Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Feira de Santana
2022
UNIVERSIDADE ESTADUAL DE FEIRA DE SANTANA
CURSO DE BACHARELADO EM CIÊNCIAS BIOLÓGICAS
Feira de Santana
2022
BANCA EXAMINADORA
____________________________________________
Prof. Jociene Oliveira Vitória Nascimento (UEFS)
___________________________________________
Prof. Marcos da Costa Dórea (UEFS)
____________________________________________
Profa. Reyjane Patricia de Oliveira (UEFS)
Orientadora e Presidente da Banca
a medicamentos naturais.
AGRADECIMENTOS
RESUMO
INTRODUÇÃO...................................................................................................... 1
MATERIAIS E MÉTODOS.................................................................................... 7
REFERÊNCIAS.................................................................................................. 33
CONCLUSÕES................................................................................................... 34
1
1 INTRODUÇÃO
parcela de terreno localizada atrás e/ou no lado das moradias, ocupada por
jardins ou hortas (Delphim, 2005). Os quintais são uma das formas mais antigas
mantidas nos quintais como tradição passada de geração em geração (Perna &
forma de agricultura (urbana ou periurbana), mantida por meio dos quintais (Dias,
2002).
Para Kumar & Nair (2004) quintais são unidades de paisagem onde pode
Murrieta & Winklerprins, 2003; Emperaire & Eloy, 2008). E quando se referem
especificamente aos quintais urbanos, são ainda mais raros, concentrados ora
2006).
princípios ativos que deles se pode extrair (Maury & Rudder, 2002). Segundo
esses autores, essa medicina “verde ou ecológica” é tão antiga quanto se pode
& Andrade, 2007). Ao contrário, o uso da fitoterapia vem sendo adotado cada
formal.
fins terapêuticos, o que torna esse país uma grande fonte de pesquisa na área
(Neto et al., 2014). Flor & Barbosa (2015) assegura que o uso de plantas
medicinais pelos indígenas foi observado no Brasil pela primeira vez, pelos
dessas plantas. Uma vez colhidas, as mesmas eram estocadas para uso
posterior pelos doentes que necessitavam de tratamentos, o que poderia ser feito
cultivo domiciliar. Muitas plantas ainda não foram estudadas quanto à sua
tornou parte integrante da prática médica popular, sendo utilizadas por até 90%
2006). Segundo Silva et al. (2001), este comércio abrange várias espécies e
comercializada somente pelo nome popular. Isso pode ser o maior problema
aplicados, que visam ao uso e conservação das mesmas. Por isso, no caso das
plantas medicinais a identificação científica precisa ser muito criteriosa, uma vez
conhecidas como a beladona e arnica podem ter ação tão forte a ponto de se
tornarem tóxicas
utiliza plantas medicinais para tratar diferentes enfermidades, sendo que 80%
visto seu alto potencial de utilização, tanto do ponto de vista popular quanto na
usadas com frequência pela sociedade, faltando estudos que comprovem tal
hipótese.
(Brasil, 2009). O intuito da lista foi de orientar pesquisas que possam subsidiar a
pela literatura.
(Seixas & Oliveira, 2021). Deste modo, o presente trabalho representa uma
no município, com foco naquelas com utilidade medicinal para a população local.
7
2. MATERIAL E MÉTODOS
do continente (Dias et al., 2015). Possui em média 200 m alt., com relevos
residuais ca. 600m e drenagem constituída por três rios: o Jacuípe, Subaé e
2021).
indicadas para a flora local, entre nativas, exóticas e cultivadas (Seixas &
bastante preliminar.
das plantas ocorrentes em quintais, com foco principal nas espécies de plantas
medicinais referidas nos estudos (ex. Mei, 2017). Também foram analisados
na Bahia, como no Brasil como um todo (ex. Martins et al. 2000; van Holthe,
2003; Pinto et al. 2006; Gutierrez et al. 2010; Mendonça et al. 2014).
bairros, em diferentes regiões da cidade (Tab. 1; Fig. 1). Outro critério foi a
literatura disponível para cada família. Para o hábito das plantas seguiu-se
científico, parte utilizada, uso, preparo, local de coleta. Além disso, foram
Nordeste-Brasil.
estado da Bahia.
11
3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
plantas com uso medicinal indicado pela literatura, as quais são cultivadas em
canteiros para diferenciar os variados tipos de plantas sob cultivo (Fig. 2). O
grande número de plantas de uso alimentar, sendo que 34% destas estão
et al., 2012; Paulino et al., 2012). As espécies se destacam por serem ricas em
e Poaceae, com 2 spp. cada (Fig. 3). Todas essas famílias já estavam citadas
para a flora do município (Seixas & Oliveira (2021) e também figuram entre as
medicinais (van Holthe, 2003; Pinto et al. 2006; Gutierrez et al. 2010; Mendonça
5,26; 13%
5,26; 13%
15,7; 37%
5,26; 13%
Tabela. 2 - Plantas medicinais identificadas nos quintais analisados da zona urbana do município de Feira de Santana, Bahia. Para
a localização dos quintais, veja tabela 1. Em negrito, espécies citadas para Feira de Santana por Seixas & Oliveira (2021).
Informações sobre o uso medicinal seguem primordialmente Lorenzi & Matos (2008); com asterisco (*), segue Mei (2017). Para
hábito/forma de vida: H: herbáceo; Ar: arbustivo; Arb: arbóreo (Gonçalves & Lonrenzi 2011). E para informações sobre origem das
espécies: Nat: nativa; cult.: cultivada: natz: naturalizada (Flora e Funga do Brasil 2022).
