Você está na página 1de 136

Contabilidade

Contabilidade

1ª edição
2017
Presidente do Grupo Splice Antônio Roberto Beldi
Reitor João Paulo Barros Beldi
Diretor Administrativo Financeiro Claudio Geraldo Amorim de Souza
Diretora da Educação a Distância Jucimara Roesler
Gestor do Instituto de Ciências Sociais Aplicadas Henry Julio Kupty
Gestora do Instituto da Área da Saúde Marcela Unes Pereira Renno
Gestora do Instituto de Ciências Exatas Regiane Burger
Autoria Alexandra Barbosa do Prado
Jennifer de Sousa Oliveira
Renato Rosa da Rocha
Parecerista Validador Louis Felipe Vieira

*Todos os gráficos, tabelas e esquemas são creditados à autoria, salvo quando indicada a referência.
Informamos que é de inteira responsabilidade da autoria a emissão de conceitos. Nenhuma parte
desta publicação poderá ser reproduzida por qualquer meio ou forma sem autorização. A violação dos
direitos autorais é crime estabelecido pela Lei n.º 9.610/98 e punido pelo artigo 184 do Código Penal.
Sumário

Unidade 1
Fundamentos básicos da Contabilidade...................... 6

Unidade 2
Normas Brasileiras de Contabilidade.........................23

Unidade 3
Princípios Fundamentais da Contabilidade...............38

Unidade 4
Patrimônio.....................................................................53

Unidade 5
Origens e Aplicações de Recursos..............................68

Unidade 6
Escrituração Contábil...................................................84

Unidade 7
Demonstrações Financeiras......................................101

Unidade 8
Contabilidade Social...................................................120

4
Palavras do professor
Querido(a) aluno(a), é com imenso prazer que lhe desejamos que seja
bem-vindo à disciplina de Contabilidade. Esta disciplina tem por seu obje-
tivo trazer o conhecimento sobre o estudo do patrimônio, conhecimento
das informações econômicas financeiro e aprofundamento nesta ciên-
cia social que é a contabilidade, que nos traz um nova visão de gerencia-
mento tomada de decisão e estratégia. Esperamos que o conhecimento
adquirido neste curso, possam abrir caminhos e possibilidades para que
tenham muito sucesso na caminhada acadêmica de vocês que está ini-
ciando.
Você verá também que a contabilidade tem um campo muito grande de
atuação, pois é utilizada para todas as ramificações empresariais das mais
variadas categorias que você possa imaginar. Podemos utilizá-la mesmo
quando ainda não sabemos que é contabilidade de fato, e com certeza
você já a aplicou no seu dia a dia mesmo sem perceber.
É uma ferramenta poderosa utilizada para análise de rentabilidade dos
negócios e principalmente para tomada de decisões na área. Poderíamos
ficar aqui falando por horas e horas sobre tudo o que, em conjunto com
uma boa gestão, pode trazer de qualidade a uma entidade, pois quando
utilizados os recursos que ela oferece da maneira correta surgem inúme-
ros benefícios e é possível também prever eventos futuros, o que pode de
certa forma evitar prejuízos futuros ao ajudara nos precaver para a pior
das hipóteses.
Podemos afirmar que você fez uma excelente escolha pelo curso de con-
tabilidade e à medida que se aprofundar nos estudos vai entender per-
feitamente esta afirmação. Muitas vezes ingressamos em determinados
cursos porque há alguém ao nosso redor que se tornou tão excelente
naquilo que executa que de certa forma nos motivou pela escolha do
curso. Ou ainda quando tivemos uma curta vivência na área que nos ins-
tigou a querer mais. Por isso absorva todo o conteúdo deste material, que
foi produzido através de muito estudo, leitura e inspiração.
A partir deste momento será dada a largada para uma nova etapa que
será construída através dos ensinamentos propostos para esta disciplina,
dividida em oito unidades de estudo que nos levarão a construção do
conhecimento.
Sejam bem-vindos e um ótimo curso para todos!

5
Unidade 1
Fundamentos básicos da
Contabilidade
1
Para iniciar seus estudos

Nesta unidade de estudo vamos falar sobre os fundamentos básicos da


contabilidade, abordar algumas termologias contábeis, e apresentar
como surgiu a contabilidade na história e quais os seus fundamentos e
objetivos e como esta ciência e importante para estudo e controle do
patrimônio. Esteja muito atento(a) a todo assunto abordado, pois será
apresentado pontos importantes e uteis para desenvolvimento acadê-
mico, e desenvolvimento da profissão. Vamos lá?

6
Objetivos de Aprendizagem

• Conhecer a história da contabilidade: conceituação, objeto,


objetivos;
• Reconhecer o campo de aplicação e usuários da contabilidade;
• Reconhecer usuários internos e externos da contabilidade;
• Estudo do capital.
1
Tópicos de aprendizagem:
• 1.1 A História da contabilidade e seus objetivos e o objeto;
• 1.1.1 História da Contabilidade;
• 1.1.2 História da Contabilidade no Brasil;
• 1.1.3 Objetivo e Objeto da Contabilidade;
• 1.2. Campo de aplicação e usuários da contabilidade;
• 1.3. Usuários internos e externos da contabilidade;
• 1.3.1 Usuários internos;
• 1.3.2 Usuários externos;
• 1.3.3 Usuários da Contabilidade e o Profissional Contábil
• 1.4. Estudo do Capital

7
Contabilidade | Unidade 1 - Fundamentos básicos da Contabilidade

1.1 A História da contabilidade e seus objetivos e o objeto


A história da contabilidade vem em conjunto com desenvolvimento a civilização humana, pois no decorrer do
tempo conforme as civilizações foram se aperfeiçoando e surgindo necessidades de controle a contabilidade
começou a ser desenvolvida.

Figura 1 Conhecendo a história da contabilidade e seus objetivos

Legenda: Figura, para mostrar de como era feito o controle para contagem e contas no período
antigo, a forma de controle deles dos números na época. – Chama-se Abacuses .
Fonte: < https://br.123rf.com> ID 76242013

Vamos resgatar a seguir suas principais raízes na ordem cronológica dos acontecimentos e destacar também
objetivos da contabilidade.

1.1.1 História da contabilidade

Com o desenvolvimento das civilizações surgiram os primeiros registros de controle de patrimônio era apresen-
tados de uma forma rudimentar, onde seus rebanhos, que eram controlados através de pedras, no inverno reco-
lhia os rebanhos e contava-se quantas cabeças possuíam,para cada cabeça separava-se uma pedra e o conjunto
de pedras guardadas e comparadas com o conjunto de pedras do ano anterior dariam uma base de quanto este
homem aumentos ou diminuiu sua riqueza no ano. Apesar de ser muito rudimentar, já era uma forma de “inven-
tário” produzido por procedimento que poderíamos chamar de contabilidade.
A evolução da contabilidade se deu de maneira muito lenta para seu período de existência até a sua evolução,
durante a história surgiram vários estudos e desenvolvimento passando pela contabilidade do mundo antigo
medieval até chegar na contabilidade cientifica que conhecemos hoje. Abaixo temos alguns fatos história
• Período aproximado de 2000 a.C. até 1202, considerado o período da Era Cristã. Em 1202 Leonardo
Fibonacci lança o Liber Abaci um livro de cálculos aritmética e álgebra, onde esses conceitos de cálculos
traz grandes impacto para contabilidade, sendo um marco separando a contabilidade antiga da moderna.

8
Contabilidade | Unidade 1 - Fundamentos básicos da Contabilidade

• Em torno de 1340 a 1840, onde nesse período surgiu um obra com costumes comerciais como fosse uma
manual do comerciante, escrito por Francesco di Balduccio Pegalotti e Benedetto Cotrugli, e em 1894
surge lança Della mercatura et del
• Em 1340 Francesco di Balduccio Pegalotti escreve La prarica dell mercatura, uma espécie de manual
do comerciante de então, e uma obra muito importante a analise da evolução da contabilidade e,
principalmente dos usos e costumes comerciais.
• Em 1458 Benedetto Cotrugli lança Della mercatura et del mercante perfeito, considerado o mais perfeito
trabalho sobre práticas comerciais antes de pacioli.
• Em 1894 Luca Pacioli publicou a Summa de aritmética, geometria, proportioni et proportionalita, que
entra para história como a primeira exposição sistemática e completa dos procedimentos contábeis das
partidas dobradas.
O desenvolvimento contábil acompanha de perto o desenvolvimento econômico e a partir do século XX com a
ascensão econômica dos Estados Unidos com o surgimento de grandes corporações aliados ao desenvolvimento
dos mercados de capitais surgem o que alguns chamam de escola americana com a respectiva queda da escola
europeia, principalmente com o surgimento de Hatfield, Paton, Littleton, Moonitz, Anthony entre outros autores
que marcaram a primeira metade do séculos XX.

Método das Partidas dobradas: É que para cada débito sempre deverá corresponder a um
crédito equivalente, sendo em uma ou mais de uma conta com os valores a crédito fechando
com os valores a débito

1.1.2 História Contabilidade no Brasil

A contabilidade no Brasil, teve os seus acontecimentos mais relevantes a partir de 1850, com o Código Comercial
no Brasil:
• 1850 - criado o Código Comercial Brasileiro pelo Imperador D. Pedro II, que regulamentou os
procedimentos contábeis, e uma das exigências determinadas era que as empresas escriturassem as suas
movimentações nos livros de acordo com a lei (no 556, art. 290) vigente na época.
• 1860 – com a promulgação da lei no 1.083, da obrigatoriedade das empresas de prestação de contas ao
governo com prazos e modos estabelecidos em seus regulamentos, entre os documentos obrigatórios
temos o balanço e as demonstrações, com maior destaque para a primeira Lei das Sociedades por Ações
(lei no.1083, de 22 de agosto de 1860).
• 1863 – o Instituto Comercial do Rio de Janeiro passou a oferecer a disciplina “Escrituração Mercantil”, e
também no mesmo período a Lei no1.803 passou a ser denominada como a primeira Lei das Sociedades
por Ações no Brasil, tornando públicos os padrões contábeis adotados na época atéque a Lei no2.627/1940
apresentasse outras disposições.
• 2003 – oCódigo Comercial Brasileiro de 1850 teve sua maior parte revogada, sendo mantidas apenas as
questões relativas ao Direito Comercial Marítimo.

9
Contabilidade | Unidade 1 - Fundamentos básicos da Contabilidade

No período entre o século XIX, o contador era chamado de guarda-livros, e sua principal função era escriturar e
manter de maneira ordenada os livros mercantis das empresas comerciais. O guarda-livros fazia a elaboração de
contratos e distritos, controlava as entradas e saídas de dinheiro, e por isso era essencial na época ter domínio das
línguas portuguesa e francesa. Outro fato importante é que na época não existia a tecnologia que temos hoje ao
nosso dispor, tudo era escrito à mão, portanto era imprescindível possuir boa caligrafia.

Figura 2 História da Contabilidade no Brasil

Legenda: Exemplo de contabilidade feita manualmente, simbolizando o guarda livro da época.


Fonte: < https://br.123rf.com> ID: 17625408

Atualmente a contabilidade tomou novas proporções e evoluiu em todos os sentidos e aspectos, apresentando-
-se de forma mais eficaz e atual, pois como atualmente a informação é instantânea, com a contabilidade não
pode ser diferente. Pois ela traz as informações econômicas das empresas para tomada de decisão, portanto se
o mundo se modernizou, a contabilidade não pode ficar para trás, assim as suas as informações passou ser mais
exatas e momentânea sem deixar os seus conceitos cientifico.

1.1.3 Objetivos e Objeto da contabilidade

A contabilidade tem como seu objetivo disponibilizar o máximo de informações para seus usuários, onde eles
possam analisar e tomar suas decisões com base nessas informações.
Para entender melhor, vamos analisar o fluxo abaixo para entendermos o seu objetivo:

10
Contabilidade | Unidade 1 - Fundamentos básicos da Contabilidade

Figura 3 Objetivo da Contabilidade

Legenda: Imagem 1, de como funciona a o fluxo de informações gerada pela contabilidade


Fonte: Marion, 2009 p. 27 cap. 1, adaptado.

“A Contabilidade e possivelmente um dos assuntos mais áridos do mundo. E pode também ser o
mais confuso. Mas, se você quiser ser rico, pode ser o assunto mais importante. A questão e como
pegar um tema entediante e confuso e ensina-lo a crianças. A resposta e: simplifique. Comece
por ensina-lo por meio de figuras (livro Pai rico, pai pobre, Cap. 1).” Marion, 2009 p. 28
O estudo da contabilidade pode ser desenvolvido de forma geral, para conhecimento ou de forma especifica
onde você pode aprofundar seu conhecimento em uma determinado ramo de atividade. A contabilidade tem
como aprofundamento alguns ramos que serão estudados mais para frente, são eles:
• Contabilidade de Custos
• Contabilidade Comercial
• Contabilidade Publica
Estes tópicos são as especificações mais estudadas por apresentar características própias na sua elaboração
analise e estudo.
O estudo da contabilidade, apresenta como seu objeto o estudo do patrimônio, acompanhamento a sua evo-
lução e suas variações, são apresentado a seus usuários, apresentando as alterações quantitativas e qualitativas
do patrimônio.

11
Contabilidade | Unidade 1 - Fundamentos básicos da Contabilidade

Tem por referencias os aspectos na contabilidade como componente do patrimônio, como


móveis, prédios, - exemplo: Uma empresa adquiriu um terreno, esta empresa teve uma alte-
ração quantitativa em seu patrimônio.
Quantitativo – São os aspectos de mudanças que refere-se a valores, um exemplo o terreno
que foi comprado teve uma valorização de 50% a mais, sua variação no patrimônio foi posi-
tiva, mais só teme mudança quantitativa

Uma das formas que a contabilidade apresenta essas variações é através das demonstrações contábeis, que
devem ser elaboradas de forma clara e objetiva, sempre seguindo os critérios estabelecidos, pelo pronuncia-
mento contábil, através dos princípios e normas vigentes.

Figura 4 Objetivo da Contabilidade

Legenda: Imagem2 , exemplo por imagagem da demonstração contábil


Fonte: Fonte: < https://br.123rf.com> ID 46577590

Para conhecer mais sobre os pronunciamento contábil, você pode acessar o site do CPC onde
encontrara todo acervo de normas contábeis, para que possa aprofundar ainda mais seu
conhecimento - <http://www.cpc.org.br>
Quantitativo – São os aspectos de mudanças que refere-se a valores, um exemplo o terreno
que foi comprado teve uma valorização de 50% a mais, sua variação no patrimônio foi posi-
tiva, mais só teme mudança quantitativa

12
Contabilidade | Unidade 1 - Fundamentos básicos da Contabilidade

O governo também se utiliza da contabilidade com a finalidade de receber a prestação de contas por parte das
empresas, tornando-a obrigatória, ação que resulta, portanto, na arrecadação de impostos.
Em resumo, podemos analisar os objetivo da contabilidade:

Figura 5:Tomada de decisões.

Legenda: Imagem3 Objetivo da Contabilidade


Fonte: Fonte: < https://br.123rf.com> ID 22298075

13
Contabilidade | Unidade 1 - Fundamentos básicos da Contabilidade

1.2 Campo de aplicação e usuários da contabilidade


O campo de aplicação da contabilidade, é o onde ela é aplicada, ou seja, a base da onde os contadores traba-
lham, onde eles tiram as informações, que são as entidades econômicos – administrativas. Quando falamos em
entidades economias, relacionamos logo de inicio as empresas, mas a contabilidade não é voltada somente para
as empresas ou seja as pessoas jurídicas, as pessoas físicas também precisam de contabilidade principalmente
aquelas com grande patrimônio, pois o objeto da contabilidade é o estudo do patrimônio. Portanto as informa-
ções econômicas das pessoas físicas também entram como campo de atuação de contabilidade, devemos tam-
bém considerar os estados, municípios e a união que tem por si uma contabilidade a parte que é a púlica mais
não deixa de entrar na aplicação contábil.
Segundos os autores Neves e Viceconti (2009), eles definem como campo de aplicação:
São as aziendas. AZIENDAS representam:
a) “Entidades econômico-administrativas, assim chamadas aquelas que, para atingirem
seu objetivo, seja ele econômico ou social, utilizam bens patrimoniais e necessitam de um
órgão administrativo, que pratica atos de natureza econômica necessários a seus fins”; ou
b) “Complexo de obrigações, bens materiais e direitos, representados em valores ou suscetíveis de
apreciação econômica, constitutivos de um patrimônio, considerado juntamente com a pessoa
natural ou jurídica que sobre ele tem poderes de administração e disponibilidade (NEVES; VICE-
CONTI, 2009, p. 2).

AZIENDA, palavra italiana que significa “fazenda”, ou “coisas a fazer”. Aziendalismo, desen-
volvido por Gino Zappa: conjunto de bens, direitos e obrigações. Zappa era o representante
máximo da Escola Aziendalista, onde não admitia o estudo científico da contabilidade sem o
conhecimento ao mesmo tempo das doutrinas que, ao seu lado, formam a economia azien-
dal, os fatos da gestão são considerados como conteúdo verdadeiro da Contabilidade, são
representados através dos métodos, sistemas e processos de escrituração, que constituem o
instrumental da ciência.

A entidade que possui alguns elementos verdadeiramente essenciais para que seja dada a sua existência, entre
eles: pessoas, necessárias toda e qualquer organização; capital; patrimônio; titular; ação administrativa e finali-
dade para a qual existe a organização e sua atividade-fim.
Quanto à atividade-fim a que se destinam essas entidades, vejamos a seguir sua classificação para maior enten-
dimento:
• Entidades sem fins lucrativos: entidades que não visam ao lucro e têm por objetivo o atendimento à
comunidade, geralmente denominadas por associações. Exemplos: ONGs, Igrejas, entre outras.
• Entidades com fins econômicos: visam ao lucro e são das mais variadas ramificações, como indústria,
empresas comerciais, entre outras.
• Entidades com fins sociais: têm por obrigação o atendimento das necessidades do coletivo, por exemplo:
união, estados e municípios.

14
Contabilidade | Unidade 1 - Fundamentos básicos da Contabilidade

1.3 Usuários internos e externos da contabilidade


O interesse primordial dos usuários da contabilidade é o patrimônio da empresa, ou seja, seus interesses estão
voltados para avaliação e desenvolvimento da situação patrimonial da entidade.

Figura 6 Objetivo da Contabilidade

Legenda: Imagem1 , demonstração dos usuários da contabilidade interessados em seus resultados.


Fonte: < https://br.123rf.com> ID 13446078

No que se refere a esses usuários, podemos então dizer que existem dois grupos, os Usuários internos e externos.

1.3.1 Usuários Internos:

É o grupo que tem interesse pela situação da empresa e aqueles que investiram seu dinheiro na entidade, por-
tanto tem maior interesse nas informações apresentadas, são compostos por gerentes, acionistas ou donos.
• Gerentes: São as pessoas ligadas aos altos cargos dentro da empresa, que se utilizam da informação
contábil para pode elaborar planos de ação ou planos de diminuição de riscos, eles pode saber os
caminhos que as empresa está tomando para ter como base a sua decisão futura. Um exemplo, um
gerente administrativo recebe a informação da contabilidade, ele conseguirá negociar melhor com
seus fornecedores pois saberá a capacidade da empresa pagar e o orçamento dela, com base nessas
informações contábeis, já o gerente de vendas saberá se suas metas estão sendo atingidas caso isso não
ocorra, com base nas informações contábeis poderá elaborar um plano de ação para aumentar as vendas.
• Acionistas/Donos: São as pessoas que investem o dinheiro na entidade, e o seu interesse na contabilidade
é ver se realmente a empresa está gerando lucro conforme sua finalidade.

15
Contabilidade | Unidade 1 - Fundamentos básicos da Contabilidade

As empresas sem fins socioeconômicos não tem distribuição de lucros, portanto o seu
“ganho”, é para atender as atividades destas empresas e os seus usuários são a pessoas com
interesse social na qual ela desenvolve.

1.3.2 Usuários Externos:


O segundo grupo são as pessoas que tem interesse econômico na empresa, e solicita receber estas informações
para fins de acompanhamento e analise, são eles:
• Investidores: As pessoas com interesse aplicar seu dinheiro em determinada entidade, e para saber se
terá rentabilidade com base nas informações contábeis, será analisado se é um bom investimento;
• Bancos com interesse de análise das demonstrações financeiras, com o intuito de conceder crédito de
financiamento, liberação de giros, e de verificar também a capacidade da empresa de tomar emprestado;
• Concorrentes com interesse voltado para o conhecimento da situação da empresa e sua atuação no
mercado;
• Governos com interesse de ter conhecimento da movimentação da empresa, sendo o principal motivo a
tributação que será gerada para fins de recolhimento aos cofres públicos;
• Fornecedores com interesse na informação da situação financeira da empresa, e principalmente no seu
poder de compra, analisando dessa forma se é viável ou não manter as transações comerciais, e ainda ter
a possibilidade de mensurar a garantia de seus recebimentos por parte da entidade;
Percebemos, ao analisar a importância da contabilidade para seus usuários o quão e importante a necessidade
das informações para gerenciamento e tomada de decisão, não somente internamente nas empresas mais tam-
bém para as pessoas que estão a sua volta, com necessidades e interesses voltados a empresa e também os
impacto que ela traz para eles.

1.3.4 Usuários da Contabilidade e o profissional da contabilidade

Como você pôde observar foram explicadas sobre alguns dos usuários da contabilidade. E como esses usuários
obtêm as informações necessárias para a tomada de decisões?
Através das informações que serão extraídas dos demonstrativos e relatórios contábeis, certo! E quem é o res-
ponsável por essas informações? Isso mesmo, o profissional da contabilidade.
Iudicibus e Marion (2011, p.3) afirmam que a função do contador é produzir informações da contabilidade para
a tomada de decisões. A profissão contábil tem uma forte influência na veracidade das informações que são
prestadas, pois é através do trabalho desse profissional que as informações chegam a todos os usuários que delas
necessitarem. Portanto vamos expor as atribuições desse profissional e campos nos quais ele poderá exercer suas
atividades:

16
Contabilidade | Unidade 1 - Fundamentos básicos da Contabilidade

O Decreto-Lei no 9.295, de 27 de maio de 1946, define as atribuições profissionais do contador em seu art. 25.
São considerados trabalhos técnicos de contabilidade:
a. organização e execução de serviços de contabilidade em geral;
b. escrituração dos livros de contabilidade obrigatórios, bem como de todos os necessários no conjunto da
organização contábil e levantamento dos respectivos balanços e demonstrações;
c. perícias judiciais ou extrajudiciais, revisão de balanços e de contas em geral, verificação de haveres, revisão
permanente ou periódica de escritas, regulações anônimas e quaisquer outras atribuições de natureza
técnica conferidas por lei aos profissionais de contabilidade.
Observação: salvo direitos adquiridos por determinação do disposto no art. 2o do decreto no 21.033, de 8 de
fevereiro de 1932, as atribuições na alínea c do artigo anterior são privativas dos contadores diplomados.
A profissão de contador e técnico de contabilidade é regulamentada pelo Conselho Federal de Contabilidade,
pela Resolução CFC no 560, de 28 de outubro de 1983, que diz que “o exercício das atividades compreendidas
na contabilidade, considerada esta na sua plena amplitude e condição de ciência aplicada, constitui prerrogativa,
sem exceção, dos contadores e dos técnicos em contabilidade legalmente habilitados, ressalvadas as atribuições
privativas dos contadores”.
Vejamos também a seguir algumas áreas de atuação do profissional de contabilidade e campos específicos em
que o profissional da contabilidade poderá atuar. São ramificações da contabilidade, cada uma dentro de sua
respectiva função:
• Contabilidade pública: o governo possui esse instrumento que controla e fiscaliza todos os órgãos que
estão abaixo de sua competência, estes por sua vez têm a obrigatoriedade de realizar a preparação de
orçamentos com aprovações devidas, e cabe à contabilidade pública efetuar os registrar as transações
que ocorrerem no período, servindo ao mesmo tempo como uma ferramenta para acompanhamento de
todo o processo.
Tudo com base na Lei no 4.320/64), em que se encontram as normas com procedimentos quanto ao
controle e elaboração dos orçamentos e balanços públicos. 
• Perícia Contábil: Responsável por elaborar laudos para o judiciário prestar atendimento a organizações
que adquiriram problemas de ordem financeira por erros cometidos pelo administrativo.
• Contabilidade atuarial: Responsável pelos processos de contabilidade de entidades que possuem fundos
de pensão e previdência privada, é uma especialista da área.
• Auditoria Contábil Responsável por examinar se existe coerência nos documentos, registros fiscais e livros,
faz a revisão das informações monitoramento ou controle do patrimônio das entidades, com o objetivo
de verificar a conformidade desses registros contábeis.
• Contabilidade Social: Responsável pela informação que exerce influência nos comportamentos das
organizações na sociedade, visando mensurar a consequência de cada ação realizada pelas empresas.
• Contabilidade Gerencial (controladoria): Responsável pelas decisões estratégicas e gerencial da empresa,
onde estuda os resultados obtidos traça planos para rentabilidades futuras analisa a situação financeira
e econômica da empresa.

17
Contabilidade | Unidade 1 - Fundamentos básicos da Contabilidade

1.4 Estudo do Capital


Capital, tem por seu sentido principal fonte, origem, é o elemento fundamental para produção de novas riquezas.
Pensamos o seguinte, a uma nova ideia para um negócio, para iniciar o andamento precisa de dinheiro inicial
para que essa ideia saia do papel, esse dinheiro inicial é que o sócios colocam no negócio (origem), ou na falta
de todo dinheiro para investimento podem pegar emprestado (origem terceiros) para que portanto assim tenha
o capital. Portanto o capital é o conjunto de recursos disponíveis à empresa, seja através de terceiros, seja do
proprietário. Ainda podemos salientar que é a soma das riquezas ou recursos acumulados com destinação à
produção de novas riquezas.

Figura 7 Estudo do Capital

Legenda: Imagem1 , exemplo em imagem de um investidor com ideias para seu negócio e emprego do seu capital.
Fonte: 123RF - ID da imagem : 37575140

Uma empresa começa sua atividade pelo registro do contrato social ou do estatuto na junta comercial. Nesse
contrato social ou estatuto estará apresentado o valor do capital social com que a empresa irá buscar os seus
objetivos sociais. Na Contabilidade o Capital pode receber as seguintes denominações:
• Capital social, nominal ou subscrito: é o investimento inicial realizado pelo empresário para composição
do patrimônio líquido da empresa, a alteração desse capital inicial ocorre quando o sócio-proprietários
que fazem parte do quadro societário da empresa realizam investimentos adicionais, desta forma
aumentando o capital ou ainda o inverso pode ocorrer a diminuição de capital, podemos denomina-los
por Capital Nominal ou Capital Subscrito(Lei nº 6.404, de 15 de Dezembro de 1976). No balanço patrimonial se
demonstra da seguinte maneira:
• Capital realizado, integralizado ou contábil: O capital social só é integralizado ou realizado a partir do
momento que esses recursos destinados pelos sócios/proprietários à formação do capital social são
transferidos do patrimônio dos sócios para o patrimônio da organização a partir do momento de sua
constituição, podemos denomina-los capital integralizado, realizado ou contábil.

18
Contabilidade | Unidade 1 - Fundamentos básicos da Contabilidade

• Capital a integralizar ou a realizar: O capital a integralizar existe a partir do momento que o sócio/
proprietário se compromete de maneira formal, ou seja mediante contrato social, a entregar um valor
definido entre as partes interessadas a entregar para a composição do capital Social da entidade, mas em
data futura a assinatura do contrato, embora subscrita, esta parcela do capital, corresponde aos recursos
não entregues, ou seja encontra-se a integralizar ou a realizar.
• Capital de Terceiros: Este é o capital que corresponde aos investimentos feitos por terceiros, como exemplo
uma empresa para aumentar sua empresa recorre a empréstimo no banco para financiar sua obra, esse
valor corresponde a capital de terceiros, pois o dinheiro investido terá que ir para capital pois estamos
aumentando nosso patrimônio, e a divida para nosso passivo que será uma obrigação a pagar.
No balanço patrimonial o capital é apresentado da seguinte maneira:

Figura 8 Estudo do Capital

Legenda: Demonstração do Capital no Balanço Patrimonial


Fonte: ludicibus, p.30 adaptado

Vejamos agora outros tipos de capital:


Capital total à disposição da entidade: é correspondente à soma do passivo e do patrimônio líquido da empresa,
referente ao total de recursos utilizados no financiamento das atividades (passivo total).
Capital autorizado: O capital próprio de sociedades anônimas de capital aberto (que negociam suas ações em
bolsa ou balcão), a partir da Lei no6.404/1976 (Lei das S.A.), foi instituído como capital autorizado
Capital intelectual, que e o investimos da empresa em pessoas, e no seu conhecimento para que eles pos-
sam trazer para empresa um retorno rentável voltado para uma nova visão do conhecimento, para criação de
valores da empresas. Para esse processo não ser perdido é necessária a realização de um mapeamento de seu
capital intelectual, sempre em análise aos indicadores quanto ao desenvolvimento do que pode ser melhorado,
mantendo-se competitivo no mercado de trabalho.

