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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE FEIRA DE SANTANA

CURSO DE BACHARELADO EM CIÊNCIAS BIOLÓGICAS

VIGNY SANTOS DA SILVA

PLANTAS MEDICINAIS CULTIVADAS EM

QUINTAIS URBANOS NO MUNICÍPIO DE

FEIRA DE SANTANA, BAHIA

Feira de Santana
2022
UNIVERSIDADE ESTADUAL DE FEIRA DE SANTANA
CURSO DE BACHARELADO EM CIÊNCIAS BIOLÓGICAS

VIGNY SANTOS DA SILVA

PLANTAS MEDICINAIS CULTIVADAS EM


QUINTAIS URBANOS NO MUNICÍPIO DE
FEIRA DE SANTANA, BAHIA

Monografia apresentada à disciplina


BIO 617 – TRABALHO DE
CONCLUSÃO DE CURSO II - A,
como parte dos requisitos
necessários para a obtenção de
seus créditos e, por conseguinte, do
título de Bacharel em Ciências
Biológicas.

Profa. Dra. Reyjane Patrícia de Oliveira


Orientadora

Feira de Santana
2022
BANCA EXAMINADORA

____________________________________________
Prof. Jociene Oliveira Vitória Nascimento (UEFS)

___________________________________________
Prof. Marcos da Costa Dórea (UEFS)

____________________________________________
Profa. Reyjane Patricia de Oliveira (UEFS)
Orientadora e Presidente da Banca

Monografia apresentada e aprovada em ___/2022


A minha mãe com carinho e eterna gratidão.
AGRADECIMENTOS

A Deus primeiramente por me guiar em todos os momentos e permitir

mais uma conquista.

A minha orientadora Prof. Dr. Reyjane Patrícia de Oliveira pela

oportunidade, pela orientação, paciência e incentivo na elaboração deste trabalho.

Ao Prof. Dr. Francisco de Assis Ribeiro dos Santos pela disponibilidade

e prontidão em ajudar sempre que necessário.

A todos os professores e amigos que contribuíram direta ou

indiretamente para a realização deste trabalho. Muito Obrigado!

“Só a Ti, Senhor, são devidos todos os louvores e toda honra!”


São Francisco de Assis
RESUMO

Este trabalho teve como objetivo realizar um levantamento de plantas

medicinais ocorrentes em quintais urbanos de diferentes bairros do Município de

Feira de Santana. Os bairros selecionados para o estudo foram: Tomba,

Sobradinho, Panorama, Conceição, Terra Dura e Gabriela. Foram realizadas

coletas de julho a novembro de 2022, as plantas foram fotografadas e os

vouchers depositados no herbário HUEFS. Foram detectadas 57 espécies

indicadas pela literatura como tendo uso medicinal, pertencentes a 31 famílias

de Angiospermas. Dentre elas, 36 já haviam sido coletadas em Feira de Santana

e estavam disponíveis em coleções biológicas, sendo aqui adicionadas 21

espécies à flora local. A família Lamiaceae apresentou o maior número de

espécies entre os quintais analisados, sendo o quintal n. 9 do bairro Conceição

o que apresentou maior número de espécies (29). Controversamente, o quintal

n. 7 (Sobradinho) apresentou o menor número de espécies (oito espécies). A

folha é a parte vegetal mais utilizada nos tratamentos sugeridos na literatura,

seguida dos frutos e caules. Aproximadamente 32% das planta medicinais

encontradas nesses quintais estão citadas na lista de espécies de interesse

medicinal do RENISUS, mas muitas delas apresentam problemas de identidade

taxonômica. E a presença das mesmas nos quintais urbanos analisados, reforça

a importância da existência desses espaços como fonte alternativa para acesso

a medicamentos naturais.

Palavras-chave: Plantas medicinais, quintais, medicina popular.


SUMÁRIO

AGRADECIMENTOS

RESUMO

INTRODUÇÃO...................................................................................................... 1

MATERIAIS E MÉTODOS.................................................................................... 7

RESULTADOS E DISCUSSÃO ......................................................................... 11

REFERÊNCIAS.................................................................................................. 33

CONCLUSÕES................................................................................................... 34
1

1 INTRODUÇÃO

O termo quintal surgiu para designar uma pequena quinta, ou seja, a

parcela de terreno localizada atrás e/ou no lado das moradias, ocupada por

jardins ou hortas (Delphim, 2005). Os quintais são uma das formas mais antigas

de manejo da terra e a diversidade vegetal encontrada nesses ambientes

contribui historicamente para a subsistência de muitas comunidades (Moura &

Andrade, 2007). Mesmo espécies de plantas úteis para o homem de algum

modo, podem simplesmente não serem cultivadas comercialmente, mas são

mantidas nos quintais como tradição passada de geração em geração (Perna &

Nascimento, 2014), especialmente entre as comunidades tradicionais.

Quintais urbanos são desses lugares de história da vida privada, espaços

reveladores da cultura do povo e da qualidade de vida das cidades (Tourinho &

Silva, 2016). Segundo Amorozo (2002), são espaços de resistência no ambiente

urbano, que garantem a interação do homem com elementos do mundo natural.

O valor estético de espaços verdes, a formação de microclimas, a prevenção de

doenças por meio de alimentação diversificada e o poder curativo das plantas

medicinais são componentes da qualidade de vida proporcionadas por essa

forma de agricultura (urbana ou periurbana), mantida por meio dos quintais (Dias,

2002).

Para Kumar & Nair (2004) quintais são unidades de paisagem onde pode

ocorrer um elevado número de espécies, cujas interações estabelecidas com

seus respectivos idealizadores satisfazem necessidades econômicas, sociais e

culturais muito específicas. Culturalmente, exercem papel na identidade dos


2

indivíduos ou grupos sociais, expressando conhecimento sobre as plantas e

manifestações místico-religiosas (van Holthe, 2003).

