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AUTARQUIA DE ENSINO SUPERIOR DE LIMOEIRO - AESL

FACULDADE DE CIÊNCIAS APLICADAS DE LIMOEIRO - FACAL


BACHARELADO EM CIÊNCIAS CONTÁBEIS

JONATHAN DA COSTA LEMOS


JOSÉ WALDEIBSON CAVALCANTI DOS SANTOS

GESTÃO DO CAPITAL DE GIRO EM MICRO EMPRESAS: um estudo


sobre a empresa “Jota Kit Festa” no município de João Alfredo - PE

LIMOEIRO - PE
2021
JONATHAN DA COSTA LEMOS
JOSÉ WALDEIBSON CAVALCANTI DOS SANTOS

GESTÃO DO CAPITAL DE GIRO EM MICRO EMPRESAS: um estudo


sobre a empresa “Jota Kit Festa” no município de João Alfredo - PE

Monografia apresentada como requisito parcial


à obtenção do título de bacharel em Ciências
Contábeis, da Faculdade de Ciências Aplicadas
de Limoeiro - FACAL.

Orientador: Prof.º Rinaldjo Cabral de Aguiar

LIMOEIRO - PE
2021
JONATHAN DA COSTA LEMOS
JOSÉ WALDEIBSON CAVALCANTI DOS SANTOS

GESTÃO DO CAPITAL DE GIRO EM MICRO EMPRESAS: um estudo


sobre a empresa “Jota Kit Festa” no município de João Alfredo - PE

Este trabalho foi julgado adequado para obtenção do Título de Bacharel em


Ciências Contábeis. Pela Faculdade de Ciências Aplicadas de Limoeiro, em 02
de Março de 2021.

Apresentada à Comissão Examinadora, integrada pelos professores:

___________________________________________
Prof.º Rinaldjo da Silva Cabral de Aguiar
Orientador

___________________________________________
Prof.º Pablo Henrique de Sales Silva
Membro

___________________________________________
Prof.ª Paula Valeria Pereira de Santana Cordeiro
Membro

LIMOEIRO - PE
2021
DEDICATÓRIA

Dedicamos este trabalho primeiramente a Deus


que sempre nos iluminou e nos fez forte para
seguirmos firmes nesta luta. Seguidamente
dedicamos aos nossos familiares e aos amigos e
colegas que acreditaram em nosso potencial.
Somos gratos há todos que nos motivaram e foram
fundamentais para conclusão desse trabalho.

4
AGRADECIMENTOS

A Deus, por acreditar que nossa existência pressupõe outra infinitamente


superior.
Aos nossos familiares que contribuíram diretamente e indiretamente nas
nossas realizações;
Aos mestres que tão bem partilharam seus conhecimentos:
À Prof.ª Viviane Noemia de Barros pelo apoio e encaminhamento técnico;
À Prof.ª Ana Márcia de Morais França Filha por nos ensinar tão bem os
assuntos relacionados a Gestão Estratégica de Custos.
A todos os professores do curso de Ciências Contábeis, pelos conhecimentos
repassados, em especial ao Professor e Orientador Rinaldjo da Silva Cabral de Aguiar,
por sua atenção e apoio no amadurecimento dos nossos conhecimentos e conceitos
que nos levaram a execução e conclusão desta monografia.
Queremos agradecer também a Letróloga Maria Helena Negromonte, por
contribuir com revisões gramaticais ao nosso trabalho.
Aos nossos colegas de turma pela convivência e experiências durante esses
quatro anos. Deixamos a todos aqui o nosso muito obrigado.

5
EPÍGRAFE

“Mas, buscai primeiro o reino de Deus, e a sua justiça, e


todas as outras coisas vos serão acrescentadas.”
(Mateus 6:33)

6
RESUMO

O presente estudo teve como objetivo compreender como o gerenciamento de gastos


pode influenciar o capital de giro dos Microempreendedores Individuais. Diante disso,
este estudo buscou analisar os métodos de gerenciamento de gastos utilizados pelo
gestor do negócio e os impactos desta gestão sobre o controle do capital de giro na
empresa. É nítido que as pequenas empresas possuem a competência de gerar
oportunidades de trabalho e renda por atuarem em diversos setores produtivos e em
lugares onde as empresas de grande porte não atendem, como regiões menos
desenvolvidas. A metodologia utilizada consistiu numa pesquisa de campo numa
empresa que produz e comercializa salgados para eventos festivos no município de
João Alfredo no Estado de Pernambuco. Durante a análise dos dados foi observado
que contabilidade de custos do negócio estudado não gera um suporte preciso para
definir todos os custos e despesas que a empresa tem no decorrer do período mensal;
dessa forma, gerando incertezas sobre a lucratividade da mesma. O estudo se dá pela
evidenciação da matéria prima e sua apropriação para cada produto, para em seguida
determinar os valores dos faturamentos e dos gastos gerais, bem como custos e
despesas fixos e variáveis assim como sua comparação. Esse estudo é de
fundamental importância para o empreendimento por ser um modelo de gestão de
gastos que ajudará o gestor na tomada de decisões futuras.

Palavras-Chave: Custos. Capital de Giro. Salgados.

7
ABSTRACT

The present study aimed to understand how the management of expenses can
influence the working capital of Individual Microentrepreneurs. In view of this, this study
sought to analyze the expense management methods used by the business manager
and the impacts of this management on the control of working capital in the company.
It is clear that small companies have the competence to generate job and income
opportunities by working in several productive sectors and in places where large
companies do not serve, such as less developed regions. The methodology used
consisted of a field research in a company that produces and sells snacks for festive
events in the municipality of João Alfredo in the State of Pernambuco. During the
analysis of the data it was observed that cost accounting of the studied business does
not generate a precise support to define all the costs and expenses that the company
has during the monthly period; thus, generating uncertainty about its profitability. The
study takes place through the disclosure of the raw material and its appropriation for
each product, to subsequently determine the values of billings and general expenses,
as well as fixed and variable costs and expenses as well as their comparison. This
study is of fundamental importance for the enterprise as it is a cost management model
that will help the manager in making future decisions.

Keywords: Costs. Working capital. Salty.

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1 – Matéria prima adquirida no mês de novembro ........................................ 34


Tabela 2 – Total e porcentagens dos gastos gerais ................................................. 37
Tabela 3 – Classificação dos gastos em custos e despesas .................................... 40
Tabela 4 – Faturamento e volume de vendas do período ........................................ 44
Tabela 5 – Rateio dos materiais em relação aos produtos que o consomem ........... 48
Tabela 6 – Faturamento e gastos totais do período ................................................. 51

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LISTA DE GRÁFICOS

Gráfico 1 – Representatividade da matéria prima adquirida no mês de novembro ... 36


Gráfico 2 – Representatividade dos gastos gerais no mês de novembro ................. 38
Gráfico 3 – Representatividade dos custos fixos e variáveis .................................... 41
Gráfico 4 – Representatividade das despesas fixas e variáveis ............................... 43
Gráfico 5 – Demonstração percentual das vendas e do faturamento ....................... 46
Gráfico 6 – Comparativo entre o faturamento e os gastos totais do período ............ 52

10
SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO .................................................................................................. 13
2. REVISÃO DE LITERATURA.............................................................................. 16
2.1. Microempreendedor individual (MEI) ........................................................... 16
2.2. Dificuldades na Gestão dos MEIs ............................................................... 17
2.3. Capital de Giro ............................................................................................ 18
2.3.1. Ferramentas de Gestão do Capital de Giro .......................................... 19
2.3.2. Dificuldades de Acesso ao Capital de Giro ........................................... 20
2.4. Gestão Financeira ....................................................................................... 21
2.5. Principais Conceitos de Custos ................................................................... 22
2.6. Estruturação da Contabilidade de Custos ................................................... 23
2.6.1. Gastos .................................................................................................. 23
2.6.2. Desembolso ......................................................................................... 24
2.6.3. Investimentos ....................................................................................... 24
2.6.4. Custos .................................................................................................. 24
2.6.4.1. Custos Fixos .................................................................................. 25
2.6.4.2. Custos Variáveis ............................................................................ 25
2.6.4.3. Custos Diretos ............................................................................... 26
2.6.4.4. Custos Indiretos ............................................................................. 26
2.6.5. Despesas ............................................................................................. 26
2.6.5.1. Despesas Diretas ........................................................................... 27
2.6.5.2. Despesas Indiretas ........................................................................ 27
2.6.6. Perdas .................................................................................................. 27
2.6.7. Desperdícios ........................................................................................ 27
2.7. Métodos de custeio ..................................................................................... 28
2.7.1. Custeio Variável .................................................................................. 28
2.7.2. Custeio Por Absorção ........................................................................... 29
2.7.3. ABC (Custeio Baseado em Atividades) ................................................ 29
3. METODOLOGIA ................................................................................................ 30
3.1. Procedimentos de Pesquisa ........................................................................ 30
3.2. Tipos de Pesquisa ...................................................................................... 31
3.3. Métodos de Pesquisa .................................................................................. 31
3.4. Instrumentos de Coleta de Dados ............................................................... 32

11
4. RESULTADOS E DISCUSSÕES ....................................................................... 33
4.1. Caracterização da empresa estudada ......................................................... 33
4.2. Fatores que influenciam o capital de giro da empresa Jota Kit Festa .......... 33
4.3. Identificação das variáveis que influenciam a insuficiência de capital de giro
na empresa Jota Kit Festa .................................................................................... 33
4.4. Apresentação dos gastos e análise dos resultados........................................ 34
4.4.1. Custos com insumos ............................................................................... 34
4.4.2. Gastos gerais .......................................................................................... 37
4.4.3. Análise dos custos e despesas fixos e variáveis ...................................... 39
4.4.3.1. Análise dos custos fixos e variáveis .................................................. 40
4.4.3.2. Análise das despesas fixas e variáveis .............................................. 42
4.4.4. Faturamento e volume de vendas do período .......................................... 44
4.4.5. Rateio e caracterização dos insumos ...................................................... 47
4.4.6. Comparativo entre o faturamento e os gastos gerais do período ............. 51
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS ............................................................................... 54
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ......................................................................... 57

12
1. INTRODUÇÃO

Com o passar dos anos, as pequenas empresas vêm crescendo cada vez mais,
deixando, por conseguinte, a economia e o mercado de trabalho ainda mais
competitivos (FERREIRA, 2013). As pequenas empresas têm uma grande relevância
no progresso do nosso país, uma vez que elas dispõem a competência de gerar
oportunidades de trabalho e renda, atuando em diversos setores produtivos, em
lugares onde as empresas de grande porte não atendem, como regiões as menos
desenvolvidas.
A busca por desenvolvimento é um desafio ininterrupto para essas pequenas
empresas, visto que muitas delas iniciam suas atividades com pouco capital; o que
torna ainda mais laborioso enfrentar o mercado atual que é tão competitivo e muitas
vezes traiçoeiro. Para suportar as necessidades diárias, qualquer empreendimento
deve possuir, antes de tudo, ferramentas que servirão para estimar seu potencial
diante do mercado de trabalho, portanto, o uso de alguns métodos se faz primordial
para que haja coerência sobre onde se quer chegar e o rumo que deve ser dado ao
empreendimento para que ele alcance o desígnio esperado por seus fundadores.
As pequenas empresas, assim como outras de maior porte, necessitam de
recursos financeiros e uma boa gestão para que tenham sucesso. Quando vemos uma
entidade em situação desfavorável, pensamos que a principal adversidade é a
escassez de capital de giro. Essa falta é evidenciada quando as dívidas são superiores
aos seus faturamentos, provocando, consequentemente, a impossibilidade de honrar
com o pagamento de suas despesas e demais encargos.
A gestão de capital é uma das tarefas mais significativas de qualquer instituição,
em razão de ser a partir dela que as operações da empresa funcionam, e, por isso,
esses recursos devem ser utilizados de forma consciente para financiar o ciclo
operacional, no que diz respeito à compra de mercadorias e pagamento de obrigações
referentes às suas atividades operacionais. Esses recursos se tornam ainda mais
importantes quando a empresa vende a prazo para seus devedores, porquanto só
receberá depois.
De acordo com SANTOS (2001), a gestão do capital de giro é um dos fatores
que a empresa precisa ter o máximo de prudência, pois é por meio dele que se
apresenta o ciclo operacional, o qual determina se a liquidez da empresa corresponde
às suas necessidades.