19
Contabilidade | Unidade 1 - Fundamentos básicos da Contabilidade

Figura 9 do Capital

Legenda: Imagem2 , exemplo em imagem de capital intelectual exercendo suas atividades.


Fonte: 123RF - ID da imagem : 37575142

A essência da contabilidade está em medir o patrimônio, porém existe o enfrentamento de dificuldades para
geração de informação em um nível estratégico. E para as empresas de contabilidade é necessária a transmis-
são de informações financeiras em conjunto com as informações gerenciais para seus usuários. A contabilidade
é uma atividade intelectual, portanto os gestores, administradores e empresários dessa ramificação precisam
estar atentos e manter cuidados devidos ao capital intelectual de seus empregados através de investimentos em
ferramentas para que evoluam, pois são eles que vão transmitir informações que precisam ser repassadas com
credibilidade e de forma segura.
Não existe um modo correto para mensurar o capital intelectual, tudo é questão de adequação à realidade da
empresa, e quanto ao valor de mercado das empresas essa relação não diz respeito apenas ao patrimônio mate-
rial da empresa, o capital intelectual também deverá estar inserido nesse valor de mercado.

Até aqui foi possível averiguar que a contabilidade teve muitas mudanças com o passar dos
anos. Notamos que obteve uma evolução em relação à profissão contábil e seus processos
em muitos aspectos. Diante desse cenário você acredita que é possível a existência de uma
contabilidade que ainda trabalhe de maneira mecanizada? .

20
Considerações finais
Nesta unidade abordamos assuntos relativos aos Fundamentos Básicos
da Contabilidade, foi dado o pontapé inicial de todo o conteúdo.
No decorrer de nossos estudos mergulhamos no contexto histórico da
contabilidade, suas primeiras aparições, de que maneira evoluiu ao longo
dos anos de história, pois a contabilidade é tão antiga quanto aciviliza-
ção.Através de nosso estudo foi possível resgatar um pouco da história da
contabilidade.
Falamos também sobre os objetivos da contabilidade, qual a importância
dele e do seu objeto de estudo que é o patrimônio e como aplicar este
estudo para atingir portanto o objetivo estudado.
Quanto ao campo de aplicação da contabilidade, foi possível entender-
mos que a contabilidade pode ser aplicada em todos os espaços, ou seja,
desde um pequeno bar até uma empresa de grande porte. Não existe um
campo especifico para ela, na verdade há uma infinidade de possibilida-
des.
Foi possível também conhecer os usuários da contabilidade, pessoas
detentoras do conhecimento a respeito dos negócios da entidade ou
ainda pessoas que necessitam dessas informações, entre elas investido-
res, fornecedores, clientes, entre outras. Cada um se utiliza da contabili-
dade por um motivo específico, e esse grupo de usuários pode ser dividido
em dois, os usuários internos, detentores da informação, e os usuários
externos, que por sua vez não possuem facilidade de acesso direto à infor-
mação.
E finalizamos esta unidade com o estudo do capital. Foi dada ênfaseno
capital intelectual, peça fundamental e necessária para toda e qualquer
entidade.Vimos que o capital intelectual é parte integrante do patrimônio
da empresa.

21
Referências bibliográficas
BRASIL. Lei 6.404, de 15 de dezembro de 1976. Disponível em <http://
www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L6404consol.htm/>.Acesso em jun.
2017.

CFC – Conselho Federal de Contabilidade. Disponível em:<http://cfc.


org.br/tecnica/normas-brasileiras-de-contabilidade/>. Acesso em: 4 jul.
2017.

CHING, Hong Yuh; MARQUES, Fernando; PRADO, Lucilene. Contabili-


dade e finanças para não especialistas. São Paulo: Prentice Hall, 2010.

ludicibus, Sergio e Martins, Eliseu – Contabilidade Introdutória - 11.º


Edição Adaptada ás Noras Internacionais de Contabilidade Atuali-
zada de Acordo com as Leis n,º 11.638/07 e n.º 11.941/09 Editora
Atlas S.A – 2010.

MARION, José Carlos. Contabilidade Básica: Atualizada conforme a Lei


n2 11.638/07, MP na 449/08 (Lei na 11.941/09) e Pronunciamentos
do CPC (Comitê de Pronunciamentos Contábeis). 10.º Ed. Editora Atlas
– São Paulo – 2009.

NEVES, Silvério das Neves; VICECONTI, Paulo Eduardo V. Contabilidade


básica. 14 ed. São Paulo: Frase, 2009.

22
Unidade 2
Normas Brasileiras de
Contabilidade
2
Para iniciar seus estudos

Nesta unidade estudaremos sobre as Normas Brasileiras de Contabili-


dade; descobriremos as normas existentes hoje no Brasil e sua aplicabili-
dade; veremos detalhes da NCT TG – Geral, norma de extrema importân-
cia para o reconhecimento dos elementos das Demonstrações Contábeis
e entendimento sobre em quais situações deverá ser reconhecido um
Ativo, um Passivo, um item do Patrimônio Líquido ou ainda o reconheci-
mento de uma Receita ou Despesa.
Venha! Vamos detalhar esse importante conteúdo, afinal, é nas Normas
Brasileiras de Contabilidade que estão as mais importantes orientações
do Conselho Federal de Contabilidade para o exercício dessa profissão.

Objetivos de Aprendizagem

• Compreender a diferença conceitual entre normas técnicas e


normas profissionais.
• Reconhecer o contexto geral dos assuntos tratados pelas normas
profissionais.
• Compreender os detalhes das normas técnicas que abrangem a
contabilidade básica.

23
Contabilidade | Unidade 2 - Normas Brasileiras de Contabilidade

2.1 Normas Brasileiras de Contabilidade


A base legal para o estudo da contabilidade é a Lei nº 6.404/76, também conhecida como a Lei das Sociedades
por Ações, no entanto, apesar dessa denominação, não só as empresas que possuem ações em bolsa de valores
a utilizam, mas quase a totalidade das empresas pautam-se nessa lei.

Figura 2.1 – Ações na Bolsa de Valores

Legenda: Lei nº 6.404/76 – Lei das Sociedades por Ações.


Fonte: br.123rf – 20228853

Apesar da importância dessa lei, ela não é a única que rege os procedimentos contábeis. A partir de 2007, com a
convergência da contabilidade nacional aos padrões internacionais, surgiu o Comitê de Pronunciamentos Contá-
beis (CPC) que edita os importantíssimos pronunciamentos contábeis. Essas normas não são vinculantes, porém,
o Conselho Federal de Contabilidade (CFC) edita normas idênticas com o intuito de vinculá-las aos profissionais
de contabilidade. A elas chamamos de Normas Brasileiras de Contabilidade.
As Normas Brasileiras de Contabilidade emitidas pelo Conselho Federal de Contabilidade são um conjunto de
regras e procedimentos de conduta que devem ser observadas pelos profissionais de contabilidade, além disso,
essas normas estão alinhadas aos padrões internacionais de contabilidade e norteiam todos os trabalhos técni-
cos e profissionais da contabilidade no Brasil.
Tais normas são de observância obrigatória, sob pena de sanções disciplinares, conforme orientação definida
expressamente no art. 9º da Resolução nº 1.328/11, do Conselho Federal de Contabilidade (CFC), transcrito a seguir:
Art. 9º. A inobservância às Normas Brasileiras de Contabilidade constitui infração disciplinar
sujeita às penalidades previstas nas alíneas de “c” a “g” do Art. 27 do Decreto-Lei nº 9.295/46,
alterado pela Lei nº 12.249/10, e ao Código de Ética Profissional do Contador. (BRASIL, 2011).
As normas emitidas pelo Conselho Federal de Contabilidade (CFC) estão divididas em: Normas Profissionais, que
se aplicam aos profissionais de contabilidade, de Auditoria ou de Perícia; e as Normas Técnicas, voltadas para as
técnicas aplicadas aos trabalhos desses profissionais.

24
Contabilidade | Unidade 2 - Normas Brasileiras de Contabilidade

As Normas Profissionais estabelecem regras de exercício profissional e classificam-se em:

Figura 2.2 – Normas Brasileiras de Contabilidade

NBC PG - Geral:
Normas aplicadas indistintamente a todos os
profissionais de contabilidade.

NBC PA - Do Auditor Independente:


Normas aplicadas especialmente aos contadores que
atuam como Auditores Independentes.

NBC PI – Do Auditor Interno:


Normas aplicadas especificamente aos contadores que
atuam como Auditores Internos.

NBC PP – Do Perito:
Normas aplicadas especificamente aos contadores que
atuam como Peritos Contábeis.

Legenda: Normas Profissionais.


Fonte: <https://www.123rf.com/photo_36123943_infographic.html?term=infographic%2Bfour%2Belements&vti=mcs54
u56akv4tbvu1a>.

25
Contabilidade | Unidade 2 - Normas Brasileiras de Contabilidade

As Normas Brasileiras de Contabilidade são iniciadas por NBC e, depois, têm a letra “P”, iden-
tificando que são normas profissionais.

As Normas Técnicas estabelecem conceitos doutrinários, regras e procedimentos aplicados de contabilidade e


classificam-se em:
• NBC TG – Geral
São as Normas Brasileiras de Contabilidade convergentes com as normas internacionais emitidas pelo
IASB e também as Normas Brasileiras de Contabilidade editadas por necessidades locais, sem equivalentes
internacionais.
Essas normas são segregadas em:
»» normas completas, que compreendem as normas editadas pelo Conselho Federal de Contabilidade
(CFC) a partir dos documentos emitidos pelo Comitê de Pronunciamentos Contábeis (CPC) e que estão
convergentes com as normas do International Accountants Standards Board (IASB), numeradas de 00
a 999;
»» normas simplificadas para Pequenas e Médias Empresas (PME), que compreendem a norma de PME
editada pelo Conselho Federal de Contabilidade (CFC) sobre o assunto, numeradas de 1.000 a 1.999;
»» normas específicas, que compreendem as Interpretações Técnicas (Its) e os Comunicados Técnicos
(CTs) editados pelo Conselho Federal de Contabilidade (CFC) sobre entidades, atividades e assuntos
específicos, numeradas de 2.000 a 2.999.
• NBC TSP – Do Setor Público
São as Normas Brasileiras de Contabilidade aplicadas ao setor público convergentes com as normas
internacionais de contabilidade para o setor público e emitidas pelo International Federation of
Accountants (IFAC) e as Normas Brasileiras de Contabilidade aplicadas ao setor público editadas por
necessidades locais, sem equivalentes internacionais.
• NBC TA – De Auditoria Independente
São as Normas Brasileiras de Contabilidade aplicadas à Auditoria convergentes com as normas
internacionais de Auditoria Independente emitidas pelo International Federation of Accountants (IFAC).
• NBC TR – De Revisão de Informação Contábil Histórica
São as Normas Brasileiras de Contabilidade aplicadas à revisão e convergentes com as normas
internacionais de revisão emitidas pelo International Federation of Accountants (IFAC).
• NBC TO – De Asseguração de Informação não Histórica
São as Normas Brasileiras de Contabilidade aplicadas à asseguração e convergentes com as normas
internacionais de asseguração emitidas pelo International Federation of Accountants (IFAC).

26
Contabilidade | Unidade 2 - Normas Brasileiras de Contabilidade

• NBC TSC – De Serviços Correlatos


São as Normas Brasileiras de Contabilidade aplicadas aos serviços correlatos e convergentes com as
normas internacionais para serviços correlatos emitidas pelo International Federation of Accountants
(IFAC).
• NBC TI – De Auditoria Interna
São as Normas Brasileiras de Contabilidade aplicáveis aos trabalhos de Auditoria Interna.
• NBC TP – De Perícia Contábil
São as Normas Brasileiras de Contabilidade aplicáveis aos trabalhos de Perícia.

• NBC TAG – De Auditoria Governamental


São as Normas Brasileiras de Contabilidade aplicadas à Auditoria Governamental convergentes com as
normas internacionais de Auditoria Governamental emitidas pela Organização Internacional de Entidades
Fiscalizadoras Superiores (INTOSAI).

As Normas Brasileiras de Contabilidade são iniciadas por NBC e, depois, têm a letra “T”,
identificando que são normas Técnicas.

Ao longo dos estudos que envolvam assuntos contábeis, são mencionados dispositivos dos CPCs ou das NBCs. Nesta
unidade, estudaremos a NBC TG, a mais importante vinculada ao estudo da contabilidade básica. Durante todas as
outras unidades vamos nos reportar de alguma forma a essas normas, considerando a sua grande importância.

2.2 NBC TG – Estrutura Conceitual


A NBC TG – Estrutura Conceitual é uma norma técnica, traz conceitos para a elaboração e divulgação de relatório
contábil financeiro e tem sua correlação no CPC 00. Vamos destacar aqui os pontos que julgamos mais importan-
tes dessa norma para o objetivo da nossa aula.
O primeiro ponto importante dessa norma, destacada já na sua introdução, diz respeito às Demonstrações Con-
tábeis, que são preparadas para usuários externos em geral, sem hierarquia de prioridade. Isto não quer dizer
que usuários internos não possam utilizá-las ou não tenham necessidades de suas informações. No entanto,
a administração não precisa apoiar-se em relatórios contábeis financeiros de propósito geral, podendo obter a
informação de que precisa internamente. Além disso, usuários externos precisam de credibilidade e, para obtê-
-las, as Demonstrações Contábeis devem seguir os princípios contábeis, regras e normas.
Essa norma estabelece conceitos e fundamentos para a elaboração das Demonstrações Financeiras. Veja a seguir
a finalidade dessa estrutura conceitual, de acordo com a norma:

27
Contabilidade | Unidade 2 - Normas Brasileiras de Contabilidade

a. dar suporte ao desenvolvimento de novas normas, interpretações e comunicados técnicos e


à revisão dos já existentes, quando necessário;
b. dar suporte à promoção da harmonização das regulações, das normas contábeis e dos pro-
cedimentos relacionados à apresentação das demonstrações contábeis, provendo uma base
para a redução do número de tratamentos contábeis alternativos permitidos pelas normas,
interpretações e comunicados técnicos;
c. dar suporte aos órgãos reguladores nacionais;
d. auxiliar os responsáveis pela elaboração das demonstrações contábeis na aplicação das nor-
mas, interpretações e comunicados técnicos e no tratamento de assuntos que ainda não
tenham sido objeto desses documentos;
e. auxiliar os auditores independentes a formar sua opinião sobre a conformidade das demons-
trações contábeis com as normas, interpretações e comunicados técnicos;
f. auxiliar os usuários das demonstrações contábeis na interpretação de informações nelas
contidas, elaboradas em conformidade com as normas, interpretações e comunicados téc-
nicos; e
g. proporcionar aos interessados informações sobre o enfoque adotado na formulação das
normas, das interpretações e dos comunicados técnicos. (CFC, s.d.).
Ao analisarmos a finalidade da estrutura conceitual, verificamos a sua importância, porém, a própria norma
define que se houver divergência entre ela e um pronunciamento técnico, uma interpretação ou uma orientação,
esta deverá se sobrepor à Estrutura Conceitual.

2.2.1 Objetivo da elaboração e divulgação de Relatório Contábil-Financeiro


de Propósito Geral

Primeiramente, vamos esclarecer que Demonstrações Contábeis e Relatório Contábil-Financeiro de Propósito


Geral são sinônimos.
Assim, o objetivo da elaboração e divulgação de Relatório Contábil-Financeiro de Propósito Geral é fornecer
informações contábil-financeiras que sejam úteis aos seus usuários, de acordo com a norma, especificamente
ao público externo com foco nos investidores, credores por empréstimos e a outros credores, principalmente aos

28
Contabilidade | Unidade 2 - Normas Brasileiras de Contabilidade

financiadores da entidade. Entretanto, esses relatórios não podem atender a todas as informações de que neces-
sitam, sendo necessário recorrer a outras fontes.

Figura 2.3 – Investidor

Legenda: Investidores são usuários externos do Relatório Contábil-Financeiro de Propósito Geral.


Fonte: br.123rf 30730729

Os Relatórios Contábil-Financeiros de Propósito Geral não são elaborados para mostrar o valor econômico da
entidade, mas para auxiliar os usuários a estimarem esse valor, ou seja, cada investidor ou credor, utilizando as
informações contábil-financeiras, deve avaliar o valor da entidade, conforme sua expectativa.
Nesse sentido, as principais informações obtidas através das Demonstrações Contábil-Financeiras são a posi-
ção patrimonial e financeira da entidade, através do Balanço Patrimonial, assim como a sua posição econômica,
obtida através da Demonstração do Resultado do Exercício (DRE) que retrata com propriedade através do regime
de competência.

2.2.2 Características qualitativas da informação contábil-financeira

Alguns atributos são importantes para que as Demonstrações Contábeis sejam úteis para os usuários. Vejamos
o item QC4 da NBC TG:
QC4. Se a informação contábil-financeira é para ser útil, ela precisa ser relevante e representar
com fidedignidade o que se propõe a representar. A utilidade da informação contábil-financeira é
melhorada se ela for comparável, verificável, tempestiva e compreensível. (CFC, s.d.).
As informações contábeis são direcionadas a usuários externos, mas, para que esses usuários utilizem essas
informações, elas precisam ser úteis, e aí vem uma definição importante da NBC TG: para uma informação ser

29
Contabilidade | Unidade 2 - Normas Brasileiras de Contabilidade

útil, ela precisa ser relevante e representar com fidedignidade o que se propõe a representar. Vamos então definir
o que vem a ser informação relevante e fidedigna, nos termos da NBC TG.

2.2.2.1 Relevância

A informação é considerada relevante quando for capaz de influenciar as decisões dos seus usuários e, para isso,
ela precisa ter valor preditivo, valor confirmatório ou ambos os valores.
O valor preditivo é a informação que permite ser utilizada para predizer futuros resultados, já o valor confirmató-
rio refere-se à informação que pode servir de feedback. Vamos transcrever o QC10 da estrutura conceitual, a qual
traz um exemplo que nos permite entender melhor esse item:
QC10. O valor preditivo e o valor confirmatório da informação contábil-financeira estão inter-
-relacionados. A informação que tem valor preditivo muitas vezes também tem valor confirmató-
rio. Por exemplo, a informação sobre receita para o ano corrente, a qual pode ser utilizada como
base para predizer receitas para anos futuros, também pode ser comparada com predições de
receita para o ano corrente que foram feitas nos anos anteriores. Os resultados dessas compara-
ções podem auxiliar os usuários a corrigirem e a melhorarem os processos que foram utilizados
para fazer tais predições. (CFC, s.d.).
A relevância diz respeito à materialidade. Vamos analisar o item a seguir:
QC11. A informação é material se a sua omissão ou sua divulgação distorcida (misstating)
puder influenciar decisões que os usuários tomam com base na informação contábil-financeira
acerca de entidade específica que reporta à informação. Em outras palavras, a materialidade é
um aspecto de relevância específico da entidade baseado na natureza ou na magnitude, ou em
ambos, dos itens para os quais a informação está relacionada no contexto do relatório contábil-
-financeiro de uma entidade em particular. (CFC, s.d.).
Um item pode ter um valor pequeno, mas ser material devido a sua natureza.

2.2.2.2 Fidedignidade

Para que uma informação seja fidedigna, ela precisa ser completa, neutra e livre de erro. Temos que aceitar que
raramente teremos a perfeição, porém, há de se buscar a maximização dos atributos da melhor forma possível.
A informação é completa quando conter o necessário para que o usuário compreenda o fato retratado; a infor-
mação é neutra quando não está distorcida nem para mais nem para menos; e a informação é livre de erros
quando a escolha dos métodos tenha sido correta. Vamos ao texto da norma:
QC12. Os relatórios contábil-financeiros representam um fenômeno econômico em palavras e
números. Para ser útil, a informação contábil-financeira não tem só que representar um fenômeno
relevante, mas tem também que representar com fidedignidade o fenômeno que se propõe a repre-
sentar. Para ser representação perfeitamente fidedigna, a realidade retratada precisa ter três atribu-

30
Contabilidade | Unidade 2 - Normas Brasileiras de Contabilidade

tos. Ela tem que ser completa, neutra e livre de erros. É claro, a perfeição é rara, se de fato alcançável.
O objetivo é maximizar referidos atributos na extensão que seja possível. (CFC, s.d.).
Esses são os atributos fundamentais das informações contábil-financeiras, mas também podemos complemen-
tar esses atributos para obtermos uma melhoria e termos uma qualidade maior nas informações. Para isso, bus-
camos a comparabilidade, a verificabilidade, a tempestividade e a compreensibilidade. Vamos defini-las?
• Comparabilidade (Comparável)
Essa característica qualitativa permite aos usuários comparar as diversas informações dos relatórios contábeis,
como, por exemplo, comparar as receitas geradas em um ano com as receitas de outro ano. Vamos ver como a
norma define esse item.
QC20. As decisões dos usuários implicam escolhas entre alternativas, como, por exemplo, vender
ou manter um investimento, investir em uma entidade ou noutra. Consequentemente, a infor-
mação acerca da entidade que reporta informação será mais útil caso possa ser comparada com
informação similar sobre outras entidades e com informações similares sobre a mesma entidade
para outro período ou para outra data. (CFC, s.d.).
QC21. Comparabilidade é a característica qualitativa que permite que os usuários identifiquem e
compreendam similaridades dos itens e diferenças entre eles. (CFC, s.d.).
Para que se possa fazer a comparação, é necessidade existir consistência nas informações, e essa consistência
refere-se ao uso dos mesmos métodos para os mesmos itens, considerando a mesma entidade, ou seja, os usu-
ários precisam ser informados caso haja mudanças nas práticas contábeis seguidas na elaboração das Demons-
trações Contábeis, pois só assim terão condições de comparar a posição patrimonial e financeira, o desempenho
e as mutações na posição financeira da entidade ao longo do tempo.
• Verificabilidade (Verificável)
A verificabilidade consiste na noção de que diferentes usuários da contabilidade, ao analisarem uma informação,
possam chegar a um consenso quanto à representação fidedigna desse fato econômico.
Vamos ao texto da norma:
QC26. A verificabilidade ajuda a assegurar aos usuários que a informação representa fidedig-
namente o fenômeno econômico que se propõe a representar. A verificabilidade significa que
diferentes observadores, cônscios e independentes, podem chegar a um consenso, embora não
cheguem necessariamente a um completo acordo, quanto ao retrato de uma realidade econô-
mica em particular ser uma representação fidedigna. Informação qualificável não necessita ser
um único ponto estimado para ser verificável. Uma faixa de possíveis montantes com suas proba-
bilidades respectivas pode também ser verificável. (CFC, s.d.).
• Tempestividade (Tempestiva)
A tempestividade diz respeito ao fato de que a informação precisa estar disponível a tempo de poder influenciar
nas decisões, pois de nada vale uma informação disponível quando a decisão já foi tomada ou quando já não
pode mais ser tomada. Vamos ao texto da norma:
QC29. Tempestividade significa ter informação disponível para tomadores de decisão a tempo de
poder influenciá-los em suas decisões. Em geral, a informação mais antiga é a que tem menos
utilidade. Contudo, certa informação pode ter o seu atributo tempestividade prolongado após o
encerramento do período contábil, em decorrência de alguns usuários, por exemplo, necessita-
rem identificar e avaliar tendências. (CFC, s.d.).
• Compreensibilidade (Compreensível)

31
Contabilidade | Unidade 2 - Normas Brasileiras de Contabilidade

De nada adianta uma informação que ninguém entende, assim, a informação precisa ser clara, concisa e com-
preensível para que possa ser utilizada pelos usuários das Demonstrações Contábeis, porém não se justifica a
exclusão de informações que possam tornar o relatório incompleto ou distorcido, por serem complexas ou de
difícil entendimento. Vamos à norma:
QC30. Classificar, caracterizar e apresentar a informação com clareza e concisão torna-a compre-
ensível. (CFC, s.d.).
O custo para gerar a informação também é relevante, dessa forma, se divulgar uma informação custa mais caro
do que a informação propriamente dita, talvez seja necessário avaliar a necessidade de divulgar essa informação,
ou seja, o custo-benefício da informação é uma restrição que precisa ser considerada.

2.2.3 Estrutura conceitual para a elaboração e apresentação das


Demonstrações Contábeis – Texto remanescente

O texto remanescente não foi emendado, como consta na própria norma, então, ele será atualizado apenas
quando forem revisados conceitualmente os elementos das Demonstrações Contábeis.
O texto remanescente da Estrutura Conceitual para a Elaboração e Apresentação das Demons-
trações Contábeis anteriormente emitida não foi emendado para refletir quaisquer alterações
implementadas pela NBC TG 26 – Apresentação das Demonstrações Contábeis (a IAS 1 que o
espelha foi revisada pelo IASB em 2007).
O texto remanescente será atualizado quando forem revisados conceitualmente os elementos
das demonstrações contábeis e suas bases de mensuração. (NBC TG). (CFC, s.d.).

2.2.3.1 Premissas subjacentes

O Princípio da Continuidade retrata que as bases em que são elaboradas as Demonstrações Contábeis têm como
premissa sua continuidade. Não se espera que a empresa encerre suas atividades, por outro lado, caso venha a
ter essa intenção, deverá elaborá-las em bases diferentes. Basicamente, todo o Ativo da empresa fica registrado
a valores de entrada, e as máquinas, por exemplo, ficam registradas ao valor que a empresa adquiriu abatido de
sua depreciação. Caso não haja continuidade, já não interessa o quanto a empresa pagou por esse Ativo, mas por
quanto será vendido.

2.2.3.2 Elementos das Demonstrações Contábeis

32
Contabilidade | Unidade 2 - Normas Brasileiras de Contabilidade

Os elementos são agrupamentos de fatos patrimoniais ocorridos e demonstrados nas Demonstrações Contá-
beis. Os elementos relacionados diretamente à posição patrimonial são o Ativo, o Passivo e o Patrimônio Líquido;
os elementos relacionados diretamente ao desempenho da entidade são as Receitas e as Despesas.
A NBC TG define esses elementos nos seus itens 4.4 e 4.5 da seguinte forma:

Figura 2.4 – Elementos do Balanço e do DRE

Ativo:
É um recurso controlado pela entidade como resultado de eventos
passados e do qual se espera que fluam futuros benefícios
econômicos para a entidade.

Passivo:
É uma obrigação presente da entidade, derivada de eventos passados,
cuja liquidação se espera que resulte na saída de recursos da entidade
capazes de gerar benefícios econômicos.

Patrimônio Líquido:
É o interesse residual nos Ativos da entidade depois de deduzidos todos
os seus Passivos.

Receitas:
Abrangem tanto receitas propriamente ditas quanto ganhos. A receita
surge no curso das atividades usuais da entidade e é designada por uma
variedade de nomes, tais como vendas, honorários, juros, dividendos,
royalties, aluguéis.

Despesas:
Abrangem tanto as perdas quanto as despesas propriamente ditas que
surgem no curso das atividades usuais da entidade. As despesas que
surgem no curso das atividades usuais da entidade incluem, por
exemplo, o custo das vendas, salários e depreciação. Geralmente,
tomam a forma de desembolso ou redução de Ativos como caixa e
equivalentes de caixa, estoques e Ativo Imobilizado.

Legenda: Elementos patrimoniais e de resultado.


Fonte: <https://www.123rf.com/photo_51250680_set-of-infographics-design-elements-with-numbers-steps-or-
options-and-text.html?term=infographic%2Bfive%2Belements&vti=mem77edo7lyrwnogey>.

