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Aula 1 – Ontologia do Presente: a crise da

Modernidade.
ONTOLOGIA DO PRESENTE
Quem somos nós?

 A expressão “ontologia do presente” foi elaborada por


Michel Foucault (1926-1984), no ano de 1983:
finalidade?

 A ideia de Foucault era promover uma reflexão sobre


nossa época e seus desafios para contribuir com uma
inteligência crítica e não “cooptada e colonizada” que
não compreende o real.

Fonte: Pixabay
ONTOLOGIA DO PRESENTE

Quem somos nós?

A lição de anatomia do Dr. Tulp – Rembrandt

Possivelmente, você já ouviu falar que somos herdeiros


da Modernidade.
E deve ter pensado: o que é Modernidade?
O que significa dizer que somos herdeiros dessa fase da
história?

Fonte: https://www.historiadasartes.com/sala-dos-professores/a-licao-de-anatomia-
do-dr-tulp-rembrandt/
ONTOLOGIA DO PRESENTE

Quem somos nós?

A lição de anatomia do Dr. Tulp – Rembrandt

Quais os elementos caracterizadores desta etapa da


história humana?
 O conhecimento
 O universo
 A razão
 O trabalho
 O ser humano

Fonte: https://www.historiadasartes.com/sala-dos-professores/a-licao-de-anatomia-do-dr-tulp-
rembrandt/
ONTOLOGIA DO PRESENTE

Quem somos nós?

"Negres a fond de calle" ("Navio negreiro") de Johann


Moritz Rugendas, 1830

Será que a razão trazia, de fato, um poder


emancipatório para a humanidade?
Fez-se realmente lugar para todos? Ou apenas para
alguns?
Pode-se dizer que a Modernidade estava
transformando os interesses particulares de uma nova
classe em valores universais?

Fonte: https://www.brasildefato.com.br/2018/11/26/artigo-or-dos-navios-
negreiros-aos-navios-prisoes-a-escravidao-esta-logo-aqui
ONTOLOGIA DO PRESENTE

Um olhar crítico sobre as promessas da modernidade

O homem vitruviano, Louvre.

O Séc. XVII apresentou o que designamos por


Modernidade ou Período Moderno. Neste
conceito há a relação com o novo, com o
progresso da ciência, das artes, da literatura e
da filosofia – uma nova organização da
sociedade.

Imagem: Shutterstock
ONTOLOGIA DO PRESENTE

Um olhar crítico sobre as promessas da modernidade


Retrato de René Descartes, por Frans Hals
(1582-1666)

“Penso, logo existo” a frase proferida por René


Descartes (1596-1650) na obra Meditações sobre
Filosofia Primeira (1641) marcou a Filosofia
Moderna, porque colocou na centralidade do
conhecimento o ser pensante [sujeito].

Fonte: André Hatala [e.a.] (1997)/ Wikimedia


Commons
ONTOLOGIA DO PRESENTE

Um olhar crítico sobre as promessas da modernidade

“A liberdade guiando o povo”, pintura de Delacroix

Nesse momento histórico, a ciência estava se


desenvolvendo, oportunizando avanços inestimáveis.
A atmosfera intelectual dos séc. XVII e XVIII trazia,
portanto, o otimismo quanto aos avanços científicos e
que de algum modo mobilizavam a atenção para o
aperfeiçoamento real da humanidade com o
surgimento de ideias sobre igualdade e liberdade entre
os povos.
Fonte: https://www.historiadomundo.com.br/idade-moderna/revolucao-francesa.htm
ONTOLOGIA DO PRESENTE

Um olhar crítico sobre as promessas da modernidade

Negros acorrentados levando o jantar. Jean Baptiste Debret,


1820-30

Paradoxalmente, o século das Luzes exaltou o humano,


experimentou as revoluções burguesas [séculos XVII e
XVIII], reorganizou o mundo sob a lógica do liberalismo,
mas uma nova visão de mundo baseada no mercado, na
colonização, escravidão e europeização do mundo a partir
da construção de uma ordem simbólica cooptadora das
inteligências para compatibilizar interesses e legitimar
alguns projetos econômicos, prevaleceu.
Fonte: SCHWARCZ, 2015, 134a
ONTOLOGIA DO PRESENTE

Um olhar crítico sobre as promessas da modernidade

Negros acorrentados levando o jantar. Jean Baptiste Debret

Paradoxalmente, o século das Luzes exaltou o humano,


experimentou as revoluções burguesas [séculos XVII e XVIII],
reorganizou o mundo sob a lógica do liberalismo, mas uma
nova visão de mundo baseada no mercado, na colonização,
escravidão e europeização do mundo.

“O homem nasce livre, e por toda a parte encontra-se a


ferros”
( ROUSSEAU, 1978, p. 22).
Fonte: SCHWARCZ, 2015, 134a
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Um olhar crítico sobre as promessas da modernidade

Negros acorrentados levando o jantar. Jean Baptiste Debret

No séc. XIX, algumas teorias deterministas conhecidas como


“darwinismo racial”, visavam classificar a humanidade em
raças, criando, portanto, uma hierarquia em que seres
humanos eram organizados a partir de supostas capacidades
físicas, intelectuais e morais.

É claro, você já percebeu que homens brancos e europeus


foram colocados como “superiores” e os demais inferiores.

