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UNIVERSIDADE ESTADUAL DO MARANHÃO – UEMA

CENTRO DE ESTUDOS SUPERIORES DE ZÉ DOCA-CESZD


CURSO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS LICENCIATURA
DISCENTE: LARISSA RODRIGUES DE SOUSA E ROSIGLEIDE
GRANGEIRA FERREIRA

RELATÓRIO DE BOTÂNICA ECONÔMICA

ZÉ DOCA - MA
2022
LARISSA RODRIGUES DE SOUSA
ROSIGLEIDE GRANGEIRA FERREIRA

RELATÓRIO DE BOTÂNICA ECONÔMICA

Relatório apresentado ao curso de Ciências


Biológicas Licenciatura como parte da exigência da
disciplina Botânica Econômica.
Supervisora: Prof.ª Msc. Regigláucia Rodrigues
Oliveira.

ZÉ DOCA-MA
2022
RESUMO

O presente relatório almeja discorrer sobre as experiencias vividas pelas alunas


Larissa Rodrigues e Rosigleide Ferreira durante as aulas de campo da disciplina de
Botânica Econômica ministradas pela profª. Msc. Regiglaucia Rodrigues de Oliveira, que
aconteceram em três momentos distintos sendo o primeiro na Floricultura Pinho Florada
onde fomos recebidos pelo sr. Francisco De Assis, o segundo momento no Horto
Florestal de Zé Doca-MA na qual o sr. Domingos nos conduziu ao passeio e visita pelo
horto e finalizando tivemos a palestra da liderança indígena da aldeia da Piçarra Preta
localizada as margens da BR 316, a sra. Vanussa Guajajara que agregou muito ao
conhecimento passado durante a disciplina.

Palavras-chave: Plantas medicinais; botânica; fitoterápicos


SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO............................................................................................................5
2 OBJETIVOS.................................................................................................................7
2. 1 Geral......................................................................................................................7
2. 2 Específicos.............................................................................................................7
3 METODOLOGIA.........................................................................................................8
4 RESULTADOS.............................................................................................................9
4.1 Visita a Floricultura Pinho Florada.....................................................................9
4.2 Visita ao Horto Florestal.....................................................................................12
4.3 Palestra da líder indígena, Vanussa Guajajara................................................13
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS.....................................................................................17
REFERÊNCIAS............................................................................................................18
1 INTRODUÇÃO
O Brasil é um país considerado rico devido ao seu clima e solo bastante
diversificado, o que possibilita o cultivo de variadas espécies de flores e plantas
ornamentais, tanto de origem nativa quanto exótica. Com isso a geração de renda por
meio do cultivo de plantas tem se tornado um investimento significativo nas últimas
décadas, proporcionando um número estimado em 206 mil empregos direto
(TREVELLIN, 2014).

Quanto ao estudo desta vasta riqueza em flora, cabe-nos ressaltar a importância


da botânica econômica, pois, ela é uma ciência abrangente e multidisciplinar que vem
fornecendo dados sobre plantas, fungos, algas e bactérias úteis no mundo e também o
estudo dessas espécies principalmente na região amazônica. Além disso, essa ciência
nos permite observar a interação desses organismos de forma direta ou indiretamente,
positiva ou negativamente com Homem (PRANCE, 1989).

A palavra “econômica” dentro do ramo da botânica não se ocupa unicamente a


espécies que tenham valor monetário, mas todos aquelas que sejam utilizadas pelo
Homem. Diante disso, a botânica econômica tem objetivo de estudo a utilização das
plantas e outros organismos pelo Homem para variados fins, pois as plantas são
responsáveis pela sobrevivência da maioria dos animais existente na terra (PRANCE,
1989).

A Botânica econômica em seu uso prático, é o estudo das plantas pela


humanidade, e é vista por muitos cientistas como uma maneira de esclarecer ao público
sobre as ligações entre produtos manufaturados e o meio ambiente, que para ser bem-
sucedida ela deve ser feita em equipe interdisciplinar com botânicos, ecologistas,
antropólogos, químicos, nutricionistas etc. (SOUZA, 2021).

Milhares de plantas são empregadas pelo homem como alimento, quer como
fontes de amido, proteínas, gorduras, vitaminas, minerais e fibras, considerados
nutrientes essenciais, como de especiarias empregadas para conservar e aumentar a
palatabilidade dos alimentos, sendo que existem cerca de aproximadamente 23.500
espécies conhecidas e 150 espécies cultivadas comercialmente (SOUZA, 2021).

