,38
0,38 19
18. R&D direct subsidies +10% 0,07 0,1 0,12 0,02 -0,10 0,00 18
CAPITAL HUMANO 17,84 B
19. PISA score +10 pts 496,67 21,0 517,67 489,67 -28,00 3,36 8
20. Average years of
+1 ano 12,56 1,0 13,56 11,15 -2,41 14,48 1
schooling (15-24 cohort)
1. Média não ponderada, e sem certos países em alguns indicadores. Impacto > 10 %
2. Função pública PT = 63 anos (2011). Impacto entre 5 e 10 %
Impacto entre 1 e 5 %
Impacto < 1 %
38
Efeitos de medidas
idas de política estrutural: o caso
ca do atual programa de assistência financeira a Portugal
• regulation 4,9%;
9. Gas regulation:
• regulation 3,9%;
14. Post regulation:
• 19. PISA score:: 3,4%;
• regulation 3,1%;
11. Road regulation:
• 1. Average net income replacement rate for unemployment (long-term):
(long 2,4%;
• labour 1,7%.
7. Marginal tax wedge on labour:
• Mercado de produtos:
produtos 28%;
• Capital humano:: 18%;
• Tributação:: 10%;
• Mercado de trabalho:
trabalho 9%;
• Incentivos I&D:: 0% (Portugal está melhor que o desvio padrão favorável da
OCDE).
No mercado de produtos,
produtos os sectores mais favoráveis em termos de desregulamentação
são os transportes aéreos (+8%)
( e o sector ferroviário (+6%).
6%). Os sectores
se do gás,
39
Efeitos de medidas
idas de política estrutural: o caso
ca do atual programa de assistência financeira a Portugal
correios e estradas também são apelativos para uma intervenção. Na educação, elevar a
média de anos de escolaridade da população, atuando nos jovens dos 15 aos 24 anos,
teria benefícios consideráveis (+14%). Neste contexto, é de registar o aumento, já
oficializado, do ensino obrigatório para os 12 anos de escolaridade.
escolaridade Esta medida, sendo
adequadamente implementada, será muito importante para o crescimento no futuro.
Todavia, como já foi assinalado anteriormente, as reformas na educação têm o
inconveniente de demorarem muito tempo a produzir os seus efeitos.
40
Efeitos de medidas
idas de política estrutural: o caso
ca do atual programa de assistência financeira a Portugal
4
ANÁLISE DAS
AS MEDIDAS ESTRUTURAIS
ESTRUT DO MEMORANDO
EMORANDO
4.1.1. Introdução
Nos tempos que antecederam o pedido de assistência financeira,, Portugal foi submetido
à pressão intensa dos mercados
mercados financeiros, devido à preocupação crescente sobre a
sustentabilidade das suas finanças públicas. Com uma economia estruturalmente débil,
débil a
crise teve um impacto negativo considerável nas
as finanças públicas do país,
país verificando-
se um forte aumento dos spreads públicos que serve de referência na zona do euro.
euro O
país deixou de conseguir refinanciar-se a taxas conciliáveis com uma sustentabilidade
sustentabil
orçamental a longoo prazo, situação agravada ainda pelas sucessivas desvalorizações dos
títulos públicos portugueses por
po parte das agências de notação. Adicionalmente, o setor
se
bancário encontrava-se cada vez mais dependente do Eurosistema,, dadas as crescentes
dificuldades de financiamento
financiame sentidas no mercado internacional.
41
Efeitos de medidas
idas de política estrutural: o caso
ca do atual programa de assistência financeira a Portugal
4.1.2.1.Descrição
Descrição das medidas
m
4.1.2.2. Análise
Ass medidas estão de acordo com a teoria apresentada no capítulo 2, e vão no sentido de
combater a segmentação do mercado de trabalho português, diminuindo os benefícios
do emprego permanente e aumentando a cobertura do subsídio de desemprego dos
trabalhadores com menor antiguidade.
antiguidade Estão igualmente totalmente de acordo com as
prioridades recomendadas pela OCDE no último Going for Growth 2012.