2.2.3.3 Reconhecimento dos elementos das Demonstrações Contábeis

Para que um Ativo seja reconhecido no Balanço Patrimonial é preciso que seja provável a geração de benefícios
futuros e que seus gastos, ou valor, possa ser determinado à entidade. Vejamos o que diz a norma:

33
Contabilidade | Unidade 2 - Normas Brasileiras de Contabilidade

4.44. Um ativo deve ser reconhecido no balanço patrimonial quando for provável que benefícios
econômicos futuros dele provenientes fluirão para a entidade e seu custo ou valor puder ser men-
surado com confiabilidade. (CFC, s.d.).
Vamos trazer um exemplo para facilitar o entendimento: imagine uma conta de luz. Podemos estimar seu custo
com segurança, porém isto não trará qualquer benefício futuro para a entidade, logo, não deve ser reconhecida
como Ativo. Diferentemente, uma máquina ou equipamento qualquer, em que na sua compra poderá ser esti-
mado seu valor, pela nota fiscal, e que trará benefícios futuros para empresa, poderá ser reconhecida como Ativo.
Analisemos, agora, o conceito de Passivo, de acordo com a norma:
4.46. Um passivo será reconhecido no balanço patrimonial quando for provável que uma saída de
recursos detentores de benefícios econômicos seja exigida em liquidação de obrigação presente
e o valor pelo qual essa liquidação se dará puder ser mensurado com confiabilidade. (CFC, s.d.).
Da mesma forma que o Ativo, para o reconhecimento de um Passivo precisamos preencher dois requisitos: que
seja mensurado com confiabilidade e quando for provável uma saída de recursos. Imaginamos nessa situação o
pagamento de um fornecedor: a mensuração do valor a ser pago é de fácil determinação, pela nota fiscal, pelo
boleto bancário; quanto à saída de recursos, não se tem dúvida de que será necessária a saída de dinheiro do
caixa, do banco ou de qualquer outra fonte de recurso envolvendo benefícios econômicos para a liquidação do
fornecedor em questão.
Vamos a mais um parágrafo da norma, agora para definir como se deve reconhecer as Receitas e as Despesas:
4.47. A receita deve ser reconhecida na demonstração do resultado quando resultar em aumento
nos benefícios econômicos futuros relacionado com aumento de ativo ou com diminuição de
passivo, e puder ser mensurado com confiabilidade. Isso significa na prática, que o reconheci-
mento da receita ocorre simultaneamente com o reconhecimento do aumento nos ativos ou da
diminuição nos passivos (por exemplo, o aumento líquido nos ativos originado da venda de bens
e serviços ou o decréscimo do passivo originado do perdão de dívida a ser paga). (CFC, s.d.).
Quando a empresa realiza uma venda, ela tem todas as condições de mensurar essa venda, além disso, se realizar a
venda à vista, obtém uma entrada de dinheiro no caixa ou no banco, logo, há um aumento nos benefícios econômi-
cos futuros relacionados com o aumento do Ativo, ou seja, um aumento da conta Caixa ou Banco Conta Movimento.
4.49. As despesas devem ser reconhecidas na demonstração do resultado quando resultarem em
decréscimo nos benefícios econômicos futuros, relacionado com decréscimo de um ativo ou o
aumento de um passivo, e puder ser mensurado com confiabilidade. Isso significa, na prática, que
o reconhecimento da despesa ocorre simultaneamente com o reconhecimento de aumento nos
passivos ou de diminuição nos ativos (por exemplo, a alocação por competência de obrigações
trabalhistas ou da depreciação de equipamentos). (CFC, s.d.).
Numa situação inversa à da Receita, apresenta-se a Despesa, em que teremos um decréscimo nos benefícios
econômicos futuros relacionados ao decréscimo do Ativo ou aumento do Passivo, como, por exemplo, se efetu-
armos uma despesa com alimentação, teremos de efetuar o pagamento, o qual representa a saída de dinheiro do
caixa, muito provavelmente; logo, um decréscimo do Ativo. Como a nota fiscal nos dá subsídios para mensurar o
valor despendido, teremos todos os elementos para reconhecer essa despesa.

34
Considerações finais
Nesta unidade aprendemos como são classificadas as Normas Brasilei-
ras de Contabilidade emitidas pelo Conselho Federal de Contabilidade.
Aprendemos que elas são divididas em dois grupos: Normas Profissionais
e Normas Técnicas. As Normas Profissionais estabelecem regras de exer-
cício profissional, enquanto as Normas Técnicas estabelecem conceitos
doutrinários, regras e procedimentos aplicados de contabilidade
Estudamos os detalhes de uma das normas mais importantes da conta-
bilidade para o aprendizado de contabilidade básica. Nela são tratados
seus objetivos, suas características e atributos qualitativos; são definidos
os elementos do Balanço Patrimonial e da Demonstração do Resultado
do Exercício, ponto-chave para que o aluno compreenda quando deve
reconhecer os fatos contábeis como Ativo, Passivo, Patrimônio Líquido,
Receitas e Despesas.
Esse aprendizado é de grande importância para que o aluno tenha condi-
ções de realizar lançamentos contábeis precisos utilizando os elementos
aqui estudados.

35
Referências bibliográficas
BRASIL. Lei nº 6.404, de 15 de dezembro de 1976. Dispõe sobre as
sociedades por ações. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/cci-
vil_03/leis/L6404consol.htm>. Acesso em: 4 jun. 2017.

CHING, H. Y.; MARQUES, F.; PRADO, L. Contabilidade & finanças para


não especialistas. São Paulo: Prentice Hall, 2010.

CONSELHO FEDERAL DE CONTABILIDADE (CFC). Normas Brasileiras de


Contabilidade. Disponível em: <http://cfc.org.br/tecnica/normas-brasi-
leiras-de-contabilidade/>. Acesso em: 4 jun. 2017.

______. Resolução nº 1.328, de 22 de março de 2011. Dispõe sobre a


estrutura das Normas Brasileiras de Contabilidade. Disponível em: <http://
www1.cfc.org.br/sisweb/sre/detalhes_sre.aspx?Codigo=2011/001328>.
Acesso em: 16 jun. 2017.

IUDÍCIBUS, S. de; MARION, J. C. Curso de Contabilidade para não conta-


dores. 7. ed. São Paulo: Atlas, 2011.

NEVES, S. das; VICECONTI, P. E. V. Contabilidade básica. 14. ed. São Paulo:


Frase, 2009.

Bibliografia Complementar:

DICKEN, P. Mudança Global: Mapeando as novas fronteiras da economia


mundial. 5. ed. Porto Alegre: Bookman, 2010.

GARRISON, R. H.; BREWER, P. C.; NOOREN, E. W. Contabilidade Geren-


cial. 14. ed. Porto Alegre: AMGH Editora, 2013.

36
Referências bibliográficas
HURT, R. L. Sistemas de Informações Contábeis: Conceitos básicos e
temas atuais. 3. ed. Porto Alegre: AMGH Editora, 2014.

MUNCHAU, W. Os Anos do Colapso: O estouro da crise econômica mun-


dial. Porto Alegre: AMGH Editora, 2014.

SANTOS, J. L. dos; SCHIMIDT, L. A. F.; GOMES, J. M. M. Manual de práticas


contábeis. 2. ed. São Paulo: Atlas, 2011.

37
Unidade 3
Princípios Fundamentais da
Contabilidade
3
Para iniciar seus estudos

Nesta Unidade estudaremos os Princípios Básicos da Contabilidade, e a


partir destes princípios nos será oferecido maior clareza e compreensão
referente aos seus conceitos, finalidades, será possível observar as regras
e leis vigentes referente a sua aplicação destes as atividades contábeis.
Convidamos você a embarcar neste conhecimento que fará toda a dife-
rença quando houver a necessidade de aplicar estes Princípios Contábeis
à pratica do exercício contábil. Vamos lá?

Objetivos de Aprendizagem

• Compreender o conceito de cada um dos princípios fundamentais


da contabilidade;
• Identificar detalhes assertivos a respeito da aplicação dos
princípios na prática.

38
Contabilidade | Unidade 3 - Princípios Fundamentais da Contabilidade

3.1 Conceito dos Princípios Fundamentais da Contabilidade


Nesta unidade iremos abordar o tema Princípios Fundamentais da Contabilidade, mas antes de dar andamento a
este tema, vamos buscar a definição de princípios?
Buscamos então uma definição específica em “Revistas Direitos Fundamentais e democracia”.(Vol. 7, n. 7, (jan./
jun. 2010), p. 249)
A palavra princípio vem do latim principium e tem significação variada, podendo dar a ideia de
começo, início, origem, ponto de partida, ou, ainda, a ideia de verdade primeira, que serve de fun-
damento, de base para algo. Portanto, etimologicamente, o termo princípio origina-se de prin-
cipal, primeiro, demonstrando origem de algo, de uma ação ou de um conhecimento. Por outro
lado, o termo princípio pode apenas significar regras a seguir, normas. Nas ciências em geral, a
ideia de princípio está ligada aos seus fins. Serão os princípios que darão rumo, solidez, disciplina
e clareza de objetivos para estas ciências.
Esses princípios darão mais clareza aos objetivos da contabilidade; significa que existe uma regra a seguir, pois
partimos do pressuposto que se não existissem os princípios, as entidades poderiam então fazer seus registros
da maneira que acreditassem ser interessante, ou seja, seria bem difícil medir de forma correta a riqueza da enti-
dade. Portanto, é de grande importância a aplicação dos princípios fundamentais à contabilidade.
Importante falarmos a respeito da Resolução CFC n°750/93 que apresenta estes Princípios: Entidade, Conti-
nuidade, Oportunidade, Prudência, Atualização Monetária, Registro pelo valor original e Competência. Porém,
tal resolução foi alterada pela Resolução CFC n°1.282/10, que apresenta os mesmos Princípios com exceção
da Atualização Monetária, onde este passa a fazer parte do Registro pelo valor original. O que mudou com essa
alteração, foi que a Atualização Monetária não é mais considerada um Princípio e sim uma variação do Princípio
Registro pelo valor original. Veja a seguir o Quadro 3.1 demonstrando o antes e o depois da alteração para melhor
compreensão:

Resolução 750/93 Resolução 1.282/10


Entidade Entidade
Continuidade Continuidade
Oportunidade Oportunidade
Prudência Prudência
Atualização monetária
Registro pelo valor original
Registro pelo valor original
Competência Competência

Quadro 3.1: Quadro Comparativo (Resolução CFC n°750/93 - alterada pela Resolução CFC n°1.282/10).
Legenda: Quadro comparativo do antes e depois da Resolução CFC n°750/93, alterado pela Resolução CFC n° 1.282/10.
Fonte: Elaborado pelo autor (2017).

Essa demonstração se faz importante a título de conhecimento das Resoluções e para que não se confunda os
Princípios Contábeis e suas variações.
Analisando a importância que os Princípios da Contabilidade têm para a Ciência Contábil em épocas atuais, fica
claro o quanto a observância a esses princípios é imprescindível para a profissão contábil, e, conforme manda as
leis dos Princípios Fundamentais de Contabilidade, estes são obrigatórios para o exercício das atividades contá-
beis.

39
Contabilidade | Unidade 3 - Princípios Fundamentais da Contabilidade

Segundo NEVES e VICECONTI (2009, p. 282) os Princípios de Contabilidade representam o núcleo central da pró-
pria Contabilidade, na sua condição de ciência social, sendo a ela inerentes.
Os Princípios Contábeis representam no seu sentido mais amplo de ciência social, e foco principal com interes-
ses no Patrimônio das Entidades, de uma pessoa física ou jurídica ao passo que é importante frisar a sua grande
ajuda para tomada de decisões. 

Figura 3.1 – Patrimônio da empresa

Legenda: Patrimônio da empresa: Um conjunto de bens, direitos e obrigações.


Fonte: 123rf -55584965

Podemos então, destacar, que nos dias atuais a Contabilidade ganhou muita notoriedade, pois grande parte
das pessoas têm manifestado os seus interesses ou até mesmo as suas necessidade de obter maior controle de
seus bens, dinheiro, ou seja ,controle de tudo que possuem, gastam ou devem a terceiros. Um fato a ressaltar, é
que ao mesmo tempo que as pessoas desejam ter o controle de suas posses, o desejo de aumentá-las também
é reciproco, e é neste ponto que entra a importância dos Princípios Fundamentais da Contabilidade, para serem
aplicados ao patrimônio.
A observância de cada um dos Princípios de Contabilidade como dito anteriormente, é obrigatória no exercício
da profissão e constitui condição de legitimidade das Normas Brasileiras de Contabilidade.

40
Contabilidade | Unidade 3 - Princípios Fundamentais da Contabilidade

Os Princípios Fundamentais da Contabilidade precisam ter três características que ocorrem


ao mesmo tempo:
Ser Úteis: Quanto ao resultado de informações valiosas aos usuários das demonstrações
contábeis.
Objetivos: As informações que resultam de suas aplicações não resultem em interferência
por tendências pessoais ou prejuízo dos que a fornecem.
Praticáveis: Quando puderem ser adotados sem complexidade ou custos indevidos.

Na aplicação dos Princípios de Contabilidade, há situações concretas, e a essência das transações deve preva-
lecer sobre seus aspectos formais. A seguir, veremos os Princípios Básicos da Contabilidade que serão objeto de
nosso estudo:
• Princípio da Entidade;
• Princípio da Continuidade;
• Princípio da Oportunidade;
• Princípio do Registro pelo Valor Original;
• Princípio da Competência;
• Princípio da Prudência.
Agora vamos entender as características e detalhes de cada princípio?

3.1.1 Princípios da Entidade

No Princípio da Entidade estudaremos a respeito das normas que a regem. Em um primeiro momento, precisa-
mos entender a sua definição. A Resolução diz que o objeto da Contabilidade é o Patrimônio, e o que isso signi-
fica? Significa que o Patrimônio pertence à Entidade. Para melhor entendimento e compreensão referente a este
tema, vamos então verificar o que dizem as leis referente a este Princípio.
Art. 4° da Resolução CFC n.º 750/93 -O Princípio da ENTIDADE reconhece o Patrimônio como
objeto da Contabilidade e afirma a autonomia patrimonial, a necessidade da diferenciação de um
Patrimônio particular no universo dos patrimônios existentes, independentemente de pertencer
a uma pessoa, um conjunto de pessoas, uma sociedade ou instituição de qualquer natureza ou
finalidade, com ou sem fins lucrativos. Por consequência, nesta acepção, o Patrimônio não se
confunde com aqueles dos seus sócios ou proprietários, no caso de sociedade ou instituição.
O PATRIMÔNIO pertence à ENTIDADE, mas a recíproca não é verdadeira. A soma ou agregação
contábil de patrimônios autônomos não resulta em nova ENTIDADE, mas numa unidade de natu-
reza econômico-contábil.

41
Contabilidade | Unidade 3 - Princípios Fundamentais da Contabilidade

O conceito de entidade contábil abrange uma entidade, podendo ser uma divisão ou setor de uma entidade ou
um grupo de entidades. Temos como exemplo as demonstrações contábeis consolidadas. Neste aspecto, o mais
importante para a Contabilidade, é o conceito de controle do que a caracterização jurídica da entidade.

Figura 3.2 - A Entidade

Legenda: Todo o evento contábil gira em torno das empresas, que utilizam
um recurso imprescindível para o sucesso, as pessoas.
Fonte(123rf) - ID da imagem: 43925826

De acordo com a Resolução nº 1.282/10 do Conselho Federal de Contabilidade (CFC), podemos observar que,
para que seja possível aplicar este princípio, é importante entender que não deverá existir a união entre o patri-
mônio do sócio ou acionista da empresa, e o patrimônio da entidade.
Resumindo, quem pode ser entidade? A Entidade poderá ter a composição de uma ou mais pessoas físicas, pes-
soa jurídica de qualquer finalidade.
Portanto, o papel da contabilidade, será o de registrar os fatos que irão de encontro com o patrimônio da enti-
dade, e não dos seus sócios. A contabilidade de uma empresa não deverá, em hipótese alguma, se confundir com
a dos sócios. Trata-se, portanto, da pessoa jurídica, o que para esta situação difere da pessoa física, logo, para
empresa cabe o registro apenas dos fatos que têm como referência o seu patrimônio.

Você já ouviu sobre o termo SPED Contábil? E como funciona? O Sistema Público de Escritu-
ração Digital (SPED) é parte integrante do programa de Aceleração do Crescimento (PAC) do
Governo Federal, ocorrido entre 2007 e 2010.Ele cria a obrigação da transmissão de dados
(antes eram enviados em papel) em formato digital para a Receita Federal. O ESPED Contábil
foi instituído definitivamente no Brasil pela Instrução Normativa RFB nº 1.420/2013. Acesse
o link a seguir, e fique por dentro deste assunto. <http://portal.blbbrasilescoladenegocios.
com.br/sped-contabil/>.

42
Contabilidade | Unidade 3 - Princípios Fundamentais da Contabilidade

3.1.2 Princípio da Continuidade

No Princípio da Continuidade, vamos verificar que, em princípio, a entidade não tem prazo para término, ou seja:
quando uma empresa é criada, não se tem como objetivo o seu encerramento, mas sim de que tenha vida longa.
Porém, sabemos que a possibilidade de uma empresa ser extinta não é descartável. Portanto, iremos expor as
Resoluções que tratam deste assunto para mais clareza a respeito do tema.
Art. 5° da Resolução CFC nº 750/93 -O Princípio da Continuidade pressupõe que a Entidade con-
tinuará em operação no futuro e, portanto, a mensuração e a apresentação dos componentes do
patrimônio levam em conta esta circunstância. (Redação dada pela Resolução CFC nº 1.282/10)
De acordo com a Resolução nº 1.282/10 do Conselho Federal de Contabilidade (CFC), o princípio em referência,
é uma proposição de que uma empresa irá ter o seu funcionamento por um prazo indeterminado, ou seja, não
poderá ser extinta, mas, se for comprovado que a situação em que a entidade se encontra não é favorável a
um bom rendimento, o conselho de contabilidade poderá entrar com pedido de investigação e posteriormente
encerrá-la.
A empresa poderá então, realizar os seus ativos estando em funcionamento e de acordo com a possibilidade
de realização de suas operações no futuro adquirindo lucros, ainda que não seja exclusivamente com a venda
ou retorno instantâneo. Por via de regra, a Contabilidade dá andamento às suas atividades, desejando que a
empresa não tenha data para seu encerramento.

3.1.3 Princípio da Oportunidade

No Princípio da Oportunidade, existem duas matrizes dentro dele: informações integras e tempestivas, ou seja,
tem relação com o tempo que serão entregues as informações e de forma integra, uma informação inteira, sem
omissões, mas também sem excessos. Vamos então observar outros pontos importantes deste princípio através
das Resoluções.
Art. 6° da Resolução CFC nº 750/93 -O Princípio da Oportunidade refere-se ao processo de men-
suração e apresentação dos componentes patrimoniais para produzir informações íntegras e
tempestivas.
A falta de integridade e tempestividade na produção e na divulgação da informação contábil
pode ocasionar a perda de sua relevância, por isso é necessário ponderar a relação entre a opor-
tunidade e a confiabilidade da informação. (Redação dada pela Resolução CFC nº 1.282/10)
O Princípio da Oportunidade é a base que não se pode dispensar. Caminha em conjunto com a fidelidade das
informações a respeito do patrimônio da entidade com relação a um período de tempo determinado, e com a
ocupação de quaisquer procedimentos técnicos. Sendo denominado como representação fiel pela informação.
E quanto aos registros contábeis é um atributo exigível em qualquer situação, ainda que as normas deem com
prioridade demonstrações contábeis.

43
Contabilidade | Unidade 3 - Princípios Fundamentais da Contabilidade

Representação Fiel: é uma cópia autêntica de alguma coisa, ou ainda, produzida, feita sem


adulterações de sua matéria que a possa alterar sua forma original ou mesmo modificações
que não possam ser detectadas por pessoas que não entendem de assuntos referentes ao
objeto que foi copiado.

As variações patrimoniais devem ser registradas por este princípio. Há quem confunda o Princípio da Oportu-
nidade com o do Princípio da Competência. A verdade é que eles são bem diferentes. O primeiro é detentor do
conhecimento das variações que as reconhece, por outro lado o Princípio da Competência está na determinação
de sua natureza e na atribuição das mudanças diante do Patrimônio Líquido, que dá ênfase ao momento que
devem ser registradas as modificações patrimoniais.

3.1.4 O Princípio do Registro pelo Valor Original

O Princípio do Registro pelo Valor Original, é um pouco mais complexo pela quantidade de informações a serem
aplicadas aos registros de informações contábeis, por isso, vamos estudar as Normas para melhor entendimento.
Art. 7° da Resolução CFC nº 750/93 -O Princípio do Registro pelo Valor Original determina que os
componentes do patrimônio devem ser inicialmente registrados pelos valores originais das tran-
sações, expressos em moeda nacional.
As seguintes bases de mensuração devem ser utilizadas em graus distintos e combinadas, ao
longo do tempo, de diferentes formas:
I – Custo histórico. Os ativos são registrados pelos valores pagos ou a serem pagos em caixa ou
equivalentes de caixa ou pelo valor justo dos recursos que são entregues para adquiri-los na data
da aquisição. Os passivos são registrados pelos valores dos recursos que foram recebidos em troca
da obrigação ou, em algumas circunstâncias, pelos valores em caixa ou equivalentes de caixa, os
quais serão necessários para liquidar o passivo no curso normal das operações; e,
II – Variação do custo histórico. Uma vez integrado ao patrimônio, os componentes patrimoniais,
ativos e passivos, podem sofrer variações decorrentes dos seguintes fatores:
a) Custo corrente. Os ativos são reconhecidos pelos valores em caixa ou equivalentes de caixa, os
quais teriam de ser pagos se esses ativos ou ativos equivalentes fossem adquiridos na data ou no
período das demonstrações contábeis. Os passivos são reconhecidos pelos valores em caixa ou
equivalentes de caixa, não descontados, que seriam necessários para liquidar a obrigação na data
ou no período das demonstrações contábeis;
b) Valor realizável. Os ativos são mantidos pelos valores em caixa ou equivalentes de caixa, os
quais poderiam ser obtidos pela venda em uma forma ordenada. Os passivos são mantidos pelos
valores em caixa e equivalentes de caixa, não descontados, que se espera seriam pagos para liqui-
dar as correspondentes obrigações no curso normal das operações da Entidade;

44
Contabilidade | Unidade 3 - Princípios Fundamentais da Contabilidade

c) Valor presente. Os ativos são mantidos pelo valor presente, descontado do fluxo futuro de
entrada líquida de caixa que se espera seja gerado pelo item no curso normal das operações
da Entidade. Os passivos são mantidos pelo valor presente, descontado do fluxo futuro de saída
líquida de caixa que se espera seja necessário para liquidar o passivo no curso normal das opera-
ções da Entidade;
d) Valor justo. É o valor pelo qual um ativo pode ser trocado, ou um passivo liquidado, entre partes
conhecedoras, dispostas a isso, em uma transação sem favorecimentos; e
e) Atualização monetária. Os efeitos da alteração do poder aquisitivo da moeda nacional devem
ser reconhecidos nos registros contábeis mediante o ajustamento da expressão formal dos valo-
res dos componentes patrimoniais.
São resultantes da adoção da atualização monetária:
I – a moeda, embora aceita universalmente como medida de valor, não representa unidade cons-
tante em termos do poder aquisitivo;
II – para que a avaliação do patrimônio possa manter os valores das transações originais, é neces-
sário atualizar sua expressão formal em moeda nacional, a fim de que permaneçam substantiva-
mente corretos os valores dos componentes patrimoniais e, por consequência, o do Patrimônio
Líquido; e,
III – a atualização monetária não representa nova avaliação, mas tão somente o ajustamento dos
valores originais para determinada data, mediante a aplicação de indexadores ou outros ele-
mentos aptos a traduzir a variação do poder aquisitivo da moeda nacional em um dado período.
(Redação dada pela Resolução CFC nº 1.282/10)
Pelo Princípio do Registro pelo Valor Original é determinado que os elementos que formam um patrimônio, terão
inicialmente registros na data correta da aquisição, e não depende do pagamento, somente pelo valor da aquisi-
ção ou ainda pela fabricação, expresso em moedas nacionais.
Este princípio determina que o valor do objeto em questão é o valor realmente pago por ele. Algumas dificulda-
des que ocorrem para a utilização deste princípio, um dos que podemos apontar é a inflação, pois ao longo do
tempo o produto sofre variação, nos períodos correspondentes a data que o produto foi adquirido e a efetivação
do seu pagamento; outra ocorrência tem relação ao custo do produto, quando em valor pago, neste valor já estão
inclusos todos os gastos para colocar este bem em condições de uso, valores como seguro, entre outros.

45
Contabilidade | Unidade 3 - Princípios Fundamentais da Contabilidade

Figura 3.3 Inflação e Valores Pagos

Legenda: Aumento da inflação, resulta na variação dos bens-Dificuldade


encontrada quanto a aplicação do Princípio do Valor pelo Registro.
Fonte: (123rf) 17726603

3.1.5 Princípio da Competência

Para entendermos melhor o Princípio da Competência, vamos partir do seguinte pressuposto: pagamento de
seguro do carro. Este lançamento fica registrado em seguros a vencer. Para este lançamento vamos registrando
a despesa mensalmente, ou seja, independente do pagamento, já existe uma despesa, e esta despesa é realizada
mensalmente, conforme descrito no art.9° da Resolução CFC n°750/93, que trataremos com mais detalhes a
seguir.
Art. 9° da Resolução CFC nº 750/93 -O Princípio da Competência determina que os efeitos das
transações e outros eventos sejam reconhecidos nos períodos a que se referem, independente-
mente do recebimento ou pagamento.
O Princípio da Competência pressupõe a simultaneidade da confrontação de receitas e de despe-
sas correlatas. (Redação dada pela Resolução CFC nº 1.282/10).
O Princípio da Competência registra as transformações recorrentes do patrimônio da Entidade, transforma-
ções essas que devem ter seus registros dentro do período em que o fato ocorreu, quando de fato realizadas
ou quando forem consumidas, e desconsiderada quando paga ou recebidas. A sua inclusão deverá ser realizada
quando da apuração do resultado do período que ocorreram de maneira efetiva, independente de seu recebi-
mento ou pagamento.

46
Contabilidade | Unidade 3 - Princípios Fundamentais da Contabilidade

De acordo com o principio da competência, as despesas e receitas devem ser contabilizadas como tais, no
momento de sua ocorrência, e para que isso aconteça não depende de seu pagamento ou recebimento. Este
princípio está atrelado ao registro de todas as receitas e despesas de acordo com o fato gerador, no período de
competência, não com o fluxo de caixa. Portanto, podemos observar que este princípio não tem relação com
recebimentos ou pagamentos, e sim com o reconhecimento das receitas realizadas e das despesas incorridas em
determinado período.
A receita é considerada realizada: 
• A partir do momento em que ocorre a transferência do bem ou serviço para terceiros, efetuando estes
o pagamento ou assumindo o compromisso firme de fazê-lo no futuro. Podemos citar como exemplo a
venda à prazo;
• A partir do momento em que se der a ocorrência da extinção de uma exigibilidade sem o desaparecimento
simultâneo de um bem ou direito. Podemos citar como exemplo o perdão de dívidas.
• A partir do momento do aumento natural dos bens ou direitos, a exemplo de juros de aplicações
financeiras); ou ainda, pelo recebimento efetivo de doações e subvenções. 
A despesa é considerada incorrida: 
• A partir do momento da ocorrência do consumo de um bem ou direito, a exemplo de desgaste de
máquinas; 
• A partir do momento que ocorrer o surgimento de uma obrigação, uma exigibilidade sem o correspondente
aumento dos bens ou direitos, como a exemplo das contingências trabalhistas; 
• Quando deixar de existir o valor correspondente do bem ou direito através da sua transferência de
propriedade para um terceiro, a exemplo da baixa de mercadorias do estoque quando da efetivação da
venda. 

O Princípio da Competência confronta ao mesmo tempo as receitas com as despesas que


ocorreram no período e está diretamente ligada às variações do Patrimônio Líquido.

47
Contabilidade | Unidade 3 - Princípios Fundamentais da Contabilidade

3.1.6 Princípio da Prudência

No Princípio da Prudência muito se fala a respeito da Entidade se preparar para o pior ou ainda para a melhor
situação. E de que forma isso será possível? Se precavendo para essas ocasiões! Este é um dos pontos principais
deste Princípio. Vamos ver o que dizem as Resoluções a respeito deste Princípio e tratar com mais detalhes as
informações.
Art. 10 da Resolução CFC nº 750/9 -O Princípio da PRUDÊNCIA determina a adoção do menor
valor para os componentes do ATIVO e do maior para os do PASSIVO, sempre que se apresentem
alternativas igualmente válidas para a quantificação das mutações patrimoniais que alterem o
patrimônio líquido.
O Princípio da Prudência pressupõe o emprego de certo grau de precaução no exercício dos jul-
gamentos necessários às estimativas em certas condições de incerteza, no sentido de que ativos
e receitas não sejam superestimados e que passivos e despesas não sejam subestimados, atri-
buindo maior confiabilidade ao processo de mensuração e apresentação dos componentes patri-
moniais. (Redação dada pela Resolução CFC nº 1.282/10)
Quanto a observância ao Princípio da Prudência, ficar atento às dúvidas que surgirem a respeito de correção dos
valores a serem registrados, adotar o menor valor para os componentes no ativo e do maior para os do passivo.
Conforme consta no Art. 11. A inobservância dos Princípios de Contabilidade constitui infração
nas alíneas “c”, “d” e “e” do art. 27 do Decreto-Lei nº 9.295, de 27 de maio de 1946 e, quando
aplicável, ao Código de Ética Profissional do Contabilista. (Redação dada pela Resolução CFC nº
1.282/10)

3.2 Aplicação dos Princípios Fundamentais da Contabilidade


Figura 3.4 - Aplicando e Observando as Regras

Legenda: Demonstrando a Aplicação dos Princípios Fundamentais da Contabilidade.


