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TERMOS DE REFERÊNCIA PARA A REALIZAÇÃO DE:

PESQUISA DESCRITIVA SOBRE A MINERAÇÃO


ARTESANAL NOS DISTRITOS DE MONTEPUEZ, NAMUNO
E ANCUABE, EM MOÇAMBIQUE, COM ABORDAGEM NOS
DETERMINANTES SOCIAIS DA SAÚDE

Actividade realizada no âmbito do projecto:


“Redução do impacto negativo da mineração artesanal na saúde
individual, comunitária e ambiental”, com especial enfoque nas
comunidades mineiras nos distritos de Montepuez, Namuno e Ancuabe
Executado pela medicusmundi e financiado pela Generalitat Valenciana e a União Europeia

Data de início: Novembro de 2019


Prazo final: Janeiro de 2020
País: Moçambique
Entidade contratante: Medicus Mundi

Maputo, Outubro de 2019


TdR Pesquisa Descritiva sobre Mineração Artesanal

Índice de Conteúdos

1. INTRODUÇÃO. ................................................................................................................................. 3
2. CONTEXTO E ANÁLISE DE SITUAÇÃO. ............................................................................................ 4
2.1. Aspectos socioeconómicos. ........................................................................................................ 4
2.2. A indústria extractiva e a mineração artesanal. ........................................................................ 4
2.2.1. Problemas ambientais: ........................................................................................................... 5
2.2.2. Impacto social: ........................................................................................................................ 5
2.2.3. Impacto económico: ............................................................................................................... 6
2.2.4. Problemática para o sector da saúde: ................................................................................... 6
3. OBJECTIVOS DA CONSULTORIA. ..................................................................................................... 7
3.1. Objectivos gerais:........................................................................................................................ 7
3.2. Objectivos específicos: ............................................................................................................... 7
4. PRODUTOS ESPERADOS.................................................................................................................. 7
5. HIPÓTESES E RISCOS. ...................................................................................................................... 8
5.1. Hipóteses subjacentes à intervenção. ....................................................................................... 8
5.2. Riscos subjacentes à intervenção............................................................................................... 9
6. DESCRIÇÃO DO TRABALHO E ACTIVIDADES A REALIZAR............................................................... 9
7. ZONA GEOGRÁFICA ABRANGIDA. ................................................................................................ 10
8. GRUPOS-ALVO. ............................................................................................................................. 10
9. METODOLOGIA DO TRABALHO. ................................................................................................... 11
10. MEIOS COLOCADOS À DISPOSIÇÃO PELA ENTIDADE CONTRATANTE..................................... 11
11. PREMISSAS DA INVESTIGAÇÃO, AUTORIA E PUBLICAÇÃO...................................................... 12
12. PRAZOS PARA CONSULTORIA, ORÇAMENTO E DOCUMENTOS A APRESENTAR. ................... 12
13. CRITÉRIOS DE AVALIAÇÃO DAS PROPOSTAS. .......................................................................... 13
14. SUBMISSÃO DAS PROPOSTAS. ................................................................................................. 14

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1. INTRODUÇÃO.
A Medicus Mundi (MM) trabalha desde o ano de 1994 em Moçambique, e particularmente em Cabo
Delgado, na melhoria dos determinantes sociais que afectam a saúde da população, entre os quais se
inclui o direito a viver em ambientes saudáveis. A estratégia de trabalho da MM baseia-se na defesa
do direito à saúde e no convencimento de que a melhor forma de atingir este direito é através do
trabalho integral no âmbito dos determinantes sociais da saúde e mediante a construção de um
sistema de saúde fundamentado nos princípios dos Cuidados de Saúde Primários. A defesa activa de
todos os direitos da cidadania e em particular o direito ambiental apresenta-se como uma prioridade:
pode-se conseguir uma melhor qualidade de vida se se respeita o ambiente e se a população se
empodera na defesa activa desses mesmos direitos ambientais.

A mineração artesanal está-se a expandir globalmente, particularmente no continente africano,


incluindo países como Moçambique. Esta actividade, na forma como se desenvolve hoje, geralmente
à margem da lei e sempre na informalidade, tem causado impactos altamente negativos ao meio
ambiente e à saúde individual e colectiva da população. Para citar apenas um dado, o Programa das
Nações Unidas para o Meio Ambiente indica que a mineração artesanal é a principal causa de emissões
de mercúrio para a atmosfera (37% das emissões globais). Além disso, a sua prática não traz um
impacto visível sobre o desenvolvimento das comunidades em que se leva a cabo, devido às limitadas
opções de participação dos grupos de garimpeiros formalmente organizados e reconhecidos, o que
reduz o potencial que essa atividade económica poderia ter na melhoria da vida das comunidades.

Em Cabo Delgado, a prática da mineração artesanal é muito maior do que inicialmente previsto.
Existem nesta província grandes depósitos de ouro, sendo que o mercúrio é geralmente usado na
extracção do minério. Nas áreas onde esta actividade se desenvolve com maior intensidade registam-
se movimentos populacionais maciços que têm criado assentamentos informais superando claramente
a já limitada capacidade de prestação de serviços públicos de qualidade, sendo os de saúde os mais
afectados.

