Marisa Costa discute as transformações relacionadas à Crise da Modernidade que justificariam uma nova agenda de pesquisa para pesquisadores. Ela argumenta que a agenda anterior, pautada nos pressupostos da Ciência Moderna, está em crise devido aos questionamentos do Pós-Modernismo sobre a razão, o progresso e a objetividade. A nova agenda deve levar em conta a contingência do conhecimento e a necessidade de diálogo e ética na pesquisa.
Marisa Costa discute as transformações relacionadas à Crise da Modernidade que justificariam uma nova agenda de pesquisa para pesquisadores. Ela argumenta que a agenda anterior, pautada nos pressupostos da Ciência Moderna, está em crise devido aos questionamentos do Pós-Modernismo sobre a razão, o progresso e a objetividade. A nova agenda deve levar em conta a contingência do conhecimento e a necessidade de diálogo e ética na pesquisa.
Marisa Costa discute as transformações relacionadas à Crise da Modernidade que justificariam uma nova agenda de pesquisa para pesquisadores. Ela argumenta que a agenda anterior, pautada nos pressupostos da Ciência Moderna, está em crise devido aos questionamentos do Pós-Modernismo sobre a razão, o progresso e a objetividade. A nova agenda deve levar em conta a contingência do conhecimento e a necessidade de diálogo e ética na pesquisa.
◦A autora destaca que não se pode falar de caminhos investigativos de pesquisa de forma abstrata. ◦Reporta-se ao trabalho do seu bolsista de Iniciação Científica, Mauro Grün, sobre “Pesquisa e Contingência”. ◦Neste trabalho, o pesquisador relata que suas preconcepções sobre pesquisar foram abaladas e que sua maior certeza era que não tinha certeza aonde seu trabalho iria levar. ◦Grün relata que estava “parado diante de uma encruzilhada”, onde diversos caminhos (de pesquisa) se apresentavam como sendo possíveis. ◦Comenta o contato com seu objeto de estudo/pesquisa, “a escola”, onde havia um enorme espaço contingencial de dúvidas e incertezas. ◦Então, por que se eu já sabia que o acaso e a contingência tinham papel importante na pesquisa científica mesmo assim eu alimentava uma representação de ciência como certa e definitiva? ◦A contingência, as dúvidas, as incertezas são em geral desconsideradas em nossa representação de ciência, ainda muito atreladas à Ciência Moderna. Qual o argumento central da autora?
◦Marisa Costa nos fala de uma série de
mudanças e transformações relacionadas à Crise da Modernidade, que justificariam uma nova agenda de pesquisa para pesquisadores (as). ◦Uma nova agenda pautada pelos questionamentos e contestações da Ciência Moderna. A Modernidade ◦Os contornos da Modernidade teriam iniciado por volta do séc. XVI, se revelado com mais nitidez ao longo do XVII, com o Renascimento e se consolidado no séc. XVIII com o Iluminismo. ◦Nascia o mito do progresso e a obsessão pela novidade. ◦Ignorar a tradição para dedicar-se ao futuro, que seria sempre melhor do que o passado. ◦Convicções da Modernidade ◦A palavra moderno popularizada pelo filósofo, teórico político, escritor e compositor autodidata suíço Jean Jacques Rousseau (1712- 1778) ◦Expressa essa “moda” de distanciar-se do passado e de buscar o novo em direção ao futuro, que seria sempre melhor e mais perfeito que o passado. Convicções da Modernidade
◦René Descartes - (Meditações Metafísicas - séc.
