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PLANTAS MEDICINAIS DA REGIÃO DO VALE DO GUARIBAS – PIAUÍ:

DIVERSIDADES, USOS E CONSERVAÇÃO

Rafaela Santos Pereira1


Universidade Federal do Piauí
E-mail: rafaelasants@ufpi.edu.br
Lorran André Moraes2
Universidade Federal do Piauí
E-mail: lorranbio@hotmail.com

RESUMO

O Brasil, reconhecido por sua extraordinária biodiversidade, abriga mais de 350 mil
espécies catalogadas, sendo apenas uma fração da estimativa total de 1,8 milhão de
espécies na flora brasileira. A riqueza biológica do país destaca-se, especialmente, na
diversidade da flora, que desempenha um papel significativo na saúde, sendo
frequentemente utilizada como recurso terapêutico pelas comunidades. Atualmente, as
plantas medicinais têm múltiplas aplicações, desde fornecer insumos para a indústria até
servir como alternativa farmacoterapêutica para diversas enfermidades. Essa prática,
enraizada na história da humanidade, reflete a tradição e o cuidado das comunidades,
evidenciando-se como uma forma de amor ao próximo. Ademais, o presente trabalho busca
identificar espécies, seus usos terapêuticos, modos de preparo e partes utilizadas,
contribuindo para a documentação e preservação dos saberes tradicionais na Região do Vale
do Guaribas, no Piauí. Considerando a importância dessas práticas para a compreensão das
condições de vida das comunidades, a pesquisa visa auxiliar estudos nas áreas biológicas,
agronômicas e farmacêuticas.

Palavras – chave: Plantas medicinais, Medicina tradicional,


1. INTRODUÇÃO

O Brasil é considerado o detentor da maior diversidade biológica do planeta, com


cerca de um número de espécies catalogadas superior a 350 mil, representando apenas uma
fração da biodiversidade da flora brasileira, que tem o número total de espécies biológicas
estimado na ordem de 1,8 milhão de espécies, o que dá a noção de que conhecemos muito
pouco da nossa própria diversidade biológica (Joly 2011; Carneiro 2014).
Especificamente a flora tem vastas aplicabilidades em relação à saúde,
principalmente como recurso terapêutico direto para as populações, já que é muito comum
utiliza-las como insumos medicinais (Barata, 2005).
Segundo Carneiro (2014), atualmente as plantas medicinais são utilizadas tanto
como repositórios de insumos químicos para a indústria, como alternativa
farmacoterapêutica para o tratamento de diversas enfermidades, uma vez que as plantas são
praticamente ubíquas em localidades onde a vida humana é possível, desta forma as plantas
medicinais representam um recurso mais acessível em relação aos medicamentos
alopáticos.
A utilização de plantas no tratamento e na cura de enfermidades é tão antigo quanto
à espécie humana. O conhecimento sobre plantas medicinais refere-se muitas vezes ao
único recurso terapêutico de muitas comunidades e grupos étnicos (Maciel; Pinto; Veiga Jr,
2002). Sob essa ótica, podemos concluir que o uso de plantas como fonte de tratamento de
doenças e enfermidades do homem é mais que tradição, é uma forma de amor e cuidado ao
próximo.
O uso de plantas com finalidade medicinal, apresenta-se como uma das principais
práticas propagadas pela cultura popular, em que os usuários deste recurso acreditam na
eficácia terapêutica do mesmo, devido a inúmeras razões, acentuando suas potencialidades
terapêuticas que são mencionadas ao longo das gerações (Badke et al., 2012). Diante de tais
fatos, podemos entender a necessidade das práticas medicinais tradicionais, as mesmas se
fazem essenciais para manutenção de culturas e tradições, em especial ao povo sertanejo.

