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CURSO TÉCNCO DE CONTABILIDADE E GESTÃO

ÁREA DE ADMINISTRAÇÃO E SERVIÇOS

PROVA DE APTIDÃO PROFISSIONAL

ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS E SEU IMPACTO NA


TOMADA DE DECISÕES: ESTUDO DE CASO APLICADO A EMPRESA
FRAMINDE, LDA NOS EXERCÍCIOS DE 2021-2022

AUTOR: ERICA DANIELA ANA PAZ ANTÓNIO

Classe: 13ª
ORIENTADOR:
 VICTOR SPTHOPETRA HUAMBO

Benguela 2022/2023
CURSO TÉCNICO DE CONTABILIDADE E GESTÃO
ÁREA DE ADMINISTRAÇÃO E SERVIÇOS

PROVA DE APTIDÃO PROFISSIONAL

ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS E SEU IMPACTO NA


TOMADA DE DECISÕES: ESTUDO DE CASO APLICADO A EMPRESA
FRAMINDE, LDA NOS EXERCÍCIOS DE 2021-2022

Prova de Aptidão Profissional apresentada ao


Complexo Escolar Privado Bankazi de Benguela
como requisito para obtenção do título de Técnica
Média em Contabilidade e Gestão.

AUTOR: ERICA DANIELA ANA PAZ ANTÓNIO


Classe/Turmas: 13ª/U
Nº de Matricula:
Curso: Contabilidade e Gestão

O COORDENADOR DO CURSO
_________________________________________
VICTOR SPTHOPETRA HUAMBO

A AUTORA O ORIENTADOR
__________________________ _______________________

Benguela 2022/2023
FOLHA DE APROVAÇÃO

Autora: ERICA DANIELA ANA PAZ ANTÓNIO

Tema: Análise das demonstrações financeiras e seu impacto na tomada de decisões:


estudo de caso aplicado a empresa framinde, lda nos exercícios de 2021-2022.

Orientador :Victor Spthopetra Huambo

Aprovada com conceito ___________________________________________

Benguela,____ de____________ 2024

Nome do membro do Júri __________________________________________

Nome do membro do Júri __________________________________________

Nome do membro do Júri __________________________________________


PENSAMENTO

O sucesso de uma empresa é consequência de investimentos e decisões arriscadas.

Attie
DEDICATÓRIA

À minha mãe para mostrar a ela que a persistência e o tempo são recursos fundamentais
para o alcance de qualquer objectivo. O que de facto ela fez e continua fazendo em
mim.
AGRADECIMENTOS

Reconheço a grandeza metafisica de Deus na minha vidas enquanto simples mortal


e acredito que no plano etéreo, Deus orquestrou premeditadamente o alcance deste
objectivo, por isto, manifesto em primeiro lugar, os meus sempiternos
agradecimentos.

À minha família, em particular a mãe por sua total entrega na minha formação
multinível.

Ao professpr Victor Spthopetra Huambo, orientador deste trabalho por seu esforço
alienado exclusivamente em benefício da ciência, sem medir o tempo e o custo de
oportunidade em detrimento do presente, os meus profundos e imortalizados
agradecimentos.

Finalmente, mas não menos importante, estendos sinceros agradecimentos à todas as


mãos não mencionadas aqui mas que foram verdadeiros benfeitores no âmbito da
execução deste trabalho

´
RESUMO

O presente trabalho foi orientado com o objectivo de se analisar as demonstrações


financeiras da empresa Framinde, Lda nos exercícos de 2021-2022 como fundamento
para o auxílio no processo de tomada de decisões. Deste modo, fezendo recurso aos
métodos teóricos tais como Histórico-lógico; análise-síntese e Hipotético-dedutivo e
empírico como análise documental, foi possível concluir que a análise das
demonstrações financeiras é uma actividade que tem em vista o diagnóstico da situação
económica e financeira dentro de um determinado período. A empresa Framinde, lda
apresentou uma boa capacidade de criação de receitas visto que todos os indicadores de
rendibilidade apresentaram-se em intervalos numéricos aceitáveis sobre o ponto de vista
económico, a capacidade de retorno sobre os investimentos e sobre os activos
apresentou-se em intervalos numéricos aceitáveis, porém, registou-se um decréscimo
destes indicadores entre um período e o outro, o que demosntra ineficiência nas
estratégias de vendas da empresa.

Palavras-Chave : Influência, análise, demonstrações financeiras e processo de tomada


de decisões.
ÍNDICE

PENSAMENTO..............................................................................................................III

DEDICATÓRIA..............................................................................................................IV

AGRADECIMENTOS.....................................................................................................V

INTRODUÇÃO...............................................................................................................10

CAPÍTULO I-ENQUADRAMENTO TEÓRICO...........................................................14

1.2. Conceitos gerais....................................................................................................14

1.2. Objectivos da análise das demonstrações financeiras...........................................15

1.2.1. Análise económica e financeira das demonstrações financeiras....................16

1.3. Técnicas de análise das demonstrações financeiras..............................................19

1.3.1. Análise Vertical (AV)....................................................................................19

1.3.2. Análise Horizontal (AH)................................................................................20

1.3.3. Análise por quocientes ou índice...................................................................21

1.4. Análise pelos indicadores de liquidez...................................................................21

1.4.1. Indicador de liquidez imediata.......................................................................22

1.4.2. Indicador de liquidez reduzida.......................................................................22

1.4.3. Liquidez corrente...........................................................................................23

1.4.4. Liquidez geral.................................................................................................23

1.5. Índices de Endividamento.....................................................................................24

1.5.1. Endividamento Geral.....................................................................................24

1.5.2. Composição do Endividamento.....................................................................25

1.5.3. Imobilização do Patrimônio Líquido.............................................................26

1.5.4. Indice de Autonomia financeira e Solvabilidade...........................................26

1.6. Índices de Rentabilidade.......................................................................................28

1.6.1.Margem Bruta.................................................................................................29

1.6.2. Rendibilidade do Activo Total (ROA)...........................................................29


1.6.3. Rentabilidade do Patrimônio Líquido (ROE)................................................30

1.7. A tomada de decisão.............................................................................................30

Recomendações...............................................................................................................44

Referências bibliográficas...............................................................................................45
INTRODUÇÃO

Segundo Montoto (2015), a análise das demonstrações financeiras é uma actividade do


departamento de finanças em consonância com os serviços de contabilidade que
envolve a aplicação de técnicas e ferramentas para examinar minuciosamente os
relatórios financeiros de uma empresa. Essa análise busca compreender a estrutura
financeira da empresa, sua capacidade de geração de lucros, sua eficiência operacional e
sua saúde financeira geral.

Para Gitman (2010), ao realizar a análise das demonstrações financeiras, diversos


indicadores e métricas são utilizados, tais como a liquidez, rendibilidade,
endividamento, actividade operacional e o fluxo de caixa. Essas informações são
extraídas das demonstrações contabilísticas e financeiras tradições como, os balanços
patrimoniais, demonstrações de resultados, demonstrações de fluxos de caixa e as notas
explicativas.

Benzinho e Rodrigues (1998) citados em Manaia (2017), através destas análises, é


possível identificar tendências, detectar desvios significativos em relação a períodos
anteriores ou ao desempenho do sector, avaliar a eficácia das estratégias financeiras
adoptadas pela empresa e auxiliar na tomada de decisões de gestão, como é o caso das
decisões de financiamento e as decisões de investimentos.

Contudo, os resultados da análise das demonstrações financeiras permitem aos


investidores, analistas e gestores, compreenderem melhor a situação financeira de uma
empresa e tomar decisões embasadas em dados concretos.

Problema de investigação

Qual é a influência da análise das demonstrações financeiras no processo de tomada de


decisões na empresa Framinde, Lda?

Objectivo geral

 Compreender o impacto da análise das demonstrações financeiras no processo


de tomada de decisões, visando identificar a maneira como esta análise contribui
para o desempenho económico e financeiro da empresa.

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Objectivos específicos

 Descrever os fundamentos teórico-metodológico que sustentam o tema,


baseando-se nas ideias dos autores consultados e relaciona-las com a empresa
Framinde, Lda;
 Caracterizar o estado da actual situação económico-financeira da empresa
Framinde, Lda tendo por base os resultados do período de 2021-2022;
 Analisar por meio das demonstrações financeiras os indicadores económicos e
financeiros da empresa Framinde, Lda no período de 2021-2022 de modo a
contribuir no processo de tomada de decisões.

Hipótese

Se a análise das demonstrações financeiras permitir a produção de resultados que


indiquem a real situação financeira e económica da empresa e estas informações forem
utilizadas pelos gestores no âmbito do processo decisório, então poderá influenciar
positivamente na tomada de decisões.