Fonte: (123rf) - 41171930

48
Contabilidade | Unidade 3 - Princípios Fundamentais da Contabilidade

Pela Aplicação dos Princípios Fundamentais da Contabilidade, as empresas conseguem implantar padrões que
atraem para ela credibilidade em seus relatórios e demonstrações contábeis e financeiras, trazendo facilidade e
apresentando de forma transparente, suas movimentações contábeis.
Vejamos a seguir alguns reflexos dos Princípios Fundamentais da Contabilidade no Balanço Patrimonial:
• Princípio da Competência: O Reflexo da não aplicação deste princípio interfere diretamente
no resultado da empresa: Lançamentos realizado no Passivo Circulante e Ativo Circulante
estão corretos para aplicação do princípio, porém o lançamento realizado em Ativo Circulante
e Passivo Não Circulante, modifica o resultado, não abatendo essa despesa do lucro.
Exemplo: uma compra de longo prazo: afeta o regime de caixa, o não lançamento dos vencimentos
futuros.
• Princípio da Oportunidade: Este se preocupa com a integridade do Patrimônio como um todo,
controlando sua variação e para isto, exigindo que o fato contábil seja feito imediatamente
e de forma integral, independentemente das causas que as originaram e contemplando os
aspectos físicos e monetários.  Oportunidade através de uma informação que não é integra.
Portanto, quando não aplicados no momento do registro poderá gerar custos desnecessários.
Exemplo: Altera o valor de um ativo (bem) na compra, ou na venda, porque não foram registrados de
acordo com o princípio da Oportunidade.
• Princípio da Uniformidade: Quanto ao lançamento deum documento, podemos
citar o exemplo de um comprovante de pagamento: o critério deverá ser
mantido, porque a alteração dos mesmos acarretará ao balanço modificações. 
Exemplo de bens que devem ser depreciados esse procedimento deverá ser mantido de forma regular
e não dependente da empresa ter tido lucro ou prejuízo, por isso, os procedimentos devem que ser
mantidos.
• Princípio da Entidade: Neste princípio o dinheiro dos sócios, suas despesas e dívidas jamais poderão ser
confundidas ou misturadas com o patrimônio da empresa. O reflexo deste ato é de diminuir o lucro,
aumentando as despesas.
Os autores NEVES e VICECONTI (2009, p. 285) detalham que o cerne do Princípio da Entidade está na autonomia
do patrimônio a ela pertencente. Vejamos então os detalhes:
O princípio em exame afirma que o patrimônio deve revestir-se do atributo de autonomia em
relação a todos os outros Patrimônios existentes, pertencendo a uma entidade, no sentido de
sujeito suscetível a aquisição de direitos e obrigações. A autonomia tem por corolário o fato de
que o patrimônio de uma Entidade pode confundir-se com aqueles dos seus sócios ou proprie-
tários. Por consequência, a Entidade poderá ser desde uma pessoa física, ou qualquer tipo de
sociedade, instituição ou mesmo conjunto de pessoas, tais como:
• Famílias;
• Empresas;
• Governos, nas diferentes esferas do poder;
• Sociedades beneficentes, religiosas, culturais, esportivas, de lazer, técnicas;
• Sociedades cooperativas;
• Fundos de investimentos e outras modalidades.

49
Contabilidade | Unidade 3 - Princípios Fundamentais da Contabilidade

Conclui-se então, que o Princípio da Entidade deverá manter a sua autonomia em relação a todos os outros
patrimônios, sendo este independente de seus sócios.
• Princípio da Prudência: A provisão deverá ser realizada mensalmente, como exemplo, temos os com
encargos (INSS) com funcionários, férias, 13° salário, que deverão ser provisionados.
Este procedimento aponta para uma provisão a pagar, entretanto, ainda não se sabe o valor real desta provisão,
no início do ano, o valor do 13° salário não é exato, pois o salário poderá sofrer reajuste no decorrer do ano, e
ainda esse funcionário poderá realizar horas extras durante o ano o que traria modificações no cálculo de suas
médias, porém, as consequências deste não provisionamento aumentará o lucro da empresa, mas ao final do
exercício poderá reduzir o lucro a ponto de se obter provável prejuízo, e todo este transtorno porque a entidade
não programou essa despesa.
Foram apresentados dentro deste tema alguns exemplos práticos de aplicação de princípios contábeis para maior
entendimento e observância da importância destes quando aplicados conforme as Normas que os instituíram.
.

50
Considerações finais
Nesta unidade de estudo falamos a respeito dos Princípios Fundamen-
tais da Contabilidade. No decorrer de nossos estudos aprendemos quais
são os princípios da contabilidade, e que a sua finalidade é de estabelecer
padrões a fim de que os demonstrativos financeiros das empresas possam
ser comparados em bases iguais. Aprendemos, também, o conceito que
envolve cada um destes princípios, e sua importância para mensurar o
patrimônio das empresas. Convido você a passar por todos os temas abor-
dados para que então possamos adquirir mais conhecimento a respeito
do tema. Vamos lá?
Abordamos a importância que os Princípios Contábeis têm para a con-
tabilidade e sobre as leis e regras vigentes que regem esses princípios e
determinam a sua utilização para o desenvolvimento do exercício con-
tábil, de maneira a facilitar o trabalho do usuário da informação, pois os
Princípios Contábeis são obrigatórios para o exercício da profissão con-
tábil.
Entre estes princípios estão: Princípio da Entidade; Princípio da Continui-
dade; Princípio da Oportunidade; Princípio do Registro pelo Valor Original;
Princípio da Competência; Princípio da Prudência.
No Princípio da Entidade aprendemos que existe a necessidade de dife-
renciar o Patrimônio da empresa e dos sócios, não podendo ser confun-
dido em hipótese alguma; Princípio da Continuidade pressupõe que a
entidade continuará com as atividades no futuro; Princípio da Oportu-
nidade com referência ao processo que mede e apresenta elementos do
patrimônio para produzir informações íntegras e tempestivas; Princí-
pio do Registro pelo valor Original, no qual determina que os elementos
patrimoniais deverão ser registrados a princípio pelos valores originais das
transações; Princípio da Competência pressupõe ao mesmo tempo con-
fronto entre receitas e despesas e Princípio da Prudência adota o menor
valor para elementos do ativo e maior valor para os elementos do passivo.
Finalizamos nossos estudos com exemplos de aplicação prática e realiza-
dos por alguns dos princípios contábeis.

51
Referências bibliográficas
CFC – Conselho Federal de Contabilidade – Normas Brasileiras de Con-
tabilidade – disponível em <http://cfc.org.br/tecnica/normas-brasileiras-
-de-contabilidade/>

CHING, H. Y.; MARQUES, F.; PRADO L. Contabilidade & Finanças para não
especialistas. São Paulo: Prentice Hall, 2010.

Lei nº 6.404de 15 de dezembro de 1976 disponível em<http://www.pla-


nalto.gov.br/ccivil_03/leis/L6404consol.htm/> Acesso em Jun. 201.

NEVES, S. das N.; VICECONTI, P. E. V. Contabilidade básica. 14.ed. São


Paulo: Frase, 2009.

<http://www.atena.org.br/revista/ojs2.2.308/index.php/pensarcontabil/
article/view/124/>Acesso em Jun. 2017.

52
Unidade 4
Patrimônio

Para iniciar seus estudos


4
Conhecer o patrimônio das pessoas ou das empresas nem sempre é uma
tarefa fácil, seu valor não é representado apenas pelos bens que visua-
lizamos, que podemos tocar, seu conceito é muito mais amplo, envolve
outros fatores relevantes que apresentaremos nesta unidade, entender
e quantificar o patrimônio de uma entidade pode trazer informações
relevantes como se a empresa possui solidez ou está passando por difi-
culdades. Vamos descobrir nesta unidade os aspectos mais relevantes
sobre como a contabilidade trata este que é seu objeto o Patrimônio.

Objetivos de Aprendizagem

• Compreender o conceito de bens, direitos e obrigações.


• Reconhecer o aspecto qualitativo e quantitativo do patrimônio.
• Entendera elaboração da equação patrimonial básica.

53
Contabilidade | Unidade 4 - Patrimônio

4.1 Conceito e estrutura do patrimônio


A finalidade da contabilidade é prover seus usuários de informações sobre a situação financeira da empresa
ou, de maneira mais simples, informações sobre o patrimônio da empresa. Para cumprir este objetivo a con-
tabilidade precisa estudar o patrimônio da empresa, logo podemos afirmar que o patrimônio é o objeto da
contabilidade. Mas o que é patrimônio? Entende-se por patrimônio o conjunto de bens, direitos e obrigações
de uma pessoa física ou entidade, avaliado monetariamente. Vamos simplificar:
O patrimônio são os bens pertencentes a uma pessoa ou empresa, por exemplo: seu carro, sua casa, seus
móveis.

Figura 4.1: Patrimônio

Legenda: Bens.
Fonte: 123RF. <br.123rf.com=13152606>.

Mas vamos além, aquele dinheiro que você tinha guardado na poupança para uma emergência que seu
cunhado pediu emprestado e até agora não devolveu, este dinheiro também faz parte do seu patrimônio,

54
Contabilidade | Unidade 4 - Patrimônio

você possui o direito de receber este dinheiro de volta.. Então faz parte do patrimônio das pessoas e empresas
os direitos que ela tem a receber (de clientes, por exemplo) ou qualquer outro direito do gênero.

Figura 4.2: Patrimônio

Legenda: Direitos.
Fonte: 123RF. <br.123rf.com=44492369>.

Vamos avançar um pouco mais. Para avaliarmos a verdadeira situação patrimonial de uma pessoa ou uma
empresa, não basta observarmos apenas seus bens e direitos, precisamos observar seu patrimônio líquido, ou
seja, deduzido de suas obrigações. Imaginem que aquele seu cunhado, que lhe pediu emprestado suas eco-
nomias que estavam guardadas na poupança, está desempregado e utilizou o dinheiro que você emprestou
para comprar um automóvel. Poderíamos dizer que ele possui uma situação patrimonial confortável? Que seu
patrimônio líquido é o valor do automóvel que adquiriu? Claro que não! Precisamos considerar, além dos seus
bens e direitos, as suas obrigações.
Para apurarmos o patrimônio líquido, ou seja, para que possamos identificar a verdadeira situação do patrimô-
nio da pessoa ou empresa, é necessário abater deste patrimônio os valores referentes as dívidas ou obrigações
que essa pessoa ou empresa possa ter com terceiros, afinal, se meu carro tem valor de venda de R$ 100.000,00
e estou devendo R$ 25.000,00 de financiamento que fiz para adquiri-lo, não posso dizer que meu patrimônio é
de R$ 100.000,00, mas sim de R$ 75.000,00 (R$ 100.000 – R$ 25.000,00).

Figura 4.3: Patrimônio

55
Contabilidade | Unidade 4 - Patrimônio

Legenda: Precisamos deduzir as dívidas para conhecer seu patrimônio.


Fonte: 123RF. <br.123rf.com= 9476077>.

A partir dessas considerações podemos deduzir que o patrimônio de uma pessoa ou empresa são os seus bens
somados os direitos e deduzidos suas obrigações, ou simplesmente a seguinte fórmula.

Vale destacar que o estudo do patrimônio na contabilidade é abordado sobre dois aspectos: Qualitativo e
Quantitativo. O aspecto qualitativo engloba a natureza dos elementos que compõe o patrimônio, trazendo
uma noção de tamanho do patrimônio, por exemplo, dinheiros, valores a receber, mercadorias, etc. Já os
aspectos quantitativos referem-se a expressão dos componentes patrimoniais em seus valores, ou seja, o
aspecto quantitativo dá valores aos bens, direitos e obrigações, permitindo mensurar o quanto existe de patri-
mônio. No exemplo anterior, se analisarmos sob o aspecto qualitativo o bem que possuo é o carro, a obrigação
que possuo é o financiamento bancário, já pelo aspecto quantitativo são os valores relativos a esse bem R$
100.000,00 e a dívida de financiamento R$ 25.000,00.

4.2 Bens, Direitos e Obrigações


Os bens, direitos e obrigações foram definidos de forma superficial no tópico anterior, neste tópico, vamos
aprofundar um pouco mais essas definições:
• Bens – Segundo a definição doutrinária bem jurídico é tudo aquilo que pode ser objeto de direito e que
possam ser mensurados pecuniariamente, ou seja avaliado em dinheiro. Basicamente os bens podem
ser divididos em:
»» Bens Tangíveis ou corpóreos – são aqueles que possuem uma forma física, que podemos tocar, por
exemplo veículos, terrenos, dinheiro, estoques, etc.

56
Contabilidade | Unidade 4 - Patrimônio

»» Bens Intangíveis ou incorpóreos - Já os bens intangíveis são os bens que não podem ser tocados,
por exemplo marcas, ponto comercial, patentes de invenção, etc.

Os bens podem ser classificados de acordo com sua destinação dentro da entidade, vamos ver algumas dessas
classificações:
»» Bens numerários – São as disponibilidades, ou seja, o dinheiro disponível para uso, por exemplo,
caixa, bancos conta movimento, aplicações de liquide imediata, etc.
»» Bens de venda – São as mercadorias e produtos destinados a venda, por exemplo, estoques de
mercadorias, estoques de matérias primas, estoques de produtos em elaboração, estoques de produtos
acabados
»» Bens de uso – São os bens usados nas atividades da empresa, geralmente estão classificados no
Ativo Imobilizado, por exemplo, Imóveis, Móveis e utensílios, veículos, etc.
»» Bens de renda – São os bens usados primordialmente para gerar rendas, geralmente classificados
em investimentos, por exemplo, imóveis para alugar, terrenos não utilizados pela empresa, etc.
• Direitos – Os direitos são aqueles valores que a empresa ou a pessoa tem a receber ou a recuperar
em negócios jurídicos celebrados com terceiros, por exemplo a empresa vende uma mercadoria para
receber em 30 dias, a empresa tem o direito de receber este valor na data combinada, é um direito da
empresa, podemos citar outros exemplos como impostos a recuperar, aluguéis a receber, etc.
• Obrigações – As obrigações são valores que a empresa deve a terceiros, por dividas ou compromissos
assumidos, na contabilidade são denominadas obrigações exigíveis, ou seja, compromissos assumidos
pela empresa que deverão ser quitados em data futura. Por exemplo fornecedores, impostos a pagar,
salários a pagar, etc.

4.3 Ativo, Passivo e Patrimônio Líquido

57
Contabilidade | Unidade 4 - Patrimônio

Os bens e direitos na contabilidade são representados pelo Ativo da empresa, assim quando uma empresa
compra uma máquina ou um veículo, por exemplo, estará adquirindo um Ativo, além desse existem outros
critérios para se classificar um bem ou direito como ativo. Vamos aprofundar um pouco mais.

4.3.1 Ativo (Bens e Direitos)

Vejamos ao conceito de Ativo retirado do CPC 00:


Ativo é um recurso controlado pela entidade como resultado de eventos passados e do qual se
espera que resultem futuros benefícios econômicos para a entidade (CPC, 2017, p. 16).
Para que possamos classificar como Ativo um bem, ele precisa ser controlado pela entidade, vejam que é
controle e não a propriedade jurídica. Um exemplo clássico é o arrendamento financeiro, no qual o bem é de
propriedade do arrendador, mas o controle é do arrendatário, desta forma deve ser classificado como Ativo do
arrendatário.
Outro ponto que devemos destacar do conceito é “...resultado de eventos passados...”, O Ativo é resultado de
um evento que já ocorreu, para se registrar um bem no Ativo, a empresa precisa, por exemplo, ter comprado o
ativo e não apenas ter a intenção de compra-lo, a ação precisa ter ocorrido.

Figura 4.4: Patrimônio

58
Contabilidade | Unidade 4 - Patrimônio

Legenda: Figura de um carro de brinquedo sobre a palma de uma mão.


Fonte: 123RF. <br.123rf.com=12322705>.

Vamos a mais um detalhe do conceito, “... e do qual se espera que resultem futuros benefícios econômicos para a
entidade. “ Muita atenção nessa definição. Para que possamos considerar um bem ou direito pertencente ao Ativo
é necessário que ele resulte em futuros benefícios econômicos para a empresa. Vamos considerar que a empresa
tenha adquirido mercadorias para a revenda, é um bem e será classificado como ativo, afinal, a mercadoria já foi
adquirida (evento passado), a empresa tem o controle sobre ela, e resultará em benefícios futuros, quando de
sua venda. Porem essa mercadoria foi estocada de forma inadequada resultando em sua deterioração, perdendo
seu valor comercial. Essa mercadoria não terá como resultar em benefícios futuros para empresa, logo ela não se
enquadra mais no conceito de Ativo, devendo ser retirada, baixada do Ativo da empresa como uma perda.

4.3.1 Passivo

As obrigações com terceiros, por sua vez, são representadas pelo Passivo, ou seja, se a empresa comprou a
máquina a prazo, terá assumido a obrigação de paga-la em data futura, consequentemente terá assumido um
passivo.

Figura 4.5: Patrimônio

59
Contabilidade | Unidade 4 - Patrimônio

Legenda: Passivo = Obrigações com terceiros.


Fonte: 123RF. <br.123rf.com=15748875>.

Da mesma forma que aprofundamos o Ativo, vamos aprofundar o conhecimento sobre o Passivo através do
conceito apresentado no CPC 00.
Passivo é uma obrigação presente da entidade, derivada de eventos passados, cuja liquidação
se espera que resulte na saída de recursos da entidade capazes de gerar benefícios econômicos
(CPC, 2017, p. 16).
Vamos analisar cada ponto importante do conceito. Primeiro o passivo é “uma obrigação presente da entidade,
derivada de eventos passados”, significa que já existe a obrigação, já ocorreu o evento que torna exigível a
obrigação. Não podemos classificar como passivo uma intenção, ou uma vontade, por exemplo, você está com
os pneus de seu carro desgastados, você se dirige até a loja e agenda a troca para a semana que vem. Você
não pode considerar a troca de pneus como passivo, pois ela ainda não ocorreu. Por outro lado, na semana
seguinte você se dirige até a loja, efetua a compra dos pneus e realiza a troca. A compra ocorreu (evento
passado) e você assumiu o compromisso (obrigação) de pagamento em 30 dias. Hoje (presente) você tem a
obrigação de pagamento, em 30 dias, do valor dos pneus comprados (evento passado) a dois minutos atrás.
Mas não é só isso, para configurar um passivo ainda existe a necessidade de cumprimento de uma parte final
do conceito, vejamos: “cuja liquidação se espera que resulte em saída de recursos capazes de gerar benefícios
econômicos.” Para ser um passivo, existe a necessidade de que seja liquidado com recursos capazes de gerar
benefícios econômicos. A parte grifada nos remete ao conceito de Ativo “...resultem futuros benefícios eco-
nômicos...”, Então essa parte nos leva a entender que a liquidação do passivo ocorrerá através da absorção de
ativos.
Por exemplo, quando chegar o dia de pagamento dos pneus que você comprou para seu carro, você precisará
entregar ativos ao dono da loja para a liquidação daquele seu passivo.
Suponha que você não tenha dinheiro para paga-lo, mas você é dono de uma loja de produtos de informática
e ofereça ao dono da loja de pneus a entrega de um computador por conta de sua dívida, ou seja, dinheiro ou
o computador, você estará entregando ativos para a liquidação daquele passivo.

60
Contabilidade | Unidade 4 - Patrimônio

4.3.1 Patrimônio Líquido

Conceituado também através do CPC 00 “ O patrimônio líquido é o interesse residual nos ativos da entidade
depois de deduzidos todos os seus passivos”. Vamos destacar também o conceito atribuído ao patrimônio
líquido por Iudicibus; Marion “[...] a diferença entre o valor do ativo e do passivo de uma entidade, em determi-
nado momento“ (IUDÍCIBUS; MARION, 2010, p. 19). Em outras palavras Patrimônio Líquido é o valor que sobra
depois de deduzir todos os passivos do ativo.
Exemplificando, vamos imaginar que a empresa possua bens e direitos, ou ativos no total de R$ 100.000,00 e
obrigações no valor de R$ 20.000,00. O valor residual obtido através da dedução dos valores dos passivos dos
valores dos ativos será R$ 80.000,00 (R$ 100.000 – R$ 20.000). Esse é o valor do patrimônio líquido.
Lembram da fórmula do patrimônio? Patrimônio = Bens + Direitos – Obrigações, então, podemos refazê-la de
outra forma agora:

Vamos apresentar essa mesma fórmula, porém de uma outra maneira, vamos apresenta-la na forma gráfica.
Vejamos o quadro 4.1:

Quadro 4.1. Patrimônio

Patrimônio

Passivo = 20.000
Ativo = 100.000
Patrimônio Líquido = 80.000

Total do Ativo = 100.000 Total do Passivo + PL = 100.000

Legenda: Representação gráfica do patrimônio.


Fonte: Elaborado pelo autor.

Podemos inferir desse gráfico uma outra maneira de ver a equação do patrimônio. Dizer que o Patrimônio
líquido é igual ao Ativo deduzido do passivo é equivalente a dizer que o Ativo é igual a soma do passivo e do
patrimônio líquido. Vejamos abaixo:

61
Contabilidade | Unidade 4 - Patrimônio

O Patrimônio Líquido reflete a real situação da entidade, através da sua análise podemos extrair várias infor-
mações importantes sobre situação financeira da entidade. No exemplo acima podemos afirmar, por exemplo,
que a empresa possui uma situação positiva ou superavitária pois seus ativos superam seus passivos, mas
não é a única situação que uma empresa pode apresentar. Vejamos outras.
Se, por exemplo, uma empresa possua Ativos no valor de R$ 50.000,00, e Passivos no valor de R$ 100.0000.
Qual seria o Patrimônio Líquido dessa empresa. Vamos calcular, vejamos o quadro 4.2?

Quadro 4.2. Patrimônio

Patrimônio

Passivo = 100.000
Ativo = 50.000
Patrimônio Líquido = ?

Ativo = 50.000 Total = ?

Legenda: Representação gráfica do patrimônio.


Fonte: Elaborado pelo autor.

Vamos utilizar a fórmula. Se Ativo = Passivo + Patrimônio Líquido, então R$ 50.000 = R$ 100.000 – 50.000, ou
seja, o valor do Patrimônio Líquido desta empresa é de R$ 50.000,00 negativo.
Esta é uma situação que chamamos de passivo a descoberto, situação que configura dificuldades enfrentadas
pela empresa, uma situação deficitária ou negativa. Percebam que nesta situação, mesmo que a empresa
venda todo o seu Ativo não será o suficiente para quitar seu Passivo.

62
Contabilidade | Unidade 4 - Patrimônio

Vamos analisar uma outra situação importante sobre o Patrimônio Líquido. Vamos imaginar uma empresa que
apresente Ativos no valor de R$ 100.000,00 e um total de Passivo no valor de R$ 100.000,00. Qual o valor do
Patrimônio Líquido dessa empresa? Vamos analisar no quadro 4.3:

Quadro 4.3. Patrimônio

Patrimônio

Passivo = 100.000
Ativo = 100.000
Patrimônio Líquido = ?

Ativo = 50.000 Total = ?

Legenda: Representação gráfica do patrimônio.


Fonte: Elaborado pelo autor.

Nem precisamos de fórmula para calcular, o valor do Patrimônio Líquido é igual a zero pois o valor do Ativo é
igual ao valor do Passivo, essa igualdade é o que chamamos de situação nula ou compensada. É uma situação
de alerta, demonstra que a empresa está em dificuldades financeiras e que todos os Ativos da empresa estão
sendo financiados por capital de terceiros.
Vejamos esta última situação no quadro 4.4:

Quadro 4.4. Patrimônio

Patrimônio

Passivo = 0
Ativo = 100.000
Patrimônio Líquido = ?

Ativo = 50.000 Total = ?

Legenda: Representação gráfica do patrimônio.


Fonte: Elaborado pelo autor.

Nesta última situação o passivo é igual a zero, também não precisamos de fórmula para descobrir que o valor
do Patrimônio Líquido é igual ao valor do Ativo, essa é uma situação de igualdade entre o Ativo e o Patrimô-
nio Líquido, situação que demonstra que a empresa não possui passivo, ou passivo igual a zero. Esta situação
geralmente é apresentada na abertura da empresa.
Entendemos, de acordo com a norma, o conceito de Patrimônio Líquido e como chegamos ao seu valor, mas o
que representa exatamente o Patrimônio Líquido? O Patrimônio Líquido é o valor que pertence aos sócios, é o
dinheiro que os sócios aplicaram na empresa ou ainda o capital próprio da empresa.

63
Contabilidade | Unidade 4 - Patrimônio

4.4 Origens e Aplicações de Recursos


O patrimônio da empresa pode ser representado graficamente da seguinte forma:

Quadro 4.5. Patrimônio

Patrimônio

Passivo
Ativo
Patrimônio Líquido

Legenda: Representação gráfica do patrimônio.


Fonte: Elaborado pelo autor.

Onde:

Todos os recursos que entram na empresa passam pelo Passivo ou pelo Patrimônio Líquido, podemos dizer
então que os valores representativos do Passivo e do Patrimônio Líquido são as origens dos recursos e por
dedução os Ativos são as aplicações de recursos. Por exemplo, na abertura de uma empresa os sócios aportam
como capital social o valor de 2 milhões, estes valores serão contabilizados no patrimônio líquido da empresa
como capital social integralizado, é o recurso que a empresa terá para iniciar suas atividades. Com este valor
ela comprará mercadorias para revenda para começar a operar, então teremos a origem do recurso (Patrimô-
nio líquido) e a aplicação do recurso (Ativo - Mercadorias para revenda). Numa outra situação podemos dizer
que se uma empresa comprou uma máquina no valor de 1 milhão para sua produção a prazo, a aplicação do
recurso será a máquina que estará registrada no ativo e a origem do recurso é uma obrigação que deverá ser
liquidada em data futura com terceiros (Passivo)
Vamos refazer a forma gráfica do patrimônio com os respectivos valores dos exemplos no quadro 4.6:

Quadro 4.6. Patrimônio

Patrimônio

Ativo Passivo
Mercadorias R$ 2.000.000 Fornecedor R$ 1.000.000
Maquinas R$ 1.000.000 Patrimônio Líquido
Capital Social R$ 2.000.00

Total do Ativo = R$ 3.000.000 Passivo + PL = R$ 3.000.000

Legenda: Representação gráfica do patrimônio.


Fonte: Elaborado pelo autor.

64
Contabilidade | Unidade 4 - Patrimônio

Viram que o valor total do ativo é igual ao valor total do passivo somado ao total do patrimônio líquido, repre-
sentando uma igualdade entre origens e aplicações.
Sempre que a empresa possuir um valor registrada no seu Ativo, ela necessariamente deverá ter um valor
equivalente registrada no seu passivo ou patrimônio líquido. Todo a aplicação de recurso terá necessariamente
uma origem deste recurso.

65
Considerações finais
Na Unidade 4 de Contabilidade, nosso estudo foi direcionado para o
patrimônio:
• Conceituamos o Patrimônio e compreendemos sua composição;
• Descobrimos que os bens além de tangíveis, podem ser tocados,
também podem ser intangíveis, ou seja, não podem ser tocados;
• Aprendemos que as obrigações (dívidas) também fazem parte
do patrimônio impactando na sua mensuração;
• Conhecemos a equação do patrimônio e vimos como ela pode
variar, trazendo informações importantes sobre a situação
líquida da empresa;
• Aprendemos que os componentes do patrimônio são
representados pelo Ativo, Passivo e Patrimônio Líquido e em que
casos devem ser registrados pela contabilidade;
• Conceituamos os Ativos, passivos e patrimônio líquido e
aprendemos a distingui-los;
Todo o conhecimento absorvido nesta unidade é de grande importân-
cia para mensurar com qualidade o patrimônio e demonstrar com cla-
reza no balanço patrimonial a situação da empresa.

66
Referências bibliográficas
BRASIL. Casa Civil. Subchefia de Assuntos Jurídicos. Lei 6.404, de 15 de
dezembro de 1976. Disponível em:<http://www.planalto.gov.br/cci-
vil_03/leis/L6404consol.htm>.Acesso em:4 jun. 2017.

_____. Lei nº 11.941, de 27 de maio de 2009. Disponível em: <http://


www.planalto.gov.br/ccvil_03/_ato2007-2010/2009/lei/l11941.htm>.
Acesso em: 4 jun. 2017.