O uso de plantas medicinais pelas populações é orientado por uma série de


conhecimentos que vão sendo acumulados de acordo com a relação direta dos seus
membros com o meio ambiente, bem como a difusão de uma série de informações tendo
como influência o uso tradicional transmitido de forma oral entre diferentes gerações
(Moreira et al., 2002). Pasa (2005), deixa evidente como o uso constante de plantas
medicinais na cultura tradicional é recorrente, devido ao fato destas plantas medicinais
poderem ser cultivadas pelas comunidades em seus quintais, para que desta forma esse
recurso seja de fácil acesso e consequentemente fácil de coletar.

Por conseguinte, podemos compreender a importância da conservação e preservação


da biodiversidade da flora medicinal, para que tal feito seja possível é necessário educar
uma sociedade, e a etnobotânica busca realizar esse feito. Albuquerque (2005), define a
etnobotânica como ciência que recebe diversas definições dentre elas: ciência responsável
por analisar a inter-relação existente entre as pessoas e as plantas que as circundam. Sob
essa ótica, Albuquerque e Hanazaki (2006), destacaram que investigações que busquem a
seleção de plantas medicinais, seja pela etnobotânica ou pela etnofarmacologia, tem sido
uma abordagem constante na rotina dos cientistas.

Diante do exposto, podemos compreender que as plantas medicinais são um recurso


natural essencial para o nosso país, no estado do Piauí não é diferente, por isso a
necessidade de trabalhos que evidenciam a importância de práticas medicinais tradicionais,
para que assim possamos entender as condições em que uma determinada comunidade vive,
sendo assim, o presente estudo se faz necessário, tendo em vista a importância de resgatar e
documentar os saberes tradicionais, para que assim possamos auxiliar os estudos biólogos,
agronômicos e farmacêuticos.

O vigente trabalho tem como objetivo realizar um levantamento bibliográfico sobre


as publicações cientificas acerca das plantas medicinais utilizadas pelas comunidades
constituintes da Região do Vale do Guaribas – PI, que engloba 39 municípios do estado do
Piauí, buscando identificar as espécies medicinais mais utilizadas pela população; verificar
os fins terapêuticos, modo de preparo, partes utilizadas das espécies medicinais e a
contribuição desses conhecimentos para a comunidade.
2. MATERIAIS E MÉTODOS

A Região do Vale do Guaribas compreende uma área total de 22.693,41 km2 e uma
população total de 340.229 habitantes. Essa região é composta por 39 municípios: Acauã,
Alagoinha do Piauí, Alegrete do Piauí, Aroeiras do Itaim, Belém do Piauí, Betânia do Piauí,
Bocaina, Caldeirão Grande do Piauí, Campo Grande do Piauí, Caridade do Piauí, Curral
Novo do Piauí, Dom Expedito Lopes, Francisco Macedo, Francisco Santos, Fronteiras,
Geminiano, Itainópolis, Jacobina do Piauí, Jaicós, Marcolândia, Massapê do Piauí,
Monsenhor Hipólito, Padre Marcos, Paquetá, Patos do Piauí, Paulistana, Picos, Pio IX,
Queimada Nova, Santana do Piauí, Santo Antônio de Lisboa, São João da Canabrava, São
José do Piauí, São Julião, São Luis do Piauí, Simões, Sussuapara, Vera Mendes e Vila Nova
do Piauí, conforme figura a Figura 01, segundo o Projeto Viva o Semiárido (2024).

Figura 1. Mapa geográfico da Unidade Vale do rio Guaribas com seus correspondentes municípios,
Piauí, Nordeste brasileiro.