Neste contexto, o projecto que tem como título “Redução do impacto negativo da mineração
artesanal na saúde individual, comunitária e ambiental” visa, portanto, reduzir o impacto negativo
na saúde individual, comunitária e ambiental que a mineração artesanal tem vindo a causar em três
distritos de Cabo Delgado (Montepuez, Namuno e Ancuabe). O mesmo contribuirá para: (1) ampliar o
conhecimento e a descrição sobre a prática da mineração artesanal nos distritos de intervenção; (2)
introduzir métodos alternativos ao uso de mercúrio na extracção de ouro para promover práticas limpas
que respeitem o meio ambiente; (3) fortalecer a capacidade do sistema de saúde na prestação de
serviços às comunidades das zonas de mineração, melhorando a capacidade dos recursos humanos
e desenvolvendo novos sistemas de registo que permitam adequar a oferta de serviços aos novos
perfis sociais e sanitários que a mineração artesanal está a criar; (4) finalmente, sensibilizar a
população das áreas de intervenção (e população em geral) sobre os riscos da mineração e promover
campanhas de promoção da saúde para que as comunidades, a partir da melhoria da sua própria
organização, para que tenham a capacidade de minimizar os impactos negativos dessa prática e
maximizar o seu potencial económico. O projecto aconselhará as organizações mineiras a
consolidarem-se como associações ou cooperativas, para que possam ter uma maior capacidade de
diálogo com as autoridades locais.

Este projecto tem como o principal implementador a medicusmundi, que trabalhará com outras
instituições locais como é o caso do Centro Terra Viva (CTV), a Direcção Provincial de Saúde (DPS),
a Direcção Provincial de Recursos Minerais e Energia (DPRME), Instituto Nacional de Saúde (INS) e a
outra contraparte da Dinamarca, Diálogos. Conta com o financiamento da Generalitat Valenciana e co-
financiamento da União Europeia, e visa contribuir para garantir o direito à saúde e ao direito ambiental
da população de Cabo Delgado, com especial enfoque nas comunidades mineiras nos distritos de
Montepuez, Namuno e Ancuabe.

A consultoria proposta para a realização de uma pesquisa descritiva sobre a mineração artesanal,
faz parte do primeiro resultado do projecto, “Aumentado o conhecimento sobre a prática da

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mineração artesanal em Cabo Delgado, tanto a nível das autoridades locais como das
comunidades mineiras”, e abrange as actividades 2 e 3 do resultado indicado.

2. CONTEXTO E ANÁLISE DE SITUAÇÃO.


2.1. Aspectos socioeconómicos.
Em Moçambique, o contexto político é ainda caracterizado por desafios em termos de mecanismos de
contrabalanço, tolerância política, liberdade de imprensa e prestação de contas, sobretudo a nível local.
O incremento da exploração de recursos naturais cria expectativas de crescimento económico, mas
também causa apreensões e reivindicações das comunidades nas questões de acesso à terra, à água,
aos recursos florestais e à transparência na gestão dos recursos naturais.

Nos últimos anos, o PIB em Moçambique tem crescido na ordem dos 7-8% por ano, mas o índice de
pobreza permanece alto (55% em 2010), com um forte desemprego juvenil (27%), sendo que a
distribuição geográfica da pobreza continua semelhante. O país aparece classificado na 180ª posição
de um total de 188 países no Índice de Desenvolvimento Humano (0,416 de acordo com o Relatório de
2015). Subsistem altas taxas de analfabetismo (64% no Norte e Centro), desnutrição (44% das crianças
sofrem de desnutrição crónica), HIV/SIDA (com uma média de prevalência 11,5%), e uma esperança
de vida ao nascer que mal chega a 50 anos. O índice de progresso social, de acesso a fontes de água
e saneamento, coloca Moçambique entre os países com taxas de consumo de água mais baixas do
mundo. Ao mesmo tempo, cerca de 70% da população habita e trabalha nas zonas rurais e no sector
primário, com uma baixa utilização das tecnologias e poucas oportunidades nos sectores não
tradicionais. A cultura e as actividades ligadas ao uso sustentável dos recursos naturais são áreas com
grande potencial para mobilização e criação de emprego que ainda não estão completamente
exploradas.

Muitos estudos expressam dúvidas sobre a eficácia dos espaços formais de diálogo (os Observatórios
de Desenvolvimento, as Instituição de Participação e Consultas Comunitárias, os órgãos de
representação política) entre a sociedade civil e a governação. Estes estudos referem barreiras no
acesso à informação, partidarização do diálogo, frágil representação dos interesses das comunidades,
cooptação e riscos concretos de represálias no caso de exprimir critica em particular no sector da
gestão dos recursos naturais. É neste quadro que pode ser potenciada uma abordagem territorial de
desenvolvimento como uma dinâmica de baixo para cima, com uma abordagem de actores múltiplos e
multissectoriais, em que diferentes instituições e actores locais trabalham juntos para planear e
implementar estratégias de desenvolvimento. Este trabalho colectivo pode ser crucial na prevenção,
mitigação e preparação em áreas sujeitas às calamidades naturais.

2.2. A indústria extractiva e a mineração artesanal.


Moçambique, e particularmente a província de Cabo Delgado, tem registado um aumento na exploração
de recursos minerais nos últimos anos. Existem dois tipos de actividade principais:

(1) a indústria extractiva formal focada principalmente na extracção de petróleo, gás, carvão e outros
minerais fósseis, e
(2) a mineração artesanal e de pequena escala, informal, mas com impacto directo no desenvolvimento
social, económico, ambiental e na saúde nas áreas onde é desenvolvida.

