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Esménia Paulo Bila

Arnaldo Isaias Mulate

Adalberto Félix Malhope

Célia Afonso Macuácua

Jossefa Franisse Benzane

Verónica Filimão Langa

CLASSE REPTELIA
CARACTERÍSTICAS GERAIS, ANATOMIA FISIOLÓGICA, CLASSIFICAÇÃO,
BIOGEOGRAFIA E EXTINÇÃO

Licenciatura em Biologia

Universidade Save

Chongoene

2024
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Esménia Paulo Bila

Arnaldo Isaias Mulate

Adalberto Félix Malhope

Célia Afonso Macuácua

Jossefa Franisse Benzane

Verónica Filimão Langa

CLASSE REPTELIA
CARACTERÍSTICAS GERAIS, ANATOMIA FISIOLÓGICA, CLASSIFICAÇÃO,
BIOGEOGRAFIA E EXTINÇÃO

Trabalho Científico a ser apresentada na


Faculdade de Ciências Naturais e Exactas,
Universidade Save, na cadeira de Zoologia
dos Vertebrados para efeitos de avaliação
sob orientação do Dr. Eduardo Silvestre
Manave

Universidade Save

Chongoene

2024
Índice
I. Introdução.......................................................................................................................4
1.1. Contextualização....................................................................................................4
1.2. Objectivos do trabalho............................................................................................4
Geral:.........................................................................................................................4
1.3. Metodologia............................................................................................................5
II. Referencial Teórico.......................................................................................................7
2.1. Os Répteis...............................................................................................................7
2.1.1. Características gerais dos répteis.....................................................................7
2.1.2. Anatomia Fisiológica dos répteis....................................................................9
2.2. Sistema Esquelético dos Répteis..........................................................................12
2.2.1. Esqueleto Axial..............................................................................................12
2.2.2. Esqueleto Apendicular...................................................................................14
2.3. Sistema digestivo dos Répteis..............................................................................14
2.3.1. Língua............................................................................................................15
2.3.2. Dentição.........................................................................................................16
2.3.3. Dente do Ovo.................................................................................................17
2.4. Sistema respiratório..............................................................................................17
2.5. Sistema circulatório..............................................................................................18
2.6. Sistema reprodutor................................................................................................19
2.7. Classificação dos repteis.......................................................................................20
2.7.1. Subclasse Anapsida.......................................................................................21
2.7.2.Subclasse Diapsida.........................................................................................21
2.8. Biogeografia dos répteis.......................................................................................23
2.9. Répteis em via de extinção...................................................................................24
III. Conclusão..................................................................................................................26
3.1. Constatações e considerações finais.....................................................................26
3.2. Referencias Bibliográficas........................................................................................27
Lista de Figuras
Figura 1: A) Diferenca entre as escamas dos peixes e as escamas dos répteis; B)
Escamas das serpentes, comaspecto dorsal e ventral;.....................................................10
Figura 2: Camada da pele dos réptei, com ilustração das escamas, epiderme e derme...11
Figura 3: Ecdise (troca de pele) em répteis. A) Em serpentes ocorre uma vem em todo
corpo; B) Em lagartos ocorre em partes..........................................................................11
Figura 4: Tipos de cabeças dos répteis em conformidade com a presença ou ausência
das fossas temporais........................................................................................................13
Figura 5: Sistema digestivo dos répteis...........................................................................15
Figura 6: Diferentes formatos da língua nos répteis. A) Língua burrificada (Tieú); B)
Com projecção viscosa na ponta (camaleão); C) Língua imóvel, presa no espaço
intermandibular (crocodilo); D) Língua expressa e imóvel (quelónios...........................16
Figura 7: Tipos de dentições observadas em répteis.......................................................16
Figura 8: Destes do ovo; A) Serpente; B) Quelónios......................................................17
Figura 9: Forma dos pulmões dos répteis........................................................................18
Figura 10: Estrutura digestiva dos répteis.......................................................................18
Figura 11: Sistema digestivo em A) crocodilianos, B) não-crocodilianos......................19
Figura 12: Esquemas gerais, somente de um dos lados, dos sistemas urogenitais de
répteis. (a) Macho e (b) fêmeas.......................................................................................20
Figura 13: Esquema da classificação dos répteis.............................................................20
Figura 14: Tartarugas, A) Cryptodira (que retraem o pescoço); B) Pleurodira
(lateralizam o pescoço)....................................................................................................21
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I. Introdução

Nesta secçao apresentam-se os elementos introdutórios que norteiam a abordagem desta


pesquisa, são eles: a contextualização, os objectivos e a metodologia.

1.1. Contextualização

Tradicionalmente chamamos de répteis um grupo de animais que possui em comum a


ectotermia (capacidade de utilizar fontes externas de calor para regular a temperatura
corporal) e a pele recoberta por escamas. Esse grupo inclui diversas linhagens, embora
algumas delas sejam pouco aparentadas entre si, por exemplo, os jacarés são mais
aparentados às aves (e também aos extintos dinossauros) do que aos lagartos.
Os répteis são uma classe diversificada de animais vertebrados que inclui uma variedade
impressionante de espécies adaptadas a diferentes ambientes ao redor do mundo. Com
características únicas, como a presença de escamas, pele seca e ovos com casca, os
répteis desempenham papéis fundamentais nos ecossistemas terrestres e aquáticos.
Os répteis desempenham papéis cruciais nos ecossistemas de todo o mundo, servindo
tanto como predadores como como presas, ajudando a controlar as populações de pragas
e contribuindo para a ciclagem de nutrientes. Apesar da sua importância, muitas
espécies de répteis enfrentam ameaças como a perda de habitat, as alterações climáticas
e a caça furtiva, levando ao declínio das populações e aumentando o risco de extinção.
Ao estudar e destacar estas criaturas incríveis, podemos trabalhar no sentido de garantir
a conservação e preservação destes importantes membros da biodiversidade do nosso
planeta.
Por via deste trabalho acadêmico, explorar-se-á detalhadamente as diversas
características dos répteis, sua anatomia fisiologica, classificação taxonómica,
biogeografia e o preocupante cenário de extinção enfrentado por muitas espécies de
répteis. Através dessa análise abrangente, buscaremos compreender melhor a
importância ecológica e evolutiva desses animais, bem como as ameaças que enfrentam
em um mundo em constante mudança. Junte-se a nós nessa jornada de descoberta e
proteção dos magníficos répteis que habitam nosso planeta.
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1.2. Objectivos do trabalho

Geral:
 Estudar a anatomia dos répteis;

Específicos:
 Identificar as características gerais, a estrutura e a classificação dos répteis;
 Descrever a importância e a biogeografia dos répteis;
 Analisar os répteis em extinção.