Justificaçãoda investigação

A escolha desta abordagem é fundamentada primeiramente por ser parte da nossa área
de formação técnico-profissional e por outro lado, porque a análise das demonstrações
financeiras é uma estratégia de gestão interna e controlo patrimonial, pois a partir dos
seus resultados é possível conhecer a real situação da empresa principalmente na sua
capacidade de gerar rendimentos face aos meios líquidos quer os próprios ou alheios
aplicados na sua estrutura e garantir excelente capacidade de cobertura das suas
obrigações e mais importante, traçar estratégias económicas conducentes a maximização
do seu valor no mercado, a partir das informações do seu passado.

Deste modo, o valor teórico e prático da presente abordagem está no facto de poder
influenciar a gestão da empresa Framinde, Lda a fazer recurso a avaliação económica
nos exercícios económicos subsequentes e concebe-la como um procedimento-padrão
de maneira que constantemente seja possível conhecer a sua posição económica,
sobretudo a capacidade com a qual são gerados os rendimentos para planear como
deverão ser aplicados os resultados e precaver-se de situações desagradáveis que podem
corromper o seu normal funcionamento, a integridade económica e financeira no curto,
médio e longo prazo.

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Em linhas gerais, é um assunto de particular importância porque irá ajudar-se enquanto
estudante da área de finanças a perceber mais o funcionamento e a actuação da função
financeira na gestão organizacional de modo a estar preparada para eventuais situações
sobre esta questão, dentro do mercado de trabalho.

Metodologia de investigação

Segundo Carvalho (2009, p.84), “o método científico é o processo racional que se


emprega na investigação. É a linha de raciocínio adoptada no processo de pesquisa”.
Com base a isto, o presente trabalho fez recurso aos métodos teóricos e empíricos,
conjugados com determinadas técnicas para materializar os resultados pretendidos,
conforme abaixo se descreve:

Métodos teóricos

Hipóte-dedutivo: Este método foi utilizado para identificar o problema de investigação


e a respectiva formulação da hipótese.

Histórico-Lógico: Recorrendo a este método, foi possível efectuar um estudo sobre o


tema, através dos acontecimentos passados que fundamentaram a evolução da análise
das demonstrações financeiras até a actualidade.

Indutivo-Dedutivo: Este método foi utilizado para construir uma cadeia de raciocínio
sobre o tema em questão, saindo do particular ao geral e do geral ao particular e vice-
versa, de modo a construir conclusões mais precisas.

Análise-Síntese:Com este método, foi possível seleccionar informações mais relevantes


sobre o tema, baseando-se nas inúmeras ideias dos autores consultados.

Métodos empíricos

Revisão documental: Este método foi utilizado para analisar os documentos de


natureza contabilística da empresa que espelham a sua estrutura patrimonial e
financeira, que é alvo da presente pesquisa.

Método Matemático-estatístico: Este método forneceu a sustentabilidade numérica dos


dados apresentados mediante ao cálculo dos indicadores de eficiência financeira da
empresa nos períodos analisados. Deste modo, foi possível fazer a conciliação com os
métodos anteriores, para melhor explicar o problema em causa, olhando para os dados
numericamente fundamentados.
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Técnicas de colecta de dados

Entrevista estrutura : Será entrevistado o gestor da empresa sobre os procedimentos de


tomada de decisões estratégicas que conduzem ao desempenho económico e financeiro;

Análise de documentos: Serão analisados os documentos de natureza contabilística


empresa para conhecer o desempenho económico e financeiro da empresa nos
exercícios de 2021-2022.

População e amostra

A população contempla todas as demonstrações financeiras da empresa, sendo para


efeito de análise, ter-se seleccionado como amostra, o Balanço Patrimonial, a
Demonstração de Fluxo de Caia e a Demonstração de Resultados por Natureza da
empresa em estudo.

Estrutura do trabalho

O presente trabalho está estruturado da seguinte forma: Introdução com a descrição da


metodologia e dos métodos de investigação para o trabalho. O capítulo 1-
Enquadramento teórico, onde procurou-se abordar sobre os principais aspectos
referentes a análise das demonstrações financeiras tendo por base os autores
consultados. O capítulo 2- Enquadramento prático, análise e apresentação dos
resultados da pesquisa. Finalmente seguem-se as conclusões, recomendações, as
referências bibliográficas e os anexos.

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CAPÍTULO I-ENQUADRAMENTO TEÓRICO

1.2. Conceitos gerais

Segundo o Dicionário Houaiss de Língua Portuguesa, citado em Sousa e Martins (2007,


p.34), “analisar é fazer análise de; separar (um todo) em seus elementos ou partes
componentes; investigar, examinar minuciosamente; esquadrinhar, dissecar.”

Para Braga (1987, p.17), ainda citado em Sousa e Martins (2007, p. 35):

A análise das demonstrações financeiras tem por objetivo observar e confrontar os


elementos patrimoniais e os resultados das operações, visando ao conhecimento
minucioso de sua composição qualitativa e de sua expressão quantitativa, de modo
a revelar os fatores antecedentes e determinantes da situação atual, e, também, a
servir de ponto de partida para delinear o comportamento futuro da empresa.

Segundo Manaia et (2017), são demonstrações financeiras, o conjunto dos documentos


contabilísticos que apresentam a estrutura patrimonial e seu desempenho económico e
financeiro dentro de um período específico.

Diante disto, fazendo recurso às acepções dos autores supra, podemos dizer que, a
análise das demonstrações financeiras tem como vital objectivo, extrair informações
para subsidiar a tomada de decisões. Ela permite conhecer os efeitos das decisões
adoptadas no passado e as causas determinantes do estado actual, servindo de orientação
para a elaboração de planos futuros.

Lousã e Salgueirinho (2013) apresentam as demonstrações financeiras tradicionais


como o balanço patrimonail, a demonstração de resultados do exercício e o mapa de
fluxo de caixa.

A análise das demonstrações financeiras é uma ferramenta essencial para compreender a


saúde financeira e o desempenho de uma empresa. Segundo Brigham e Ehrhardt (2013),
a análise financeira fornece informações valiosas sobre a liquidez, solvência,
rentabilidade e eficiência operacional de uma empresa.

Palepu et al. (2017), que destacam a importância da análise horizontal e vertical das
demonstrações financeiras para identificar tendências ao longo do tempo e comparar o
desempenho da empresa com o de seus concorrentes.

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Além disso, Gitman e Zutter (2015) enfatizam a importância de utilizar técnicas como
índices financeiros, análise de fluxo de caixa e análise de riscos para avaliar o
desempenho financeiro para se tomar decisões informadas.

1.2. Objectivos da análise das demonstrações financeiras

Segundo Marion (2010), a análise das demonstrações financeiras é basicamente o


estudo do desempenho econômico e financeiro de uma empresa em determinado
período passado, para diagnosticar, quesitos de sua posição actual a fim de prever
tendências futuras.

Por isto, Iudícibus (2009, p. 114) afirma que a análise das demonstrações financeiras
visa “relatar, com base nas informações contabilísticas fornecidas pelas empresas, a
posição económico-financeira actual, as causas que determinaram a evolução
apresentada e as tendências futuras”. Neste sentido percebe-se que, pela análise de
balanços extraem-se informações sobre a posição passada, presente e futura (projetada)
de uma empresa. Este tipo de análise é um dos estudos mais importantes da
administração financeira e desperta um enorme interesse tanto para os administradores
internos como para analistas externos.

Para o analista interno a análise dos relatórios contabilísticos visa uma avaliação do
desempenho da empresa, como forma de identificar as consequências das diversas
decisões financeiras que foram tomadas.

De acordo com Silva e Souza (2011, p. 68) “as demonstrações financeiras são utilizadas
pela gestão da entidade para prestar contas e levar informações sobre o aspeto
económico-financeiro aos acionistas, credores, governo e outros interessados e
apresentam informações úteis que revelam suas operações durante um determinado
período de tempo, e quando analisadas facilitam a detenção dos pontos fortes e fracos
encontrados na realização da sua atividade quer operacional ou não operacional”. Os
autores (Silva e Souza, 2011, p. 69) afirmam, ainda, que as “demonstrações financeiras
são os instrumentos utilizados pela contabilidade para expor a situação económico-
financeira da empresa e prover aos diversos utentes internos e/ou externos as
informações que servem de base para a tomada de decisões”.

No mesmo sentido, segundo Martins (2011 p. 17), as demonstrações financeiras têm


como finalidade: “Proporcionar informação útil aos utilizadores; Avaliar a capacidade

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da entidade gerar dinheiro e equivalentes de dinheiro e da tempestividade e certeza da
sua geração; Informar sobre os recursos económicos controlados pela entidade, estrutura
financeira, liquidez e solvência”.

