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Teoria da Contabilidade
1ª Edição
Brasília/DF - 2018
Autores
Marilda Sant’Anna Maciel
Produção
Equipe Técnica de Avaliação, Revisão Linguística e
Editoração
Sumário
Organização do Livro Didático........................................................................................................................................4
Introdução...............................................................................................................................................................................6
Capítulo 1
Evolução Histórica e Doutrinas da Contabilidade..............................................................................................7
Capítulo 2
Princípios Contábeis e Estrutura Conceitual...................................................................................................... 21
Capítulo 3
Patrimônio das Entidades......................................................................................................................................... 36
Capítulo 4
Plano de Contas........................................................................................................................................................... 47
Capítulo 5
Escrituração Contábil................................................................................................................................................. 60
Capítulo 6
Elementos das Demonstrações Contábeis.......................................................................................................... 73
Referências........................................................................................................................................................................... 88
Organização do Livro Didático
Para facilitar seu estudo, os conteúdos são organizados em capítulos, de forma didática, objetiva e
coerente. Eles serão abordados por meio de textos básicos, com questões para reflexão, entre outros
recursos editoriais que visam tornar sua leitura mais agradável. Ao final, serão indicadas, também,
fontes de consulta para aprofundar seus estudos com leituras e pesquisas complementares.
A seguir, apresentamos uma breve descrição dos ícones utilizados na organização do Livro Didático.
Atenção
Cuidado
Importante para diferenciar ideias e/ou conceitos, assim como ressaltar para o
aluno noções que usualmente são objeto de dúvida ou entendimento equivocado.
Importante
Observe a Lei
Conjunto de normas que dispõem sobre determinada matéria, ou seja, ela é origem,
a fonte primária sobre um determinado assunto.
Para refletir
Questões inseridas no decorrer do estudo a fim de que o aluno faça uma pausa
e reflita sobre o conteúdo estudado ou temas que o ajudem em seu raciocínio.
É importante que ele verifique seus conhecimentos, suas experiências e seus
sentimentos. As reflexões são o ponto de partida para a construção de suas
conclusões.
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Organização do Livro Didático
Provocação
Textos que buscam instigar o aluno a refletir sobre determinado assunto antes
mesmo de iniciar sua leitura ou após algum trecho pertinente para o autor
conteudista.
Saiba mais
Sintetizando
Posicionamento do autor
Importante para diferenciar ideias e/ou conceitos, assim como ressaltar para o
aluno noções que usualmente são objeto de dúvida ou entendimento equivocado.
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Introdução
Seja bem-vindo à disciplina Teoria da Contabilidade. É com grande satisfação que iniciamos
esta jornada junto com você. Antes de começarmos nossa disciplina, permita que me apresente:
Meu nome é Marilda Sant’Anna Maciel, Mestre em Ciências Contábeis pela Universidade Estadual
do Rio de Janeiro (UERJ) e Graduada em Ciências Contábeis pela Universidade Federal do Rio de
Janeiro (UFRJ). Sou ex-Contadora da Companhia Estadual de Água e Esgoto (Cedae). E atualmente,
atuo como Analista de Planejamento e Orçamento da Secretaria de Planejamento e Gestão do
Estado do Rio de Janeiro (Sefaz/RJ), Professora Universitária e Palestrante pelo Conselho Regional
de Contabilidade do Rio de Janeiro (CRC/RJ).
Durante nosso estudo, vamos percorrer alguns séculos de história e perceber que o registro
contábil é mais antigo do que imaginávamos. Vamos entender os princpipais mecanismos que
norteiam e regulamentam a profissão contábil no País e no mundo. Em seguida, aprofundaremos
nosso estudo sobre os ativos, passivos, despesas, receitas e patrimônio líquido, visto que são os
instrumentos contábeis que produzem a informação para tomada de decisões.
Portanto, “é importante entender bem o que é teoria, bem como seus vários enfoques e
metodologias, a fim de os contadores poderem dar respostas ou interpretações satisfatórias para
uma série de novos fenômenos que estão a desafiar nossa profissão.” (IUDÍCIBUS, 1997). Logo,
a finalidade de estudar a teoria da contabilidade é obter subsídios suficientes para a aplicação
do conhecimento no processo prático contábil.
Objetivos
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CAPÍTULO
EVOLUÇÃO HISTÓRICA E DOUTRINAS
DA CONTABILIDADE 1
Introdução
A introdução do nosso primeiro capítulo iniciará com algumas indagações. E você? Já imaginou
como seria o mundo sem a Contabilidade? Como seriam controladas as organizações, sejam
financeiras ou não? Como gestores, governos e sócios poderiam ter a compreensão dos seus
investimentos e riqueza? Como seria possível tomar decisões em um ambiente cada vez mais
competitivo, se a contabilidade não existisse?
Por meio dessas indagações, começamos o estudo da nossa disciplina, a Teoria da Contabilidade.
Logo, para comprender melhor o que a Contabilidade representa para as organizações hoje,
precisamos dar um “pulinho” no passado, onde tudo começou.
Objetivos
Evolução histórica
Conhecer a origem das coisas é importante para a sociedade, pois informa como esta, bem como
grupos específicos, chegaram aos seus status quo, sendo fundamental para orientar e servir de
suporte instrumentalizando a sociedade para as tomadas de decisões futuras, seja inspirando-
se nos exemplos passados ou rejeitando-os, dependendo dos seus poderes de aplicabilidade na
sociedade atual.
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CAPÍTULO 1 • Evolução Histórica e Doutrinas da Contabilidade
Para Iudícibus (2010), a Contabilidade é tão remota quanto o homem que pensa e conta, pois
a sua necessidade de acompanhar a evolução dos patrimônios foi o grande motivo para o seu
desenvolvimento.
Não se sabe com exatidão quem criou a Contabilidade, todavia é percebido que é uma ciência
nobre e tem muito relação com a evolução histórica humana, visto que vários historiadores,
afirmam os rudimentares registros contábeis.
Conforme Iudícibus (2010) afirma, a Contabilidade é tão antiga quanto a origem do Homo Sapiens,
os primeiros sinais de atividades comerciais nasceram a 4500 a.C., em que culturas, civilizações
e sumérios da Mesopotâmia se voltaram à agricultura, fizeram aparecer cidades e ampliaram
as vendas comerciais. Alguns historiadores acreditam que os primeiros sinais objetivos da
existência da Contabilidade remetem a aproximadamente 2000 anos a.C. O apontamento dessas
barganhas era feito em placas de argila, nas quais eram verificados os resultados obtidos numa
colheita, os elementos trocados, os impostos e taxas arrecadadas pelas seitas religiosas. Para
Lima, Santos e Barbais (2007), a Contabilidade já podia ser percebida pela maneira de contar
do homem primitivo, que
era um modo de inventário, pois tinha como objetivo o controle do seu patrimônio,
como rebanhos, fardos de alimentos, instrumentos de caça e pesca e outros bens
quantitativos. O que mostra que o homem da antigüidade já tinha a preocupação
com a riqueza e a propriedade (como acontece atualmente). Desde os primórdios
o homem teve que ir aperfeiçoando sua maneira de contabilizar, na medida em
que as atividades se tornavam mais complexas. De acordo com a história da
contabilidade, primeiramente esse processo de conta era feito na memória dos
homens, logo após surgiram as gravuras, no término da Era da Pedra Polida.
Nas gravuras continham figuras e numerais.
Fonte: <http://www.viarapida.sp.gov.br/>.
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Evolução Histórica e Doutrinas da Contabilidade • CAPÍTULO 1
Foram encontrados, no Brasil e França, pedaços de ossos de rena com inscrições (desenhos)
sobre objetos e animais. Esses desenhos representam as conquistas desse homem primitivo e
demonstravam a quantidade existente. (IUDÍCIBUS, 2010, p. 22).
Alguns historiadores afirmam que, surgiram diversos registros de transações contábeis na China,
Egito, Assíria, Fenícia, Pérsia. Para Hendriksen e Van Breda (1999), independentemente
Para Lima, Santos e Barbais (2007), os egípcios representam a primeira evolução da Contabilidade,
foram os primeiros povos a utilizar um valor monetário em seus registros. As escriturações eram
feitas em papiros, e o sistema contábil tornava-se dinâmico com registros diários.
Após os egípcios, os povos que mais evoluíram a forma de contabilizar foram os gregos, em
2000 a.C. Há relatos de que já havia a apuração de confrontação de contas de Custos e Receitas
e estenderam a escrituração contábil para a Administração Pública e Bancária.
À medida que as operações econômicas se tornam complexas, o seu controle se refina. As escritas
governamentais da República Romana (200 a.C.) já traziam receitas de caixa classificadas em
rendas e lucros, e as despesas compreendidas nos itens salários, perdas e diversões.
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CAPÍTULO 1 • Evolução Histórica e Doutrinas da Contabilidade
Mercantilismo
Figura 2. Mercantilismo
Fonte: <https://pt.slideshare.net/andreslozanomolares/o-mercantilismo-53838798>.
Essa expansão comercial impulsionou os primeiros registros contábeis pelo método das partidas
dobradas, que foi desenvolvido pelo Frei Luca Pacioli, que provocou uma verdadeira revolução
na forma de controle e escrituração, especialmente por reconhecer na Contabilidade de cada
uma das entidades envolvidas, as relações de débito e crédito, ou, em outra ótica, as fontes e as
aplicações de recursos.
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Evolução Histórica e Doutrinas da Contabilidade • CAPÍTULO 1
Assim, a criação do método das partidas dobradas, pode-se afirmar, é o principal fator da nova
Contabilidade, diferenciando-se das técnicas antigas e rudimentares.
Revolução industrial
Figura 3. Revolução Industrial
Fonte: <https://pt.wikipedia.org/wiki/Revolu%C3%A7%C3%A3o_Industrial>.
Com a chegada das indústrias, a Contabilidade ampliou seus métodos de registros de custos, pois,
devido aos novos processos de produção, impulsionados pela Revolução Industrial, no século
XVIII, surgiu a necessidade de registros mais complexos, pois até a era mercantilista, o custo era
basicamente o valor de aquisição de mercadorias, isto é: Estoque inicial + Compras – Estoque
final = Custo das Mercadorias Vendidas.
Para Lamberti e Sperandio (2012), na era industrial surge uma nova característica de empresa:
a indústria. Essa nova modalidade de empreendimento modifica substancialmente o cenário
contábil, especialmente no tocante à formação de custos, na medida em que, ao invés de comprar
a mercadoria ou o produto acabado, passa a adquirir a matéria-prima, sobre a qual agrega a mão
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CAPÍTULO 1 • Evolução Histórica e Doutrinas da Contabilidade
de obra e os custos indiretos de fabricação, de forma a gerar um novo produto com características
próprias e específicas.