Estudos sobre as plantas ocorrentes em quintais no Brasil ainda são

escassos, a exemplos daqueles realizados na região Amazônica (Soler, 2000;

Murrieta & Winklerprins, 2003; Emperaire & Eloy, 2008). E quando se referem

especificamente aos quintais urbanos, são ainda mais raros, concentrados ora

na caracterização da vegetação neles encontradas, ora nas possibilidades que

este espaço oferece para o desenvolvimento da chamada agricultura urbana

(Tourinho & Silva, 2016).

De acordo com a literatura disponível, as plantas ocorrentes nos quintais

podem ter diferentes usos, mas especialmente são de interesse ornamental,

alimentício ou medicinal (Carniello et al., 2010). Ainda pouco se sabe a respeito

das plantas medicinais cultivadas em quintais urbanos, especialmente na região

Nordeste e no estado da Bahia, apesar dos tantos estudos etnobotânicos

realizados na região, os quais apresentam focos diferenciados (Pinto et al.,

2006).

As plantas medicinais são a base da fitoterapia, que traz consigo uma

ideia ancestral: tratar doenças ou preveni-las com preparos vegetais, utilizando

princípios ativos que deles se pode extrair (Maury & Rudder, 2002). Segundo

esses autores, essa medicina “verde ou ecológica” é tão antiga quanto se pode

imaginar, já que hominídeos guiados institivamente, sabiam distinguir plantas

comestíveis, daquelas que poderiam cicatrizar, curar ou aliviar.

Assim, as plantas medicinais são, historicamente, uma importante

alternativa para a cura de doenças por parte de populações tradicionais, como

indígenas e quilombolas, além de outras especialmente ligadas ao meio rural

(Dias, 2002). Esses conhecimentos empíricos, adquiridos no dia a dia e


3

transmitidos de geração a geração correspondem à origem tanto da medicina

primitiva quanto da atual (Maury & Rudder, 2002).

Além do uso e cultivo de plantas medicinais em comunidades tradicionais

e periféricas, se constituem importantes recursos locais para a saúde e

sustentabilidade do meio ambiente urbano (Dias, 2000), não se restringindo a

regiões periféricas ou desprovidas de assistência médica e farmacêutica (Moura

& Andrade, 2007). Ao contrário, o uso da fitoterapia vem sendo adotado cada

vez mais intensamente no meio urbano, como forma complementar à medicina

formal.

Devido ao grande potencial biológico e cultural, o Brasil apresenta uma

infinidade de conhecimentos tradicionais e espécies vegetais importantes para

fins terapêuticos, o que torna esse país uma grande fonte de pesquisa na área

(Neto et al., 2014). Flor & Barbosa (2015) assegura que o uso de plantas

medicinais pelos indígenas foi observado no Brasil pela primeira vez, pelos

europeus, na época do Descobrimento. A autora define plantas medicinais como

aquelas que possuem princípios bioativos com propriedades profiláticas ou

terapêuticas, tornando seu uso uma prática generalizada na medicina popular

(Brasileiro et al., 2008).

Segundo Maury & Rudder (2002), no passado, muitos médicos

estimulavam seus pacientes a cultivarem plantas medicinais em seus quintais,

assim como hospitais e conventos reservavam espaços generosos para o cultivo

dessas plantas. Uma vez colhidas, as mesmas eram estocadas para uso

posterior pelos doentes que necessitavam de tratamentos, o que poderia ser feito

na forma de chás, xaropes, tinturas, banhos, cataplasmas, entre outras formas

indicadas por conhecedores da identidade e princípios curativos dessas plantas.

Atualmente, a maior parte da produção de plantas medicinais no Brasil é


4

oriunda de processos extrativistas, mas o cultivo doméstico também é exercido,

apesar da escassez de estudos científicos sobre a adaptação das mesmas para

cultivo domiciliar. Muitas plantas ainda não foram estudadas quanto à sua

eficácia terapêutica, mas o conhecimento tradicional sobre as mesmas já as

tornou parte integrante da prática médica popular, sendo utilizadas por até 90%

da população economicamente carente do Nordeste, para a cura de seus

problemas de saúde (Matos, 2002).

No Brasil, plantas medicinais são comercializadas em feiras livres,

mercados populares e encontradas em quintais residenciais (Tresvenzol et al.,

2006). Segundo Silva et al. (2001), este comércio abrange várias espécies e

inclui partes, produtos e subprodutos de plantas, sendo a grande maioria,

comercializada somente pelo nome popular. Isso pode ser o maior problema

relacionado à fitoterapia, uma vez que nomes populares variam popularmente, e

muitas espécies de plantas são de difícil identificação científica.

A identificação correta das plantas, escopo da taxonomia vegetal, é a

base mais importante para o conhecimento e distinção das espécies, tendo um

impacto imenso especialmente para as áreas envolvidas em programas

aplicados, que visam ao uso e conservação das mesmas. Por isso, no caso das

plantas medicinais a identificação científica precisa ser muito criteriosa, uma vez

que, segundo Maury & Rudder (2002), algumas plantas popularmente

conhecidas como a beladona e arnica podem ter ação tão forte a ponto de se

tornarem tóxicas

Segundo a Organização Mundial de Saúde, 85% da população mundial

utiliza plantas medicinais para tratar diferentes enfermidades, sendo que 80%

das pessoas dos países em desenvolvimento dependem da medicina tradicional

e/ou complementar para suas necessidades básicas de saúde, e ca. 85% da


5

medicina tradicional envolve o uso de extratos de plantas (Soler, 2000). Isso

ocorre devido às características desejáveis associadas ao uso, como eficácia,

baixo custo, reprodutibilidade e constância de qualidade (Carvalho et al., 2010).

