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Elisa Henriques Curanta


Elsa da Lúcia Gervásio
Filomena Celiano
Gilda Pedro Francisco
Lúcia Luís Carlos
Orlando Priceiro Muapuria
Suadique Suadique Atibo

Reprodução em Cativeiro
Licenciatura em Ensino de Biologia com Habilitações em Gestão Laboratorial

Universidade Rovuma
Extensão de Cabo Delgado
2022
Elisa Henriques Curanta
1

Elsa da Lúcia Gervásio


Filomena Celiano
Gilda Pedro Francisco
Lúcia Luís Carlos
Orlando Priceiro Muapuria
Suadique Suadique Atibo

Reprodução em Cativeiro

Trabalho de carácter avaliativo a ser entregue na


cadeira de Biologia de Conservação, curso de
Biologia 4º ano, segundo semestre, leccionada
pela docente:

dra: Natércia Mário

Universidade Rovuma
Extensão de Cabo Delgado
2022
Índice
Introdução........................................................................................................................................3

Objectivo..........................................................................................................................................3
2

Geral:...............................................................................................................................................3

Específicos:......................................................................................................................................3

Mtodologia.......................................................................................................................................3

1. Conceitos básicos.........................................................................................................................4

1.1. Cativeiro...................................................................................................................................4

1.2. Reprodução em cativeiro..........................................................................................................4

1.3. Objectivos da Reprodução de Espécies em Cativeiro..............................................................5

1.4. Estratégias da reprodução no cativeiro in situ e ex situ............................................................6

1.5. Zoológicos e Criações de animais silvestres em cativeiro........................................................6

1.6. Bancos de germoplasma...........................................................................................................7

1.7. Criopreservação de sémen........................................................................................................8

1.8. Maneio......................................................................................................................................8

1.9. Nutrição....................................................................................................................................9

1.10. Acompanhamento clínico.......................................................................................................9

1.11. Técnicas de reprodução em cativeiro.....................................................................................9

1.12. Consequências de Reprodução em Cativeiro.......................................................................10

1.13. Importância da Conservação de Espécies no Cativeiro........................................................12

1.14. Vantagens da reprodução em cativeiro.................................................................................13

1.15. Desvantagens da Reprodução em Cativeiro.........................................................................13

Conclusão......................................................................................................................................14

Referência Bibliográfica................................................................................................................15

Introdução
Para evitar maiores perdas de biodiversidade, é necessário direccionar esforços para diversas
áreas da conservação, como a reprodução em cativeiro. O maior obstáculo, porém, nessa
abordagem, é a condição de estresse crónico que diversos animais desenvolvem em cativeiro por
3

deficiências relacionadas ao manejo, às condições de recinto, à nutrição e ao acompanhamento


clínico. Melhores resultados na reprodução em cativeiro certamente são derivados de baixos
índices de estresse crónico.

Objectivo

Geral:
 Fornecer dados importantes e esclarecedores de toda a panóplia caracterizadora duma
série de acções desenvolvidas sobre a reprodução em cativeiro.

Específicos:
 Identificar as consequências de reprodução em cativeiro;
 Descrever os objectivos da reprodução de espécies em cativeiro;
 Explicar a importância da reprodução em cativeiro.

Mtodologia
Para a elaboração deste trabalho foi necessário o uso de algumas obras (livros) em diversos
formatos que para completar a credibilidade deste trabalho os autores serão citados no
desenvolvimento do trabalho e na respectiva referência bibliográfica.
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1. Conceitos básicos
1.1. Cativeiro
Cativeiro, também conhecido como (Zoocria) é a actividade humana de manter preso, em área
determinada, espécies não domestica, em geral com propósitos de manutenção, crescimento e
reprodução de espécies (Rodrigues 2002).

Reprodução em cativeiro é a acção de preservar ou conservação de espécies em cativeiro para


próximas gerações de amimais ou espécies. (Rodrigues 2002).

1.2. Reprodução em cativeiro


Na visão de Gonzales (2011:29) “A reprodução em cativeiro é uma resposta alternativa á
extinção de espécies pela destruição do meio ambiente, e, muitas espécies de animais estão
sendo salvas da extinção graças a reprodução em cativeiro”.