CPC - Comitê de Pronunciamentos Contábeis. Pronunciamento Con-


ceitual Básico - Estrutura Conceitual para a Elaboração e Apresentação
das Demonstrações Contábeis. Disponível em: <http://static.cpc.media-
group.com.br/Documentos/455_CPC00%20Pronunciamento.pdf>.
Acesso em: 21 jul. 2017.

FIPECAFIet al. (Coord.).Manual de Contabilidade Societária: Aplicável a


Todas as Sociedades de Acordo com as Normas Internacionais e do CPC.
São Paulo: Atlas, 2010.

IUDICIBUS, S. de; MARION, J. C. Contabilidade Comercial. 7. ed. São


Paulo: Atlas, 2010.

SANTOS, J. L.dos; SCHIMIDT, L. A. F.; GOMES, J. M.M. Manual de Práticas


Contábeis. 2. ed. São Paulo: Atlas, 2011.

67
Unidade 5
Origens e Aplicações de
Recursos
5
Para iniciar seus estudos

Olá alunos, sejam bem vindos a nossa quinta unidade de Origens e Apli-
cações de Recursos.
Nesta unidade estudaremos a teoria de Origens e Aplicações de Recursos,
aonde vamos aprendes conhecer os elementos do balanço patrimonial e
as naturezas das contas que o compõe e as partidas dobradas, o famoso
débito e crédito, o estudo desta unidade também irá auxiliar a identificar
quais são as origens dos recursos e aplicações dos recursos, conhecere-
mos sobre o balanço patrimonial qual a sua função, quais são as situações
que uma empresa pode-se encontrar com base na analise do balanço
patrimonial, para saber se ela esta apresentando resultados positivos ou
negativos conforme sua situação líquida.
Será apresentada situações e desenvolvimento de exemplo para que você
possa na prática aprender sobre o tema.
Que os estudos desta unidade, possam ser bem aproveitados e utilizados
durante todo o percurso acadêmicos de vocês.
Ótimo Estudo!

68
Objetivos de Aprendizagem

• Compreender a teoria das origens e aplicação de recursos;


• Identificar no Balanço Patrimonial os elementos relativos às
origens de recursos;
• Identificar no Balanço Patrimonial os elementos relativos à
aplicação de recursos.
5
Tópicos de aprendizagem:
5.1 Origens e Aplicações de Recursos
5.1.1 Ativo
5.1.2 Passivo
5.1.3 Patrimônio Líquido
5.1.4 Balanço Patrimonial e Origem e Aplicação
5.2 Balanço Patrimonial, elementos relativo à origem de recursos
5.3 Balanço Patrimonial, elementos relativo à aplicação de recursos

69
Contabilidade | Unidade 5 Origens e Aplicações de Recursos

51. Origens e aplicação de recursos


Para iniciar o conceito de origem e aplicação de recursos, devemos entender algumas termologias contábeis.
Débito/Crédito: Na contabilidade, geralmente é aplicada quando estamos dando entrada de algum recurso,
uma situação positiva. Pensamos a seguinte situação, você tem uma mercearia, e nesta mercearia vende vários
itens como leite, o dinheiro que você recebe entra no seu caixa, o registro da entrada deste dinheiro no caixa é
um débito na contabilidade, já o crédito é a saída do recurso o pagamento que você faz para o seu fornecedor de
leite.
Diário: O diário é denominado o livro em que registramos os lançamentos contábeis a débito e a crédito, devendo
conter a data do lançamento o histórico o valor débito e a crédito.
Direitos: São valores que a empresa tem direito a receber, seja de clientes que compraram a prazo, e outros valo-
res.
Obrigações: São os valores que a empresa tem a pagar, como fornecedores.

Um exemplo interessante que a empresa tem de obrigação é com os sócios da empresa, pois
ele que deu vida a ela, portanto o capital fica registrado no patrimônio líquido do mesmo
lado do passivo, é uma obrigação da empresa com os sócios, esta diferença atende ao prin-
cipio da entidade que vamos conhecer mais a frente. .

As origens de recursos são as fontes de investimentos, o capital social, os empréstimos e financiamento também
são origens, pois é à entrada de valores.

Figura 5.1 Origens e aplicação de recursos

Legenda: Representação gráfica da entrada de recursos na empresa.


Fonte: <https://br.123rf.com> ID52851166

70
Contabilidade | Unidade 5 Origens e Aplicações de Recursos

Já as aplicações de recursos, são onde este dinheiro foi aplicado, seja em imóvel poupança, ou até em caixa são
os bens e os direitos.

Figura 5.2 Aplicação de recursos

Legenda: Exemplo de aplicação de recurso em um imóvel.


Fonte: <https://br.123rf.com> ID17980165

A origem a as aplicações dos recursos são classificadas no balanço patrimonial como ativo, passivo a patrimônio
liquido, que compõe o balanço patrimonial.

5.1.1 Ativo

O ativo é classificado ao lado esquerdo do balanço patrimonial, onde apresenta o conjunto de bens e direitos da
entidade tendo sua classificação contábil por ordem de liquidez e as contas tem a sua natureza devedora. Pode-
mos citar como exemplos algumas contas do ativo como:

Quadro 5.1:Ativo do Balanço Patrimonial

Caixa/Bancos

Estoque

Contas a receber

Imobilizado

Legenda: Exemplo de contas que compõe o ativo


Fonte: Marion, 2009 p. 41, adaptado.

71
Contabilidade | Unidade 5 Origens e Aplicações de Recursos

5.1.2 Passivo

O passivo é classificado as contas que tem origem de recursos, as obrigações da entidade. A conta do passivo tem
a sua natureza credora e é classificado por ordem exigibilidade, o passivo pode ser classificado em exigível em
curto prazo e exigível em longo prazo. Podemos citar como exemplo de obrigações:

Quadro 5.2:Passivo, Balanço Patrimonial

Fornecedores

Empréstimos

Contas a pagar

Salários a pagar

Financiamentos

Legenda: Exemplo de contas do passivo


Fonte: Marion, 2009 p. 41, adaptado.

5.1.3 Patrimônio Líquido

O Patrimônio Líquido representa a riqueza líquida da empresa. As vezes em primeiro momento quando vemos
uma empresa com patrimônio vasto, logo acreditamos que seu patrimônio é positivo, mais está enganado. O
que define a saúde da financeira da empresa é o seu patrimônio líquido, pois ele é a diferença entre o ativo e o
passivo, ou seja os direitos menos as obrigações.

Figura 5.3 Patrimônio Líquido, balanço patrimonial

Legenda: Exemplo de Analise do patrimônio líquido da empresa se é positivo ou negativo


Fonte: <https://br.123rf.com> ID 25659160.

72
Contabilidade | Unidade 5 Origens e Aplicações de Recursos

5.1.4 Balanço Patrimonial e Origem e Aplicação

O Balanço Patrimonial é a demonstração mais importante da empresa, pois através dele que é apresentada a
situação da patrimonial e financeira da empresa através de uma igualdade da soma dos seus componentes e em
uma determinada data de apuração. No Brasil esta demonstração é obrigatória instituída pela lei 6.404/1976 e
regulamento pelo pronunciamento contábil CPC 26.

Figura 5.4: representando o Balanço Patrimonial

Legenda: Exemplo da igualdade que o balanço patrimonial representa.


Fonte: <https://br.123rf.com> ID 35055281.

Então se origem de recursos é composto por passivo patrimônio líquido, e aplicação de recurso é composto por
ativo, temos a seguinte estrutura.

Figura 5.5: Origem e Aplicação.

Legenda: Representação gráfica da origem e aplicação de recursos, no balanço patrimonial


Fonte: Do autor.

73
Contabilidade | Unidade 5 Origens e Aplicações de Recursos

Para maior conhecimento, você pode acessar o pronunciamento no site <http://www.cpc.


org.br/CPC> CPC 26

5.2 Balanço Patrimonial, elementos relativo à origem de


recursos
A origem de recursos, podemos classificar em:
• Recursos Próprios: São os recursos dos sócios, para constituir a empresa, o valor que formará o capital
da entidade, os recursos próprios não são estáticos, ou seja, eles podem alterar conforme há novos
investidores interessado na empresa ou quando a empresa gera lucro, e parte deste lucro retorna como
investimento para própria empresa, na qual pode aumentar a origem do recurso próprio ou o capital
podemos dizer.
• Recursos de terceiros: O recurso de terceiros, são os valores que vem para empresa de outras pessoas
que não são os sócios, os valores que estão registrados no passivo, como exemplo os fornecedores, que
passam os suas mercadorias a prazo, para que possam trabalhar a venda gerar dinheiro e posteriormente
paga-los, portanto nesse período até o pagamento o fornecedor está investido o seus recursos para uma
contraprestação futura.
Outro recurso que podemos comentar é o próprio recurso da empresa, quando retorna para ela. Após a entidade
apresentar lucro em um determinado período, os sócios podem em optar em destinar os lucros para investir na
empresa, esse dinheiro ao invés de sair da empresa ele retorna no patrimônio líquido através de reservar para
investimentos futuros ou próprio aumento do capital gerando mais recursos próprios para empresa.
Pensa no seguinte fluxo:

Figura 5.6: Balanço Patrimonial, elementos relativo à origem de recursos.

Legenda: Representação do fluxo quando tem origem de recursos da própria atividade da empresa.
Fonte: Do autor

74
Contabilidade | Unidade 5 Origens e Aplicações de Recursos

As vantagens, para empresas que destinam parte do seu lucro para próprio si, diminui a participação de capital
de terceiros, por consequência o grau de endividamento, pode ter mais giro de caixa, negociar melhor com seus
fornecedores e investir mais em sua atividade, para ampliar seus lucros.

Não deixe de participar do nosso desafio da disciplina. Nele você terá a oportunidade de
aplicar os assuntos aprendidos nas unidades

Agora, pensamos a como se represente a origens desses recursos no balanço patrimonial, analise o exemplo a
seguir:
“Temos a empresa Sua CASA S.A que iniciou suas atividades com investimento inicial de R$100.000, o capital
social da empresa, que é representado no balanço patrimonial da seguinte maneira:

Quadro 5.3 Balanço Patrimonial empresa exemplo.

PATRIMÔNIO
ATIVO PASSIVO
?

Capital Social 10.000

       
Legenda: Representação, da origem aplicada na empresa Exemplo O Capital Social
Fonte: ludícibus, Martins 2010 p. 22, adaptado.

O capital social representa a origem do investimento realizado. A empresa Sua Casa S.A, investiu na aquisição de
um prédio e itens para seu mostruário que compõe o seu ativo imobilizado no valor de R$ 80.000 referente ao
investimento e o restante foi para seu caixa, ficando o balanço patrimonial conforme abaixo:

Quadro 5.4 Balanço Patrimonial empresa exemplo.

PATRIMÔNIO

ATIVO PASSIVO
Caixa 20.000

Móveis e Uten. 30.000 Capital Social 100.000


Imóveis 50.000

Legenda: Representação, do destino aplicada na empresa, exemplo O Capital Social


Fonte: ludícibus, Martins 2010 p. 22, adaptado.

75
Contabilidade | Unidade 5 Origens e Aplicações de Recursos

Os valores onde foram aplicados o valor recebido do capital social são as aplicações, portanto o capital social é a
origem, e os móveis e caixa são as aplicações.
Logo mais a empresa Sua Casa S.A, percebeu que precisava de estoque para iniciar suas vendas, assim recorreu
a um de seu fornecedor e fez uma compra a prazo no valor de R$50.000, ficando seu balanço patrimonial da
seguinte maneira:

Quadro 5.5: Balanço Patrimonial empresa exemplo após lançamentos


PATRIMÔNIO

ATIVO PASSIVO

Caixa R$ 20.000

Mercadorias R$ 50.000 Fornecedores R$ 50.000

Móveis e Uten. R$ 30.000

Imóveis R$ 50.000 Patrimônio Líquido

    Capital Social R$ 100.000

Legenda: Quadro representando o balanço patrimonial após os lançamentos de compra.


Fonte: ludícibus, Martins 2010 p. 22, adaptado.

A origem dos fornecedores, é considerada capital de terceiros pois tem o entendimento que no período da com-
pra até o momento a pagar o fornecedor foi investidor para empresa poder rodar suas atividades.”
Em resumo, vamos interpretar pelo balanço patrimonial as origens dos recursos olhando somente o passivo e
patrimônio líquido, que são as origens dos recursos.

Quadro 5.6 Balanço Patrimonial empresa exemplo.

PATRIMÔNIO
PASSIVO
Fornecedores R$ 50.000 Origens de Recursos de Terceiros
Patrimônio Líquido Origens de Recursos de próprios
Capital Social R$ 100.000

Legenda: Representação da parte do passivo e patrimônio líquido, as origens de recursos.


Fonte: ludícibus, Martins 2010 p. 22, adaptado.

76
Contabilidade | Unidade 5 Origens e Aplicações de Recursos

Ao reparar a representação do balanço patrimonial, pode notar que as origens ficam alocadas ao lado direito do
balanço e as aplicações ficam do lado esquerdo do balanço, ou seja, para onde o dinheiro foi. Pegamos o mesmo
exemplo, mais agora representando ele no livro diário:
01 Janeiro 2014
D: Caixa______________R$ 20.000
D: Móveis e Utensílios______R$ 30.000
D: Imóveis_______________R$ 50.000
C: Capital ___________R$ 100.000 (+) aumentou nosso patrimônio líquido.
20 Janeiro 2014
D: Estoque______________R$ 50.000
C:Fornecedores___________R$ 50.000 (+) aumentou nosso passivo
O movimento de origem de dinheiro e aplicação pode-se ser analisado com base em outras movimentações.
Agora a empresa Sua Casa em Fevereiro/14, vendeu á vista 50% do seu estoque e pagou 50% do seu fornecedor.
Esta operação de pagamento significa que a empresa Sua Casa diminuiu o a origem de capital de terceiros, com
base de recursos próprios gerados, fica representado esta operação no diário da seguinte maneira:
Fevereiro/14
D:Caixa______________R$ 25.000
C:Estoque___________R$ 25.000
D: Fornecedores____________R$ 25.000
C: Caixa______________R$ 25.000
O balanço patrimonial ficando assim:

Quadro 5.7 Balanço Patrimonial, após lançamentos na empresa exemplo.

Ativo Passivo

Caixa R$ 20.000 Fornecedor R$25.000


Mercadorias R$ 25.000
Imobilizado R$ 80.000 Patrimônio Liquido
Capital R$100.000
TOTAL R$125.000 R$125.000

Legenda: Representação do balanço patrimonial após pagamento de parte das origens de terceiros.
Fonte: ludícibus, Martins 2010 p. 22, adaptado.

77
Contabilidade | Unidade 5 Origens e Aplicações de Recursos

As origens de recursos do passivo são classificadas em dois grupos, o Passivo circulante que
são aqueles valores a pagar dentro de um ano, e o Passivo Exigível, que representa os valores
a pagar maior do que um ano.

5.3 Balanço Patrimonial, elementos relativo à aplicação de


recursos
As aplicações de recursos estão representada no ativo do balanço patrimonial, que representam os bens e direi-
tos que pertencem à empresa, entende-se por bens e direitos:
Bens: São classificadas as coisas uteis capazes de atender as necessidades das empresas. Os bens possuem duas
classificações, os bens tangíveis que são aqueles palpáveis e os bens intangíveis que são aqueles que têm um
valor, como as marcas ou fundos de comercio por exemplo.
Dando continuidade no exemplo da empresa Sua Casa S.A, das origens dos recursos que entram todo para caixa,
agora vão ser adquiridos os bens:

Quadro 5.8 Ativo Fixo ou Imobilizado

Edifícios 25.000
Móveis 23.000
Veículos 12.000
Máquinas 8.000
Marcas e Patentes 12.000

Total 80.000
Legenda: Exemplo de contas contábeis referente ao ativo fixo de uma empresa.
Fonte: Marion, 2009 p. 38, adaptado.

78
Contabilidade | Unidade 5 Origens e Aplicações de Recursos

Os bens estão podem ser classificados da seguinte maneira no balanço patrimonial;


Quadro 5.9 Balanço Patrimonial, empresa exemplo, após lançamentos.

Ativo Passivo
Caixa R$20.000 Fornecedor R$25.000

Mercadorias R$25.000
Móveis R$43.000

Imóveis R$25.000 Patrimônio Liquido


Intangível R$12.000 Capital R$100.000
TOTAL R$125.000 R$125.000

Legenda: Representação dos registros em aberto referente as contas do ativo


fixo no balanço patrimonial, onde se aplicou os recursos.
Fonte: ludícibus, Martins 2010 p. 22, adaptado.

As contas do ativo que representam a aplicação de recursos têm a sua natureza devedora, portanto quando se
debita uma conta do ativo ele aumenta quando credita ele diminui, essas contas do ativo são classificadas como
bens e direitos da empresa:
• Direitos: O poder de se exigir algo a receber, ou seja, o valor que tem a receber de clientes como duplicatas
a receber, faturas a receber, notas promissórias, aluguel. Os direitos a receber das empresas são comuns,
pois é normal elas efetuarem operações para ter o recebimento a prazo.

Figura 5.7: Pagamento ou recebimento.

Legenda: Representação de um pagamento de direito para empresa.


Fonte: <https://br.123rf.com> ID 25983831.

79
Contabilidade | Unidade 5 Origens e Aplicações de Recursos

No balanço patrimonial, no decorrer do exercício ocorre variações no patrimônio da empresa, onde apresentam
aumento e diminuição em algumas contas. Para entendermos, melhor o conceito das variações realizadas no
balanço patrimonial, temos as seguintes regras para débito e crédito.

Figura 5.8 Variações do Balanço Patrimonial.

Legenda: Representação gráfica das regras de aumento e diminuição do balanço patrimonial.


Fonte: Do cliente

Portanto conforme o quadro demonstra para aumentar o ativo debita-se e para diminuir credita-se, para aumen-
tar o passivo credita e para diminuir debita. Vamos analisar através de exemplo prático: as regras como exemplo
prático:
A empresa Sua Casa S.A, vende em Março 25.000 de mercadorias a prazo, e 5.000 a vista. Visto que as maiorias
dos seus clientes optam por comprar a prazo, a representação desta operação do balanço patrimonial fica da
seguinte maneira:

Quadro 5.10 Representação do Balanço Patrimonial.

Ativo Passivo

Caixa R$25.000 Fornecedor R$25.000

Faturas a receber R$20.000

Mercadorias R$ 0,00

Móveis R$43.000

Imóveis R$25.000 Patrimônio Liquido

Intangível R$12.000 Capital R$100.000

TOTAL R$125.000 R$125.000

Legenda: Quadro do balanço patrimonial apresentando como são classificados os valores citados no exemplo.
Fonte: ludícibus, Martins 2010 p. 22, adaptado..

80
Contabilidade | Unidade 5 Origens e Aplicações de Recursos

As operações ficam registradas no livro diário da seguinte maneira:


D:Faturas a receber______________R$ 20.000 (+)Aumento
D:Caixa______________R$ 5.000 (+) Aumento
C:Mercadorias___________R$ 25.000 (-) Diminiu,
Em observação, vemos que a conta de mercadorias zerou e crédito diminiu e as contas de faturas a receber e de
caixa sofreram um aumento portanto foram debitadas.

Na dúvida dos exemplos, coloque como sua casa e seu rendimento fossem a empresa, ima-
gine quais são seus bens e seus direitos a receber, e classifique-os em casa e faça um balanço
patrimonial da sua vida financeira, com acompanhamento ao livro.

81
Considerações finais
Na unidade 5 – Origens e Aplicações de Recursos, você pode conhecer
os conceitos de ativo passivo patrimônio líquido, conheceu como é a
estrutura do balanço patrimonial e a sua a finalidade, e importância para
empesas e qual a legislação que regulamenta este demonstrativo.
Foi ensinado também, como classifica as origens e aplicações de recursos,
e como identifica através de seus conceitos, através de exemplos práticos
para que possa visualizar como são os lançamentos no diário e no balanço
patrimonial.
Exemplificado também quais são as situações que ocasiona aumento
e diminuição no balanço patrimonial e exemplificação dos reflexos dos
débitos e créditos realizados. O aprendizado trazido desta unidade tevê
por finalidade capacitar você a interpretar, analisar e elaborar lançamen-
tos contábeis e reconhecer os componentes do balanço patrimonial, para
que possam ser capazes de identificar nas empresas quais são as origens
e as aplicações dos recursos das empresa e verificar se o gerenciamento
financeiro, está aplicando de forma regular onde que através de analise
das informações do balanço, você possa prevenir aplicações erradas ou
evitar recorrer a recursos de terceiros, ou quando o recursos de terceiros
é a melhor opção. .
Que o conhecimento desta unidade venha para agregar ainda mais o
aprendizado acadêmico de vocês, e que possam por em prática junto à
futura profissão contábil.

82
Referências bibliográficas
CFC – Conselho federal de contabilidade – Normas Brasileiras de
Contabilidade. Disponível em:<http://cfc.org.br/tecnica/normas-
brasileiras-de-contabilidade/>. Acesso em: 26 jun. 2017.

COMITÊ DE PRONUNCIAMENTOS CONTÁBEIS CPC 26 Disponível em


<http://www.cpc.org.br/CPC/DocumentosEmitidos/Pronunciamentos/
Pronunciamento?Id=34>Acesso á informação em 21.07.2017

CHING, H. Y.; MARQUES, F.; PRADO,L.Contabilidade&Finanças para não


especialistas. São Paulo: Prentice Hall, 2010.

Lei nº 6.404de 15 de dezembro de 1976.Disponível em: <http://www.


planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L6404consol.htm/>Acesso em: 26 jun.
2017.

IUDICIBUS, S. de; MARION, J. C. Curso de Contabilidade para não conta-


dores.7. ed. São Paulo: Atlas: 2011.

ludicibus, Sergio e Martins, Eliseu – Contabilidade Introdutória - 11.º


Edição Adaptada ás Noras Internacionais de Contabilidade Atuali-
zada de Acordo com as Leis n,º 11.638/07 e n.º 11.941/09 Editora
Atlas S.A – 2010.

MARION, José Carlos. Contabilidade Básica: Atualizada conforme a Lei


n2 11.638/07, MP na 449/08 (Lei na 11.941/09) e Pronunciamentos
do CPC (Comitê de Pronunciamentos Contábeis). 10.º Ed. Editora Atlas
– São Paulo – 2009.

MOURA, Osni Ribeiro – Contabilidade Geral: Atualizada conforme Lei


n.º 11.638/2007 e Media Provisória n.º 449/2008, convertida em lei
11.941/2009. 6.ª Edição Editora Saraiva – 2010.

NEVES, S. das N.; VICECONTI, P. E. V. Contabilidade básica. 14. ed. São


Paulo: Frase, 2009.

PALACIO DO PLANALTO – Legislação – Lei 6.404/1976. Disponível


em <www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L6404compilada.htm> Acesso
25.06.2017

83
Unidade 6
Escrituração Contábil

Para iniciar seus estudos


6
A escrituração contábil é a base da Contabilidade, é o momento em que
são registrados os fatos contábeis. Nesta unidade o aluno estudará a
escrituração com a utilização do lançamento para registrar os fatos con-
tábeis. Saberemos o que são fatos modificativos, permutativos e mistos.
Aprenderá como funciona as contas e a utilização do plano de contas.
Descobrirá que somente o regime de competência poderá ser usado na
contabilidade e que o método das partidas dobradas é fundamental na
contabilidade. Além disso, aprenderemos a utilizar a forma gráfica razo-
nete para facilitar a visualização dos lançamentos.
Venha aluno! Venha descobrir como é fácil a escrituração contábil.

Objetivos de Aprendizagem

• Compreender o mecanismo de débito e crédito.


• Reconhecimento e aplicação do método de partidas dobradas.
• Identificar elementos essências e fórmulas dos lançamentos.
• Compreender todo o processo que antecede a demonstração
financeira.

84
Contabilidade | Unidade 6 - Escrituração Contábil

6.1 Plano de contas


A principal finalidade da contabilidade é prover seus usuários com informações uteis sobre a situação patrimonial
e financeira da entidade. Para alcançar esse objetivo precisamos registrar os fatos contábeis na contabilidade. Os
registros dos fatos contábeis são realizados nas “contas” contábeis. Contas contábeis são como agrupadores de
vários registros contábeis, para facilitar sua visualização e totalização.
Vamos simplificar. Imagine que você possui várias camisas, várias calças e várias meias e que tivesse três gavetas;
ficaria muito desorganizado se guardasse as peças misturadas, quando precisasse de uma dessas peças precisa-
ria revirar cada uma das gavetas até encontrar.
Então imagine que você separe uma gaveta para meias, uma para calças e uma para camisetas, ficaria muito mais
fácil, não acha? Quando precisar de uma meia, você vai direto na gaveta “meias” e pronto, lá estão suas meias
para escolher, ao invés de gaveta meias, vamos dar o nome de “conta meias”. Pronto é mais ou menos isso.
Vamos imaginar mais um pouquinho e pense que você não tem três gavetas, mas sim duzentas gavetas, então
vamos facilitar mais um pouco, vamos numerar as gavetas de 1 a 200, sedo que nas gavetas de 1 a 19 você colo-
caria as meias, nas contas de 20 a 29 você colocaria as camisetas e assim por diante. Fica fácil, se você quiser uma
camiseta é só ir nas gavetas que começam por 2, lá estarão suas camisetas. Mas é muitas gavetas, vamos fazer
uma relação delas para sabermos onde estão. Pronto, vamos dar o nome desta relação de “plano de contas”.
Assim ficou muito fácil, já sabemos que as contas são as gavetas e que a relação das gavetas com sua respectiva
numeração é o plano de contas. É isso que precisamos ter em mente.
Vamos ver o exemplo do Quadro 6.1 de plano de contas simplificado para começarmos a nos ambientar:

Quadro 6.1: Plano de contas simplificado.

Plano de Contas Patrimonial


1. Ativo 2 Passivo
1.1.Circulante 2.1.Circulante
1.1.1.Disponível 2.1.1.Fornecedores
1.1.2.Créditos 2.1.2.Obrigações trabalhistas
1.1.3.Estoques 2.1.3.Obrigações fiscais
1.2.Não circulante 2.1.4.Obrigações financeiras
1.2.1.Realizável a Longo Prazo 2.1.5.Outras obrigações
1.2.1.1.Empréstimos Coligadas 2.1.6.Provisões
1.2.1.2.Adiantamento a Diretores 2.2. Não circulante
1.2.2.Investimentos 2.2.1.Financiamentos de Longo Prazo
1.2.2.1.Imóveis para Renda 2.3. Patrimônio Líquido
1.2.3.Imobilizado 2.3.1.Capital Social
1.2.3.1.Bens de uso 2.3.2.Reservas
1.2.3.2.(-) Depreciação Acumulada 2.3.3. Prejuízos Acumulados
1.2.4.Intangível
1.2.4.1.arcas e patentes
Legenda: Plano de contas Ativo e Passivo.
Fonte: Elaborado pelo autor (2017).

85
Contabilidade | Unidade 6 - Escrituração Contábil

Quadro 6.2: Plano de contas simplificado.

Demonstração do Resultado
3.Receitas
3.1.Receita Bruta
3.1.1.Receita com vendas
3.1.2.Receita com prestação de serviços
3.2.(-) Deduções da receita bruta
3.2.1.Devolução de vendas
3.2.2.Abatimentos
3.2.3.Descontos
3.2.4.ICMS
3.2.5.PIS
3.2.6.COFINS
3.2.7.ISS
3.3.Custos das mercadorias vendidas e dos serviços prestados
3.3.1.Custos das mercadorias vendidas
3.3.2.Custo dos serviços prestados
4.Despesas
4.1.Despesas com vendas
4.2.Despesas Administrativas
4.3.Resultado financeiro líquido
4.3.1.Despesas Financeiras
4.3.2.Receitas Financeiras
4.4.Outras receitas e despesas operacionais
4.5.Provisões tributárias
4.5.1.Contribuição social sobre o lucro líquido
4.5.2.Imposto de renda sobre o lucro líquido
Legenda: Contas de Resultado.
Fonte: Elaborado pelo autor (2017).

Separamos nosso plano de contas em duas partes, plano de contas patrimoniais, no qual descrevemos somente
as contas do ativo e do passivo e demonstração do resultado do exercício, no qual descrevemos as contas de
resultado ou de receita e despesa. As contas do Ativo serão iniciadas pelo número 1, as contas do passivo serão
iniciadas pelo número 2, as contas do resultado terão duas divisões, uma começando pelo número 3 e outra
começando pelo número 4 que são as receitas e as despesas respectivamente. No ativo estarão registrados os
bens e direitos da empresa, no passivo as obrigações e no resultado, como vimos, estarão registradas as despesas
e as receitas. Vamos entender um pouco mais sobre esse assunto.
No Ativo estão registrados os bens e direitos da entidade, mas o que são bens e direitos?
Segundo a doutrina, bem jurídico é tudo aquilo que pode proporcionar ao homem qualquer satisfação, existem
vários bens que podem trazer satisfação para o homem, como a amizade, a saúde, porém a contabilidade se
ocupa apenas com os bens que possam ser avaliados em termos monetários.

