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Enerstino José
Muanacha Mesquita
Universidade Rovuma
Nampula
2021
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Enerstino José
Muanacha Mesquita
Universidade Rovuma
Nampula
2021
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Índice
1. Introdução.................................................................................................................................4
1.3. Metodologia..........................................................................................................................4
2. Contextualização......................................................................................................................5
3. PATRIMÓNIO GEOLÓGICO.................................................................................................6
3.1. Geodiversidade..................................................................................................................6
3.2. Geossítio............................................................................................................................7
3.3. Geoconservação................................................................................................................7
5. Conclusão..............................................................................................................................15
6. Referências Bibliográficas.....................................................................................................16
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1. Introdução
As questões relacionadas com a conservação do patrimônio geológico ou geoconservação são
muito recentes, tendo despontado somente na década de 80 do século XX na Europa. A temática
da geoconservação está fundamentada na elaboração e implementação de estratégias de
conservação do patrimônio geológico a partir da utilização de metodologias de trabalho que
visam à sistematização de ações de inventariação, avaliação, conservação, valorização,
divulgação e monitoramento do patrimônio geológico de uma determinada área, seja um país,
estado, área protegida, etc. (Brilha, 2005). Apesar da geoconservação revelar cada vez mais a sua
importância na manutenção do equilíbrio do meio ambiente, no suporte para os aspectos
biológicos, culturais e históricos e no valor que apresenta como fonte de informação sobre a
história geológica da Terra, o seu reconhecimento ainda é escasso. Para que esta situação se
inverta, depende dos geoconservacionistas informar a sociedade, as comunidades científicas
ligadas às Ciências da Terra, as organizações de conservação da natureza, os políticos e o público
em geral, na tentativa de alcançar o seu reconhecimento e apoio nesta longa e árdua tarefa de
identificar e caracterizar os elementos mais representativos da geodiversidade na evolução
geológica da Terra tendo em vista sua conservação.
1.3. Metodologia
Para concretizar os objetivos traçados neste trabalho, recorremos ao método bibliográfico e
hermenêutico, o primeiro método baseado na consulta bibliográfica, e o segundo cinge-se na
interpretação das informações consultadas.
2. Contextualização
Moçambique é caracterizado pela ocorrência de uma grande diversidadegeológica
(geodiversidade), da qual fazem parte locais geológicos com carácter excepcional do ponto de
vista científico, didáctico, turístico, etc., denominados por geossítios. Devido à cada vez maior
procura de recursos naturais para serem utilizados como matéria-prima, relacionada com o
crescente desenvolvimento económico mundial, a integridade da geodiversidade está cada vez
mais ameaçada. Por isso, torna-se necessário criar mecanismos que assegurem a protecção e
preservação de locais da geodiversidade considerados excepcionais, para que neles possam ser
realizadas actividades científicas, pedagógicas, turísticas e para que as futuras gerações também
possam usufruir deles.
Segundo Dingwall (2000) os elementos geológicos vêm sendo resguardados nas Áreas
Protegidas de todo o mundo, contudo, com raras exceções, o são de forma ocasional entre os
valores biológicos, estéticos e culturais, ao invés de serem protegidos pelo seu próprio valor
científico. Aquele autor considera que a proteção destes elementos geológicos é, na verdade,
fruto de uma eventualidade e não de uma estratégia concreta de geoconservação.
De acordo com a definição da Royal Society for Nature Conservation a geodiversidade
compreende a variedade de ambientes geológicos, fenômenos e processos ativos que dão origem
a paisagens, rochas, minerais, fósseis, solos e outros depósitos superficiais que são o suporte para
a vida na Terra (Brilha, 2005).
Infelizmente, ao observar o ambiente que nos rodeia, nota-se que a geodiversidade está cada vez
mais sujeita à destruição, não só por causas naturais de deterioração, como também em resultado
de atividades humanas. A geodiversidade, hoje, encontra-se ameaçada em diferente escalas e em
intensidade distintas, quer seja pela exploração desordenada dos recursos geológicos; pelo
desenvolvimento de obras e estruturas; pela gestão desordenada de bacias hidrográficas; pela
erosão associada a desmatamento, reflorestamento e utilização de extensas áreas para agricultura;
pela atividade recreativa e turística desregrada; pela coleta de amostras geológicas para fins não
científicos; ou pela iliteracia cultural (Brilha, 2005).