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Evolução Histórica e Doutrinas da Contabilidade • CAPÍTULO 1
Período Características
Período que se inicia com a civilização do homem e vai
Contabilidade do Mundo Antigo até 1202 da Era Cristã, quando apareceu o Líber Abaci,de
autoria de Leonardo Fibonaci, o Pisano.
Período que vai de 1202 da Era Cristã até 1494,
quando apareceu o Tratactus de Computis et Seriptures
(Contabilidade por Partidas Dobradas), de Frei Luca
Pacioli, publicado em 1494; enfatizando que a teoria
Contabilidade do Mundo Medieval
contábil do débito e do crédito corresponde à teoria dos
números positi-vos e negativos, essa obra contribui para
inserir a Contabilidade entre os ramos do conhecimento
humano.
Período que vai de 1494 até 1840, com o
aparecimentoda obra La Contabilità Applicatta Alle
Contabilidade do Mundo Moderno Amninistrazioni Private e Pubbliche, de Francesco Villa,
premiada pelo governo da Áustria. Obra marcante na
história da Contabilidade.
Período que se inicia em 1840 e continua até os dias de
Contabilidade do Mundo Científico
hoje.
Fonte: Lima (2006).
Fonte: <http://crcmt.org.br/novo/www/noticias/concurso-resgata-historia-contabilidade-brasil,40561.html>.
De acordo com Reis e Silva (2007), o surgimento da Contabilidade no Brasil inicia-se com o período
Colonial, motivado pelas transações comerciais, tornaram-se necessários os controles contábeis
para o desenvolvimento das primeiras Alfândegas. Os referidos autores complementam que no
dia 16 de julho de 1679, por meio da Carta Régia é criada a Casa dos Contos, órgão incumbido
de processar e fiscalizar as receitas e despesas de Estado, ganhando autonomia somente no
reinado de João I.
Esse fato é respaldado pela chegada da Família Real ao Brasil, em 1808, proporcionando um
desenvolvimento socioeconômico e cultural mais efetivo na colônia, devido a diversas ocorrências,
tais como a abertura dos portos às nações amigas, a colônia passou a comercializar produtos
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CAPÍTULO 1 • Evolução Histórica e Doutrinas da Contabilidade
A doutrina contábil é recente no Brasil, e até a primeira metade do século XX sofreu grandes
influências da cultura contábil da Itália, país que é considerado o berço da Contabilidade e que
deu origem ao método das partidas dobradas. A primeira doutrina contábil surgiu pelo Professor
Antonio Lopes de Sá, que ampliou os conceitos do Patrimonialismo de Masi, dando origem à
Escola Neopatrimonialista, baseado na Teoria Geral da Contabilidade. Segundo Reis e Silva (2007),
essa Teoria Geral da Contabilidade foi fundamentada por teorias anteriores desenvolvidas pelo
próprio Lopes de Sá, como a Teoria de Equilíbrio, Teoria Dinâmica de Circulação, Teoria das
Funções Sistemáticas do Patrimônio Aziendal.
Conheceremos um pouco mais sobre esta teoria no próximo item, Escolas ou Doutrinas
Contábeis.
Sugestão de estudo
Recomendo a leitura do artigo A História da Contabilidade no Brasil, das autoras Aline de Jesus Reis, Selma Leal da
Silva e Cleide Carneiro Alves da Silva.
Esse artigo apresenta a evolução da Contabilidade no Brasil, desde a época Colonial até os dias atuais. Nesse artigo
são relatadas importantes datas, além de leis e decretos que ajudaram no desenvolvimento do tema preposto,
visando transmitir o conhecimento da história da Contabilidade brasileira.
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Evolução Histórica e Doutrinas da Contabilidade • CAPÍTULO 1
Fonte: <https://twitter.com/citandopensador>.
Afinal, o que são escolas de pensamento contábil? São correntes filosóficas acerca da Contabilidade
(conceitos, proposições e metodologias contábeis) e fundamentaram a Ciência Contábil como
conhecemos hoje. Após 1840, surgem grandes pensadores contábeis com as diversas correntes
de pensamento. Assim, segue um breve resumo das escolas contábeis mais conhecidas que
influenciaram a Contabilidade por Coelho e Lins (2010):
Escola Contista: surgiu no século XV, com a obra de Luca Pacioli, e foi impulsionada pelos
primeiros livros impressos de Contabilidade. Suas teorias ficaram inalteradas até o século XVIII,
que ficou conhecido como a era da estagnação contábil. A preocupação central era explicar o
funcionamento das contas, esquecendo-se que as contas eram apenas consequência das operações
que ocorreram na entidade. Degranges enumera as cinco principais contas (Teoria das Cincos
Contas): 1o mercadorias; 2o dinheiro; 3o efeito a receber; 4o efeito a pagar, e 5o lucros e perdas.
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CAPÍTULO 1 • Evolução Histórica e Doutrinas da Contabilidade
» 1o axioma: toda azienda (conjunto de obrigações, bens materiais e direitos que constituem
um patrimônio) deve ser administrada; todas possuem um ou mais proprietários, e
estes não podem conseguir uma gestão se não entrarem em contato com agentes e
correspondentes;
» 3o axioma: uma coisa é administrar a azienda, e outra custodiar sua substância e por
ela responder materialmente;
Portanto, nesta teoria, cada conta (bancos, duplicatas a receber, fornecedores, receitas, despesas)
assume o papel de uma pessoa no seu relacionamento com a entidade. Assim, podemos concluir
que as obrigações e o Patrimônio Líquido (PL) são pessoas credoras em relação à sociedade.
Escola Materialista: essa se opôs à teoria personalista, defendendo que as contas representam
entradas e saídas de valores e não simples relações de débito e crédito entre pessoas (excluídas
as relações com terceiros).
Esta é uma visão mais econômica do que vem a ser a conta, a relação entre as contas e a entidade
é uma relação material e não pessoal, de sorte que a conta só deve existir enquanto houver,
também, o elemento material por ela representado.
» Integrais (ou elementares): são as representativas dos bens, dos direitos e das obrigações
da entidade, ou seja, Ativo e Passivo Exigível.
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Evolução Histórica e Doutrinas da Contabilidade • CAPÍTULO 1
Escola Administrativa: vários são os nomes para nomear essa escola de pensamento contábil:
escola administrativa, Lombarda, materialista ou ainda materialista substancial. Essa escola
originou-se no norte da Itália, no século XIX, e a administração das entidades passou a ser o foco
dos estudos. Aqui nasce a ideia de que todo empreendimento deve ser precedido de um estudo
de viabilidade econômica. Dessa forma, nota-se que a contabilidade ligada à administração,
destinada a interpretar a dinâmica das empresas.
Escola Reditualista: era o pensamento contábil que enunciava ser o resultado (lucro ou prejuízo) o
objeto de estudo da Contabilidade. Fato é que os estudiosos dessa corrente estudavam a dinâmica
da riqueza patrimonial, sem se preocupar com os elementos desse mesmo patrimônio. A grande
contribuição feita por essa corrente foi a dinâmica do movimento patrimonial associada ao ciclo
operacional e não ao ano-calendário.
Escola Matemática: surgiu em 1901, por meio de um estudioso italiano chamado Giovani Rossi.
Para esse autor, a Contabilidade era uma ciência matemática na sua essência.
Escola Alemã: surgiu na Alemanha a partir de 1919, concentrando-se em duas visões: teoria
econômica das empresas e o sistema de cálculo. A Contabilidade era considerada como o conjunto
de registros para fornecer elemento de gestão.
Escola Aziendalista: nessa corrente, que surgiu em 1922, a Contabilidade é considerada como a
ciência da administração econômica das entidades e estuda não só os resultados de uma gestão,
mas, também, seus princípios e constituição harmônica das pessoas da organização. Nessa
concepção, a azienda se constitui de dois elementos: pessoas (elemento humano) e riqueza
(patrimônio).
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CAPÍTULO 1 • Evolução Histórica e Doutrinas da Contabilidade
» Os fenômenos patrimoniais são fenômenos contábeis e podem ser divididos em: estática
patrimonial, dinâmica patrimonial e levantamento patrimonial.
É a teoria usualmente adotada no Brasil. Segundo essa teoria, criada por Vincenzo Masi, o
objeto de estudo da ciência contábil é o Patrimônio de uma entidade. A Contabilidade tem como
finalidade controlar esse patrimônio e apurar o resultado das empresas.
» Contas Patrimoniais: são as contas representativas dos bens e dos direitos (Ativo), das
obrigações (Passivo) e do Patrimônio Líquido (PL) da entidade.
A teoria de Lopes de Sá, cuja divulgação tem aumentado significativamente, assenta-se na definição
de diversos teoremas baseados em cinco “grandes axiomas da contabilidade: transformação,
eficácia, relações lógicas, sistemas e prosperidade social, cuja caracterização resumimos no
quadro seguinte:
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Evolução Histórica e Doutrinas da Contabilidade • CAPÍTULO 1
» Sendo a Contabilidade a ciência da riqueza e que tal conhecimento tem por finalidade
5. Prosperidade Social a obtenção da eficácia, quando todas as células sociais forem eficazes, a sociedade, por
decorrência natural, também o será.
Seculo XXI
Figura 6. International Accounting Standards Board
Dessa forma, o País, por meio do Conselho de Contabilidade que criou o Comitê de Pronuncimentos
Contábeis (CPC), iniciou o processo de adequação às normas expedidas pelo International
Accounting Standards Board (IASB). O IASB foi formado por um Conselho de Membros, com
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CAPÍTULO 1 • Evolução Histórica e Doutrinas da Contabilidade
representantes de mais de 140 entidades de classe de todo o mundo, que, segundo Niyama e
Silva (2013), tem como objetivos:
Atualmente, o IASB tem recebido muitas críticas, pois alguns entendem que as normas expedidas
estão ferindo a soberania nacional; que existe uma politização da Contabilidade e sobrecarga
de normas.
No proximo capítulo, conversaremos um pouco mais sobre esse assunto. Para fechar, qual é o
desafio agora que estamos vivendo? Vimos, na história, que mensurar os custos dos produtos
era uma preocupação, agora surge a necessidade de determinar os custos dos serviços. Como
mensurar e registrar esses custos? Como contabilizar e avaliar o capital intelectual? São questões
relevantes para as entidades em que a Contabilidade precisa encontrar.
Conclusão
Portanto, neste capítulo, concluímos que a história da Contabilidade foi marcada por um conjunto
de diversas culturas e, que a evolução desta ciência foi parte fundamental para a evolução da
humanidade, pois foi a partir do sistema de contas que o homem se organizou, proporcionou um
crescimento mais acelerado das atividades econômicas, deixando de ser primitivo e passando
a raciocinar de maneira organizada. A Contabilidade tornou-se o pilar vital para um mundo
capitalista, podendo ser um instrumento de controle e avaliação para qualquer tipo de organização.
Sintetizando
20
CAPÍTULO
PRINCÍPIOS CONTÁBEIS E
ESTRUTURA CONCEITUAL 2
Introdução
Fonte: <www.crcpi.com.br>.