Esta última é praticada por trabalhadores conhecidos como “garimpeiros”. A atenção do Governo, das
empresas internacionais, das organizações internacionais e nacionais que trabalham em prol de uma
gestão eficiente e distributiva dos recursos tem-se concentrado na indústria formal, enquanto que a
mineração artesanal ainda não recebe a devida atenção, facto que inibe o seu potencial como um
mecanismo de desenvolvimento e não permite alertar e minimizar os riscos inerentes a essa actividade.
A maior parte das discussões e debates que se têm produzido sobre a mineração concentram-se em
questões de enquadramento legal e fiscal, transparência, exportações, etc., deixando de lado outras
questões igualmente importantes, como as transformações socioeconómicas e ambientais.

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O crescimento da mineração artesanal tem uma justificativa enquadrada nas condições de


desenvolvimento do país. Mais de metade da população moçambicana vive em situações de extrema
pobreza, sendo a agricultura a principal fonte de sobrevivência. A escassez de chuvas, as técnicas
precárias utilizadas e as mudanças climáticas resultaram na redução da produção e na perda dos meios
de subsistência. Os altos níveis de pobreza registados nas zonas rurais, o desemprego generalizado
(afectando especialmente a juventude), a falta de oportunidades para a continuação de estudos, a
tolerância do Governo e, às vezes, os altos rendimentos decorrentes da exploração de minerais, são
algumas das causas da proliferação da mineração artesanal no país.

A Lei 14/2002 de 26 de Junho estabelece que, em Moçambique, os recursos minerais encontrados no


solo e subsolo, em águas interiores, no leito do mar territorial, na zona económica exclusiva e na
plataforma continental, no fundo do mar e o no subsolo do leito do mar territorial são propriedade do
Estado. No entanto, teoricamente, qualquer pessoa individual ou colectiva, nacional ou estrangeira,
pode explorar os recursos minerais de acordo com os requisitos estabelecidos na legislação de
mineração. A extracção de qualquer recurso mineral em Moçambique requer a obtenção do respectivo
título mineiro, sendo o Ministério dos Recursos Minerais a entidade emissora das Licenças de
Reconhecimento, Prospecção e Investigação, do Certificado Mineiro e das “concessões mineiras”. É
ao Governador da Província, portanto, a quem compete emitir Certificados de Mineração para materiais
de construção e sinais de mineração (autorizações para mineração credenciada) para as áreas
designadas.

Os dados mais recentes fornecidos por fontes governamentais indicam a existência de 60 associações
de mineração no país, número muito inferior ao número estimado das pessoas envolvidas na actividade
do garimpo. Ainda não há dados oficiais e verificados, mas estima-se que, actualmente, cerca de
100.000 pessoas estejam directamente envolvidas no sector de mineração artesanal, sustentando a
vida de meio milhão de pessoas em zonas rurais e com maiores taxas de pobreza. As actividades, em
alguns casos, são ilegais e clandestinas, com maior incidência nas províncias de Manica, Tete,
Zambézia, Niassa, Nampula e Cabo Delgado, que são as que têm maior potencial mineiro.

As evidências que existem no país e noutras regiões internacionais com problemas semelhantes
alertam sobre os desafios sociais, económicos e ambientais que a mineração artesanal produz:

2.2.1. Problemas ambientais:


a. Erosão causada pela eliminação da vegetação e a diminuição da fertilidade das terras.
b. Obstrução da rede hidrográfica por sedimentação devido à abertura de imensas crateras
(que impedem o posterior uso agrícola e sem regeneração da vegetação) que arrastam os
sedimentos para as linhas de água durante as chuvas.
c. Poluição da água causada pelo processo de britagem e lavagem de pedras para a
extracção, especialmente de ouro. Os mineiros artesanais em todo o mundo usam mercúrio
para extrair ouro. A técnica “amalgamação com mercúrio” usa 10-25 gr. de mercúrio para
produzir 1 gr. de ouro. Nos últimos anos, tem-se demonstrado que esta técnica está
amplamente estendida, sendo a mineração artesanal para a extracção de ouro o primeiro e
mais importante factor de poluição por mercúrio no mundo, com 37% das emissões antrópicas
na atmosfera (UNEP). O processo de lavagem afecta o lençol freático através do processo de
infiltração, reduzindo ainda mais a disponibilidade de água para consumo. Um estudo realizado
pela AIM (AIM, 15 de Julho de 2012, Dondeyne et al, 2007), indica que existem pelo menos
seis rios com água imprópria para consumo humano na região central de Moçambique, devido
aos altos níveis de poluição, como resultado do garimpo ilegal. Esta situação implica graves
ameaças à saúde pública, bem como ao desenvolvimento das actividades socioeconómicas. A
água desses rios, que já é colorida, também é inadequada para a irrigação e até mesmo para
o consumo pelo gado, além de ter efeitos prejudiciais em toda a cadeia alimentar.