De acordo com Jordan, Neves e Rodrigues (2011), o objectivo das demonstrações


financeiras é proporcionar informação acerca da posição e do desempenho financeiro e
dos fluxos de caixa de uma empresa que seja útil a uma vasta gama de utentes na
tomada de decisão económica; mostram ainda os resultados As demonstrações
financeiras também mostram os resultados da condução, por parte do órgão de gestão,
dos recursos a ele confiados.

Manaia et al (2017), apontam que o analista externo à empresa, vai examinar os


relatórios financeiros de acordo com o seu objectivo. Não existe uma maneira única
para se realizar uma análise de demonstração financeira de uma empresa, a maneira que
os indicadores são analisados é particular de quem faz a análise, sobressaindo-se, além
do conhecimento técnico, a experiência da própria instituição pelo analista. Dois
analistas podem chegar a conclusões diferentes sobre uma empresa, mesmo tendo eles
trabalhado com as mesmas informações e utilizando iguais técnicas de analise.

De acordo com Soares (2015), ao aplicar as técnicas de análise, transformam-se os


dados das demonstrações financeiras em medidas de avaliação relativa (percentuais,
números-índice e/ou quocientes). Quando esses dados são interpretados, transformam-se
em informações financeiras para a tomada de decisões, sendo o relatório de análise, o
seu produto final.

1.2.1. Análise económica e financeira das demonstrações financeiras

Segundo Silva e Queirós, (2009), actualmente, a gestão financeira tem que ser
englobada num planeamento estratégico global, que direccione a organização num
caminho que assegure, a médio e longo prazo, vantagens competitivas, configurando os
seus recursos num ambiente de mudança contínua, de modo a satisfazer as necessidades
do mercado e a corresponder às expectativas dos interessados.

Rodrigues et al (2007) nos dias de hoje, o nível de risco financeiro das empresas é, de
uma forma geral, elevado, pelo que a busca da estabilidade e da sustentabilidade a
médio/longo prazo obriga a uma gestão muito rigorosa, de forma a garantir que os

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recursos disponíveis são suficientes para atender às necessidades da organização e
financiar as actividades de desenvolvimento e crescimento.

Por esse motivo, o conhecimento verdadeiro e real da situação económica e financeira


da empresa é fundamental para efectuar as escolhas adequadas, face à conjuntura que se
verifica (Bessa, 2008). A análise Financeira disponibiliza, então, a informação que está
na base do processo de tomada de decisão, conferindo-lhe um carácter racional,
sustentado na análise profunda da informação disponível (Moreira, 2010).

No entanto, esta informação não assume todo o seu potencial quando analisada de forma
isolada e fragmentada. É necessário contextualizá-la e interpretá-la num quadro global,
de acordo com a própria dinâmica organizacional interna. Assim, torna-se necessário
recorrer, adicionalmente, a variáveis de carácter qualitativo relativas à gestão da
empresa em questão, de forma a consolidar a informação obtida com base na análise
financeira (Menezes, 2017).

Por outro lado, na análise de uma organização, não deve ser esquecido o contexto
específico em que esta se insere, pelo que se torna essencial explorar as interacções
dessa organização com o meio que a envolve, de forma a perceber as implicações daí
decorrentes (Neves e Rodrigues, 2008).

Manaia et al (2017), “ qualquer decisão tomada ou acção realizada dentro de uma


empresa tem implicações directas ou indirectas a nível financeiro, há necessidade de
uma função que vai determinar quais as melhores decisões a tomar com vista ao alcance
dos objectivos pré-definidos”.

Para Benzinho e Rodrigues (1995, p.25), “a função financeira é, então, responsável pela
preparação, execução, avaliação e controlo das decisões financeiras da empresa. Procura
analisar e interpretar a situação da empresa e decidir como aplicar os fundos que tem a
sua disposição”.

Segundo Teixeira (2013), a empresa é uma unidade económica autónoma que mantém
um contacto dinâmico com a envolvente. Logo, a natureza dos seus problemas não se
resume só a aspectos de natureza exclusivamente financeira.

Estão subjacentes as estratégias que criam valor através da exploração de vantagens


competitivas. Essa criação de valor vai depender não só da situação financeira mas,
sobretudo, da sua capacidade de transformar a s vantagens competitivas em fluxos de

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caixa futuros. Reconhece-se então que, apesar do equilíbrio financeiro ser um factor
indispensável, não é suficiente para a sobrevivência e crescimento de uma empresa.

De acordo com Gitman (2010), o desempenho económico e financeira vai reflectir a


estratégia que foi seguida pela empresa e sua vantagem competitiva, preocupando-se,
fundamentalmente, em responder a duas questões:

1. Em que medida uma empresa dispõe de recursos financeiros adequados as suas


necessidades operacionais, ou tem possibilidade de vir a dispor destes recursos,
de forma a assegurar a consecução dos seus objectivos e garantir sua
independência perante terceiros?
2. Qual a capacidade que a empresa dispõe de gerar rendimentos, dando assim
satisfação a todos os que dela participam e assegurando permanência e expansão
da sua actividade?

Ainda com base em Gitman (2010), a primeira questão se refere ao estudo da situação
financeira, mais precisamente à análise dos conceitos relacionados com o
endividamento, ciclo de exploração, equilíbrio financeiro, em geral, e liquidez e
solvabilidade, em particular. A segunda questão pretende analisar a empresa do ponto
de vista económico, analisando o grau de eficiência, em termos de rendibilidade,
(lucro), e produtividade, (valor acrescentado). De forma simples e esquemática, a
análise económica e financeira das empresas consiste nas seguintes fases: Colecta;
preparação; análise e conclusão.

Na primeira fase, são recolhidas as informações necessárias à análise. Estas informações


são encontradas, basicamente, nas demonstrações financeiras e em documentos
complementares. Na fase da preparação, verifica-se a veracidade dos valores
apresentados nos principais mapas contabilísticos e faz-se a arrumação das peças
contabilísticas. Prossegue-se, com a análise que é, a interpretação dos resultados obtidos
nas fases anteriores.

É feita com base num conjunto alargado de metodologias e instrumentos, entre os quais
a análise dos mapas financeiros, cálculo e análise dos indicadores julgados pertinentes.
Feita a análise, são apresentadas as conclusões, eventuais medidas correctivas e as
devidas recomendações.

Segundo Marion (2010), independentemente da dimensão e natureza da actividade de


uma empresa deve-se conhecer, de forma exacta, o seu desempenho económico e

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financeira permitindo, assim, a resolução de problemas de gestão. Esta análise é feita
com base num conjunto alargado de metodologias, instrumentos ou técnicas que se
baseiam fundamentalmente na análise do Balanço, da Demonstração de Resultados e
mais recentemente da Demonstração dos Fluxos de Caixa. Seu objectivo é avaliar e
interpretar a situação da empresa através do estudo da rendibilidade, produtividade,
crescimento e desenvolvimento, liquidez e solvabilidade.

Segundo Benzinho e Rodrigues (1995, p.35), a análise da Desempenho económico e


financeira de uma empresa deve ser baseada em documentos essencialmente de natureza
contabilística.

Conjugando estes aspectos, criam-se condições para a tomada de decisão fundamentada,


que contribui para optimizar o modelo de gestão da empresa, ou seja, contribui para o
delineamento de estratégias adequadas às exigências que o contexto socioeconómico
actual promove.

1.3. Técnicas de análise das demonstrações financeiras

A análise das Demonstrações financeiras consiste na “realização de um exame


minucioso, englobando cada um dos elementos ou contas que integram a demonstração
financeira objecto da análise” (Cunha & Silva, 2014, p.33).

Através dessa técnica ou processo, o analista avalia pormenorizadamente os fenômenos


que compõem cada um dos elementos ou grupos formadores do patrimônio e procede,
se necessário, à sua reclassificação, reestruturando, assim, o próprio Balanço
Patrimonial.

1.3.1. Análise Vertical (AV)

A análise vertical possibilita identificar qual o percentual que um item do patrimônio ou


do resultado representa dentro de um determinado grupo. Segundo Reis (2009, p. 210)
“A análise vertical, um dos principais instrumentos de análise da estrutura patrimonial –
consiste na determinação dos percentuais de cada conta ou grupo de contas do Balanço
Patrimonial em relação ao valor total do Activo ou do Passivo.”

Conforme Iudícibus (2010, p. 86) a análise vertical tem como papel “avaliar a estrutura
de composição de itens e sua evolução no tempo”.