1.3. Metodologia

O presente trabalho baseou-se numa pesquisa bibliográfica, que é descrita por Gil
(2008) como sendo uma atividade essencial para qualquer estudante ou pesquisador que
deseja aprofundar seus conhecimentos sobre um determinado tema. A aplicação deste
método consistiu na busca, seleção e análise de fontes bibliográficas relevantes sobre os
répteis, através da consulta de diferentes tipos de materiais como livros, artigos
científicos, revistas, resumos, teses, dissertações e outros documentos acadêmicos, já
que este tipo de pesquisa tem como objetivo reunir informações já publicadas sobre o
assunto em questão.
Para o sucesso dessa metodologia foi necessario seguir os seguintes procedimentos
sistemáticos:

i) Levantamento Bibliográfico

Foram consultados livros acadêmicos, artigos científicos e bases de dados


especializadas para obter informações relevantes sobre características, anatomia,
classificação, biogeografia e répteis em extinção, cujas fontes foram devidamente
citadas e apresentadas nas referências bibliográficas. A revisão sistemática da literatura
foi realizada, identificando estudos-chave e compilando as informações mais atualizadas
e confiáveis.

ii) Análise dos Dados e Síntese das Informações


Os dados coletados foram analisados criticamente, buscando padrões, tendências e
lacunas no conhecimento existente sobre o tema em alusão. Consequentemente, as
informações foram sintetizadas de forma clara e organizada, permitindo uma visão
abrangente e aprofundada sobre os répteis.
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iii) Elaboração de Mapas Conceituais e Quadros Comparativos

Neste quesito, foram criados mapas conceituais para visualizar as inter-relações entre as
diferentes autorias que abordaram a mesma temática, destacando as características dos
répteis e as ameaças que enfrentam. Quadros comparativos foram desenvolvidos para
ressaltar as semelhanças e diferenças entre os grupos de répteis em extinção, auxiliando
na compreensão das principais causas de declínio populacional.

iv) Análise Crítica dos Resultados e Conclusões

Uma análise crítica dos resultados obtidos foi realizada, avaliando a consistência das
informações e a relevância para os objetivos do trabalho. Com base nos dados
analisados, foram elaboradas conclusões sólidas e embasadas, evidenciando a
importância da conservação dos répteis em extinção e possíveis estratégias para sua
proteção.

O trabalho foi estruturado de forma clara e coesa, seguindo as normas técnicas e


acadêmicas recomendadas. As referências bibliográficas utilizadas foram devidamente
citadas e listadas conforme as normas de formatação adotadas a nível da Universidade
Save.
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II. Referencial Teórico

2.1. Os Répteis

A classe Reptilia inclui os primeiros vertebrados totalmente terrestres. Surgiram, a partir


de ancestrais anfíbios, há cerca de 340 milhões de anos. O nome réptil vem do latim
reptare, rastejar, fazendo alusão à característica mais comum do grupo que é a sua
forma de locomoção, roçando o ventre no solo. O comportamento de rastejar deve-se
principalmente à disposição dos seus membros locomotores que ficam situados no
mesmo plano do corpo.
Os répteis são ectotérmicos, isto é, organismos dependentes de fontes externas para
regulação de sua temperatura, e possuem ovos do tipo amnióticos, com quatro anexos
embrionários (córion, saco vitelínico, alantóide e âmnio). Seu tegumento é
queratinizado, bem adaptado a ambientes mais secos, podendo ser providos de escamas,
placas dérmicas e/ou mesmo de carapaças.
Reptilia é considerado um grupo parafilético por duas razões: primeiro por excluir as
aves, seus descendentes diretos, e segundo por incluir as linhagens de Synapsida, mas
excluir seus parentes mais próximos, os Mammalia. Nesta classe é possível encontrar
espécies cujos crânios não apresentam aberturas temporais, sendo classificados como
anápsidos (quelônios), e outras com duas fenestras, neste caso ditos diápsidos (demais
répteis). Os Diapsida são divididos em dois grupos aparentemente monofiléticos:
Archosauromorpha e Lepidosauromorpha. No primeiro estão as Aves e seus parentes
vivos mais próximos (os Crocodylia), além dos grandes
grupos de dinossauros: no segundo, os demais répteis atuais.
A classe Reptilia é representada hoje por quatro ordens, sendo elas: Testudines, que
inclui todas as tartarugas (terrestres, lacustres e marinhas), Rhyncocephalia, as duas
espécies de tuatara, Squamata, todas as serpentes, cobras-de-duas-cabeças e lagartos, e
Crocodylia, os jacarés, crocodilos, aligátores e o gavial.

