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UNIVERSIDADE ZAMBEZE

FACULDADE DE ENGENHARIA AMBIENTAL E DOS RECURSOS NATURAIS

CURSO DE: GESTÃO E PLANEAMENTO AMBIENTAL

TEMA: GESTÃO DE PATRIMÓNIO E SUA INFLUÊNCIA NO DESENVOLVIMENTO

SÓCIO-ECONÓMICO E AMBIENTAL NA PROVÍNCIA DE MANICA

Discente: Docente:

Tânia da Otília Jorge MSc. Manuel da Costa Massamba Jeque

CHIMOIO
2020
GESTÃO DO PATRIMÓNIO NATURAL E CULTURAL

ÍNDICE Pág.
I. INTRODUÇÃO........................................................................................................................1

1.1. Justificativa.......................................................................................................................3

1.2. Objectivos.........................................................................................................................4

1.2.1. Geral..........................................................................................................................4

1.2.2. Específicos.................................................................................................................5

II. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA.................................................................................................5

2.1. Património.........................................................................................................................5

2.1.1. A importância do património.....................................................................................6

2.1.2. Salvaguarda do património........................................................................................8

2.2. Instituições encarregadas da gestão e da salvaguarda do património em Moçambique...8

2.3. Gestão do património cultural e natural da província de Manica...................................11

2.4. Influência do património no desenvolvimento sócio-económico e ambiental na


província de Manica...................................................................................................................14

III. CONCLUSÃO....................................................................................................................15

IV. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS...............................................................................16

ANEXOS.......................................................................................................................................17

Tânia da Otília Jorge 1


GESTÃO DO PATRIMÓNIO NATURAL E CULTURAL

I. INTRODUÇÃO

A conservação do património natural e cultural tem constado do cerne das discussões nas
atuais agendas oficiais das políticas de gestão ambiental dos governos e dos estudos científicos
dos institutos de pesquisas, meio académico e movimentos sócio ambientais mundiais. Dada a
magnitude alcançada pelo desenvolvimento económico em âmbito global, essa preocupação se
ampliou em decorrência dos impactos causados no meio ambiente pelo modelo de
desenvolvimento vigente. O património ambiental legado à humanidade é o resultado da
acumulação conjunta dos processos naturais e culturais construídos ao longo do tempo pelas
forças da natureza e pela existência humana sobre a face do planeta (COELHO, 2001).

A implementação do modelo de desenvolvimento económico e humano em processo tem


alertado a comunidade internacional para o problema da protecção do património ambiental,
tendo em vista a contínua redução da integridade dos processos naturais e a perda da integridade
e autenticidade dos processos culturais. Nas últimas décadas, as pressões do crescimento
económico e as demandas sociais do bem-estar humano pelo uso desmedido dos recursos
naturais elevaram a preocupação com a conservação ambiental, sobretudo em relação ao
património vivo (COELHO, 2001).

De acordo com DUARTE (1992) o foco de interesse tem-se voltado para os bens mais
vulneráveis, os frágeis e ameaçados processos naturais, bem como os bens culturais singulares,
representativos da diversidade de expressões, formas e modos de vida humanos. Por sua
peculiaridade, o património natural é cada vez mais reconhecido por valores híbridos relativos às
características físico-biológicas e às expressões humanas que em si armazenou ao longo da
história da Terra.

Em resposta a esse contexto, há uma grande mobilização em nível mundial quanto à


valorização e ao reconhecimento dos bens naturais e culturais, verificada na prática com a
ampliação do número de inscrições de bens patrimoniais da Lista do Património Mundial da
UNESCO. Nesse sentido, os organismos gestores dos sistemas de conservação do património
mundial aprofundaram a discussão e vem se debruçando sobre o desenvolvimento de
mecanismos operacionais voltados para o monitoramento da conservação desses bens
(UNESCO, 1976).

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I.1. Justificativa

No continente africano a gestão do património muitas vezes é orientada pelas


necessidades do dia-a-dia (uso e práticas) das comunidades e legitimado pelos direitos históricos
de uso e aproveitamento dos recursos naturais e culturais existentes e disponíveis localmente
(JOPELA, 2006).