19
Para Neto (2012, p. 113) é uma forma de apurar facilmente “a participação relativa de
cada item contábil no ativo, no passivo ou na demonstração de resultados, e sua
evolução no tempo”.

Segundo Schmidt (2006, p.108):

A análise vertical das demonstrações contábeis evidência a participação em


termos percentuais de cada rubrica de determinada demonstração em relação
a um totalizador permitindo o analista verificar os itens mais significativos
na composição de cada demonstração contabilística.

De acordo com a Hoji e Masakazu, (2001, p. 273) citados em Soares (2015, p. 68), a
análise vertical “facilita a avaliação da estrutura do Ativo e do Passivo bem como a
participação de cada item da Demonstração de Resultado na formação do lucro ou
prejuízo”.

1.3.2. Análise Horizontal (AH)

A análise horizontal procura demonstrar a evolução das contas patrimoniais e dos


resultados da empresa em um determinado período. Conforme Iudícibus (2010, p. 83) a
análise horizontal tem como principal finalidade “apontar o crescimento de itens dos
Balanços e das Demonstrações de Resultados (bem como de outros demonstrativos)
através dos períodos, a fim de caracterizar tendências”.

“A análise horizontal é a comparação que se faz entre os valores de uma mesma conta
ou grupo de contas, em diferentes exercícios económicos” (Neto, 2012, p. 105).

Para Reis (2009, p.212) “é uma técnica de análise que parte da comparação do valor de
cada item do demonstrativo, em cada ano, com valor correspondente em determinado
ano anterior (considerado como base).”

Utilizando a análise horizontal o administrador pode verificar se houve aumento ou


redução das receitas, despesas, disponibilidades e obrigações em um determinado
período. A partir dessas informações, ele pode elaborar um planejamento para os
próximos exercícios.

Na concepção de Cunha e Silva ( 2014), a técnica ou processo de Análise horizontal


utiliza-se da análise vertical e da análise por quocientes, pois consiste na comparação

20
entre índices, coeficientes e outras grandezas, visando a avaliação comparativa do
desempenho de cada elemento ou grupo de contas ao longo de períodos sucessivos.

1.3.3. Análise por quocientes ou índice

A análise das Demonstrações financeiras por quocientes ou índices consiste na


“realização de estudos comparativos entre grupos de contas ou elementos formadores
das Demonstrações financeiras através de índices e proporciona o conhecimento da
relação entre cada um dos grupos do conjunto que forma o total do Patrimônio das
entidades”. Reis (2003, p. 109) assim considera “o método dos quocientes, por meio do
qual se comparam dois valores patrimoniais, dividindo-se um pelo outro.

Para Marion (2010), esse método tem a vantagem de indicar a relação de grandeza
existente entre os itens comparados”. Através desses quocientes, ou índices, você pode
proceder à análise financeira da entidade, aí incluída a verificação da capacidade de
liquidez (capacidade de pagamento) ou solvência da entidade, assim como a
composição da estrutura do todo patrimonial.

Para Iudícibus (1998, p. 98) citado em Cunha e Silva (2014, 77):

O uso de quocientes tem como finalidade principal permitir ao analista extrair


tendências e comparar os quocientes com padrões preestabelecidos. A finalidade da
análise é, mais do que retratar o que aconteceu no passado, fornecer algumas bases
para inferir o que poderá acontecer no futuro.

Segundo Braga (2003, p. 147), o estudo sistemático do comportamento da empresa pode


ser feito pela comparação inter-temporal, pela análise dos conjuntos ou pelo
estabelecimento de quocientes ou índices (rácios). A análise por intermédio de
quocientes consiste em estabelecer-se uma ‘razão’ entre duas ou mais quantidades
(grandezas) monetárias ou físicas.

1.4. Análise pelos indicadores de liquidez

Para Manaia e Moita (2016), a liquidez pode ser entendida como a capacidade de um
activo ser convertido em dinheiro de forma rápida, sem gerar perda significativa de
valor. Diante disto, pode-se dizer que a análise dos indicadores de liquidez é uma
actividade essencial do departamento financeiro que através das informações fornecidas
pela contabilidade e áreas similares, procura-se saber a capacidade da empresa em

21
efectuar os pagamentos das suas obrigações e necessidades correntes através dos seus
activos.

1.4.1. Indicador de liquidez imediata

O indicador de Liquidez imediata (Li) tem por fim avaliar a capacidade de pagamento
das entidades no curtíssimo prazo (prazo imediato, 30 ou 60dd) e consiste na relação
que se processa entre as disponibilidades, caixa e bancos, e o Passivo Circulante. A
fórmula e a interpretação são as que seguem:

disponibilidades
Liquidez imediata=
passivos correntes

Neto (2012, p.176) ressalta que esse quociente é normalmente baixo, pois as empresas
tem pouco interesse de conservar recursos monetários em caixa, alocando suas
disponibilidades em ativos que gerem maior rentabilidade. Quando o resultado for igual
ou maior que 1 significa que empresa possui capacidade de liquidar todos os seus
compromissos de curto prazo imediatamente.

1.4.2. Indicador de liquidez reduzida

Liquidez seca A Liquidez seca (Ls) contempla a relação que se processa entre o Ativo
circulante, deduzido dos valores relativos aos estoques de mercadorias para revenda,
dividido pelo passivo circulante, conforme a fórmula de cálculo abaixo:

Activo corrente−Existências
Liquidez Reduzida=
passivos correntes

Tal quociente, revela que a empresa possui X unidades monetárias de bens e direitos,
registrados no Activo circulante, excluídos as existências, para saldar cada kwanza de
dívida registrada no Passivo circulante.

Gitman (2010) diz que este índice trabalha com os elementos integrantes do Activo
Circulante, dele excluindo as existências, porque são activos em processo de venda para
que possam ser transformados em disponibilidades, ou seja, para que possam oferecer
capacidade efectiva de pagamento.

Lousã e Salgueirinho (2013), argumentam que para a Liquidez imediata, quanto maior
for este índice, melhor porque indica que a empresa não depende dos activos realizáveis

22
para fazer o pagamento das suas obrigações correntes e considera-se a hipótese de se
estar diante das políticas do modelo just-in-time para o tratamento do stock.

1.4.3. Liquidez corrente

A Liquidez corrente (Lc), toma por base os recursos correntes da entidade, ou seja,
aqueles em circulação e consiste na relação que se processa entre os elementos do
Activo circulante e aqueles registrados no Passivo circulante. Eis a fórmula:

Este quociente, revela que a empresa possui determinada quantida em dinheiro referente
aos bens e direitos, registrados no Activo circulante, para saldar cada kwanza de dívida
de curto prazo registrada no Passivo circulante.

Activo corrente
Liquidez Corrente=
passivos correntes

Segundo Nabais e Nabais (2011), o indicador de liquidez corrente é muito optimista e


por via de regra, apresenta valores altos pelo facto de contemplar activos realizáveis
face aos passivos correntes. No entanto, não aponta a real capacidade de liquidez pelo
facto de os activos realizáveis exercerem um peso morto sobre o montante de dívidas e
porque também, estes activos podem não chegar a se transformar em liquidez no rítimo
previsto.

1.4.4. Liquidez geral

Para Marion (2002, p. 89) representa “a capacidade de pagamento da empresa a Longo


Prazo, considerando tudo o que ela converterá em dinheiro (a Curto e Longo Prazo),
relacionando-se com tudo o que já assumiu como dívida (a Curto e Longo Prazo).”

Activo
Liquidez Geral=
Passivo

A Liquidez geral (LG) não se limita a avaliar a capacidade de liquidez e/ou pagamento
da entidade no curto prazo; contempla, pois, a relação que se processa entre o Ativo
circulante, adicionado ao Ativo Realizável a Longo Prazo, dividido pelo Passivo
circulante mais o Passivo não circulante.

23
Valor ideal Valor aceitável Valor crítico

Liquidez geral ≥2 1,5 ≥ LG ≥ ˂1


1,3

1.5. Índices de Endividamento

Também conhecidos por indicadores da estrutura de capital, os índices de


endividamento demonstram qual o percentual do patrimônio da empresa está sendo
financiado por capitais de terceiros.

Para Neto (2012, p.149) “este índice é obtido pela relação entre o capital de terceiros
(curto e longo prazo) e o capital próprio”, demonstrando quanto a empresa tomou de
empréstimo para cada 1 kwanza de capital próprio aplicado.

Conforme Iudícibus (2010, p.97) “estes quocientes relacionam as fontes de fundos entre
si, procurando retratar a posição relativa do capital próprio em relação ao capital de
terceiros.”(Iudícibus, 2008, p. 94).