2.1.1. Características gerais dos répteis

Os répteis possuem um metabolismo muito baixo quando comparado com mamíferos de


mesmo tamanho, apresentando de um quinto a um sétimo da taxa metabólica à
temperatura de 37⁰C. Esta taxa aumenta exponencialmente com o aumento da
temperatura corporal, e salienta-se que em pequenos répteis o metabolismo é maior em
relação às espécies maiores (Devoe, 2010).
8
A capacidade da respiração aeróbica nos répteis é muito baixa em relação aos
mamíferos e aves. Assim os répteis mudam para a respiração anaeróbico quando estão
sob vigorosas atividades, tais como mergulhos, corridas, perseguição a presas ou
quando estão fugindo de predadores. Durante esta fase anaeróbica o glicogênio que está
armazenado nos músculos é rapidamente quebrado em lactato. E como esta substância é
eliminada de forma lenta nos répteis estes entram em fadiga rapidamente, o que explica
porque tais animais podem apenas manter pequenas explosões de atividade intensa. O
aumento do lactato ocasiona uma queda nos níveis do pH do sangue e diminuem assim
a afinidade do oxigênio com a hemoglobina e consequentemente também o transporte
de oxigênio (Mader, 2006).
Os répteis são animais ectotérmicos, ou seja, são incapazes de gerar seu próprio calor
corporal e assim dependem de fontes externas de energia para regular sua temperatura
corporal. Isto significa basicamente que esses animais obtêm seu calor de seus
ambientes e não de seus alimentos. A termogênese está apenas reportada em duas
espécies reptilianas: a tartaruga-de-couro (Dermochelys coriacea) a qual retém o calor
por conta de suas grandes quantidades de gordura corporal, e a fêmea de píton-indiana
quando se encontra em incubação dos ovos, pois produz calor através de contrações
musculares de seu corpo (Junior et al., 2007).
De forma sintética, destacam-se as seguintes características principais:
 Corpo coberto por pele seca e cornificada, as vezes com escamas epidérmicas;
 Tagemento com poucas glândulas;
 Tetrápodes: dois pares com extremidade pentadáctilas, ausentes em serpentes e
numa espécie de lagartos;
 Esqueleto completamente ossificado, presença de costelas e estero (caixa
torácica), crânio com um côndilo occipital;
 Respiração com pulmões alveolares (ausência de branquias), arcos branquiais
presentes apenas durante o desenvolvimento embrionário;
 Coracao dividido em quatro camara, excepto na ordem crocodylia.
 Regulacao da temperatura segundo o padrao octotermico,regulação
comportamental em algumas espécies;
 Sexos separados, fecundação interna e produção de ovos revestidos de casca
calcarea ou córnea,com saco vitelino e mais três membranas extra-embrionarias:
amnion, alantóide e córion (desenvolvimento directo).
9
2.1.2. Anatomia Fisiológica dos répteis

Todos os animais possuem uma camada protetora de pele seca a qual possui poucas
glândulas e é queratinizada para formar tanto as escamas como os escudos. Uma
camada lipídica abaixo destas estruturas queratinizadas fornece alguma resistência à
perda de água aos animais, auxiliando-os a se adaptarem à vida terrestre (Molina &
Matushima, 2001).
Os répteis possuem apenas um côndilo occipital que se articula com o atlas, permitindo
assim um aumento da mobilidade da cabeça na coluna, mas também tornando essa
região frágil quando de contenções físicas. E diferente dos anfíbios os répteis
apresentam um pescoço bem desenvolvido, o qual lhes permite explorar o ambiente.
Muitas espécies, como as serpentes e lagartos, possuem cabeças flexíveis. O que
significa que uma grande parte da cabeça reptiliana não se ossifica e assim a presença
de cartilagens elásticas possibilita os movimentos entre as diferentes regiões da cabeça.
Consequentemente, os répteis são capazes de erguer sua boca como uma dobradiça para
aumentar a abertura da boca durante a alimentação. O osso quadrado que se articula
entre a mandíbula e a maxila também pode se mover livremente.
A transição para a vida terrestre foi facilitada pelo desenvolvimento de um ovo
amniótico, permitindo assim aos répteis reproduzirem-se independentemente da água. A
produção de um grande ovo fornece o âmnio e alantóide para a respiração e
armazenamento de resíduos. E a casca protetora do ovo previne a dessecação
possibilitando então que o embrião torne-se suficientemente desenvolvido antes de sua
eclosão.
A maioria dos répteis excreta principalmente ácidos úricos ao invés das substâncias
solúveis amônia e uréia. Este fato previne que os produtos residuais que estão no
interior do impermeável ovo se tornem tóxicos para o embrião em desenvolvimento.
Com exceção dos crocodilianos, os répteis possuem um coração com três câmaras sendo
dois átrios e um ventrículo. Isto lhes permite desviar sangue para longe ou em direção
aos pulmões, facilitando a termorregulação e o mergulho

a) Tegumento comum
Os répteis ao contrário do que muitos pensam não apresentam uma pele viscosa, muito
pelo contrário, apresentam sim uma pele seca com poucas glândulas quando
comparados aos mamíferos e anfíbios. Possuem a pele densamente queratinizada pelas
escamas e com uma camada lipídica para prevenir a perda de água. O único tipo de
tecido glandular observado são os poros femorais e precloacais presentes somente em
10
alguns lagartos e gecos, os quais possuem a função de produção de ferormônios e que
estão mais desenvolvidos nos machos (Silvestre, 2006). A pele dos répteis encontra-se
dividida em três componentes: epiderme, derme e espaço subcutâneo.

b) Epiderme
Na epiderme observa-se a existência de escamas as quais são pobres isolantes térmicos.
Mas diferente das escamas dos peixes que podem ser retiradas raspando-as, as escamas
dos répteis são parte integrante de sua pele (Figura 1). E possuem como funções a
proteção contra abrasões e a atuação na permeabilidade, tendendo a serem mais grossas
dorsalmente do que ventralmente nos animais.
Em algumas espécies as escamas estão desenvolvidas em grandes placas e escudos na
cabeça. E nas serpentes as escamas são alargadas ventralmente para auxiliarem no
processo de locomoção (Figura 1).