Moçambique possui um vasto leque de património. Muitos deles em bom estado de


conservação e outros não, e continuam a ser identificados muitos locais e sítios dentro das
fronteiras nacionais. Entretanto é necessário procurar saídas urgentes para preservar o que já
existe, bem como torná-los cada vez mais atractivos e contribuam para o desenvolvimento
socioeconómico da província como é o caso do património cabeça do velho na província de
Manica que esta a saque de gente que procura pedra para construção civil, sofre com queimadas
descontroladas, motivadas pela caça de ratos nas encostas, e que tem dizimado milhares de
pequenas espécies. E foi nesse sentido que escolhi esta província para fazer a presente pesquisa.

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I.2. Objectivos

I.2.1. Geral

 Analisar a gestão de património e sua influência no desenvolvimento sócio-económico e


ambiental na província de Manica.

I.2.2. Específicos

 Descrever património;
 Caracterizar a gestão património cultural natural na província de Manica;
 Indicar a influência do património no desenvolvimento socioeconómico e ambiental.

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II. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

II.1. Património

A complexidade que envolve esse termo leva a abranger todas as definições sobre o
património cultural e natural. Segundo a Organização das Nações Unidas para a Educação, a
Ciência e a Cultura (INSTITUTO DO PATRIMÔNIO HISTÓRICO, ARTÍSTICO NACIONAL
(IPHAN) 2004) património cultural são:

 Os monumentos: obras arquitectónicas, de escultura, ou de pintura monumentais, elementos


ou estruturas de natureza arqueológica, inscrições, cavernas e grupos de elementos que
tenham um valor universal excepcional do ponto de vista da história, da arte ou da ciência;
 Os conjuntos: grupos de construções isoladas ou reunidas que, em virtude de sua
arquitectura, unidade ou integração na paisagem, tenham um valor universal excepcional do
ponto de vista da história, da arte ou da ciência;
 Os sítios: obras do homem ou obras conjugadas do homem e da natureza, bem como as áreas
que incluam sítios arqueológicos, de valor universal excepcional do ponto de vista histórico,
estético, etnológico ou antropológico.

A UNESCO (1972 apud IPHAN, 2004) ressalta que constituem o património natural:

 Os monumentos naturais constituídos por formações físicas e biológicas ou por grupos de tais
formações, que tenham valor universal excepcional do ponto de vista estético ou científico;
 As formações geológicas e fisiográficas e as zonas nitidamente delimitadas que constituam o
habitat de espécies animais e vegetais ameaçadas e que tenham valor universal excepcional do
ponto de vista da ciência ou da conservação;
 Os sítios naturais ou as zonas naturais estritamente delimitadas, que tenham valor universal
excepcional do ponto de vista da ciência, da conservação ou da beleza natural.

Portanto, património compreende: património cultural (material e imaterial) e património


natural. Por sua vez, o património cultural é constituído pelas expressões imateriais da sociedade
(canto, folclore, religião, entre outros), as manifestações materiais: escultura, pintura, cidades
históricas, centros históricos, bairros históricos, sítios rurais históricos, edificações
representativas, entre outros; representativos para a ciência, a história, a arte, a identidade.

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II.1.1. A importância do património

O património abriga as categorias históricas, sociais, administrativas, urbanas,


arquitectónicas, económicas e ambientais, imprescindíveis à ciência, à história, à arte e ao
habitat. E se tratando do património natural, as categorias administrativas, históricas e
ambientais tornam-se relevantes. Pela categoria administrativa, a protecção deve começar com a
delimitação do perímetro de tombamento e pela legislação específica. Sua preservação permite à
ciência a realização de pesquisas sobre as formações físicas e biológicas, necessárias para a
história, a ciência, bem como para a preservação do meio ambiente. A importância da
preservação do património natural está no propósito de preservar-se o equilíbrio do ecossistema,
relevante para o habitat da humanidade (DUARTE, 1992).

Segundo o mesmo autor o património cultural edificado, mais especificamente o centro


histórico, remete fundamentalmente às categorias administrativa, histórica, urbana,
arquitectónica, social, económica e ambiental:

 A categoria administrativa corresponde à legislação urbana e arquitectónica específica para a


área delimitada.
 Entende-se histórico como tudo aquilo que expressa relevância na vida social e cultural de
uma comunidade, e não somente, os fragmentos mais antigos ou aqueles vinculados a um
acontecimento “histórico”, mas também aqueles relacionados com o quotidiano.
 Pela categoria arquitectónica, o centro histórico apresenta as edificações dos diversos estilos
e períodos históricos através dos quais evoluiu a cidade. Além disso, a categoria do centro
histórico não está apenas representada na sua arquitectura, como também na estrutura urbana.
Podemos dizer que os centros históricos apresentam o traçado inicial da cidade e uma grande
concentração de edificações de valor histórico, arquitectónico e afectivo, e constituem um
conjunto urbano ainda preservado (SALCEDO, 2007).