Segundo Marion (2012), são os indicadores de endividamento que nos informam se a


empresa utiliza mais de recursos de terceiros ou de recursos dos proprietários.
Saberemos se os recursos de terceiros têm seu vencimento em maior parte a Curto Prazo
(Circulante) ou a Longo Prazo (Exigível a Longo Prazo).

“As empresas, muitas vezes, não apresentam condições financeiras próprias suficientes
para atender o volume de recursos demandados por sua atividade atual ou prevista,
utilizando-se, nesses casos, de capitais de terceiros” (Neto, 2012, p. 146).

Obviamente, só será vantajoso para a empresa a captação do capital de terceiros quando


o custo deste capital for menor que a rentabilidade proporcionada por ele nas aplicações
da empresa.

1.5.1. Endividamento Geral

Chamado também de dependência financeira, este quociente indica qual o volume do


ativo total é financiado com capital de terceiros. Segundo Neto (2012, p. 149) “revela a
dependência da empresa com relação as suas exigibilidades totais, isto é, do montante
investido em seus activos, qual a participação dos recursos de terceiros”.

24
Para Gitman (2010, p. 56) este índice representa “a proporção do aCtivo total financiada
pelos credores da empresa. Quanto mais elevado, maior o montante de capital de
terceiros usado para gerar lucros”.

Activo
Endivamente geral=
Passivo

1.5.2. Composição do Endividamento

O índice de composição do endividamento, segundo Matarazzo (2010), demonstra a


relação entre o capital de terceiros de curto prazo (Passivo Circulante) e o capital de
terceiros total (Passivo Circulante + Passivo Não Circulante). É recomendável que as
dívidas de uma empresa fiquem mais concentradas no longo prazo, pois, dessa forma,
ela terá mais tempo para realizar suas atividades e gerar uma folga financeira para pagar
suas obrigações.

Valor ideal Valor aceitável Valor crítico

Liquidez geral ≥2 1,5 ≥ LG ≥ 1,3 ˂1

Diante dessa constatação, portanto, quanto menor for o resultado encontrado para esse
índice, mais concentradas estarão as dívidas no longo prazo. Em relação à composição
de endividamento (curto prazo versus longo prazo), Neto (2010) comenta que, quando
o passivo circulante (dívidas de curto prazo) de uma empresa cresce de forma
desproporcional ao passivo não circulante (dívidas de longo prazo), poderá ocorrer uma
situação de instabilidade financeira, podendo fazer com que haja incapacidade de saldar
as dívidas.

Segundo Marion (2010), caso o índice de composição do endividamento seja inferior a


50%, pode-se concluir que as dívidas de curto prazo correspondem a menos da metade
do total de obrigações (capital de terceiros). Então, quanto menor for este indicador,
melhor será para a empresa, que terá um perfil de endividamento de longo prazo.

Para Gitman (2010), a empresa que se encontra em processo de expansão deve procurar
financiar os seus investimentos, em grande parte, com endividamento de longo prazo,
para que, à medida que ganhe capacidade operacional, tenha condições de começar a
amortizar suas dívidas. Portanto, devem ser evitadas estratégias de financiamento

25
baseadas em empréstimos de curto prazo. A formula para o calculo da composição do
endividamento é:

Passivo Circulante
Composição do Endividamento= x 100
Passivo

1.5.3. Imobilização do Patrimônio Líquido

O índice de imobilização do patrimônio líquido indica o quanto de recursos do


patrimônio líquido está investido no ativo permanente. Segundo Matarazzo (2010), estes
activos, por serem permanentes, demoram muito tempo para gerar retorno, pois
dependem da sua utilização na atividade da empresa, algo que será realizado
normalmente ao longo de anos. Diante dessa constatação, podemos concluir que uma
melhor situação é aquela em que o ativo permanente é financiado com recursos próprios
(o que nem sempre acontece), para que a empresa não utilize recursos financeiros de
terceiros (principalmente com vencimento no curto prazo) para investir em ativos de
retorno tão longo. Nesse caso, também, quanto menor o valor encontrado para índice de
imobilização do patrimônio líquido, melhor, pois a empresa estará financiando seus
ativos permanentes com recursos próprios. Caso o índice encontrado seja

Activo fixo
Imobilização do património líquido=
Património líquido

Matarazzo (2012, p. 93) explica que:

O ideal em termos financeiros é a empresa dispor de Patrimônio Líquido suficiente


para cobrir o Ativo Permanente e ainda sobrar uma parcela – CCP = Capital
Circulante Próprio – suficiente para financiar o Ativo Circulante. (Por suficiente
entende-se que a empresa deve dispor da necessária liberdade de comprar e vender
sem precisar sair o tempo todo correndo atrás de bancos.)

1.5.4. Indice de Autonomia financeira e Solvabilidade

De acordo com Benzinho e Rodrigues (1995), a autonomia financeira mede a


percentagem do activo das empresas que é financiada por capitais próprios. Um
aumento da autonomia financeira sugere um reforço da capitalização das empresas.

A autonomia financeira corresponde ao rácio entre o capital próprio e o activo e reflecte


a proporção dos ativos de uma empresa ou de um setor que são financiados por capitais

26
próprios (por exemplo através de capital social, reservas, resultados transitados ou do
resultado líquido do período).

O complementar deste valor indica o nível de endividamento dessa empresa, isto é, a


proporção dos ativos que são financiados por capitais alheios (por exemplo através de
empréstimos bancários, emissão de papel comercial, emissão de obrigações ou contas a
pagar a fornecedores).

Quando uma empresa contrai um empréstimo bancário o seu nível de endividamento


aumenta. Mas quando a empresa recebe prestações suplementares de capital por parte
dos seus acionistas ou acumula resultados líquidos positivos, a empresa está a reforçar o
peso que os seus capitais próprios têm no seu ativo. Trata-se de uma forma de
capitalização que, mantendo o valor do ativo, se traduz num aumento da sua autonomia
financeira.

Marion (2010), fundamenta que a escolha da forma de financiamento entre capitais


próprios ou alheios não é indiferente e tem impacto na estrutura financeira da empresa.
A estrutura financeira da empresa, por sua vez, pode determinar a capacidade da
empresa solver as suas obrigações e, por conseguinte, tem impacto na forma como
fornecedores, clientes e acionistas avaliam a empresa.

Para Manaia et al (2017), maiores níveis de autonomia sugerem maior solidez financeira
e menor dependência de recursos alheios. Contudo, uma elevada autonomia financeira
pode limitar a rendibilidade da empresa. Assim, este indicador deve ser analisado em
conjunto com outros que permitam caracterizar a empresa ou o setor, como é o caso da
idade das empresas, tipo de atividade desenvolvida e classe de dimensão em que se
inserem, e enquadrado na estratégia de gestão adotada pela entidade.

Rácio de Autonomia Financeira= Capital Próprio/Ativo Líquido.

Como ficou referido supra, um rácio baixo, inferior a 30%, pode ser crítico dado a
dependência de financiamento externo quando as margens são também baixas. Em
contrapartida pode ser benéfico quando as margens líquidas são superiores ao sector de
atividade, favorecendo assim a rentabilidade financeira da empresa. Um valor aceitável
pela generalidade para o rácio de autonomia financeira situa-se entre os 30% e os 60%.

Um rácio demasiado elevado, acima de 60%, determina uma rentabilidade financeira


(de capitais próprios) mais baixa, o que pode não ser interessante do ponto de vista dos
sócios ou acionistas.

27
Segundo Nabais e Nabais (2011), a solvabilidade traduz a capacidade de uma
organização cumprir os seus compromissos a médio e longo prazo. O conceito de
solvabilidade contrapõe-se ao de liquidez, assumindo este último uma visão de curso
prazo e a solvabilidade uma perspectiva de médio-longo prazo.

A fórmula para calcular este rácio é a seguinte:

Solvabilidade = capital próprio / passivo total

Numa perspectiva de médio e longo prazo, em caso de liquidação da empresa o capital


próprio, será o que resta na empresa para este cumprir os seus compromissos com o
pagamento das suas responsabilidades.

Para Gitman (2010), A solvabilidade traduz o risco que os credores de uma organização
incorrem, através da comparação dos níveis de capital próprio investidos pelos sócios
ou accionistas com os níveis de capitais próprios alheios aplicados pelos credores.

Se o rácio for superior a 1, então podemos considerar a entidade financeiramente


estável. Um rácio de solvabilidade inferior a 1 indicia uma situação financeira
vulnerável.Quando este rácio é superior a um, significa então que o valor do capital
próprio é superior ao passivo. Podemos considerar o risco da actividade reduzido,
existindo uma margem de segurança para a actividade poder crescer e endividar-se.