Neste capítulo, aprenderemos os Princípios Contábeis que foram criados pelo CFC, que são
instrumentos utilizados em todo o processo contábil das organizações, bem como, a estrutura
conceitual regulamentada pelo CPC 00.
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CAPÍTULO 2 • Princípios Contábeis e Estrutura Conceitual
Objetivos
Origem e conceito
Agora que você já conheceu as funções do CFC e dos CRCs, afinal, o que são princípios de
Contabilidade? Para entender o que são princípios de Contabilidade, precisamos compreender
o significado da própria palavra princípios, que, de acordo com o site Jus.com.br (disponível em:
<https://jus.com.br/artigos/45194/o-que-sao-principios-suas-fases-distincoes-e-juridicidade>)
são:
Pela definição acima, percebemos que princípios são o “norte”, a orientação a ser adotada.
Assim, de acordo com o art. 2o da Resolução do CFC no 750/1993, atualizada pela Resolução CFC
no 1.282/2010, os Princípios de Contabilidade representam a essência das doutrinas e teorias
relativas à Ciência da Contabilidade, consoante o entendimento predominante nos universos
científico e profissional de nosso país. Concernem, pois, à Contabilidade o seu sentido mais
amplo de ciência social, cujo objeto é o patrimônio das entidades.
Os princípios são regulamentados pela Resolução CFC no 750/1993, que são de observância
obrigatória no exercício da profissão contábil, constituindo condição de legitimidade das Normas
Brasileiras de Contabilidade.
I. Entidade;
II. Continuidade;
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Princípios Contábeis e Estrutura Conceitual • CAPÍTULO 2
III. Oportunidade;
V. Competência;
VI. Prudência.
Princípio da entidade
Importante
» A soma ou agregação contábil de patrimônios autônomos não resulta em nova entidade, mas em uma unidade de
natureza econômico-contábil.
Princípio da continuidade
Este princípio influencia o valor econômico dos ativos, dos passivos, principalmente
quando a empresa estiver com previsão de extinção. A equipe de professores da USP (2010)
complementa que
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CAPÍTULO 2 • Princípios Contábeis e Estrutura Conceitual
Princípio da oportunidade
Quando se tratar de um fato futuro, o registro deverá ser feito desde que
tecnicamente estimável mesmo existindo razoável certeza de sua ocorrência. São
os casos de Provisões para Férias, para Contingências etc. (Equipe de professores
da USP, 2010).
Atenção
O princípio do registro pelo valor original determina que os componentes do patrimônio devem
ser, inicialmente, registrados pelos valores originais das transações, expressos em moeda nacional.
As seguintes bases de mensuração devem ser utilizadas em graus distintos e combinadas, ao
longo do tempo, de diferentes formas:
I. Custo histórico. Os ativos são registrados pelos valores pagos ou a serem pagos em
caixa ou equivalentes de caixa ou pelo valor justo dos recursos que são entregues para
adquiri-los na data da aquisição. Os passivos são registrados pelos valores dos recursos
que foram recebidos em troca da obrigação ou, em algumas circunstâncias, pelos valores
em caixa ou equivalentes de caixa, os quais serão necessários para liquidar o passivo no
curso normal das operações; e
24
Princípios Contábeis e Estrutura Conceitual • CAPÍTULO 2
b. Valor realizável. Os ativos são mantidos pelos valores em caixa ou equivalentes de caixa,
os quais poderiam ser obtidos pela venda de forma ordenada. Os passivos são mantidos
pelos valores em caixa e equivalentes de caixa, não descontados, que se espera seriam
pagos para liquidar as correspondentes obrigações no curso normal das operações da
entidade;
c. Valor presente. Os ativos são mantidos pelo valor presente, descontado do fluxo futuro
de entrada líquida de caixa que se espera seja gerado pelo item no curso normal das
operações da entidade. Os passivos são mantidos pelo valor presente, descontado do
fluxo futuro de saída líquida de caixa que se espera seja necessário para liquidar o passivo
no curso normal das operações da entidade;
d. Valor justo. É o valor pelo qual um ativo pode ser trocado, ou um passivo liquidado,
entre partes conhecedoras, dispostas a isso, em uma transação sem favorecimentos; e
» a moeda, embora aceita universalmente como medida de valor, não representa unidade
constante em termos do poder aquisitivo;
» para que a avaliação do patrimônio possa manter os valores das transações originais, é
necessário atualizar sua expressão formal em moeda nacional, a fim de que permaneçam
substantivamente corretos os valores dos componentes patrimoniais e, por consequência,
o do Patrimônio Líquido; e
» a atualização monetária não representa nova avaliação, mas tão somente o ajustamento
dos valores originais para determinada data, mediante a aplicação de indexadores ou
outros elementos aptos a traduzir a variação do poder aquisitivo da moeda nacional
em um dado período.
25
CAPÍTULO 2 • Princípios Contábeis e Estrutura Conceitual
Princípio da competência
O princípio da competência determina que os efeitos das transações e outros eventos sejam
reconhecidos nos períodos a que se referem, independentemente do recebimento ou pagamento.
O princípio da competência pressupõe a simultaneidade da confrontação de receitas e de
despesas correlatas. A equipe de professores da USP demonstra essa confrontação da seguinte
forma a seguir:
a. Quando deixar de existir o correspondente valor ativo, por transferência de sua propriedade
para terceiro;
Princípio da prudência
Sempre que se apresentarem alternativas igualmente válidas para a quantificação das mutações
que alteram o Patrimônio Líquido, deve-se adotar o menor valor para os componentes do Ativo
e o maior valor para os componentes do Passivo. Portanto, este princípio propõe que havendo
a necessidade de escolha, o Patrimônio Líquido deverá ser o menor. Geralmente as hipóteses
de escolhas ocorrem em projeções de valores futuros.
26
Princípios Contábeis e Estrutura Conceitual • CAPÍTULO 2
Alguns autores criticam este princípio, pois, pela sua aplicação, poderá ocorrer confronto com
outros princípios, o que impede que as demonstrações sejam mais fidedignas, aumenta a
interferência e é utilizada de forma arbitrária.
Observe a lei
A inobservância dos Princípios de Contabilidade constitui infração nas alíneas c, d e e do art. 27 do Decreto-Lei
no 9.295, de 27 de maio de 1946 e, quando aplicável, ao Código de Ética Profissional do Contabilista.
Origem e conceito
Para implementação dessas normas no Brasil, foi criado o Comitê de Pronunciamentos Contábeis
(CPC) que, de acordo com a Resolução CFC no 1.055/2005, tem como objetivos,
27
CAPÍTULO 2 • Princípios Contábeis e Estrutura Conceitual
Dessa forma, em 2008, foi aprovado o primeiro pronunciamento, CPC 00 – Estrutura Conceitual
para Elaboração e Divulgação de Relatório Contábil-Financeiro. Após três anos, ocorreram
algumas alterações, revogando o pronuciamento aprovado anteriormente, e atualizando com
novos entendimentos e atualizações, que estão em vigor até a presente data.
Finalidade e status
A Estrutura Conceitual foi desenvolvida de forma a ser aplicável a uma gama de modelos contábeis
e conceitos de capital e sua manutenção. Essa estrutura conceitual estabelece os conceitos que
fundamentam a elaboração e a apresentação de demonstrações contábeis destinadas a usuários
externos. A finalidade dessa Estrutura Conceitual é:
» dar suporte à promoção da harmonização das regulações, das normas contábeis e dos
procedimentos relacionados à apresentação das demonstrações contábeis, provendo
uma base para a redução do número de tratamentos contábeis alternativos permitidos
pelos Pronunciamentos, Interpretações e Orientações;
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Princípios Contábeis e Estrutura Conceitual • CAPÍTULO 2
Importante
Esta estrutura conceitual não é um Pronunciamento Técnico propriamente dito e, portanto, não define normas ou
procedimentos para qualquer questão particular sobre aspectos de mensuração ou divulgação. Nada nessa estrutura
conceitual substitui qualquer Pronunciamento Técnico, Interpretação ou Orientação.
Pode haver um número limitado de casos em que seja observado um conflito entre essa estrutura
conceitual e um pronunciamento técnico, uma interpretação ou uma orientação. Nesses casos,
as exigências do pronunciamento técnico, da interpretação ou da orientação específicos devem
prevalecer sobre esta estrutura Conceitual. Entretanto, à medida que futuros pronunciamentos
técnicos, interpretações ou orientações sejam desenvolvidos ou revisados tendo como norte
essa estrutura conceitual, o número de casos de conflito entre esta estrutura conceitual e eles
tende a diminuir.
Alcance
Premissa Subjacente
Completa
Neutra
Livre de Erros
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CAPÍTULO 2 • Princípios Contábeis e Estrutura Conceitual
Premissa subjacente
Continuidade
As demonstrações contábeis normalmente são elaboradas tendo como premissa que a entidade
está em atividade e irá manter-se em operação por um futuro previsível. Desse modo, parte-
se do pressuposto de que a entidade não tem a intenção, nem tampouco a necessidade, de
entrar em processo de liquidação ou de reduzir materialmente a escala de suas operações.
Por outro lado, se essa intenção ou necessidade existir, as demonstrações contábeis podem
ter que ser elaboradas em bases diferentes e, nesse caso, a base de elaboração utilizada deve
ser divulgada.
Características qualitativas
Para a informação contábil-financeira ser útil ela deve ser relevante e representada com
fidedignidade. Sendo essa informação de melhor teor se for: Comparável, Verificável, Tempestiva
e Compreensível. Logo, podemos classificar as características qualitativas da informação em
fundamentais, isto é, aquelas que são utéis, e as características qualitativas de melhorias, que
possibilitam melhor compreensão das informações contábeis. A figura a seguir sintetiza as
classificações.
30
Princípios Contábeis e Estrutura Conceitual • CAPÍTULO 2
Figura 9.
A outra caracteristica qualititativa fundamental é a representação fidedigna, que, para ser útil, a
informação deve ser confiável, livre de erros materiais ou vieses e refletir adequadamente aquilo
que se propõe a representar. A informação contábil é fidedigna se possuir três atributos:
» Livre de erro: o processo utilizado, para produzir a informação reportada, foi selecionado
e foi aplicado livre de erros.
A representação fidedigna, por si só, não resulta necessariamente em informação útil. Por
exemplo, a entidade que reporta a informação pode receber um item do imobilizado por meio
31
CAPÍTULO 2 • Princípios Contábeis e Estrutura Conceitual
Essa estimativa pode ser uma representação fidedigna se a entidade que reporta a informação tiver
aplicado com propriedade o processo apropriado, tiver descrito com propriedade a estimativa
e tiver revelado quaisquer incertezas que afetam significativamente a estimativa. Entretanto,
se o nível de incerteza de referida estimativa for suficientemente alto, a estimativa não será
particularmente útil. Em outras palavras, a relevância do ativo que está sendo representado com
fidedignidade será questionável. Se não existir alternativa para retratar a realidade econômica
que seja mais fidedigna, a estimativa, nesse caso, deve ser considerada a melhor informação
disponível.