86
Contabilidade | Unidade 6 - Escrituração Contábil

Os direitos são aquelas quantias que a empresa tem a receber, por exemplo, uma venda a prazo, o cliente assume
o compromisso de pagar a mercadoria comprada no prazo acordado, é um direito da empresa que vendeu, rece-
ber o valor da venda no vencimento.
Esse é o grupo do Ativo, mas tem mais um detalhe, o fato de termos esses valores a receber ou esses bens, não
significam que devam estar registrados no ativo. Vamos avaliar o conceito de Ativo, de acordo com o Pronuncia-
mento Técnico CPC 00:
Ativo é um recurso controlado pela entidade como resultado de eventos passados e do qual se
espera que resultem futuros benefícios econômicos para a entidade (CPC, 2017).
Para se caracterizar como um ativo, o bem ou o direito precisa respeitar, claro que além dos outros itens do
conceito, mas, principalmente, a necessidade do bem resultar em futuro benefício econômico para a empresa,
podendo ser pelo uso ou pela venda. Suponha que na sua empresa, um lote de certo produto comprado por R$
10.000,00 tenha, por ação do tempo ou por má conservação, se deteriorado, tornando-se impróprio para o con-
sumo. Esse produto não vai gerar nenhum benefício futuro para a empresa, logo não tem porque estar registrado
no Ativo, portanto, deve ser retirado do ativo pelo que chamamos de baixa de ativo.
O passivo, por sua vez representa as obrigações da empresa. Obrigações são valores que a empresa deve para
terceiros, por exemplo fornecedores, impostos a pagar, salários a pagar entre muitos outros. Vamos conhecer o
seu conceito:
Passivo é uma obrigação presente da entidade, derivada de eventos já ocorridos, cuja liquidação
se espera resulte em saída de recursos capazes de gerar benefícios econômicos (CPC, 2017).
Vale o destaque para o seguinte trecho do conceito: “cuja liquidação se espera resulte em saída de recursos
capazes de gerar benefícios econômicos”. Esse trecho é o que causa mais confusão. Quando falamos dos Ativos
nos referimos aos “recursos capazes de gerar benefícios econômicos”, pois bem, o passivo deve ser registrado se,
para sua liquidação (pagamento), seja necessário consumir esses recursos geradores de benefícios econômicos
registrados no ativo. Simplificando, o passivo deve ser registrado se, quando do seu pagamento, ele consuma
algum ativo, dinheiro, mercadorias, bens ou qualquer outro do gênero.
O patrimônio líquido é o dinheiro dos sócios aplicados na empresa. “Patrimônio líquido é o valor residual dos
ativos da entidade depois de deduzidos todos os seus passivos” (CPC, 2017).
Ao final do exercício a empresa apura seu resultado e, caso a empresa tenha um resultado positivo, ou seja, recei-
tas maiores que despesas, terá auferido lucro, o dono desses lucros são os sócios. Por esse motivo serão transfe-
ridos para o patrimônio líquido. Porém, se as despesas forem maiores que a receita, ou seja, apuraram prejuízo, os
sócios terão de suportá-lo. Não estamos levando em consideração questões mais técnicas como o princípio da
entidade entre outros detalhes. Optamos aqui, por uma explicação mais simples, apenas para que você entenda
o funcionamento da conta patrimônio líquido. Em aula específica será detalhado essa conta contábil.
As contas de resultado são divididas em Receitas, custos e Despesas. Seu confronto mede o desempenho da
entidade, em outras palavras, ela apura o lucro ou prejuízo do período. Vamos conhecer o conceito de receita e
despesa de acordo com o pronunciamento técnico CPC 00.

87
Contabilidade | Unidade 6 - Escrituração Contábil

4.25. Os elementos de receita e despesa são definidos como segue:


a) Receita são aumentos nos benefícios econômicos durante o período contábil, sob a forma
da entrada de recursos ou do aumento de ativos ou diminuição de passivos, que resultam em
aumentos do patrimônio líquido, e que não estejam relacionados com a contribuição dos deten-
tores dos instrumentos patrimoniais.
b) Despesas são decréscimos nos benefícios econômicos durante o período contábil, sob a forma
da saída de recursos ou da redução de ativos ou assunção de passivos, que resultam em decrés-
cimo do patrimônio líquido, e que não estejam relacionados com distribuições aos detentores dos
instrumentos patrimoniais (CPC, 2017).
Para complementar, vamos atribuir a custo os valores despendidos à aquisição ou produção de um produto para
venda ou os gastos diretamente relacionados a uma prestação de serviços.
Vamos exemplificar para entender melhor esses conceitos: Suponha que Melissa tenha uma casa alugada para
um amigo. Sob o ponto de vista da receita, com a utilização da casa pelo amigo, ela estará aumentando seu
benefício econômico, estará auferindo uma receita, por sua vez seu amigo, conforme vai utilizando a casa, estará
diminuindo seus benefícios econômicos, pois terá que tirar dinheiro do seu salário para pagar o aluguel, então
estará contraindo uma despesa.
Agora que já conhecemos cada grupo pertencentes ao nosso plano de contas e entendemos quais valores são
registrados em cada grupo, vamos entender como realizamos esses registros através de lançamentos contábeis.

Lançamento é a forma pelo qual são efetuados os registros dos fatos contábeis na contabi-
lidade. .

88
Contabilidade | Unidade 6 - Escrituração Contábil

6.2 Escrituração
Todos os fatos contábeis devem ser escriturados na contabilidade. Os fatos contábeis são acontecimentos ou
eventos que movimentam o patrimônio da empresa. Quando compramos uma mercadoria em uma loja, este
fato gera um movimento no patrimônio da loja, esse evento será representado pela emissão de uma nota fiscal
e, consequentemente, ela vai gerar uma série de lançamentos contábeis que formarão a escrituração contábil.

Figura 6.1: Fatos contábeis.

Legenda: Venda de mercadorias é um fato contábil.


Fonte: https://br.123rf.com =35459324.

Os fatos contábeis podem ser:


• Modificativos (Quantitativos): – Fatos modificativos são aqueles que alteram o patrimônio da empresa.
Os fatos modificativos envolvem também contas de resultado, ou seja, contas de receita e despesa.
Os fatos modificativos podem ser aumentativos ou diminutivos. Os fatos modificativos aumentativos
provocam o aumento do patrimônio líquido da empresa. Como exemplos vamos imaginar que você
possua R$ 1.000,00 reais e empreste este valor para um colega de trabalho. No final do mês, quando ele
devolver o empréstimo, você cobre R$ 100,00 de juros, ou seja você receberá de seu colega o valor de R$
1.100,00. No início do mês, você possuía um patrimônio de R$ 1.000,00 e agora possui um patrimônio de
R$ 1.100,00, ou seja, houve um acréscimo de R$ 100,00 no seu patrimônio. Já o seu colega teve um fato
contábil modificativo diminutivo pois o patrimônio dele diminuiu R$ 100,00.
• Permutativos (qualitativos) – Fatos permutativos é quando o patrimônio da entidade movimenta,
porém não se altera. Por exemplo, se o patrimônio de uma empresa é de R$ 50.000,00 representados por
um automóvel que ela possui, resolve trocar este automóvel por duas máquinas no valor de R$ 25.000,00
cada. Quanto será o patrimônio da empresa agora? Os mesmos R$ 50.000,00, só que agora representado
por duas máquinas, ou seja, não ouve alteração quantitativa (financeira) no patrimônio da empresa.
A permuta não precisa ser apenas dentro do ativo imobilizado, ela pode ser dentro do ativo, entre o ativo
e o passivo, dentro do passivo ou até mesmo dentro do patrimônio líquido. Vamos a outro exemplo. A
mesma empresa precisa agora comprar matéria prima para utilizar nas máquinas recém adquiridas.
Como não tem recursos para pagamento à vista, compra para pagamento em 30 dias. Neste caso as
contas envolvidas serão estoque de matéria prima no ativo e fornecedores no passivo. Continua sendo
um fato contábil permutativo.

89
Contabilidade | Unidade 6 - Escrituração Contábil

• Mistos (variações mistas) – Fato misto é o que envolve, ao mesmo tempo, um fato permutativo e um
fato modificativo, podendo, da mesma forma que o fato modificativo, ser um fato misto aumentativo ou
um fato misto diminutivo dependendo da forma que afeta o patrimônio líquido.
A escrituração contábil, de acordo com o Pronunciamento Técnico ITG 2000 deve ser executada em idioma e em
moeda corrente nacional, em forma contábil, em ordem cronológica de dia, mês e ano; com ausência de espaços
em branco, entrelinhas, borrões, rasuras ou emendas; e com base em documentos de origem externa ou interna
ou, na sua falta, em elementos que comprovem ou evidenciem fatos contábeis.
A ITG 2000 – Escrituração contábil, no seu item 6, apresenta o mínimo que deve conter na escrituração contábil,
vejamos:
A escrituração em forma contábil de que trata o item 5 deve conter, no mínimo:
a) Data do registro contábil, ou seja, a data em que o fato ocorreu;
b) Conta devedora;
c) Conta credora;
d) Histórico que represente a essência econômica da transação ou o código de histórico padroni-
zado, neste caso baseado em tabela auxiliar inclusa em livro próprio;
e) Valor do registro contábil;
f) Informação que permita identificar, de forma unívoca, todos os registros que integram um
mesmo lançamento contábil (NORMAS BRASILEIRAS DE CONTABILIDADE, 2017).
A escrituração é o agrupamento de vários registros contábeis ou lançamentos contábeis. Em outro tópico apren-
deremos mais sobre os lançamentos contábeis.

90
Contabilidade | Unidade 6 - Escrituração Contábil

6.3 Razonetes
Para facilitar a visualização dos lançamentos são utilizados razonetes. O razonete é uma forma gráfica de apre-
sentação das contas. Em formato de “T”, representam as entradas e saídas de valores das contas contábeis. Uti-
liza-se o lado esquerdo do “T” para débitos, o lado direito do “T” para os créditos e o topo do “T” para o nome da
conta. Sua finalidade é facilitar a visualização dos lançamentos efetuados durante a escrituração.
Dependendo da natureza da conta, os valores debitados podem diminuir ou aumentar seu saldo. Vejamos os
quadros abaixo:

Contas do Ativo
Débito Crédito
$ Aumentos $ Diminuições

Contas do Passivo
Débito Crédito
$ Diminuições $ Aumentos

Regras para registro de débito e crédito


Aumento de Ativo = Débito
Diminuição do Ativo = Crédito
Aumento do Passivo/PL = Crédito
Diminuição do Passivo/PL = Débito
Aumento Receitas = Crédito
Diminuição Receita = Débito
Aumento Custos/Despesa = Débito
Diminuição Custos/Despesas = Crédito
Durante essa unidade utilizaremos o razonete para demonstrar os lançamentos contábeis. Vamos dar um exem-
plo: Se quisermos demonstrar que tínhamos um saldo na conta Banco EX no valor de R$ 1.000,00 e que tivemos
duas saídas de R$ 200,00 nesta mesma conta, demonstraríamos conforme a Figura 6.4:

Figura 6.4: Razonete.

Banco EX
1.000 200
200
600
Legenda: Razonete.
Fonte: Elaborada pelo autor (2017).

Como a conta banco possui natureza devedora o saldo de R$ 1.000,00 está apresentado na coluna do débito e
os valores de saída, que naturalmente reduzirão o saldo, está demonstrado na coluna do crédito, e finalmente o
saldo atual da conta, como o saldo restou devedor, apresentado na coluna do débito no valor de R$ 600,00.

91
Contabilidade | Unidade 6 - Escrituração Contábil

6.4 Lançamentos
Os lançamentos contábeis devem ser escriturados através do método das partidas dobradas. Esse método indica
que um débito em uma ou mais contas deve corresponder a um crédito em uma ou mais contas, ou seja, deve
existir, obrigatoriamente, uma igualdade entre débitos e créditos, não em quantidades de lançamentos, mas em
valores absolutos, a soma de todos os débitos deve ser igual à soma de todos os créditos. Consoante IUDICIBUS
(2010, p. 43) “Não há débito(s) sem crédito(s) correspondente(s)”.
Observe o exemplo, a seguir, para melhor compreensão das partidas dobradas. Imagine que uma empresa reali-
zou a venda à vista em dinheiro de uma máquina no valor de R$ 10.000,00. Vamos ver como ficaria o lançamento
desse fato na Figura 6.6:
Figura 6.6: Razonetes.

Caixa Vendas
Débito Crédito Débito Crédito
10.000 10.000
10.000 <- Saldo Saldo-> 10.000
Legenda: Lançamento 1ª fórmula.
Fonte: Elaborada pelo autor (2017).
Um lançamento a débito no valor de R$ 10.000 e outro lançamento a crédito de R$ 10.000. Igualdade de lança-
mentos, respeitou o método das partidas dobradas. Vamos a outro exemplo. Imaginem que nesta mesma venda,
houve um desconto no valor de R$ 1.000. Vejam como poderíamos ter efetuado o lançamento na Figura 6.7:

Figura 6.7: Razonete.

Caixa Descontos Vendas


9.000 1.000 10.000
9.000 1.000 10.000
D D C
Legenda: Lançamento 3ª fórmula.
Fonte: Elaborada pelo autor (2017).

No exemplo de lançamento da Figura 6.7, realizamos três lançamentos, dois a débito e um a crédito, apesar da
quantidade de créditos ser diferente da quantidade de débitos, mantemos o respeito ao método das partidas
dobradas, afinal, os totais de lançamentos a créditos são iguais ao total de lançamentos a débito. Este é um lan-
çamento de 3ª Fórmula. No Quadro 6.3, apresentamos as fórmulas existentes de lançamentos:

92
Contabilidade | Unidade 6 - Escrituração Contábil

Quadro 6.3: Fórmulas de lançamentos.

Fórmulas de Lançamento
1ª Fórmula Para uma conta debitada, existe uma conta credora.
2ª Fórmula Para uma conta debitada, existe mais de uma conta credora.
3ª Fórmula Para várias contas debitadas, existe uma conta credora.
4ª Fórmula Para várias contas debitadas, existem várias contas creditadas
Legenda: Apresentação das fórmulas de lançamentos usadas.
Fonte: Elaborado pelo autor (2017).

Para representar um lançamento de 2ª fórmula, poderíamos exemplificar a compra de um veículo por R$ 50.000
com entrada de R$ 25.000 em dinheiro, tendo R$ 50.000 de saldo em dinheiro em caixa, e outros R$ 25.000 para
pagamento a prazo. Vejamos como ficaria o lançamento:

Figura 6.8: Razonete.

Veículos Caixa Fornecedor


50.000 50.000 25.000 25.000
50.000 25.000 25.000
D C C
Legenda: Lançamento 2ª fórmula.
Fonte: Elaborada pelo autor (2017).

O lançamento de 4ª Fórmula apresentaria mais de um débito e mais de um crédito. Vamos exemplificar também.
Imagine uma loja que vende material de escritório e também preste serviços de fotocópias. Ela adquire 10 caixas
de folhas por R$ 100,00 cada caixa para pagamento metade à vista (tendo R$ 800,00 de saldo de dinheiro em
caixa) e metade a prazo, sendo que uma caixa no valor de R$ 100,00 será para consumo e outras 9 caixas no valor
de R$ 900,00 serão para revenda. Vamos ver como ficaria os lançamentos nos razonetes na Figura 6.9:

Figura 6.9: Razonete.

Caixa Fornecedor
800 500 500
300 500
C C

Estoque
900
100
1000
D D
Legenda: Lançamento de 4ª fórmula.
Fonte: Elaborada pelo autor (2017).

93
Contabilidade | Unidade 6 - Escrituração Contábil

A seguir apresentaremos um modelo de lançamento contábil em livro diário.


Por fim, o lançamento de 1ª Fórmula apresentará um lançamento a crédito e outro a débito. Apresentamos os
exemplos de lançamentos em formato de razonete para facilitar o entendimento, mas a escrituração não será
realizada neste formato. Para um lançamento ser completo, ele precisa conter alguns elementos necessários
para sua escrituração. Os elementos essenciais do lançamento são:
• local (pode ser suprimido, considerando-se feito no local do estabelecimento);
• conta debitada;
• conta creditada;
• histórico;
• valor.
Vamos exemplificar com o lançamento de uma compra à vista de mercadoria no valor de R$ 100:

Figura 6.10: Lançamento.

Porto Alegre/RS, 20 de Junho de 2017.


Débito – Mercadorias
Crédito – Caixa
Conforme nota fiscal de compra Nº 873, emitida pela empresa X Ltda. R$ 100
Legenda: Lançamento.
Fonte: Elaborada pelo autor.

Outro formato que poderia ser utilizado para caracterizar um lançamento seria o seguinte:

Figura 6.11: Lançamento.

Porto Alegre/RS, 20 de Junho de 2017.


Mercadorias
A Caixa R$ 100
Conforme nota fiscal de compra Nº 873, emitida pela empresa X Ltda.
Legenda: Lançamento.
Fonte: Elaborada pelo autor.

Nesse formato, temos a preposição “a” que indica em qual conta será credita. E fato relevante: Os lançamentos
precisam respeitar a cronologia dos fatos.
Os “regimes” de contabilização são dois. O regime de caixa e o regime de competência. O regime de caixa con-
siste no registro do fato contábil no momento do pagamento ou do recebimento. Por exemplo: a conta de ener-
gia referente ao consumo do mês de dezembro de 2016 teve como vencimento o dia 16 de janeiro de 2017
quando (presume-se) efetivamente foi realizado o pagamento. Sua contabilização, portanto, será realizada no
dia 16 de janeiro de 2017.
Já o regime de competência, indica que o registro do fato contábil deve ser realizado no mês a que se refere a
receita ou a despesa. Baseando-se no exemplo anterior, temos: uma conta de energia que se refere ao consumo

94
Contabilidade | Unidade 6 - Escrituração Contábil

do mês de dezembro de 2016, independentemente de quando será paga, deverá ser registrada na despesa do
mês de dezembro de 2016, mês em que efetivamente foi consumida a energia. O mesmo tratamento deverá ser
dispensado à receita.
No regime de competência, a receita deverá ser registrada no momento de sua realização. Como exemplo: se
a empresa faz uma venda de R$ 90.000 no mês de outubro de 2016, para recebimento em três parcelas de
R$ 30.000 nos meses de novembro, dezembro de 2016 e janeiro de 2017, o valor total da venda, ou seja R$
90.000, deverá ser registrado no mês de outubro de 2016. Vamos realizar os lançamentos via razonetes para um
melhor entendimento.
Pela venda no mês de outubro de 2016, observe a figura a seguir:

Figura 6.12: Razonete.

Clientes (Ativo) Vendas (Receita)


90.000 90.000
90.000 90.000
Legenda: Lançamento.
Fonte: Elaborada pelo autor (2017).

Pelo recebimento da primeira parcela de R$ 30.000 no mês de novembro de 2016,observe a Figura 6.13.

Figura 6.13: Razonete.

Clientes (Ativo) Caixa


90.000 30.000
30.000
60.000 30.000
Legenda: Lançamento.
Fonte: Elaborada pelo autor (2017).

Pelo recebimento da segunda parcela de R$ 30.000 no mês de dezembro de 2016, temos o seguinte lançamento:

Figura 6.14: Razonete.

Clientes (Ativo) Caixa


90.000 30.000
30.000 30.000
30.000
30.000 60.000
Legenda: Lançamento.
Fonte: Elaborada pelo autor (2017).

Pelo recebimento da terceira, e última parcela, de R$ 30.000 no mês de janeiro de 2017, temos o seguinte lan-
çamento. Observe a Figura 6.15:

95
Contabilidade | Unidade 6 - Escrituração Contábil

Figura 6.15: Razonete

Clientes (Ativo) Caixa


90.000 30.000
30.000 30.000
30.000 30.00
30.000
- 60.000
Legenda: Lançamento.
Fonte: Elaborada pelo autor (2017).

Perceba que os lançamentos envolveram contas de resultado apenas no primeiro lançamento, em outubro, mês
que ocorreu a venda, após foram efetuados lançamentos apenas dos recebimentos dos valores no caixa e a con-
sequente baixa do valor devido pelo cliente.
Apesar da existência desses dois regimes, apenas o regime de competência é aceito pela contabilidade.
Para encerrar essa unidade, vamos falar sobre os erros de lançamento.
Quando erramos algum lançamento, precisamos retificá-lo. Existem formas técnicas de retificação. São elas:
• Estorno – Consiste em lançamento inverso àquele feito erroneamente.
• Transferência – é aquele que promove a regularização de conta indevidamente debitada ou creditada,
por meio da transposição do registro para a conta adequada.
• Complementação – é aquele que vem posteriormente complementar, aumentando ou reduzindo o valor
anteriormente registrado.
Vamos simular um erro. Suponha que a empresa efetuou uma venda à vista no valor de R$ 10.000, porém, por
engano, o lançamento foi efetuado como se fosse uma venda a prazo. Vamos realizar o lançamento como venda
a prazo e depois corrigiremos o erro ajustando para uma venda à vista.
Pela venda a prazo, observe a Figura 6.15:

Figura 6.15: Razonete.

Clientes (Ativo) Vendas


10.000 10.000
10.000 10.000
Legenda: Lançamento.
Fonte: Elaborada pelo autor (2017).

Pela correção do erro por venda à vista, temos o seguinte lançamento, conforme a Figura 6.16:

96
Contabilidade | Unidade 6 - Escrituração Contábil

Figura 6.16: Razonete.

Clientes (Ativo) Caixa


10.000 10.000
10.000

- 10.000
Legenda: Lançamento.
Fonte: Elaborada pelo autor (2017).

Quando da correção do lançamento, utilizamos a técnica de transferência, ou seja, transferimos o valor de R$


10.000 lançados equivocadamente na conta de clientes para a conta caixa.
Nem sempre é possível direcionar a correção de erros para a conta na qual foi efetuado o lançamento original.
Contas de resultado tem seus saldos transferidos para as contas de lucros e prejuízos acumulados ao final do
exercício, desta forma não podemos direcionar a elas os erros cometidos após esse período. Para corrigi-los,
devemos direcionar os lançamentos para a conta de lucros ou prejuízos acumulados como ajustes de exercícios
anteriores.

97
Considerações finais
Nesta unidade conhecemos o funcionamento das cotas contábeis e sua
utilização através do plano de contas; demonstramos um plano de con-
tas simplificado para que você, aluno, se familiarizasse com sua estrutura
e codificação; discorremos por conceitos de ativo, passivo, patrimônio
líquido, receita e despesa. Aprendemos, também, que os fatos contábeis
podem ser modificativos, permutativos e mistos, e que a escrituração
possui requisitos mínimos como data, conta credora e devedora, valor e
histórico. Conhecemos o razonete e o utilizamos em alguns lançamentos.
Realizamos lançamentos de 1ª, 2ª, 3ª e 4ª Fórmulas, e, por último, apren-
demos quais as formas e como corrigir erros de lançamentos.
Este conhecimento é importante para que você agregue conhecimento
sobre as transações empresariais e a forma de registro dessas transações
na contabilidade.

98
Referências bibliográficas
BRASIL. Lei nº 11.638/07. Sociedades Anônimas. Disponível em: <http://
www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2007/lei/l11638.
htm>. Acesso em: 20 jun. 2017.

BRASIL. Lei nº 6.404 de 15 de dezembro de 1976. Disponível em:


<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L6404consol.htm>Acesso em
21 jun. 2017.

CFC – Conselho Federal de Contabilidade – Normas Brasileiras de Con-


tabilidade. Disponível em: <http://cfc.org.br/tecnica/normas-brasileiras-
-de-contabilidade/>. Acesso em 21 jun. 2017.

CPC – Comitê de Pronunciamentos Contábeis. CPC 00 (R1) Estru-


tura Conceitual para Elaboração e Divulgação de Relatório Contábil-
-Financeiro. Disponível em: <http://www.cpc.org.br/CPC/Documentos-
-Emitidos/Pronunciamentos/Pronunciamento?Id=80>. Acesso em 1 ago.
2017.

FAVERO, H. L.; LONARDONI, M.; SOUZA, C.; TAKAKURA, M. Contabilidade


teórica e prática. 2.ed. São Paulo: Atlas, 2009. 

FIPECAFI (Coord.); IUDICIBUS, S. de; MARTINS, E; GELBCKE, E. R. MANUAL


DE CONTABILIDADE SOCIETÁRIA: aplicável a todas as Sociedades de
Acordo com as Normas Internacionais e do CPC. São Paulo: Atlas, 2010.

IUDICIBUS, S. de; MARION, J. C. Contabilidade Comercial. 7.ed. São Paulo:


Atlas, 2007.

______. Contabilidade Comercial. São Paulo: Atlas, 2010.

______; MARTINS, E.; GELBCKE, E. R. Manual de contabilidade das socie-


dades por ações. 7. ed. São Paulo: Atlas, 2009.
MARION, J.C. Contabilidade Empresarial.  11.ed. São Paulo: Atlas, 2009.

99
Referências bibliográficas
NORMAS BRASILEIRAS DE CONTABILIDADE. NBC TG – Geral – Nor-
mas Completas. Disponível em: <http://portalcfc.org.br/wordpress/wp-
-content/uploads/2013/04/NBC_TG_COMPLETAS03.2013.pdf>. Acesso
em: 20 jun. 2017.
PEREZ JUNIOR, J. H.; OLIVEIRA. Contabilidade Avançada. São Paulo: Atlas,
2010.
RIBEIRO, O. M. Contabilidade Comercial. 14. ed. São Paulo: Saraiva, 2009.
SANTOS, C. dos. Manual Das Demonstrações Contábeis. 2. ed. São
Paulo, IOB SAGE, 2014.
SANTOS, J. L. dos; SCHIMIDT, L. A. F., GOMES, J. M. M. Manual de práticas
contábeis. 2. ed. São Paulo: Atlas, 2011

100
Unidade 7
Demonstrações Financeiras

Para iniciar seus estudos


7
Nesta unidade, estudaremos as Demonstrações Financeiras. O obje-
tivo de nosso estudo é compreender a finalidade e a particularidade das
demonstrações contábeis e financeiras e seus benefícios para os usuários
das demonstrações contábeis; reconhecer os conceitos e os elementos
necessários para a confecção das demonstrações contábeis e financeiras
com observância às regras vigentes e ainda obter o conhecimento quanto
à composição e apresentação dessas demonstrações contábeis, conhecer
os conceitos do balancete de verificação e sua importância para elabora-
ção das demonstrações contábeis. Convidamos você para que se apro-
funde nesses conhecimentos. Vamos lá?

Objetivos de Aprendizagem

• Compreender a finalidade de cada demonstração financeira.


• Reconhecer os conceitos e elementos necessários à elaboração
das demonstrações financeiras.
• Compreender a composição de cada demonstração financeira.

101
Contabilidade | Unidade 7 - Demonstrações Financeiras

1.1 As Demonstrações Financeiras e suas finalidades


Para iniciar nossos estudos, é importante entendermos o caminho que as demonstrações financeiras percorre-
ram até o nosso momento. Elas foram instituídas nos artigos 176 ao 188 da Lei 6.404./76, e posteriormente, com
a adoção dos padrões internacionais de contabilidade, vieram as leis 11.638/2007 e a Medida Provisória 449/08
convertida na Lei 11.941 de 2009, para trazerem maior adequação, em que as principais mudanças nas demons-
trações contábeis foram a exclusão da demonstração de origens e aplicação de recursos e a inclusão de duas novas
obrigações: a demonstração de fluxo de caixa e a demonstração de valor adicionado, que vamos estudar melhor,
logo mais, nesta unidade.
As demonstrações contábeis possuem a finalidade de trazer a situação da empresa em um determinado momento,
ou seja, ao término de cada exercício social, por meio dessas demonstrações, pode-se analisar o desempenho e o
desenvolvimento da empresa para saber se ela apresenta, em seus resultados, lucros ou prejuízos, e se sua situação
patrimonial é positiva.

Exercício social corresponde, geralmente, a um ano do calendário, ou seja, um período que


vai de janeiro a dezembro.

A contabilidade deverá apresentar as demonstrações financeiras para que seus usuários, principalmente aqueles
de natureza econômica e financeira, possam entender de forma clara quais são os resultados e a situação patri-
monial da entidade.