13
Por isto, podemos considerar que o grande desafio das empresas, em especial,
as de pequeno porte, é o gerenciamento do capital de giro em relação a manutenção
das suas atividades essenciais para funcionamento de suas operações, considerando
que a falta disso pode gerar sérios danos à saúde financeira dessa empresa.
Dessarte, é fundamental que os administradores acompanhem e coordenem com
precisão os seus recursos para que possam minorar prováveis crises financeiras que
a empresa venha a desenvolver no futuro.
Para os Microempreendedores Individuais, manter um bom gerenciamento dos
gastos não é um encargo muito simples, embora pareça ser. Muitas são as
dificuldades encontradas pela empresa, principalmente quando se trata do mal
gerenciamento do fluxo de caixa que é gerado no cotidiano; esta é uma adversidade
que pode acarretar em sérios danos à saúde financeira da entidade.
O fluxo de caixa é uma das ferramentas mais importantes de qualquer
instituição, dado que é através dela que o empresário irá fundamentar suas tomadas
de decisões. Quando se tem uma gerência saudável desses fluxos, é possível
acompanhar toda a movimentação de valores da empresa, e, a partir daí o empresário
poderá manter a vida financeira do empreendimento organizada.
Em nosso país, a expansão dos Microempreendedores Individuais tem crescido
a cada ano, todavia quase ¼ dessas empresas fecham sem ao menos completar dois
anos de atividade. Segundo o IBGE (2019), 21% das empresas “quebram” após o
primeiro ano em atividade e um dos maiores fatores que levam ao fim destas no Brasil
é a falta de gerenciamento que, por sua vez, é fortemente afetado pela falta de
controles que possibilitem a geração de informações gerenciais básicas. Diante desse
cenário, a gestão correta do capital de giro é considerada um dos principais
coeficientes que contribuem para o bom funcionamento do negócio; a falta de controle
deste, pode suscitar em sérios danos a empresa, como a impossibilidade de arcar
com suas obrigações em curto prazo.
Dessa forma, direcionamos nossa questão de pesquisa pela seguinte
indagação: Como o gerenciamento de gastos pode influenciar o capital de giro dos
Microempreendedores Individuais (MEIs)?
Sendo assim, o presente estudo possui como objetivo geral analisar os
métodos de gerenciamento de gastos utilizados pelo MEI “Jota Kit Festa”, localizada
na cidade de João Alfredo – PE, e os impactos desta gestão sobre o controle do capital
de giro na empresa.

14
Em relação aos objetivos específicos foi definido a: Explanação dos aspectos
conceituais sobre a gestão de custos e a influência provocada no capital de giro na
empresa estudada; Classificação dos gastos de acordo com a necessidade de compra
e venda; Verificação das principais necessidades de utilização do capital de giro na
empresa em questão.
Sabe-se que o gerenciamento é basilar para qualquer empresa,
independentemente de seu tamanho ou estrutura, mas tratando-se das pequenas
empresas e levando em consideração os avanços tecnológicos que fazem com que
os riscos e as incertezas aumentem gradativamente, se torna evidente que a gestão
correta do capital é o principal recurso que irá direcionar a empresa para o sucesso
ou para o fracasso.
A seguinte pesquisa tem o propósito de estudar os contornos que o
Microempreendedor Individual utiliza para gerenciar o capital de giro de sua empresa,
no que se restringe a sua distribuição para manutenção do ciclo operacional. Esta
etapa compreende todas as atividades executadas desde a aquisição de materiais até
a venda do produto. Para esse fim, é essencial saber com rigor como e onde será
usado o capital, com o intuito de evitar desperdícios e a incapacidade de arcar com
as obrigações. É a definição correta dos gastos que influenciará positiva ou
negativamente no faturamento da empresa. Assim sendo, o estudo dos gastos é
imprescindível para qualquer entidade, visto que, a sua má gestão, propiciará diversos
problemas a saúde financeira da empresa, por outro lado, quando esses gastos são
classificados e gerenciados de forma correta, poderão trazer diversos proveitos
financeiros.
Portanto, a presente pesquisa justifica-se pela relevância da correta gestão dos
gastos e suas influências no capital de giro dos MEIs, tendo conhecimento que o
estudo feito na empresa “Jota Kit Festa” é de grande valor pois permite a visibilidade
para este tipo de empreendimento, como instrumento promissor para o crescimento
do negócio e para pesquisas futuras a respeito do tema em questão. E ainda, estudar
este assunto é de fundamental importância, em virtude de estar contribuindo com a
atribuição de conhecimento, além de colocar em prática a metodologia abordada pelo
presente estudo.
Este trabalho está dividido em quatro seções, além desta introdução. Na
primeira seção serão abordados conceitos com base em obras de alguns autores,
dando ênfase à temática geral deste projeto de pesquisa. A segunda seção discutirá

15
sobre os procedimentos metodológicos utilizados para a execução deste trabalho. Já
a terceira seção irá tratar da análise e das discussões dos resultados. Por fim, a quarta
seção trará as considerações finais para finalizar este trabalho.

2. REVISÃO DE LITERATURA

Para facilitar a compreensão deste estudo, é necessário que alguns pontos


sejam abordados, por isso, esta seção irá tratar de alguns aspectos conceituais
considerados relevantes para a realização deste trabalho. Os assuntos abordados
aqui, proporcionaram direcionamento sobre os objetivos esperados, além de nortear
o entendimento da questão de pesquisa.

2.1. Microempreendedor individual (MEI)

O Microempreendedor Individual (MEI) é um empreendedor que tem um


pequeno negócio e conduz sua empresa sozinho. A atividade determina que o
profissional tenha um rendimento fixo anual para se manter dentro da modalidade.
O registro de MEI foi criado pelo Governo Federal para enquadrar profissionais
que exerciam suas atividades profissionais na informalidade. Com a criação da
modalidade, uma série de profissionais puderam se formalizar e ter acesso a inúmeros
benefícios, como aposentadoria, licença-maternidade, financiamentos etc.
A Lei Complementar 128/08 trouxe pela primeira vez o conceito de
empreendedor individual, que foi inserido na Lei Complementar 123/06.
A Lei Nº 123/06 define o MEI no parágrafo 1º do Art. 18-A, como sendo:

§ 1º Para os efeitos desta Lei Complementar, considera-se MEI o empresário


individual a que se refere o art. 966 da Lei no 10.406, de 10 de janeiro de
2002 (Código Civil), que tenha auferido receita bruta, no ano-calendário
anterior, de até R$ 60.000,00 (sessenta mil reais), optante pelo Simples
Nacional e que não esteja impedido de optar pela sistemática prevista neste
artigo.

Empresas enquadradas no MEI podem solicitar sua transição e pode passar a


ser microempresa a qualquer momento, por opção própria do empreendedor ou por
comunicação obrigatória, por meio do recolhimento de seus impostos pelo Simples
Nacional. Segundo o que determina esta lei, quando a empresa deixa de atender
quaisquer condições exigidas e impostas para optar como Microempreendedor
Individual, essa decisão deve ser realizada por Comunicação procedida pelo MEI ou
mediante Ofício.

16
Conforme o SEBRAE (2011), a Lei Complementar nº 128/2008 não surgiu
apenas para ajudar no processo de abertura e formalização de pequenos negócios,
mas também como meio de atrair candidatos a empreendedores e empreendedores
informais para a formalidade através de benefícios de baixo custo.
Na opinião de Fernandes, Maciel e Sossai (2010), o MEI tem como objetivo
extinguir a burocracia no que tange à legislação e impostos, como meio de cooperar
que as pequenas empresas regularizem a situação dos profissionais autônomos que
ainda trabalham na informalidade.
Segundo Laurentino (2012), o Microempreendedor Individual tem acesso a
benefícios como auxílio maternidade, auxílio doença e aposentadoria, bem como os
mesmos direitos assegurados às demais microempresas na área trabalhista, na área
de licitação, de acesso a crédito, acesso à justiça, entre outros.
Optar por se formalizar como MEI pode ser um ótimo pontapé inicial para os
empreendedores que tem grandes ideias de negócio, mas que não possuem uma
estrutura e/ou recursos financeiros que os permitam abrir uma empresa mais
tradicional. Quando formalizado, o empreendedor faz uso de diversos benefícios e
auxílios que os possibilitam ter perspectiva no crescimento de seu negócio, podendo
expandir para novos horizontes e ver seu micro empreendimento tornar-se algo maior.

2.2. Dificuldades na Gestão dos MEIs

É notório que o cenário brasileiro vem enfrentando grandes mudanças no que


diz respeito a economia. A atual crise financeira no país tem atingindo agressivamente
todos os tipos de empreendimentos, desde os pequenos negócios até as empresas
de grande porte. Os Microempreendedores individuais também estão sendo afetados
de forma negativa.
Para o Sebrae (SEBRAE, 2017), um dos principais fatores que contribuem para
a mortalidade de micro e pequenas empresas (MPEs) no Brasil é a má gestão do
capital de giro. Em uma pesquisa realizada por Domingues et al (2017) envolvendo
2.000 MPEs e 800 MEIs do estado de São Paulo conclui que, cerca que 39% dos
empreendedores não sabiam qual era a necessidade de capital de giro para dar início
a um negócio; este que é essencial para a saúde financeira de qualquer empresa. No
caso das MPEs quando esse recurso for mal administrado pode acarretar sérios
problemas financeiros.

17
A ausência de planejamento revela que o MEI, embora elevado à condição de
empresário, desconhece ferramentas de gestão para tomada de decisão. É importante
ressaltar que muitas empresas foram abertas nessa condição com o objetivo de
fragilizarem as relações trabalhistas, pois antigos empregadores identificaram nessa
oportunidade uma maneira de reduzirem suas folhas de pagamento, o que vai ao
encontro do preconizado por Tachizawa e Faria (2004) para a reestruturação do
mercado de trabalho.
A falta de planejamento também demonstra que esse fator está em
consonância com pesquisas desenvolvidas pelo SEBRAE (2015), que revelam que a
ausência desse item, o desconhecimento de ferramentas de gestão empresarial,
estão entre as principais causas da falência dos negócios, além das características
do comportamento empreendedor. O empresário age como se fosse funcionário do
próprio negócio.
Também pode ser destacado como uma das dificuldades de gestão dos MEIs,
os controles financeiros, dificuldades na formação de preços, controle de estoque,
capital de giro, endividamento elevado com a consequente apresentação de restritivos
poderão acarretar em dificuldades ou até mesmo no encerramento das atividades.

2.3. Capital de Giro

A expressão “capital de giro” se refere ao ativo circulante, ou seja, o valor em caixa


para custear as despesas fixas, como aluguel e funcionários, e também eventuais
imprevistos ou até investimentos. Qualquer empresa que não tenha um capital de giro, ao se
deparar com um gasto extra vai precisar recorrer a empréstimos bancários, o que significa
juros e valores excedentes, que podem conduzir à falência.
Ferreira et al. (2011) define capital de giro como uma parcela de capital aplicada
no ciclo operacional da empresa no qual abrange o período de movimentação da
mercadoria ou da matéria prima até que seu valor de venda seja recebido. Nos dias
atuais, vender a prazo se tornou algo cada vez mais frequente, e por este motivo, é
extremamente importante que as empresas tenham sempre dinheiro em caixa, para
que possam arcar com as necessidades operacionais do negócio.
Capital de giro significa capital de trabalho, ou seja, o capital necessário para
financiar a continuidade das operações da empresa, como recursos para
financiamento aos clientes (nas vendas a prazo), recursos para manter estoques e
recursos para pagamento aos fornecedores (compras de matéria-prima ou

18
mercadorias de revenda), pagamento de impostos, salários e demais custos e
despesas operacionais (OLIVEIRA, 2013). O capital de giro é definido por Sá (2009,
p. 57) como “o capital em circulação ou movimento”.
De acordo com BERTI (1999), Capital de Giro é a parcela de recursos
destinados à aplicação no ciclo operacional da empresa, ou seja, os recursos que
giram ao longo do ciclo econômico e financeiro, envolvendo as etapas que seguem
desde a aquisição de matéria-prima, a transformação, vendas, distribuição e
recebimento dos produtos elaborados.
Percebe-se que os autores citados anteriormente procuram mostrar em suas
falas a importância do capital de giro para as empresas como um todo, e para os
Microempreendedores Individuais não é nada diferente. Ambos, evidenciam que o
capital de giro é extremamente fundamental para movimentação das atividades
financeiras da empresa, envolvendo desde o controle dos estoques até recebimento
das contas, constituindo assim um fator relevante para a continuidade dos negócios.

2.3.1. Ferramentas de Gestão do Capital de Giro

Para o estudo de capital de giro, é necessário ter em mente alguns conceitos


como o ciclo operacional, ciclo financeiro, giro de caixa e caixa operacional.
Na visão de Silva (2006, p. 14), o ciclo operacional “inicia-se com a compra de
matéria-prima e se estende até o recebimento de vendas”. Semelhantemente, Assaf
Neto (2007) afirma que, o ciclo operacional são as atividades que envolvem a
produção de bens e serviços de maneira sequencial e repetitiva, e na sequência, a
realização das vendas e respectivos recebimentos. Percebe-se que ambos autores
afirmam, de forma geral, que o ciclo operacional é o intervalo de tempo compreendido
desde a compra das mercadorias ou dos materiais de produção até o recebimento da
venda.
O ciclo financeiro por sua vez, é representado pelo tempo existente entre o
pagamento a fornecedor e o recebimento das vendas (SILVA, 2006). No mesmo
sentido, Santos (2001, p. 17) afirma que, o ciclo financeiro “é o intervalo de tempo
entre os eventos ocorridos ao longo do ciclo operacional, representados pelo
pagamento a fornecedores e pelo recebimento das vendas”. De forma simples, o ciclo
financeiro é o período necessário para ocorrer a produção, distribuição, venda e coleta
do pagamento dos produtos vendidos pela empresa.

19
Santos (2001, p. 18) entende que “o giro de caixa é um parâmetro relacionado
com o ciclo de caixa que indica quantas vezes, ao longo de um ano, ocorre o
revezamento do caixa da empresa”. O caixa operacional é o mínimo de recursos
financeiros que uma empresa precisa para os giros de suas operações (SANTOS,
2001). Por fim, vale pontuar a importância do giro de caixa e do caixa operacional para
o bom andamento dos negócios, visto que essas ferramentas proporcionam indicar a
quantidade de ciclos financeiros e medir o desempenho das atividades do caixa
durante o exercício.