2.2.2. Impacto social:


a. Existem conflitos sociais entre os garimpeiros e as empresas que exploram formalmente
os recursos naturais através de concessões de mineração e florestais.
b. Deterioração das condições de trabalho, uma vez que os garimpeiros operam em situações
precárias, sem observância de padrões elementares de segurança e higiene no trabalho. No
caso da extracção de ouro com mercúrio, se o operador funcionar sem protecção, pode inalar

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os gases e as doenças causadas por este metal, podendo-se manifestar apenas entre 20 e 35
anos após a exposição ao mercúrio ou como resultado do consumo de alimentos contaminados.
Os sintomas são tremores, alterações de personalidade, parkinsonismo e demência,
resultantes da infecção do sistema nervoso, entre outros.
c. Vida nómada com condições precárias de higiene e segurança em extrema dependência,
tanto de produtos alimentares como de alternativas de geração de rendimento, possibilidade
de criatividade, aprendizagem, escolha da qualidade do trabalho, lazer, segurança, usufruto de
valores culturais e saúde mental.
d. Os movimentos migratórios e o aumento desorganizado da população próxima às minas
têm repercussões na assimetria e na falta de serviços básicos com cobertura mínima, tanto na
educação quanto na saúde.
e. Separação e fragmentação das famílias por longos períodos e colocação do poder
económico em primeiro plano em detrimento de outros valores que os identificam.
f. O uso de mão-de-obra infantil é observado em violação dos direitos das crianças e das
comunidades em geral. O Centro de Desenvolvimento Sustentável para Recursos Naturais
alerta para o aumento do absentismo escolar nas zonas de mineração artesanal entre crianças
de 11 a 14 anos de idade.
g. Segundo a UNICEF, em 2012, 24% das meninas entre 15 e 18 anos trabalharam como
prostitutas nas zonas de mineração.
h. A ONU alerta sobre a correlação entre a indústria extractiva e o aumento das doenças
sexualmente transmissíveis e do HIV.

2.2.3. Impacto económico:


a. A actividade de mineração também promove a mineração e a comercialização ilegal que
funcionam nos dois sentidos. Este facto contribui para o desconhecimento da contribuição
económica da Mineração Artesanal de Pequena Escala a nível nacional.
b. O CTV (Centro Terra Viva) relata que a insegurança alimentar e nutricional aumentou como
resultado do abandono da agricultura pelas comunidades para a mineração artesanal.
c. O Governo tem tomado iniciativas através do Fundo de Desenvolvimento de Mineração a
favor dos garimpeiros, fornecendo instrumentos usados na mineração e comprando o produto
extraído. Essa estratégia não só tem contribuído para a proliferação da população de
garimpeiros na província motivada pelo facto de ter um mercado garantido, mas também tem
permitido ao Governo absorver este recurso e evitar o contrabando do minério perpetrado pelos
compradores estrangeiros.

2.2.4. Problemática para o sector da saúde:


a. O sistema de saúde desconhece o estado de saúde destas populações. Nas Unidades
Sanitárias, os trabalhadores de saúde indicam as seguintes constatações: aumento das DTS e
do HIV/SIDA; aumento dos traumatismos por acidentes na mina; aumento dos ferimentos por
agressões físicas; aumento da desnutrição crónica por deixar “as machambas”; aumento das
gravidezes não desejadas. No entanto, os mesmos trabalhadores de saúde desconhecem os
problemas de saúde destas populações relacionados com os riscos do uso do mercúrio.
b. Colectivo nómada que usa diferentes unidades sanitárias e não realiza o devido
seguimento dos tratamentos. Adequar à rede as localizações nómadas é difícil pela
temporalidade dos assentamentos.
c. Importantes problemas de saúde pública provocados pela pressão demográfica, devido à
chegada de grandes colectivos estrangeiros a aldeias pequenas, como, por exemplo, o caso
de Namanhumbir, Nahnupo o Ntola, em Montepuez, e Cororine, em Namuno. Degradação
significativa do saneamento do meio e aumento do consumo de drogas e álcool.
d. A população desloca-se durante vários dias para trabalhar em locais onde as condições de
trabalho e vida são difíceis, aumentando a incidência de doenças como diarreias ou
malária, devido ao consumo de água imprópria e pelo aumento das águas estancadas nas
zonas de lavagem das areias.

As publicações sobre a mineração artesanal em Cabo Delgado são escassas e, em muitas ocasiões,
oferecem dados fragmentados. A pesquisa liderada por Eduardo Jaime Bata e Zilda Fátima Mariano “A

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vulnerabilidade socioambiental no contexto da exploração das pedras preciosas e semipreciosas em


Namanhumbir, Distrito de Montepuez (Moçambique), entre 2004 e 2011” calcula o índice de
vulnerabilidade Socioambiental na área de estudo. O estudo conclui que há uma estreita relação entre
a exploração das pedras preciosas e a vulnerabilidade socioambiental devido às transformações sócio-
espaciais e ambientais da prática. Desde o ponto de vista sociopolítico, o garimpo tem vindo a deteriorar
as relações entre o Governo local e os moradores das aldeias. Constata-se um aumento dos benefícios
económicos das populações envolvidas nesta prática e um aumento temporal de alguns postos de
trabalho. Porém, a pesquisa constatou também as condições precárias nas que trabalham os
garimpeiros, assim como a falta de serviços adequadas de saúde, educação, etc.

Depois de mais de dois anos de experiência trabalhando com as comunidades mineiras, a


medicusmundi pode fornecer elementos e informações práticas sobre a realidade da mineração
artesanal em Cabo Delgado e mais especificamente nos três distritos de intervenção: Ancuabe,
Montepuez e Namuno, na província de Cabo Delgado.

Em 2017, realizou-se um trabalho que procurou descrever as minas artesanais nos distritos de
Ancuabe, Montepuez e Namuno, na província de Cabo Delgado, no norte de Moçambique e identificava
alguns factores condicionantes tais como o estado de saúde e as perspectivas dos mineiros tradicionais
que vivem na área de estudo.