A Botânica Econômica e a Etnobotânica são duas ciências que compartilham


lugares comuns desde que surgiram dentro e fora da academia, e ainda hoje em muitos
estudos o limite entre as duas abordagens é difícil de ser estabelecido. Neste contexto,
percebe-se que a botânica econômica reflete uma abordagem essencialmente descritiva,
fortemente carregada pela ideia de registro e catálogo de plantas de uma região, num
esforço de reunir informações uteis sobre novos produtos, enquanto a Etnobotânica
reúne sistemas de classificação de plantas realizados por populações nativas e as
primeiras teorias sobre relações entre pessoas e plantas (CLÉMENT, 1998)

O Brasil é um país considerado mega diverso, detendo seu território entre 15 e


20% do número total de espécies do planeta, e com isso apresenta uma das mais ricas
floras do mundo, com uma representatividade de 22% de todas as espécies de plantas do
mundo, sendo esta riqueza a base para as atividades agrícolas, pecuárias, pesqueira e
florestais (MMA, 2020).

Em relação a utilização desta biodiversidade, sabemos que esta depende da


matéria prima disponível, de investimento em tecnologias e da criação do comercio. A
exploração farmacológica da biodiversidade brasileira, por exemplo, está em seu início,
com muito campo aberto a pesquisa de novos recursos genéticos (MMA, 2020).

Sabe-se que, atualmente, que os fitoterápicos representam aproximadamente


25% do mercado mundial o que implica em uma movimentação financeira, para
produtos derivados de recursos genéticos. Com isso, sabe-se que a exploração comercial
de componentes do patrimônio genético requer e envolve atividades diversificadas,
como a bioprospecção, a pesquisa, a produção, a transformação e a comercialização de
uma gama de produtos, incluindo alimentos, fármacos e fitoterápicos, cosméticos,
fibras, madeiras, entre outros (SOUZA, 2021).
Por tanto, além os desafios da mudança na distribuição da população, há também
uma grande concentração de riqueza em pequena parcela de propriedades rurais,
existem milhões de hectares de solos e pastagens degradados, grande ineficiência no uso
de água na irrigação, e o uso inadequado de agroquímicos oferece riscos à saúde e ao
meio ambiente, entre outros problemas.

2 OBJETIVOS
2. 1 Geral
Entender o uso e aplicação da Botânica Econômica pelo Homem para os mais
variados fins.

2. 2 Específicos
Compreender a importância das plantas e como elas são responsáveis pela
sobrevivência da maioria dos animais existente na terra.

Conhecer as principais formas de uso das plantas medicinais para o tratamento


de doenças.

Discutir as mais diversas formas de uso das plantas e em quais área o estudo da
Botânica Econômica pode ser aplicado.
3 METODOLOGIA
O presente relatório é oriundo da disciplina de Botânica Econômica ministrada
pela professora Regiglaucia Rodrigues Oliveira, da Universidade Estadual do Maranhão
-UEMA. A aula se deu em três momentos, onde o primeiro consistiu em uma visita
técnica a Floricultura denominada Pinho Florada, que fica localizada na Rua do Marajá,
Bairro Amorim, na Cidade de Zé Doca-MA.

A visita nos permitiu um momento de conhecimento sobre as mais variadas


formas de manejo de plantas e as principais técnicas de cultivo para com as mesmas,
durante a aula contamos coma a presença do então dono e responsável pela Floricultura,
o senhor Francisco de Assis, que trabalha com paisagismos a 20 anos.

O segundo momento da aula, contamos com uma visita a uma área de


preservação ambiental, denominada Horto Florestal, que fica localizada no Bairro
Amorim, a área é uma propriedade sem convenio com o governo que tem como dono e
principal responsável o senhor Domingo, residente da Cidade de Zé Doca, onde fica
localizada a área.

E o terceiro e último momento se deu por meio de uma palestra, onde contamos
com a colaboração da líder indígena, Vanussa Guajajara, que trouxe um pouco do seu
conhecimento originário, compartilhando conosco as suas experiencias, seus costumes e
a sua cultura como uma originária.
4 RESULTADOS
4.1 Visita a Floricultura Pinho Florada
A visita a Floricultura Pinho Florada ocorreu no dia 28 de junho de 2022, onde
contamos com a colaboração do senhor Francisco De Assis, dono e principal
responsável pela floricultura (Figura 01).

Figura 1: Foto tirada durante a visita a Floricultura.

Fonte: Autores, 2022.