7.1.1 Finalidade das Demonstrações Contábeis

Conforme é apresentado pelo pronunciamento contábil CPC 26, as demonstrações contábeis ou financeiras têm
como seu objetivo gerar informação da posição patrimonial e financeira e demonstrar o desempenho da empresa
para que os seus usuários possam tomar decisões. As demonstrações financeiras apresentam finalidade além do
que diz no CPC. Em uma empresa, por exemplo, de capital aberto, em que geralmente os diretores e gerentes
administram a empresa e são eleitos pelos acionistas, as demonstrações financeiras servem como índice para ver
se essa gerência está atendendo a política da empresa e alcançando as metas. Para Neves e Viceconti (2011, p.
409), o objetivo da CPC 26 é:
[...] Definir a base para a apresentação das demonstrações contábeis, para assegurar a compa-
rabilidade tanto com as demonstrações contábeis de períodos anteriores da mesma entidade
quanto com as demonstrações contábeis de outras entidades.
Já conforme o Art. 176 da Lei 6.404/76 e suas alterações pelas Leis 11.638/07 e 11.641/09, as demonstrações
financeiras apresentadas devem mostrar com clareza a situação patrimonial da empresa, com base na escritura-
ção mercantil da companhia.

102
Contabilidade | Unidade 7 - Demonstrações Financeiras

Veja o quadro a seguir com os principais objetivos das demonstrações contábeis/financeiras, para compreender
melhor:

Figura 7.1 - Finalidade das Demonstrações Financeiras.

Objetivos:

Gerar informação;

Demonstrações Atender as necessidades


Contábeis/Financeiras dos seus usuários;

Apresentar Resultados;

Apresentar

Legenda: Gráfico para mostrar a situação o das demonstrações financeiras.


Fonte: Elaborada pelo autor.

7.1.2 As Demonstrações Financeiras

A Lei nº 6.404/76 - e suas alterações pelas Leis 11.638/07 e 11.641/09 - em seu Art. 176, disciplina as demons-
trações contábeis que devem ser apresentadas pelas empresas. Já o CPC 26 tem por objetivo definir a base de
como se apresentam essas demonstrações.
As demonstrações financeiras ou contábeis devem ser apresentadas ao término de cada exercício social.
As demonstrações financeiras, instituídas são:

Tabela 7.1 - Demonstrações Financeiras

Demonstração
Balanço Patrimonial (B.P)
Demonstração Lucro ou Prejuízo Acumulado (DLPA)
Demonstração Resultado do Exercício (DRE)
Demonstração Fluxo de Caixa (DFC)
Demonstração Valor Adicionado (DVA)
Notas Explicativas
Demonstração Mutações do Patrimônio Líquido (DMPL)

Legenda: Tabela, com as demonstrações financeiras apresentadas no Art. 176 da Lei 6.404/76
Fonte: Elaborada pelo autor.

103
Contabilidade | Unidade 7 - Demonstrações Financeiras

Dentre as demonstrações contábeis mencionadas, algumas são obrigatórias e outras são facultativas, conforme
demonstra o quadro a seguir:

Tabela 7.2 - Demonstrações Financeiras – Obrigatórias e Facultativas

Demonstração Divulgação Observações


Balanço Patrimonial (B.P) Obrigatória Obrigatória para todas as
empresas
Demonstração Lucro ou Prejuízo Facultativa (pode Para empresas de Capital
Acumulado (DLPA) ser substituída pela aberto, esta demonstração
DMPL) é facultativa, desde que seja
apresentada a DMPL.
Demonstração Resultado do Obrigatória Obrigatória para todas as
Exercício (DRE) empresas
Demonstração Fluxo de Caixa (DFC) Obrigatória Obrigatória para todas as
empresas. **
Demonstração Valor Adicionado Obrigatórias p/ A DVA é facultativa para
(DVA) Companhias Demais empresas.
Abertas
Notas Explicativas Obrigatória Obrigatória para todas as
empresas
Demonstração Mutações do Obrigatória (pode É a demonstração, mais
Patrimônio Líquido (DMPL) ser substituta pela adotada e apresentada pelas
DLPA) companhias e também
exigida pelos auditores.
Legenda: Tabela, onde mostra quais são as demonstrações financeiras obrigatórias a serem apresentadas.
Fonte: Elaborada pelo autor.

** As sociedades anônimas de capital fechado, que apresentarem seu patrimônio líquido menor que R$ 2.000.000,00,
na data de publicação do balanço está dispensada de apresentar a demonstração de fluxo de caixa.

A forma como as empresas deverão apresentar as demonstrações contábeis a seus usuários está definida no CPC
26, item 15, que nos diz que devemos apresentar a posição financeira, patrimonial, o desempenho e o fluxo de
caixa da empresa de forma adequada e confiável, sempre obedecendo aos critérios de estrutura na elaboração
das demonstrações e princípios contábeis. Em resumo, podemos dizer que devemos apresentar a imagem mais
clara da situação da empresa naquele determinado exercício.

104
Contabilidade | Unidade 7 - Demonstrações Financeiras

Figura 7.2 - Empresário com ideias se olhando ao espelho

Legenda: Representação, por imagem de como as demonstrações contábeis devem ser apresentadas de forma clara.
Fonte: ID 40148708 <https://br.123rf.com/>.

7.2 Conceitos e elementos das Demonstrações Financeiras


Segundo a Lei nº 6.404/1976 (alterada pelas Leis 11.638/07 e 11.641/2009), as demonstrações financeiras são
elaboradas após todos os registros e documentos contábeis e financeiros serem contabilizados e extraídos dos
livros e registros que compõem essa escrituração, baseadas em um período pré-determinado. Os elementos que
formam as demonstrações contábeis deverão, obrigatoriamente, ser divulgados anualmente, obedecendo aos
critérios dos princípios contábeis e estabelecendo quais demonstrações da empresa devem ser apresentadas,
seja esta de capital aberto ou não.

7.2.1 Conceitos das Demonstrações Financeiras

As demonstrações contábeis devem ter sua representação apropriada à posição patrimonial e financeira (balanço
patrimonial), ao desempenho (demonstração do resultado) e aos fluxos de caixa da entidade. A apresentação
oportuna requer a representação verdadeira dos efeitos das transações e a outros eventos e condições de acordo
com a legislação vigente e critérios de reconhecimento para ativos, passivos, receitas e despesas.
As empresas de capital aberto deverão ter suas demonstrações publicadas ao fim de cada exercício, expressando
a situação patrimonial da empresa.

105
Contabilidade | Unidade 7 - Demonstrações Financeiras

Empresas de capital fechado e aberto: A empresa de capital fechado é aquela em que


as ações não são comercializadas em bolsas de valores ou mercado. A empresa de capital
aberto é uma sociedade anônima e suas ações podem ser negociáveis na bolsa de valores.

7.2.2 Elementos das demonstrações contábeis

A composição das demonstrações contábeis e financeiras ocorre por diversos elementos que são utilizados em
momentos diferentes, com objetivos que possuem a mesma força. Para compreender a situação da empresa em
determinado momento, ou ainda, medir a sua posição patrimonial e financeira, faz-se uso dos seguintes ele-
mentos: ativos, passivos e balanço patrimonial.
Um processo de subclassificações acontece na apresentação desses elementos no balanço patrimonial e na
demonstração do resultado, que envolvem os ativos e passivos, podendo ter sua classificação por sua natureza ou
em função dos negócios da entidade, com intuito de demonstrar informações de maneira objetiva aos usuários
que fazem parte de processos decisórios.

7.3 Composição das Demonstrações Financeiras


A seguir, vamos apresentar a composição do conjunto das demonstrações contábeis que também mostram
os resultados do gerenciamento, pela administração, e dos recursos que lhe são confiados, juntamente com
as notas explicativas que dão auxílio completo aos usuários, tornando possível medir os resultados e os fluxos
financeiros futuros da entidade.

7.3.1 Balanço Patrimonial

O Balanço Patrimonial registra os elementos do patrimônio, os bens e os direitos e suas obrigações em uma
igualdade, ou seja, o total dos ativos deve ser igual ao do passivo. Essa demonstração está regulamentada pela
Lei 6.404/76, mas sofreu alterações, conforme as Leis 11.638/07 e 11.941/09, para adequar a contabilidade
junto às normas internacionais de contabilidade. O Balanço Patrimonial é composto pelo:
Ativo: que mostra os recursos controlados pela entidade, dos quais se espera resultados e benefícios econômi-
cos futuros para a organização, compondo os conjuntos de bens e direitos.
As contas do ativo devem ser apresentadas em ordem de liquidez, ou seja, as contas que têm chance de virar
dinheiro são as primeiras, portanto, o caixa e o banco sempre estarão no início e serão registrados em dois gru-
pos: o ativo circulante e o não circulante.

106
Contabilidade | Unidade 7 - Demonstrações Financeiras

Passivo: corresponde às obrigações presentes da entidade, provenientes de eventos que já ocorreram, como
as dívidas que a empresa possui e que, com as respectivas liquidações, espera-se que obtenha como resultado
a saída de recursos capazes de gerar benefícios econômicos. É classificado também como capital de terceiros.
O passivo é apresentado por ordem de exigibilidade, ou seja, pela obrigação por ordem de seu vencimento. São
divididos em dois grupos: passivo circulante e passivo não circulante.
Patrimônio Líquido: composto pelos investimentos que os sócios ou acionistas fazem na empresa, pode-se
dizer que é o dinheiro inicial da empresa. Esse investimento inicial é chamado capital social da empresa. O patri-
mônio líquido da empresa fica do lado esquerdo do balanço patrimonial, pois entende-se que é o valor que a
empresa tem, por obrigação, dos sócios, e que só podem ser devolvidos caso a empresa seja extinguida, desde
que a empresa não tenha passivo, pois, caso isso ocorra, primeiramente devem ser liquidados os passivos da
empresa para, depois, cumprir as obrigações com os sócios.
Nesse grupo, não constam somente o capital social, existem reservas que são feitas para empresa por garantias
ou por obrigações da lei para que elas possam assegurar seu patrimônio. Esses valores que compõem esse grupo
são chamados de recursos próprios, pois pertencem à própria empresa.
A seguir, temos o exemplo de como é representado o balanço patrimonial:

Quadro 7.1 - Balanço Patrimonial.


Ativo Passivo
Ativo Circulante Passivo Circulante
Disponível
Caixa Contas a pagar
Banco Salários a pagar
Estoque Fornecedores
Despesas Antecipadas  
 Seguros a vencer Passivo Não Circulante
Ativo Não Circulante Empréstimos a pagar
Investimentos  
Aplicações de Longo Prazo Patrimônio Líquido
Imobilizado Capital
Móveis e Utensílios Capital Social
Imóveis (-)Capital a integralizar
Terrenos
(-) Depreciação Acumulada Reservas
Intangível Reserva Legal
Marcas e Patentes Outras Reservas
Legenda: Exemplo de contas do ativo.
Fonte: Adaptado de Marion, 2009 p. 57.

107
Contabilidade | Unidade 7 - Demonstrações Financeiras

No grupo do “Circulante” são classificados os fatos que ocorreram ou que ainda irão ocorrer den-
tro no exercício no prazo de um ano, já o “Não Circulante” são os fatos que vão ocorrer no próximo
exercício.

7.3.2 Demonstração dos Lucros ou Prejuízos Acumulados (DLPA)

Essa demonstração tem por objeto final evidenciar o lucro obtido no período, realizar a sua distribuição e a movi-
mentação ocorrida com a conta de Lucros ou Prejuízos Acumulados durante o período.
Quando realizamos a apuração do lucro da empresa, para esse processo há um destino específico. O que nor-
malmente acontece é que uma parte é distribuída aos sócios em dinheiro, remunerando o capital investido,
conhecido como dividendos. Vejamos as principais evidências que se pode obter por meio dessa demonstração
de lucros ou prejuízos acumulados:

Glossário

Dividendos: corresponde à parte que o acionista tem nos lucros da organização. Logo após
a apuração dos resultados, caso a empresa obtenha lucros, ela reserva parte do valor para
realizar a distribuição aos seus sócios. No Brasil, as empresas são obrigadas a um pagamento
mínimo de 25% dos lucros (Art. 202, Inciso III, parágrafo § 2o da Lei das Sociedades Anô-
nimas de 1.976 – Lei nº 6.404/76 e suas alterações pelas Leis 11.638/07, 11.641/2009 e
10.303/2003).

108
Contabilidade | Unidade 7 - Demonstrações Financeiras

A seguir, no Quadro 7.2, a título de exemplo, um modelo de relatório da demonstração de Lucros ou Prejuízos
acumulados da Cia. Adventista em 31-12-2016.

Quadro 7.2 - Demonstração dos Lucros ou Prejuízos Acumulados (DLPA).

DEMONSTRAÇÃO DOS LUCROS OU PREJUÍZOS ACUMULADOS


Cia. Adventista
    Em $ mil
DISCRIMINAÇÃO Exercício Findo Exercício Findo
31-12-X6 31-12-X7
Saldo no início do período   950
Ajustes de exercícios anteriores    
(+) Retificações de erros   280
Lucro Líquido do Exercício   3000
Saldo Disponível   4230
Proposta da Administração para destinação do Lucro    
Reserva Legal   (150)
Reserva Estatutária   (300)
Reserva Orçamentária   180)
Reserva para Contingências   (255)
Reservas de Lucros a Realizar   (95)
Dividendos a distribuir   (900)
Saldo no final do período 950 2350
Legenda: (DLPA) relatório com a distribuição dos lucros apurados no período e realizadas as devidas participações.
Fonte: Adaptado de Iudicibus e Marion (2011, p. 79)

Essa demonstração é a representação de uma transcrição, de maneira ordenada e racional, da conta de razão de
Lucros ou Prejuízos Acumulados, cuja realização deverá ocorrer após todos os ajustes finais.

109
Contabilidade | Unidade 7 - Demonstrações Financeiras

7.3.3 Demonstração do Resultado do Exercício

A Demonstração de Resultado do Exercício (DRE) tem como foco e objetivo principal apresentar o resultado da
empresa, se ela teve lucro ou prejuízo, e está instituída pelo Art. 176 da Lei 6.404/76 (alterada pela Leis 11.638/07
e 11.941/09). Sua estrutura deve ser apresentada por ordem vertical, conforme exemplo a seguir:

Quadro 7.3 - Modelo de DRE.

DRE
  Receita V
E
(-) Custos R
(-) Despesa T
_______________________ I
Lucro ou Prejuízo C
A
L

_______________________

Legenda: Apresentação de um modelo simples da Demonstração de Resultado do Exercício.


Fonte: Adaptado pelo autor, a partir de Iudicibus e Marion (2011, p. 53).

A Lei nº 6.404/76, com alterações da Lei 11.941/09, em seu artigo 187, mostra como deve ser apresentada a
Demonstração do Resultado do Exercício com objetivo de evidenciar a composição do resultado, que é formado
pelo confronto entre o total de receitas realizadas e despesas consumidas em um exercício da empresa.
A Demonstração do Resultado do Exercício (DRE) tem a sua estrutura composta por um resumo financeiro dos
resultados operacionais e não operacionais da entidade em um período anteriormente estabelecido e que ser-
virá de base para as análises dos administradores e investidores.
Essa estrutura forma uma lógica de análise, distribuída por etapas que compreendem o resultado bruto, o resul-
tado operacional, o resultado não operacional e o resultado líquido.

110
Contabilidade | Unidade 7 - Demonstrações Financeiras

A seguir em formato resumido, uma demonstração do DRE:

Figura 7.3 - Demonstração do Resultado do Exercício

MODELO DE DRE
(+)Receita de Vendas
(-)Deduções Abatimentos
(=) Receita Opera. Líquida
(–) Custos
(=) Lucro Bruto
(–) Despesas Operacionais
    Despesas Administrativas
     Despesas Comerciais
     Despesas com Vendas (+) Outras Receitas
Operacionais
    Descontos Obtidos
(=) Lucro Operacional
(+/-) Resultado não operacional
(=) Lucro antes de impostos sobre a renda
(–) Provisão Imposto de Renda e Contribuição Social
(=) Resultado Líquido ou Lucro ou Prejuízo Líquido

Legenda: Exemplo de DRE


Fonte: Elaborado pelo autor.

Uma das maiores preocupações na elaboração de relatórios contábeis é o detalhamento das informações, porém
sem complicações para o entendimento, com objetivo de proporcionar um maior número de informações para
tomadas de decisões.

111
Contabilidade | Unidade 7 - Demonstrações Financeiras

7.3.4 Demonstração do Fluxo de Caixa

A Demonstração do Fluxo de Caixa (DFC) é um demonstrativo que contém dados contábeis e financeiros basea-
dos nas informações do Balanço Patrimonial (BP) e do Demonstrativo de Resultado do Exercício (DRE).
Introduzida na contabilidade brasileira por meio da Lei nº 11.638/2007, essa demonstração passou a fazer parte
das demonstrações financeiras obrigatórias, substituindo as Demonstrações de Origens e Aplicações de Recur-
sos (DOAR), cuja apresentação deixou de ser obrigatória a partir de primeiro de janeiro de 2008, dando nova
redação ao inciso IV do art. 176 pela Lei 11.638/07 e alterações da Lei 11.641/2009, sendo que a forma de apre-
sentação ficou a cargo da publicação do Comitê de Pronunciamentos Contábeis, de acordo com o CPC 03 e da
Norma Brasileira de Contabilidade Técnica Geral – NBC TG 03.
O objetivo da Demonstração do Fluxo de Caixa (DFC) é oferecer informações que sejam relevantes a respeito dos
pagamentos e recebimentos de uma empresa, com ocorrências durante um determinado período, auxiliando os
usuários das demonstrações contábeis quanto à análise da capacidade que a entidade possui de gerar caixa e
equivalentes de caixa, bem como suas reais necessidades para utilização desses fluxos de caixa.
A Demonstração dos Fluxos de Caixa (DFC) traduz as modificações que ocorreram, no decorrer do exercício, no
saldo de caixa e equivalentes de caixa, separando-se, no mínimo, em três fluxos:
I. das operações;
II. dos financiamentos;
III. dos investimentos.
Quanto ao método de elaboração da demonstração de fluxo de caixa, segundo os autores Neves e Viceconti
(2009, p. 383), temos o direto e o indireto.
O método direto consiste em mensurar diretamente as entradas e saídas de caixa ou equivalentes
de caixa (Disponível) derivados das atividades operacionais, de financiamento e investimento.
O método indireto procura reconciliar o lucro líquido do exercício com o caixa gerado pelas ativi-
dades operacionais, mostrando quanto desse lucro se converteu efetivamente em caixa ou equi-
valente-caixa, evidenciando as parcelas do lucro que foram aplicadas em outros grupos do Ativo
ou Passivo.

Quadro 7.4 - Demonstração do Fluxo de Caixa, pelo método direto.

DEMONSTRAÇÃO DO FLUXO DE CAIXA PELO MÉTODO DIRETO (EM R$)


 
1. FLUXO DE CAIXA DAS ATIVIDADES OPERACIONAIS:
Recebimento de Vendas
(-) Pagamento de Fornecedores
(-) Pagamentos de Salários
(-) Pagamento de Tributos Incidentes sobre vendas
(-) Pagamento de outras despesas operacionais
 
2. FLUXO DE CAIXA DAS ATIVIDADES DE FINANCIAMENTO:
Aumento de capital em dinheiro

112
Contabilidade | Unidade 7 - Demonstrações Financeiras

 
3. FLUXO DE CAIXA DAS ATIVIDADES DE INVESTIMENTO:
Aquisição do Imobilizado em dinheiro
 
4. VARIAÇÃO DO DISPONÍVEL
5.(+) DISPONÍVEL EM 31-12-20XX
6.(-) DISPONÍVEL EM 31-12-20XX
Legenda: Apresentação do modelo de Demonstração de Fluxo de Caixa por meio do Método direto
Fonte: Adaptado de Neves e Viceconti (2009, p. 389)

Vejamos a seguir, no Quadro 7.5, um modelo de Demonstração de Fluxo de Caixa, pelo método Indireto.

Quadro 7.5 - Demonstração do Fluxo de Caixa, pelo método indireto.

DEMONSTRAÇÃO DO FLUXO DE CAIXA PELO MÉTODO INDIRETO (EM R$)


1. FLUXO DE CAIXA DAS ATIVIDADES OPERACIONAIS:
Lucro Liquido do Exercício
(+) Despesas de Depreciação
(+) Decréscimos em Clientes
(-) Acréscimo em Estoque
(-) Decréscimo de Fornecedores
(+) Acréscimo de Salários a Pagar
(+) Acréscimo de Contas a Pagar
(+) Acréscimo de Tributos a Pagar
 
2. FLUXO DE CAIXA DAS ATIVIDADES DE FINANCIAMENTO:
Aumento de capital em dinheiro
 
3. FLUXO DE CAIXA DAS ATIVIDADES DE INVESTIMENTO:
Aquisição do Imobilizado em dinheiro
 
4. VARIAÇÃO DO DISPONÍVEL
5.(+) DISPONÍVEL EM 31-12-20XX
6.(-) DISPONÍVEL EM 31-12-20XX
Legenda: Apresentação do modelo de Demonstração de Fluxo de Caixa através do Método Indireto.
Fonte: Adaptado de Neves e Viceconti (2009, p. 389, 390).

113
Contabilidade | Unidade 7 - Demonstrações Financeiras

7.3.5 Demonstração do Valor Adicionado

A Demonstração do Valor Adicionado (DVA) é um relatório contábil e financeiro que visa a trazer evidências da
riqueza que foi gerada em determinado período pela entidade e de que maneira foi distribuída entre os setores
envolvidos no processo. Esse conceito de riqueza, que está na base da DVA, significa a diferença de valores entre
a venda de bens e serviços que a empresa produziu e os bens e serviços utilizados nesse processo para que a
produção se concretizasse.
Essa demonstração tornou-se obrigatória para todas as companhias abertas a partir de primeiro de janeiro de
2008 por força do artigo 176 das Leis n° 11.638/2007 e 11.941/2009.
A resolução do Conselho Federal de Contabilidade n° 1.010/2005 aprovou a NBC T 3.7 em tratamento à estru-
tura da Demonstração de Valor Adicionado, que deverá ser apresentada em nosso país, reproduzida no Quadro
7.6, a seguir:
Demonstração do Valor Adicionado dos Exercícios Findos
Em 31 de Dezembro, Milhares de Reais

Quadro 7.6 - Demonstração do Valor Adicionado.

  20X1 % 20X2 %
1- RECEITAS        
1.1 Vendas de mercadorias, produtos e serviços Xxx   Xxx  
1.2 Provisão para créditos de liquidação duvidosa/reversão Xxx   Xxx  
2 - INSUMOS ADQUIRIDOS DE TERCEIROS        
2.1 Materiais consumidos (xxx)   (xxx)  
3 – RETENÇÕES        
3.1 Depreciação, Amortização e Exaustão (xxx)   (xxx)  
4 - VALOR ADICIONADO LIQUIDO PRODUZIDO PELA ENTIDADE Xxx   Xxx  
5 - VALOR ADICIONADO RECEBIDO EM TRANSFERÊNCIA Xxx   Xxx  
6 - VALOR ADICIONADO TOTAL A DISTRIBUIR Xxx 100% Xxx 100%
7 - DISTRIBUIÇÃO DO VALOR ADICIONADO Xxx   Xxx  
7.1 Empregados Xxx   Xxx  
7.2 Tributos Xxx   Xxx  
7.3 Financiadores Xxx   Xxx  
7.4 Juros sobre capital próprio e dividendos Xxx   Xxx  
7.5 Lucros retidos/prejuízo do exercício Xxx   Xxx  

Legenda: Estrutura da Demonstração do Valor Adicionado


Fonte: Neves e Viceconti(2009, p. 391).

Conforme demonstrado no Quadro 7.6, na primeira parte da (DVA) temos a riqueza que foi gerada pela empresa,
demonstrada por meio do item 6. A segunda parte tem por objetivo demonstrar os gastos incorridos com pessoal
e, logo após, o que a entidade pagou de impostos e outras contribuições.

114
Contabilidade | Unidade 7 - Demonstrações Financeiras

7.3.6 Demonstração das Mutações do Patrimônio Líquido

A elaboração da Demonstração das Mutações do Patrimônio Líquido (DMPL) é facultativa e, de acordo com o
artigo 186, parágrafo 2º da Lei nº 6.404/76 (alterada pelas Leis 11.638/07 e 11.641/2009), a Demonstração de
Lucros ou Prejuízos Acumulados (DLPA) poderá ser incluída nessa demonstração.

A empresa que optar pela (DMPL) não precisa elaborar a Demonstração dos Lucros ou Preju-
ízos Acumulados. Para as companhias abertas, conforme exigência da Comissão de Valores
Mobiliários, deverá ser publicada a Demonstração das Mutações do PL, conforme Iudicibus
e Marion (2011, p. 83).

A DMPL é uma demonstração mais completa e abrangente, que evidencia a movimentação de todas as contas
do Patrimônio Líquido durante o exercício social, inclusive a formação e utilização das reservas não derivadas do
lucro.
Quanto às contas que dão formação ao Patrimônio Líquido, elas podem sofrer transformações por inúmeros
motivos, tais como:
I - Itens que afetam o patrimônio total: acréscimo pelo lucro ou redução pelo prejuízo líquido do exercício;
redução por dividendos; acréscimo por reavaliação de ativos (quando o resultado for credor); acréscimo por doa-
ções e subvenções para investimentos recebidos; acréscimo por subscrição e integralização de capital; acréscimo
pelo recebimento de valor que exceda o valor nominal das ações integralizadas ou o preço de emissão das ações
sem valor nominal; acréscimo pelo valor da alienação de partes beneficiárias e bônus de subscrição; acréscimo
por prêmio recebido na emissão de debêntures; redução por ações próprias adquiridas ou acréscimo por sua
venda; acréscimo ou redução por ajuste de exercícios anteriores.
II - Itens que não afetam o total do patrimônio: aumento de capital com utilização de lucros e reservas; apro-
priações do lucro líquido do exercício, reduzindo a conta Lucros Acumulados para formação de reservas, como
Reserva Legal, Reserva de Lucros a Realizar, Reservas para Contingências e outras; reversões de reservas patrimo-
niais para a conta de Lucros ou Prejuízos acumulados; compensação de Prejuízos com Reservas.

115
Contabilidade | Unidade 7 - Demonstrações Financeiras

Quadro 7.7 - Demonstrações das Mutações do Patrimônio Líquido

Demonstração das Mutações do Patrimônio Liquido Empresa


    Reserva de Capital Reserva de Lucro 
Ágio na Outras
Capital Emissão Reservas p/ Lucros
Movimen- Reali- de de Estatu- Contin- Orça- Lucros a Acumu-
tações zado Ações Capital Legal  tária  gência  mentária  Realizar lados Total 
______ ______ ________ _________ _____ ______ ________ ________ ________ ________ _____
______ ______ ________ _________ _____ ______ ________ ________ ________ ________ _____
______ ______ ________ _________ _____ ______ ________ ________ ________ ________ _____
______ ______ ________ _________ _____ ______ ________ ________ ________ ________ _____
Legenda Estrutura das demonstrações das Mutações do Patrimônio Líquido
Fonte: Iudicibus e Marion (2011, p. 84)

A elaboração das Demonstrações das Mutações do Patrimônio Líquido é simplificada, pois é necessário apenas
representar as movimentações que ocorreram durante o exercício nas contas do patrimônio líquido, ou seja,
Capital, Reservas de Capital, Reservas de Lucros, Reservas de Reavaliação, Ações em Tesouraria e Lucros ou Pre-
juízos Acumulados.

7.3.7 Notas Explicativas

As Notas Explicativas contêm informações adicionais que tornam ricas as demonstrações contábeis. São informa-
ções que complementam aquelas apresentadas no balanço patrimonial, nas demonstrações de resultado, de lucros
ou prejuízos acumulados (esta, quando apresentada), de mutações do patrimônio líquido e de fluxos de caixa.
O objetivo é fornecer descrições narrativas e detalhadas dos itens apresentados nessas demonstrações e informa-
ções relevantes sobre situações que não se qualificam para reconhecimento nessas demonstrações. Esses detalhes,
informados nas notas explicativas, vão além dos critérios e das práticas contábeis adotadas pela entidade.
Por meio da Lei 11.941/09, as notas explicativas passaram a obter maior importância para o conjunto de demons-
trações contábeis, por motivo da convergência das Normas Brasileiras de Contabilidade para os padrões internacio-
nais do IFRS, em que se contempla a contabilidade societária.
As Notas Explicativas deverão conter informações que não tenham sido apresentadas em outras partes das
demonstrações contábeis, porém deverá ser relevante e de fácil entendimento. Embora não sejam consideradas
uma demonstração contábil, são fundamentais ao conjunto da obra pelo fato de trazerem clareza na interpretação
das informações contidas nas demonstrações. As Notas Explicativas são apresentadas na seguinte ordem:
I. resumo das principais práticas contábeis utilizadas;
II. informações de auxílio aos itens apresentados nas demonstrações contábeis, na ordem em que cada
demonstração é apresentada e na ordem em que cada conta é apresentada na demonstração; e,
III. quaisquer outras divulgações.
Quanto à sua divulgação, a empresa deverá divulgar, no resumo das principais práticas contábeis, a base de
mensuração utilizada na elaboração das demonstrações contábeis e as outras práticas utilizadas que sejam rele-
vantes para a compreensão das demonstrações contábeis.