Fonte: Projeto Viva o Semiárido, https://docplayer.com.br/18561329-Vale-do-guaribas-pi.html


O semiárido do Nordeste brasileiro se caracteriza por ser uma região com uma certa
diversidade de paisagens. Além da variedade de ambientes, essa região também apresenta
uma grande fragilidade, pois os atributos físico-ambientais encontram-se em sua maior
parte instáveis, especificamente relacionado ao clima, caracterizado pela predominância de
baixos índices pluviométricos, distribuídos de forma irregular no tempo e no espaço, pelas
altas taxas de evaporação e elevadas temperaturas (Brasil, 2005; Zanella, 2014).
O relevo na região do Vale do Guaribas pode ser caracterizado por uma combinação
de planícies, vales e elevações suaves, a presença de rios e afluentes contribui para a
formação de vales. O principal rio que corta essa região é o Rio Guaribas, que dá nome à
região, e seus afluentes contribuem para a formação de vales fluviais. Possuindo um clima
predominantemente semiárido, a região é caracterizada por chuvas irregulares e altas
temperaturas (Projeto Viva o Semiárido, 2024).
O clima predominante na região é o semiárido, o que pode influenciar na erosão e
na formação de feições geomorfológicas (Projeto Viva o Semiárido, 2024). As chuvas
sazonais e a escassez de água em determinadas épocas do ano são características
importantes.
A vegetação da região semiárida é caracterizada pelo Domínio Morfoclimático das
Caatingas, que se distribui na paisagem a partir de diferentes fisionomias (arbustiva ou
arbórea), como influência também dos elementos da geologia, relevo e solos. Conhecida
como “Mata Seca” ou Branca, a caatinga apresenta características próprias de adaptação ao
ambiente de semiaridez, como a perda da folhagem, presença de espécies com espinhos e
com longas raízes para armazenamento de água. De maneira geral, se apresenta de forma
escassa e esparsa, deixando o solo desnudo e propenso aos processos erosivos mecânicos
(Ab’Saber, 2003; Araujo, 2011).

2.1 Procedimentos

A pesquisa baseia-se em uma abordagem sistemática de revisão sobre os estudos de


plantas medicinais ocorrentes nos municípios da Região do Vale do Guaribas. Inicialmente,
foi realizada uma extensa pesquisa em bases de dados acadêmicas como o Google
Acadêmico e o SciELO com o objetivo de identificar pesquisas cientificas publicadas. Não
houve uma delimitação de tempo para a busca dos artigos científicos, dissertações e teses,
Os estudos científicos selecionados foram analisados quanto à sua pertinência e
qualidade, considerando critérios como a metodologia utilizada, o contexto de aplicação e
os resultados obtidos. A análise comparativa dos resultados e a síntese das principais
descobertas presente nos trabalhos selecionados serão conduzidas para fornecer insights
significativos sobre a importância do uso de plantas medicinais como fonte de tratamento
nos municípios que comtemplam a Região do Vale do Guaribas, tendo em vista que essas
plantas de cunho medicinal representam um recurso essencial para grande parte da
população, já que na grande maioria das vezes esta é a única forma de tratar enfermidades
nestes locais.
Após a leitura cuidadosa dos artigos, livros, teses relacionadas a variedade de
plantas medicinais encontradas na região do rio Guaribas, foi possível identificar os
principais pontos abordados em cada um desses trabalhos. Dessa forma, com base no
conteúdo selecionado a partir desses materiais, desenvolveu-se o corpo do texto.
No presente estudo, os dados foram obtidos por meio de uma compilação de obras
publicadas, onde tinham como objetivo evidenciar as plantas medicinais presentes na
Região do Vale do Rio Guaribas – PI, sendo assim, foram utilizadas obras base para a
construção do presente trabalho (Tabela 01).

Tabela 01 – Listagem de obras utilizadas para compilação de dados:


Título Autor (es) / Tipo de Município e local Quant. de
Ano publ./períodico da pesquisa spp./gên./famí.
Inventário das plantas Mirella de Artigo - Google Cipaúba, Picos – 92 spp; 44
medicinais utilizadas Sousa Barros - acadêmico PI famílias; 83 gên
pela comunidade
Cipaúba, Picos – PI
Conhecimento Macêdo (2015). Artigo - Google Aroeiras do Itaim 38 spp; 7
etnobotânico sobre acadêmico – PI famílias; 28 gên
plantas medicinais da
zona
urbana de aroeiras do
Itaim – PI
Vegetais cultivados Abreu; Artigo - Google Monsenhor 6 spp; 6
em quintais rurais Silva e acadêmico Hipólito – PI famílias; 6 gên
piauienses com Oliveira (2016).
indicação anticâncer:
uma busca pelo
conhecimento
tradicional
Plantas medicinais Barbosa et al. Artigo - Google Paulistana, Jaicós 99 spp; 49
comercializadas em (2021). acadêmico e Picos – PI famílias; 95 gên
feiras livres do
Estado do Piauí,
nordeste do
Brasil