Já quando o rácio é inferior a um, significa que o valor do capital próprio não é
suficiente para cobrir o valor do passivo. Tal situação leva-nos a concluir pela existência
de um risco elevado para os credores, uma vez que o capital aplicado na actividade
pelos sócios/accionistas não é suficiente para cobrir as responsabilidades da
organização.

A regra do equilíbrio financeiro mínimo ocorre quando a solvabilidade é igual a um,


sendo neste caso o capital próprio é igual ao passivo total.

1.6. Índices de Rentabilidade

Conforme Shmidt (2006) os índices de rentabilidade objectivam evidenciar os efeitos


combinados da liquidez, da actividade e da estrutura e endividamento sobre os
resultados obtidos pela empresa. O autor ainda afirma que esses índices estão
intimamente ligados ao desempenho econômico da empresa, apresentando o retorno ou
a rentabilidade dos recursos investidos e a eficiência de sua gestão.

28
Para Gitman (2010, p. 58) “essas medidas permitem aos analistas avaliar os lucros da
empresa em relação a um dado nível de vendas, um dado nível de ativos ou
investimentos dos proprietários.

1.6.1.Margem Bruta

Segundo Gitman (2010, p. 58) “a margem de lucro bruto mede a porcentagem de cada
unidade monetária de vendas que permanece após a empresa deduzir o valor dos bens
vendidos. Quanto maior a margem de lucro bruto, melhor (isto é, menor o custo das
mercadorias vendidas).”

Para Schmidt (2006) o índice de margem bruta é obtido pela razão entre o lucro bruto e
a receita líquida de vendas, identificando a margem remanescente para o pagamento das
despesas operacionais e não operacionais da empresa. O autor ainda destaca que “é
primordial que se compare o índice de margem bruta da empresa com o índice médio do
sector em que ela actua.”

Lucro Bruto
Margem Bruta=
Receita Líquida

1.6.2. Rendibilidade do Activo Total (ROA)

De acordo com Gitman (2010, p.60) , “o retorno sobre o activo total (ROA), muitas
vezes chamado de retorno sobre o investimento (ROI), mede a eficácia geral da
administração na geração de lucros a partir dos activos disponíveis, Quanto mais
elevado o retorno sobre o activo total de uma empresa, melhor.”

Conforme Shmidt (2006, p.139) este índice evidencia quanto a empresa lucrou, após a
dedução de todas as despesas para cada, investido em ativos totais. No entanto, o autor
ressalta que este índice “somente deve ser utilizado para comparar empresas com a
mesma estrutura de capitais”.

R . L. E
ROA=
ACTIVO TOTAL

29
1.6.3. Rentabilidade do Patrimônio Líquido (ROE)

“O retorno sobre o capital próprio (ROE) mede o retorno obtido sobre o investimento
dos acionistas ordinários na empresa. De modo geral, quanto mais alto esse retorno,
melhor para os proprietários.” (Gitman, 2010, p. 60)

Segundo Schmidt (2006, p. 143) este índice “evidência o retorno proporcionado por
unidade de investimento dos accionistas”. No entanto, o autor explica que o índice
somente deverá ser utilizado para comparar empresas de mesma estrutura de capitais.

R.L.E
ROI=
Património Líquido

1.7. A tomada de decisão

A decisão é o processo que determina o rumo quer da sociedade, quer do individuo e/ou
principalmente de uma organização. Mas para Miglioli (2006, p. 39) “tomar decisões
faz parte de qualquer atividade humana, desde a ação individual mais simples e
rotineira, à ação conjunta e complexa de qualquer organização. Em cada situação
poderão estar envolvidos problemas distintos com diferentes níveis de dificuldade para
se tomar uma decisão”.

Miglioli (2006, p. 43) defende que “as decisões de gestão afectam directamente a
sobrevivência das empresas assim como a vida de todos os que estão relacionados com
a mesma sejam eles empregados, acionistas, fornecedores, clientes ou até a
própriasociedade. Por este motivo, o processo de decisão numa entidade é importante a
uma escala maior do que apenas para o seu ambiente interno”.

Para Baron (2000, citados por Braga, 2010) tomar uma decisão não é mais do que fazer
escolhas dentre várias alternativas, é escolher entre o sim e o não, entre fazer e não
fazer, entre ir e não ir, e no campo financeiro é escolher entre investir e desinvestir,
entre vender e comprar, entre financiar-se com capitais próprios ou com capitais alheios.
Tomase decisões para se alcançar objetivos preconizados.

Segundo Miglioli (2006, p. 44) “as decisões são actos de poder uma vez que definem
estratégias, deslocam recursos, conduzem o destino de organizações e de pessoas, o que
significa que os decisores assumem uma dimensão política semelhante à de um
Governo. Este papel exige liderança, comunicação efetiva, partilha de objectivos e

30
habilidade de negociação constante para contornar os diversos conflitos de interesses
que surgem ao longo do processo”.

A importância da tomada de decisão nas entidades é muito clara e é percetível com


facilidade pois pode-se verificar os diferentes rumos que cada entidade toma, o que elas
produzem, as políticas adotadas, os d iferentes problemas e a forma como cada uma
delas os ultrapassa, ou seja, todo o andamento das entidades é determinado por uma
decisão. Porém, as entidades devem sempre decidir sobre alguma coisa, muitas vezes
errarão mas também na maioria das vezes tomarão ótimas decisões. Como é lugar-
comum observar-se: mais vale uma decisão mal tomada do que uma decisão não
tomada.

Para Carvalho (2011) sempre que se fala em decisão empresarial, vem à mente a figura
dos gestores que são pagos para tomarem decisões e se forem sempre acertadas melhor;
tomar decisão significa correr riscos e os gestores têm que saber conviver com isto
mesmo sabendo que podem cometer erros a qualquer momento.

O processo de tomada de decisão exige algumas competências entre as quais são de


destacar as seguintes: “lucidez quanto ao problema, à sua importância e prioridade,
informação adequada, comunicação eficaz e controlo de execução” (Carvalho, 2011, p.
189). Tais competências também são conhecidas como: competências técnicas,
humanas e concetuais, qualidades estas que permitem aos decisores terem maior
sensibilidade sobre o que é melhor para a entidade. Carvalho (2011) afirma, ainda, que
para se prosperar como gestor não se deve responder ou encarar as dificuldades com
medo, mas deve-se vislumbrar as oportunidades e ultrapassar o medo de fracassar para
se combater as turbulências.

Para Gontijo e Maia (2004, p. 27) o sucesso no processo de tomada de decisão depende
fundamentalmente dos seguintes elementos: “responsabilidades, perante a lei e
penalidades; especialização, conhecimento teórico e experiência dos tomadores de
decisão; coordenação, a comunicação das diretrizes e especificações que devem ser
cumpridas e a coordenação do processo de decisão; respaldo, para garantir eventuais
fracassos; tempo, prazos exíguos podem minimizar a incerteza mas podem também
aumentar o risco de uma decisão apressada, mas longos prazos podem trazer novas
perspetivas de decisão e aumentar o nível de incerteza”. Para que se tome bem uma
decisão é necessário seguir determinadas etapas que variam de autor para autor.

31
Para Carvalho (2011, p. 189) essas etapas incluem: “(1) Definir o problema em função
da inadequação da situação presente ou expectante; (2) Identificar a causa do problema;
(3) Avaliar as medidas alternativas de decisão e suas consequências”.

Nogueira (2004) enuncia as seguintes etapas: (1) O envolvimento ou perceção que o


decisor detém sobre o problema em causa; (2) A planificação ou formulação da decisão;
(3) A execução ou implementação das mesmas; (4) A avaliação dos resultados.

Braga (2010) apresenta um conjunto de autores que ilustram diferentes etapas da


decisão, por exemplo: Morris (1971) citado em Braga (2010): (1) Perceção do
problema; (2) Estabelecimento de objectivos; (3) Diagnóstico da causa do problema; (4)
Procura de soluções alternativas; (5) Avaliação das consequências esperadas; (6)
Escolha da melhor solução; (7) Implementação da escolha; (8) Avaliação da solução do
problema;

Verifica-se, assim, que as decisões passam por diferentes etapas relativamente às quais
não existe unanimidade na literatura. Há três condições nas quais se pode tomar
decisões: condições de certeza, incerteza e risco. De acordo com Braga (2010, p. 19)
“toma-se uma decisão em condição de certeza quando o decisor está completamente
informado acerca do problema, conhece as soluções alternativas e estas são óbvias e os
resultados esperados para cada solução são facilmente antecipados”, a coisa mais fácil
do mundo é decidir nestas condições.