2012
42
Efeitos de medidas
idas de política estrutural: o caso
ca do atual programa de assistência financeira a Portugal
4.1.3.1.Descrição
Descrição das medidas
43
Efeitos de medidas
idas de política estrutural: o caso
ca do atual programa de assistência financeira a Portugal
4.1.3.2. Análise
44
Efeitos de medidas
idas de política estrutural: o caso
ca do atual programa de assistência financeira a Portugal
4.1.4. Tributação
4.1.4.1.Descrição
Descrição das medidas
• Recalibragem
ecalibragem do sistema fiscal que seja neutral do ponto de vista orçamental,
com vista a reduzir os custos laborais e a promover a competitividade;
• Introdução de uma regra de congelamento em todos os benefícios fiscais;
• Redução
dução das deduções fiscais e regimes
regimes especiais em sede de IRC;
• Redução dos benefícios e deduções fiscais
fisc em sede de IRS;
• Englobamento de prestações sociais para efeitos de tributação em sede de IRS e
convergência de deduções em sede de IRS aplicadas a pensões
pensões e a rendimentos
de trabalho dependente;
dependente
• Alterar a tributação sobre o património,
p atualizar o valor patrimonial
pa matricial
dos imóveis, reduzindo substancialmente as isenções temporárias aplicáveis às
habitações próprias;
• Aumento das
as receitas de IVA;
45
Efeitos de medidas
idas de política estrutural: o caso
ca do atual programa de assistência financeira a Portugal
• Aumentar
umentar os impostos especiais sobre o consumo;
consumo
• Reforçar o combate à fraude e à evasão fiscais e à informalidade.
informalidade
4.1.4.2. Análise
4.1.5.1.Descrição
Descrição das medidas
Os objetivos destas
as medidas são: melhorar a eficiência
ia da administração pública através
da supressão de redundâncias, a simplificação de procedimentos
mentos e a reorganização de
serviços. Visam regular a criação e o funcionamento de todas as entidades públicas.
Melhorar o procedimento orçamental por meio do enquadramento legal,
legal incluindo a
adaptação em conformidade da Lei das Finanças Regionais
is e da Lei das Finanças
Locais. Por fim, ambicionam reforçar
reforçar a gestão de riscos, a responsabilização, o reporte e
a monitorização.
4.1.5.2. Análise
46
Efeitos de medidas
idas de política estrutural: o caso
ca do atual programa de assistência financeira a Portugal
47
Efeitos de medidas
idas de política estrutural: o caso
ca do atual programa de assistência financeira a Portugal
anos1, e a oficialização do ensino obrigatório até ao 12.º ano, vai aumentar até a
média atual da UE;
UE
• Os resultados do PISA vão convergir para a média da UE2;
• Vai ser reduzida, a prazo, em 5%
5 a carga fiscal média
ia sobre o trabalho, e
aumentada em 5% a proporção dos impostoss sobre o consumo e propriedade.
Os resultados são apresentados no Quadro 4.1. Evidenciam que os efeitos totais das
medidas consideradas neste cálculo seriam suficientes para aumentar
ar o PIB per capita
em 32% no estado estacionário. Tal seria suficiente
uficiente para ultrapassar ligeiramente o PIB
per capita (atual) da União Europeia3.
Em termos globais, no que toca à política estrutural o programa está de acordo, por um
lado, com o que aconselha o enquadramento teórico, e por outro, inclui as medidas mais
1
O último valor conhecido para Portugal é de 15,9 anos, igual ao da Alemanha e superior aos da Suécia e
Suíça. Fonte: UNESO (2011).
2
De 2006 para 2009, os resultados de Portugal subiram de 95% para 99% da média da OCDE e UE.
3
De acordo com os dados do World
Wo Bank (2011).
48
Efeitos de medidas
idas de política estrutural: o caso
ca do atual programa de assistência financeira a Portugal
49
Efeitos de medidas de política estrutural: o caso do atual programa de assistência financeira a Portugal
50
Efeitos de medidas
as de política estrutural: o caso do atual programa de assistência financeira a Portugal
5
CONCLUSÃO
O objetivo deste trabalho foi descrever, analisar e quantificar o impacto dos diferentes
tipos de medidas de política estrutural, com vista a avaliar o fundamento das reformas
estruturais previstas no programa de assistência financeira a Portugal.
Ao longo deste trabalho, o estudo da política estrutural foi feito do ponto de vista
teórico, por um lado, e numa perspetiva prática e quantitativa por outro, designadamente
através
través da simulação, com base num modelo desenvolvido
desenvolvido por Barnes et al. (2011), dos
impactos provocados pela alteração de diferentes indicadores estruturais no produto
potencial de Portugal. Antes da aplicação do modelo,
modelo foram apresentadas as limitações
do mesmo, derivado de algumas simplificações,
simpli duplicações e incertezas nos
no processos
de cálculo.
51
Efeitos de medidas
as de política estrutural: o caso do atual programa de assistência financeira a Portugal
52
Efeitos de medidas de política estrutural: o caso do atual programa de assistência financeira a Portugal
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