Também é fato que todas estas alterações ou destruições da geodiversidade vêm alterando ainda a
vida social e econômica da sociedade humana, uma vez que esta sociedade se tornou, ao longo
dos anos, totalmente dependente dos recursos geológicos da Terra. Desta forma, Brilha (2005)
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3. PATRIMÓNIO GEOLÓGICO
O património geológico é o conjunto de geossítios inventariados e caracterizados numa
determinada área ou região (Brilha, 2005). O património geológico é constituído pelo conjunto de
ocorrências geológicas representativas de uma determinada região, que possuem reconhecido
valor científico, pedagógico, cultural, turístico ou outro.
O património geológico pode ser dividido em património paleontológico, mineralógico,
hidrogeológico, geomorfológico, petrológico, etc. Esta subdivisão do património geológico é
feita de acordo com o conjunto de elementos geológicos que este património engloba. O
património paleontológico, por exemplo, é o património geológico que é constituído pelo
conjunto de geossítios de interesse paleontológico excepcional, inventariados e caracterizados
numa determinada área.
Os termos património paleontológico, património mineralógico, etc., deverão restringir-se apenas
a especialistas da área. Para o público em geral deverá usar-se o termo património geológico, por
questões de simplificação e também para evitar a proliferação de terminologias técnicas que em
nada ajudam a despertar o interesse do público por assuntos ligados à geologia em geral e ao
património geológico em particular.
3.1. Geodiversidade
O conceito “geodiversidade” começou a ser utilizado pelos geólogos nos anos noventa, para se
referirem à diversidade que ocorre dentro da natureza abiótica (Gray, 2004). Segundo este autor,
o termo “geodiversidade” foi utilizado em 1993 por C. Sharples, em estudos de conservação
geológica e geomorfológica na Austrália, sendo igualmente referido nas actas da Conferência de
Malvern sobre Conservação Geológica e Paisagística realizada no mesmo ano, no Reino Unido.
Numa abordagem simplista pode definir-se geodiversidade como sendo a diversidade na natureza
não viva, assim como a biodiversidade é a diversidade na natureza viva.
Gray (2004) apresenta a seguinte definição de geodiversidade:
“Geodiversity: the natural range (diversity) of geological (rocks, minerals, fossils),
geomorphological (land form, processes) and soil features. It includes their assemblages,
relationships, properties, interpretations and systems”.
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gestão sustentável do património geológico e dos processos naturais a ele associados denominam-
se por geoconservação (Brilha, 2005).
Conservar todos os geossítios é uma tarefa bastante complicada. Para que se conserve um
geossítio, os valores ou atributos por este apresentados devem estar acima da média. Assim, num
conjunto de geossítios de uma determinada área, a prioridade para o desenvolvimento de acções
visando a conservação será dada aos geossítios que apresentam atributos adicionais que os
tornam preferíveis relativamente aos outros (melhores condições de observação, facilidade de
acesso, extensão, etc.).
3.3.1. Estratégias de geoconservação
3.3.1.1. Inventariação e Avaliação
A inventariação consiste no levantamento e registo sistemático de geossítios que ocorrem numa
determinada área, após um reconhecimento geral prévio da área. Durante o processo de
inventariação, apenas é feito o levantamento daqueles sítios que apresentam características
geológicas que os evidenciam relativamente aos outros sítios. É fundamental a recolha
pormenorizada de informação, eventualmente com recurso a registo em ficha de
inventariação/caracterização, adaptada em função dos objectivos específicos e às características
de cada região. (CUMBE,2007 apud BRILHA, 2005).
A avaliação, denominada por quantificação por Brilha (2005), é a etapa posterior ao
levantamento e caracterização dos geossítios. No entanto, esta também poderá ser realizada
durante a fase de inventariação. A avaliação consiste no cálculo do valor que cada geossítio
possui, de acordo com critérios tais como, por exemplo, integridade (se o objecto está ou não
completo), representatividade (até que ponto o geossítio é representativo da geologia de uma
determinada região), raridade (número de ocorrências semelhantes no espaço em referência),
condição de observação (até que ponto o geossítio é fácil de observar), acessibilidade (se o local é
de fácil acesso), vulnerabilidade (facilidade de destruição), valor estético, valor social/económico
e valor cultural/histórico (Brilha, 2005).
A avaliação orienta a escolha dos geossítios para os quais as acções visando a sua conservação
serão prioritárias. Os geossítios seleccionados passam depois para as etapas subsequentes de uma
estratégia de geoconservação (classificação, conservação, valorização, divulgação e
monitorização).