O processo mais eficiente e mais efetivo para aplicação das características qualitativas
fundamentais usualmente seria o que segue (sujeito aos efeitos das características de melhoria
e à restrição do custo, que não são considerados neste exemplo). Primeiro, identificar o fenômeno
econômico que tenha o potencial de ser útil para os usuários da informação contábil-financeira
reportada pela entidade. Segundo, identificar o tipo de informação sobre o fenômeno que seria
mais relevante se estivesse disponível e que poderia ser representado com fidedignidade. Terceiro,
determinar se a informação está disponível e pode ser representada com fidedignidade. Dessa
forma, o processo de satisfazer as características qualitativas fundamentais chega ao seu fim. Caso
contrário, o processo deve ser repetido a partir do próximo tipo de informação mais relevante.
Comparabilidade
As decisões de usuários implicam escolhas entre alternativas, como, por exemplo, vender
ou manter um investimento, ou investir em uma entidade ou noutra, consequentemente, a
informação acerca da entidade que reporta informação será mais útil caso possa ser comparada
com informação similar sobre outras entidades e com informação similar sobre a mesma entidade
para outro período ou para outra data.
32
Princípios Contábeis e Estrutura Conceitual • CAPÍTULO 2
Consistência, embora esteja relacionada com a comparabilidade, não significa o mesmo. Esta
refere-se ao uso dos mesmos métodos para os mesmos itens, tanto de um período para outro,
considerando a mesma entidade que reporta a informação, quanto para um único período entre
entidades. Comparabilidade é o objetivo; a consistência auxilia a alcançar esse objetivo.
Comparabilidade também não pode ser confundida com uniformidade. Para que a informação
seja comparável, coisas iguais precisam parecer iguais e coisas diferentes precisam parecer
diferentes. A comparabilidade da informação contábil-financeira não é aprimorada ao se fazer
com que coisas diferentes pareçam iguais ou, ainda, ao se fazer coisas iguais parecerem diferentes.
Algum grau de comparabilidade é possivelmente obtido por meio da satisfação das características
qualitativas fundamentais. A representação fidedigna de um fenômeno econômico relevante
deve possuir naturalmente algum grau de comparabilidade com a representação fidedigna de
fenômeno econômico relevante similar de outra entidade que reporta a informação.
Muito embora um fenômeno econômico singular possa ser representado com fidedignidade
de múltiplas formas, a discricionariedade na escolha de métodos contábeis alternativos para o
mesmo fenômeno econômico diminui a comparabilidade.
Verificabilidade
A verificabilidade ajuda a assegurar aos usuários que a informação representa fidedignamente com
o fenômeno econômico que se propõe a representar. A verificabilidade significa que diferentes
observadores, cônscios e independentes, podem chegar a um consenso, embora não cheguem
necessariamente a um completo acordo, quanto ao retrato de uma realidade econômica em
particular ser uma representação fidedigna. Informação quantificável não necessita ser um único
ponto estimado para ser verificável. Uma faixa de possíveis montantes com suas probabilidades
respectivas pode, também, ser verificável.
A verificação pode ser direta ou indireta. Verificação direta significa verificar um montante ou
outra representação por meio de observação direta, como, por exemplo, por meio da contagem
de caixa. Verificação indireta significa checar os dados de entrada do modelo, fórmula ou outra
técnica e recalcular os resultados obtidos por meio da aplicação da mesma metodologia. Um
exemplo é a verificação do valor contábil dos estoques por meio da checagem dos dados de
entrada (quantidades e custos) e por meio do recálculo do saldo final dos estoques utilizando a
mesma premissa adotada no fluxo do custo (por exemplo, utilizando o método PEPS).
Pode não ser possível verificar algumas explicações e alguma informação contábil-financeira
sobre o futuro (forward-looking information) até que o período futuro seja totalmente alcançado.
Para ajudar os usuários a decidir se desejam usar dita informação, é normalmente necessário
divulgar as premissas subjacentes, os métodos de obtenção da informação e outros fatores e
circunstâncias que suportam a informação.
33
CAPÍTULO 2 • Princípios Contábeis e Estrutura Conceitual
Tempestividade
Compreensibilidade
Relatórios contábil-financeiros são elaborados para usuários que têm conhecimento razoável
de negócios e de atividades econômicas e que revisem e analisem a informação diligentemente.
Por vezes, mesmo os usuários bem informados e diligentes podem sentir a necessidade de
procurar ajuda de consultor para compreensão da informação sobre um fenômeno econômico
mais complexo.
Bons estudos!
34
Princípios Contábeis e Estrutura Conceitual • CAPÍTULO 2
Sugestão de estudo
Para aprimorar mais o seu o conhecimento, assista ao vídeo do Professor Sergio Iudícibus – Teoria da Contabilidade
– Parte 1.
Sintetizando
» Neste capítulo aprendemos sobre o Conselho Federal de Contabilidade, órgão que regulamenta as normas e a
profissão de Contabilidade.
» Em seguida, estudamos os seis princípios de Contabilidade que são os norteadores da profissão contábil.
» Destaque desta Estrutura Conceitual são a Premissa Subjacente, a Continuidade e as Características Qualitativas da
Informação Contábil Útil.
35
PATRIMÔNIO DAS ENTIDADES
CAPÍTULO
3
Introdução
Contabilidade é a ciência que estuda, interpreta e registra os fenômenos que afetam o patrimônio
de uma entidade. Ela alcança sua finalidade por meio do registro e análise de todos os fatos
relacionados com a formação, a movimentação e as variações do patrimônio administrativo,
vinculado à entidade, com o fim de assegurar seu controle e fornecer a seus administradores
as informações necessárias à ação administrativa, bem como a seus titulares (proprietários do
patrimônio) e demais pessoas com ele relacionadas, as informações sobre o estado patrimonial
e o resultado das atividades desenvolvidas pela entidade para alcançar os seus fins. (Professores
da USP, 2010)
Por meio da citação acima, percebemos que a existência da Contabilidade está intrinsecamente ligada
ao Patrimônio, principal objeto da Contabilidade. Dessa forma, neste capítulo aprofundaremos
nosso estudo nessa temática.
36
Patrimônio das Entidades • CAPÍTULO 3
Objetivos
Patrimônio
A riqueza de uma pessoa física ou jurídica é dada pela sua situação patrimonial, por seu
patrimônio. Segundo Marion (2009), o patrimônio é um conjunto de bens, direitos e obrigações
de uma entidade.
Os bens e direitos pertencentes a uma entidade geram obrigações, e uma forma de representar
graficamente esse patrimônio seria apresentar, de um lado, os bens e direitos e, do outro, as
obrigações de uma entidade. Do ponto de vista contábil, são considerados apenas os bens,
direitos e obrigações que podem ser avaliados em moeda.
PATRIMÔNIO
ATIVO PASSIVO
OBRIGAÇÕES
BENS E DIREITOS
(ORIGENS)
(APLICAÇÕES)
Bens
São representados por itens úteis à entidade objetos de propriedade da empresa avaliados
monetariamente. São divididos em bens tangíveis e intangíveis. Os bens tangíveis possuem
forma física, são palpáveis, tais como: dinheiro, estoques, veículos, imóveis, móveis e utensílios,
terrenos, ferramentas, entre outros.
Os bens intangíveis não possuem forma física. Podem ser adquiridos ou podem ser elaborados
pela entidade. Exemplos de bens intangíveis são: softwares, fundo de comércio, marcas, patentes
de invenção, entre outros, até o capital intelectual disponível em uma entidade. Nem sempre
37
CAPÍTULO 3 • Patrimônio das Entidades
pode ser mensurado, pois sua avaliação é subjetiva. Esse conteúdo será aprofundado na disciplina
Contabilidade Societária.
Direitos
Representam o poder de exigir alguma coisa. São valores de propriedade da empresa que estão
em poder de terceiros. Por exemplo, o valor que uma empresa receberá decorrente de uma venda
a prazo. O comprador já levou a mercadoria, porém ainda não pagou, então a empresa tem o
direito de receber o valor correspondente.
Exemplos: depósitos bancários, contas a receber, duplicatas a receber (clientes), títulos a receber,
empréstimos a diretores, adiantamento a fornecedores etc.
Obrigações
São dívidas que uma entidade tem com outras e representam o poder que essas outras entidades
possuem em exigir alguma coisa. São os valores de propriedade de terceiros que estão em poder
da empresa, originando um compromisso futuro de pagamento.
Quando se compra um bem a prazo, ele se integra ao patrimônio a partir do momento em que
o fornecedor o entrega. Como foi uma venda a prazo, a empresa passa a ter uma obrigação com
o fornecedor, representada por “uma conta a pagar” equivalente ao preço do bem. Assim como
aumenta de um lado, o Ativo (bem) da empresa; de outro lado, aumenta o Passivo (obrigação)
da empresa.
Representação gráfica
38
Patrimônio das Entidades • CAPÍTULO 3
O termo patrimonial tem origem no patrimônio da empresa, ou seja, conjunto de bens, direitos
e obrigações. Daí o termo patrimonial. O princípio básico da Contabilidade determina que os
valores finais das contas do Ativo devem ser iguais às contas do Passivo.
BALANÇO PATRIMONIAL
ATIVO PASSIVO
BENS OBRIGAÇÕES
Dinheiro em caixa Fornecedores
Estoques de Mercadorias Salários a pagar
Veículos Empréstimos a pagar
Máquinas e Equipamentos Impostos a recolher
Ferramentas Contas a Pagar
Softwares Encargos Sociais a Pagar
Marcas e Patentes Aluguéis a Pagar
Imóveis PATRIMÔNIO LÍQUIDO
Terrenos Capital Social
DIREITOS Reservas de Lucros
Depósitos Bancários Ajustes
Clientes Prejuízos Acumulados
Empréstimos a diretores
» Dinheiro – 1.000,00
» Veículos – 14.000,00
39
CAPÍTULO 3 • Patrimônio das Entidades
Pode-se afirmar que essa entidade empresarial deve a terceiros 20.000,00 e possui recursos (bens
+ direitos) de 45.000,00. Aplicando a equação citada do patrimônio líquido anteriormente, o
patrimônio líquido ou a riqueza líquida dessa entidade é, portanto, 25.000,00.
Origens x Aplicações
Origens
Todos os recursos que entram em uma empresa passam pelo passivo exigível e patrimônio
líquido. Os recursos (financeiros ou materiais) são originados dos proprietários (patrimônio
líquido), fornecedores, governo, bancos, financeiras etc.
Por meio do passivo e do patrimônio líquido, portanto, identificam-se as origens dos recursos.