A) B)

Figura 1: A) Diferenca entre as escamas dos peixes e as escamas dos répteis; B) Escamas das serpentes,
comaspecto dorsal e ventral;

Fonte: www.biocyclopedia.com

Existem três camadas na epiderme dos répteis, sendo estas: camada interna, camada
intermediária e camada externa. A camada interna é nomeada de extrato germinativo e
consiste em células cubóides que produzem a proteína queratina. A camada
intermediária possui uma membrana rica em lipídios que atua com o papel mais
importante de barreira à água na pele. E a camada mais externa, denominada de extrato
córneo, é altamente queratinizada formando as escamas.
11
c) Derme
A derme consiste em um tecido conjuntivo denso com vasos sanguíneos e linfáticos,
nervos e células pigmentares (cromatóforos) (Figura 2). Em algumas espécies a derme
possui placas ósseas chamadas de osteodermos, que fornecem proteção ano animal. Nos
quelônios essas placas estão fusionadas com as vértebras para formarem assim o casco.

Figura 2: Camada da pele dos réptei, com ilustração das escamas, epiderme e derme.
Fonte: www.biocyclopedia.com

d) Ecdise
A ecdise é a troca de pele dos répteis e está sob o controle da glândula tireóide. As
serpentes tendem a trocar a pele toda do corpo de uma vez (Figura 3A), enquanto que os
lagartos e quelônios trocam a pele em pedaços, o que os torna mais vulneráveis a
predadores (Figura 3B). Nas serpentes sadias, por exemplo, o processo todo de mudança
de pele pode demorar cerca de duas semanas. E em crocodilianos este processo de
ecdise não ocorre.

A) B)

Figura 3: Ecdise (troca de pele) em répteis. A) Em serpentes ocorre uma vem em todo corpo; B) Em
lagartos ocorre em partes.
Fonte: https//:www.colletionnof.org
12
Durante a ecdise as células da camada intermediária se replicam para formarem uma
nova epiderme com três camadas. Uma vez este processo esteja completo, a linfa se
difunde para a área entre as duas camadas e enzimas são liberadas para formarem uma
zona de clivagem. A pele velha então é trocada e o novo epitélio endurece, diminuindo
a sua permeabilidade para se tornar a nova pele.

e) Produção de Cor
Os répteis possuem células pigmentares denominadas de cromatóforos que se situam
entre a derme e a epiderme (Figura 4). Não apenas auxiliam na camuflagem animal e
nas exibições sexuais, mas também na termorregulação. Estas células pigmentares não
estão apenas confinadas à pele, mas sim podem ocorrer no peritônio de algumas
espécies.
Os melanóforos produzem a melanina e situam-se mais profundamente na camada
subepidermal. Estas células de melanina dão origem às colorações na cor preta, marrom,
amarelo e cinza.
O albinismo nos répteis é ocasionado pela perda dessa melanina. E as células
carotenóides são encontradas abaixo da epiderme e acima dos melanóforos, produzindo
os pigmentos vermelhos, amarelos e laranjas.

2.2. Sistema Esquelético dos Répteis

Nos répteis tais como quelônios, serpentes e crocodilianos suas epífises ósseas nunca se
fecham assim tais espécies continuam crescendo por toda a vida. Os lagartos, entretanto
possuem centros de ossificação secundários, como os mamíferos, embora esses centros
ocorram numa fase muito tardia. A taxa de crescimento dos répteis é muito mais
variável do que a observada em mamíferos e dependerá do fornecimento de alimentos,
da temperatura e de outros fatores ambientais. Alguns répteis como as pítons podem
crescer em uma taxa fenomenal nos anos iniciais de vida.

2.2.1. Esqueleto Axial

a) Cabeça
As ordens dos répteis estão classificadas em duas subclasses baseadas na presença ou na
ausência de aberturas (fenestras) na região temporal da cabeça. Estas aberturas
localizam-se caudais aos olhos e proporcionam melhores pontos para a fixação da
musculatura mandibular.
Os quelônios pertencem à subclasse Anapsida porque perderam as aberturas temporais
verdadeiras. Contudo muitas espécies de quelônios possuem fendas na região temporal
13
que fornecem uma fossa pseudotemporal para fixações musculares. Já as tuataras, os
crocodilianos, os lagartos e as serpentes pertencem todos à subclasse Diapsida. Os
crocodilianos e as tuataras apresentam uma cabeça diapsida verdadeira com uma fossa
temporal superior e outra fossa temporal inferior na cabeça. Lagartos possuem apenas
uma abertura superior, enquanto que as serpentes apresentam uma cabeça diapsida ainda
mais modificada, pois perderam completamente o arco temporal superior entre as duas
aberturas da cabeça. Este fato permite que o osso quadrado das serpentes mova-se para
frente e para trás em uma situação denominada de estreptostilia (Devoe, 2010).

Figura 4: Tipos de cabeças dos répteis em conformidade com a presença ou ausência das fossas
temporais.
Fonte: https//:www.moste-souris.forumactif.com

Onde: P = Osso parietal; PO = Osso pos-orbital; S = Osso escamoso; J = Osso jugal;


QJ = Osso Quadradojugal; M = Osso Maxilar; PM = Osso premaxilar; L = Osso
Lacrima; N = Osso Nasal; F = Osso frontal; PF = Osso pos-frontal; C = Osso
Quadrado.

Assim como as aves, os répteis também apresentam uma cabeça extremamente móvel o
que lhes permite uma grande abertura da boca, estando esta mais desenvolvida nas
serpentes, em que a mandíbula e a maxila podem literalmente caminhar ao longo da
presa. Os lagartos e os crocodilianos apresentam uma poderosa mandíbula e maxila
devido à presença dos músculos adutores mandibulares, os quais se originam da fossa
temporal e se inserem nos ângulos direitos da mandíbula aberta.
14
b) Vértebras
Com exceção dos quelônios os répteis possuem uma coluna vertebral extremamente
flexível devido ao fato de suas vértebras não serem necessárias na sustentação de muito
peso, já que a maioria dos animais passa a maior parte do tempo com o ventre em
contato com o solo.
Ao contrário do que se observa nos mamíferos não é possível dividir as regiões
vertebrais dos répteis em cervical, torácica, lombar, sacral e caudal. Em vez disso,
utilizam-se os termos pré-sacral, sacral e pós-sacral para fazer referência às regiões
vertebrais desses animais.
O número de vértebras pré-sacrais pode variar de 24 em alguns lagartos, 18 em
quelônios e de até 200-400 em serpentes. O atlas e o áxis estão conectados de uma
maneira mais rígida do que o observado em mamíferos, assim o centro principal de
movimento está entre o único côndilo occipital e a coluna vertebral.
Os músculos epaxiais são bem desenvolvidos e situam-se dorsalmente enquanto que os
músculos hipaxiais estão geralmente ventrais e entre as costelas. À exceção dos
quelônios as costelas são bem desenvolvidas nos animais tanto para suportar a parede
corporal como no auxílio da função de respiração e de locomoção.