2.3.2. Dificuldades de Acesso ao Capital de Giro

A ausência de recursos financeiros é um dos principais fatores que dificultam a


continuidade empresarial levando muitas empresas ao fracasso. Isso ocorre por que
grande parte desses Microempresários precisam de acesso a crédito seja para
financiar suas atividades operacionais, ou para buscar crescimento dos seus negócios
através de investimentos.
De acordo com Camargos (2010), as pequenas empresas brasileiras têm
grande dificuldade em acesso ao capital de giro, principalmente a longo prazo. No que
se refere ao sistema bancário, exceto os bancos de desenvolvimentos, o pequeno
empresário é obrigado a competir na mesma faixa de crédito das grandes empresas,
o que dificulta a obtenção de crédito.
De acordo com Ross, Westerfield e Jordan (2000), o administrador financeiro
deve se preocupar com 3 tipos de áreas dentro da administração financeira, que são
elas: orçamento de capital, estrutura de capital e administração do capital de giro.
A atividade de concessão de crédito é fortemente influenciada pelas condições
macroeconômicas do país, além das políticas governamentais, dessa forma são
caracterizadas por movimentos cíclicos, flutuando entre um conservadorismo
defensivo até uma agressividade responsável (MINUSSI, DAMACENA E NESS,
2001).
De acordo com o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresa
(SEBRAE), o crédito é fator determinante para o desempenho econômico-financeiro
das MPE’s, no entanto constatou-se que existe uma inadequação do crédito para o
segmento, incluindo: burocracia e juros elevados. Almeida e Ross (2000) afirmam que
existem recursos financeiros disponíveis em várias instituições, mas o custo é alto

20
para as empresas desse porte, pois para as instituições financeiras a percepção de
risco é bastante elevada para este segmento.
Em estudo realizado pelo SEBRAE (2007), os próprios empresários apontaram
as maiores dificuldades enfrentadas por eles, dos quais os principais fatores para
fechamento da empresa são a carga tributária elevada e a administração do capital
de giro. Sendo que o maior índice de mortalidade das MPEs ocorre nos primeiros 5
anos de existência.

Para as empresas o crédito pode estar presente nas atividades operacionais e


se verifica tanto na aquisição de produtos e serviços para suas operações como
também para venda. O problema é que grande parte delas, não consegue se auto
financiar, e recorrem ao endividamento com custos elevados que pode acarretar em
outras dificuldades na gestão do capital de giro.

2.4. Gestão Financeira

A gestão financeira pode ser denominada como o conjunto de ações e


procedimentos administrativos, envolvendo o planejamento, análise e controle das
atividades financeiras da empresa, visando maximizar os resultados econômicos e
financeiros decorrentes de suas atividades operacionais.
Para o SEBRAE (2017), a gestão financeira é uma gama de procedimentos que
visam maximizar os resultados econômicos e financeiros de uma empresa através de
um planejamento de recursos, o controle das movimentações financeiras planejadas
e a consequente análise efetiva do planejamento feito.
Ainda para o SEBRAE (2017), na gestão financeira é indispensável o registro
de todas as informações, pois assim facilita o planejamento econômico e financeiro, o
controle e o conseguinte acompanhamento dos resultados.
A gestão financeira existe para o empresário ter um controle maior de tudo que
acontece na sua empresa, desta forma, pode utilizar-se dessas informações para
tomada de decisões importantes, desde fazer um empréstimo até investir em
imobilizado, tudo dependendo de como está a saúde financeira da empresa.
A gestão financeira compõe um conjunto de ações e procedimentos
administrativos que envolvem o planejamento, a análise e o controle da atividade
financeira da empresa, visando maximizar os resultados econômicos e financeiros
(OLIVEIRA, 2013). É necessário destacar, porém, que neste estudo, os conceitos

21
relacionados às ferramentas de gestão divulgadas são aqueles recomendados pelo
Sebrae (2017), que conforme já apontado, desenvolve ações diversificadas, com
vistas à capacitação de microempreendedores individuais. Essa entidade produziu e
socializou diversos manuais “com o intuito de dar uma visão ampla e prática das
ferramentas de gestão existentes, contribuindo para o aprimoramento da gestão dos
pequenos empreendimentos, sem contudo esgotar os temas abordados” (OLIVEIRA,
2013, p. 5).
No processo de gestão de qualquer negócio, diversos instrumentos financeiros
podem ser utilizados a fim de dar maior suporte às decisões. Entende-se que o uso
desses instrumentos, também nos micros e pequenos empreendimentos, é
necessário e positivo, visto que, normalmente os empresários tomam decisões com
base em experiências pessoais, devido ao seu desconhecimento da utilidade desses
instrumentos e, também ao nível de informalidade nas operações cotidianas como já
constatado por Borges e Borges (2014) e Santos, Dorow e Beuren (2016).
Considerando que a causa de descontinuidade – paralisação ou encerramento
das atividades operacionais – com maior frequência de ocorrência, decorre de
dificuldades financeiras ou falta de capital de giro (SEBRAE, 2017).
Adicionalmente, a gestão financeira, para ser eficaz, precisa ser sustentada e
orientada por um planejamento de suas disponibilidades, para isso, o gestor precisa
de instrumentos confiáveis que auxiliem a otimizar os rendimentos dos excessos de
caixa ou estimar as necessidades futuras de financiamentos, para que possa tomar
decisões certas e oportunas.

2.5. Principais Conceitos de Custos

A princípio, a contabilidade de custos era vista apenas como um meio para


orçar o que foi gasto no produto até deixa-lo pronto para venda. Porém, atualmente
com o grande número de concorrentes, as empresas buscam fazer uso das
informações contábeis para o gerenciamento e controle das atividades decisórias.
Segundo Leopoldo (2009, p. 105), “as informações de custos são usadas para
desenvolver estratégias que visam a obtenção da vantagem competitiva pela
empresa, gerenciar custos com eficácia exige um enfoque profundo [...]”.
A contabilidade de custos tem como finalidade calcular os custos dos produtos
e o controle que lhes competem, proporcionando, dessa forma, um melhor
entendimento dos valores gastos pela empresa, para que assim seja possível realizar

22
a venda do produto obtendo lucros propícios.
A importância da gestão de custos em micro e pequenas empresas é uma
necessidade tanto contábil quanto administrativa, pois é através do controle dos
custos que se parte para as tomadas de decisões, por exemplo, qual será o preço do
bem ou serviço, aquisição de novos equipamentos, qual o nível de desconto que
poderá ser oferecido ao consumidor.
De acordo com Iudicíbus et al. (2006), as empresas necessitam de informações
mais precisas para saberem da lucratividade e do retorno dos investimentos, uma vez
que visam disponibilizá-las aos seus acionistas, investidores e usuários, ampliando
assim o campo de atuação da gestão empresarial.
Esse detalhamento das informações leva a uma melhor tomada de decisão,
conforme Dantas e Ferreira (2008), as tomadas de decisões fundamentam-se na
avaliação dos aspectos quantitativos e qualitativos dos fatos ocorridos e dos fatos
ocorrentes, bem como em cenários projetados e os impactos que possam causar às
pessoas naturais ou às organizações no contexto socioeconômico.
Por fim, o ramo da contabilidade de custos emergiu por meio da contabilidade
financeira, que se encontrava limitada em apenas acumular valores. Todavia com o
passar dos anos, o estudo da contabilidade de custos foi sendo aprimorado, com a
implantação de práticas, princípios e convenções, onde passou a ser vista como uma
forma eficiente de auxílio a tomada de decisões, já que se destina a fornecer
informações que poderão fundamentar o desempenho e o controle das operações,
visando auxiliar na redução de custos e obtenção de maiores resultados.

2.6. Estruturação da Contabilidade de Custos

2.6.1. Gastos

No entendimento de Crepaldi (2018), os gastos são encargos financeiros


efetuados por uma entidade com vista a obtenção de um produto ou serviço qualquer
para produção de um bem ou para obtenção de uma receita. Os gastos podem ser
classificados em: investimentos, custos, despesas, perdas ou desperdícios.
Segundo Martins (2010, p.24), “é a compra de um produto ou serviço qualquer,
que gera sacrifício financeiro para a entidade (desembolso), sacrifício esse
representado por entrega ou promessa de entrega de ativos (normalmente dinheiro)”.
Portanto, gasto é todo e qualquer desembolso que a empresa tem, para adquirir

23
qualquer bem ou serviço.

2.6.2. Desembolso

Para Crepaldi (2018), desenbolso é o pagamento resultante da aquisição ou


produção de um bem, serviço ou despesa. Já para Martins, (2003, p.17) “é o
pagamento resultante da aquisição do bem ou serviço”.
Para Martins (2010, p. 25) desembolso é definido como o “pagamento
resultante da aquisição do bem ou serviço”. Ou seja, desembolso representa toda
saída de recursos financeiros do Caixa da empresa.

2.6.3. Investimentos

São todos os gastos ativados em função da utilidade futura de bens ou serviços


obtidos (Crepaldi 2018).
Já para Martins (2010, p. 25) investimento é conceituado como um “gasto
ativado em função de sua vida útil ou de benefícios atribuíveis a futuro(s) período(s)”.
Em virtude dos conceitos apresentados, conclui-se que investimento, nada
mais é do que gastos úteis à vida da entidade, que gerarão benefícios futuros.

2.6.4. Custos

De acordo com Crepaldi (2018), custos são gastos relativos a bens ou serviços
utilizados na produção de outros bens ou serviços, sejam eles desembolsados ou não.
Enquanto que Crepaldi (2004, p.17) descreve o conceito de custos como:
“gastos ou sacrifícios econômicos relacionados com a transformação de ativos,
exemplo: consumo de matéria-prima ou pagamento de salários”.
De acordo com a NPC 2 do IBRACON (2013),

Custo é a soma dos gastos incorridos e necessários para a aquisição,


conversão e outros procedimentos necessários para trazer os estoques à sua
condição e localização atuais, e compreende todos os gastos incorridos na
sua aquisição ou produção, de modo a colocá-los em condições de serem
vendidos, transformados, utilizados na elaboração de produtos ou na
prestação de serviços que façam parte do objeto social da entidade, ou
realizados de qualquer outra forma.

Isto posto, os custos são tipos de gastos que ocorrem durante o processo de
produção, no momento em que se faz uso de um bem ou serviço até a finalização do
produto, como: a matéria-prima adquirida, a mão de obra operacional, a depreciação

24
das máquinas de um setor de produção, dentre diversos outros custos decorrentes do
processo produtivo.

2.6.4.1. Custos Fixos

De acordo com Sebrae (2019), custos fixos são gastos que permanecem
constantes, independente de aumentos ou diminuições na quantidade produzida e
vendida. Os custos fixos fazem parte da estrutura do negócio.
Um custo que em determinado período e volume de produção não se altera em
seu valor total, mas vai ficando cada vez menor em termos unitários com o aumento
do volume de produção (Crepaldi 2018).
Segundo Martins (2008), “os custo fixos são aqueles que não variam,
proporcionalmente, ao volume de unidades produzidas. Exemplos: salários, aluguel;
seguros, etc”. Macedo (2013) complementa o conceito dizendo que, “custo fixo é a
soma de todos os gastos mensais de uma empresa que esteja funcionando, mesmo
que não venda ou preste nenhum serviço. São as despesas de aluguel, material de
escritório, recepcionista, contador, taxa de IPTU, água e telefone.”
Assim sendo, ainda que não haja produção, ou independentemente do volume
que vier a ser produzido, esses tipos de gastos não sofreram qualquer alteração.
Como exemplo podem ser destacados os gastos com aluguéis e de mão de obra.

2.6.4.2. Custos Variáveis

Custos que são uniformes por unidade, mas que variam no total na proporção
direta das variações da atividade total ou do volume de produção relacionado
(Crepaldi 2018).
Conforme Leone (2013) custo variável é o quanto oscila a quantidade utilizada
de uma matéria-prima, bem, máquina em relação a algum parâmetro (nível de
produção ou o tempo), ou seja, será um custo variável, aquele que variar em função
da produção.
Os Custos Variáveis são os gastos que são alterados de acordo com a
quantidade produzida ou vendida respectivamente, ou seja, quanto maior a produção,
maiores serão os custos variáveis do período (SEBRAE, 2019).
Portanto, os custos variaveis são aqueles que sofrem constantes mudanças,
em decorrência das oscilações da quantidade produzida. Estes são os gastos com
matéria-prima, mão de obra, frestes e comissões, por exemplo.

25
2.6.4.3. Custos Diretos

Custos diretos são conceituados por Martins (2008), como aqueles que podem
ser alocados a determinado produto ou serviço de forma direta, ou seja, sua medida
é de fácil identificação. Exemplo: matéria-prima consumida, embalagens utilizadas,
mão de obra e outros.
Segundo Crepaldi, (2010, p.39) “são os custos que podemos apropriar
diretamente aos produtos e variam com a quantidade produzida. Sem ele o produto
não existiria”.
Posto isso, os custos diretos são aqueles capazes de serem medidos ou
controlados de modo eficiente durante a fabricação de um produto. Compreendem
basicamente os materiais diretos, a mão de obra direta, por exemplo.