Aplicações
O ativo, por sua vez, evidencia todas as aplicações de recursos: aplicação no caixa, em estoque,
em máquinas, em imóveis etc.
A empresa, na verdade, só pode aplicar (ativo) aquilo que tem origem (passivo e PL). Evidentemente,
havendo origem de R$ 200.000,00, a aplicação deve ser de R$ 200.000,00. Dessa forma, fica
bastante simples entender por que o Ativo será sempre igual ao Passivo + PL.
BALANÇO PATRIMONIAL
Equação fundamental
O patrimônio, por si só, não mede a efetiva riqueza de uma entidade. A parte que sobra para a
entidade quando as obrigações são subtraídas dos bens e direitos representa a riqueza líquida
(MARION, 2009).
40
Patrimônio das Entidades • CAPÍTULO 3
Em outras palavras, para se conhecer a efetiva riqueza líquida de uma entidade, é necessário
conhecer o seu Patrimônio Líquido, que é a diferença entre a soma dos bens e direitos e a soma
das obrigações exigíveis e é representada pela seguinte equação:
Ativo Passivo
A partir dessa equação fundamental, pode-se deduzir que em dado momento, o patrimônio
assume, invariavelmente, um dos três estados a saber:
ATIVO PASSIVO + PL
Caixa 15.000 Passivo Exigível (1)
20.000
Estoques 12.000 Salários a Pagar 12.000
Duplicatas a receber 23.000 Fornecedores 8.000
Patrimônio Líquido 30.000
Capital Social 25.000
Lucro do Período 5.000
Total 50.000 Total 50.000
Fonte: Autora (2018).
Nota(1): Passivo Exigível, neste exemplo, compreendeu o somatório da conta salários a pagar
mais fornecedores.
ATIVO PASSIVO + PL
Caixa 15.000 Passivo Exigível (1)
75.000
Estoques 12.000 Salários a Pagar 10.000
Duplicatas a receber 23.000 Fornecedores 5.000
Financiamentos 60.000
Patrimônio Líquido (25.000)
Capital Social 25.000
Prejuízo do Período (50.000)
Total 50.000 Total 50.000
Fonte: Autora (2018).
41
CAPÍTULO 3 • Patrimônio das Entidades
Nota(1): Passivo Exigível neste exemplo, compreendeu o somatório da conta salários a pagar mais
fornecedores mais financiamentos.
ATIVO PASSIVO + PL
Caixa 15.000 Passivo Exigível (1)
50.000
Estoques 12.000 Salários a Pagar 10.000
Duplicatas a receber 23.000 Fornecedores 5.000
Financiamentos 35.000
Patrimônio Líquido 0
Capital Social 25.000
Prejuízo do Período (25.000)
Total 50.000 Total 50.000
Fonte: Autora (2018).
Nota(1): Passivo Exigível, neste exemplo, compreendeu o somatório da conta salários a pagar mais
fornecedores mais financiamentos.
Atos administrativos
São acontecimentos em geral que ocorrem nas entidades, mas não provocam alterações de
imediato no patrimônio.
Fatos administrativos
São acontecimentos dos quais decorrem mutações no patrimônio da entidade, sendo de interesse
contábil. Provocam variações nos valores patrimoniais, podendo ou não alterar o patrimônio
líquido. São, também, chamados de fatos contábeis, por modificarem o patrimônio e são objetos
de contabilização.
42
Patrimônio das Entidades • CAPÍTULO 3
Fatos permutativos
Acarretam uma troca (permuta) entre elementos do ativo, do passivo, ou de ambos, sem provocar
alteração no Patrimônio Líquido, alterando apenas a composição qualitativa dos elementos
pertencentes ao Patrimônio.
Atenção
Os fatos contábeis permutativos envolvem apenas as contas patrimoniais, ou seja, ativos e passivos.
Suponhamos que no dia 10 de janeiro de 20X0 a empresa adquira, à vista, imóveis no valor de R$
80.000. Nesse caso, haverá a permutação de contas do Ativo, ou seja, a saída do Dinheiro, com
a entrada do registro do imóvel comprado, conforme a tabela a seguir.
43
CAPÍTULO 3 • Patrimônio das Entidades
Importante
Pode-se perceber que alterações ocorridas no patrimônio da empresa AVANTI LTDA. foram apenas com elementos do
Ativo e do Passivo, sem alterar o patrimônio líquido.
Fatos modificativos
Alteram a composição do Patrimônio Líquido, para mais ou menos. Enquanto os fatos contábeis
administrativos envolvem apenas as contas patrimoniais (ativo e passivo) e não interferem no
Patrimônio Líquido, os fatos modificativos envolvem contas de resultado (receitas e despesas)
e, consequentemente, modificam situação líquida da empresa. Os fatos modificativos podem
ser classificados em modificativos aumentativos e modificativos diminutivos.
44
Patrimônio das Entidades • CAPÍTULO 3
Nota(1): O Lucro no Período refere-se à receita de aluguel no valor de R$ 2.000,00 menos a despesa
de energia elétrica de R$ 500,00.
Perceba-se que a despesa de energia elétrica reduziu o valor do Patrimônio Líquido. A posição
do patrimônio não foi alterada, pois o pagamento ainda não se realizou.
Fato misto
Fatos mistos são aqueles que implicam simultaneamente mudanças permutativas e modificativas.
É o caso, por exemplo, do recebimento em dinheiro de uma duplicata a receber com juros.
Neste caso, haverá a troca de duplicata a receber por caixa, mas, em função dos juros, haverá
um aumento no Patrimônio Líquido em função da receita financeira que será incluída na
demonstração de resultado do exercício.
Isso pode ocorrer também quando uma empresa paga um título com juros. Neste caso, tais juros
serão uma despesa financeira que reduzirá o lucro do período na demonstração de resultado
do exercício.
Considere a seguinte situação na empresa AVANTI LTDA. Em 20/2/20X0 ocorreu a venda de todas
as mercadorias por R$ 30.000 com recebimento à vista. Considerando que o lucro da empresa
foi apurado deduzindo os R$ 10.000 pelo valor pago para adquirir as mercadorias (lucro de
R$ 20.000,00):
45
CAPÍTULO 3 • Patrimônio das Entidades
Nota(1): O Lucro no Período refere-se à receita de aluguel no valor de R$ 2.000,00 menos a despesa
de energia elétrica de R$ 500,00 mais lucro na venda de mercadorias de $ 20.000,00.
Sugestão de estudo
Editora: Atlas
Ano: 2010
Edição: 11ª
Sintetizando
46
CAPÍTULO
PLANO DE CONTAS 4
Introdução
A arte de contar exige uma técnica e, para a Contabilidade, foram criados sistemas de contas
contábeis para controlar e registrar o patrimônio e o resultado das organizações. O método
utilizado há muitos séculos é o método das partidas dobradas, por Luca Pacioli, o qual instruía
os comerciantes da época a controlar os seus negócios por meio dos registros de seus direitos
e obrigações.
Objetivos
» Aprender o conceito de conta contábil e sua função para geração de informações nas
organizações.
Conceito de conta
Todos os acontecimentos que ocorrem durante a gestão patrimonial de uma entidade, tais
como compras, vendas, pagamentos, recebimentos etc. são registrados contabilmente em suas
respectivas contas.
47
CAPÍTULO 4 • Plano de Contas
» Patrimoniais;
» De Resultado;
» Retificadoras (Redutoras).
Contas patrimoniais
Exemplos: Caixa, Bancos, Duplicatas a receber, Fornecedores, Salários a pagar, Capital Social,
Lucros e Prejuízos etc.
Contas de resultado
Resumindo, a apuração dos lucros e prejuízos da empresa se deve às contas de resultado (confronto
entre receitas e despesas/custos).
Importante
Os saldos das contas de resultado são zerados ao longo de cada período de apuração (mensalmente, trimestralmente
ou anualmente).
48
Plano de Contas • CAPÍTULO 4
Sendo “BANCO CONTA MOVIMENTO” uma conta patrimonial, no próximo ano o saldo inicial
em 01 de janeiro de 2016 será de R$ 150.000,00. Agora, observemos um exemplo de conta de
Resultado.
RECEITA DE VENDAS
Saldo em nov./2015 R$ 1.100.000,00
Entradas em dez./2015 R$ 100.000,00
Saídas em dez./2015 R$ 1.200.000,00
Saldo em dez./2015 -----------
Na Tabela 2 percebemos que o saldo em dezembro de 2015 foi nulo, isto é, ao término do exercício
a empresa encerra as contas de resultado para apurar o desempenho da organização, se ocorreu
lucro ou prejuízo por meio do confronto das receitas com as despesas. O encerramento pode
ocorrer mensalmente, trimestralmente e anualmente, de acordo com a política da empresa.
No nosso exemplo, consideramos para o encerramento da conta o ano. Portanto, as contas de
resultado sempre iniciarão o exercício com saldo nulo.
Contas redutoras
» Perdas estimadas com Clientes (*antiga Provisão Para devedores Duvidosos PDD);
49
CAPÍTULO 4 • Plano de Contas
» Lucros a Apropriar; Lucros em vendas para controladas; Lucros em vendas para coligadas;
Lucros em vendas para joint venture (controle comum);
Retificadoras do passivo
» Deságio a Apropriar.
» Capital a subscrever;
» Capital a integralizar;
» Prejuízos Acumulados;
» Ações em Tesouraria.
Perdas Estimadas com Clientes ocorrem quando uma empresa vende a prazo, pois ocorre o risco
de não receber o valor devido pelo cliente. Dessa forma, o saldo da conta Clientes não poderá
apresentar o valor 100% a receber devido à possibilidade de inadimplência.
Para reconhecer essa parcela que a empresa não receberá de forma onerosa em seu resultado, a
conta redutora Perdas Estimadas com Clientes existe para representar essa possível “perda” de
valor nos seus títulos a receber, afetando o seu Patrimônio Líquido. Ou seja, é a parcela estimada
pela empresa que não será recebida em decorrência dos maus pagadores. Exemplos: cheques
sem fundos, cartões de crédito sem saldo, clientes que não pagarão etc.
50
Plano de Contas • CAPÍTULO 4
Perdas Estimadas com Clientes é uma conta de natureza credora, podendo fazer parte do Ativo
Circulante e Não Circulante, entra com saldo negativo no Ativo, deduzindo os valores a receber
dos clientes (conta Clientes/Duplicatas a receber).
Depreciação acumulada
A depreciação ocorre apenas nos bens materiais classificados no Ativo Imobilizado e nos bens
de renda classificados no grupo de Investimentos do Ativo Não Circulante (exemplo: imóveis
alugados). Ela pode ser calculada mensalmente ou no final do ano, por ocasião da Apuração do
Resultado do Exercício (ARE).