Ainda em relação à categoria arquitectónica, os estilos e as tipologias das edificações


reconhecidas como património representam as formas de organização social, económica e
política de uma sociedade no contexto tempo/espacial, além de expressar as técnicas e materiais
utilizados no processo construtivo (SALCEDO, 2007).

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Em relação à categoria social do património cultural, a Resolução de São Domingos


(IPHAN, 2004) ressalta que os centros históricos devem assumir o compromisso social e a
política de residência, pois a salvação dos centros históricos é um compromisso social além de
cultural e deve fazer parte da política de residência, para que nela se levem em conta os recursos
potenciais que tais centros possam oferecer. Todos os programas de intervenção e resgate dos
centros históricos devem, portanto, trazer consigo soluções de saneamento integral que permitam
a permanência e melhoramento da estrutura social existente.

Diante disso, a salvaguarda do património cultural não se limita apenas à preservação da


estrutura física do património edificado, como necessariamente deve considerar a permanência
dos moradores e a melhoria da qualidade de vida.

A categoria ambiental deve ser entendida como a relação do homem ou sociedade com o
património, seja este cultural ou natural. E nesta relação há que se levar em conta a preservação,
bem como o uso compatível de tal património, procurando-se um equilíbrio que assegure a
salvaguarda do património cultural (IPHAN, 2004).

II.1.2. Salvaguarda do património

Entenda-se por salvaguarda “a identificação, a protecção, a conservação, a restauração,


a reabilitação, a manutenção e a revitalização dos conjuntos históricos ou tradicionais e de seu
entorno” (IPHAN, 2004). Segundo o mesmo autor antes de tudo, é importante conhecer o
património cultural. Este conhecimento pode ser transmitido de pais para filhos e apreendido nas
escolas, desde a educação infantil até os cursos técnicos e superiores, uma vez que só
protegemos e preservamos aquilo que conhecemos e amamos.

Segundo COELHO (1992) vários são os métodos para a salvaguarda do património


cultural: o tombamento, a conservação, a manutenção, a preservação, a restauração, a
reabilitação, a reciclagem. A regulamentação específica para esses métodos devera constar no
Plano Diretor.

Além disso, devem ser consideradas as recomendações internacionais em relação ao


planeamento urbano, aos usos do solo, às construções existentes, às construções novas, ao
transporte, aos espaços livres públicos e ao mobiliário urbano (COELHO, 1992).

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II.2. Instituições encarregadas da gestão e da salvaguarda do património em


Moçambique

De acordo com JOPELA (2012) o Conselho Nacional do Património Cultural é um órgão


intersectorial e multidisciplinar de consulta que aconselha o Ministro na tomada de decisões no
domínio do património cultural em geral e tem as seguintes competências:

 Pronunciar-se sobre questões das políticas do sector da Cultura;


 Estudar e propor medidas eficazes de conservação, valorização, uso e divulgação do
património cultural e natural nacional;
 Pronunciar-se sobre as propostas de declaração de zonas de protecção e sobre projectos de lei
de intervenção em zonas de protecção do património cultural;
 Propor medidas concretas para travar a degradação e o desaparecimento de bens do
património cultural;
 Emitir parecer sobre as propostas de classificação de bens do património cultural e sua
anulação;
 Recomendar sobre a afectação de recursos financeiros e materiais para a protecção do
património cultural;
 Pronunciar-se sobre a utilização, exploração comercial ou industrial de bens classificados do
património cultural;
 Contribuir para a materialização de convenções, recomendações e resoluções de
organizações internacionais relativas ao tratamento do património cultural;
 Aconselhar sobre aspectos do Regulamento Interno do Conselho Nacional do Património
Cultural, incluindo examinar as propostas de alteração e actualização do seu conteúdo;
 Promover o conhecimento e valorização do património cultural enquanto elemento da
identidade Cultural Moçambicana.
 Promover, coordenar e apoiar iniciativas de intercâmbio institucional nas áreas de gestão,
promoção e preservação do património cultural no âmbito nacional e internacional. 