Fonte: SCHWARCZ, 2015, 134a


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Um olhar crítico sobre as promessas da modernidade

Minas de carvão no séc. XX

O séc. XIX experimentou um vertiginoso aumento


populacional que provocou excedente de mão-de-obra.
Este fenômeno foi importante para a consolidação do
novo modelo industrial que, paradoxalmente, utilizou
máquinas em tarefas anteriormente executadas por
homens, promovendo a precarização do trabalho em
condições subumanas (SCHWARCZ; STARLING, 2015;
Fonte: https://www.correiodopovo.com.br/podcasts/h%C3%A1-um-s%C3%A9culo-no-
cp/18-de-novembro-de-1919-minas-de-carv%C3%A3o-de-gravatahy-1.381027
HOBSBAWN, 1995).
ONTOLOGIA DO PRESENTE
A realidade

D. João VI, sob os arcos da Rua Direita (atual Primeiro


de Março), em frente à Rua do Ouvidor.

O Brasil teve uma trajetória muito peculiar a começar


por ser uma colônia que virou metrópole, com a fuga
da família Real para o país.
Os indígenas desde sempre foram perseguidos e
dizimados no litoral e no interior para tomada de suas
terras, bem como o sistema escravocrata vigente por
três séculos, marcadamente violento, deixou um
Fonte: Gravura de T. M. Hippolyte Taunay, 1817. Domínio público, Biblioteca Nacional
legado sinistro: a desigualdade social.
Digital
ONTOLOGIA DO PRESENTE

A desumanização

Estima-se que 5,85 milhões de africanos foram


compulsoriamente retirados de suas famílias para a
escravidão.

Nem todos sobreviviam nos navios negreiros, portanto


cerca de 10,7 milhões de capturados conseguiram
desembarcar e, deste montante, 4,8 milhões
chegaram ao Brasil, no séc. XIX, para escravidão
(SCHWARCZ, 2019, p. 22).
ONTOLOGIA DO PRESENTE

O lado sombrio do iluminismo

Se por um lado, a ciência estava trazendo avanços


importantes que salvaram bilhões de vidas, tais como:
a invenção da vacina no séc. XVIII, hábitos de higiene.

Nem todas as ideias estavam em sintonia com os


valores como igualdade e liberdade e desembocaram
em teorias raciais que comprometeram a ideia de
humanidade e repercutem, infelizmente, até nossos
dias.

Fonte: Livro “Sobre o Autoritarismo Brasileiro”


ONTOLOGIA DO PRESENTE
O lado sombrio do iluminismo

O modelo colonial brasileiro se constituiu por meio da


mão de obra escrava e de um sistema patriarcal que
não só excluía o escravo, ou o pobre (despossuído),
mas também a mulher que na ocasião exercia um
papel secundário e estratégico para os negócios por
meio do casamento.
Fonte: Livro “Sobre o Autoritarismo Brasileiro”

Um projeto que excluiu, desumanizou, impôs pseudos


verdades, cooptou inteligências para que seres
humanos pudessem ser coisificados até hoje.

Fonte: Biné Moraes/Jornal Extra


https://extra.globo.com/casos-de-policia/policia-deve-fazer-reproducao-
simulada-de-morte-por-linchamento-no-maranhao-16719198.html
ONTOLOGIA DO PRESENTE

O séc. XX e a era dos extremos

O séc. XX foi designado como era dos extremos porque


dois eventos importantes provocaram um fenômeno
estarrecedor: a banalização do mal (ARENDT, 2012),
ou seja, a normalização de atitudes nefastas
praticadas por pessoas comuns.
Banalização do mal em razão do espetáculo de
destruição promovido por duas guerras mundiais,
pela ascensão do nazismo, bem como várias guerras
Fonte: https://www.historiadomundo.com.br/idade-
localizadas que fragilizaram a população civil.
contemporanea/hiroshima-e-nagasaki-bombas-e-terror.htm
ONTOLOGIA DO PRESENTE

A emergência de jovens lideranças para um novo tempo do mundo

O Brasil experimentou um séc. XX marcado pela fome,


corrupção, seca, governos autoritários, que
simpatizaram com o fascismo e o nazismo, e, na
economia, subdesenvolvimento, mas a luta pela
construção da democracia se fortaleceu após o fim da
ditadura militar no ano de 1985 [período de ditadura
militar: de 1964 a 1985].

Fonte: opovo.com/ Folha de São Paulo


ONTOLOGIA DO PRESENTE

Desafios que se perpetuam

Povo Yanomami morre com malária, sem atendimento médico -


O Globo – 20/11/2021

O Brasil experimentou um séc. XX marcado pela fome,


corrupção, seca, governos autoritários, que simpatizaram
com o fascismo e o nazismo, e, na economia,
subdesenvolvimento, mas a luta pela construção da
democracia se fortaleceu após o fim da ditadura militar no
ano de 1985 [período de ditadura militar: de 1964 a 1985].

Fonte: Alexandro Pereira/Rede Amazônica


ONTOLOGIA DO PRESENTE

Desafios que se perpetuam:


“A floresta vale muito mais em pé do que no chão” ( Txai Suruí/ 2021)

Txai Suruí, povo Paiter Suruí/ Rondônia – abertura da COP26

Com um discurso de dois minutos na abertura da


COP26, a jovem indígena brasileira, Txai Suruí, atraiu
olhares de todo o mundo para a triste realidade do
genocídio indígena no Brasil do séc. XXI e a
emergência da crise climática que põe em risco a
humanidade.
Então, somos mesmo uma humanidade?

Fonte: https://exame.com/negocios/txai-surui-entrevista/
Obrigada!
Contato: clarabrum1@hotmail.com

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