3. RESULTADOS E DISCUSSÃO

A partir dos critérios estabelecidos, foi possível catalogar diversas espécies de


plantas medicinais em algumas comunidades que fazem parte da Região do Vale do
Guaribas, dentre elas estão o município de Monsenhor Hipólito – PI, a cidade faz parte da
microrregião de Picos, compreende uma área territorial de 401,33 km2 onde está inserida
uma população de 7391 habitantes, com predominância da população na zona rural (52,8%)
(IBGE, 2010). No que se refere à caracterização climática, a sede do município encontra-se
a uma altitude de 257 m acima do nível do mar, apresentando temperaturas mínimas de
25°C e máximas de 38°C (Aguiar; Gomes, 2004), com ocorrência de um clima tropical
semiárido e quente, ademais, o relevo da região é caracterizado, principalmente, por
superfícies tabulares reelaboradas (chapadas baixas), relevo plano com partes suavemente
onduladas.
Ademais, a região de Aroeiras do Itaim – PI, apresenta cerca de 2.442 habitantes,
possuindo uma área territorial de 257.162 km², e possui como principal fonte de renda a
agricultura e a pecuária (IBGE, 2014).
A comunidade Cipaúba, que apresenta aproximadamente 100 residências, onde
residem 314 moradores e está localizada no município de Picos, Piauí. Este município
possui aproximadamente 73.414 habitantes, segundo o Censo demográfico de 2010, onde
35.061 são homens e 38.353 são mulheres, e uma área de 534,715 Km², possui o bioma
caatinga, apresentando clima tropical semiárido quente (IBGE, 2014), nas coordenadas
geográficas 07º04’37’’ de latitude, 41º28’01’’ de longitude e 206 m de altitude
(GEOGRAFOS, 2014).

3.1 Diversidade de plantas medicinais da região do rio Guaribas, Piauí


A partir da compilação de dados foram registradas 208 espécies medicinais nas
obras utilizadas, e 8 etnoespécies, quando listadas são obtidas 167 espécies distintas,
distribuídas em 147 gêneros e 69 famílias botânicas. Tais dados são importantes para que
possamos entender a dimensão da riqueza da flora de plantas medicinais da Região do Vale
do Guaribas que são consumidas a população local. Sendo assim, podemos destacar que as
práticas medicinais tradicionais carregam a história de um povo, por isso a necessidade de
manter essa cultura e tradição.

Tabela 2. Lista de plantas medicinais conhecidas na Região do Vale do Guaribas, Piauí, Nordeste do
Brasil.
Famílias Nome científico Nome popular Partes Formas de Indicações Fonte
utilizadas uso
Adoxaceae Sambucus nigra L. 1. Sabugueira Folha - - 4

Alliaceae Allium sativum 2. Alho Bulbo, Via Oral Pressão, gripe e 1


folha e colesterol
flor
Amaryllidaceae Allium cepa 3. Cebola Bulbo Chá, suco Gripe 1, 2, 4
4. branca