Atenção
Exemplo 1
51
CAPÍTULO 4 • Plano de Contas
Plano de contas
Plano de Contas (ou Elenco de Contas) é o conjunto de contas, previamente estabelecido, que
norteia os trabalhos contábeis de registro de fatos e atos inerentes à entidade, além de servir de
parâmetro para a elaboração das demonstrações contábeis. A elaboração do Plano de Contas
deve ser adequada com as especificidades da organização, a fim de atender os usuários das
informações.
Indica qual conta deve ser debitada e qual conta deve ser creditada, oferecendo a vantagem
de uniformização das contas utilizadas em cada registro, além de servir de parâmetro para a
elaboração das demonstrações contábeis. É o instrumento que o profissional consultará quando
for fazer um lançamento contábil.
Seu principal objetivo é estabelecer normas de conduta para o registro das operações da
organização e, na sua montagem, devem ser levados em conta três objetivos fundamentais:
Quando da elaboração do plano de contas devem ser analisados os graus das contas que são a
medida de dependência na análise destas, sendo que a dependente deve ter sempre classificação
inferior com relação à principal. Normalmente, são empregados dois graus:
52
Plano de Contas • CAPÍTULO 4
Exemplo:
1. Ativo (Sintético)
A seguir, um modelo de Plano de Contas que poderá ser utilizado por empresas comerciais,
industriais e prestadoras de serviços, com as devidas adaptações:
Contas patrimoniais
Quadro 7. Contas Patrimoniais Ativo.
53
CAPÍTULO 4 • Plano de Contas
54
Plano de Contas • CAPÍTULO 4
Contas de resultado
Quadro 9. Contas de Resultado Despesas.
55
CAPÍTULO 4 • Plano de Contas
DEVEDORA CREDORA
» Os saldos das contas do Ativo, assim como os das Despesas e redutoras do Passivo e
Patrimônio Líquido, são aumentados quando as debitamos, e são diminuídos quando
as creditamos;
» Os saldos das contas do Passivo, assim como os das contas de Receitas, são aumentados
quando as creditamos, e são diminuídos quando as debitamos.
56
Plano de Contas • CAPÍTULO 4
As origens de recursos têm natureza credora; logo, aumentam com o crédito e diminuem com
o débito; As aplicações de recursos têm natureza devedora; logo, aumentam com o débito e
diminuem com o crédito.
A diferença entre o débito e crédito de determinada conta é denominada saldo. Se o valor dos
débitos for superior ao valor dos créditos, a conta terá um saldo devedor. Se o ocorrer o contrário,
a conta terá um saldo credor.
Apesar de cada conta contábil possuir uma natureza própria (seja devedora ou credora) não
quer dizer que ela não possa receber lançamentos de natureza contrária. O que deve prevalecer
é o seu saldo.
Representação gráfica
Os registros dos mais diversos fatos contábeis são feitos nas respectivas contas, sendo escriturados
(com base nos lançamentos do livro diário) em um livro contábil chamado “Livro Razão”, podendo
ser feitos em fichas do Razão, ou, mais geralmente, por sistemas informatizados.
Cada ficha é utilizada para cada conta, e os elementos necessários em cada registro são: valores
do débito e do crédito, data, histórico, e o saldo da conta.
Porém, a forma mais usual para se representar manualmente as movimentações dos saldos
das contas no Razão é a forma de representação simplificada em forma de “T”. Esse tipo de
representação, que facilita muito a verificação dos saldos de cada conta do Razão, é conhecido
como Razonete:
57
CAPÍTULO 4 • Plano de Contas
CONTA CONTÁBIL
DÉBITOS CRÉDITOS
Vejamos um exemplo de registro no razonete, por meio da conta Bancos Conta Movimento.
SI 17.000 25.000
30.000 9.000
8.000
13.000
68.000 34.000
SF 34.000
Os razonetes também são utilizados para apuração do resultado, conforme a figura a seguir.
58
Plano de Contas • CAPÍTULO 4
APURAÇÃO DO RESULTADO
DÉBITOS CRÉDITOS
80.000 100.000
20.000 Saldo Credor = Lucro no período
Bons estudos!
Sintetizando
» Neste capítulo aprendemos o conceito de conta contábil e sua função para geração de informações nas
organizações.
59
ESCRITURAÇÃO CONTÁBIL
CAPÍTULO
5
Introdução
De acordo com o Dicionário Aurélio, escriturar é fazer a escrituração de algo; lançar por escrito.
Lançar (em livro mercantil), contratar ou assumir obrigações por meio de escritura pública.
Assim, pela escrituração contábil é possível desenvolver as demais técnicas contábeis como:
a elaboração da demonstração, análise e auditoria. A principal finalidade dessa técnica é a de
fornecer a pessoas interessadas informações sobre um patrimônio determinado.
Objetivos
Escrituração
É a técnica utilizada pela Contabilidade para registrar, em ordem cronológica, todos os fatos
administrativos que ocorrem no patrimônio das entidades, para fornecer informações sobre a
composição do patrimônio e as variações nele ocorridas em determinado período.
É o início dos estudos de qualquer aluno de Ciências Contábeis o método das partidas dobradas.
Esse método foi criado há muitos séculos e divulgado por Luca Pacioli no século XV.
60
Escrituração Contábil • CAPÍTULO 5
Todo fato da entidade deverá ser escriturado, para esse fim devem ser utilizados livros contábeis,
que devem seguir critérios intrínsecos e extrínsecos, de acordo com a legislação. Alguns livros são
obrigatórios, tais como o Livro Diário e o Livro Razão que de acordo com a Resolução do Conselho
Federal de Contabilidade devem ser registros permanentes da empresa, outros são facultativos,
pois, por não serem exigidos por lei, podem ser adotados ou não, a critério da empresa.
Método de escrituração
» Método das partidas dobradas: Esse método foi escrito por Luca Pacioli em 1494.
» Esse método consiste no princípio no qual para todo débito em uma conta existe
simultaneamente um crédito, da mesma maneira que a soma do débito será igual à
soma do crédito, assim como a soma dos saldos devedores será igual à soma dos saldos
credores.
Lançamento contábil
» É o registro dos fatos contábeis, realizado por meio do método das partidas dobradas,
sendo a partida devedora representada pela aplicação do recurso e a partida credora
representada pela origem do recurso.
Qualquer que seja o processo de escrituração, alguns elementos devem constar do lançamento.
Um lançamento contábil é composto por cinco elementos fundamentais:
» Conta a Débito: conta contábil que será debitada. Podem ser debitadas mais de uma
conta desde que a soma delas seja igual à soma da conta a crédito.
» Conta a Crédito: conta contábil que será creditada. Pode ser creditada mais de uma
conta desde que a soma delas seja igual à soma da conta a débito.
61
CAPÍTULO 5 • Escrituração Contábil
O lançamento é feito nas contas patrimoniais de ativo, passivo e patrimônio líquido, e nas contas
de resultado de receitas e despesas.
As contas patrimoniais do ativo e as contas de resultado de despesas, por terem natureza devedora,
são aumentadas quando debitadas e diminuídas quando creditadas. As contas patrimoniais do
passivo e do patrimônio líquido e as contas de resultado de receitas, por terem natureza credora,
são aumentadas quando creditadas e diminuídas quando debitadas.
Fórmulas de lançamento
Existem atualmente 4 (quatro) fórmulas para registrar os fatos contábeis, de acordo com o número
de contas debitadas e creditadas.
1ª Fórmula:
Quando o registro envolve somente uma conta a débito e uma a crédito. Exemplo: Compra à
vista de veículos para uso no valor de R$ 10.000.
D – Veículos
10.000
C – Caixa
Ou
Veículos
10.000
a Caixa
62
Escrituração Contábil • CAPÍTULO 5
2ª Fórmula:
Exemplo: compra de veículos para uso no valor de R$ 10.000, com 20% de entrada e o restante
sendo pago em duplicatas.
D – Veículos 10.000
C – Caixa 2.000
C – Duplicatas a pagar 8.000
OU
Veículos 10.000
a Diversos (1)
a Caixa 2.000
a Duplicatas a pagar 8.000
Fonte: Autora (2018).
Nota (1): A expressão Diversos indica que existe mais de uma conta a crédito.
3ª Fórmula:
Quando o registro envolve duas ou mais contas a débito e apenas uma a crédito.
Exemplo: compra à vista de veículos no valor de R$ 50.000, parte para revenda (R$ 30.000), parte
para uso.
D – Mercadorias 30.000
D – Veículos 20.000
C – Caixa 50.000
OU
Diversos (1)
a Caixa 50.000
Mercadorias 30.000
Veículos 20.000
Fonte: Autora (2018).
Nota (1): A expressão Diversos indica que existe mais de uma conta a débito.
4ª Fórmula:
Quando o registro envolve duas ou mais contas a débito e duas ou mais a crédito.
Exemplo: compra de veículos no valor de R$ 50.000, parte para revenda (R$ 30.000), parte para
uso, com pagamento de 20% no ato e o restante sendo pago em duplicatas.
63
CAPÍTULO 5 • Escrituração Contábil
D – Mercadorias 30.000
D – Veículos 20.000
C – Caixa 10.000
C – Duplicatas a pagar 40.000
ou
Diversos
a Diversos
Mercadorias 30.000
Veículos 20.000
a Caixa 10.000
a Duplicatas a pagar 40.000
Depois que aprendemos sobre os diversos tipos de lançamento contábil, vejamos a seguir um
exemplo das atividades da empresa Consistente Ltda. no ano de 2018, durante o mês de janeiro.
Assim, a sequência a seguir apresenta os lançamentos contábeis por ordem cronológica dos
fatos contábeis relacionados:
64
Escrituração Contábil • CAPÍTULO 5
› D – Veículos 100.000,00
› D – Computadores 25.000,00
› C – Fornecedores 150.000,00
› D – Clientes 180.000,00
› D – CMV 75.000,00
› C – Empréstimos LP 50.000,00
› D – Clientes 130.000,00
› D – CMV 75.000,00
65
CAPÍTULO 5 • Escrituração Contábil
O sistema contábil é formado pelas contas contábeis no conjunto do plano de contábeis em sua
estrutura. A movimentação de cada conta contábil é demonstrada pela razão contábil que é, na
verdade, uma espécie de extrato da conta. É conhecido também pela terminologia de razonete
contábil, termo que usaremos neste livro. Um razonete contábil é estruturado conforme o
modelo a seguir:
CONTA CONTÁBIL
DÉBITO CRÉDITO
SALDO SALDO
66
Escrituração Contábil • CAPÍTULO 5
Estoque de
Computadores Móveis Utensílios
Mercadorias
(3) 25.000 (4) 50.000 (4) 150.000 75.000 (5)
75.000 (8)
25.000 50.000 150.000 150.000
Empréstimo Longo
Impostos sobre as Vendas Impostos a Recolher Prazo
(6) 18.000 18.000 (6) 50.000 (7)
(9) 12.000 12.000 (9)
30.000 30.000 50.000
5.000 5.000
Balancete de verificação
Ele apresenta a relação das contas que possuem saldos e movimentos no período em que é
elaborado. As informações contidas nele são extraídas dos razonetes contábeis. Em outras
palavras, os razonetes são a base do balancete de verificação.