O autor afirma que o mesmo acontecerá comdificuldade quando o indivíduo estiver


desprovido de informação suficiente e necessária para atribuir probabilidades aos
resultados das soluções alternativas, isto é, quando não conseguir definir o problema,
identificar as soluções alternativas e antecipar possíveis resultados das mesmas.

Nogueira (2004) refere que esta situação é frequente quando se entra em novos
mercados e se lança novos produtos, nomeadamente os que requerem o uso de novas
tecnologias ou atuam em setores altamente imprevisíveis.

Segundo Braga (2010), sob a condição de risco, o decisor pode estar informado sobre o
problema, conhecer alternativas e os resultados esperados para cada solução, por sua
vez esta condição implica estar entre os dois extremos: uma solução bem conhecida e
definida, ou uma solução invulgar e ambígua.

Toda a decisão deve ser muito bem analisada para que não se caia no supérfluo, isto é,
para que se possa resolver os problemas que realmente afetam ou que poderão afetar o

32
funcionamento normal da entidade. Perante um mundo dinâmico, globalizado e perante
a nova sociedade de informação, os elementos anteriormente utilizados para tomar
decisões são alterados e substituídos por outros que espelham melhor a situação que se
quer resolver. Hoje a tomada de decisões é um dos processos mais complexos, pois são
inúmeros os elementos que intervêm na decisão.

Para Carvalho (2011, p. 187) “tomar decisão significa fazer alguma escolha que envolve
risco, e a informação permite mitigar o risco das escolhas não muito acertadas, de modo
a maximizar o resultado da decisão tomada”.

Mas quase sempre que se fala em informação estão implicitamente incluídos dados e
conhecimento, que são elementos correlacionados com a informação. Para Dantas
(2013, p. 4) “a informação tornou-se o diferencial não apenas para manter as entidades
no mercado mas, também, para auxiliá-las na organização das tarefas do dia-a-dia. Vale
a pena lembrar que o sucesso da organização não depende somente das informações
disponíveis, mas sim de saber recolher, organizar, analisar e implementar as mudanças
com base nas informações que serão utilizadas para a melhoria contínua das suas
atividades”.

A informação é o “ resultado do encontro de uma situação de decisão com um conjunto


de dados ou seja, são dados contextualizados que visam fornecer uma solução para
determinada situação de decisão” (Angeloni 2003, p.18).

E para que uma informação seja valiosa tem que comportar as seguintes caraterísticas:
“Pertinência, o interesse práticona preparação da decisão; Exatidão, traduzida no seu
grau de precisão e confiabilidade; Destinatário, sobretudo o principal utilizador da
informação; Convergência com outras informações ou dados complementares; Prazo de
transmissão ao destinatário” (Carvalho, 2011, p. 187).

Segundo Stroeher e Freitas (2008) e Angeloni (2003) para que uma informação seja
considerada útil na tomada de decisão deve ser relevante e fiável, isto é, deve traduzir o
verdadeiro estado da entidade e traduzi-la de forma ampla. As decisões financeiras
carecem de informações financeiras que, por sua vez, são fornecidas pela contabilidade
que funciona como um sistema de informação financeira.

“Num sistema de contabilidade, os eventos económicos são as fontes básicas da


informação contabilística e ou financeira; o contabilista atua como transmissor,
observando esses eventos e codificando-os para transmitir a informação por meio dos

33
relatórios contabilísticos” (Stroeher e Freitas, 2008, p. 5). Mas “tais informações teriam
de ser úteis para prever, comparar, avaliar a capacidade de uma entidade em gerar
riqueza futura e julgar a habilidade do administrador em utilizar os recursos da entidade
com eficiência no atendimento do seu objectivo principal” (Stroeher e Freitas, 2008, p.
6).

Stroeher e Freitas (2008) defendem ainda que a informação financeira é apresentada de


diversas formas tais como: demonstrações financeiras, registos permanentes e
sistemáticos, documentos, livros, folhas de cálculo, listagens, diagnósticos e descrição
crítica. Cada órgão de decisão deve determinar que tipo de informação financeira lhe é
útil (relevante e fiável) para o processo de tomada de decisão. Deve saber que decisão
pretende tomar; que informações são necessárias para o processo; e deve acima de tudo
ter a capacidade de processar as informações que tem na sua posse.

Os dados fornecidos pela contabilidade necessitam ser transformados para posterior


análise e utilização na tomada de decisão. Para isso importa fazer a análise das
demonstrações financeiras para extrair elementos que consigam descrever o passado,
apresentar o presente e prevenir o futuro. Para além da informação e dos elementos
acima referidos podem afetar ainda a decisão o comportamento dos decisores, por isso,
é que hoje as finanças comportamentais estão a ganhar cada vez mais espaço,
principalmente com a teoria do prospeto; há ainda a questão da racionalidade e outros
fatores que podem afetar a tomada de decisão.

34
CAPÍTULO 2 – APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS RESULTADOS

2.1. Breve caracterização da empresa Framinde, Lda

A empresa Framinde, Lda é uma empresa angolana localizada no Município de


Benguela na rua General João de Almeida, com o contribuinte fiscal número
5111045325. Foi constituída em Maio de 2013 e tem como objecto principal o comércio
geral, venda de viaturas e acessórios e prestação de serviços.

Além da actividade comercial no ramo de viaturas, imóveis e perfumarias, a empresa


também possui uma frota de viaturas em aluguer, disponibilizadas em diversas empresas
para o transporte de pessoas e bens. Actualmente conta uma força de trabalho
constituída por 34 funcionários distribuídos nas diversas áreas de actuação da empresa.

2.2. Análise do desempenho financeiro

Gráfico nº 1: Análise dos indicadores de liquidez

14.00
12.11
12.00

10.00 9.25

8.00 LG
6.00 LR
LI
4.00 3.65 3.36

2.00 1.01
0.06
0.00
2022 2021
Fonte: Fonte: Fonte: Elaboração própria

A situação financeira a curto prazo da empresa resumida nos indicadores de liquidez


apresentou-se favorável nos períodos em análise e com uma evolução significativa. Isto
é, em 2021, a liquidez geral da empresa era de 3,65 e passou para 12,11 no período de
2022, o que se traduz em total capacidade para cobrir todos os passivos correntes neste
período e ainda com uma diferença favorável de aproximadamente 9 kwanzas. A
liquidez reduzida apresentou uma variação positiva de 5,6 kwanzas de 2021 a 2022. A
liquidez imediata de igual modo apresentou uma variação positiva entre um período e o
outro, pois no exercício de 2021, a empresa não conseguia honrar com os comprimissos

35
assumidos com terceiros a curto prazo porque apresentava um déficit da sua tesouraria
de 0,06 e este valor passou para 1,01 no período subsequente.

No geral, a capacidade de cobertura das obrigações a curto prazo que a empresa


assumiu perante terceiros apresentou-se suficiente de um período para o outro.

Gráfico nº 2: Análise dos indicadores de solvabilidade, automia financeira e endividamento


50.00

45.00 43.01
40.00

35.00

30.00
Solvabilidade
25.00
Autonomia Financeira
20.00 Endividamento

15.00 13.06
10.00

5.00
0.98 0.02 0.93 0.07
0.00
2022 2021
Fonte: Fonte: Fonte: Elaboração própria
O gráfico nº 4 ilustra a situação dos indicadores financeiros de médio e longo prazo
resumidos na solvabilidade, autonomia financeira e endividamento. De acordo com este
gráfico, a empresa apresenta uma boa capacidade de cobertura das obrigações à
terceiros de médio e longo prazo pois houve uma evolução do indicador de
solvabilidade de 13,06 kwanzas apresentados em 2021 para 43,01 em 2022. A
autonomia financeira apresentou-se favorável porquanto o endividamento geral da
empresa de 2021 para 2022 decresceu de 0,07 para 0,02 o que se traduz num aumento
da autonomia financeira de 0,93 para 0,98, isto implica que a empresa apresenta uma
alta capacidade para financiar as suas operações com os recuros próprios e depende
pouco de terceiros.

Estes indicadores no geral apontam uma situação abonatória para a empresa em análise
na medida em que a médio e longo prazo os seus investimentos são cobertos por
capitais próprios e sem dependência significativa à terceiros para o efeito. No entanto, é
uma condição de risco pelo facto de considerar-se que a empresa concentrou o risco e

36
em situações de declínio ou mau retorno, perdi o seu capital e pode estar em posição de
desvantagem financeira.
Gráfico nº 3: Análise dos indicadores do prazo médio de recebimento e pagamento
140
123
120 115

100

80
Prazo Médio de Recebimento
60 Prazo Medio de Pagamento

40
27 23
20

0
2022 2021
Fonte: Fonte: Elaboração própria
Com base ao gráfico nº 5 é possível aferir que a eficiência operacional da empresa em
termos de cobranças e pagamentos terá evoluído de um período ao outro. Verifica-se
que no exercício económico de 2021, a empresa apresentava um prazo médio de
cobrança menos eficiente pelo facto de esperar em média, aproximadamente de 123 dias
para receber os seus direitos, porém, no exercício de 2022, este valor passou para
aproximadamente 27 dias.