116
Contabilidade | Unidade 7 - Demonstrações Financeiras

Pense em tudo que estudamos nesta unidade e em como podemos utilizar esse
conhecimento para sugerir soluções no Fórum Desafio.

7.4 Balancete de verificação


O balancete de verificação é um demonstrativo que auxilia a escrituração da empresa, pois nele consta a relação
das contas contábeis com seus saldos em uma determinada data.
Para elaboração de um balancete, é necessário sempre apresentar a data a que ele se refere, a identificação das
contas por grupo, saldo iniciais, débito, crédito e saldo finais, apresentando sempre a natureza contábil, ou seja,
se é devedor ou credor, conforme exemplo a seguir:

Quadro 7.8 - Balancete de Verificação

MODELO BALANCETE DE VERIFICAÇÃO

Contas Débito Crédito

Caixa 3.500 -

Bancos 9.500 -

Duplicatas a receber 4.000 -

Mercadorias 3.000 -

Imobilizado 30.000 -

Fornecedores - 10.500

Empréstimos e Financiamentos - 11.500

Capital Social - 20.000

Lucros ou Prejuízos Acumulados - 8.000

Legenda Modelo de balancete de verificação,


Fonte: Moura e Osni (2010 pag. 117)_

No balancete que apresentamos, pode-se observar que a soma do débito é igual à soma do crédito, portanto,
todas as contas da empresa, inclusive as contas de resultado, devem constar no balancete, e seus débitos devem
ser iguais ao crédito. Um balancete pode ser diferente do outro, eles mudam conforme o nível de detalhamento.
Na apresentação, pode constar somente uma coluna com a natureza da conta ao lado, “Caixa R$ 1.000,00D”, por
exemplo, o “D” representa, nesse caso, que esta conta é devedora.

117
Considerações finais
Nesta unidade de aprendizagem, falamos a respeito das demonstrações
contábeis e financeiras, a importância de utilização delas para os usuários
das demonstrações contábeis, suas finalidades e conceitos e a composi-
ção dos elementos que fazem parte das demonstrações contábeis. Vamos
rever o tema abordado nesta unidade e seus pontos principais?
• Falamos a respeito das demonstrações financeiras, foco
principal de nossos estudos. Verificamos a importância dessas
demonstrações para os usuários que se utilizam delas para extrair
informações com intenção de mensurar os resultados da empresa,
após análise mais detalhada e profunda da situação patrimonial da
organização, e também a sua influência sobre a posição financeira
da organização no mercado econômico.
• Essas demonstrações financeiras são fonte de informações a
respeito da saúde financeira da organização. Vimos, também,
o conjunto de demonstrações: Balanço Patrimonial, Relatórios
de apuração dos Lucros e Prejuízos Acumulados, Demonstração
do Resultado do Exercício; Demonstração do Fluxo de Caixa;
Demonstração do Valor Adicionado, quando se tratar de
companhia aberta; Demonstração do valor correspondente à
mutação do patrimônio líquido da empresa; e Notas Explicativas.
• E, por fim, foi possível reconhecer os conceitos e elementos
necessários à composição e apresentação da estrutura do
conjunto das demonstrações contábeis, aonde esses elementos
são utilizados em vários momentos, porém, com objetivos que
traduzem a mesma força.

118
Referências bibliográficas
BRASIL. Lei nº 6.404 de 15 de dezembro de 1976. Disponível em:
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L6404consol.htm/> Acesso
em: 6 jun. 2017.

______. LEI Nº 11.638, DE 28 DE DEZEMBRO DE 2007. Disponível em:


<www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2007/lei/l11638.htm>
Acesso em: 12 set. 2017.

______. LEI Nº 12.973, DE 13 DE MAIO DE 2014. Disponível em: <www.


planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2011-2014/2014/lei/l12973.htm> Acesso
em: 12 set. 2017.

CHING, H. Y.; MARQUES, F.; PRADO, L. Contabilidade & finanças para


não especialistas. São Paulo: Prentice Hall, 2010.

COMITÊ DE PRONUNCIAMENTOS CONTÁBEIS. CPC 26. Disponível em:


<http://www.cpc.org.br/CPC/Documentos-Emitidos/Pronunciamentos>
Acesso em: 11 set. 2017.

______. Pronunciamentos técnicos contábeis 2008. Disponível em:


<http://portalcfc.org.br/wordpress/wp-content/uploads/2013/01/livro_
CPC2.pdf>. Acesso em: 6 jun. 2017.

CONSELHO FEDERAL DE CONTABILIDADE. Normas Brasileiras de Con-


tabilidade. Disponível em <http://cfc.org.br/tecnica/normas-brasileiras-
-de-contabilidade/>. Acesso em: 6 jul. 2017.

IUDICIBUS, S. de; MARION, J.C. Curso de Contabilidade para não conta-


dores. 7. ed. São Paulo: Atlas: 2011.

NEVES, S. das; VICECONTI, P. E. V. Contabilidade básica. 14. ed. São Paulo:


Frase, 2009.

119
Unidade 8
Contabilidade Social

Para iniciar seus estudos


8
A contabilidade social trabalha com registro de agregados econômicos
envolvendo a economia nacional e seu relacionamento com a economia de
outros países. Nesta unidade, estudaremos essas relações e apresentaremos
um exemplo de balanço de pagamentos que levará você a entender a forma
como se realiza e se demonstra essa mensuração. Estudaremos, também,as
empresas e o seu relacionamento com o ambiente em que estão inseridas, a
aplicabilidade do balanço social e seus modelos. Venha! Vamos conhecer um
pouco mais sobre essa parte importante da contabilidade.

Objetivos de Aprendizagem

• Reconhecer o conceito e a aplicabilidade da contabilidade social;


• Estrutura do balanço social;
• Identificar as contas abrangidas pela contabilidade social;
• Compreensão e elaboração dos balanços de pagamentos.

120
Contabilidade | Unidade 8 - Contabilidade Social

8.1 Contabilidade Social

Figura 1 – Contabilidade social.

Legenda: A contabilidade social registra a atividade produtiva do país.


Fonte: https://br.123rf.com/ =24257923

A contabilidade social é o registro contábil da atividade produtiva do país durante certo período de tempo.
Enquanto a macroeconomia trabalha com previsões e planejamento dos principais agregados econômicos
nacionais,a contabilidade social procura defini-los e medi-los. Como se fosse uma grande empresa, tendo como
produto único o produto nacional (agregado de tudo que é produzido no país), a contabilidade social produz
estatísticas sistematizadas sobre essas variáveis, tornando possível a análise das proposições teóricas derivadas
da macroeconomia.
Os principais sistemas de contabilidades social são o sistema de contas nacionais e a matriz de relações interse-
toriais. A matriz de relações intersetoriais fornece informações mais completas, porém, por questões operacio-
nais, a mais usada no mundo é o sistema de contas nacionais.
O sistema de contas nacionais utiliza-se do método das partidas dobradas. Consoante a Iudicibus (2010, p. 43),
“não há débito(s) sem crédito(s) correspondente(s).”Alguns princípios básicos precisam ser observados para a
medição desses agregados:
• São considerados apenas os bens e serviços finais;
• É considerada a produção corrente, mas não o são as transações com bens produzidos em períodos anteriores;
• São consideradas transações durante certo período de tempo, normalmente um ano;
• Não são consideradas transações puramente financeiras;
• A moeda é considerada como unidade de medida.

121
Contabilidade | Unidade 8 - Contabilidade Social

O produto nacional é o valor de todos os bens e serviços finais, medidos a preços de mercado, produzidos num
dado período de tempo. O resultado da atividade econômica do país pode ser medida sob três óticas: ótica do
produto, ótica da despesa e ótica da renda. Vamos criar um exemplo para você entender melhor cada uma dessas
situações. Imaginemos que tenhamos três empresas, cujos balancetes estão demonstrados nos quadros a seguir:

Quadro 1 – Balancete da empresa A.

BALANCETE
(Empresa A)
1. Receitas 280
1.1 Venda de trigo 280

2. Despesas 280
2.1 Salários 160
2.2 Juros 60
2.3 Aluguéis 40
2.4 Lucros 20
Legenda: Produção de trigo.
Fonte: Elaborado pelo autor.

Quadro 2 – Balancete da empresa B.

BALANCETE
(Empresa B)
1. Receitas 490
1.1 Venda de farinha de trigo 490

2. Despesas 490
2.1 Compra de Trigo 280
2.2 Salários 100
2.3 Juros 20
2.4 Aluguéis 30
2.5 Lucros 60
Legenda: Produção de farinha de trigo.
Fonte: Elaborado pelo autor.

122
Contabilidade | Unidade 8 - Contabilidade Social

Quadro 3 – Balancete da empresa C.

BALANCETE
(Empresa C)
1. Receitas 780
1.1 Venda de pães para consumidor final 780

2. Despesas 780
2.1 Compra de Trigo 490
2.2 Salários 120
2.3 Juros 40
2.4 Aluguéis 60
2.5 Lucros 70
Legenda: Produção de pão.
Fonte: Elaborado pelo autor.

Vamos analisar o resultado desse agregado pelas óticas do produto, da despesa e da renda. Pela ótica do produto,
o produto nacional é o valor de mercado de todos os bens e serviços finais em certo período de tempo. No nosso
exemplo, o único bem final são os pães, o que corresponde a R$ 780. Pela ótica da despesa, a despesa nacional é
composta pelos gastos das famílias em bens de consumo; desta forma será igual ao consumo final: R$ 780. Pela
ótica da renda, ela consiste na soma dos rendimentos pagos aos fatores de produção do período, ou seja, salários
+ juros + alugueis + lucros. Transformando-os em valores, seria igual a R$ 780.
Veja que os valores se equivalem. Isso acontece porque os bens intermediários se anulam, pois tudo que a
empresa recebe gasta nos fatores de produção, incluindo o lucro do empresário e igualando o fluxo do produto
e o fluxo de rendimento.
Este é um exemplo bastante simples, que toma por base uma economia de dois setores, a saber famílias e empre-
sas. Contudo, existem outros fatores que aumentam a complexidade desses registros. Poderíamos chamar de
uma economia completa ou economia de quatro setores a economia que envolve, ainda, os gastos do governo e
os agregados ao setor externo, exportações e importações.
O Produto Interno Bruto (PIB) é calculado a partir do somatório de todos os bens e serviços finais produzidos
dentro do território nacional em determinado período. Como, dentro desse cálculo, teríamos valores referentes
aos residentes e aos não residentes, para alcançar o valor do Produto Nacional Bruto seria necessário somar a
ele a diferença entre a renda recebida do exterior e a renda enviada para o exterior, de forma a anular os valores
pertencentes aos não residentes.

123
Contabilidade | Unidade 8 - Contabilidade Social

Residentes de um país são todas as pessoas, físicas ou jurídicas, que tenham esse país como
seu principal centro de interesse.Por exclusão, temos os não residentes.

8.2 Balanço Social

Figura 2 – Responsabilidade social.

Legenda: relacionamento da empresa com a sociedade.


Fonte: https://br.123rf.com/ =34598406

O balanço social é um relatório anual com o objetivo de tornar públicas as ações da empresa, direcionadas a pro-
jetos sociais e ambientais, demonstrando seu compromisso com a responsabilidade social, com o meio ambiente,
com a sociedade e com pessoas a que é ligada diretamente. Sua publicação é fundamental para manter um diá-
logo com a sociedade, a fim de que ela possa compreender, de forma transparente, sua política de investimentos
nas áreas ambientais, econômicas e sociais.
As primeiras experiências na elaboração de balanços sociais, no mundo, datam de 1970. Na Alemanha, em 1971,
a empresa STEAG publicou o primeiro relatório em forma de balanço com suas atividades sociais. Na França, em
1977, empresas com mais de 700 funcionários eram obrigadas a publicar um balanço anual relatando práticas
trabalhistas. Em 1978, impulsionada por um movimento em que se discutia o papel das empresas no desenvol-
vimento da sociedade, iniciou-se, no Brasil, um debate em torno desse relatório. Isso culminou, em 1984, com a

124
Contabilidade | Unidade 8 - Contabilidade Social

publicação, pela Nitrofértil, do primeiro Balanço Social do Brasil. Em 1997, a discussão ganhou força com cam-
panha pela divulgação voluntária do balanço social.
No Brasil, o instituto Ethos é um dos mais importantes atores no objetivo de disseminar a pratica da responsabili-
dade social empresarial. O instituto publica o guia de elaboração do balanço social e relatório de sustentabilidade
com o objetivo de incentivar as organizações a perceber que o Balanço Social está relacionado à gestão da res-
ponsabilidade empresarial. Os pilares da responsabilidade social empresarial são a relação ética e transparente
com o público que a empresa se relaciona buscando o estabelecimento de metas empresariais que sejam com-
patíveis com o desenvolvimento sustentável.
O relatório deve abranger questões financeiras, dimensões ambientais, econômicas e sociais objetivando ser uma
ferramenta de gestão e de diálogo com os stakeholders buscando sempre o engajamento das partes relacionadas.

“Stakeholder são públicos de interesses, grupos, ou indivíduos que afetam e são significa-
tivamente afetados pela organização, sendo eles de forma ampla os clientes, colaborado-
res, acionistas, fornecedores, governo, comunidade, entre outros.” Fonte: <www.portal-da-
-administração.com.br>. Acesso em 25 jun. 2017.

Hoje, as empresas têm aderido de forma gradual à utilização do balanço social como uma forma de comunicação
entre os stakeholders. Porém, ainda é comum relatórios que destacam apenas as boas ações em detrimento dos
aspectos negativos, perdendo a oportunidade de apresentação de um documento mais consistente em que se
fortaleça sua relação com o público alvo, demonstrando a forma que enfrenta as dificuldades e o seu direciona-
mento rumo à sustentabilidade.
Sua elaboração tornou-se importante pelos mais variados fatores. Entre eles, podemos destacar o fato de agre-
gar valor aos papéis da empresa e seu reconhecimento internacional, que, aliados a maior transparência, diminui
riscos e, consequentemente, aumenta o valor de suas ações em bolsa de valores. Entidades de financiamen-
tos tais como Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Boletim Interamericano de
Desenvolvimento(BID) e Corporação Financeira Internacional (IFC – International Finance Corporation) o utilizam
como instrumento de avaliação para novos financiamentos, entre outros.
O Balanço Social pode ser visto como uma prestação de contas da organização para seu público interno e externo
sendo direcionada para dirigentes, colaboradores, fornecedores, investidores, consumidores, estado entre outros.
Enfim vale destacar uma frase de Herbert de Souza “o Balanço Social não tem dono só beneficiários.”

8.2.1 Modelos de Balanço Social

Os modelos de Balanço Social mais utilizados no Brasil são os do Instituto Brasileiro de Análises Sociais e Econô-
micas (IBASE) e doGlobal Reporting Initiative (GRI).No entanto, apesar da existência desses dois modelos, algumas
empresas criam seus próprios modelos de acordo com as informações que julgam importantes para divulgação.

125
Contabilidade | Unidade 8 - Contabilidade Social

O modelo do IBASE contém informações divididos em sete grupos, da seguinte forma:


• Base de cálculo: dados sobre a geração da receita, resultado operacional e folha de pagamento bruta;
• Indicadores sociais internos: gastos com alimentação, educação, capacitação e saúde, dentre outros
relacionados aos empregados;
• Indicadores sociais externos: gastos da empresa na comunidade (saúde e saneamento, cultura,
educação etc.) e os tributos;
• Indicadores ambientais: gastos com despoluição, educação ambiental, investimento em programas
externos e outros, seja com os empregados ou com a sociedade;
• Indicadores do corpo funcional: número de admissões, estagiários, mulheres, negros e pessoas com
deficiência física;
• Informações relevantes quanto ao exercício da cidadania empresarial: aspectos referentes ao
número de acidentes do trabalho e à responsabilidade para com os padrões de segurança e salubridade
existentes;
• Outras informações: outras informações que a empresa julgar necessárias.
O modelo do GRI nasceu em 1997 e apresenta indicadores que compõem o modelo de diretrizes, distribuídos em
seis categorias conforme abaixo:
• Indicadores de desempenho econômico: mostram o fluxo de capital entre os diferentes stakeholders e
os principais impactos econômicos da empresa sobre a sociedade;
• Indicadores de desempenho do meio ambiente: impacto da organização sobre sistemas naturais vivos
e não vivos;
• Indicadores de desempenho referentes a práticas trabalhistas e trabalho decente: práticas
trabalhistas, direitos humanos, sociedade e responsabilidade pelo produto;
• Indicadores de desempenho referentes a direitos humanos: treinamento dos empregados e pessoal
de segurança em direitos humanos e em não discriminação;
• Indicadores de desempenho social referente à sociedade: impactos que a empresa gera nas
comunidades em que opera;
• Indicadores de desempenho referentes à responsabilidade pelo produto: aspectos dos produtos e
serviços que afetam diretamente clientes, saúde e segurança.
Pode-se verificar, pela análise dos dois modelos, que o IBASE é um modelo mais simplificado e que o modelo
GRI possui um pouco mais de detalhamento das informações, porém é mais subjetivo. Apesar das diferenças, os
dois modelos possuem o mesmo objetivo: prestar informações a respeito das ações da empresa voltadas para a
responsabilidades social.

126
Contabilidade | Unidade 8 - Contabilidade Social

8.3 Balanço de Pagamentos

Figura 3 – Balanço de pagamento.

Legenda: Operações externas.


Fonte: https://br.123rf.com/ = 54418374

Numa economia aberta, não devemos considerar apenas as operações internas, mas também as operações rea-
lizadas com outros países. Essas operações externas geram grandes implicações nas contas nacionais. Para regis-
trar o fluxo financeiro nessas relações econômicas do pais com o resto do mundo, a contabilidade social utiliza-se
do balanço de pagamento. Através desse relatório, é possível avaliar quantitativamente e qualitativamente o
fluxo financeiro do país para o exterior e vice-versa num determinado período, envolvendo compra e venda de
mercadorias, remessa de lucros para o exterior, atividade de turismo, empréstimos internacionais, entre outros.

“O balanço de pagamento registra as transações realizadas entre residentes e não residentes


de um país num determinado período de tempo.” (PAULANI; BRAGA, 2007, p. 133).

Apresentaremos,no Quadro 6, a estrutura do balanço de pagamentos. Cabe destacar que os registros das opera-
ções externas são realizados em dólares americanos, que são, atualmente, o meio de pagamento internacional.

127
Contabilidade | Unidade 8 - Contabilidade Social

Quadro 6 – Balanço de pagamento.

Estrutura do Balanço de Pagamento

Balanço de Pagamentos

1. Balança comercial
1.1 Exportações
1.2 Importações

2. Balança de Serviços
2.1 Transportes: fretes, seguros, etc.
2.2 Turismo e viagens internacionais
2.3 Rendas de capital: remessa de lucros, lucros reinvestidos e juros
2.4 Serviços governamentais
2.5 Diversos

3. Transferências unilaterais

4. Saldo do balanço de pagamentos em transações correntes: 1 + 2 + 3

5. Movimento de capitais
5.1 Investimentos diretos
5.2 Reinvestimentos
5.3 Empréstimos e financiamentos
5.4 Amortização de empréstimos
5.5 Capital de curto prazo
5.6 Empréstimos de regularização
5.7 Outros capitais

6. Erros e omissões

7. Saldo total do balanço de pagamentos: 4 + 5 + 6

8. Variação das reservas

Legenda: Estrutura do balanço de pagamento.


Fonte: Paulani; Braga(2007, p. 134).

128
Contabilidade | Unidade 8 - Contabilidade Social

No primeiro grupo, temos a balança comercial representada pelas exportações e importações. Neste item são
registradas as movimentações com mercadorias oriundas ou remetidas para o exterior. As exportações geram
lançamento a crédito e as importações geram lançamentos a débito.
No grupo dois, temos a balança de serviços, representada pelas contas de transporte, turismo, rendas de capital,
serviços governamentais e diversos. São as contas que registram os valores recebidos a título de prestação de
algum desses serviços.
No terceiro, temos as transferências unilaterais. São os pagamentos ou recebimentos relacionados com
remessas de recursos sem contrapartida, como doações, remessas de valores de familiares ao país de origem,
entre outras remessas.
No grupo cinco, está o movimento de capitais representado pelas contas, investimentos diretos, reinvestimentos,
empréstimos e financiamentos, amortização de empréstimos, capital de curto prazo, empréstimos de regularização
e outros capitais. Nessas contas, são registrados os investimentos, financiamentos e empréstimos entre países.
Vamos demonstrar toda essa teoria através de um exemplo. Imaginem que as movimentações abaixo foram rea-
lizadas no país. A partir dessa movimentação, vamos elaborar o balanço de pagamento.

Fato 01 - O país exporta mercadorias, recebendo à vista. Valor = R$ 350,00;


Fato 02 - O país exporta mercadorias financiadas a longo prazo (L.P.). Valor = R$ 50,00;
Fato 03 - O país importa mercadorias pagando à vista. Valor = R$ 250,00;
Fato 04 - O país paga, à vista, fretes. Valor = R$ 20,00;
Fato 05 - O país gasta com viagens ao exterior. Valor = R$ 20,00;06 - O país recebe proveniente de turismo. Valor =
R$ 5,00;07 - O país remete ao exterior em forma de lucro. Valor = R$ 50,00;08 - Reinvestimento no país de lucros.
Valor = R$ 20,00;
Fato 09 - Juros pagos pelo país. Valor = R$ 50,00;
Fato 10 - Investimento direto ingressa no país. Valor = R$ 20,00;
Fato 11 - Amortizações de empréstimos pagos pelo país. Valor = R$ 35,00;
Fato 12 - Importação de máquinas e equipamentos financiados a L.P. Valor = R$ 65,00;
Fato 13 - Recebimento proveniente de envio de recursos de não residentes a seus familiares no país. Valor = R$ 5,00;
Fato 14 - Recebimento de donativos em mercadorias. Valor = R$ 5,00;

Fato 15 - Obtenção de empréstimos. Valor = R$ 35,00;16 - Recebimento de capitais de curto prazo. Valor = R$ 30,00.

Com base nos valores apresentados, levantaremos o balanço de pagamento conforme modelo demonstrado
anteriormente:

129
Contabilidade | Unidade 8 - Contabilidade Social

Quadro 8 – Balanço de pagamento.

Balanço de Pagamentos
Balanço de Pagamentos
1. Balança comercial 80
1.1 Exportações 400
    Fato 01 350
    Fato 02 50
1.2 Importações (320)
    Fato 03 (250)
   Fato 12 (65)
   Fato 14 (5)

2. Balança de Serviços (155)


2.1 Transportes: fretes, seguros, etc. (20)
    Fato 04 (20)
2.2 Turismo e viagens internacionais (15)
    Fato 05 (20)
    Fato 06 5
2.3 Rendas de capital: remessa de lucros, reinvestidos e juros (120)
    Fato 07 (50)
    Fato 08 (20)
    Fato 09 (50)
2.4 Serviços governamentais
2.5 Diversos

3. Transferências Unilaterais 10
3.1 Fato 13 5
3.2 Fato 14 5
4. Saldo do balanço de pagamentos em transações correntes: 1+2+3 (65)

130
Contabilidade | Unidade 8 - Contabilidade Social

5. Movimento de capitais 85
5.1 Investimentos diretos 20
    Fato 10 20
5.2 Reinvestimentos 20
    Fato 08 20
5.3 Empréstimos e financiamentos 50
    Fato 02 (50)
   Fato 12 65
   Fato 15 35
5.4 Amortização de empréstimos (35)
   Fato 11 (35)
5.5 Capital de curto prazo 30
   Fato 16 30
5.6 Empréstimos de regularização 0
5.7 Outros capitais 0

6. Erros e omissões 0
7. Saldo total do balanço de pagamentos: 4 + 5 + 6 20

8. Variação das reservas (20)


    Fato 01 (350
    Fato 06 (5)
    Fato 10 (20)
   Fato 13 (5)
   Fato 15 (35)
   Fato 16 (30)
    Fato 03 250
    Fato 04 20
    Fato 05 20
    Fato 07 50
   Fato 11 35
    Fato 09 50
Legenda: Quadro do exemplo apresentado.
Fonte: Paulani; Braga(2007).

131
Contabilidade | Unidade 8 - Contabilidade Social

De acordo com o exemplo, o país apresentou, no período, um déficit de 65 milhões de reais, decorrente principal-
mente da balança de serviços. O respectivo déficit foi compensado pelo movimento de capitais, que apresentou um
superávit de R$ 85 milhões,resultando, portanto, em saldo total no balanço de pagamento positivo em 20 milhões.

Pense em tudo que estudamos nesta unidade e como podemos utilizar esse
conhecimento para sugerir soluções no Fórum Desafio.

132
Considerações finais
Nesta unidade, conhecemos um pouco sobre a contabilidade social, sua
aplicação e o ambiente em que se desenvolve. Entendemos que a defi-
nição e mensuração dos agregados econômicos é importante para uma
análise da economia do país como um todo, sendo que esses agregados
são mensurados através do Produto Nacional.
Tivemos, ainda, a oportunidade de entender como é extraído os valores
relativos ao Produto Nacional. Percebemos que, através do balanço de
pagamento, possível apenas porque registramos os agregados através da
contabilidade social, podemos mensurar o relacionamento da economia
do país com as economias de outros países e o impacto que essas relações
podem trazer para a economia interna.
Foi possível, também, entender a função do Balanço Social, que é voltado
para divulgar as ações das empresas direcionados a projetos sociais e ao meio
ambiente, além de manter uma interação com o meio em que está inserido.

133
Referências bibliográficas
BRASIL. Lei no 6.404, de 15 de dezembro de 1976. Dispõe sobre as Socie-
dades por Ações. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/
leis/L6404consol.htm>. Acesso em: 21 jun. 2017.

______. Lei no11.638, de 28 de dezembro de 2007. Altera e revoga dis-


positivos da Lei no 6.404, de 15 de dezembro de 1976, e da Lei no 6.385,
de 7 de dezembro de 1976, e estende às sociedades de grande porte dis-
posições relativas à elaboração e divulgação de demonstrações finan-
ceiras. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-
2010/2007/lei/l11638.htm>. Acesso em 20 jun. 2017.

CONSELHO FEDERAL DE CONTABILIDADE. Normas Brasileiras de Con-


tabilidade. Brasília: Conselho Federal de Contabilidade, 2011. Disponível
em: <http://portalcfc.org.br/wordpress/wp-content/uploads/2013/04/
NBC_TG_COMPLETAS03.2013.pdf>. Acesso em: 20 jun. 2017.

______. Normas Brasileiras de Contabilidade (site).Disponível em


<http://cfc.org.br/tecnica/normas-brasileiras-de-contabilidade/>.
Acesso em: 21 jun. 2017.

FAVERO, H. L.et al. Contabilidade Teórica e Prática. 2. ed. São Paulo:


Atlas, 2009. 

IUDICIBUS, S. de; MARION, J. C. Contabilidade Comercial. São Paulo:


Atlas, 2010.

IUDICIBUS, S. de.; MARTINS, E.; GELBCKE, E. R. Manual de Contabilidade


Societária: aplicável a todas as sociedades de acordo com as normas
internacionais e do CPC. São Paulo: Atlas, 2010.

______. Manual de Contabilidade das Sociedades por Ações. 7. ed. São


Paulo: Atlas, 2009.

134
Contabilidade | Unidade 8 - Contabilidade Social

MARION, J. C.Contabilidade Empresarial. 11. ed. São Paulo: Atlas, 2009.

PAULANI, L. M.; BRAGA, M. B. A Nova Contabilidade Social. 3. ed. São Paulo: Saraiva, 2007.

PEREZ JUNIOR, J. H.; OLIVEIRA, L. M. de. Contabilidade Avançada. São Paulo: Atlas, 2010.

RIBEIRO, O. M.Contabilidade Comercial. 14. ed. São Paulo: Saraiva, 2009.

SANTOS, C. dos. Manual das Demonstrações Contábeis. 2. ed. São Paulo: IOB SAGE, 2014.

SANTOS, J. L. dos; SCHIMIDT, L. A. F.; GOMES, J. M. M. Manual de Práticas Contábeis. 2. ed. São Paulo: Atlas, 2011.

135

Você também pode gostar