Levando em consideração a megabiodiversidade brasileira, tornou-se

necessária a existência de um Programa que regulamente as plantas medicinais,

visto seu alto potencial de utilização, tanto do ponto de vista popular quanto na

produção de medicamentos fitoterápicos. O Programa Nacional de Plantas

Medicinais indica que muitas plantas medicinais da flora brasileira já são

matérias-primas para a fabricação não só dos fitoterápicos, como de outros

medicamentos (Brasil, 2009).

Desde 2007, o Sistema Único de Saúde do Brasil (SUS), oferece

fitoterápicos para a população (Brasil, 2013), sendo 12 deles na atualidade, os

quais constam na Relação Nacional de Medicamentos Essenciais (RENAME):

espinheira-santa, guaco, alcachofra, aroeira, cáscara-sagrada, garra-do-diabo,

isoflavona-de-soja, unha-de-gato, hortelã, babosa, salgueiro e plantago (Brasil,

2013). Muitas dessas plantas provavelmente são cultivadas em quintais de

diferentes localidades do Brasil, uma vez que são bastantes conhecidas e

usadas com frequência pela sociedade, faltando estudos que comprovem tal

hipótese.

O Ministério da Saúde divulgou em 2009, a Relação Nacional de Plantas

Medicinais de Interesse ao SUS (RENISUS). Nessa lista constam 71 plantas

medicinais que apresentam potencial para gerar produtos de interesse ao SUS

(Brasil, 2009). O intuito da lista foi de orientar pesquisas que possam subsidiar a

manutenção da relação de fitoterápicos disponíveis para uso da população, com

segurança e eficácia para o tratamento de algumas doenças (Brasil, 2009).

Porém, essa lista contém muitos problemas de identidade taxonômica e precisa


6

urgentemente de um olhar cuidadoso sob essa perspectiva.

Além disso, não se sabe ao certo sobre a ocorrência das plantas

medicinais indicadas na RENISUS nos quintais de certas regiões, especialmente

no Nordeste, onde os dados são absolutamente escassos, em especial quando

são consideradas as áreas urbanas. Outras questões importantes podem ser

melhor esclarecidas, a exemplo da origem das plantas, o hábito, formas

principais de cultivo, entre outros aspectos, incluindo o uso medicinal indicado

pela literatura.

Assim, tomando como base bairros selecionados no município de Feira

de Santana, no interior do estado da Bahia, o presente trabalho levanta dados

sobre quintais urbanos ocorrentes no Nordeste, a fim de diminuir as lacunas de

informação mencionadas acima. A flora de Feira de Santana ainda é pouco

conhecida, tanto em relação às espécies nativas, quanto sobre as cultivadas

(Seixas & Oliveira, 2021). Deste modo, o presente trabalho representa uma

oportunidade importante de ampliar o conhecimento sobre as plantas ocorrentes

no município, com foco naquelas com utilidade medicinal para a população local.
7

2. MATERIAL E MÉTODOS

O município de Feira de Santana localiza-se ca. 100 km de Salvador

(12º16’S e 38º58’W), sendo o segundo maior munícipio da Bahia, com extensão

de 1.344 km² (SEI, 2021). O clima característico é semiárido, com variações

devido à influência do ar úmido originado da região litorânea e ar seco originado

do continente (Dias et al., 2015). Possui em média 200 m alt., com relevos

residuais ca. 600m e drenagem constituída por três rios: o Jacuípe, Subaé e

Pojuca, incluindo oito distritos, além da zona urbana (Secretaria de Governo,

2021).

Recentemente, 127 famílias, 666 gêneros e 1327 de angiospermas, foram

indicadas para a flora local, entre nativas, exóticas e cultivadas (Seixas &

Oliveira, 2021). Segundo essas autoras, a vegetação nativa tem sido

historicamente degradada, por conta especialmente da expansão imobiliária e

das atividades agropecuárias, que estão entre as maiores fontes econômicas do

município. E por conta da falta de coletas e de estudos sobre a flora local, o

conhecimento sobre as plantas ocorrentes no município ainda está em estágio

bastante preliminar.

Para o presente trabalho, foram inicialmente realizadas leituras acerca

das plantas ocorrentes em quintais, com foco principal nas espécies de plantas

medicinais referidas nos estudos (ex. Mei, 2017). Também foram analisados

catálogos e listas gerais de plantas de interesse medicinal, tanto no Nordeste e

na Bahia, como no Brasil como um todo (ex. Martins et al. 2000; van Holthe,

2003; Pinto et al. 2006; Gutierrez et al. 2010; Mendonça et al. 2014).

Em seguida foi feita a seleção de quintais localizados no município de

Feira de Santana para realização do levantamento, sendo selecionados 10


8

quintais, em seis bairros: Tomba, Sobradinho, Gabriela, Panorama, Conceição

e Terra Dura. Os quintais foram selecionados de modo a envolver diferentes

bairros, em diferentes regiões da cidade (Tab. 1; Fig. 1). Outro critério foi a

existência de notável quantidade de espécies de plantas, preferencialmente em

amplos espaços, permitindo diferentes formas de cultivo.

Foram realizadas coletas nos quintais selecionados, no período de julho

a novembro de 2022, com foco nas espécies de uso medicinal conhecido e

indicado na literatura (especialmente com base em Lorenzi & Matos, 2008). Os

quintais analisados e as amostras coletadas foram fotografadas, e a

herborização seguiu as técnicas convencionais em estudos botânicos,

envolvendo prensagem, secagem e confecção de exsicatas (Mori et al., 1989),

as quais serão depositadas no Herbário da UEFS (HUEFS).

As amostras foram identificadas por comparação com a coleção do

HUEFS e/ou por especialistas. Os nomes dos táxons identificados foram

revisados de acordo com a Flora e Funga do Brasil (2022), assim como na

literatura disponível para cada família. Para o hábito das plantas seguiu-se

glossários de morfologia, especialmente Gonçalves & Lorenzi (2011).