2.2.2. Esqueleto Apendicular

 Cintura Peitoral (Torácica): a cintura peitoral ou torácica nos répteis consiste


basicamente nos ossos escápula e coracóide, os quais possuem adesões
musculares ao corpo.
 Membros Torácicos: os membros torácicos articulam-se com a escápula e o
coracóide, e abarcam os ossos úmero, rádio, ulna, ossos cárpicos, ossos
metacárpicos e falanges. À exceção das serpentes e de algumas espécies de
lagartos (cobras-de-vidro) os quais não possuem nenhum membro. Esses
membros torácicos na maioria dos répteis são maiores do que os pélvicos e
possuem cinco dígitos (DEVOE, 2010).
 Cintura Pélvica: a cintura pélvica dos répteis articula-se com as vértebras
sacrais e forma ligações entre a coluna vertebral e o membro pélvico (DEVOE,
2010).
 Membros Pélvicos: os membros pélvicos englobam o fêmur, tíbia, fíbula, ossos
társicos, ossos metatársicos e falanges. Possuindo de maneira geral cinco dígitos
nos membros pélvicos.
15
2.3. Sistema digestivo dos Répteis

O trato digestivo dos répteis é muito curto e simples em relação ao das aves e
mamíferos. Podendo variar de um trato simples visto nas espécies carnívoras até com
grandes cólons e cecos nas espécies herbívoras, locais estes onde ocorre a fermentação
dos alimentos. Os carnívoros utilizam primariamente as gorduras e proteínas como
recursos alimentares enquanto que os herbívoros utilizam os carboidratos solúveis e
fibras fermentadas. Os onívoros por sua vez necessitam de uma mistura de carboidrato,
gordura e proteína (Borges & Oliveira, 2003).
A ausência de lábios ou de membros anteriores flexíveis faz com que os répteis
dependam apenas de sua mandíbula e maxila, e algumas vezes de sua língua, para a
apreensão dos alimentos. A mastigação varia entre as espécies, mas é bem menos
freqüente do que a vista nos mamíferos (Borges & Oliveira, 2003).

Figura 5: Sistema digestivo dos répteis

Fonte: (Borges & Oliveira, 2003).

2.3.1. Língua

A língua possui formas variadas dependendo da espécie, sendo bifurcada nas serpentes e em
alguns lagartos, com uma projeção viscosa em sua ponta nos camaleões, espessa e
relativamente imóvel nos quelônios e presa no espaço intermandibular e imóvel nos
crocodilianos.
16

A) B)

C) D)

Figura 6: Diferentes formatos da língua nos répteis. A) Língua burrificada (Tieú); B) Com projecção
viscosa na ponta (camaleão); C) Língua imóvel, presa no espaço intermandibular (crocodilo); D) Língua
expressa e imóvel (quelónios.
Fonte: https//:www.zoopets/secretsofwildlife.blogspot.com

2.3.2. Dentição

Assim como os mamíferos, os répteis também apresentam dentes compostos por


esmalte, dentina e cemento, mas não possuem os ligamentos periodontais. Nos
quelônios não se observam dentes, mas sim bicos queratinizados (ranfoteca) similares
ao bico das aves. Já nas demais espécies reptilianas há três tipos de dentições,
dependendo dos hábitos alimentares dos animais, sendo estes: acrodontes, pleurodontes
e tecodontes.
Os acrodontes são encontrados em alguns lagartos, como os camaleões, e são dentes
fundidos à extremidade afiada da mandíbula e maxila, Os pleurodontes aderem ao
periósteo na face medial da mandíbula e do maxilar, sendo vistos nas serpentes e em
alguns lagartos como as iguanas. E os tecodontes são dentes que surgem de alvéolos
presentes nos ossos do crânio, sem os ligamentos periodontais, encontrados apenas nos
crocodilianos.
17

Figura 7: Tipos de dentições observadas em répteis.


Fonte: www.uta.edu.com
Os dentes tecodontes e pleurodontes são reabsorvidos e substituídos periodicamente ao
longo da vida do animal. Este processo é denominado de polifiodontia e é essencial para
manter os dentes afiados. Em muitos casos o novo dente situa-se lingual ao dente velho
e a substituição ocorre num padrão parecido a ondas num sentido de trás para frente.
Porém nas espécies acrodontes os dentes não crescem novamente caso sejam perdidos
ou quebrados, utilizando assim os dentes remanescentes e as margens da mandíbula e
maxila, após estas já estarem desgastadas.

2.3.3. Dente do Ovo

Nas serpentes e lagartos o dente do ovo é um dente modificado da premaxila presente


nos filhotes e que serve para romper as membranas embrionárias e a casca do ovo. Nos
quelônios e crocodilianos esta estrutura é composta de tecido córneo e é denominado de
carúncula do ovo.

Figura 8: Destes do ovo; A) Serpente; B) Quelónios.