Ao da visita foi possível observar diversas espécies de plantas, além disso
durante a conversação o senhor Francisco De Assis compartilhou conosco um pouco de
sua trajetória coo paisagista, na qual atua na área a cerca de 20 anos. Segundo ele,
trabalhar com plantas é um trabalho que exige dedicação e principalmente respeito com
cada espécie cultivada.

Fazendo parte ainda do momento de conversa, o paisagista nos contou que hoje
a floricultura seria o suficiente como sua principal fonte de renda, porém investir na
produção de plantas ornamentais requer investimento, e tecnologia para a produção de
mudas, tendo em vista que muitas espécies não são originarias do território brasileiro, a
exemplo da Rosa do Deserto, que precisa ser polinizada manualmente.

Além de Rosas do deserto, na floricultura também é realizado a produção de


Bonsai, tipo de planta comum, que com poda, e direcionamento de galhos ganha um
formato pequeno, podendo ser cultivado em bandejas, como mostra a figura 02.

Figura 2: Bonsai de Jabuticabeira.


Fonte: autores, 2022.

Uma outra planta muito interessante pertencente a floricultura é a chamada Flor


morcego, uma planta que vem se destacando entre os apaixonados por plantas. Sendo
considerada pela sua floração exótica que se assemelha a aparência de um morcego, por
isso o seu nome popular (Figura 03).

Figura 3: Flor morcego.


Fonte: Autores, 2022.

Quanto a produção de rosas, na floricultura ainda não é possível fazer o cultivo


devido as condições climáticas e falta de tecnologia, sendo as rosas a venda na
floricultura advindas de outros países, como a Colômbia. O senhor De Assis nos contou
que na última data comemorativa do Dia dos Namorados as rosas recebidas vieram
diretamente da Colômbia, onde foram armazenadas em frízeres para mantê-las em
estado de boa conservação.

4.2 Visita ao Horto Florestal


No segundo momento da visita, ocorreu na área de preservação ambiental
chamada de Horto Florestal, que está sob posse do senhor Domingos, morador residente
da Cidade de Zé Doca. Durante o momento de conversação, o senhor Domingos nos
contou que o cultivo das diversas espécies de plantas teve início no ano de 2003, ele nos
conta também que trabalhou na herborização da BR- 316, no ano de 1990.
Figura 4: imagem registrada no horto florestal.

Fonte: Autores, 2022.

Figura 5: plantas cultivadas no Horto Florestal.

Fonte: Autores, 2022.

Durante a conversa, o senhor Domingos nos contou que realiza a manutenção por conta
própria, sem ajuda das entidades governamentais, sendo que a área necessita de um
olhar especial para a sua manutenção, além disso a área recebe também muitos
visitantes, e por fim finalizamos a visita ao horto Florestal com um piquenique em uma
bela área de gramado, onde contamos com a participação do nosso anfitrião, o senhor
Domingos.
Figura 6: Alunos e professora no Horto Florestal.

Fonte: Autores, 2022.

4.3 Palestra da líder indígena, Vanussa Guajajara


Neste terceiro momento podemos contar com a liderança indígena da aldeia da
Piçarra Preta, Vanussa Guajajara, na qual nos conduziu a um diálogo bem interessante
quanto ao uso de plantas medicinais, nos mostrando um outro lado do que havíamos
estudado durante a disciplina de botânica econômica. A Vanussa nos trouxe ao
conhecimento passado de geração para geração, o conhecimento que se adquire com
experiência que não se encontra nos livros e artigos. Sem dúvidas foi uma experiencia
enriquecedora e maravilhosa além de agregar ao nosso conhecimento tanto na vida
profissional quanto pessoal.

Figura 7: Exemplares de plantas utilizadas para algum fim medicinal.


Fonte: autores, 2022.

No relato da Vanussa ela nos contou que a cultura da medicina tradicional


utilizando plantas medicinais estava se perdendo dentro da aldeia, foi então com a
pandemia que os povos originários se voltaram novamente para as plantas medicinais, e
que elas tiveram grande importância durante esse período em que não se conhecia muito
bem a doença na qual estavam lidando (no caso a Covid-19). Algumas plantas eram
utilizadas a fim de combater os sintomas causadas pela covid-19 como por exemplo a
folha da manga madura, o manjericão, a jardineira, zezilim além da malva do reino.
Durante a pandemia foram utilizados também a quina e o gengibre que se mostraram
muito eficazes conta a covid-19, porém os hipertensos não podiam fazer uso pois se
notava aumento da pressão sanguínea bem como outras cardiopatias.