Foi montada uma matriz de dados para análise, contendo as seguintes

informações: Família a qual pertence cada amostra, nome popular, nome

científico, parte utilizada, uso, preparo, local de coleta. Além disso, foram

assinaladas as espécies que constam na RENISUS (Tab. 2).


9

Tabela 1. Quintais urbanos do município de Feira de Santana, estado da Bahia,

Nordeste-Brasil.

Quintal - Bairro Rua Coordenada


código
1 Gabriela 2 Caminho 11, Nº 65 -12,2257932/-
38,9883182
2 Gabriela 2 Rua Corpo e Alma, -12,2376172/-
313 38,9834901
3 Tomba Rua: Antonio -12,2827983/-
Floresça Bastos, Nº 38,9662004
31
4 Tomba Rua: Antonio -12,2827983/-
Floresça Bastos, Nº 38,9662004
31
5 Tomba Rua: Antonio -12,2827983/-
Floresça Bastos, Nº 38,9662004
31
6 Panorama Rua Eliosvaldo -12,2997052/-
Torres Martins 38,9541670
7 Sobradinho Rua Arivaldo de -12,2418794/-
carvalho, Nº 172 38,9713924
8 Sobradinho Rua Pojuca, nº 305, -12,239590/-
Baraúnas 38,97154529
9 Conceição Rua Mananguape, -12,237885/-
155, Conceição 38,95416700
10 Terra dura Loteamento -12, 3111849/ -38,
primavera nº 88, 9252639
fazenda alecrim
10

Figura 1. Localização da área de estudo, município de Feira de Santana,

estado da Bahia.
11

3 RESULTADOS E DISCUSSÃO

A partir do levantamento realizado, foi possível identificar as espécies de

plantas com uso medicinal indicado pela literatura, as quais são cultivadas em

quintais de diferentes bairros no município de Feira de Santana (Tab. 1-2).

A estrutura dos quintais visitados compõe-se de um espaço a céu aberto,

no fundo da casa ou na lateral, muitas vezes subdivididos em pequenos

canteiros para diferenciar os variados tipos de plantas sob cultivo (Fig. 2). O

quintal doméstico, como definido por Posey (1987), geralmente localiza-se ao

redor da residência, onde são cultivadas plantas úteis e decorativas. Alguns

quintais (ex. bairros Tomba, Terra Dura e Gabriela, 1, 7 e 10), assemelham-se

na forma de cultivo das plantas, geralmente no chão, com hortas improvisadas.

Os demais quintais apresentaram um sistema de cultivo diferente, sendo

mais comuns as plantas em vasos, alguns destes apropriados para irrigação

contínua, outros improvisados com recipientes de embalagens antigas. Essa

forma de cultivo ocorre provavelmente pelo menor espaço disponível. Do mesmo

modo, nesses quintais menores observou-se estruturas de cimento recobrindo

toda a área da casa, o que impede o cultivo das plantas no chão.

Em alguns dos quintais analisados (2, 5 e 8), as plantas medicinais eram

cultivadas em canteiros suspensos e em vasos separados devido à pouca

disponibilidade de espaço. Amorozo (2002) afirma que as fisionomias dos

quintais são mesmo moldadas por variações em estrutura, função e tamanho.

Florentino et al. (2007) destacam ainda que a composição e a distribuição das

espécies nos quintais são determinadas também por fatores socioeconômicos e

culturais, com influência familiar direta, conforme suas necessidades.


12

Figura 2. Aspecto geral dos quintais urbanos analisados em Feira de Santana,

Bahia. A-F: Cultivo de plantas medicinais em vasos. G-I: Plantas crescendo no

chão dos quintais.


13

Nos quintais estudados foram analisadas 166 plantas, que correspondem

a 57 espécies indicadas como medicinais na literatura conforme verificado na

tabela 2, pertencentes a 31 famílias de Angiospermas (Fig. 3-9). Dentre os

quintais analisados, o que apresentou maior número de amostras foi o n. 9

(Conceição), com 29 espécies. Controversamente, o quintal n. 7 (Sobradinho)

apresentou o menor número de espécies (oito espécies). Nos quintais

periurbanos de Rio Branco, Mendes (2008) relatou a ocorrência de 44 espécies

de uso medicinal, sendo 32 quintais estudados. Foram detectados quintais com

grande número de plantas de uso alimentar, sendo que 34% destas estão

associadas também o uso medicinal (Siviero et al., 2011).

Lamiaceae foi a família com maior número de amostras e de espécies,

considerando todos os quintais avaliados no presente estudo. Tal expressividade

pode ser explicada por sua distribuição cosmopolita e grande importância

terapêutica comprovada em estudos anteriores (Mosca & Loiola, 2009; Freitas

et al., 2012; Paulino et al., 2012). As espécies se destacam por serem ricas em

óleos essenciais, conferindo às mesmas propriedades medicinais e aromáticas

(Abdel-Mogib et al., 2002).

Outras famílias que também se destacaram no estudo foram

Anacardiaceae, Apiaceae, Asteraceae, Rutaceae e Solanaceae, com 3 spp.

cada, além de Amaranthaceae, Lauraceae, Malvaceae, Myrtaceae, Piperaceae

e Poaceae, com 2 spp. cada (Fig. 3). Todas essas famílias já estavam citadas

para a flora do município (Seixas & Oliveira (2021) e também figuram entre as

mais numerosas em outros trabalhos que analisam espécies de plantas

medicinais (van Holthe, 2003; Pinto et al. 2006; Gutierrez et al. 2010; Mendonça

et al. 2014. As demais famílias identificadas nos quintais analisados foram

representadas por apenas uma espécie cada.


