Você está na página 1de 2

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM EDUCAÇÃO EM CIÊNCIAS E SAÚDE

(NUTES/UFRJ)

Disciplina: Teorias do Conhecimento Científico

Atividade da aula de 31 de outubro de 2023 – Positivismo e Marxismo

Parte II - Marxismo

Discentes: Chreiva Cabral, Elaine Santana e Élida Ribeiro.

6. Por que Marx compara as ideias positivistas do século XIX com as façanhas do Barão de
Munchhausen?
Trata-se de uma alegoria baseada na história do referido barão que teria conseguido se salvar
de um pântano no qual estava submergindo, junto com seu cavalo, por meio da “genial façanha” de
se puxar a si próprio pelos cabelos. Marx utiliza essa insólita história para estabelecer uma crítica ao
princípio positivista de que, por meio da “boa vontade” do pesquisador, seria possível despir-se dos
atravessamentos do meio no qual está inserido – incluindo valores, prenoções, preconceitos, classe
social etc. Segundo o autor, o marxismo foi a primeira corrente a colocar em questão os
condicionamentos históricos, sociais e a “‘desmascarar’ as ideologias de classe por detrás do
discurso pretensamente neutro e objetivo dos economistas e outros cientistas sociais.” (p. 99). Ao
considerar o pântano como sendo os condicionamentos sociais, culturais, de classe etc., não é
possível simplesmente retirar-se do pântano

7. O Marxismo é, de fato, ciência ou filosofia da práxis/ política? Fundamentar.


Especialmente a corrente historicista (Lukács, Korsch, Gramsci, Goldmann) postula a
possibilidade de conciliar a teoria marxista e a luta revolucionária, sendo assim considerada uma
filosofia da práxis. A teoria marxista, nesse sentido, coloca-se na direção da transformação da
realidade social, assumindo um viés político e sua ideologia de classe. Segundo Lukács, há uma
“relação dialética entre o sujeito e o objeto: o proletariado é ao mesmo tempo o sujeito e o objeto do
conhecimento e da história.” (p. 132). Já a vertente da escola de Frankfurt (Teoria Crítica) não
atenderia da mesma maneira essa conceituação, sendo considerada socialmente desenraizada e
abstrata (p. 167), inclusive defendendo que a teoria marxista alcançaria maior valor científico se
pudesse se despir das ideologias de classe. Ademais, outra vertente do marxismo, que o autor
relaciona com a Segunda Internacional, apresentam o marxismo como uma “‘ciência’ pura e
simples, livre de julgamentos de valor, não-ideológica (ou utópica) e sem vinculações de classe.” (p.
84) – ou seja, carrega em si uma dimensão positivista.
8. O materialismo dialético para os historicistas é transitório. O que levaria a essa
transitoriedade?
De acordo com o materialismo dialético do marxismo historicista, o marxismo pode ser considerado
transitório porque sua pertinência se relaciona com a existência da luta de classes, passando a ser
considerada obsoleta e desnecessária quando a desigualdades entre as classes sociais não mais
existirem. Existe uma disposição em aplicar o marxismo a si mesmo, levando em conta sua
historicidade da mesma maneira com que são históricos os fatos sociais. Para Rosa Luxemburgo, a
doutrina marxista nasce para ser superada: “Histórica até o fim, ela não pretende ter senão uma
validade limitada no tempo. Dialética até o final, ela carrega em si mesma o germe seguro de seu
próprio declínio”1 (p. 127).

Referências Bibliográficas

LÖWY, Michael [1985]. As aventuras de Karl Marx contra o Barão de Münchhausen:


marxismo e positivismo na sociologia do conhecimento. trad. Juarez Guimarães e Suzanne Felicie
Léwy. 7. ed. São Paulo: Cortez, 2000.

1 R. Luxemburg, “ Karl Marx”, 1903, Gesammelte Werke, 1/2, p. 337, apud LÖWY, 1985, p. 127.

Você também pode gostar