2.6.4.4. Custos Indiretos

Os custos indiretos são os custos que não são facilmente identificados a um


único produto/serviço. A alocação na maioria das vezes é feita por meio de rateio.
Crepaldi (2010, p.92) descreve o conceito de custos indiretos como: “São os
que não podemos identificar diretamente com os produtos e necessitamos de rateios
para fazer a apropriação. É todo custo que não está vinculado diretamente ao produto,
mas ao processo produtivo”.
Portanto, os custos indiretos são todos aqueles gastos que não estão
diretamente ligados a produção e que necessitam de “aproximações”, isto é, de algum
critério de rateio, para serem atribuídos aos produtos. São exemplos de gastos
indiretos os seguros e aluguéis da fábrica, supervisão de diversas linhas de produção.

2.6.5. Despesas

As despesas são os gastos que a empresa tem para manter sua estrutura, com
o objetivo de obter receitas e que não estão relacionados diretamente ao produto ou
serviço, mas que são necessários para manter as atividades da empresa.
Considera-se como despesa na descrição de Bornia (2009, p.16), “o valor dos
insumos consumidos para o funcionamento da empresa e não identificados com a
fabricação, geralmente são gastos da administrativa comercial e financeira”.
Conforme Crepaldi (2018), as despesas são gastos com bens e serviços não
utilizados nas atividades produtivas e consumidos direta ou indiretamente para a

26
obtenção de receitas, que provocam redução do patrimônio. Compreendem as
despesas:

2.6.5.1. Despesas Diretas

São as diretamente relacionadas ao faturamento, tais como comissões de


vendas, impostos diretos sobre o faturamento, fretes de entrega, royalties por
utilização de processos patenteados etc (Crepaldi 2018).

2.6.5.2. Despesas Indiretas

São as que não dependem do faturamento, sendo necessárias às atividades


de suporte administrativo, comercial e operacional geral, tais como salários e
encargos sociais, prestadores de serviço diversos, tarifas públicas, aluguéis, e
condomínios, gerais, financeiras etc (Crepaldi 2018).
Desta maneira, as despesas são necessárias para o funcionamento da
empresa, mesmo que não estejam relacionadas aos produtos ou serviços produzidos
pelo empreendimento, visto que são gastos que podem estar diretamente ou
indiretamente ligados as atividades gerenciais do negócio. Podem ser citados os
gastos com salários da administração, com comissão de vendedores, com
propagandas, e os gastos com aluguel e energia elétrica da área administrativa, por
exemplo.

2.6.6. Perdas

Afirma Neves e Viceconti (2010) que as perdas são gastos não intencionais
decorrentes de fatores externos fortuitos ou da atividade produtiva normal da
empresa.
Conforme Martins (2010, p. 26) é conceituada como um “bem ou serviço
consumidos de forma anormal e involuntária”.
As perdas são gastos imprevistos e que não trazem retorno algum para a
empresa, e por este motivo não devem ser encarados como parte dos custos de
fabricação dos produtos.

2.6.7. Desperdícios

No entendimento de Brimson (1996), desperdícios são constituídos pelas


atividades que não agregam valor e que resultam em gastos de tempo, dinheiro,

27
recursos sem lucro, além de adicionarem custos desnecessários aos produtos.
Por outro lado, Crepaldi (2018) entende que os desperdícios são os gastos
originados dos processos produtivos ou de geração de receitas que podem ser
descartados sem prejuízo da qualidade ou quantidade de bens, serviços ou receitas
geradas.
Assim sendo, esses gastos estão associados as atividades que não agregam
valor ao produto ou serviço, e por consequência, para o cliente; são gastos de tempo
e dinheiro usados além do necessário aos produtos ou serviços.

2.7. Métodos de custeio

Os métodos de custeio definem quais os custos que devem fazer parte do


custeio dos produtos e como estes custos serão apropriados. Portanto, cada método
produzirá informações diferenciadas. É importante que, ao escolher um método,
sejam considerados os objetivos a serem alcançados, a estrutura organizacional e as
características operacionais da empresa.
Martins (2010) identifica como modelos de método de custeio o Custeio
Variável, o Custeio por Absorção e o Custeio por Atividades. Para ele a opção pelo
modelo de método de custeio é definida pela natureza dos recursos econômicos que
devem ser computados na apuração do valor de custos dos produtos.
Para fins de referência, também faz-se necessária uma rápida conceituação
dos métodos de custeio mais conhecidos e discutidos pela contabilidade de custos,
conforme os seguintes itens.

2.7.1. Custeio Variável

Para este método, somente os custos variáveis são apropriados aos produtos,
sejam eles diretos ou indiretos.
Na concepção de Vieira (2013, p. 72), o custeio variável, também conhecido
como custeio direto, é utilizado para fins gerenciais, fornecendo ferramentas que
auxiliam no processo de gerenciamento da empresa. Neste método somente são
alocados aos produtos aqueles custos que variam diretamente com o volume de
produção.
Vale lembrar que este método de custeio dispõe de uma maior facilidade no
entendimento do custeamento dos produtos por parte dos gestores empresariais, por
possibilitarem uma avaliação mais correta do desempenho do negócio, bem como

28
proporcionar mais clareza das informações para a tomada de decisão. Por outro lado,
o custeio variável possui como desvantagem, o fato de não estar totalmente de acordo
com os princípios contábeis, já que este, altera o resultado do período por não fazer
uso dos custos fixos indiretos na valorização dos estoques, dessa forma, fazendo com
que o estoque seja avaliado abaixo do seu valor real. (PADOVEZE, 2010).
Dessarte, entende-se que o custeio variável possui grande importância no
julgamento de decisões relacionadas aos custos e aos preços, por impedir, por
exemplo, que se tenha no empreendimento um acréscimo de produção no instante
em que as vendas não estão crescendo de maneira adequada.

2.7.2. Custeio Por Absorção

Esse método é considerado o mais adequado para fins contábeis, já que


considera como custo dos produtos todos os gastos com a fabricação, sejam eles
diretos ou indiretos, fixos ou variáveis.
O Custeio por absorção é aquele que atribui todos os custos da área de
fabricação ao produto fabricado, ou seja, o método é fazer com que cada produto
obtenha uma fração dos custos diretos e indiretos relacionados a fabricação
(CREPALDI 2018).
Segundo Crepaldi (2018, p. 152), “ nesse método consideramos que todos os
custos (fixos ou variáveis) são absorvidos pelos produtos. Todos os gastos relativos
aos esforços de produção são distribuídos para todos os produtos ou serviços feitos”.
Sendo assim o método de custeio por absorção possui como característica o
uso de poucos critérios de rateios, em que na maioria das vezes não possui relação
com o elemento custo que está sendo compartilhado aos produtos, o que pode resultar
em distorções na apresentação de valores de custos dos bens produzidos ou serviços
prestados pelas empresas.

2.7.3. ABC (Custeio Baseado em Atividades)

O custeio baseado em atividades é um método de rastreamento de custos das


atividades realizadas por uma empresa e de verificação sobre como essas atividades
estão relacionadas para a geração de receitas e o consumo de recursos.
Para Martins (2010, p. 87), “é um método de custeio que procura reduzir
sensivelmente as distorções provocadas pelo rateio arbitrário dos custos indiretos”.
Por outro lado, CREPALDI (2018) afirma que no método ABC, o propósito é

29
buscar quais as atividades consomem significativamente os recursos da produção.
Diante disso, os custos são direcionados para essas atividades e destas para os bens
fabricados.
Portanto esse tipo de custeio ajuda na identificação das atividades que
realmente adicionam ou não valor no processo de produção, além de contribuir na
melhoria da gestão da rentabilidade de cada produto ou cliente, indicando sua legítima
recompensação para o negócio.

3. METODOLOGIA

Esta seção discutirá sobre os procedimentos metodológicos que compreenderam a


proposição da pesquisa, as considerações metodológicas e o processo de pesquisa
utilizado para a execução deste trabalho. Diante disso, a metodologia é de
fundamental importância, uma vez que estuda e avalia esses múltiplos métodos,
apresentando possibilidades e limitações em sua aplicação na pesquisa científica, ou
seja, permite a precedência da melhor maneira ao se abordar determinado problema,
agregando os conhecimentos dos métodos em vigor nas mais variadas áreas
científicas (DIEHL E TATIM, 2004).

3.1. Procedimentos de Pesquisa

Para que seja possível analisar os fatos que ocorrem dentro de uma empresa,
se faz necessário traçar modelos conceituais que irão auxiliar as questões técnicas
de pesquisa, assim sendo, foi utilizado neste trabalho os seguintes procedimentos de
pesquisa: Bibliográfica e Pesquisa de Campo.
A pesquisa bibliográfica abrange toda a bibliografia já tornada pública em
relação ao tema em estudo, desde publicações avulsas, revistas, jornais, livros, teses
e outros. Sua finalidade é colocar o pesquisador em contato direto com determinado
assunto a fim de conhecer melhor a pesquisa e os resultados esperados no que diz
respeito ao tema aqui investigado. Para Oliveira (1999), a pesquisa bibliográfica
proporciona conhecer as diferentes formas de contribuição científica que se
realizaram sobre determinado assunto ou fenômeno.
Para sua elaboração, ainda será adotada a pesquisa de campo que permitirá
observar fatos e fenômenos da maneira como ocorrem na realidade por meio da coleta
de dados. As informações daqui extraídas serão de grande valia para solucionar a
questão do problema, para o qual se procura uma resposta. Para Gil (2002), o estudo

30
de campo proporcionará ao pesquisador experiência direta com a situação do estudo,
visto que este realizara maior parte do trabalho pessoalmente.

3.2. Tipos de Pesquisa

Esta pesquisa pode ser considerada como exploratória e descritiva.


Exploratória porque possibilitará o aumento de conhecimento do pesquisador sobre
os fatos, permitindo a formulação mais precisa de problemas, a criação de novas
hipóteses e a realização de novas pesquisas mais estruturadas. Já a pesquisa
descritiva irá classificar, analisar, interpretar e descrever o objeto aqui estudado,
assim, proporcionará conhecer melhor o ambiente estudado, suas características,
valores e problemas relacionados à cultura da empresa.
Segundo Selltiz et al. (1965), enquadram-se na categoria dos estudos
exploratórios todos aqueles que buscam descobrir ideias e intuições na tentativa de
adquirir maior familiaridade com o fenômeno pesquisado.
Por outro lado, a pesquisa descritiva, segundo Gil (1999), tem como finalidade
principal a descrição das características de fatos ou fenômenos de determinada
realidade ou o estabelecimento de relações entre variáveis.
Portanto, utilizou-se a pesquisa exploratória e descritiva, pois irá proporcionar
um conhecimento mais aprofundado sobre a gestão de custos, através da
observação, coleta, classificação e interpretação dos fatos da entidade em estudo.

3.3. Métodos de Pesquisa

A escolha do método de pesquisa deve ser coerente ao problema investigado,


visto isso e diante da questão de pesquisa definida para o presente trabalho,
considerou-se para esta pesquisa os métodos qualitativo e quantitativo, tendo em vista
as definições e argumentos que se seguem.
A pesquisa qualitativa supõe o contato direto e prolongado do pesquisador com
o ambiente e a situação que está sendo investigada, por meio do trabalho intensivo
de campo, dessa forma, será possível compreender com mais clareza e objetividade
o significado dos dados coletados.
Para Gil (1999), a abordagem de cunho qualitativo propicia o aprofundamento
da investigação das questões relacionadas ao fenômeno em estudo e das suas
relações, mediante a máxima valorização do contato direto com a situação estudada,
buscando-se o que era comum, mas permanecendo, entretanto, aberta para perceber

31
a individualidade e os significados múltiplos.
Já a pesquisa quantitativa se baseia nos registros e análises de todos os dados
numéricos que se referem ao comportamento da empresa em estudo.
Para Mattar (2001), a pesquisa quantitativa busca a validação das hipóteses
mediante a utilização de dados estruturados, estatísticos, com análise de um grande
número de casos representativos, recomendando um curso final da ação. Ela
quantifica os dados e generaliza os resultados da amostra para os interessados.

3.4. Instrumentos de Coleta de Dados

As técnicas de coleta de dados são um conjunto de regras ou processos


utilizados por uma ciência, ou seja, corresponde a parte prática da coleta de dados
(LAKATOS & MARCONI, 2001).
Toda a pesquisa deve ser bem planejada, segundo Diehl e Tatim (2004), as
técnicas de coleta de dados devem ser escolhidas e aplicadas pelo pesquisador
conforme o contexto da pesquisa, no entanto, sua eficácia depende de sua utilização
adequada.
Durante a coleta de dados, diferentes técnicas podem ser empregadas, sendo
as mais utilizadas: a entrevista, a observação e a pesquisa documental.
As informações coletadas podem ser consideradas fontes primárias quando os
dados são colhidos e registrados pelo próprio pesquisador em primeira mão por meio
de entrevistas, análise de documentos ou por observação, enquanto as que são
consideradas fontes secundárias, estão na forma de arquivos, banco de dados,
índices ou relatórios e fontes bibliográficas.
Nesse estudo, as informações coletadas são consideradas fontes secundárias,
pois foram utilizados os dados de notas fiscais, livro de registros, e informações de
controle gerencial da empresa durante o mês de novembro de 2020.
Após a coleta os dados, foram tabulados em planilhas do Excel onde serão
apresentadas as mensurações da materia prima adquirida, dos gastos gerais, em
custos e despesas, apresentação do volume de vendas do período, e um comparativo
entre o faturamento e os gastos gerias ocorridos no mês de novembro de 2020.
Seguidamente, a coleta das informações foi possível ter um ponto de partida
para o desenvolvimento de estratégias afim de atingir os objetivos propostos.