67
CAPÍTULO 5 • Escrituração Contábil
Verifica-se soma dos saldos devedores é igual à soma dos saldos credores (incluindo contas
patrimoniais e de resultado).
Cia. XXX
Balancete Mensal de Verificação – XX/XXXX
Contas Classificação Débito Crédito
Total
Fonte: Autora (2018).
Vejamos o Balancete de Verificação da empresa Consistente Ltda. no ano de 2018, durante o mês
de janeiro, conforme os razonetes contábeis apresentados.
Elaboração do balancete
Quadro 21. Elaboração do Balancete de Verificação.
Cia. XXX
Balancete Mensal de Verificação – XX/XXXX
Contas Classificação Débito Crédito
Banco Conta Movimento Ativo 375.000
Capital Social Patrimônio Líquido 500.000
Veículos Ativo 100.000
Computadores Ativo 25.000
Móveis e Utensílios Ativo 50.000
Estoque de Mercadorias Ativo 0
Fornecedores Passivo 150.000
Clientes Ativo 310.000
CMV Custos 150.000
Receita de Vendas Receitas 310.000
Imposto sobre Vendas Despesas 30.000
Impostos a Recolher Passivo 30.000
Empréstimos a Longo Prazo Passivo Circulante 50.000
Despesas com Salários Despesas 60.000
Salários a Pagar Passivo 60.000
Despesas com Depreciação Despesas 5.000,00
Depreciação Acumulada Ativo Retificadora 5.000,00
Total 1.105.000 1.105.000
68
Escrituração Contábil • CAPÍTULO 5
Após o lançamento das contas no balancete, deve-se apurar o resultado por meio do confronto
entre as receitas e despesas, conforme a seguir:
APURAÇÃO DO RESULTADO
Balanço Patrimonial
31/1/2018
ATIVO PASSIVO EXIGÍVEL
Banco 375.000,00 Fornecedores 150.000,00
Veículos 100.000,00
PATRIMÔNIO LÍQUIDO
Capital Social 500.000,00
Durante a escrituração contábil, o contabilista pode cometer erro, por exemplo: erro na
identificação da conta debitada ou creditada. Inversão das contas, erro na identificação do valor,
erro no histórico, lançamento em duplicidade e omissão de lançamento.
69
CAPÍTULO 5 • Escrituração Contábil
» estorno;
» transferência;
» complementação.
Estorno
» Implica a anulação integral do lançamento errado. Consiste em se inverter a posição
das contas utilizadas no lançamento que se pretende anular.
› D – Mercadorias
› C – Fornecedores 1.000
› D – Fornecedores
› C – Mercadorias 1.000
Após o estorno, fazemos o lançamento correto para registrar a compra à vista de mercadorias:
› D – Mercadorias
› C – Caixas 1.000
Transferência
Consiste no estorno parcial. Por intermédio da transferência, é possível a correção do erro mediante
um único lançamento, sem a necessidade de se estornar integralmente o lançamento errado.
70
Escrituração Contábil • CAPÍTULO 5
Exemplo: a compra.
» D – Mercadorias
» C – Fornecedores 1.000
Podemos corrigir o erro com um lançamento de transferência. Como a incorreção foi apenas na
conta creditada (fornecedores), somente ela é estornada.
» D – Fornecedores
» C – Caixa 1.000
Complementação
» D – Mercadorias
» C – Fornecedores 100
» D – Mercadorias
» C – Fornecedores 900
71
CAPÍTULO 5 • Escrituração Contábil
Atenção
Todavia, para a correção dos erros, as organizações têm optado apenas pelo estorno, pois devido ao tamanho das
atividades operacionais que ocorrem todos os dias, tais medidas, como transferência e complementação, não
permitem rastrear com veracidade os erros.
Sintetizando
72
CAPÍTULO
ELEMENTOS DAS DEMONSTRAÇÕES
CONTÁBEIS 6
Introdução
Neste capítulo iniciaremos o estudo sobre os ativos, .principal aplicação dos sócios nas organizaçoes.
Eles possuem extrema importância na gestão das empresas, sendo importantes para a produção,
entrada e saída financeira, bem como, quaquer investimento que a companhia possa realizar.
Após, abordaremos o passivo, pois, durante o processo operacional das empresas, são realizadas
várias atividades que envolvem a participação dos funcionários, fornecedores, financiadores,
dentre outros, que são fundamentais para a atividade-fim da organização, principal origem dos
recursos nas empresas.
E, por último, depois que os sócios aplicam recursos nas entidades, precisam de um
acompanhamento de como estão se comportando os resultados da empresa. Neste capítulo,
vamos perceber que as receitas e despesas são importantíssimas para apuração do resultado da
companhia. Acompanhar e registrar de forma adequada é de suma importância para apresentação
fidedigna das informações contábeis.
Objetivos
Ativo
De acordo com o CPC 00, ativo “é um recurso controlado pela entidade como resultado de
eventos passados e do qual se espera que fluam futuros benefícios econômicos para a entidade”.
73
CAPÍTULO 6 • Elementos das Demonstrações Contábeis
Recurso
É um item com potencial de serviços ou capacidade de gerar benefícios econômicos que podem
ser oriundos do recurso ou dos direitos de sua utilização. Não é obrigatório possuir forma física
não necessária. Características de alguns recursos que geram benefícios à entidade:
Controle
É a capacidade da entidade de utilizar o recurso (ou controlar o uso por parte de terceiros), de
modo a gerar potencial de serviços ou benefícios econômicos. Alguns indicativos ou sinais de
controle:
» instrumentos que assegurem que o recurso seja usado para atingir seus objetivos.
74
Elementos das Demonstrações Contábeis • CAPÍTULO 6
Eventos passados
Alguns indicativos ou sinais de ocorrência de eventos passados são: a transação com contraprestação;
direitos soberanos; a capacidade geral para exercer o poder; a constituição de poder por meio
de lei, estatuto ou instrumento congênere; o exercício do poder de criar um direito; e o evento
que dá origem ao direito de receber recursos de terceiros.
Potencial de contribuição de caixa ou equivalente de caixa. Existem três fatores que determinam
a ocorrência do benefício:
Passivo
Segundo Iudícibus et al. (2010, p. 18), “o Passivo compreende basicamente as obrigações a pagar,
isto é, as quantias que a empresa deve a terceiros”. De acordo com o CPC 00, passivo é a “obrigação
presente da entidade, derivada de eventos já incorridos, cuja liquidação se espera que resulte
em saída de recursos capazes de gerar benefícios econômicos”.
75
CAPÍTULO 6 • Elementos das Demonstrações Contábeis
Obrigação presente
Pode ser aquela que ocorre por força de lei (obrigação legalmente vinculada) ou que não ocorre
por força de lei (não legalmente vinculada).
Características:
» Não há necessidade de prazo certo de liquidação para que uma obrigação seja reconhecida.
Saída de recursos
A obrigação que gera saída de recursos da entidade para ser extinta/liquidada e atentar para o
conceito de recursos. Vinculada ou não, para ser um passivo, a obrigação não pode ser evitada
pela entidade.
Patrimônio líquido
O CPC 00 conceitua o patrimônio líquido como “o interesse residual nos ativos da entidade depois
de deduzidos todos os seus passivos”. Não se tem, a rigor, uma definição, mas uma expressão
algébrica. Cabe informar que sua definição, mensuração e reconhecimento está condicionada
ao ativo e ao passivo.
Conceitos de capital
Conforme o CPC 00 verifica-se que existem dois tipos de conceitos de capital, o capital financeiro
e o capital físico. O conceito de capital financeiro (ou monetário) é adotado pela maioria das
entidades na elaboração de suas demonstrações contábeis. De acordo com o conceito de capital
76
Elementos das Demonstrações Contábeis • CAPÍTULO 6
financeiro, tal como o dinheiro investido ou o seu poder de compra investido, o capital é sinônimo
de ativos líquidos ou patrimônio líquido da entidade. Niyama e Silva (2011) concluem que o
capital financeiro é o recurso monetário que foi aplicado na entidade.
O conceito de capital físico, tal como capacidade operacional, o capital é considerado como
a capacidade produtiva da entidade baseada, por exemplo, nas unidades de produção diária.
A seleção do conceito de capital apropriado para a entidade deve estar baseada nas necessidades
dos usuários das demonstrações contábeis. Assim, o conceito de capital financeiro deve ser
adotado se os usuários das demonstrações contábeis estiverem primariamente interessados
na manutenção do capital nominal investido ou no poder de compra do capital investido. Se,
contudo, a principal preocupação dos usuários for com a capacidade operacional da entidade, o
conceito de capital físico deve ser adotado. O conceito escolhido indica o objetivo a ser alcançado
na determinação do lucro, mesmo que possa haver algumas dificuldades de mensuração ao
tornar operacional o conceito.
Os conceitos de capital financeiro e físico dão origem aos seguintes conceitos de manutenção
de capital:
O conceito de manutenção de capital está relacionado com a forma pela qual a entidade define o
capital que ela procura manter. Ele representa um elo entre os conceitos de capital e os conceitos
de lucro, pois fornece um ponto de referência para medição do lucro; é uma condição essencial
para distinção entre o retorno sobre o capital da entidade e a recuperação do capital; somente
os ingressos de ativos que excedam os montantes necessários para manutenção do capital
podem ser considerados como lucro e, portanto, como retorno sobre o capital. Portanto, o lucro
77
CAPÍTULO 6 • Elementos das Demonstrações Contábeis
O conceito de manutenção do capital físico requer a adoção do custo corrente como base de
mensuração. O conceito de manutenção do capital financeiro, entretanto, não requer o uso de
uma base específica de mensuração. A escolha da base conforme esse conceito depende do tipo
de capital financeiro que a entidade está procurando manter.
De acordo com o conceito de manutenção do capital financeiro, por meio do qual o capital
é definido em termos de unidades monetárias nominais, o lucro representa o aumento do
capital monetário nominal ao longo do período. Assim, os aumentos nos preços de ativos
mantidos ao longo do período, convencionalmente designados como ganhos de estocagem,
são, conceitualmente, lucros. Entretanto, eles podem não ser reconhecidos como tais até que
os ativos sejam realizados mediante transação de troca. Quando o conceito de manutenção
do capital financeiro é definido em termos de unidades de poder aquisitivo constante, o lucro
representa o aumento no poder de compra investido ao longo do período. Assim, somente a
parcela do aumento nos preços dos ativos que exceder o aumento no nível geral de preços é
considerada como lucro. O restante do aumento é tratado como ajuste para manutenção do
capital e, consequentemente, como parte integrante do patrimônio líquido.