14

5,26; 13%

5,26; 13%
15,7; 37%

5,26; 13%

5,26; 12% 5,26; 12%

Lamiaceae Asteraceae Apiaceae

Anacardeaceae Rutaceae Solanaceae

Figura 3. Famílias com maior número de plantas medicinais coletadas nos

quintais urbanos analisados em Feira de Santana, Bahia.


15

Tabela. 2 - Plantas medicinais identificadas nos quintais analisados da zona urbana do município de Feira de Santana, Bahia. Para
a localização dos quintais, veja tabela 1. Em negrito, espécies citadas para Feira de Santana por Seixas & Oliveira (2021).
Informações sobre o uso medicinal seguem primordialmente Lorenzi & Matos (2008); com asterisco (*), segue Mei (2017). Para
hábito/forma de vida: H: herbáceo; Ar: arbustivo; Arb: arbóreo (Gonçalves & Lonrenzi 2011). E para informações sobre origem das
espécies: Nat: nativa; cult.: cultivada: natz: naturalizada (Flora e Funga do Brasil 2022).

Família Nome Espécie Voucher Quintal RENISUS Hábito Origem Parte usada*
popular
1 Acanthaceae anador Justicia pectoralis VSilva 15 3 x Nat Folhas
Jacq. Ar

2 Adoxaceae sabugueiro Sambucus VSilva 22 3e5 Her Nat Folhas, flores


australis Cham. & e sementes
Schltdl
3 Amaryllidaceae cebolinha Allium fistulosum VSilva 33 3e4 Her Cult Caule
J. St.-Hil.
4 Amaranthaceae mastruz Dysphania VSilva 17 1e3 x Her Natz Folhas
ambrosioides
Mosyakin &
Clemants
5 Amaranthaceae terramicina Alternanthera VSilva 28 3 Ar Nat Folhas
brasiliana Kuntze
6 Anacardiaceae aroeira Schinus VSilva 9 1, 3, 4 e x Arb Nat Cascas,
terebenthifolia 10 folhas e
Raddi sementes
7 Anacardiaceae caju Anacardium VSilva 30 7 x Arb Nat Fruto
ocidentale R.Br.
16

8 Anacardiaceae manga Mangifera indica VSilva 21 7 Arb Cult Fruto


L.
9 Annonaceae graviola Annona muricata VSilva 24 7 Arb Nat Fruto
Macfad.
10 Annonaceae pinha Annona VSilva 4 1 e 10 Arb Cult Fruto
squamosa
Juss.
11 Apiaceae coentro Coriandrum VSilva 42 9 Her Cult Folhas e
sativum Lindl. caule
12 Apiaceae coentro da Erygium foetidum VSilva 29 1, 2 e 9 Her Nat Folhas e
índia L. caule
13 Apiaceae erva-doce Foeniculum VSilva 35 1 X Her Cult Caule,
vulgare Mill. folhas, frutos
e sementes.
14 Apocynaceae boa noite Catharanthus VSilva 26 1, 3 e Her Cult Todas as
roseus Don 10 partes da
planta,
exceto as
raízes
15 Asparagaceae babosa Aloe vera Mill. VSilva 16 1, 2, 3, x Her Cult Folhas
4, 6, 9 e
10
16 Asteraceae alumã Vernonia VSilva 3 1, 3, 4, Ar Nat Folhas e
condensata 5, 6 e 9 caules
(Delile) Sch.Bip. ex
Walp.
17 Asteraceae jambu Acmella oleracea VSilva 19 9 Her Natz Folhas e
R.K.Jansen flores.
17

18 Brassicaceae couve Brassica oleracea VSilva 18 1 e 10 Her Cult Folhas e


L.H.Bailey) Musil caules
19 Cactaceae ora-pro- Pereskia aculeata VSilva 12 1, 2, 10 Ar Nat Folhas
nobis Mill.
20 Caricaceae mamão Carica papaya VSilva 43 3, 7 e Arb Natz Folhas, frutos
Mill. 10 e sementes

21 Crassulaceae aranto Kalanchoe VSilva 57 9 Her Folhas


daigremontiana
22 Euphorbeaceae merthyolate Jatropha multifida VSilva 47 2 Ar Cult Folhas
L.
23 Lamiaceae boldo Plectranthus VSilva 8 9 x Her Cult Folhas
barbatus Andr.
24 Lamiaceae boldo Plectranthus VSilva 20 1, 2, 3, Her Folhas
chinês ornatus Codd 4, 6, 8 e
9
25 Lamiaceae hortelã Plectranthus VSilva 14 1e9 x Her Cult Folhas e
branco glabratus (Benth.) caule
Alston
26 Lamiaceae hortelã Plectranthus VSilva 13 1, 2, 3, Her Cult Folhas e
graúdo amboinicus 4, 5, 6, caule
(Lour.) Spreng. 7, 9 e
10
27 Lamiaceae hortelã Mentha spicata L. VSilva 23 9 Her Natz Folhas e
miúda caule
28 Lamiaceae chioiô Ocimum VSilva 5 1, 3, 5, x Ar Nat Folhas e
campechianum 10 sementes
Mill.
29 Lamiaceae manjericão Ocimum VSilva 25 1, 3 e 9 x Her Cult Folhas, frutos
basilicum L. e sementes
18