Os programas reprodutivos de espécies ameaçadas de extinção podem ser realizados por várias
instituições zoológicos, aquários, universidades, centros de pesquisa, preferencialmente
associadas a programas de conservação do governo (Francisco; Silveira, 2015).

A reprodução e a manutenção de espécies em cativeiro têm como função garantir a conservação


de animais que não possuem condições para sobreviver na natureza. As espécies são
reservatórios genéticos que reforçam populações nativas em risco, também são “stock” para
fundar populações em áreas onde estariam extintas (Conway, 1980 apud Francisco; Silveira,
2015).

Actualmente, utiliza-se o conceito de população “Arca”, que é a criação de uma população


reprodutiva ex situ que será mantida por um longo período, com o intuito de minimizar os riscos
de extinção da espécie. Sua prole será usada como fonte para o “revigoramento populacional” e
para a reintrodução (Francisco; Silveira, 2015).

Em programas de conservação de espécies ameaçadas de extinção, o resguarde em cativeiro das


populações geneticamente viáveis é uma etapa essencial. Todavia, a reprodução por si só não
salvará a espécie, é necessário compreender o seu histórico no habitat natural; identificar as
pressões realizadas sobre ela; entender como essas pressões prejudicam e tornam o ambiente
desfavorável, dificultando a sobrevivência dos animais a longo prazo. (Rambaldi, 2002).
5

Das muitas espécies ameaçadas de extinção no mundo, poucas são as que podem manter-se em
cativeiro. A reprodução ex-situ é uma medida temporária, zoológicos e aquários não possuem
espaço suficiente para a manutenção de populações adequadas. Sua importância está em mantê-
las em períodos críticos, enquanto são reduzidos os riscos à sua vida, constituindo-se como uma
fonte para projectos de reintrodução no habitat natural (Sadava et al., 2009).

1.3. Objectivos da Reprodução de Espécies em Cativeiro


O principal objectivo da reprodução de espécies em cativeiro é: Salvar, reproduzir e conservar
espécies, minimizando os efeitos da sua extinção.

Mas há um grande problema, que depende da existência de muitas espécies em cativeiro para que
essa iniciativa possa dar certo. Para tal, deve haver a Endogamia, que ocorre quando animais da
mesma espécie, família ou com genitores comuns, são forçados a se reproduzir entre si.

Na óptica de Benet et all (2002:958) “é muito importante manter os animais em uma reserva
genética, para serem salvos de epidemias e de desastres naturais ou provocados pela acção
humana, para que seja possível salvar espécies selvagens em eminente risco de extinção, através
da reprodução em cativeiro”.

A reprodução em cativeiro é uma resposta alternativa à extinção de espécies e pela destruição do


meio ambiente. É uma alternativa devido ao facto de que, em cativeiro, as espécies jamais terão
as mesmas condições proporcionadas pelos seus habitats naturais, muito importante para a
perpetuidade das espécies.

Os animais selvagens mantidos em cativeiro adquirem um elevado de imprinting humano, em


consequência do seu contacto frequente com os tratadores e o público. A presença humana é de
facto incontornável, uma vez que os animais em cativeiro necessitam obviamente de cuidados
diários de higiene e alimentação, para além de cuidados médico-veterinários regulares.
(http://www.waza.org/ensite/conservation/waza-conservation-progects.htm)

Segundo Althaus et all (2010:52) “A Biodiversidade mundial tem vindo a diminuir a uma rapidez
extremamente elevada e a procriação de recursos naturais pelo homem, tem crescido cada vez
mais de forma descontrolada”.
6

Para espécies ameaçadas, a criação em cativeiro pode ser a única estratégia disponível para
impedir a extinção imediata. Portanto, é importante que haja a captura de animais e plantas para
assim, poder conservar e preservar a Biodiversidade. A conservação da biodiversidade, significa
maior segurança para os programas relacionados à conservação biológica, constituindo-se em
uma componente essencial para o desenvolvimento sustentável e manutenção da diversidade.

1.4. Estratégias da reprodução no cativeiro in situ e ex situ


A conservação exige estratégias in situ e ex situ para que ainda haja a conservação das espécies
na reprodução em cativeiro

In-situ é uma expressão do latim que significa ʺno lugar ʺou ʺno local. A conservação in-situ são
estratégias de conservação de ecossistemas e habitats naturais e de manutenção e recuperação de
populações viáveis de espécies em seus meios naturais (Inciso VII,art.2º, SNUC).