Fonte: https//:www.zoopets/secretsofwildlife.blogspot.com
18
2.4. Sistema respiratório

A respiração dos répteis é pulmonar, inclusive nos aquáticos, mostrando-se mais


eficiente que a dos lissanfíbios, pois não necessita, nos répteis, de mecanismos
respiratórios acessórios, tal como a respiração cutânea. O aparelho respiratório é
constituído por um par de pulmões e pelas narinas externas e internas, fossas nasais,
faringe, traquéia e brônquios.
Em algumas tartarugas aquáticas pode existir respiração faríngea ou cloacal; o ar
penetra pelos orifícios nasais e segue por uma faringe cartilaginosa, que produz sons.
Pela glote, chega à traquéia, que pode ser simples ou complexa, e se bifurca em
brônquios que penetram nos pulmões. Alguns lagartos possuem brônquios subdivididos
em primários, secundários e terciários
Conforme podemos observar na Figura 9, os pulmões dos répteis mostram maior
quantidade de câmaras internas e alvéolos, quando comparados aos dos lissanfíbios.

Figura 9: Forma dos pulmões dos répteis.


Fonte: (Pough at al, 2012)

Nos lagartos e serpentes, os pulmões se apresentam com estruturas simples, podendo ser
o lobo esquerdo reduzido nos lagartos ou até o direito ausente em algumas espécies de
serpentes; os crocodilianos possuem pulmões complexos que se assemelham aos de
mamíferos.
Diferente dos lissanfíbios, que apenas deglutem o ar, os répteis utilizam esse expediente
associado aos músculos costais e abdominais, para aspirar o ar para o interior dos
pulmões.

Figura 10: Estrutura digestiva dos répteis.

Fonte: (Pough at al, 2012)


19
2.5. Sistema circulatório

Os répteis (exceto aves) apresentam padrão circulatório semelhante ao dos lissanfíbios,


com circulação fechada, dupla e incompleta. Como podemos observar na Figura 11, o
coração se divide em três câmaras (dois átrios e um ventrículo); entretanto, o ventrículo
é parcialmente dividido pelo septo interventricular, o que torna a mistura de sangue
arterial e venoso apenas parcial. O sangue que flui para os tecidos corporais é mais
saturado em oxigênio do que aquele recebido pelos tecidos dos lissanfíbios.
O sangue venoso, vindo do organismo pelas veias cavas, chega ao seio venoso e
desemboca no átrio direito. Em seguida, passa ao ventrículo direito através do orifício
átrio-ventricular, para ser, logo depois, bombeado para os pulmões. Ao mesmo tempo, o
sangue arterial, depois de ter sofrido hematose nos pulmões, chega ao átrio esquerdo
pelas veias pulmonares e passa, em seguida, ao ventrículo esquerdo, onde é bombeado
para o organismo todo.
Uma exceção, quanto ao sistema circulatório, é encontrada nos répteis crocodilianos: o
ventrículo desses animais apresenta-se totalmente dividido, com coração perfazendo
quatro câmaras. Entretanto, na emergência (saída) das artérias sistêmicas D e E, há uma
comunicação, conhecida como Forâmen de Panizza, pela qual ainda pode ocorrer
mistura de sangue arterial e venoso, segundo alguns estudiosos (Pough et al., 2003 – A
vida dos vertebrados).

A) B)

Figura 11: Sistema digestivo em A) crocodilianos, B) não-crocodilianos

2.6. Sistema reprodutor

O aparelho reprodutor dos machos é formado por dois testículos que se comunicam com
a cloaca através dos canais deferentes. Lagartos, serpentes e tuataras possuem um par de
estruturas copuladoras chamado hemipênis. Tartarugas e crocodilianos apresentam
20
pênis sulcado. Os dutos deferentes transportam apenas esperma. No sistema reprodutor
das fêmeas, encontramos dois ovários, que se prolongam em dois ovidutos, que se
abrem na cloaca.
Na maioria, os répteis são ovíparos, depositando seus ovos em covas, que os mantêm
quentes; há, entretanto, espécies vivíparas.
Na região distal de cada oviduto dos répteis vivíparos há uma dilatação denominada
onfaloplacenta, que possibilita o desenvolvimento do ovo até a forma jovem. A
onfaloplacenta é lançada para o exterior, quando chega a termo (momento da
parturição).
Apesar de a reprodução sexuada ser dominante, existem numerosos casos de
partenogênese (a fêmea produz ovos sem que haja fecundação) em vários lagartos e
numa espécie de cobra.
O desenvolvimento é sempre direto (sem fase larval), sendo raro o cuidado parental
entre os répteis, com exceção dos crocodilos e de algumas espécies de lagartos.
Funil Ovário
A) Papila urogenital Oviduto Rim B)
Útero

Epidídimo Epídidimo Papila


Cloaca urogenital
rudimentar
Vasos deferentes Intestino Bexiga
Testículo

Figura 12: Esquemas gerais, somente de um dos lados, dos sistemas urogenitais de répteis. (a) Macho e
(b) fêmeas.

2.7. Classificação dos repteis


Subordem Ophidia
Serpentes

Ordem Suamata Subordem Sauria


Teuís, iguanas, Lagartixas
Diapsida

Ordem Crocodylia Subordem Amphisbaenia


Jacares, Crocodilos, Gaivais Amfisbena
Ordem Rynchocephalia
Tuataras

Subordem Cryptodira
Anapsida

Ordem Testudinata Os que retraem o pescoço


Tartarugas, Cágados, Jabutis Subordem Pleurodira
Os que lateralizam o pescoço

Figura 13: Esquema da classificação dos répteis


Fonte: Autora (2024)
21
Os répteis são separados em duas subclasses de acordo com o tipo de crânio: Anapsida e
Diapsida, nos quais são classificadas as ordens, conforme se ilustra na Figura 13.

2.7.1. Subclasse Anapsida

Esta subclasse, apresenta uma única ordem, Testudines.

Ordem Testudines (Chelonia)


Pertencem a esse grupo as tartarugas. Elas são envoltas por uma carapaça dorsal e um
plastrão ventral. O casco é composto de duas camadas: uma camada externa rígida de
queratina e uma camada interna óssea. Novas camadas de queratina são acrescentadas
abaixo das antigas. A camada óssea é uma fusão de costelas, vértebras e diversos
elementos de ossificação dérmica. Apresentam os membros e as cinturas pélvicas
localizadas no interior das costelas. Desprovidas de dentes, as maxilas das tartarugas
possuem placas córneas rígidas para a apreensão do alimento.