Vanussa também nos mostrou que as plantas eram utilizadas não só na medicina
da aldeia, mas também em seus costumes culturais, a tinta extraída do jenipapo faz parte
de vários rituais, um deles bem comentado foi a “passagem da menina/moça” na qual a
menina que agora se torna uma moça tem seu corpo pintado com a tinta do jenipapo
para que então ela possa passar pelo ritual que dura em média 3 meses. No ritual de
passagem também se utiliza a mandiocaba para fazer o mingau que servirá de alimento
para a menina, esse mingau é preparado pelos anciões de forma que só eles têm o
conhecimento de prepará-lo. O alho também é utilizado durante o ritual, a menina só
pode se afastar do quanto em que ela fica durante os 3 meses se passar o alho embaixo
dos pés para se proteger contra os maus espíritos, já que nesse período de passagem a
menina está muito vulnerável e suscetível a todo o tipo de bem ou mal. A tinta do
jenipapo também é utilizada como forma de confraternização entre os povos originários
e os brancos.

Figura 8: pintura feita com tinta de jenipapo.

Fonte: Autores, 2022

Figura 9: Aluna Rosigleide e a liderança indígena Vanussa Guajajara

Fonte: Autores, 2022

Figura 10: Aluna Larissa com a liderança indígena Vanussa Guajajara


Fonte: Autores, 2022

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Cada uma das visitas teve o seu grau de importância seja conhecendo o lado
mais técnico de manejo das plantas, ou na observação da perseverança e cuidado em
uma área ambiental e até mesmo conhecer o grau de importância que as plantas têm no
resgate de costumes e no poder de cura de cada uma delas. Conhecer as diferentes
aplicações bem como o uso das plantas em ambientes e situações bem diferentes foi
uma experiencia mais que enriquecedora, foi gratificante.

Podemos observar o trabalho que há por trás dos maravilhosos buquês de flores,
e até mesmo das belíssimas orquídeas, compreender a delicadeza de um cacto e o quão
difícil são os processos de manutenção das espécies de plantas trazidas de uma outra
região. O Francisco de Assis nos mostrou também o quanto é importante o respeito e o
cuidado com as plantas e nos trouxe a percepção de que um ambiente se torna mais
saudável e agradável com plantas que exalam boas energias.

E foi de igual importância conhecer o horto florestal de Zé Doca. Ouvir sobre a


história de construção e manutenção desse local foi gratificante e nos despertou um
profundo anseio por maior visibilidade a quem dedicou tanto aquele local e ainda
continua dedicando. O senhor Domingos que nos agraciou com um belíssimo passeio
enriquecido de conhecimento acerca das plantas que ele cultivou ali foi, além de um
ótimo anfitrião, uma fonte de inspiração de respeito e dedicação as plantas.

Respeito esse que se nota também em Vanussa Guajajara que sempre pede
licença a natureza quando vai manusear as plantas. O carinho e apreço é de igual forma
notado em suas falas e costumes. A compreensão do grau de importância em que a
plantas têm dentro de uma comunidade foi possível graças aos relatos expostos na
palestra da Vanussa.

O contato direto com esses três ambientes diferentes nos proporcionou bem mais
que laudas e laudas de conhecimento, nos proporcionou experiencia e apreciação ao
modo de vida em que as plantas estão mais que presentes. Saber que pessoas dedicam
suas vidas às plantas é confortante e ao mesmo tempo nos dá a certeza de que nós
podemos fazer mais para resgatar os costumes dos nossos pais e avós e cuidar de um
ambiente que só nos trará benefícios.
REFERÊNCIAS
CLÉMENTE,D.The historical foundation of ethnobiology (1860-1899). Journal of
Ethnobiology 18:161-187, 1998.

MMA. MINISTRÉRIO DO MEIO AMBIENTE. Diversidade Genética. Disponível em:


https:// www.mma.gov.br/biodiversidade/conservacao-e-promocao-do-uso-da-
diversidade-genetica/plantas-para-o-futuro.html. Acesso em: 06/Julh/2022.

PRANCE, G. T. Botânica econômica, uma ciência importante para a região


amazônica. Acta Botanica Brasilica, v. 2, p. 279-286, 1988.

SOUZA, J. N. A. BOTÂNICA ECONÔMICA. São Paulo: Centro Paulo Souza, 2021.

TREVELIN, Vania. Micropropagação de plantas ornamentais - gypsophila paniculata e


dracaena sanderiana. 2014. 59f. Dissertação de Mestrado - Programa de Pós- Graduação
em Fisiologia Vegetal. Universidade Federal de Pelotas- UFPel, Pelotas/RS.

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