32
4. RESULTADOS E DISCUSSÕES

4.1. Caracterização da empresa estudada

O presente estudo foi realizado numa Micro Empresa Individual que tem como
atividade principal o fornecimento de alimentos preparados preponderantemente para
consumo domiciliar, onde são produzidos e comercializados uma variedade de
salgados para quaisquer tipos de eventos festivos. A empresa tem característica
familiar e está localizada no município de João Alfredo – PE, da qual surgiu no ano de
2013 com a sociedade de pai e filho e conta hoje com uma equipe de profissionais
composta por três diaristas, além do gestor e sua esposa.
A empresa comercializa os seus produtos para eventos festivos, como
aniversários, casamentos, buffet, entre outros. Sua área de atendimento abrange a
população Joãoalfredense e clientes de municípios vizinhos que procuram qualidade
e ótimos preços, e que ainda são atraídos pelo cardápio variado de salgados
composto por pastéis doces e salgados, coxinhas, enroladinhos, bolinhos de
bacalhau, empadas e outros.

4.2. Fatores que influenciam o capital de giro da empresa Jota Kit Festa

Após realizada a pesquisa na empresa Jota Kit Festa, foi observado que o
gestor faz uso de um caderno de anotações para fazer o registro dos pedidos, e
apesar de ter uma noção dos seus custos e despesas, o mesmo nunca se preocupou
em colocar em uma planilha para saber se, de fato, a empresa estava tendo o lucro
desejado.
A contabilidade de custos do negócio estudado não gera um suporte preciso
para definir todos os custos e despesas que a empresa tem no decorrer do período
mensal. Dessa forma, gerando incertezas sobre a lucratividade da mesma.
É indispensável para a empresa ter informações claras e precisas para se ter
segurança na tomada de decisões, na compra de matéria prima, redução de custos,
cortes de produtos, dentre outros.

4.3. Identificação das variáveis que influenciam a insuficiência de capital de


giro na empresa Jota Kit Festa

Para identificar as variáveis na empresa estudada, foram observados alguns

33
fatores que influenciam o capital de giro no negócio. Tais como, períodos festivos, as
variáveis econômicas e mercadológicas.
O gestor do negócio mencionou que sempre observa a aceitação dos produtos
comercializados. Os salgados que apresentam maior giro, os kits de salgados mais
procurados e os períodos de maior demanda.

4.4. Apresentação dos gastos e análise dos resultados

4.4.1. Custos com insumos

Por apresentar uma variada linha de produtos em comercialização, faz-se


necessário a descrição de todos os ingredientes que são utilizados para a produção
dos salgados oferecidos pela empresa, para que a compreensão seja feita de forma
mais clara. Veja a seguir:

Tabela 1 – Matéria prima adquirida no mês de novembro


Investimento/Compra
Matéria Prima Rateio/Quantidade Custo (R$) Percentual (%)
Farinha de Trigo 250 kg R$ 370,00 6,7%
Margarina 8 kg R$ 50,00 0,9%
Peito de Frango 108 kg R$ 918,00 16,7%
Caldo de Galinha 4 kg R$ 30,00 0,5%
Sazon 1 kg R$ 60,00 1,1%
Caldo de Peixe 4 kg R$ 30,00 0,5%
Requeijão 18 kg R$ 83,76 1,5%
Alho 3 kg R$ 29,90 0,5%
Óleo 10.800 ml R$ 159,60 2,9%
Farinha de Rosca 20 kg R$ 80,00 1,5%
Farinha de Trigo (Pastel) 50 kg R$ 170,00 3,1%
Gordura Vegetal 60 kg R$ 720,00 13,1%
Salsicha 20 kg R$ 139,29 2,5%
Bacalhau 25 kg R$ 703,00 12,8%
Presunto 9,8 kg R$ 152,95 2,8%
Açucar Refinado 10 kg R$ 30,00 0,5%
Queijo Muçarela 48 kg R$ 1.424,27 25,9%
Queijo Coalho 3 kg R$ 63,00 1,1%
Charque 2 kg R$ 70,00 1,3%
Queijo Ralado 1 kg R$ 70,00 1,3%
Carne Muída 8 kg R$ 128,00 2,3%
Calabresa 1 kg R$ 23,00 0,4%
Total de Investimento com INSUMOS R$ 5.504,77 100,0%

34
Fonte: Dados da pesquisa (2020)

O processo de produção do negócio se dá pela aquisição e preparação dos


materiais descrito acima, para que possa ser feita a produção dos salgados. A seguir,
veremos a apresentação dos principais ingredientes.
A carne é adquirida juntamente a um comércio da cidade, onde é possível
encontrar melhores opções e mais qualidade. Após isso, a carne será posta para
preparo, onde será devidamente cortada, temperada e cozida, e seguidamente
armazenada em recipiente específico e posta sob refrigeração em um freezer, tudo
isso é feito para que a qualidade do recheio não seja afetada.
Por outro lado, a massa para pastel é comprada pronta, juntamente a
fornecedores locais, ao menos uma ou duas vezes por mês, onde é adquirido somente
o suficiente para esse período. Os queijos muçarela e queijo coalho são comprados
ao menos duas vezes por semana, também a fornecedores locais.
Todos os outros ingredientes que são utilizados para a preparação dos
salgados são adquiridos junto ao fornecedor em média duas vezes por mês. Alguns
já vêm prontos para sua utilização como é o caso do queijo ralado, sal, requeijão,
margarina, alho, óleo, sazon, caldo de carne, farinha de rosca, gordura vegetal, açúcar
refinado. O sal não está nessa tabela porque não foi comprado no mês de novembro,
uma vez que é consumido em pequena quantidade e é de baixo custo.
No entanto, existem outros que passam por processo de preparo distinto, é o
caso da: Salsicha que é cortada ao meio e depois é adicionada ao molho para
proceder o cozimento; Calabresa será fatiada e cozida; Frango quando preparado
para uso no recheio de pastéis e coxinhas é cozido, desfiado e depois volta ao fogo
para que seja devidamente temperado; Carne moída que é temperada e cozida;
Charque que é cozida para retirar o excesso de sal e em seguida armazenada sob
refrigeração; Bacalhau que é cozido para retirar o excesso de sal, e armazenado sob
refrigeração. Alguns desses ingredientes por serem perecíveis podem ser preparados
conforme a demanda, assim é possível evitar desperdicios de materia prima.
A apresentação dos materiais utilizados no processo de produção tem por
objetivo identificar os custos de forma proporcional pertencentes a cada um. O
levantamento físico dos valores dos insumo foi feito a partir das notas fiscais de
compras.
Para melhor demonstrar os valores de cada insumo adquirido em relação ao

35
seu total, foi elaborado um esquema gráfico que torna possível identificar o total
analítico dos gastos com materiais e sua representatividade.

Gráfico 1 – Representatividade da matéria prima adquirida no mês de novembro


1,3% 1,3% 2,3% 0,4%
Charque Queijo Ralado Carne Muída Calabresa
1,1% R$ 70,00 R$ 70,00 R$ 128,00 R$ 23,00 0,9%
Queijo Coalho Margarina
R$ 63,00 6,7% R$ 50,00
Farinha de
Trigo
R$ 370,00

0,5%
16,7% Caldo de Galinha
Peito de Frango R$ 30,00
25,9% R$ 918,00
Queijo Muçarela 1,1%
R$ 1.424,27 Sazon
R$ 60,00
0,5%
Caldo de Peixe
R$ 30,00
1,5%
0,5% Requeijão
0,5% Alho R$ 83,76
Açucar Refinado R$ 29,90
R$ 30,00 2,9%
13,1% Óleo
2,8% 12,8%
Gordura Vegetal R$ 159,60
Presunto Bacalhau
R$ 720,00
R$ 152,95 R$ 703,00 1,5%
Farinha de Rosca
3,1% R$ 80,00
2,5% Farinha de Trigo
Salsicha (Pastel)
R$ 139,29 R$ 170,00

Fonte: Dados da pesquisa (2020)

Após a análise do gráfico, foi identificado que o queijo muçarela apresenta o


maior percentual de representatividade nos gastos com materiais com 25,9% de
participação em relação ao total de insumos adquiridos no mês de novembro.
Por participar de um cardápio composto por três tipos de salgados, como por
exemplo, a coxinha, a empada e o pastel, o peito de frango foi o que apresentou o
segundo maior percentual de gastos com materiais, representando 16,7% da
totalidade deste insumo.
A representatividade da gordura vegetal nos custos dos materiais gira em torno
de 13,1% do total adquirido no mês.
Vale destacar também os gastos com bacalhau, que tem 12,8% de participação
em relação ao total de insumos adquiridos.
Outra matéria prima que é importante destacar é a farinha de trigo, que apesar
de ter uma participação considerável no processo de produção de grande parte dos

36
salgados, representa 6,7% da totalidade deste insumo, percentual este que está bem
abaixo dos vistos anteriormente.
Os gastos com a compra de calabresa têm a menor representatividade, pois
consomem 0,4% do total dos materiais. Outros insumos como o queijo coalho,
charque, queijo ralado, requeijão, margarina, alho, óleo, sazon, caldo de carne, caldo
de peixe, carne moída, farinha de rosca, açúcar refinado, presunto, farinha de trigo
especial para pastel e salsicha, possuem uma participação percentual entre 0,5% e
3,1% do total dos gastos materiais do período apurado.

4.4.2. Gastos gerais

Para melhor visualização do que compõe os gastos gerais da empresa, será


apresentado na tabela 2, o total e a porcentagem da composição dos gastos gerais.

Tabela 2 – Total e porcentagens dos gastos gerais


Gastos Gerais Valor Total (R$) Percentual (%)
Mão de Obra R$ 1.050,00 10,7%
Energia Elétrica R$ 200,00 2,0%
Gás R$ 260,00 2,6%
Produtos de Limpeza da Fábrica R$ 109,78 1,1%
Água R$ 46,00 0,5%
Telefone R$ 40,00 0,4%
EPI (Toucas descartáveis) R$ 23,80 0,2%
Embalagens (Caixa tipo pizza) R$ 258,30 2,6%
Empréstimo a Terceiros R$ 4.408,00 44,9%
Pró-Labore R$ 3.412,00 34,7%
Taxa de Cartão de Crédito e Débito R$ 20,00 0,2%
TOTAL R$ 9.827,88 100,0%
Fonte: Dados da pesquisa (2020)

A evidenciação dos gastos gerais da empresa é fundamental para que o gestor


possa analisar os dados e números e identificar oportunidades de melhoria. O
levantamento físico desses valores foi feito a partir de notas fiscais e informações
obtidas por meio de entrevistas.
Vejamos a seguir a participação percentual dos valores de cada tipo de gasto
em relação ao seu total e sua representatividade.

37
Gráfico 2 – Representatividade dos gastos gerais no mês de novembro

0,2% 2,6%
EPI (Toucas Emba lagens (Caixa tipo
des cartáveis) pi zza)
R$ 23,80 R$ 258,30

0,4%
Tel efone 44,9%
0,5% R$ 40,00 Emprés timo a Terceiros
Água R$ 4.408,00
R$ 46,00 1,1%
Produtos de
Li mpeza da Fábrica
R$ 109,78
10,7%
2,6% Mã o de Obra
Gá s R$ 1.050,00
R$ 260,00

34,7%
Pró-La bore
R$ 3.412,00
2,0%
Energia El étrica
R$ 200,00 0,2%
Ta xa de Cartão de
Crédi to e Débito
R$ 20,00

Fonte: Dados da pesquisa (2020)

O valor mais significativo é com relação ao empréstimo obtido de terceiros, que


possui 44,9% do total dos gastos gerais. Esse valor expressivo, pago em apenas uma
parcela, deve-se ao fato de que o gestor retirou a quantia de R$ 12.000,00 e optou
por pagar em apenas três parcelas iguais e consecutivas, visto que a taxa de juros
aumentaria de forma proporcional a quantidade de parcelas do empréstimo.
O segundo percentual mais alto encontrado refere-se ao Pró-Labore, que
representa 34,7% dos gastos gerais. Para esse ponto, vale destacar que não existe
um valor ou percentual pré-fixado para o pagamento do Pró-Labore, acontece que,
essa quantia é a sobra líquida do período em estudo, ou seja, após o pagamento dos
materiais e dos gastos gerais, o valor que restou do faturamento mensal foi dividido
entre o gestor do negócio e o seu pai, que o ajuda em diversas atividades
operacionais. Esses valores ainda não são retirados em um momento específico,
como um salário é recebido em determinada data, e sim, retirados em vários
momentos durante o mês, sem que exista um limite salário fixado por eles.
A representatividade dos valores pagos com mão de obra gira em torno de
10,7% do total de gastos no mês. O gestor do negócio nos informou que não possui

38
nenhum funcionário formal, o mesmo paga diárias para três colaboradores que
prestam serviços em dias diferentes, cada um com uma finalidade distinta. O valor de
cada diária custa R$ 35,00 e é paga todos os dias da semana a um dos funcionários.
Os gastos com energia elétrica representam 2,0% dos gastos gerais da
empresa. Nesse caso, deve-se levar em conta todos os equipamentos elétricos que a
empresa possui como as freezeres e a geladeira para armazenamento dos insumos
e salgados congelados, máquina de salgados, cilindro e uma masseira.
Foi encontrado também um percentual de 2,6% no gasto com gás de cozinha,
dos quais foram utilizados no mês em estudo, 4 botijões ao valor de R$ 65,00 cada.
Posteriormente, tem-se o gasto com embalagens que também representa 2,6%
dos gastos totais. As embalagens possuem dois tamanhos diferentes, neste caso
foram compradas em novembro, 210 caixas com diâmetro de 25 cm a R$ 0,67 cada
unidade e outras 210 caixas com diâmetro de 35 cm ao valor de R$ 0,56 cada unidade.
Foram encontrados durante o período em estudo, os percentuais com gastos
gerais da empresa de: 1,1% com produtos de limpeza para a fábrica; 0,5% com água;
0,4% com telefone; 0,2% para a taxa de cartão de crédito e débito; e 0,2% com
aquisição de toucas descartáveis. Estes percentuais se comparados ao total possuem
uma significância pequena, ainda que sejam analisados de forma conjunta
encontraremos um percentual de 2,4%, ou seja, valores que possuem um influência
muito pequena em relação ao total de gastos gerais.