Ex-situ é uma expressão do latim que significa fora do lugar A conservação ex-situ é uma
estratégia de preservação e recuperação de espécies vegetais e animais, envolve populações não
naturais, como plantas cultivadas em estufas e sementeiras e animais criados em cativeiros.

A conservação in-situ pode-se apresentar ineficiente em casos de populações reduzidas ou


quando a maioria de indivíduos remanescentes esta localizada em áreas desprotegidas. Existem
grupos animais que possuem um menor número de espécies e, alem disso, para garantir sua
sobrevivência, necessitam de espaço por exemplo, grandes vertebrados. Sendo assim, e provável
que as estratégias de conservação ex-situ sejam a única alternativa para evitar a extinção desses
animais (Primack; Rodrigues, 2002).

1.5. Zoológicos e Criações de animais silvestres em cativeiro


Os zoológicos, alem de actuar na conservação de espécies em cativeiro, possuem um importante
papel na educação ambiental, pois aumentam o interesse do público em espécies silvestres, por
possibilitar que elas sejam observadas e que o publico desenvolva o conhecimento a respeito
delas. Os zoológicos e criadores de animais silvestres têm sua importância ao possibilitar estudos
básicos do comportamento animal. Estes permitem a progressão de técnicas de manejo e servem
como recurso emergencial para espécies que não apresentam possibilidade de sobrevivência em
seu habitat, actuando como reservatórios genéticos e demográficos (Wingfield et al., 1992).
7

Além disso, os criadores podem ser uma alternativa de produção de alimento e de diminuição na
pressão da caça (BDT, 2006).

O objectivo central dos grandes jardins zoológicos e a criação de populações e espécies raras e
ameaçadas. Entretanto, das 274 espécies raras de mamíferos mantidas em zoológicos, somente
10% possuem populações auto-sustentáveis e que conseguem manter sua variabilidade genética
de tamanho suficiente a evitar a depressão endogamica (Primack; Rodrigues, 2002).

A indisponibilidade de espaço físico, na maioria das vezes, e uma problemática para os


zoológicos e criadores, pois impossibilita a manutenção de uma grande quantidade de indivíduos
de uma mesma espécie, o que leva a depressão endogamica. Alem disso, locais assim são
inapropriados para animais que necessitam de uma grande quantidade de espaço para sobreviver
(Wilson, 1997).

Para a manutenção da variabilidade genética e o aumento da taxa de reprodução em cativeiro,


faz-se necessário o emprego de várias biotécnicas que vem sendo desenvolvidas, tais como
criopreservação de gâmetas, inseminação artificial, transferência de embriões e outras.

1.6. Bancos de germoplasma


A criopreservação de germoplasma é uma alternativa que diminui as limitações impostas pelo
tempo e pela distância para a conservação de diversas espécies silvestres em risco de extinção
(Loskutoff, 1998).

Com a criopreservação de germoplasma em botijas de nitrogénio líquido a -196 °C, o material


biológico mantém quase as mesmas características após o descongelamento (Santos, 2000).

Existem bancos de germoplasma em vários zoológicos, universidades, organizações de animais


de criação, instituições de pesquisa e laboratórios de vida silvestre. Todavia, eles são,
geralmente, pouco utilizados, por conta das instalações normalmente rudimentares (Trounson,
1998).

O congelamento de gâmetas, embriões e células somáticas possibilitam o emprego desses


germoplasmas em técnicas de reprodução assistida, por exemplo, a transferência de embriões e a
inseminação artificial, que permitiriam o aumento de populações ex situ e in situ (Wilson, 1997).
8

1.7. Criopreservação de sémen


Há a estimativa de que embriões e espermatozóides crio preservados em nitrogénio líquido a
196°C podem resistir até 3.000 anos em condições viáveis. Entretanto, a relativa infância da
reprodução assistida permite comprovar, com fatos, pouco menos de 50 anos de sobrevivência
dos espermatozóides em botijas criogenicos (Loskutoff, 1998).

A criopreservação do sémen e a principal técnica voltada a conservação animal ex situ. O sémen


pode ser colectado por meio, principalmente, das técnicas de eletroejaculação, massagem rectal e
vagina artificial (Loskutoff, 1998).