30 Lamiaceae poejo Mentha pulegium VSilva 27 9 x Her Cult Folhas


Mill.
31 Lamiaceae alecrim Rosmarinus VSilva 40 1, 3, 9 e Her Cult Folhas e
officinalis L. 10 caules
32 Lamiaceae falsa mirra Tetradenia riparia VSilva 9 8e9 Ar Folhas
(Hochst.) Codd.
33 Lauraceae abacate Persea americana VSilva 45 3 x Ar Natz Folhas e
Mill. fruto
34 Lauraceae louro Laurus nobilis L. VSilva 39 9 Ar Cult Folhas
35 Lythraceae romã Punica granatum VSilva 44 4e9 x Arb Cult Folha, frutos
L. e sementes
36 Malpighiaceae acerola Malpighia VSilva 31 1, 5, 9 Arb Cult Frutos, folhas
emarginata DC.
37 Malvaceae algodão Gossypium VSilva 7 1 Arb Natz Folhas,
hirsutum L. sementes
38 Malvaceae cacau Theobroma cacao VSilva 34 7 Arb Nat Fruto
L.
39 Moraceae amoreira Morus nigra L.* VSilva 2 3, 4 e 9 x Ar Cult Folhas, frutos
e cascas do
tronco
40 Myrtaceae goiaba Psidium guajava VSilva 56 1, 5 e 9 Ab Arb Natz Folhas, frutos
L. e sementes
41 Myrtaceae jabuticaba Plinia cauliflora VSilva 41 1e9 Ab Arb Nat Fruto
(Mart) Kausel
42 Myrtaceae pitanga Eugenia uniflora VSilva 55 1, 3, 4, Ab Arb Nat Folhas, frutos
L. 5, 6, 7, e sementes.
8, 9
43 Phytolacaceae guiné Petiveria alliacea VSilva 38 7e9 Her Natz Folhas
L.
19

44 Piperaceae favaquinha Peperomia VSilva 48 1, 3, 4, Her Nat Folhas e


de cobra pellucida (L.) 5, 9 e caule
Kunth 10
45 Piperaceae pimenta do Pipper nigrum L. VSilva 50 7 Her Cult Folha e
reino sementes
46 Plantaginaceae trançagem Plantago major L. VSilva 32 2 x Her Natz Folhas
47 Poaceae capim santo Cymbopogon VSilva 10 1, 3, 5, Her Natz Folhas e
citratus (DC.) 9 e 10 caule
Stapf
48 Poaceae citronela Cymbopogon VSilva 49 nº 8 Her Cult Folhas e
winterianus Jowitt caule
ex Bor
49 Portulacaceae língua de Talinum VSilva 53 3 e 10 Her Nat Folhas
vaca paniculatum
(Jacq.) Gaertn.
50 Rutaceae arruda Ruta graveolens VSilva 11 1, 2, 3 e x Her Cult Folhas e
L. 10 caules.
51 Rutaceae laranja Citrus aurantium L. VSilva 37 5 e 10 Ar Cult Folhas, frutos
e sementes
52 Rutaceae limão Citrus limon (L.) VSilva 54 5 e 10 Ar Cult Folhas, frutos
Osbeck e sementes
53 Solanaceae pimenta Capsicum VSilva 51 3 Her Nat Frutos
dedo de baccatum L.
moça
54 Solanaceae tomate Solanum VSilva 1 1 e 10 Ar Cult Fruto
lycopersicum L.
55 Solanaceae tomate Solanum VSilva 36 1 e 10 Ar Cult Fruto
cereja pimpinellifolium
L.
20

56 Urticaceae brilhantina Pilea microphylla VSilva 52 3, 5 Her Natz Folhas


(L.) Liebm.
57 Verbenaceae erva-cidreira Lippia alba (Mill). VSilva 6 1, 3, 4, Ar Nat Folhas
N.E.Br. 5, 6, 7,
9 e 10
20

Dentre as 57 espécies coletadas nos quintais, 36 já haviam sido

coletadas em Feira de Santana e estavam disponíveis em coleções biológicas

(Seixas & Oliveira 2021). Isso significa que 21 espécies foram coletadas

durante esse trabalho e novos nomes estão sendo adicionados à flora local,

uma vez que todas amostras foram depositadas na coleção do HUEFS.

As espécies mais frequentes nos quintais analisados são Erygium

foetidum (coentro da Índia), Aloe vera (babosa), Pereskia aculeata (ora-pro-

nobis), Ocimum campechianum (chioiô), Lippia alba (erva-cidreira),

Plectranthus amboinicus (hortelã graúdo), Mentha spicata (hortelã miúda) e

Rosmarinus officinalis (alecrim), Plectranthus barbatus (boldo) e Cymbopogon

citratus (capim-santo). Foi possível observá-las em sete dos 10 quintais

analisados, dentre eles os quintais 1, 3, 5, 6, 8, 9 e 10.

A prevalência dessas espécies nos quintais provavelmente está

relacionada à sua ampla utilização pela sociedade, já que estas plantas são

historicamente usadas para tratar afecções que fazem parte da atenção

primária a saúde como: gripe, febre, resfriado, dor de garganta, tosse, dor de

cabeça, azia e gastrite (Albertasse et al., 2010). Dentre essas espécies,

Plectranthus barbatus (boldo) e Cymbopogon citratus (capim-santo) são

citadas em outros trabalhos como tendo efeitos medicinais comprovados

cientificamente (Pilla et al., 2006; Lorenzi & Matos, 2008; Miranda et al., 2011).

A maioria das espécies observadas nos quintais (66%) é exótica (Tab.

2). Isso ocorre provavelmente porque são espécies amplamente conhecidas e

historicamente cultivadas, algumas delas incluídas na lista de espécies que

mudaram o curso da história da humanidade (Laws, 2010), a exemplo de

Brassica oleracea (couve), Coriandrum sativum (coentro), Gossypium


21

hirsutum (algodão), Pipper migrum (pimenta do reino) e Theobroma cacao

(cacau), com intercâmbio frequente de mudas e sementes entre parentes e

vizinhos, inclusive de outras regiões do país, um tipo de transmissão do

conhecimento foi registrado em vários estudos (Brito & Brito, 1996).

