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Livro: LÖWY, Michael [1985]. As aventuras de Karl Marx contra o Barão de Münchhausen:
marxismo e positivismo na sociologia do conhecimento. trad. Juarez Guimarães e Suzanne Felicie
Léwy. 7. ed. São Paulo: Cortez, 2000.
Pré-análise:
Venho percebendo que a história das ciências naturais e sociais passa, além de tantos outros
acidentes e atravessamentos, por um caminho de ganho de humildade. Parte-se do “EU tenho A
SOLUÇÃO para encontrar A VERDADE” para discursos mais moderados, que contestam a verdade
única e universal, e segue em abertura. Isso provavelmente se relaciona a ter muito mais pessoas
fazendo ciência, caminhando nas vias do empirismo, do racionalismo, do racionalismo crítico, do
positivismo, marxismo, teorias pós-críticas e decoloniais etc… Além da popularização da ciência,
das vias do conhecimento etc, que era não só elitista, mas bastante restrito (para poucOs).
INTRODUÇÃO
Na introdução, faz um apanhado do termo Ideologia, termo em 1801 cunhado por Destutt de Tracy,
em uma acepção liberal, buscando estabelecer teoria do indivíduo, política e sociedade. At+e Marx
retomar o termo, em 1846, ficou associado a uma visão fora da realidade. Segundo Marx, ideologia
é uma falsa consciência, que atende aos interesses de classe. Ideias ilusórias sobre a realidade. (“luta
ideológica”, “ideologia revolucionária”, “formação ideológica” etc.). Para Mannheim (leninista):
“Ideologia designa, nesta acepção, os sistemas de representação que se orientam na direção da
estabilização e da reprodução da ordem vigente — em oposição ao conceito de utopia, que
define as representações, aspirações e imagens-de-desejo que se orientam na direção da ruptura da
ordem estabelecida e que exercem uma função subversiva. Em comum, ambos apresentam a
busca de um MODELO DE OBJETIVIDADE CIENTÍFICA, dos “fatos” e da “realidade”
(POSITIVISMO, HISTORICISMO E MARXISMO). O livro busca a relação das visões sociais de
mundo (ideológicas ou utópicas) e conhecimento.
1 S. Simon, “De Ia physiologie sociale appliquée à ram élioration des institutions sociales” apud Löwy, 1985.
conhecimento social dos “interesses e paixões” das classes dominantes. Escapa a eles a
autocrítica, perceber que também estavam submetidos a interesses sociais – “Fé ingenua do
pensador iluminista”. S. Simon é o primeiro a nomear, empregar o termo positivo.
Logo após Comte (séc. XIX), o positivismo adquire a ideologia conservadora identificada
com a ordem estabelecida (industrial/burguesa). Conservador não no sentido de restaurar o
absolutismo, mas de instaurar uma Nova Ordem, a Industrial. Contendo o PROGRESSO. Apesar
de ter sido discípulo de Condorcet e de S. Simon, Comte alega que seu discurso carregava carga
crítica e “negativa” que seria ultrapassada e perigosa. Nesse momento, é possível refletir sobre
quem chama o Feminismo, o antirracismo, algumas abordagens pedagógicas etc., de muito radicais,
talvez por sua alta carga crítica do status quo e de valores/verdades confortáveis (Elika Takimoto).
Comte, por exemplo, refere-se a Preconceitos Revolucionários de Condorcet, que o impediriam de
ver leis sociológicas. Apropriação do termo “preconceito”, que estava no âmbito crítico, assim
como no termo “ideologia de gênero”.
FÍSICA SOCIAL sujeita a leis naturais invariáveis. – “Boa vontade” do
pesquisadorPortanto, há o Axioma da “homogeneidade epistemológica” entre as ciências sociais e
as ciências naturais. Agora, se a lei é natural (necessária, inevitável), bastaria aceitar, e não haveria
necessidade de respeitar e reforçar. Daí cabem duas citações sobre O caso da concentração do
capital.
O paradigma organicista, de cada órgão com sua função e cada estrato social com sua
função, também são bastante convenientes na manutenção da ordem capitalista. Cabe à educação
o papel de inculcar essa acomodação e a alocação do lugar da Revolução como um Milagre.
“a semente
do positivismo comtiano, sua pesquisa metodológica, estava destinada a tornar-se
— de maneira direta ou indireta, aberta ou
encoberta, substancial ou diluída, total ou parcial, reconhecida ou
não — um dos pilares da ciência universitária (ou institucional)
moderna, até hoje.” (p. 26).
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“sangue-frio e a serenidade, sem os quais não há sábios.”
Eurocentrismo: quem está numa situação de privilégio pode ser sereno todo o tempo. Modelo
eurocêntrico (homem branco hétero de elite) de discurso. Como se pode falar? Mansamente,
polidamente, sem paixões, sem afetações. Forma mais legítima de discurso, de falar.
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Durkheim e o papel da educação na acomodação social.
“a semente
do positivismo comtiano, sua pesquisa metodológica, estava destinada a tornar-se
— de maneira direta ou indireta, aberta ou
encoberta, substancial ou diluída, total ou parcial, reconhecida ou
não — um dos pilares da ciência universitária (ou institucional)
moderna, até hoje.” (p. 26).