A presente pesquisa visa dar continuidade a este trabalho que foi iniciado em 2017 de modo a termos
uma informação mais detalhada e concreta da real situação nesta parcela do Norte do país.

3. OBJECTIVOS DA CONSULTORIA.
3.1. Objectivos gerais:
Descrever as características da mineração artesanal em três distritos da Província de Cabo
Delgado (Norte de Moçambique).

3.2. Objectivos específicos:


o Mapear as minas artesanais usando tecnologia GIS nos três distritos.
o Estimar e caracterizar a população envolvida na mineração artesanal nos três distritos.
o Mapear a localização das unidades sanitárias nos três distritos.
o Mapear as associações mineiras nos três distritos.
o Estudar a cobertura de saúde com respeito à localização das áreas mineiras.
o Comparar os resultados obtidos com respeito ao primeiro levantamento realizado em 2017:
 Ponto de situação das minas, unidades sanitárias e associações existentes em 2017.
 Novas localizações de minas, unidades sanitárias e localizações.
o Sistematizar e publicar o relatório e mapa das minas 2019-2020.

É provável que parte da informação necessária para atingir os objetivos específicos solicitados já esteja
disponível nas bases de dados elaboradoras com a pesquisa de 2017 ou em informação gerada por
outros actores nos últimos dois anos. Pretende-se actualizar a pesquisa, não sendo imprescindível
(sem comprometer a qualidade) que todos os dados utilizados sejam propriedade da medicusmundi.

4. PRODUTOS ESPERADOS.
Os produtos esperados desta consultoria são:

1. Geo-referenciar os limites das concessões mineiras autorizadas pelas autoridades


competentes, com base em todas as informações que, das actuais áreas designadas
reconhecidas, serão fornecidas pela Direcção Provincial de Recursos Minerais e Energia.

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2. Mapas actualizados das minas artesanais existentes nos distritos de Montepuez,


Namuno e Ancuabe, em áreas designadas e não designadas, incluindo:

a) Localização das minas: Mapa SIG da Mineração Artesanal de Cabo Delgado.


b) Linha de Base de minas artesanais.
c) Tipo de minério que se extrai.
d) Estimativa de censo dos mineiros e % de homens, mulheres e crianças.
e) Principais acidentes geográficos (rios, lagos, etc.).
f) Existência ou não de licença de exploração.
g) Mapeamento das organizações de garimpeiros.
h) Identificação de potenciais práticas negativas contra o ambiente (utilização de mercúrio,
etc.).
i) Localização dos serviços públicos (US, escolas, etc.).

3. Realizada uma formação teórico-prática em geo-referenciamento e mapeamento de minas,


dirigida aos membros de Grupo Multissectorial de Mineração (GMM), e aos técnicos da
medicusmundi e do CTV.

4. Um relatório intercalar a apresentar depois de finalizar o levantamento no terreno, com os


anexos que sejam considerados oportunos (protocolo aprovado, bases de dados, etc.).

5. Um projecto do relatório final e o relatório final da consultoria, na forma de uma pesquisa


descritiva (cross-sectional study) sobre a mineração artesanal nos distritos de Namuno,
Montepuez e Ancuabe, incluindo conclusões, boas práticas e recomendações. O primeiro
relatório deve ser apresentado o mais tardar um mês antes do final do período de execução da
consultoria. O prazo para apresentação do relatório final é de 15 dias após a receção das
observações sobre o projecto de relatório final. As análises circunstanciadas subjacentes às
recomendações serão apresentadas nos anexos do relatório principal.

6. Um artigo científico a ser publicado em revistas internacionais, tendo em conta as áreas


temáticas dos pontos 2 e 3 acima mencionados.

A medicusmundi, com os resultados obtidos da pesquisa responsabilizar-se-á em difundir as


recomendações e conclusões e de realizar a respectiva incidência política, em virtude dos
conhecimentos obtidos nesta consultoria e de modo a aumentar o conhecimento sobre a prática da
mineração artesanal em Cabo Delgado, tanto a nível das autoridades locais como das comunidades
mineiras.

5. HIPÓTESES E RISCOS.
5.1. Hipóteses subjacentes à intervenção.
o Existe apoio das Autoridades Locais para realizar os levantamentos e a pesquisa.
o Existe abertura e condições de segurança nas áreas de estudo por parte dos trabalhadores
da mineração artesanal.
o Existe interesse por parte das autoridades locais em aumentar a sua capacidade formativa
e organizativa.
o Existe pré-disposição das instituições de pesquisa e de geração de conhecimento de
considerar a mineração artesanal como um aspecto-chave no âmbito do direito ambiental
e outros (saúde, etc.).
o Existe interesse por parte da sociedade civil em aumentar a sua capacidade formativa e
organizativa.
o Não existem pressões ou acções coercivas que impeçam o trabalho de assessoria e
formação.
o Existe uma rede de entidades / organizações interessadas em formar parte duma
plataforma integradora sobre mineração artesanal: o Grupo Multissectorial de Mineração
(GMM).

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o Existe abertura por parte das Autoridades Locais para fomentar a participação da
sociedade civil e grupos de garimpeiros nos conselhos, exercícios de planificação, etc.