78
Elementos das Demonstrações Contábeis • CAPÍTULO 6
Teoria do proprietário
79
CAPÍTULO 6 • Elementos das Demonstrações Contábeis
Teoria da entidade
Parte do princípio de que a empresa tem vida distinta das atividades e interesses pessoais dos
proprietários. O lucro do período apenas será lucro pessoal para os acionistas se o valor de
mercado da ação reconhecê-lo ou incorporá-lo.
Requer o tratamento dos ganhos e lucros de negócio como lucro da entidade em si até que a
transferência para os participantes individuais tenha sido feita por uma declaração de dividendos.
Sendo a expressão algébrica como foco:
Teoria do fundo
Exemplo de aplicação dessa teoria são as prestações de contas de condomínios, que evidenciam
a origem de recursos (dos condôminos) e sua aplicação (funcionários, energia elétrica, e outros).
Teoria do comandante
O foco desta teoria é o controle econômico. Assim, a Contabilidade deve estar voltada para o
gestor. Alguns problemas desta teoria podem ser a forte influência que os gestores estariam na
Contabilidade, podendo provocar, assim, algum viés na informação contábil.
80
Elementos das Demonstrações Contábeis • CAPÍTULO 6
Teoria do empreendimento
A organização é vista como um ente social que exerce influência sobre vários setores da sociedade.
Considera que a Contabilidade deve estar voltada para outros usuários, como: empregados,
governo, entidades reguladoras e público em geral. Essa teoria tem sido utilizada para justificar a
publicação da demonstração do valor adicionado e do balanço social. Considera juros, dividendos
e salários como distribuição do resultado, impostos ao governo e lucros retidos na empresa.
(NIYAMA; SILVA, 2013).
Tem como foco a figura dos acionistas ordinários, isto é, aqueles que têm direito a voto. Pois, “os
acionistas ordinários seriam os donos do negócio e a informação contábil deve focar a decisão
destes acionistas e a previsão dos seus dividendos futuros.” (NIYAMA; SILVA, 2013). “Essa teoria
considera a ação ordinária como sendo o financiador de capital com mais elevado nível de risco.”
Dessa forma, os acionistas estariam classificados da seguinte forma:
“Uma variante dessa teoria é a que reflete o balanço consolidado, em que a participação dos
minoritários vai integrar o patrimônio líquido (que pertence ao controlador), sendo classificado
entre o exigível a longo prazo e o patrimônio líquido.” A equação seria:
Receitas
O termo Receita pode apresentar vários conceitos e significados diversos dentro do que se pode
definir ou conceituar uma palavra amplamente difundida na língua portuguesa e é de fácil
explicação no âmbito global dos seus significados.
Marion (2009) define receita como “O acréscimo de benefícios econômicos durante o período
contábil na forma de entrada de ativos ou decréscimos de exigibilidades e que redunda num
acréscimo do patrimônio líquido, outro que não o relacionado a ajustes de capital”.
De acordo, com o CPC 00, receita pode ser compreendida como todos os
81
CAPÍTULO 6 • Elementos das Demonstrações Contábeis
O referido CPC complementa afirmando que “as receitas englobam tanto as receitas propriamente
ditas como os ganhos”.
A receita surge no curso das atividades ordinárias das organizações e pode apresentar diversas
designações, como, por exemplo: Vendas de Mercadorias, Prestação de Serviços, Honorários,
Juros, Dividendos e Royalties.
Atenção
Ganhos representam outros itens que se enquadram na definição de receitas. Uma vantagem de considerar o
tratamento especial aos ganhos decorre do fato de que o usuário da informação contábil necessitaria saber qual o
resultado obtido pela entidade com suas atividades-fim.
De acordo com a Lei no 6.404/1976, a contabilização das vendas será realizada pelo valor bruto,
inclusive impostos, sendo que tais impostos e as devoluções e abatimentos deverão ser registrados
em contas devedoras específicas, as quais serão classificadas como contas redutoras das vendas.
São deduções das receitas de vendas: devoluções de vendas, abatimentos sobre vendas, descontos
incondicionais concedidos, impostos e contribuições sobre vendas ou prestação de serviços
(ICMS, ISS, PIS, Cofins etc.).
Critérios de reconhecimento
A receita é reconhecida quando pode ser medida em base confiável. Por estar associada ao
ativo, o seu reconhecimento ocorre simultâneo ao aumento do ativo ou à redução do passivo.
A receita só deve ser reconhecida quando for provável que os benefícios econômicos associados
à transação fluam para a entidade.
Por exemplo: a venda de uma mercadoria ou prestação de um serviço: somente após existir plenas
condições de reconhecimento do ativo é que a receita também será reconhecida. Portanto, como
se dá o reconhecimento da receita?
82
Elementos das Demonstrações Contábeis • CAPÍTULO 6
O processo de reconhecimento da receita está ligado à venda, entretanto, a venda não é o critério
de reconhecimento. Ela é o ponto de partida para o reconhecimento por satisfazer as condições
necessárias para isto: base confiável e grau suficiente de certeza. (NIYAMA, 2013, p. 213).
A receita proveniente da venda de bens deve ser reconhecida quando forem satisfeitas todas as
seguintes condições:
» for provável que o benefício econômico associado à transação fluirá para a entidade; e
Na maior parte dos casos, a transferência dos riscos e dos benefícios inerentes à propriedade
coincide com a transferência da titularidade legal ou da transferência da posse do ativo para o
comprador. Se a entidade retiver riscos significativos da propriedade, a transação não é uma
venda e a receita não pode ser reconhecida.
Exemplo: quando os bens expedidos estão sujeitos à instalação, sendo esta uma parte significativa
do contrato e ainda não tenha sido completada pela entidade.
83
CAPÍTULO 6 • Elementos das Demonstrações Contábeis
Mensuração da receita
A receita deve ser mensurada pelo valor justo da contraprestação recebida ou a receber.
Sendo o valor justo o preço que seria recebido pela venda de um ativo ou que seria pago pela
transferência de um passivo em uma transação ordenada entre participantes do mercado na
data de mensuração, conforme CPC 46 – Mensuração do Valor Justo. O montante da receita
proveniente de uma transação é geralmente estabelecido entre a entidade e o comprador ou
usuário do ativo: (-) quaisquer descontos comerciais e/ou bonificações concedidos pela entidade
ao comprador.
Por exemplo: uma empresa presta um serviço a prazo no valor de R$ 100,00. Suponha uma taxa
de juros de 10% ao mês e que o recebimento ocorrerá num período de dois meses. Tem-se:
A receita financeira seria, então, obtida pela diferença: R$ 100,00 – 79,00 = R$ 21,00.
Quando surgir incerteza acerca da realização de valor já incluído na receita, o valor incobrável deve
ser reconhecido como despesa, e não como ajuste (dedução) do valor da receita originalmente
reconhecida.
84
Elementos das Demonstrações Contábeis • CAPÍTULO 6
A entidade deve divulgar as políticas contábeis adotadas para o reconhecimento das receitas,
incluindo os métodos adotados para determinar o estágio de execução das transações que
envolvam a prestação de serviço; e o montante de cada categoria significativa de receita
reconhecida durante o período, incluindo as receitas provenientes de:
» venda de bens;
» prestação de serviços;
» juros;
» royalties;
» dividendos.
Despesa
Para o Financial Accounting Standards Board (FASB), organização sem fins lucrativos, criada para
padronizar os procedimentos da Contabilidade Financeira de empresas cotadas em bolsa e não
governamentais, conceitua despesas como as saídas ou outros usos de ativos ou ocorrências de
passivos (ou ambos) para a entrega ou produção de bens, a prestação de serviços, ou a execução
de outras atividades que representam as operações principais em andamento da entidade.
De acordo com o CPC 00, a despesa corresponde a decréscimos nos ativos ou acréscimos nos
passivos reconhecidos e medidos em conformidade com os princípios de contabilidade geralmente
aceitos, resultantes de diversos tipos de atividades e que possam alterar o patrimônio líquido;
Portanto, concluímos que a despesa é todo sacrifício, todo esforço da empresa para obter receitas,
refletindo no balanço uma redução no caixa – Ativo (quando pago à vista) ou mediante aumento
de uma dívida – Passivo (quando pago a prazo).
85
CAPÍTULO 6 • Elementos das Demonstrações Contábeis
Sintetizando
Despesas:
» Serviços.
A confrontação das Receitas com as Despesas diz que as Receitas realizadas no período devem
ser confrontadas, no mesmo período, com as Despesas que as geraram. Isto é, para apuração
do resultado de um período deverão ser consideradas as receitas realizadas, diminuídas das
despesas que foram sacrificadas para sua obtenção. O confronto entre Receitas e Despesas pode
apresentar os seguintes resultados:
Algumas despesas estão diretamente associadas à receita, enquanto outras estão menos, ou
melhor, nessas é mais difícil avaliar a forma que provocará a receita. O custo dos produtos
vendidos é um exemplo de despesas diretamente relacionadas à receita. É perceptível o gasto
de determinado valor na busca de uma receita.
Já as despesas de venda estão menos relacionadas à receita, pois se sabe que elas contribuirão
para uma receita, mas não se tem a previsão exata dessa receita.
Existem situações em que é difícil uma associação direta da despesa com a receita. Esse é o
caso de um ativo permanente como uma máquina que contribui para a geração de benefícios
econômicos durante um período de tempo, sendo a despesa com depreciação reconhecida nos
períodos de tempo em que os benefícios decorrentes do ativo são gerados. Segue exemplo para
melhor visualização:
86
Elementos das Demonstrações Contábeis • CAPÍTULO 6
Alocação
Exemplo:
sistemática e
depreciação
racional
Reconhecimento Exemplo:
Imediato perda
“Nunca se deve considerar uma ciência acabada, é preciso sempre buscar as verdades que se
escondem no infinito e inesgotável campo do conhecimento e que só encontramos através de
ingentes e perseverantes esforços, inclusive de ousadias intelectuais.”
Até mais!
Sintetizando
» Neste capítulo aprendemos sobre o conceito de Ativo, Passivo, Patrimônio Líquido, Receitas e Despesas.
87
Referências
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COELHO, Cláudio Ulysses Ferreira; LINS, Luiz dos Santos. Teoria da contabilidade: abordagem contextual, histórica
e gerencial. São Paulo: Atlas, 2010.
COMITÊ DE PRONUNCIAMENTOS CONTÁBEIS, CPC 00 (R1) – Estrutura Conceitual para Elaboração e Divulgação de
Relatório Contábil-Financeiro. Disponível em: <http://www.cpc.org.br/CPC/Documentos-Emitidos/Pronunciamentos/
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COMITÊ DE PRONUNCIAMENTOS CONTÁBEIS, CPC 01 (R1) – Redução ao Valor Recuperável de Ativos. Disponível
em: <http://www.cpc.org.br/CPC/Documentos-Emitidos/Pronunciamentos/Pronunciamento?Id=2>.
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89