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3.3.1.2. Classificação
A classificação é a etapa posterior à inventariação, caracterização e avaliação numa estratégia de
geoconservação e visa dotar o património geológico de um estatuto legal para a sua protecção e
gestão. Os procedimentos a seguir com vista a classificação do património geológico dependem
da legislação em uso em cada país. Em Moçambique, a Lei que regula o processo de declaração e
criação de novos monumentos culturais e naturais (onde se pode enquadrar o património
geológico) é a Lei de Protecção Cultural No. 10/88 de 22 de Dezembro.
Portanto, podem propor à classificação as seguintes entidades e instituições (Fernando &
Sigaúque, 2007):
a) Órgãos do Estado a vários níveis;
b) Órgãos autárquicos;
c) Pessoas singulares ou colectivas.
A proposta de classificação deve ser devidamente fundamentada do ponto de vista técnico e
canalizada ao Conselho Nacional do Património Cultural, que é o órgão que se pronuncia sobre
as propostas de classificação de património cultural e natural (Lei de Protecção Cultural No.
10/88 de 22 de Dezembro, Capitulo VIII, Artigo 19, número 1). Da proposta, devem constar
todos os aspectos relacionados com o geossítio nomeadamente: localização do geossítio,
caracterização científica, descrição do tipo de interesse, avaliação da vulnerabilidade e propostas
de estratégias de geoconservação (Brilha, 2005).
A classificação ou anulação da classificação de bens do património cultural e natural compete ao
Conselho de Ministros (Lei de Protecção Cultural No. 10/88 de 22 de Dezembro, Capitulo IV,
Artigo 7, numero 1).
3.3.1.3. Conservação
Numa estratégia de geoconservação, a conservação é a etapa posterior à classificação, embora a
ausência de classificação não impeça que se proceda a conservação dos geossítios. O objectivo
principal da conservação deverá ser o de assegurar a integridade física do geossítio, permitindo
que ao mesmo tempo, o público possa ter acesso ao mesmo (Brilha, 2005).
Para cada geossítio, deve proceder-se a avaliação da vulnerabilidade de degradação ou perda face
a factores naturais e/ou antrópicos, para que em função desta e da sua relevância, seja definida a
estratégia a seguir. Como não é possível conservar todos os geossítios devido a limitações
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5. Conclusão
Moçambique é caracterizado pela ocorrência de uma grande diversidade geológica, da qual fazem
parte alguns sítios geológicos de carácter excepcional (geossítios), mas que no entanto ainda não
estão inventariados e valorizados.
Como etapa inicial, estes geossítios devem ser inventariados e caracterizados de modo a definir-
se um programa concreto que vise a sua conservação e utilização em actividades didácticas,
científicas e geoturismo.
O património geológico está relacionado com a conservação da geodiversidade, enquanto o
património geomineiro está relacionado com a exploração mineira desta mesma geodiversidade.
No entanto, o património geomineiro pode ser aproveitado para enriquecer o património
geológico devido ao seu valor turístico/cultural.
As colecções de minerais, rochas e fósseis que ocorrem nos museus também não podem ser
consideradas como sendo património geológico, pelo facto de estes materiais já não se
encontrarem no seu contexto geológico natural. Apesar disso, estes podem ter um valor
patrimonial devido a sua raridade, singularidade e elevado valor científico, educacional, estético.
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6. Referências Bibliográficas
Brilha, J. Património geológico e geoconservação: A conservação da natureza na sua vertente
geológica. Palimage Editores, Braga, 2005. 190 p.
CUMBE, Â. N. F. O Património Geológico de Moçambique: Proposta de Metodologia de
Inventariação, Caracterização e Avaliação. Dissertação de Mestrado em Património Geológico
e Geoconservação. Universidade do Minho. Braga, 2007, 273 p.
DINGWALL, P.R. Legislación y convenios internacionales: la integración del Patrimonio
Geológico en las políticas de conservación del medio natural. 2000.
Fernando, M. E. & Sigaúque, J. (2007). Normas elementares para a Conservação, Classificação e
Valorização de Monumentos, Conjuntos e Sítios – produzido para capacitação de técnicos a
diferentes níveis (relatório inédito), Maputo.
Gray, M. Geodiversity: Valuing and conserving abiotic nature. England, John Wiley & Sons Ltd.,
Chichester, 2004, 434 p.
Laumanns, M., Ruggieri, R., Germano, A., Galletti, I., Gebauer, H. D., Germano, A. (1999).
Relatório - Projecto espeleológico europeu “Cheringoma 1998” (relatório inédito), 85 p.
Panizza, M. & Piacente, S. (1993). Geomorphological assets evaluation. Zeitschr. Für
geomorphologie N.F, 87, 13-18.