Segundo o mesmo autor compete ainda ao Conselho Nacional do Património Cultural:

 Pronunciar-se sobre o estágio do desenvolvimento das artes e cultura no país;

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 Assistir tecnicamente o Ministro em matérias ligadas ao desenvolvimento do sector das artes,


cultura;
 Apreciar o grau de implementação e propor o melhoramento de políticas e estratégias do
sector das artes e cultura;
 Propor medidas estratégicas para o desenvolvimento das artes e cultura;
 Propor acções referentes às questões transversais que contribuem para o ambiente do
desenvolvimento das artes e cultura no país;
 Pronunciar-se sobre os projectos de investimento, investigação e outras matérias relacionadas
com o desenvolvimento das artes e cultura.

O Conselho Nacional do Património Cultural é presidido pelo Ministro da Cultura e Turismo e é


composto por representantes de órgãos do Estado, associações culturais nacionais, instituições
que exercem funções no âmbito da investigação, tratamento e protecção do património cultural e
por personalidades de reconhecido mérito nas áreas das artes e cultura (JOPELA, 2012).

E de acordo com JOPELA (2012) compete a Direcção Nacional do Patrimonial Cultural:

 Promover o estudo, a preservação, a valorização e a gestão do património cultural material e


imaterial, em conformidade com as normas nacionais e internacionais;
 Propor, actualizar e velar pela observância do quadro legislativo e normativo, para a
protecção do património cultural e o funcionamento das instituições intervenientes;
 Definir as normas para conservação e restauro de monumentos, e de declaração de novos
monumentos, e manter actualizado o cadastro de monumentos nacionais;
 Elaborar propostas de classificação dos bens do património cultural bem como a organização
e actualização do seu inventário;
 Proceder ao licenciamento de instituições da área do património cultural, em coordenação
com as entidades relevantes, e monitorar as suas actividades;
 Propor a implementação das políticas dos museus, bem como de um sistema nacional de
museus e estimular a criação de instituições museológicas à escala nacional;
 Propor a criação de monumentos comemorativos ou memoriais no país, e o desenvolvimento
dos respectivos centros de interpretação;

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 Promover a pesquisa e a valorização do património cultural, enquanto factor de identidade


cultural e do desenvolvimento económico e social;
 Promover o uso das artes e cultura como factor de identidade cultural, de auto-estima e do
desenvolvimento sócio-económico;
 Promover o estudo, o conhecimento, a divulgação e o uso das línguas moçambicanas; e
 Propor políticas relativas à pesquisa, ao registo, à protecção e à divulgação do conhecimento
tradicional;
 Realizar outras actividades que lhe sejam superiormente determinadas nos termos do
presente Estatuto e demais legislação aplicável.

II.3. Gestão do património cultural e natural da província de Manica

A gestão do património cultural e natural em Moçambique iniciou em 1943 com a criação


da Comissão dos Monumentos e Relíquias Históricas de Moçambique (CMRHM). Este
organismo estava virado a investigação, classificação, restauro e conservação de monumentos e
relíquias da colónia de Moçambique bem como a divulgação do seu conhecimento histórico-
arqueológico e promoção da sua propaganda cultural e turística. Em 1983 foi instituída a
Direcção Nacional Do Património Cultural, incumbida da preservação e valorização do
património cultural (JOPELA, 2006).

A gestão tradicional do património na província de Manica é levada a cabo pelas


comunidades locais através de um conjunto complexo de crenças, conhecimentos e praticas
sociais relacionados com a natureza e com o universo, ou seja através do seu património
intangível. Este património intangível manifesta-se em qualquer lugar, contemplando elementos
naturais como montanhas, florestas, lagoas, charcos, cavernas até mesmo estruturas feitas pelo
homem como é o caso de pinturas rupestres (JOPELA, 2006).

Segundo ARPAC (s/d) o património cultural e natural na província de Manica é


constituído por comunidades vegetais ou áreas que contem uma variedade de tipos de paisagem e
elementos do ecossistema, locais habitados por plantas ou animais ou espécies em via de
extinção, ambientes imperturbados ou ambientes que demonstrem influenciados pelos processos
naturais;

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Segundo o mesmo autor a província possui ainda um enorme património histórico-


cultural, como é o caso dos lugares de importância espiritual para as comunidades (matas,
árvores, lagos e rios sagrados), lugares para cerimónias ou lugares onde foram enterrados os
antepassados, evidência de instrumentos usados pelos antepassados, locais de massacre, grutas,
pinturas, fortes, estações arqueológicas entre outras.