Dentre as nativas (30%) encontram-se as seguintes espécies: Justicia

pectoralis (anador), Sambucus australis (sabugueiro), Alternanthera brasiliana

(terramicina), Schinus terebenthifolia (aroeira), Anacardium ocidentale (caju),

Annona muricata (graviola), Erygium foetidum (coentro-da-índia), Vernonia

condensata (alumã), Pereskia aculeata (Ora-pro-nobis), Ocimum

campechianum (chioiô), Lippia alba (erva-cidreira), Theobroma cacao (cacau),

Plinia cauliflora (jabuticaba), Eugenia uniflora (pitanga), Peperomia pellucida

(favaquinha de cobra) e Capsicum baccatum (pimenta dedo de moça). Das

espécies medicinais identificadas nos quintais de Feira de Santana, boa parte

também é utilizada para alimentação da população.

Algumas dessas espécies, tanto nativas quanto exóticas são

consideradas entre as plantas daninhas ocorrentes no Brasil, segundo Lorenzi

(2000). Entre elas, podemos citar a terramicina (Alternanthera brasiliana),

tanchagem (Plantago major), língua de vaca (Talinum paniculatum), pimenta

dedo de moça (Capsicum baccatum) e a erva-cidreira (Lippia alba).


22

FIGURA 4. Plantas medicinais cultivadas em quintais urbanos em Feira de


Santana, Bahia. A: Sambucus australis (sabugueiro). B: Allium fistulosum
(cebolinha). C: Dysphania ambrosioides (mastruz). D: Alternanthera brasiliana
(terramicina). E: Schinus terebenthifolia (aroeira). F: Annona muricata (graviola).
G: Annona squamosa (pinha). H: Coriandrum sativum (coentro). I: Erygium
foetidum (coentro da índia).
23

FIGURA 5. Plantas medicinais cultivadas em quintais urbanos em Feira de


Santana, Bahia. A e B: Catharanthus roseus (boa noite). C: Aloe vera (babosa).
D: Vernonia condensata (alumã). E: Acmella oleracea (jambu). F: Justicia
pectoralis (anador). G: Brassica oleracea (couve). H: Pereskia aculeata (ora-pro-
nobis). I: Carica papaya (mamão).
24

FIGURA 6: Plantas medicinais cultivadas em quintais urbanos em Feira de


Santana, Bahia. A: Eugenia uniflora (pitanga). B: Petiveria alliacea (guiné). C:
Gossypium hirsutum (algodão). D: Pipper nigrum (pimenta do reino). E: Plinia
cauliflora. F: Cymbopogon citratus (capim-santo). G: Plantago major
(trançagem). H: Peperomia pelucida (favaquinha de cobra). I: Ruta graveolens
(arruda).
25

FIGURA 7: Plantas medicinais cultivadas em quintais urbanos em Feira de


Santana, Bahia. A: Plectranthus ornatus (boldo-chinês). B: Ocimum
campechianum (chioiô). C: Lippia alba (erva-cidreira). D: Tetradenia riparia (falsa
mirra). E: Plectranthus amboinicus (hortelã graúdo). F: Plectranthus glabratus
(hortelã branco). G: Mentha spicata (hortelã miúdo). H. Ocimum basilico
(manjericão). I: Jatropha multifida (merthyolate).
26

Figura 8. Plantas medicinais cultivadas em quintais urbanos em Feira de


Santana, Bahia. A: Mentha pulegium (poejo). B: Rosmarinus officinalis (alecrim).
C: Persea americana (abacate). D: Laurus nobilis (louro). E: Kalanchoe
daigremontiana (aranto). F: Malpighia emarginata (acerola). G: Punica granatum
(romã). H: Theobroma cacao (cacau). I: Morus nigra (amora).
27

Figura 9. Plantas medicinais cultivadas em quintais urbanos em Feira de


Santana, Bahia. A: Psidium guajava (goiaba). B: Cymbopogon winterianus
(citronela). C: Solanum lycopersicum (tomate). D Capsicum baccatum (pimenta
dedo de moça). E: Solanum pimpinellifolium (tomate cereja). F: Talinum
paniculatum (língua de vaca). G: Pilea microphylla (brilhantina). H: Pilea
microphylla (laranja). I: Citrus limon (limão).
28

Quanto ao hábito ou forma de vida das plantas medicinais cultivadas pelos

habitantes, todas são terrestres, a maior parte tem porte herbáceo (48%),

seguido do arbustivo (36%) e arbóreo (14%) (Fig. 10). A predominância no hábito

herbáceo também pode ser observada em outros trabalhos similares (Pilla et al.,

2006; Pinto et al., 2006; Albertasse et al., 2010). Esta prevalência pode estar

associada ao fácil cultivo das ervas em quintais, facilitando a obtenção desses

recursos vegetais pelos moradores (Pilla et al., 2006).

Quanto aos órgãos vegetais usados para fins medicinais, considerando as

espécies analisadas, a literatura aponta as folhas como mais frequentes,

seguidas dos frutos e das sementes (Fig. 11). Costa-Neto & Oliveira (2000)

confirmam essa dados em estudos etnobotânicos realizados no município de

Tanquinho, na microrregião de Feira de Santana. Dentre as 97 espécies citadas,

de 42% delas são usadas as folhas, e os grãos e sementes correspondem a

12%. Amoroso (2002) também reforça esses resultados, estudando o uso e a

diversidade de plantas medicinais em comunidades do município de Santo

Antônio do Leverger, em Mato Grosso (MT).

Para Gonçalves & Martins (1998) e Castellucci et al. (2000), a explicação

mais plausível para o maior uso das folhas na preparação de remédios deve-se

ao fato de sua maior disponibilidade durante todo o ano (exceto nas plantas da

Caatinga), além do fato de que é nas folhas que se concentra a maior parte dos

princípios ativos (Franco, 2006).


29

Tipo de hábito das espécies analisadas %


60

50

40

30

20

10

0
Herbáceo Arbustivo Arbóreo

Figura 10. Principais tipos de hábito/formas de vida das plantas medicinais


cultivadas em quintais urbanos no município de Feira de Santana (%).