4.4.3. Análise dos custos e despesas fixos e variáveis

Aqui, resolvemos apresentar todos os gastos ocorridos no mês de novembro,


divididos em dois grupos: custos e despesas, além de pontuar quais deles são fixos
(que não variam conforme a produção) e quais são variáveis (que variam
proporcionalmente ao volume de unidades produzidas). Acreditamos que esta
distinção irá nos proporcionar uma análise mais detalhada daqueles gastos que
estarão sempre em harmonia com o volume de produção e daqueles que se mantém
estáveis mesmo com o volume variando para mais ou para menos.
Na tabela 3, os gastos são classificados em custos e despesas, onde podemos
observar o total de cada conta e o seu percentual em relação ao total de gastos
consumidos pelas atividades da empresa.

39
Tabela 3 – Classificação dos gastos em custos e despesas
Custos Fixos Variáveis Valor Total (R$) (%)
Mão de Obra R$ 1.050,00 R$ 1.050,00 9,90%
Insumos R$ 5.504,77 R$ 5.504,77 51,90%
Energia Elétrica R$ 200,00 R$ 200,00 1,89%
Gás R$ 260,00 R$ 260,00 2,45%
Produtos de Limpeza da Fábrica R$ 109,78 R$ 109,78 1,04%
Água R$ 46,00 R$ 46,00 0,43%
Pró-Labore R$ 3.412,00 R$ 3.412,00 32,17%
EPI (Toucas descartáveis) R$ 23,80 R$ 23,80 0,22%
TOTAL R$ 1.429,58 R$ 9.176,77 R$ 10.606,35 100,0%
Despesas Fixos Variáveis Valor Total (R$) (%)
Telefone R$ 40,00 R$ 40,00 0,85%
Embalagens (Caixa tipo pizza) R$ 258,30 R$ 258,30 5,47%
Empréstimo a Terceiros R$ 4.408,00 R$ 4.408,00 93,27%
Taxa de Cartão de Crédito e Débito R$ 20,00 R$ 20,00 0,42%
TOTAL R$ 4.468,00 R$ 258,30 R$ 4.726,30 100,00%

Fonte: Dados da pesquisa (2020)

4.4.3.1. Análise dos custos fixos e variáveis

Os custos fixos são formados a partir da soma das contas mão de obra, energia
elétrica, materiais de limpeza da fábrica, água e as toucas descartáveis. Por outro
lado, os custos variáveis podem ser representados pelas contas de insumos, gás de
cozinha e pelo pró-labore.
Ao analisar a tabela dos custos fixos e variáveis, observa-se que o item que
possui o valor mais alto do período é o dos insumos, pertencente a coluna dos custos
variáveis, com um total de R$ 5.504,77. Isso decorre do fato de que a matéria prima
está diretamente ligada ao processo de produção, isto é, para todo o volume de
salgados produzidos no mês em questão, o gestor precisou desembolsar essa quantia
para aquisição dos materiais necessários. Caso o gestor decida potencializar a
produção ou diminuir o volume de produção, a necessidade de adquirir os insumos
necessários também irá variar de forma proporcional. Outro fator que pode ser
destacado é o preço de aquisição desses materiais que podem variar o custo
totalmesmo que o gestor mantenha o volume de produção estável.
Os valores do pró-labore também foram classificados como custos variáveis,
isto porque, como já explicado anteriormente, o gestor não tem um percentual ou valor
pré-fixado para retirarada do pró-labore; acontece que esses valores representam as
sobras líquidas semanais, e podem variar após o pagamento dos materiais e dos

40
gastos gerais.
O valor que mais representou os custos fixos foi o da mão de obra, com a
quantia de R$ 1.050,00. Apesar de o gestor não possuir nenhum funcionário formal,
do qual deveria pagar, além do salário fixo mensal, as horas extras trabalhadas, o 13º
salário e outros direitos a mais, esta conta foi classificada como sendo fixa por que a
sua variação não é afetada pelo volume total de produção, e sim, pelo número de
diárias pagas durante o mês.
O valor mais insignificante foi o das toucas descartáveis, pertencente ao grupo
dos custos fixos, que custaram apenas R$ 23,80 a caixa com 100 unidades.
Para uma melhor compreensão sobre os custos fixos e variáveis e suas
composições, foi elaborado o gráfico 3 que mostra o total de cada custo do período
bem como o percentual de representatividade de cada conta que o compõem.

Gráfico 3 – Representatividade dos custos fixos e variáveis

Fixos Variáveis

R$ 1.200,00 R$ 6.000,00

R$ 1.000,00 51,90% R$ 5.000,00


R$ 5.504,77
R$ 800,00 R$ 4.000,00

R$ 600,00 9,9% 32,17% R$ 3.000,00


R$ 1.050,00 1,89% R$ 3.412,00
R$ 400,00 R$ 2.000,00
R$ 200,00 1,04%
R$ 200,00 2,45% R$ 109,78 0,43% 0,22% R$ 1.000,00
R$ 260,00 R$ 46,00 R$ 23,80
R$ - R$ -

Fonte: Dados da pesquisa (2020)

Ao analisar o gráfico 3, identificamos que os custos dos insumos possuem a


participação mais significativa, com uma representação aquivalente a 51,90% do total
dos gastos, ou seja, representa mais da metade do total de gastos do período.
O segundo percentual mais alto encontrado refere-se ao Pró-Labore, que
também faz parte do grupo dos custos variáveis e que representa 32,17% dos gastos

41
totais. O gás de cozinha que também faz parte do grupo dos custos variáveis, possui
participação percentual de 2,45%, do total dos gastos.
Em relação a participação dos custos fixos, a mão de obra é quem possui a
maior representatividade percentual deste grupo com 9,9% em relação aos gastos
totais. Vale destacar que ao classificar os gastos do mês de novembro, foi possível
observar que houveram mais contas fixas do que variáveis, porém com valores bem
inferiores. Os outros custos fixos do período em estudo foram: a energia elétrica com
participação de 1,89%, os produtos de limpeza da fábrica que representaram 1,04%,
a água com participação percentual de 0,43% e as toucas descartáveis que
representaram somente 0,22% dos gastos totais.
Portanto, podemos observar que a participação dos custos variáveis é bastante
superior a dos custos fixos, representando 86,52% do total de gastos. Ao todo, foram
gastos R$ 9.176,77 com custos variáveis, enquanto que a representatividade dos
custos fixos giram em torno de 13,48%, com um gasto de R$ 1.429,58.

4.4.3.2. Análise das despesas fixas e variáveis

Agora iremos tratar das despesas do período, que assim como os custos, elas
também foram classificadas em fixas e variáveis. As despesas fixas são formadas a
partir da soma das contas de telefone, empréstimo a terceiros e a taxa de cartão de
crédito e débito. Por outro lado, a única despesa variável do período é representada
pela conta das embalagens.
Após a análise da tabela das despesas fixas e variáveis, observamos que o
item que possui o valor mais significativo do período é o do empréstimo obtido de
terceiros, pertencente a coluna das despesas fixas, representando um total de R$
4.408,00. Isso decorre ao fato de que o gestor optou por parcelar o empréstimo
retirado em apenas três parcelas iguais e consecutivas, sabendo que a taxa de juros
aumentaria de forma proporcional a quantidade de parcelas do empréstimo, isto é,
quanto maior a quantidade de parcelas a pagar, maior seria o valor total a ser pago.
Os outros valores pertencentes a coluna dos custos fixos possuem uma
participação muito pequena se comparados com a conta anterior e são representados
pelas contas de telefone e da taxa de cartão de crédito, com R$ 40,00 e R$ 20,00
respectivamente.
Por outro lado, o único gasto que representou as despesas variáveis, foi o das
embalagens, no valor de R$ 258,30.

42
Vejamos no gráfico 4 a representatividade percentual das despesas fixas e
variáveis em relação ao total desse grupo.

Gráfico 4 – Representatividade das despesas fixas e variáveis

Fixos Variáveis

R$ 5.000,00 R$ 300,00
R$ 4.500,00
R$ 4.000,00 R$ 250,00
5,47% 93,27%
R$ 3.500,00 R$ 258,30 R$ 4.408,00 R$ 200,00
R$ 3.000,00
R$ 2.500,00 R$ 150,00
R$ 2.000,00
R$ 1.500,00 R$ 100,00
R$ 1.000,00 0,85% 0,42% R$ 50,00
R$ 500,00 R$ 40,00 R$ 20,00
R$ - R$ -

Fonte: Dados da pesquisa (2020)

O valor mais significativo pertencente ao grupo das despesas fixas é com


relação ao empréstimo obtido de terceiros que possui 93,27% do total dos gastos com
despesas do período. As outras despesas fixas do período foram: o telefone com
participação de 0,85% e a taxa de cartão de crédito e débito que representou 0,42%
dos gastos com despesas.
Já em relação a participação das despesas variáveis, como já foi dito, o único
gasto que representou este grupo foi o das embalagens, com uma representatividade
percentual de 5,47% do total das despesas.
Por conseguinte, foi observado que a participação das despesas fixas é muito
superior a das despesas variáveis, pois representa um percentual apurado de 94,53%
do total de gastos com despesas. Ao todo, este grupo consumiu um valor de R$
4.468,00 com despesas fixas, divididas entre as contas de telefone, taxa de cartão de
crédito e débito e os empréstimos de terceiros que possui o valor mais expressivo do
período, enquanto que a representatividade das despesas variáveis giram em torno
de 5,47%, com um gasto de R$ 258,30, referente apenas a compra de embalagens.

43
4.4.4. Faturamento e volume de vendas do período

Agora iremos apresentar todos os produtos que foram industrializados por esse
negócio, os volumes de vendas de cada um e os seus respectivos faturamentos no
mês de novembro.
Como vimos em tópicos anteriores, a empresa possui uma linha bastante
variada de produtos em comercialização, feitos para serem vendidos em kits, para
eventos festivos como aniversários, casamentos, buffet, entre outros. Ao todo são 11
tipos de salgados diferentes que podem ser vendidos de diversas formas e em
diversas quantidades; cabe ao cliente decidir como deseja que o seu kit seja
preparado.
O salgado que possui a maior demanda deste negócio é a coxinha, que é
produzida apenas com o recheio de frango. Por outro lado, o pastel possui uma
variação de sabores e também representa grande parte da demanda mensal de
salgados. Os pastéis podem ser produzidos nos seguintes sabores: frango, queijo
coalho, calabresa, charque e o cliente ainda pode optar pela cobertura de açúcar em
qualquer um desses sabores citados. Outro produto que possui várias opções de
sabores são as bolinhas salgadas que são produzidas nos sabores de queijo
muçarela, misto de presunto e queijo muçarela e também de bacalhau. Também são
produzidos enroladinhos de salsicha e empadas de frango.
Na tabela 4 serão apresentados os faturamentos referentes às quantidades
vendidas de cada produto no período, juntamente com os percentuais de
representatividade.