Os crioprotetores empregados para animais de produção têm como base o glicerol e a gema de
ovo, que, geralmente, vem sendo usados, de forma efectiva, para espécies silvestres, tais como
impala, girafa, búfalo e outros. No entanto, outros crioprotetores internos podem ser utilizados,
entre os quais, etilenoglicol, propilenoglicol e dimetil sufoxido (Loskutoff, 1998).

Também estão sendo desenvolvidas técnicas extremamente interessantes para a conservação da


biodiversidade, tais como a recuperação de espermatozóides do epididimo de animais mortos, e
esses gâmetas são capazes de resistir após diferentes períodos de tempo, quando resfriados, ate
ser, posteriormente, crio preservados (Martins et al., 2007).

1.8. Maneio
Em cativeiro, o estresse crónico é ocasionado principalmente pelo manejo incorrecto dos
animais, sendo seus factores causadores: recintos inadequados (Moreira et al., 2007), alta
densidade populacional e relações sociais inadequada para a espécie, alimentação desequilibrada
e cuidados médicos e sanitários insuficientes (Crosier et al., 2007).

Na prática, quando se considera a situação de cativeiro, geralmente se observa que muitos


animais acabam se acostumando com a presença humana com o passar do tempo. Porém, isso
não significa que o animal encontra-se completamente adaptado a esse ambiente e à presença
humana. Animais que não se adaptam completamente ao cativeiro podem sobreviver, mas em
alguns casos podem apresentar subfertilidade ou infertilidade (Moreira et al., 2007).
9

1.9. Nutrição
As deficiências nutricionais podem ser também causadas pelo consumo insuficiente de
alimentos. O estresse crónico pode, ainda, levar um animal a não se alimentar e,
consequentemente, a apresentar sinais de deficiência nutricional. Desse modo, a deficiência
nutricional pode ser tanto factor causador de estresse quanto uma manifestação do próprio
estresse.

1.10. Acompanhamento clínico


O acompanhamento clínico rotineiro de animais mantidos em zoológicos e criadores é de
extrema importância. Afecções derivadas do estresse são reconhecidamente comuns em várias
espécies de animais, incluindo o ser humano (Moberg, 2000).

Em um trabalho recente de meta-análise, Segerstrom e Miller (2004) consideraram mais de 300


artigos que relacionavam o estresse com alterações no sistema imune e concluíram que o estresse
agudo (duração de poucos minutos) está associado a estímulo de parâmetros indicadores da
imunidade natural (imunidade celular) e à supressão de algumas funções da imunidade específica
(imunidade humoral). O inverso ocorre com estressores de duração um pouco mais longa,
preservando parâmetros da imunidade humoral e suprimindo a imunidade celular. Já no caso de
estresse crônico, ocorre a supressão tanto da imunidade humoral quanto da celular.

Portanto, a medição de parâmetros imunológicos (celular e humoral), juntamente com o


acompanhamento dos níveis de glicocorticoides, pode ser ferramenta para indicar a ocorrência
ou não de distresse em um determinado animal e deve ser considerada como uma alternativa para
o acompanhamento do bem- estar de animais silvestres cativos (Moberg, 2000).

1.11. Técnicas de reprodução em cativeiro


A reprodução em cativeiro é realizada a partir de um plano de manejo, que contém informações
como o período reprodutivo de cada espécie, a idade, genealogia e nível de ameaça de extinção.

Segundo (Bulhem et al., 1983). O cativeiro geralmente afecta mais as


funções reprodutivas de fêmeas do que as de machos. Para elas, a reprodução é
regulada de maneira mais precisa, pois os custos são maiores do que para
machos, desde a produção de gâmetas até as fases mais tardias de cuidado
parental. Em comparação a gâmetas masculinos, a produção de gâmetas
femininos é muito mais limitada e requer maiores investimentos energéticos. Por
isso, é necessário que o desencadeamento de comportamentos reprodutivos só
ocorra quando houver condições ambientais adequadas para a reprodução,
10

condições estas, que podem ser alteradas ou suprimidas pela manutenção em


cativeiro.