Órgão das plantas mais utilizados em %


90
80
70
60
50
40
30
20
10
0
Folhas Frutos Caule Sementes Flores Cascas

Figura 11. Principais órgãos das plantas medicinais cultivadas em quintais


urbanos em no município de Feira de Santana (%), utilizados em fitoterapia.
30

Aproximadamente 32% das plantas medicinais encontradas nos quintais de

Feira de Santana são citadas na lista de plantas de interesse do SUS

(RENISUS), representantes de 12 famílias: Acanthaceae - Justicia pectoralis

(anador); Amaranthaceae - Chenopodium ambrosioides (mastruz);

Anacardiaceae Schinus terebenthifolia (aroeira) e Anacardium ocidentale (caju);

Apiaceae - Foeniculum vulgare (erva-doce); Asparagaceae: Aloe vera (babosa);

Lamiaceae: Plectranthus barbatus (boldo), Plectranthus glabratus (hortelã

branco), Ocimum campechianum (chioiô), Ocimum basilicum (manjericão) e

Mentha pulegium (poejo); Lauraceae: Persea americana (abacate); Lythraceae:

Punica granatum (romã); Moraceae: Morus nigra (amora); Myrtaceae: Psidium

guajava (goiaba) e Eugenia uniflora (pitanga); Plantaginaceae: Plantago major

(trançagem) e Rutaceae: Ruta graveolens (arruda). (Fig.12).

A presença destas espécies na lista do SUS indica sua importância

potencial no tratamento de doenças e por isso são indicadas para uso na atenção

primária à população. Porém, são necessários estudos mais detalhados sobre

as mesmas e sobre seu uso pela população geral. A presença de quase metade

dessas espécies nos quintais urbanos analisados em Feira de Santana, reforça

a importância da existência desses espaços como fonte alternativa para acesso

a medicamentos naturais, o que é importante primordialmente em populações

de baixo poder aquisitivo, muitas vezes sem recursos para comprar

medicamentos sintéticos ou mesmo fitoterápicos em farmácias.

É importante ainda tecer alguns comentários sobre a referida lista do SUS,

incluindo o fato de que a mesma foi formulada de forma generalizada, com a

identidade taxonômica das espécies desatualizada. Vários táxons estão

indeterminados, ou misturam diferentes espécies sob o mesmo nome popular.


31

Como exemplo, pode-se citar a amora (Morus nigra, Moraceae), que na lista

apresenta-se apenas como Morus sp, dificultando a correta compreensão sobre

a identidade do que será usado nos tratamentos. O mesmo acontece com Aloe

vera, identificada na lista do SUS apenas como Aloe spp* (podendo ser A. vera

ou A. barbadensis) e vários são os casos na mesma situação.

A taxonomia de plantas medicinais pode ser extremamente complicada,

especialmente porque envolve táxons cultivados, variedade agronômicas,

complexos de híbridos e afins. Mas o maior problema parece ser o desinteresse

geral dos usuários em buscar entender a identidade taxonômica das espécies,

então geralmente se usa o nome mais conhecido ou amplamente utilizado.

Plantas de amplo uso popular sob os nomes de boldo e capim santo, por

exemplo, podem reunir diferentes espécies taxonômicas, por isso é muito

importante que antes de usar qualquer planta para fins medicinais, tenha-se

clareza sobre exatamente qual espécie está sendo utilizada.

Sendo assim, é aqui reforçada a necessidade de que a referida lista

(RENISUS) passe por ajustes e atualizações urgentes, até quem sabe adotando

focos mais regionais, uma vez que nomes populares variam bastante. A mesma

contempla uma parcela pequena diante da totalidade de espécies importantes

para a fitoterapia no Brasil, deixando de fora, por exemplo, espécies nativas

pouco conhecidas e/ou ainda não exploradas para esse fim. Outros autores

como Correa et al. (2018) compartilham do mesmo pensamento em relação a

lista do RENISUS e é importante que esse assunto seja mais divulgado, tanto no

meio acadêmico quanto para a sociedade.


32

Família do RENISUS detectadas nos quintais


analisados
6
5
4
3
2
1
0

Figura 12. Quantidade de espécies por família presentes na lista do RENISUS.


33

5 CONCLUSÃO

Ao final desse trabalho, conclui-se que os quintais avaliados

apresentaram um grande número de espécies de plantas indicadas pela

literatura como tendo uso medicinal e que podem ser usadas pela população

local. Além disso, plantas cultivadas são geralmente desconsideradas em

inventários biológicos, como ficou claro no presente trabalho, sendo adicionados

21 novos nomes de angiospermas para a lista de espécies encontradas no

município.

Por conservarem alta diversidade genética de espécies de plantas

medicinais, das quais muitas apresentam também uso ornamental e alimentar,

os quintais urbanos podem ser considerados uma via secundária para o

tratamento de doenças e suplementação alimentar, reforçando a importância

desses espaços como fonte alternativa para acesso a medicamentos naturais.

Não se pode afirmar ainda o perfil das famílias detentoras dos referidos

quintais incluindo idade, gênero, estado civil, escolaridade e uso mais pontual

que os mesmos fazem das plantas medicinais disponíveis localmente. Porém,

estudos complementares envolvendo entrevistas aos moradores devem ser

realizados em breve, envolvendo estes e outros quintais em Feira de Santana.

Considerando-se que Feira de Santana inclui muitas áreas que abrigam

comunidades tradicionais e que sua maior força econômica está na agricultura,

este tipo de pesquisa pode ser de grande utilidade e subsidiar a formulação de

políticas de saúde pública, segurança alimentar, conservação de recursos

genéticos e geração de renda por meio da agricultura urbana, especialmente se

considerarmos os quintais mais periféricos.


34

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