Tabela 4 – Faturamento e volume de vendas do período


Quant. Vendida no Valor Unitário Faturamento com % de Venda por
Produtos/Salgados
Período de Venda Vendas por Produto Produto
Coxinha de Frango 13.934 R$ 0,30 R$ 4.180,20 31,77%
Pastel de Frango 11.178 R$ 0,30 R$ 3.353,40 25,48%
Pastel de Queijo 860 R$ 0,30 R$ 258,00 1,96%
Pastel de Calabresa 165 R$ 0,30 R$ 49,50 0,38%
Pastel de Charque 625 R$ 0,40 R$ 250,00 1,90%
Pastel Doce 2.640 R$ 0,40 R$ 1.056,00 8,02%
Bolinha Mista 617 R$ 0,30 R$ 185,10 1,41%
Bolinha de Queijo 6.109 R$ 0,30 R$ 1.832,70 13,93%
Bolinha de Bacalhau 1.372 R$ 0,40 R$ 548,80 4,17%
Enroladinho 3.465 R$ 0,30 R$ 1.039,50 7,90%
Empada 1.015 R$ 0,40 R$ 406,00 3,09%
TOTAL 41.980 R$ 3,70 R$ 13.159,20 100,00%

44
Fonte: Dados da pesquisa (2020)

Ao analisar a tabela dos faturamentos e volumes de vendas, observa-se que o


salgado que obteve maior demanda no período foi a coxinha de frango, com uma
demanda total de 13.934 unidades, isso resultou em um faturamento de R$ 4.180,20
reais com a venda desse tipo de salgado no mês de novembro, visto que, cada
unidade de coxinha é vendida a R$ 0,30.
A segunda maior demanda do período foi com a venda de pasteis de frango,
com 11.178 salgados. A unidade do pastel de frango também é vendida a R$ 0,30,
assim sendo, o faturamento com este salgado atingiu R$ 3.353,40.
A coxinha e o pastel, ambos com recheio de frango, são os salgados mais
procurados pelos consumidores, isto porque são os produtos mais populares nesse
ramo de negócio.
A bolinha de queijo é vendida a R$ 0,30 a unidade, e no mês de novembro
houve uma saída de 6.109 unidades desse salgado; perfazendo um faturamento de
R$ 1.832,70. Este produto foi responsável por obter a terceira maior demanda do mês,
e ainda assim, este volume está bem abaixo das quantidades vendidas com coxinha
e pastel de frango no período.
A venda do pastel de calabresa possui a menor demanda do período, com
apenas 165 unidades vendidas. A unidade deste salgado é vendida a R$ 0,30, e o
total apurado no mês foi de somente R$ 49,50.
Também foram vendidos durante o período: 3.465 unidades de enroladinhos a
R$ 0,30, perfazendo um total de R$ 1.039,50; 2.640 unidades do pastel doce a R$
0,40, totalizando um faturamento de R$ 1.056,00; 1.372 unidades da bolinha de
bacalhau a R$ 0,40 cada, assim com um total mensal de R$ 548,80; 1.015 unidades
de empada de frango a R$ 0,40, perfazendo um total de R$ 406,00; 860 unidades do
pastel de queijo coalho que é vendido a R$ 0,30 a unidade, totalizando um valor de
R$ 258,00; 625 unidades do pastel de charque, vendido a R$ 0,40 a unidade,
perfazendo um valor total de R$ 250,00; e 617 unidades da bolinha mista, que é
vendida a R$ 0,30 a unidade, onde perfez um valor total de R$ 185,10.
Por fim, podemos observar que a soma de todo o volume de salgados vendidos
durante o mês de novembro, atingiu 41.980 unidades que perfizeram um faturamento
total de R$ 13.159,20 no período.
Agora, para que possamos entender o quão relevante cada produto é em

45
relação as vendas e ao faturamento, iremos apresentar o gráfico 5 que torna possível
identificar o total apurado com a venda de cada produto e sua representatividade
percentual em relação ao total do período.

Gráfico 5 – Demonstração percentual das vendas e do faturamento


16.000
31,77%
14.000
13.934

12.000 25,48%
11.178

10.000
R$ 4.180,20

8.000 13,93%
R$ 3.353,40

7,90%
1,96% 8,02% 4,17%

R$ 1.832,70
6.000 1,90% 3,09%

3.465
R$ 1.056,00

R$ 1.039,50
6.109
1,41%
2.640
0,38%

R$ 548,80

R$ 406,00
4.000
R$ 258,00

R$ 250,00

R$ 185,10

1.372
R$ 49,50

1.015
860

2.000
625

617
165

Volume de vendas Faturamento com vendas

Fonte: Dados da pesquisa (2020)

No momento seguinte a análise do gráfico 5, identificamos que a coxinha de


frango possue a participação mais significativa, com uma representação aquivalente
a 31,77% do volume total de salgados vendidos.
O segundo percentual mais alto encontrado refere-se ao pastel de frango, com
uma representação de 25,48% em relação ao volume total de salgados vendidos no
período. A partir deste ponto, podemos destacar que a participação percentual da
coxinha e do pastel, ambos com recheio de frango, possuem uma representação
equivalente de 57,25%, ou seja, representam mais da metade do volume total de
salgados e do faturamento do período.
A bolinha de queijo é responsável por obter a terceira maior demanda do mês,
pois representa 13,93% do volume total de salgados vendidos no período.
O pastel de calabresa possui a menor representatividade do período, em
termos de unidades vendidas e faturamento, pois representa apenas 0,38% do volume
total de salgados vendidos neste no mês.

46
Durante a análise dos dados, também foram identificados as seguintes
participações percentuais com vendas de salgados: 7,90% com a venda de
enroladinhos; 8,02% com pastel doce; 4,17% com a venda de bolinhas de bacalhau;
3,09% com empada de frango; 1,96% com a venda de pasteis de queijo coalho; 1,90%
com pastel de charque; e 1,41% com a venda de bolinhas mistas.
Estes percentuais, se comparados ao total, possuem uma significância
pequena se analisados de forma distinta; no entanto, se forem observados de forma
conjunta veremos um percentual de 42,75%, isto é, neste período foram vendidas
16.868 unidades desses salgados, que resultou em um faturamento de R$ 5.625,60.

4.4.5. Rateio e caracterização dos insumos

Antes de fazermos a comparação entre o faturamento e os gastos gerais do


período, é necessário que entendamos como os insumos participam no processo de
produção dos salgados, e, para isso, foram feitos rateios dos materiais em relação
aos produtos que o consomem para que possamos saber quanto de determinado
insumo é consumido para produzir uma unidade de determinado salgado.
Esses rateios foram feitos da seguinte forma: o valor de aquisição de
determinado produto foi dividido pela soma das quantidades produzidas/vendidas de
salgados dos quais ele é consumido no processo de produção, assim teríamos o valor
unitário de participação deste insumo em relação aos produtos que o consomem.
A participação de alguns materiais nos custos de alguns salgados é
praticamente irrelevante, pois são consumidos em pequenas quantidades e também
comprados a um baixo valor, se comparados a outros insumos. Veremos que a
margarina, o caldo de galinha, o alho, o óleo e a farinha de rosca, são os materiais
que possuem as menores participações nos custos dos produtos que o consomem,
por outro lado, a farinha de trigo, o peito de frango, o sazon, o caldo de peixe, o
requeijão, a farinha de trigo especial para pastel, a gordura vegetal, a salsicha, o
bacalhau, o presunto, o açucar refinado, o queijo muçarela, o queijo coalho, a charque,
o queijo ralado, a carne moída e a calabresa são os produtos que melhor apresentam
as suas participações nos custos dos produtos que o consomem.
Para melhor visualização e entendimento desses rateios, foi montada a tabela
5, que além de nos mostrar a participação dos materiais em relação aos produtos que
o consomem também evidenciará o custo unitário total de cada produto, ou seja, os
valores unitários já com os outros gastos gerais do período.

47
Tabela 5 – Rateio dos materiais em relação aos produtos que o consomem
Coxinha de Pastel de Pastel de Pastel de Pastel de Bolinha Bolinha de Bolinha de
Matéria Prima Pastel Doce Enroladinho Empada
Frango Frango Queijo Calabresa Charque Mista Queijo Bacalhau
Farinha de Trigo 0,0140 0,0140 0,0140 0,0140 0,0140 0,0140
Margarina 0,0012 0,0012 0,0012 0,0012 0,0012 0,0012 0,0012 0,0012 0,0012 0,0012 0,0012
Peito de Frango 0,0351 0,0351 0,0351
Caldo de Galinha 0,0011 0,0011 0,0011
Sazon 0,0059 0,0059 0,0059
Caldo de Peixe 0,0219
Requeijão 0,0060
Alho 0,0010 0,0010 0,0010 0,0010
Óleo 0,0039 0,0039 0,0039 0,0039 0,0039 0,0039 0,0039 0,0039 0,0039 0,0039
Farinha de Rosca 0,0031 0,0031 0,0031 0,0031 0,0031
Farinha de Trigo (Pastel) 0,0110 0,0110 0,0110 0,0110 0,0110
Gordura Vegetal 0,0176 0,0176 0,0176 0,0176 0,0176 0,0176 0,0176 0,0176 0,0176 0,0176
Salsicha 0,0402
Bacalhau 0,5124
Presunto 0,2479
Açucar Refinado 0,0114
Queijo Muçarela 0,2331
Queijo Coalho 0,0733
Charque 0,1120
Queijo Ralado 0,0690
Carne Muída 0,0485
Calabresa 0,1394
Custo unitário dos produtos
R$ 0,08 R$ 0,07 R$ 0,11 R$ 0,17 R$ 0,15 R$ 0,09 R$ 0,29 R$ 0,28 R$ 0,57 R$ 0,09 R$ 0,12
com insumos
Custo unitário dos produtos
R$ 0,23 R$ 0,23 R$ 0,23 R$ 0,23 R$ 0,23 R$ 0,23 R$ 0,23 R$ 0,23 R$ 0,23 R$ 0,23 R$ 0,23
com gastos geraís
Custo unitário total dos
R$ 0,32 R$ 0,31 R$ 0,34 R$ 0,41 R$ 0,38 R$ 0,33 R$ 0,53 R$ 0,51 R$ 0,81 R$ 0,32 R$ 0,36
produtos

Fonte: Dados da pesquisa (2020)

48
Diante da análise da tabela 5, vemos que alguns produtos, conforme
comentado anteriormente, possuem participações muito pequenas quando rateados
de forma proporcional ao volume produzido/vendido de determinado produto.
Agora, iremos mostrar com detalhes o rateio de alguns materiais considerados
mais relevantes no processo de produção, conforme mostrados na tabela 5, para que
se tenha uma compreensão mais clara e objetiva deste estudo.
O bacalhau é consumido somente pela bolinha de bacalhau, onde foram
produzidas e vendidas 1.372 unidades deste salgado. O bacalhau foi comprado por
R$ 703,00 e foi totalmente consumido na produção do período. O seu valor de
aquisição foi dividido pelo volume de produção e vendas das bolinhas de bacalhau
onde identificamos que a sua participação monetária em relação a unidade deste
salgado é de R$ 0,5123 ou R$ 0,51.
O presunto é consumido apenas pela bolinha mista, onde foram produzidas e
vendidas 617 unidades desse salgado. O presunto foi comprado por R$ 152,95 e foi
totalmente consumido na produção do período. O seu valor de aquisição foi dividido
pelo volume de produção e vendas das bolinhas mistas, onde identificamos que a sua
participação monetária em relação a unidade desse salgado é de R$ 0,2478 ou R$
0,25.
O queijo muçarela é consumido somente pela bolinha de queijo, onde foram
produzidas e vendidas 6.109 unidades deste salgado. O queijo muçarela foi comprado
por R$ 1.424,27 e foi totalmente consumido na produção do período. O seu valor de
aquisição foi dividido pelo volume de produção e vendas das bolinhas de queijo, onde
identificamos que a sua participação monetária em relação a unidade deste salgado
é de R$ 0,2331 ou R$ 0,23.
A charque é consumida apenas pelo pastel de charque, na qual foram
produzidas e vendidas 625 unidades desse salgado. A salsicha foi comprada por R$
70,00 e foi totalmente consumido na produção do período. O seu valor de aquisição
foi dividido pelo volume de produção e vendas dos pasteis de charque onde
identificamos que a sua participação monetária em relação a unidade deste salgado
é de R$ 0,1120 ou R$ 0,11.
A carne moída é consumida somente pelo pastel doce ou pastel com cobertura
de açúcar, na qual foram produzidas e vendidas 2.640 unidades desse salgado. A
carne moída foi comprada por R$ 128,00 e foi totalmente consumido na produção do
período. O seu valor de aquisição foi dividido pelo volume de produção e vendas dos

49
pastéis com cobertura de açucar, onde identificamos que a sua participação monetária
em relação a unidade deste salgado é de R$ 0,0484 ou R$ 0,05.
A calabresa é consumida apenas pelo pastel de calabresa, onde foram
produzidas e vendidas 165 unidades deste salgado. A calabresa foi comprada por R$
23,00 e foi totalmente consumido na produção do período. O seu valor de aquisição
foi dividido pelo volume de produção e vendas dos pasteis de calabresa, onde
identificamos que a sua participação monetária em relação a unidade desse salgado
é de R$ 0,1393 ou R$ 0,14.
Após o rateio de alguns materiais como a farinha de trigo, o sazon, o açúcar
refinado, o requeijão e a farinha de trigo especial para pastel, foi encontrado uma
participação monetária em relação a unidade do salgados que os consomem de
aproximadamente R$ 0,01. Foi identificado também que o peito de frango e a salsicha
possuem uma participação monetária em relação a unidade do salgados que os
consomem de aproximadamente R$ 0,04 cada uma.
Através do rateio, identificamos ainda que a gordura vegetal e o caldo de peixe
possuem o mesmo valor em relação a unidade dos salgados que os consomem, que
é de aproximadamente R$ 0,02. Outros materiais que também possuem a mesma
representação é o queijo coalho que é consumido somente pelo pastel de queijo e o
queijo ralado que é consumido apenas pela empada, possuem um valor unitário de
R$ 0,07 em relação aos salgados que os consomem.
Os outros materiais como a margarina, o caldo de galinha, o alho, o óleo e a
farinha de rosca possuem participações muito pequenas nos custos dos produtos que
o consomem. Os dados descritos na tabela, se fossem convertidos para valores
monetários, estaria representados por R$ 0,00.
A tabela 5 ainda nos apresenta o custo unitário dos produtos com gastos gerais,
que foi encontrado da seguinte forma: o valor apresentado na tabela 2, que trata do
total e das porcentagens dos gastos gerais, foi dividido pelo volume total de salgados
produzidos e vendidos no período, onde temos que (R$ 9.827,88 / 41.980 = R$ 0,23).
Então, o valor unitário com gastos gerais para cada produto no período em
estudo foi de R$ 0,23. Através desses rateios, conseguimos apropriar os insumos
diretamente aos produtos que os consomem e após o rateio dos gastos gerais que
foram apropriados para todos os salgados produzidos no período, conseguimos
encontrar o custo unitário total de cada um desses produtos apresentados.