Na formação de um casal de animais para a reprodução em cativeiro deve se ter em conta os


seguintes elementos:
 O macho e a fêmea devem ter idades próximas;
 Deve-se sempre escolher um macho e uma fêmea sadia que não tenha histórico de
doenças contraídas durante vida;
 O casal deve ter mais que um ano de vida;
 Não pode existir um grau de parentesco entre eles, pois nunca pode ocorrer reprodução
consanguínea;
 Deve-se saber realmente o tempo de reprodução do animal;
 O local de reprodução deve ser calmo e tranquilo.

Durante a gestação, a fêmea recebe um suporte nutricional diferenciado e, além disso, recebe
tocas, ninhos e substratos mais acolhedores, para manter o filhote o mais confortável possível”,
Manualmente cada espécie recebe cuidados específicos. Todos os nascimentos são monitora dos
presencialmente ou à distância, observando a alimentação, interacção com a mãe e o
desenvolvimento do filhote. Quando isso não acontece, o filhote passa por uma avaliação da
equipe técnica e são criados.

1.12. Consequências de Reprodução em Cativeiro


A manutenção de animais em cativeiro tem sido de grande importância para a conservação de
espécies ameaçadas de extinção e também para o desenvolvimento de pesquisas científicas
(Dickens et al., 2009, Dickens e Bentley, 2014).

Entretanto, são observadas alterações em padrões morfológicos, fisiológicos e comportamentais


dos animais em resposta ao cativeiro (Calisi e Bentley, 2009), o que frequentemente gera
desregulação ou até mesmo supressão de processos fisiológicos de história de vida, como a
reprodução (Bluhm et al., 1983).

Tais alterações podem ser um problema para programas de conservação que utilizam como
ferramenta a manutenção de animais em cativeiro, além de gerar questionamentos relevantes
11

sobre a possibilidade de extrapolação de dados científicos obtidos em cativeiro para as condições


de animais selvagens (Calisi e Bentley, 2009).

Diversos factores no contexto do cativeiro podem contribuir para as alterações observadas, como
a indução de estado de estresse crônico (Morgan e Tromborg, 2007) e a supressão de indicativos
de variações ambientais sazonais (Dickens e Bentley, 2014), necessárias para a regulação de
actividades básicas de vida.

Os eventos de reprodução trazem consigo muitos custos e riscos. Por isso, é essencial que
funções fisiológicas e comportamentos reprodutivos só sejam desencadeados sob condições onde
há chances reais de sucesso reprodutivo (Adkins-Regan, 2005).

Alguns aspectos ambientais agem como sinais, indicando que as condições estão propícias para a
reprodução. Alguns indicadores ambientais de maior escala, como fotoperíodo, por exemplo,
controlam aspectos que iniciam o processo reprodutivo e possibilitam que outros indicadores
ambientais de menor escala (ex., precipitação e disponibilidade de alimento) regulem a
reprodução de maneira mais precisa e a manutenção de animais em cativeiro tem sido de grande
importância para a conservação de espécies ameaçadas de extinção e também para o
desenvolvimento de pesquisas científicas (Dickens et al., 2009, Dickens e Bentley, 2014).

Entretanto, são observadas alterações em padrões morfológicos, fisiológicos e comportamentais


dos animais em resposta ao cativeiro (Calisi e Bentley, 2009; Lattin et al., 2016), o que
frequentemente gera desregulação ou até mesmo supressão de processos fisiológicos de história
de vida, como a reprodução (Bluhm et al., 1983; Mason, 2010).

Tais alterações podem ser um problema para programas de conservação que utilizam como
ferramenta a manutenção de animais em cativeiro, além de gerar questionamentos relevantes
sobre a possibilidade de extrapolação de dados científicos obtidos em cativeiro para as condições
de animais selvagens (Calisi e Bentley, 2009).

Diversos factores no contexto do cativeiro podem contribuir para as alterações observadas, como
a indução de estado de estresse crônico (Morgan e Tromborg, 2007) e a supressão de indicativos
de variações ambientais sazonais (Dickens e Bentley, 2014), necessárias para a regulação de
actividades básicas de vida.
12

Os eventos de reprodução trazem consigo muitos custos e riscos. Por isso, é essencial que
funções fisiológicas e comportamentos reprodutivos só sejam desencadeados sob condições onde
há chances reais de sucesso reprodutivo (Adkins-Regan, 2005).