5.2. Riscos subjacentes à intervenção.


o Desde o ponto de vista institucional, que os principais grupos e instituições de pesquisa
do país não ofereçam a atenção que merece o direito ambiental e a mineração artesanal.
o Desde o ponto de visto político, que as autoridades locais se fechem à participação da
sociedade civil e dos grupos de garimpeiros nos espaços de tomada de decisão política.
o Desde o ponto de vista socioeconómico, tendo em conta as dificuldades de quebrar o
actual circuito de distribuição do mercúrio (é um mercado ilegal) e de promover um mercado
alternativo e legal de bórax.
o Desde o ponto de vista ambiental, a ação não contempla nenhuma actividade que possa
ter um impacto negativo no ambiente.

6. DESCRIÇÃO DO TRABALHO E ACTIVIDADES A


REALIZAR.
Deve-se elaborar uma pesquisa descritiva (cross-sectional study), com a mesma metodologia que a
pesquisa realizada em 2017, para que os produtos e resultados obtidos possam ter continuidade
temporal e uma sequência lógica, pelo que se usarão Sistemas de Informação Geográfica (SIG) para
caracterizar a actividade de mineração artesanal. Deve abranger, como mínimo, os três distritos de
actuação (Montepuez, Namuno e Ancuabe).

Prevê-se uma duração de 3 meses, incluindo o trabalho de campo, com início no mês de Dezembro de
2019 e finalização no mês de Fevereiro de 2020.

O protocolo da pesquisa será submetido pela medicusmundi Moçambique para aprovação ao Comité
de Ética do Instituto Nacional de Saúde (INS).

O levantamento da Linha de Base das minas será realizado por uma equipa especializada em
elaboração de mapeamentos SIG. A metodologia inclui uma formação básica dos especialistas de SIG
aos gestores da intervenção (tanto da MM como do CTV) e ao Grupo Multissectorial de Mineração.

Para o levantamento de dados, projeção das minas e outros elementos, bem como para a elaboração
dos mapas digitais propõe-se utilizar (podem-se explorar outras opções) a versão Windows Desktop 3
RC1 do software Kosmo http://www.opengis.es/. Trata-se de um SIG open-source.

O levantamento SIG incluirá como mínimo (indicam-se dados a título orientativo e não de forma
exclusiva):

(1) Principais acidentes geográficos (rios, lagos, etc.).


(2) Localização dos serviços (estradas, comunidades, Unidades Sanitárias, instituições de bem-
estar social, estruturas governamentais e da Administração Pública, escolas, etc.).
(3) Localização das minas:
(4) Tipo de mina: “Placer” ou rocha dura / Mina a céu aberto ou escavação de túnel / semi-túnel.
(5) Estimação do número de pessoas que trabalham em cada mina: % de homens, mulheres e
crianças.
(6) Estações de processamento ou extracção.
o Localização.
o Tipo de material extraído.
o Estimação do número de homens, mulheres e crianças trabalhando na mina.
o Processamento:
a. Fresagem manual ou com máquinas?
b. Como é realizada a fresagem?
c. Número de tambores em cada estação de fresagem.
(7) No caso do ouro: Amalgamação

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a. É realizada amalgamação de ouro?


b. É realizada amalgamação simples?
c. Usam-se retortas ou queima-se a amálgama a céu aberto?
(8) Localização dos depósitos de rejeitos.
(9) Identificação de potenciais práticas nocivas para o ambiente de forma geral, para todo o tipo
de minerais e, em particular, para o ouro (uso de mercúrio, etc.)

Para o levantamento em terreno, o projecto disponibilizará viatura, motorista e combustível para realizar
o levantamento. Da mesma forma, membros das associações de mineiros previamente identificados
acompanharão os técnicos GIS para assegurar o máximo de condições de segurança.

No âmbito das actividades, dever-se-á programar uma formação, no máximo 3 dias, a técnicos da
medicusmundi, do CTV e do GMM sobre SIG aplicado à mineração e os fundamentos básicos da
pesquisa descritiva a realizar. O objectivo desta formação é que os técnicos das três instituições
possam ter noções básicas sobre como alimentar a base de dados para a actualizar no momento
oportuno e colaborar no trabalho de consultoria a ser realizado.

Finalmente, um artigo científico deverá ser produzido com base nos resultados da pesquisa e ser
publicado em revistas nacionais / internacionais, em inglês e português.

A medicusmundi, com os resultados obtidos da pesquisa, responsabilizar-se-á em difundir as


respectivas recomendações e conclusões; e em realizar acções de incidência para que as agendas de
pesquisa a nível nacional incluam o direito ambiental como uma das principais linhas de pesquisa.

A autoria da pesquisa, assim como do artigo, deve ser acordada com a medicusmundi antes da sua
publicação.

7. ZONA GEOGRÁFICA ABRANGIDA.


Distritos de Montepuez, Namuno e Ancuabe, na província de Cabo Delgado (Moçambique).

No caso hipotético de que o número de minas localizadas nestes três distritos seja muito limitado, a
pesquisa pode ser ampliada a outros distritos, desde que o orçamento e cronograma o permitam.

8. GRUPOS-ALVO.
O principal grupo-alvo é o das associações de garimpeiros de Montepuez, Namuno e Ancuabe. É um
objectivo da própria pesquisa aprofundar na descrição dos grupos-alvo.