Nesta província pratica-se apenas o turismo do interior, com um potencial ecoturístico


distribuído por quase todos os seus distritos, com locais históricos de alto valor patrimonial e de
interesse turístico. A Reserva Transfronteiriça de Chimanimani, as Pinturas Rupestres de
Chinhamapere, Mukondiwa e Mushabaka, no Distrito de Manica, de Mavita, Mussapa e
Mvuratsvuku, em Sussundenga, Nhansana no Distrito de Guro, o monte Cabeça do Velho na
Cidade de Chimoio. Para além destes podem-se apreciar diversas fortalezas e fortins, ruínas e
conjuntos edificados antes de 1920, sepulcros, campas e diversas bases da Luta de Libertação
Nacional como ilustram as figuras abaixo (ARPAC, s/d).

Figura1: Pinturas rupestres de Chinyamapere, distrito de Manica (fonte: ARPAC, s/d).

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Figura 2: Fortaleza de Massangano, distrito de Guro (fonte: ARPAC, s/d).

Figura 3: Base de Nhacaduzuduzu (fonte: ARPAC, s/d).

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Figura 4: Monte cabeça de velho (fonte: ARPAC, s/d)

II.4. Influência do património no desenvolvimento sócio-económico e ambiental na


província de Manica

A Província de Manica é rica em patrimónios turístico-culturais, e nos últimos tempos


estes têm contribuído para o aumento de postos de trabalho, intercâmbio cultural entre os povos,
promoção e divulgação da cultura e desenvolvimento socioeconómico no geral (ARPAC, s/d).

Na base dessas potencialidades, o Governo da Província de Manica concebe festivais


para divulgar produtos culturais e turísticos de forma a trair mais investimento nas áreas da
Cultura e Turismo. Foi nesta assenda que em 2014 nasceu o Festival Turístico-Cultural Cabeça
do Velho que vem reforçando o festival nacional da cultura realizada no território moçambicano
bienalmente e as festividades da revolta de Báruè realizadas anualmente na Vila de Catandica no
Distrito de Báruè (ARPAC, s/d).

Os centros históricos representam testemunhos de diversas épocas e resgatam o passado,


pois fazem parte da memória colectiva das cidades, além de atrair habitantes e turistas por seus
atractivos sócias e económicos. Entretanto é necessário que as comunidades, organizadas em
comissões ou conselhos de gestão (constituídos pelos mais variados segmentos sociais e estrutura

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local) compreendam sobretudo a importância de valorizar e gerir o património cultural e natural,


bem como os benefícios concretos (ganhos financeiros através do desenvolvimento do turismo
cultural) que podem advir dessa gestão (JOPELA, 2006).

De acordo com o mesmo autor pensar em património enquanto recurso é desenvolver a


cultura pública com objectivo de valoriza-lo. Sendo assim o património mostra-se bom para o
desenvolvimento sustentável e para a civilidade. A sustentabilidade é o uso do património para a
produção de valores de mercado e para a geração de melhores condições de vida e deve ser
incorporado pelos programas de preservação e de promoção do património cultural.

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III.CONCLUSÃO
Os resultados da pesquisa permitem concluir que:

O património compreende o património cultural que subdivide-se em material e imaterial


e património natural. Entretanto o património abriga as categorias históricas, sociais,
administrativas, urbanas, arquitectónicas, económicas e ambientais, imprescindíveis à ciência, à
história, à arte e ao habitat.

A Gestão do património cultural e natural compete a Direcção Nacional Do Património


Cultural, entretanto na província de Manica também é feita a gestão tradicional pelas
comunidades através de um conjunto complexo de crenças, conhecimentos e praticas sociais
relacionados com a natureza e com o universo.

A influência do património no desenvolvimento sócio-económico e ambiental na


província de Manica é que tem contribuído para o aumento de postos de trabalho, através do
desenvolvimento do turismo cultural e festivais, preservando deste modo o património da
província.

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IV. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ARQUIVO DO PATRIMÓNIO CULTURAL- (ARPAC). (s/d). Instituto de Investigação Sócio


– Cultural. Delegação Provincial de Manica

COELHO, G. N.; VALVA, M. d´A. Patrimônio cultural edificado. Goiânia: UCG, 2001.

DUARTE, T. A Importância dos Estudos Sobre Património Cultural e Diversidade


Cultural. 1992.