50
4.4.6. Comparativo entre o faturamento e os gastos gerais do período

Na tabela 6 será apresentado um comparativo entre o faturamento e os gastos


gerais do período, onde constarão todos os custos e despesas incorridos juntamente
com os percentuais de representatividade.

Tabela 6 – Faturamento e gastos totais do período


Faturamento com Gastos
Quant. Vendida Valor Unitário Gastos Totais % dos Gastos
Produtos/Salgados Vendas por Unitários por
no Período de Venda do Período por produto
Produto produto
Coxinha de Frango 13.934 R$ 0,30 R$ 4.180,20 R$ 4.419,95 R$ 0,32 28,8%
Pastel de Frango 11.178 R$ 0,30 R$ 3.353,40 R$ 3.423,15 R$ 0,31 22,3%
Pastel de Queijo 860 R$ 0,30 R$ 258,00 R$ 295,68 R$ 0,34 1,9%
Pastel de Calabresa 165 R$ 0,30 R$ 49,50 R$ 67,16 R$ 0,41 0,4%
Pastel de Charque 625 R$ 0,40 R$ 250,00 R$ 237,35 R$ 0,38 1,5%
Pastel Doce 2.640 R$ 0,40 R$ 1.056,00 R$ 867,64 R$ 0,33 5,7%
Bolinha Mista 617 R$ 0,30 R$ 185,10 R$ 325,56 R$ 0,53 2,1%
Bolinha de Queijo 6.109 R$ 0,30 R$ 1.832,70 R$ 3.127,81 R$ 0,51 20,4%
Bolinha de Bacalhau 1.372 R$ 0,40 R$ 548,80 R$ 1.109,95 R$ 0,81 7,2%
Enroladinho 3.465 R$ 0,30 R$ 1.039,50 R$ 1.094,94 R$ 0,32 7,1%
Empada 1.015 R$ 0,40 R$ 406,00 R$ 363,47 R$ 0,36 2,4%
TOTAL 41.980 - R$ 13.159,20 R$ 15.332,65 - 100,0%

Fonte: Dados da pesquisa (2020)

Durante a análise da tabela 6, logo vimos que o total de gastos do período


ultrapassou o faturamento mensal em R$ 2.173,75. Essa diferença negativa pode ter
sido ocasionada por diversos fatores que serão relatados mais adiante.
Ao compararmos o faturamento e os gastos totais por tipo de salgado,
observamos que os gastos foram superiores em quase todos os produtos, exceto no
pastel de charque, no pastel doce e na empada.
Em uma das nossas entrevistas, o gestor do negócio nos relatou que não
obtinha conhecimento de quanto custaria uma unidade de cada um dos seus
salgados, pois nunca teve um controle em relação ao uso da matéria prima. Sabendo
disso, logo após observarmos a coluna dos gastos unitários por produto, nos veio uma
grande preocupação, visto que, para o período em estudo, apenas os produtos citados
no paragrafo anterior, obtiveram um valor de venda unitário superior ao seu total de
gastos unitários.
Vale pontuar também que os valores apresentados na coluna dos gastos gerais
não possuem cálculos exatos, ou seja, se formos multiplicar o valor unitário de venda
pela quantidade vendida de determinado produto, o valor exato que encontraríamos
seria diferente do que esta explícito na tabela; isso ocorre porque os rateios
apresentados na tabela 6, que trata da mensuração dos materiais em relação aos
51
produtos, não nos dá valores exatos, mas números quase irreleventes se observados
de forma individual. Porém, se esses mesmo valores forem observados de forma
conjunta, quando por exemplo, são multiplicados pelo volume de produção, podem
ocasionar nessas diferenças que acabam se tornando significativas.
Para que tenhamos uma dimensão mais clara e objetiva sobre este
comparativo, será apresentado o gráfico 6, que além de nos mostrar o confronto entre
os gastos e os faturamentos por produto também evidenciará o percentual de
participação dos gastos totais em relação aos salgados produzidos no período.

Gráfico 6 – Comparativo entre o faturamento e os gastos totais do período


R$ 5.000,00
R$ 4.500,00
R$ 4.000,00
R$ 4.180,20

R$ 3.500,00
28,8% R$ 4.419,95

22,3% R$ 3.423,15

20,4% R$ 3.127,81

7,2% R$ 1.109,95

7,1% R$ 1.094,94
R$ 3.000,00

2,4% R$ 363,47
1,9% R$ 295,68

1,5% R$ 237,35

5,7% R$ 867,64

2,1% R$ 325,56
R$ 3.353,40

0,4% R$ 67,16

R$ 2.500,00
R$ 1.056,00

R$ 1.832,70

R$ 1.039,50
R$ 2.000,00
R$ 258,00

R$ 250,00

R$ 185,10

R$ 548,80

R$ 406,00
R$ 49,50

R$ 1.500,00
R$ 1.000,00
R$ 500,00
R$ -

Faturamento com vendas Gastos totais

Fonte: Dados da pesquisa (2020)

Após a análise do gráfico 6, vimos que a coxinha de frango possui a


participação mais significativa sobre os gastos totais, com uma representação
aquivalente a 28,8% do volume total de salgados vendidos. Também observamos que
os gastos totais para este produto ultrapassaram o faturamento em R$ 239,75, tendo
em vista que o gasto unitário da coxinha de frango foi superior ao valor unitário de
vendas em R$ 0,02 neste período.
O segundo percentual mais alto encontrado refere-se ao pastel de frango com
uma representação de 22,3% dos gastos totais em relação ao volume total de
salgados vendidos no período. Outro ponto que podemos destacar sobre este produto
é que assim como a coxinha de frango, os gastos totais também ultrapassaram o

52
faturamento com vendas deste produto em R$ 69,15, pois o gasto unitário do pastel
de frango foi superior ao valor unitário de vendas em R$ 0,01 neste período.
A partir deste ponto, podemos destacar que a participação percentual da
coxinha e do pastel, ambos com recheio de frango, possuem uma representação
equivalente de 51,1%, isto é, esses produtos representam mais da metade do total de
gastos geraís do período.
A bolinha de queijo é responsável por obter uma das maiores demandas do
mês e, por esse motivo, possui a terceira maior participação em relação aos gastos
totais, com uma representatividade de 20,4% no período.
Vale destacar ainda que os gastos totais para esse produto, ultrapassaram o
faturamente em R$ 1.295,11, possuindo assim uma das maiores diferenças entre o
faturamente com vendas e os gastos totais deste período. O gasto unitário da bolinha
de queijo foi superior ao valor unitário de vendas em R$ 0,21 neste período.
O pastel de calabresa possui a menor representatividade dos gastos totais do
período, pois representa apenas 0,4% em relação ao volume de salgados do período.
O seu faturamento foi inferior aos gastos totais em R$ 17,66, onde o gasto unitário do
pastel de calabresa foi superior ao valor unitário de vendas em R$ 0,11 neste período.
Outro produto que se faz importante comentar é a bolinha de bacalhau, por
possuir a maior diferença no comparativo entre faturamento e gastos totais. No
período, os gastos totais ultrapassaram o faturamento deste produto em R$ 561,15,
valor este que é superior ao faturamento deste produto. O gasto unitário da bolinha
de bacalhau foi superior ao valor unitário de vendas em R$ 0,41 neste período.
Durante a análise dos dados, também foram identificados as seguintes
participações percentuais em relação aos gastos totais com salgados no período:
7,1% com enroladinhos; 5,7% com pastel doce; 2,4% com empada de frango; 1,9%
com pasteis de queijo coalho; 1,5% com pastel de charque; e 2,1% com a venda de
bolinhas mistas.
Esses percentuais, se comparados ao total, possuem uma significância
pequena se analisados de forma distinta; no entanto, se forem observados de forma
conjunta, encontraremos um percentual de 20,7%, ou seja, neste período foram
vendidas 16.868 unidades desses salgados, que resultou em um faturamento de R$
3.184,64.

53
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS

O presente trabalho teve como objetivo de pesquisa compreender como o


gerenciamento de gastos pode influenciar o capital de giro dos Microempreendedores
Individuais. A coleta dos dados deu-se a partir da aplicação de um estudo de caso
junto a empresa estudada, para saber como o gestor faz uso das informações
gerenciais, bem como identificar qual o nível de entendimento sobre capital de giro e
outros assuntos por parte do empresário.
Afim de alcançar o objetivo deste estudo, foi preciso ter conhecimento sobre o
sistema de custo da empresa para que através da análise dos gastos, fosse possível
sugerir recomendações ao empresário, para que possa implementar um sistema de
gerenciamento de custos ao qual passará a auxiliar a tomada de decisão sobre os
produtos mais rentáveis do negócio.
Durante a análise das informações referentes ao gerenciamento dos
componentes que influenciaram o capital de giro, foi possível observar que há
deficiências na forma de controle de gastos. Primeiro, porque os 93,27% das suas
despesas do período, conforme apresenta o gráfico 4, fazem referência a aquisição
de um empréstimo junto a terceiros, ao qual o gestor optou por quitar em apenas três
parcelas consecutivas de R$ 4.408,00. O ato da contratação do empréstimo por si só
já pode ser considerado como algo negativo, visto que o gestor está se submetendo
ao pagamento de juros a curto prazo. A necessidade de capitar recursos está
relacionada a insuficiência financeira causada por outros comportamentos gerenciais
que estão causando um impacto negativo ao capital de giro do negócio.
Outro fato importante, diz respeito ao custo e faturamento com a bolinha de
bacalhau, que foi responsável por obter o maior custo unitário do período em estudo,
superando em 102,5% o valor do preço de venda, este produto ainda possui apenas
a 6º posição em relação as vendas do mês. Como dito, em nossas conversas com o
empresário, o mesmo relatou que não possuia conhecimento gerencial em relação ao
custo unitário de cada um dos seus salgados; acrescentou ainda que não havia um
controle da matéria prima utilizada na produção dos salgados, ou seja, o gestor não
soube nos informar quanto de um determinado material é consumido para produzir
determinada quantidade de salgados. Para esse ponto, vale destacar que o nosso
estudo foi realizado com as informações obtidas junto ao empresário, assim sendo,
poderá haver falhas nos gastos mensurados durante a análise dos dados. Diante

54
disso, acreditamos que o ideal seria a exclusão deste salgado da sua linha de
produtos, o emprésário poderia impulsionar o investimento antes aplicado a bolinha
de bacalhau a um outro salgado que tenha uma maior demanda e aceitação no
mercado, como o enroladinho ou pastel doce. Outra sugestão seria uma nova
precificação deste produto, evitando assim a diminuição dos produtos ofertados.
No que diz respeito ao pró-labore, vimos que não existe um valor ou percentual
pré-fixado para o seu pagamento. A remuneração do empresário é a sobra do
faturamento semanal após o pagamento dos materiais e dos gastos gerais; logo, o
que resta após esses abatimentos é dividido entre o gestor do negócio e o seu pai,
que participa indiretamente das atividades operacionais. Diante do exposto,
sugerimos que seja estabelecido um valor ou percentual para a remuneração do pró-
labore, assim como fixada uma data específica para pagamento do mesmo, para que
assim, as sobras semanais sirvam de capital de giro para financiamento das atividades
da empresa, no sentido de que nos meses de menor demanda, a remuneração do
pró-labore seja proporcional ao faturamento do período.
Também devemos destacar o motivo que nos levou a classificar a conta de
energia elétrica como custo fixo. O gestor do negócio relatou que a área de produção
não possui um contrato particular com a Celpe e que esse gasto se refere a área de
produção e a sua moradia, uma vez que ambos estão cedidos no mesmo prédio.
Acontece que, há algum tempo só existia a área de produção e a casa foi construída
posteriormente. Então, o empresário retira do caixa uma quantia mensal que gira em
torno dos R$ 200,00, pois o mesmo se baseia nos valores pagos antes mesmo da
ampliação do prédio; ainda no seu entendimento, o valor que ultrapassar esses R$
200,00 é referente ao consumo de sua residência. Para essa questão, o ideal seria
que o empresário solicitasse uma nova ligação junto ao órgão fornecedor de energia
elétrica para que possa ser feita a classificação correta dessa conta como custo
variável e para que não haja dúvidas quanto ao consumo mensal de energia elétrica
na área de produção.
Em relação à remuneração da mão de obra, a empresa possui três funcionários
informais que prestam serviços como diaristas em dias diferentes, cada um com uma
finalidade distinta. Visto que a Lei Complementar 128/2008, trata que o MEI só pode
empregar um funcionário, sugerimos que o gestor do negócio formalize um desses
funcionários, para atender assim as exigências legais estabelecidas pela justiça do
trabalho.

55
Nesta pesquisa, identificamos que a empresa tem potencial para fomentar
capital de giro, sem a necessidade de capitação de recursos por meio de terceiros,
através da boa administração dele e de seus componentes. Quando corrigidos os
erros na administração de tais componentes, a utilização se tornará mais eficiente no
gerenciamento do negócio.
Essa pesquisa poderá ser utilizada como instrumento de conscientização para
o empresário para que ele possa investir no melhoramento das informações e assim
contribuir para o crescimento de seus negócios.

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