Relativamente ao prazo médio de pagamento, houve uma redução, visto que no


exercício de 2021, a empresa demorava aproximadamente 115 dias para efectuar o
pagamento das suas exigibilidades e este prazo reduziu para 23 dias. De modo geral, a
empresa apresentou-se estável quanto ao prazo médio de recebimento em relação ao
prazo médio de pagamento.

37
Gráfico nº 4: Análise da composição do endividamento
1.20
1.00 1.00
1.00

0.80

0.60
Composição do endividamento

0.40

0.20

0.00
2022 2021
Fonte: Fonte: Elaboração própria
O presente gráfico apresenta a composição do endividamento da empresa em estudo e
apartir dele podemos perceber que a empresa possui 100% de obrigações de curto prazo
nos dois exercícios analisados. A empresa concentrou o risco do financiamento de
terceiros a curto prazo, o que implica dizer que os investimentos em activos fixos foram
realizados por capitais próprios e parte dos passivos de curto prazo.

Gráfico nº 5: Análise da margem bruta


70
59
60

50 46
40
Margem Bruta
30

20

10

0
2022 2021
Fonte: Fonte: Elaboração própria

Com base a este gráfico, verifica-se que a empresa apresenta uma dimuição da sua
margem bruta entre um período e o outro, isto é, em 2021 a empresa apresentava um
lucro bruto sobre as receitas na ordem de 59% e este valor passou para 46%, uma
variação decrescente de 13%.

2.3. Análise do desempenho económico

38
Gráfico nº 6: Análise dos Indicadores de Rendibilidade

35% 32%
30%

25% 23%
21%
20% ROV
15% 14% RLV
RCP
10% 8%

5% 3%

0%
2022 2021
Fonte: Elaboração própria

O gráfico nº1 apresenta a situação económica da empresa resumida nos indicadores de


rendibilidade, com base aos mapas económicos de 2021-2022. Nestes termos, é possível
aferir que a rendibilidade operacional das vendas claudicou aproximadamente 11%
entre 2021 a 2022, pelo facto de ter declinado para 21% comparativamente aos 32% do
exercício anterior. Isto demonstra certa ineficiência operacional da empresa quanto a
liberação de resultados através das vendas e dos serviços prestados.

O mesmo verificou-se na rendibilidade líquida das vendas e dos serviços, onde por cada
unidade de vendas e das prestações de serviços realizadas, gerou-se um retorno de 23%
em 2021, uma redução de 9% em relação período de 2022. De igual modo, o retorno
sobre os capitais próprios apresentou um decréscimo de 5% entre um período e o outro.
No geral a situação da rendibilidade apresenta-se como favorável visto que os
rendimentos apresentaram-se acima de 7% e tendo em conta a dimensão da empresa, é
uma situação economicamente favorável.

Gráfico nº 7: Situação dos Indicadores de Retorno sobre os Activos e sobre os


Investimentos

39
12%
10%
10%
8%
8%

6% ROA
4% ROI
4% 3%

2%

0%
2022 2021
Fonte: Fonte: Elaboração própria
O gráfico nº 2 evidencia a situação sobre o retorno gerado pelos activos e o retorno
sobre os investimentos. De acordo com esta informação é possível perceber que a
empresa apresentou uma capacidade de retorno sobre os activos e o retorno sobre o
investimento bastante decrescente de 2021 para 2022, o que demonstra pouca
produtividade visto que em 2021 por cada activo investido, houve um retorno de 8% em
2022 este valor declinou para 3%, uma variação de 5% entre um período ao outro. De
igual, o retorno sobre o investimento claudicou de 10% para 4%, uma variação de 6%,
isto demonstra fragilidades da empresa em gerar rendimentos com os seus
investimentos realizados pelo facto de se ter observado este decrescimento acima de 4%
em ambos indicadores.

2.4. Diagnóstico Geral da situação económica e financeira da empresa

Com base aos resultados apresentados sobre o desempenho económico e financeiro da


empresa tendo em conta os indicadores analisados e espelhados nos gráficos acima,
apurou-se o seguinte:

 A empresa possui uma boa capacidade de criação de receitas, porém, de um


período para o outro, verificou-se uma redução de todos indicadores de
rendibilidade, o que se traduz em risco da sua actividade operacional porquanto
a tendência normal que se deseja sobre o ponto de vista da gestão estratégica, é a
evoluição destes indicadores de modo a garantir eficiência na sua actuação;

40
 Os indicadores de retorno sobre os activos e sobre os investimentos também
claudicaram bastante de um período para o outro, o que se traduz na
incapacidade de gerar retornos com os activos investimentos e com os seus
capitais;

 A empresa apresentou equilíbrio financeiro a curto prazo pelo facto de se ter


notabilizado de um período ao outro, intervalos numéricos aceitáveis dos
indicadores de liquidez, porém, com decréscimo na passagem do período;

 A empresa concentrou o risco em ambos exercícios económicos pelo facto de


não ter registado obrigações a médio e longo prazo para o financiamento dos
seus investimentos e ampliou este risco ao fazê-lo com recurso em capitais
próprios, daí a razão de ter mantido em níveis altos estes valores;

 Os indicadores de liquidez apresentaram evolução significativa de 2021 com


principal relevo para o indicador de liquidez geral e o de liquidez reduzida;

 A empresa deve melhorar as suas políticas de cobrança para recuperar a


autonomia dos indicadores de liquidez imediata, pois o nível das contas a
receber aumentou de um período ao outro, o que ampliou o risco de liquidez a
medida que foi ampliando os níveis das contas a receber.

CONCLUSÕES

41
O principal objectivo deste trabalho consistiu em obter melhor compreensão sobre a
influência das demonstrações financeiras na tomada de decisões na empresa Framinde,
Lda, nos exercícios económicos de 2021-2022.

Numa primeira fase foram realizadas pesquisas bibliográficas através de fontes


consideradas relevantes para o tema em questão. Aqui o que se pretendia era fazer uma
contextualização do tema e apurou-se que as demonstrações financeiras são documentos
de natureza contabilística através dos quais se processa a análise da situação económica
e financeira, visto que estes documentos espelham a estrutura patrimonial da entidade
referente a um determinado período.

Na perspectiva dos autores consultados, as demonstrações financeiras reúnem


informações necessárias para o diagnóstico da situação económica e financeira e a
depender dos métodos de análise, o produto que dele provém, pode se traduzri em uma
peça fundamental para o auxílio ao processo de tomada de descisões.

A empresa apresentou uma boa capacidade de criação de receitas visto que todos os
indicadores de rendibilidade apresentaram-se em intervalos numéricos aceitáveis sobre
o ponto de vista económico, a capacidade de retorno sobre os investimentos e sobre os
activos apresentou-se em intervalos numéricos aceitáveis, porém, registou-se um
decréscimo destes indicadores entre um período e o outro, o que demostra ineficiência
nas estratégias de vendas da empresa. De igual modo, concentrou o risco em ambos
exercícios económicos pelo facto de não ter registado obrigações a médio e longo prazo
para o financiamento dos seus investimentos e ampliou este risco ao fazê-lo com
recurso em capitais próprios, daí a razão de ter mantido em níveis altos estes valores.
No entanto, com recurso contínuo a análise do desempenho económico e financeiro e
sua utilização no processo de tomada de decisão, poderá melhorar a sua situação actual
e ampliar os seus níveis de investimentos e retorno esperado.

42
Recomendações

Com base às conclusões tecemos as seguintes recomendações.

Para a empresa:

 Melhorar as estratégias de gestão financeira mormente às políticas de


investimento visto que a empresa não recorreu aos capitais de terceiros de médio
e longo prazo, tendo concentrado o risco nos capitais próprios e os de curto
prazo;
 Melhorar as políticas de cobrança para recuperar os níveis de liquidez reduzida e
ampliar a capacidade da liquidez imediata;
 Proceder ao diagnóstico das demonstrações financeiras de forma contínua e
permanente para que obtenha resultados satisfatórios no âmbito da tomada de
decisões.

Para a comunidade académica recomenda-se a prossecução deste estudo visando o


aperfeiçoamento dos resultados aqui apresentados.

43
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