Alguns aspectos ambientais agem como sinais, indicando que as condições estão propícias para a
reprodução. Alguns indicadores ambientais de maior escala, como foto-período, por exemplo,
controlam aspectos que iniciam o processo reprodutivo e possibilitam que outros indicadores
ambientais de menor escala (ex.: precipitação e disponibilidade de alimento) regulem a
reprodução de maneira mais precisa e específica (Wingfield et al., 1992; Wingfield et al., 2000).

O fotoperíodo é tido como o principal factor que dá início aos processos ligados à reprodução
(Dawson et al., 2001), como o desenvolvimento inicial das gônadas e de características sexuais
secundárias, como plumagens nupciais (Dawson et al., 2001).

Outros indicadores ambientais, como temperatura (Wingfield et al., 2003), disponibilidade de


alimento (Deviche e Sharp, 2001) e de água (Priedkalns, 1985), aumento de biomassa verde
(Priedkalns et al., 1984) e a disponibilidade de sítios para nidificação (Wingfield et al., 1992),
actuam de forma mais precisa na regulação da reprodução, agindo como aceleradores ou
inibidores das actividades reprodutivas (Wingfield et al., 1992).

1.13. Importância da Conservação de Espécies no Cativeiro


 Permite que as espécies continuem seus processos evolutivos;
 Favorece a protecção e a manutenção da vida silvestre;
 Permite a Conservação em larga escala de um grande número de espécies e indivíduos;
 A existência de espécies em cativeiro pode reduzir a necessidade de captura e de
desaparecimento de espécies ameaçadas da extinção;
 Permite conhecer melhor a biologia da espécie e assim permitir para fins de estudo.

No entanto, Conservar envolve um conjunto de directrizes e estratégias planeadas para o manejo


e utilização sustentável dos recursos naturais, a um nível óptimo de rendimento e preservação da
diversidade biológica.
13

Na visão de Heywood (2007) “Os cativeiros são administrados de forma que sua função
primária seja proteger uma espécie ou um grupo de espécies da extinção e promover processos
ecológicos e evolutivos naturais com a principal função de manutenção de inúmeras espécies de
animais silvestres para a protecção e conservação destes”.

Os programas de criação de espécies em cativeiro destinados à conservação são caros e


consequentemente não são práticos para todas as espécies. No caso de algumas espécies, esta
criação se torna biologicamente impossível, mas para espécies ameaçadas, no entanto, a criação
em cativeiro pode ser a única estratégia disponível para impedir a extinção imediata destas
espécies.

1.14. Vantagens da reprodução em cativeiro


 Diminuir o número de extinção de certos animais, tendo em vista um acompanhamento
por especialistas;
 Manter viva as espécies com riscos de extinção;
 E representa importante reservatório para sobrevivência de uma espécie na natureza,
permitindo acções de reintrodução;
 Restabelecer uma população viável numa área onde a espécie foi extinguida;
 Recuperar a população selvagem.

1.15. Desvantagens da Reprodução em Cativeiro


 O animal acostumado em cativeiro não se adapta facilmente as condições selvagens de
seu habitat natural;
 Facilitar a criação de cativeiros ilegais e comercialização destes animais.
14

Conclusão
Após elaboração do trabalho, conclui-se que a reprodução em cativeiro, surgiu a partir de
momento em que a extinção de espécies observada na natureza começou a afectar directamente a
diversidade biológica. Assim, a reprodução em cativeiro tem dois significados: A defesa e
protecção das espécies, para a conservação da Biodiversidade e, uma alternativa para mitigar á
extinção de espécies pela destruição do meio ambiente.

Pode se afirmar ainda que, a reprodução em cativeiro é uma alternativa devido ao facto de que,
em cativeiro, as espécies jamais terão as mesmas condições proporcionadas pelos seus habitats
naturais, uma vez que a presença humana é de facto incontornável, pois os animais em cativeiro
necessitam obviamente de cuidados diários de higiene e alimentação, para além de cuidados
médico-veterinários regulares.

A criação de animais silvestres é um tema polêmico entre conservacionistas. Enquanto uma


vertente alega que a actividade não é um procedimento que contribua à conservação da fauna e
questiona a sua viabilidade, outros demonstram o potencial econômico e a apontam como uma
alternativa de produção menos danosa ao ambiente, capaz de gerar trabalho e renda em regiões
onde as condições locais limitam a produção agropecuária tradicional.
15

Referência Bibliográfica

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