Família Nome Espécie Voucher Quintal RENISUS Hábito Origem Parte usada*
popular
1 Acanthaceae anador Justicia pectoralis VSilva 15 3 x Nat Folhas
Jacq. Ar
(Seixas & Oliveira 2021). Isso significa que 21 espécies foram coletadas
durante esse trabalho e novos nomes estão sendo adicionados à flora local,
relacionada à sua ampla utilização pela sociedade, já que estas plantas são
primária a saúde como: gripe, febre, resfriado, dor de garganta, tosse, dor de
cientificamente (Pilla et al., 2006; Lorenzi & Matos, 2008; Miranda et al., 2011).
habitantes, todas são terrestres, a maior parte tem porte herbáceo (48%),
herbáceo também pode ser observada em outros trabalhos similares (Pilla et al.,
2006; Pinto et al., 2006; Albertasse et al., 2010). Esta prevalência pode estar
seguidas dos frutos e das sementes (Fig. 11). Costa-Neto & Oliveira (2000)
mais plausível para o maior uso das folhas na preparação de remédios deve-se
ao fato de sua maior disponibilidade durante todo o ano (exceto nas plantas da
Caatinga), além do fato de que é nas folhas que se concentra a maior parte dos
50
40
30
20
10
0
Herbáceo Arbustivo Arbóreo
potencial no tratamento de doenças e por isso são indicadas para uso na atenção
as mesmas e sobre seu uso pela população geral. A presença de quase metade
Como exemplo, pode-se citar a amora (Morus nigra, Moraceae), que na lista
a identidade do que será usado nos tratamentos. O mesmo acontece com Aloe
vera, identificada na lista do SUS apenas como Aloe spp* (podendo ser A. vera
Plantas de amplo uso popular sob os nomes de boldo e capim santo, por
importante que antes de usar qualquer planta para fins medicinais, tenha-se
(RENISUS) passe por ajustes e atualizações urgentes, até quem sabe adotando
focos mais regionais, uma vez que nomes populares variam bastante. A mesma
pouco conhecidas e/ou ainda não exploradas para esse fim. Outros autores
lista do RENISUS e é importante que esse assunto seja mais divulgado, tanto no
5 CONCLUSÃO
literatura como tendo uso medicinal e que podem ser usadas pela população
município.
Não se pode afirmar ainda o perfil das famílias detentoras dos referidos
quintais incluindo idade, gênero, estado civil, escolaridade e uso mais pontual
REFERÊNCIAS
BRITO, A.R.M.S. & BRITO, A.A.S. 1996. Medicinal plants research in Brazil: data
386-401.
CASTELLUCCI, S.; LIMA, M.I.; NORDI, N. & MARQUES, J.G.W. 2000. Plantas
CORREA, G.; MELO, P.C.; SOUZA, F.I.B.; & RODRIGUES, S.T. 2018. Plantas
COSTA-NETO, E.M. & OLIVEIRA, M.V.M. 2000. The use of medicinal plants in
(INFOTECA-E).
Brasília: IPHAN.
EMPERAIRE, L. & ELOY, L. 2008. The city, a focus of agricultural diversity in Rio
FLOR, A.S.S.O & BARBOSA, W.L.R. 2015. Sabedoria popular no uso de plantas
37-47.
GONÇALVES, M.I.A. & MARTINS, D.T.O. 1998. Plantas medicinais usadas pela
KUMAR, B.M. & NAIR, P.K.R. 2004. The enigma of tropical homegardens.
37
LAWS, B. 2010. Fifty plants that changed the course of History. New Abbot:
Odessa, 608p.
MARTINS, E.R.; CASTRO, D.M.; CASTELLANI, D.C. & DIAS, J.E. 2000. Plantas
MAURY, E.A. & RUDDER, C. 2002. Guia compacto das plantas medicinais.
MEI, N.F. 2017. As plantas de nosso quintal. São Paulo: Estação das Letras e
Cores. 281p.
(Acre): uma visão etnobotânica. São Paulo: Editora UNESP, 2006. 160p.
MIRANDA, T.M.; HANAZAKI, N.; GOVONE, J.S. & ALVES, D.M.M. 2011. Existe
38
62(1): 153-169.
MOSCA, V.P. & LOIOLA, M.I.B. 2009. Uso popular de plantas medicinais no Rio
NETO, F.R.G.; ALMEIDA, G.S.S.A; JESUS, N.G. & FONSECA, M.R. 2014.
AZEVEDO, R.A. 2012. Medicinal plants at the Sítio do Gois, Apodi, Rio
29-39.
PILLA, M.A.C.; AMOROZO, M.C.M. & FURLAN, A. 2006. Obtenção e uso das
Vozes. 15-25p.
https://www.feiradesantana.ba.gov.br/servicos.asp?id=2&link=segov/regio
esadm.asp>.
SEIXAS, H.M. & OLIVEIRA, R.P. 2021. Checklist atualizado das espécies de
Santana, Bahia.
SILVA, S.R.; BUITRÓN, X.; OLIVEIRA, L.D. & MARTINS, M.V.M. 2001. Plantas
urbanos de Rio Branco, Acre, Brasil. Acta Botanica Brasilica 25: 549-556.
TOURINHO, H.L.Z. & SILVA, M.G.C.A. 2016. Quintais urbanos: funções e papéis
28.