Schinopsis brasiliensis Engl. 5. Braúna Casca, Chá e Anti- 1


folha e infusões inflamatório.
raiz
Anacardiaceae Anacardium occidentale L. 6. Caju 1
Astronium fraxinifolium 7. Gonçalave Folha Chá - 1
Schott & Spreng.
Spondias purpurea L. 8. Ceriguela Folha 1
Spondias tuberosa 9. Umbu - - - 1
Myracrodruon 10. Aroeira Folha, Chá Dores no 2, 4
urundeuva fruto, estômago
semente e
casca
Annona squamosa L. 11. Ata 1
Xylopia aromatica 12. Pimenta de Flor Chá Ação anti- 4
macaco inflamatória e
Annonaceae analgésica
Xylopia aromatica 13. Imbiriba Fruto Chá e - 4
infusões
Annona muricata 14. Graviola Folha, Chá Câncer 3
fruto e
sementes
Foeniculum vulgare Mill. 15. Erva Folha Chá Ansiedade, 1, 4
doce problemas
digestivos,
cólicas
menstruais
Daucus carota L. 16. Cenoura Raiz Via Oral Digestão, 1,4
Apiaceae redução de
doenças cardíacas
Coriandrum 17. Coentro/ Folha e Via Oral Dores de urina 1, 2
sativum 18. Quentro semente
Centella asiatica 19. Centea asiática Folha Infusão ou Cicatrização, 4
chá circulação
sanguínea
CuminumcyminumL. 20. Cominho Semente Chá Digestão 4
Anethumgraveolens L. 21. Endro Semente Chá ou Anti-inflamatório 4
infusões
Calotropis procera (Ailton) 22. Cera Folha, - Inflamações, 1
Apocynaceae W. T. Ailton raiz e dores em geral,
látex problemas
respiratórios
Arecaceae Cocos nucifera L. 23. Coco Água, Via Oral Hidratação, 1
casca, auxilia na
poupa digestão,
envenenamento
(carvão ativado)
Copernicia prunifera (Mill.) 24. Carnaúba Cera, pó, - Irritações, 1, 2
H.E. Moore resina queimaduras,
MauritiaflexuosaL.f. 25. Buriti Fruto - - 4
Aristolochiaceae Aristolochia triangularis 26. Cipó mil-homem Casca
Cham.
Asparagaceae Sansevieria trifasciata Prain 27. Espada de São Folha, Comer, Cicatrização, 1
Jorge raiz aplic. direta inflamações,
na pele (gel prisão de ventre
da folha)
Asphodelaceae Aloe vera 28. Babosa Folha Via Oral Câncer 3, 4
Asteraceae Egletes viscosa (L.) Less. 29. Marcela Flor, folha Chá e Insônia, cólicas, 1, 4
infusões distúrbios
digestivos
Helianthus annuus L. 30. Girassol Semente, Chá e Problema nos 1, 4
folha, raiz extratos rins
Egletes viscosa (L.) Less. 31. Alcachofra Folha 4
Bidens pilosa L. 32. Picão Flor, Chá, Infecção urinária 1
folha, raiz infusões
Cynara scolymus L. 33. Craqueja Caule e 4
casca
Taraxacum sp. 34. Dente de leão Folha
Matricaria chamomilla 35. Camomila Folha Chá Calmante 1