Foi realizada uma nova actualização, embora incompleta, das associações de garimpeiros nos três
distritos, em outubro de 2019, o que permitiu obter alguns dados actualizados nesta matéria. A
informação obtida, desagregada por associações e área geográfica (distrito), apresenta-se no seguinte
quadro:

AUTORIZAÇÃO
TIPO DE TOTAL
Nº ASSOCIAÇÃO DISTRITO LEGALIZADA? ESTATUTOS DE HOMENS MULHERES
MINÉRIO MEMBROS
EXTRACÇÃO
Associação Mineira
1 ANCUABE Oro NÃO NÃO NÃO 22 10 32
Filipe Jacinto Nyusse
Associação Mineira 1
2 ANCUABE Oro NÃO NÃO NÃO 18 3 21
de Junho
Associação Mineira de Rubi, Granada
3 ANCUABE NÃO NÃO NÃO 51 2 53
Nacaca em Progresso e Corundo
Associação Mineira Rubi, Granada
4 ANCUABE NÃO NÃO NÃO 39 7 46
Namita de Nacaca e Corundo
Associação Mineira 1
5 ANCUABE Granada NÃO NÃO NÃO 26 3 29
de Maio
Associação Mineira Rubi, Granada
6 ANCUABE NÃO NÃO NÃO 21 15 36
Napela e Corundo

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AUTORIZAÇÃO
TIPO DE TOTAL
Nº ASSOCIAÇÃO DISTRITO LEGALIZADA? ESTATUTOS DE HOMENS MULHERES
MINÉRIO MEMBROS
EXTRACÇÃO
Associação Mineira Rubi, Granada
7 ANCUABE NÃO NÃO NÃO 27 5 32
Nacapa e Corundo
Associação Mineira Rubi, Granada
8 ANCUABE NÃO NÃO NÃO 24 4 28
Napico e Corundo
Rubi, Safira,
Associação Mineira
9 MONTEPUEZ Corundo, SIM SIM SIM 314 125 439
Armando Guebuza
Calcário e Oro
Rubi, Safira,
Associação Mineira 4
10 MONTEPUEZ Corundo, SIM SIM SIM 387 106 493
de Outubro
Calcário e Oro
Associação Mineira de
11 MONTEPUEZ Oro NÃO NÃO SIM 17 2 19
Ntola
Associação Mineira 3
12 NAMUNO Oro NÃO SIM NÃO 9 4 13
de Fevereiro
Associação Mineira 7
13 NAMUNO Oro SIM SIM SIM 1 10 11
de Abril
Associação Mineira de
14 NAMUNO Oro NÃO SIM NÃO 10 0 10
Wacueia
Associação Mineira de
15 NAMUNO Oro NÃO NÃO NÃO 8 2 10
Nicane
Associação Mineira de
16 NAMUNO Oro NÃO NÃO NÃO 9 1 10
Cororine
Associação Mineira de
17 NAMUNO Oro NÃO SIM SIM 10 2 12
Nanlia
Associação Mineira de
18 NAMUNO Oro NÃO NÃO NÃO 38 1 39
Siuewe
Total 1.031 302 1.333

9. METODOLOGIA DO TRABALHO.
A consultoria será levada a cabo pela entidade colectiva / individual contratada em estreita colaboração
com a equipa da medicusmundi, na qualidade de financiadora que, e ao mesmo tempo, será a
coordenadora entre os diferentes actores envolvidos.

A equipa consultora terá o apoio dos escritórios da medicusmundi em Maputo que irá traduzir-se em
aspectos organizacionaiss (marcação de encontros por skype e presenciais para quaisquer dúvidas),
logísticos (uso dos escritórios em Cabo Delgado para poder preparar e visitar os locais a visitar) e
técnicos (partilha de informação e documentação relevante).

A língua de trabalho, assim como dos documentos produzidos, será a língua portuguesa.

10. MEIOS COLOCADOS À DISPOSIÇÃO PELA ENTIDADE


CONTRATANTE.
O projecto disponibilizará viaturas, motorista e combustível para deslocações às minas. De igual forma,
os escritórios da medicusmundi em Maputo e Pemba estarão disponíveis para os consultores.

O resto de meios (computadores, GPS, etc.) e despesas (bilhetes de avião internos e/ou internacionais,
ajudas de custo, etc..) deverão estar incluídos no orçamento apresentado pelos consultores.

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11. PREMISSAS DA INVESTIGAÇÃO, AUTORIA E


PUBLICAÇÃO.
A equipa consultora deve manter rigor, isenção e descrição na execução das suas funções; e manter
em todo o momento a confidencialidade de toda a informação a que tenham acesso enquanto
consultores desta organização.

As premissas básicas de comportamento ético e profissional por parte da equipa consultora devem
incluir:

 Responsabilidade. Qualquer discordância ou divergência de opinião que possa surgir entre


os membros da equipa ou entre eles e os responsáveis do acordo serão discutidas e acordadas
no seio da entidade adjudicadora da consultoria.
 Integridade. A equipe consultora tem a responsabilidade de destacar as questões não
especificamente mencionadas nos presentes termos de referência, se necessário, para obter
uma análise mais completa da intervenção.
 Reconhecimento da informação. Cabe a equipa consultora assegurar a precisão das
informações recolhidas para a elaboração do produto e, finalmente, a mesma é responsável
pelas informações apresentadas na versão final.
 Incidentes. Sempre que surgirem problemas durante a realização do trabalho ou em qualquer
outra fase da consultoria, devem ser comunicados imediatamente à entidade adjudicante
(medicusmundi). Caso contrário, a existência de tais problemas não poderá de nenhum modo
ser utilizada para justificar o fracasso em obter os resultados previstos na presente declaração
de Termos de Referência.
 Direitos de autor e de divulgação. Os produtos da consultoria serão propriedade da
medicusmundi. A medicusmundi, como entidade beneficiária da consultoria tem o direito de
poder usar o produto final, com o fim de o implementar em futuros projectos em Moçambique.
A autoria da pesquisa e do artigo publicado deverá ser acordada entre a MM, os parceiros
locais e os/as especialistas contratados/as.
 Penalidades / Sanções. Em caso de atraso na entrega do produto ou no caso em que a
qualidade do produto apresentado for claramente inferior à exigida, serão aplicadas as
penalidades previstas no contrato a ser assinado.
 Estrutura de gestão: A equipa de consultores responderá ao coordenador do projecto em
Cabo Delgado e, adicionalmente, as indicações dos escritórios de representação em Maputo e
Sede em Barcelona.