INSTITUTO DO PATRIMÔNIO HISTÓRICO, ARTÍSTICO NACIONAL – IPHAN. Cartas


Patrimoniais. 3ª Ed. Ver. Rio de Janeiro: IPHAN, 2004.

JOPELA, A. Custódia Tradicional do Património Arqueológico na Província de Manica:


experiências e práticas sobre as pinturas rupestres no Distrito de Manica, 1943-2005.
Dissertação de Licenciatura. Maputo, 2006.

JOPELA, Albino. Manual de Conservação do Património Cultural Imóvel em Moçambique.


Direcção Nacional do Património Cultural. Ministério da Cultura. Maputo. 2012

ORGANIZAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS PARA A EDUCAÇÃO A CIÊNCIA E A


CULTURA – UNESCO. Recomendação relativa à salvaguarda dos conjuntos históricos e sua
função na vida contemporânea, 1976. In: IPHAN: Cartas Patrimoniais. 3ª Ed. Ver. Rio de
Janeiro: IPHAN, 2004.

SALCEDO, R. F. B. A reabilitação da residência nos centros históricos da América Latina:


Cusco (Peru) e Ouro Preto (Brasil). São Paulo: UNESP, 2007.

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ANEXOS

1a) O conceito de património cultural, definido pela UNESCO, em 1972, compreende o


património material: as pinturas, construções, lugares, paisagens, esculturas, entre outros,
relevantes para a história, para a arte e para a ciência.

Posteriormente, na Convenção para a Salvaguarda do Património Cultural Imaterial, acrescenta-


se ao conceito de património cultural as expressões imateriais (UNESCO, 2003, IPHAN, 2004,
p. 373)

Entende-se por “património cultural imaterial” as práticas, representações, expressões,


conhecimentos e técnicas, junto com os instrumentos, objectos, artefactos e lugares que lhes são
associados, que as comunidades, os grupos e, em alguns casos, os indivíduos reconhecem como
parte integrante de seu património cultural.

b) A gestão do património cultural e natural em Moçambique iniciou em 1943 com a criação da


Comissão dos Monumentos e Relíquias Históricas de Moçambique (CMRHM). Este organismo
estava virado a investigação, classificação, restauro e conservação de monumentos e relíquias da
colónia de Moçambique bem como a divulgação do seu conhecimento histórico-arqueológico e
promoção da sua propaganda cultural e turística. Em 1983 foi instituída a Direcção Nacional Do
Património Cultural, incumbida da preservação e valorização do património cultural (JOPELA,
2006).

2a) O estado não deve somente criar politicas e impor para que a população acate com essas
políticas, temos algumas comunidades ignorantes no nosso pais, isso dificulta a gestão dos
recursos, para tal o estado deve apostar primeiramente na educação ambiental da população,
deve fazer intender a população dos benefícios de uma boa gestão dos recursos naturais em
nossas comunidades. Dai com a população ciente dos riscos de uma exploração não sustentável o
estado deve criar algumas políticas que beneficiem também a população ou comunidade em que
encontrasse o recurso, ser mas rigorosos na carácter corrupção, os nossos recursos entram em
extinção por causa de alguns indivíduos da comunidade que aceitam valores monetários em troca
de exploração que algum recurso nosso, estas políticas podem ser:

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 Se um individuo é encontrado a explorar sem devida licença de exploração dos recursos


vai preso por um ano com multa de 1,000,000mt, assim que for encontrado novamente a
multa e o ano de prisão aumenta.
 Formação da comunidade em relação a Educação Ambiental.
 Proibir todas as actividades que atentem contra a conservação e preservação dos recursos
naturais.

2b) A abordagem Convencional foi adoptado pelos profissionais da conservação no início do


movimento moderno de conservação no mundo ocidental. O foco principal desta abordagem
era a conservação dos materiais ou de tecidos originais, identificados com monumentos e
sítios que deveriam ser preservados para o bem das gerações futuras. Os especialistas em
património começaram a identificar e definir oque deveria ser protegido. Oque mas tarde foi
colaborado pela legislação estabelecida para este fim em cada pais. O exame das condições
existentes desse tecido levou a diversas intervenções para prolongar a vida dos materiais. Em
meados do século XX, essa abordagem foi reconhecida globalmente por meios de doutrinas
como a carta de Veneza e o trabalho de organizações como ICOMOS.

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