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UNIVERSIDADE FEDERAL DO
TRIÂNGULO MINEIRO
CURSO DE GRADUAÇÃO EM
HISTÓRIA
AVALIAÇÃO INDIVIDUAL
Teoria da História II
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“A importância dessas peculiaridades do marxismo se encontra no campo
da história, pois são elas que lhe permitem explicar – ao contrário de outros modelos
estruturais-funcionais de sociedade – por que e como as sociedades mudam e se
transformam: em outras palavras, os fatos da evolução humana”. (HOBSBAWAN,
2007, P. 161)
A consolidação da aposta de Marx na contradição pode ser vista na análise feita por
ele em “O 18 de Brumário de Luis Bonaparte”, no qual além de fornecer uma visão
importante da capacidade humana de transformar o meio:
“Os homens fazem a sua própria história; contudo, não a fazem de livre e espontânea
vontade, pois não são eles quem escolhem as circunstâncias sob as quais ela é feita,
mas estas lhes foram transmitidas assim como se encontram. A tradição de todas as
gerações passadas é como um pesadelo que comprime o cérebro dos vivos”.
(MARX, 2011, P. 25)
Sintetiza uma crítica à classe operária que cede a uma conciliação com a burguesia nos
movimentos revolucionários de 1848 e com isso, a revolução estava morta e o golpe
instaurado por Luis Bonaparte circunscrito, já que o novo não poderia se construir com a
conciliação, mas sim com as contradições que fermentam a revolução em busca de mudanças.
Outro ponto importante para a teoria é a relação de “base e superestrutura” na qual a
base representa a estrutura material, ou seja, as relações de força de trabalho e a superestrutura
representa uma estrutura espiritual na qual se pautam os aspectos das ideologias que regem as
relações internas e externas dos seres humanos. Estes dois aspectos se relacionam e se
determinam reciprocamente, dando proporção a vida em sociedade, impactando no constante
movimento e mudanças da sociedade.
Contudo, como adverte Hobsbawn, é necessário se atentar aos estudos teóricos sobre
Marx e dos estudos feitos pela herança marxista, pois há um movimento que ele denomina
como marxismo vulgar, no qual certos conceitos são simplificados e não aplicados de maneira
coerente. Além disso, alguns teóricos unem concepções contemporâneas à teoria e acabam
por assimilar à Marx conceitos não postos por ele ou por equivocar-se ao dizer que ele foi o
responsável pela criação de conceitos como o da “luta de classes”. Apesar de apostar na
contradição e admitir a existência desse conceito, Marx não o cria, apenas o engloba no
tocante interdisciplinar de sua teoria.
A principal característica dessa vulgarização é atribuir apenas um caráter econômico à
teoria, em alguns casos nomeando-a como “Determinismo Econômico”. Essa linha de
pensamento presume que a base determina a superestrura, o que nas relações estabelecidas no
meio social representaria-se apenas no campo da economia, não considerando as proposições
filosóficas e políticas da teoria. Desse modo, não é considerado a contribuição total de Marx e
Engels para o campo da história, dando um viés simplista as ideias por eles formuladas.
Em suma, o Materialismo Histórico e Dialético é uma teoria crucial que trouxe muitas
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contribuições para o campo histórico, mas deve ser compreendida dentro de suas devidas
proporções, considerando o período em que foi formulada. Hobsbawn, faz uma defesa dessa
importância no texto “O que os historiadores devem a Karl Marx?” – um capítulo da obra
“Sobre História”. Seu argumento central está na argumentação de que o valor principal de
Marx para os historiadores hoje reside em suas proposições sobre a história, enquanto
distintas de suas proposições sobre a sociedade em geral (HOBSBAWN, 2007, P. 160).
Portanto, é necessário compreender o que Marx e Engels propõe em relação à evolução das
relações humanas no tempo, afim de evitar vulgarizações.
BIBLIOGRAFIA
BLOCH, Marc. Apologia da História ou o Ofício do historiador. Rio de Janeiro: ed.Zahar,
2001.
HOBSBAWM, E. O que os historiadores devem a Karl Marx? In. HOBSBAWM, E. Sobre
história. Ensaios. 2ª ed. São Paulo: Companhia das Letras, 2007, p. 155-170.
MARX, Karl. O 18 de Brumário de Luís Bonaparte. São Paulo: Boitempo, 2011.