XVII) penso logo existo – defendeu que a razão iluminaria o mundo, contra a religião e a superstição. ◦No Iluminismo – Século XVIII – A crença de que a razão produziria a liberdade, a justiça, a igualdade. ◦Na Ciência Moderna, os conhecimentos seriam traduzíveis em fórmulas físico-matemáticas, dotadas de objetividade. O real tornava-se matematizável e comprovável cientificamente. ◦O subjetivo deveria ser descartado. Convicções da Modernidade ◦ A Ciência Moderna como o único conhecimento válido, universal e verdadeiro. ◦ Esta nova concepção de Ciência foi desenvolvida pelo físico, matemático e astrônomo florentino Galileu Galilei (1564-1642) e pelo filósofo francês, físico e matemático René Descartes (1596-1650) Convicções da Modernidade
◦A crença na exclusividade da razão para
conhecer, suspeitando-se da fé e da intuição. ◦Aspiração de que os conhecimentos fossem dotados do máxima objetividade. ◦O real é comprovável experimentalmente, segundo métodos rigorosos. ◦. ◦Também a formulação do conceito de autonomia do filosofo alemão Immanuel Kant (1724-1804), em que o ser humano racional deixa de ser submisso e passa ser dono do seu próprio destino, autônomo e livre de tutelas exteriores. A Crise da Modernidade ou Crise de Paradigmas ◦No final do século XX, todo esse conjunto de certezas que constituíram os pilares da Ciência Moderna estaria entrando em crise. ◦Segundo o sociólogo português Boaventura de Sousa Santos (1989), uma Crise de Paradigma, um deslocamento do Paradigma da Ciência Moderna ou Iluminista para o Paradigma Pós-Moderno, ◦Esta Crise se caracteriza por um profundo abalo nas formas de entender e explicar o mundo e de boa parte das certezas edificadas ao longo da Modernidade. Crise da Modernidade ou Crise de Paradigmas
◦A Crise da Modernidade emerge desde
o final do século XIX e ao longo do século XXI, pós II Guerra Mundial (1945) pós “crise de 1989”, pós derrubada dos regimes socialistas e da queda do muro de Berlim. ◦Passa-se a suspeitar que o discurso da razão levou aos totalitarismos, ao nazismo, facismo, holocausto, aos campos de concentração e as bombas atômicas. Crise da Modernidade
◦A Crise da Modernidade emerge do
fracasso da modernidade em conseguir elevar os níveis de bem estar social por meio do uso da razão, da ciência e da tecnologia. Crise da Modernidade ◦A razão é denunciada como o principal agente da dominação. ◦Pensadores como os filósofos Friedrich Nietzsche (1844-1900), Michel Foucault (1926- 1994) e Jean François Lyotard (1924-1998) argumentaram que a Modernidade provocou não o progresso mas a dominação e a opressão. Lyotard, A condição Pós-Moderna, de 1979.
◦Simplificando ao extremo, considera-se
pós-moderna a incredulidade em relação aos metarrelatos" (Lyotard, 1979/2000, p. XVI). ◦Em vez da metanarrativa, da grande teoria que propõe um caminho único e uma explicação exclusiva, recorre-se ao advento de várias teorias e pequenos relatos descontínuos e circunstanciais. O Pós-Modernismo ◦Neste sentido, a Pós-Modernidade é um movimento que toma como referência a oposição aos pressupostos da Modernidade. ◦Questiona os pressupostos da Modernidade, as ideias de razão, ciência, progresso, que apesar de evidentes benefícios, levaram ao pesadelo de sociedades totalitárias, sistemas brutais de opressão e exploração que produziram sofrimento e infelicidade. Pós-Modernismo ◦ Coloca sob suspeita a ideia de um conhecimento universal e totalizante, capaz de englobar o caráter objetivo do mundo. Prefere o local e o contingente. ◦ Coloca sob suspeita as grandes narrativas, os grandes sistemas explicativos (positivismo, marxismo). ◦ De acordo com o sociólogo e filósofo polonês Zygmunt Bauman (1925-1917) estaríamos entrando na Era da fragmentação. O Pós-Modernismo ◦ O pós-modernismo também coloca em questão a ideia de progresso, que está no centro da concepção moderna de sociedade. ◦ Para o pós-modernismo, o progresso não é algo necessariamente desejável ou benigno. ◦ O avanço da ciência e da tecnologia, apesar dos evidentes benefícios, tem resultado em aspectos claramente indesejáveis, particularmente, a destruição do meio ambiente. Pós-Modernismo X Identidade ◦O pós-modernismo questiona o sujeito racional, unitário, centrado e autônomo da modernidade. ◦O sujeito pós-moderno é fragmentado e dividido. Para o pós-modernismo, o sujeito não possui nenhuma propriedade essencial, originária, intrínseca. ◦O sujeito é resultado de