12. PRAZOS PARA CONSULTORIA, ORÇAMENTO E


DOCUMENTOS A APRESENTAR.
Pretende-se que a execução dos serviços de consultoria seja de 90 dias, a partir da assinatura do
contrato. A data prevista para o início do contrato é o dia 1 de Dezembro de 2019.

As propostas a serem apresentadas e a consultoria a ser realizada devem ter e consideração o seguinte
calendário:

2019 2020
ACTIVIDADES
Dezembro Janeiro Fevereiro
1. Elaboração, submissão e aprovação do protocolo de estudo
(actividade prévia).
2. Elaboração e apresentação da proposta técnica detalhada e do 1 de
cronograma de trabalho finais aprovadas pela medicusmundi. Dezembro
3. Estudo e análise da informação prévia disponível e
documentação secundária sobre mineração artesanal e de X X
pequena escala, em Cabo Delgado e em geral.

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2019 2020
ACTIVIDADES
Dezembro Janeiro Fevereiro
4. Levantamento de dados e informações no terreno. Distritos de 9-21 de
Namuno, Montepuez e Ancuabe. Dezembro
5. Encontros para formação teórico-prática de técnicos da MM,
10-12 de
CTV e GMM sobre SIG aplicado à mineração (mapeamento e
Dezembro
geo-refenciamento das minas).
6. Preparação e apresentação do relatório intercalar (com Até 14 de
anexos). Janeiro
7. Elaboração e actualização dos mapas das minas artesanais e Até 31 de
X
de pequena escala, e dos limites das concessões mineiras. Janeiro
Até 28 de
8. Elaboração de um artigo científico para posterior difusão.
Fevereiro
9. Preparação e apresentação do projecto do relatório final: Até 7 de
X
pesquisa descritiva. Fevereiro
10. Preparação e apresentação do relatório final e entrega de Até 28 de
todos os anexos. Fevereiro

As propostas devem incluir:

1. Uma proposta técnica, onde se deve incluir o plano metodológico, bem como todo material e
equipamento que irá utilizar neste trabalho de consultoria, de modo a alcançar os objectivos
acima referidos;
2. Um cronograma de trabalho. Este deve respeitar os prazos indicados nos TdRs e deve
apresentar uma correlação lógica entre as diferentes etapas apresentadas no mesmo;
3. Um orçamento detalhado: considerando todos os itens, incluindo todo o tipo de despesas,
taxas, impostos e demais contingências derivadas da consultoria;
4. O perfil dos candidatos (CV), incluindo as principais características da equipa técnica e
assinalando a experiência de cada um em trabalhos de natureza similar;
5. As propostas devem ser submetidas em português.
6. Três (3) cartas de referência de empresas ou organizações nos quais já prestaram serviços
semelhantes.

O tecto orçamental de referência disponível para esta consultoria é de 36.880,00 euros. No entanto,
cada consultor ou equipa de consultoria deve enviar o seu próprio orçamento detalhado, conforme
indicado acima. As propostas mais económicas serão avaliadas positivamente, desde que cumpram
todos os critérios técnicos exigidos nestes Termos de Referência.

13. CRITÉRIOS DE AVALIAÇÃO DAS PROPOSTAS.


Na proposta técnica serão considerados os seguintes critérios gerais de avaliação:

CRITÉRIOS DE AVALIAÇÃO
# PONTUAÇÃO
TOTAL: 100 PONTOS
Experiência de trabalho nesta área de mineração artesanal, na
1 30
componente de mapeamento de minas através de vários Softwares.
Proposta técnica:
 Enquadramento.
2  Domínio da área temática. 30
 Objectivos.
 Metodologia.
Proposta Financeira:
 Dentro do tecto orçamental disponível.
3  Inclui todas as despesas e equipamentos necessários. 20
 Inclui todas as despesas no orçamento apresentado, incluindo
impostos.
4 Cronograma detalhado. 10

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CRITÉRIOS DE AVALIAÇÃO
# PONTUAÇÃO
TOTAL: 100 PONTOS
Apresentação dos documentos solicitados nos TdRs (CV, Carta de
5 10
referência).
PONTUAÇÃO FINAL. 100

14. SUBMISSÃO DAS PROPOSTAS.


Os/As Consultores/as (ou empresas) interessados/as devem enviar a sua proposta, incluindo a
proposta técnica e financeira (que deverá ter em conta todas as despesas, incluindo impostos,
despesas de viagens se existirem, etc.), cronograma de trabalho, CV e Referências a:
tecsalud.maputo@medicusmundi.es e coordinacion.cd@medicusmundi.es indicando o assunto
“Análise descritiva mineração artesanal Cabo Delgado”.

O prazo de recepção das propostas é até: 21 de Novembro de 2019.

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