A) B)

Figura 14: Tartarugas, A) Cryptodira (que retraem o pescoço); B) Pleurodira (lateralizam o pescoço)

Fonte: Lima (2010)


Devido à sua armadura, as tartarugas são incapazes de expandir o tórax para respirar. A
entrada de ar se dá através do aumento do volume da cavidade abdominal pela
contração de músculos laterais. A movimentação dos membros durante a locomoção
também ajuda a ventilar os pulmões.

2.7.2.Subclasse Diapsida

Os diápsidos são classificados em três linhagens (superordens), duas delas possuem


representantes na fauna atual, a superordem Lepidosauria e a superordem Archosauria.
A primeira contém os lagartos, as serpentes, as anfisbenas e o tuatara. A segunda inclui
os crocodilianos e as aves.
22
i) Ordem Squamata
Este grupo abrange os répteis mais abundantes e conhecidos, com hábitos bastante
diversos, encontrando-se espécies marinhas, de água doce, outras terrestres e
arborícolas, e, até mesmo, indivíduos fossoriais. Abrange lagartos, cobras e anfisbenas,
sendo distribuídas nos grupos de Sauria, Serpentes e Amphisbaenia, respectivamente.
Acredita-se que os principais grupos de lagartos divergiram no final do Jurássico e,
entre os ofídios, o fóssil mais antigo está relacionado ao Cretáceo Superior. Os
anfisbenídeos são conhecidos do Paleoceno; entretanto, acredita-se que sua origem foi
anterior a esse período.
Nesses lepidosaurios, o crânio diapsida encontra-se bastante modificado, tendo perdido
a barra temporal inferior (arco infratemporal) da abertura e o osso quadrado-jugal e,
desse modo, deixando apenas uma abertura. Em algumas espécies, a barra superior
também se encontra ausente.
Um aspecto importante da ordem é o fato de seus representantes apresentarem
crescimento determinado, fato que não ocorre com crocodilianos e quelônios. Dessa
forma, quando os centros de crescimento das placas epifisárias dos ossos longos se
ossificam, o crescimento destes animais cessa.
A termorregulação é outro comportamento importante dos Squamatas e várias
atividades são influenciadas pela temperatura do corpo, como o forrageamento, por
exemplo.
ii) Ordem Crocodylia
Crocodylia é a ordem de Reptilia que inclui os jacarés, crocodilos, aligators e o gavial.
Existem atualmente 23 espécies de Crocodylia, alocadas em três famílias:
 Alligatoridae incluem as duas espécies de aligátores vivos e os jacarés,
 Crocodylidae, os crocodilos em geral, e
 Gavialidae, o gavial.
A maioria das espécies é encontrada em regiões tropicais e sub-tropicais, mas três
apresentam distribuição que se estende até a zona temperada.
Os Crocodylia viventes são basicamente aquáticos, embora possuam membros bem
desenvolvidos e algumas espécies realizem extensas caminhadas sobre a terra. A cauda
pesada e achatada lateralmente impulsiona o corpo do animal na água e, nesse
momento, os membros são mantidos junto ao corpo. Alguns representantes podem
galopar movendo os membros de sua postura normal, isto é, estendidos lateralmente,
para uma posição aproximadamente vertical abaixo do corpo. São relativamente lentos
23
quando em ambiente terrestre, mas bastante ágeis em meio aquático, onde nadam com
movimentos laterais da cauda.
Os crocodilianos possuem adaptações que os permitem explorar o ambiente e respirar
sem ter que expor totalmente o seu corpo. As narinas estão localizadas na extremidade
do focinho, e um palato secundário separando as passagens nasais da cavidade oral está
presente. Somado a isso existe uma dobra de tecido, que se origina na base da língua,
que confere uma vedação a prova d’água entre a boca e a garganta. Sendo assim, um
crocodiliano pode respirar expondo apenas suas narinas, sem inalar água.

iii) Ordem Sphenodontidae ou Rhynchocephalia


Os Sphenodontide são representados hoje por duas espécies de tuatara (Sphenodon
punctata e S. guenteri) restritos a mais ou menos 30 ilhas da costa da Nova Zelândia.
Possuem dentes do tipo acrodontes, fundidos às maxilas, com duas fileiras de dentes na
maxila superior e uma na mandíbula. Crânio diápsida bem característico, com as duas
aberturas temporais bem evidentes é observado. A abertura do ouvido externo também
está ausente no grupo e, como as aves, possuem processo uncinado. Um “terceiro olho”,
de função desconhecida, é observado, além da capacidade de autotomia de cauda.
São de hábitos noturnos e crepusculares, com temperaturas, quando em atividade, em
torno de 6 a 16°C. Alimentam-se normalmente de invertebrados, porém ocasionalmente
podem incluir na dieta alguns vertebrados como lagartos, anfíbios ou aves marinhas.
Vivem em tocas que podem ser divididas com aves marinhas em nidificação,
beneficiando-se inclusive desta interação. As aves levam alimento a seus filhotes e as
sobras, juntamente com as fezes, ou mesmo jovens que venham a morrer são grandes
atrativos para os artrópodes consumidos pelos tuatara.