um processo de produção cultural, social e histórico. Pós- Modernismo X Identidade ◦A identidade do sujeito pós-moderno torna-se móvel, continuamente transformada, em relação às várias posições identitárias que assumimos em diferentes momentos de nossas vidas. ◦Esse deslocamento advém da erosão da identidade única da classe social e da emergência de novas identidades relacionadas aos novos movimentos sociais e às Políticas de Identidade. ◦Não é difícil verificar que a cena social e cultural contemporânea apresenta muitas das características que são descritas na literatura pós-moderna: ◦A fragmentação, os hibridismos, as múltiplas identidades. ◦Um cenário de incertezas, em termos políticos, culturais e epistemológicos. ◦Daí a necessidade de uma nova agenda de pesquisa. O Pós-Modernismo
◦Abandona-se a ênfase na verdade, para
destacar o processo pelo qual determinadas representações são transformadas em verdade. ◦Questiona o conhecimento europeu como sendo o lugar privilegiado a partir do qual se inventam e nomeiam as “outras” culturas. Portanto, faz a crítica do eurocentrismo. A agenda para Pesquisadores (as) no século XXI ◦Para Marisa Vorraber Costa, todas estas mudanças, deslocamentos apontam para a necessidade de uma nova agenda para a pesquisa, mesmo que provisória. ◦Registra que a agenda é provisória, e que a ordem que adotou é aleatória e não tem nenhum sentido hierárquico. Uma agenda para Jovens Pesquisadores (as) no século XXI ◦Primeiro ponto - Pesquisar é uma aventura seja um bom detetive, esteja atento as pistas, aos rastros, aos detalhes, as intuições. ◦Segundo ponto - Abdicar a pretensão de formular verdades objetivas e aceitar a provisoriedade do conhecimento. ◦Não ter a pretensão de contar a verdade total e definitiva sobre seu tema. Resultados de pesquisa são parciais e provisórios. ◦Terceiro ponto - Pesquisar é problematizar fontes, dados empíricos, artefatos culturais, interrogá-las através da teoria, uma forma de transformar um tema geral de pesquisa em um objeto próprio de investigação. ◦Quarto ponto- Não pretenda retratar a “realidade objetiva”, mas interpretar as diferentes narrativas sobre a realidade. ◦Quinto ponto - O novo nem sempre é melhor que o velho. Desconfie da narrativa do progresso linear inventada pela modernidade, da noção de que a história da humanidade é a história do progresso. ◦Sexto ponto – Evite o dogmatismo científico ou filosófico, dialogue, ponha suas ideais em discussão. ◦Sétimo ponto - A neutralidade da pesquisa é uma quimera. A produção do conhecimento é sempre situada e está sempre a serviço de interesses. ◦Oitavo ponto - Ciência e ética devem ser indissociáveis, lembre-se de que não se pode fazer qualquer coisa em nome da ciência. Descuidar-se disso é colocar em risco o planeta e os seres que o habitam. (bomba atômica, experimentos com seres humanos vivos da indústria farmacêutica). ◦Nono ponto - Pesquisa é uma atividade que exige reflexão, rigor, ousadia, dedicação, persistência requisitos de quem se dedica a pesquisa. ◦Décimo ponto - Pesquisar é uma tarefa social, divulgue sua pesquisa e procure conhecer as dos outros e quando possível devolver seus resulatados ◦ A investigação científica é sobretudo um trabalho coletivo. Neste sentido, de que forma o meu estudo contribuirá para o desenvolvimento social e para o conhecimento acadêmico sobre determinado tema? ◦Décimo primeiro ponto - Não transforme seu saber em autoridade, lembre-se de que o que produzimos são verdades incompletas, provisórias, sempre em aberto. ◦Décimo segundo ponto – Seja um pesquisador engajado, a pesquisa é uma prática social e deve dialogar com o mundo. Pesquisa na perspectiva dos Estudos Culturais • Nesta perspectiva é fundamental reconhecer que enfrentamos um questionamento radical das concepções de produção do conhecimento, no sentido de superar uma visão da ciência iluminista em que o rigor é assegurado por supostos atributos de neutralidade e objetividade. • Portanto, não importa o método que utilizamos para chegar ao conhecimento; • o que de fato faz diferença são as interrogações que podem ser formuladas na pesquisa articuladas às relações de poder. • Portanto, é preciso desconfiar das máximas que levaram a crença em uma racionalidade infalível e na existência de verdades transcendentais. • Neste sentido, não existe “um caminho certo”, uma “prescrição infalível”, cada pesquisador inventará seu próprio caminho.