2.8. Biogeografia dos répteis

A biogeografia dos répteis é influenciada por diversos fatores, como o clima, a


vegetação, a disponibilidade de habitat e a competição com outras espécies. Existem
três grupos principais de répteis: os quelônios (tartarugas e cágados), os escamados
(lagartos e serpentes) e os crocodilianos (crocodilos, jacarés e gaviais).
 Os quelônios são amplamente distribuídos em diversas zonas do planeta,
preferindo habitats aquáticos como rios, lagos e oceanos. As tartarugas
marinhas, por exemplo, são encontradas em regiões tropicais e subtropicais,
enquanto as tartarugas de água doce são mais comuns em locais de águas calmas
e limpas.
24
 Os escamados são os répteis mais diversificados e encontrados em todos os
continentes, exceto na Antártida. Lagartos e serpentes preferem habitats
variados, desde desertos e pradarias até florestas tropicais. As serpentes são mais
abundantes em regiões quentes e úmidas, onde encontram uma variedade de
presas para se alimentar.
 Os crocodilianos são encontrados principalmente em regiões tropicais e
subtropicais, preferindo habitats aquáticos como pântanos, rios e lagos. Os
crocodilos e jacarés são abundantes na América do Sul, África, Ásia e Austrália,
onde as condições ambientais são favoráveis para sua sobrevivência.
Além dos fatores ambientais, a evolução e a dispersão também desempenham um papel
importante na biogeografia dos répteis. Por exemplo, alguns grupos de répteis, como os
lagartos e serpentes, desenvolveram habilidades de dispersão que lhes permitem
colonizar novas áreas geograficamente distantes. Isso explica a presença de lagartos e
serpentes em ilhas remotas e isoladas.
As mudanças climáticas ao longo do tempo também influenciaram a distribuição e
evolução dos répteis. Durante eventos climáticos extremos, como eras glaciais, muitas
espécies de répteis tiveram que se adaptar a novas condições ambientais ou refugiar-se
em áreas mais favoráveis para sua sobrevivência. As zonas onde os répteis são mais
abundantes geralmente apresentam uma combinação de fatores como clima quente e
úmido, diversidade de habitats, disponibilidade de presas e ausência de predadores
competidores. As regiões tropicais e subtropicais do mundo, conhecidas pela sua rica
biodiversidade, frequentemente abrigam uma grande variedade de répteis.
Em contraste, as regiões polares e os desertos extremamente áridos possuem uma menor
diversidade de répteis devido às condições climáticas adversas e à escassez de recursos.
No entanto, mesmo nesses ambientes hostis, existem adaptações especiais que permitem
a algumas espécies de répteis sobreviverem, como é o caso de lagartos e tartarugas
adaptados a climas áridos.

2.9. Répteis em via de extinção

Os répteis são animais muito sensíveis a mudanças em seus habitats e tem uma longa
história evolutiva que remonta a centenas de milhões de anos. Durante esse tempo,
muitas espécies de répteis se extinguiram devido a várias razões, como mudanças
ambientais, competição com outras espécies e eventos de extinção em massa. Alguns
exemplos de répteis extintos incluem os dinossauros, plesiossauros e pterossauros.
25
Os dinossauros, um grupo diversificado de répteis que dominou a Terra durante grande
parte da era Mesozoica, foram extintos há aproximadamente 65 milhões de anos, no
evento de extinção em massa do Cretáceo-Paleogeno. Outros grupos de répteis também
sofreram extinções em massa ao longo da história da Terra, como os pterossauros, que
desapareceram junto com os dinossauros.
Infelizmente, muitas espécies de répteis atuais também estão enfrentando ameaças que
as colocam em risco de extinção. A perda de habitat devido à degradação ambiental, a
poluição, as mudanças climáticas, a exploração ilegal e a introdução de espécies
invasoras são alguns dos principais fatores que contribuem para o declínio das
populações de répteis em todo o mundo.
Espécies icônicas como as tartarugas-marinhas, os crocodilos e as cobras estão entre os
répteis que estão em situação de extinção ou ameaçados de extinção devido a essas
pressões. A conservação e proteção dessas espécies são essenciais para garantir sua
sobrevivência e manter a diversidade biológica do planeta.
Para preservar os animais em extinção, governos, organizações e comunidades locais
tomam iniciativas que se dedicam a educar a população sobre o cuidado com a natureza
e os animais, orientando as pessoas a não fazer vendas ilegais, tráfico de animais e
outras ações predatórias.
26

III. Conclusão

3.1. Constatações e considerações finais

Em conclusão, os répteis são um grupo fascinante e diversificado de animais que


ocupam uma variedade de ambientes em todo o mundo. Suas características gerais,
como a presença de escamas, reprodução por ovos, pele seca e respiração pulmonar, os
distinguem de outros grupos animais. A anatomia dos répteis, incluindo seu esqueleto
adaptado para locomoção terrestre e sua pele impermeável, reflete sua adaptação ao
ambiente terrestre.
A classificação dos répteis em quatro ordens principais - Testudines (tartarugas),
Squamata (lagartos e serpentes), Crocodylia (crocodilos) e Rhynchocephalia (tuatara) -
demonstra a diversidade e a evolução distinta desses animais ao longo do tempo
geológico. Sua distribuição geográfica variada, desde as florestas tropicais até os
desertos e oceanos, reflete a capacidade dos répteis de se adaptarem a uma grande
variedade de ambientes ecológicos.
A história evolutiva dos répteis é marcada por uma rica diversidade de espécies,
algumas das quais se tornaram extintas ao longo dos milhões de anos de evolução.
Espécies emblemáticas, como os dinossauros e os pterossauros, dominaram os
ecossistemas do passado, mas desapareceram devido a eventos de extinção em massa. O
impacto das atividades humanas, como a destruição de habitats, a caça e a introdução de
espécies invasoras, tem contribuído para a situação crítica de muitas espécies de répteis
atuais.
Portanto, é fundamental reconhecer a importância dos répteis na manutenção da
biodiversidade e nos ecossistemas terrestres e aquáticos. A conservação e proteção
desses animais são essenciais para garantir seu papel ecológico e preservar a diversidade
da vida na Terra. A educação ambiental, a pesquisa científica e a implementação de
medidas de conservação são fundamentais para assegurar um futuro sustentável para os
répteis e para toda a fauna do planeta.
27
3.2. Referencias Bibliográficas

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Reis □□□□□□Livro Vermelho da Fauna Ameaçada de Extinção no Rio Grande do
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Animais □□□□□□Selvagens – Medicina de Répteis. III Jornada Grupo Fowler,
Curitiba.

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