Handroanthus impetiginosus 36. Pau d’arco Casca, Chá e Anti- 1, 4


folha infusões inflamatórias,
antifúngicas e
antioxidantes
Bignoniaceae Heliotropium indicum L. 37. Crista de galo Folha Aplicação Queimaduras, 1
externa erupções
cutâneas
Swartzia flaemingii var. 38. Jacarandá - - Gastrite 2
psilonema
Handroanthus impetiginosus 39. Pau D'arco Roxo Casca Chá Anti-inflamatório 4
Boraginaceae Heliotropium 40. Fedegoso Folha, Chá e Gripe 1, 2
indicum raiz e infusões
flores
Cordia ecalyculata 41. Porangaba Folha 4
Brassicaceae Brassica juncea (L.) 42. Mostarda Sementes 4
Bromeliaceae Ananas 43. Abacaxi Folha, Via Oral Gripe 2
sativums casca e
fruto
Burseraceae Commiphora leptophloeos 44. Imburana de Casca, Chá, Problemas 1, 4
(Mart.) J.B. Gillet espinho semente infusões digestivos e
respiratórios
Cactaceae Melocactus zehntneri 45. Coroa de frade Caule 4
Caricaceae Carica papaya L. 46. Mamão Semente, Chá, Saúde digestiva e 1
fruta, extratos, o sistema
folha imunológico
Caryocaraceae Caryocar sp. 47. Pequi Fruto 4
Celastraceae Maytenus ilicifolia 48. Espinheira santa Folha 4
Chenopodiaceae Chenopodium ambrosioides 49. Mastruz Folha Beberagem Hematomas, 1, 2,
, chá ou gripe, dores em 3,
lambedor geral, infecção,
inflamação
Licania rigida Benth. 50. Oiticica Semente Óleo Problemas de 1
Chrysobalanacea corporal pele
e
Cleome spinosa Jacq. 51. Mussambê Folha, Chá, Dores 1
Cleomaceae raiz, infusões estomacais,
semente cólicas e
desconfortos
gastrointestinais
Terminalia catappa L. 52. Castanhola Folha Chás ou Problemas 1
Combretaceae infusões respiratórios e
digestivos
Combretum 53. Mufumbu Casca, Chá, Gripe 1, 2
leprosum folha e infusões
raiz
Compositae Arctium lappa L. 54. Bardana Folha 4
55.
Operculina macrocarpa 56. Batata purga Raiz e 4
Convolvulaceae semente
Operculina sp. 57. Batata de teiú, Raiz 4
batata de tiú,
Ipomoea purga 58. Jalapa Raiz 4
Bryophyllum pinnatum 59. Malva santa Folha Chá ou Problemas 1
Crassulaceae (Lam.) Oken infusões respiratórios,
cicatrização,
inflamações
Cunnoniaceae Lamanonia ternata Vell. 60. Açoita-cavalo Folha e 4
casca
Mormodica charantia L. 61. Melão São Fruto Consumo Diabetes 1
Curcubitaceae Caetano direto
Luffa operculata Cogn. 62. Paulista Fruto 4
Citrullus lanatus (Thunb.) 63. Melancia Fruto - - 1
Matsum. & Nakai
Equisetaceae Equisetum hyemale L 64. Cavalinha Casca e 4
folha
Erythroxylaceae Erythroxylum vacciniifolium 65. Catuaba Casca 4
Mart.
Croton sonderianus Müll. 66. Marmeleiro Folha Chás ou Anti-inflamatório 1
Arg. infusões e cicatrizante
Euphorbia 67. Cachorro Folha Chás ou Câncer, 1, 2,
tirucalli pelado infusões 3,
Euphorbiaceae
Crotonrhamnifolioid 68. Quebra faca Casca Chás ou Anti-inflamatório 2, 4
infusões
Croton grewioides 69. Canelinha/ Casca Chás ou - 1, 2, 4
Canelinha do mato infusões
Ricinuscommunis 70. Mamona Semente - Laxante 4
Acaciafarnesiana 71. Corona - - - 4
Tamarindus indica L. 72. Tamarina/ Fruto e - Anti- 1
Tomarina semente inflamatório,
colesterol
Erythrina velutina Willd. 73. Mulungu Casca e Chá e Calmante, dores 1
flor extratos musculares
Amburana cearensis 74. Imburana de Casca e 4
(Allemão) A. C. Sm. cheiro semente
Senna alata (L.) Roxb. 75. Maria mole Folha Chá Anti-inflamatório 1
Mimosa tenuiflora (Willd.) 76. Jurema preta Casca Chá Infecções e 1, 4
Poir inflamações
Amburaa 77. Umburana Semente, Beberagem Gripe 2
cearensis casca e , chá
Fabaceae folha
Connarus 78. Pau ferro Casca, Via Oral Gripe 1, 2, 4
suberosus folha e
raiz
Hymenaea 79. Jatobá preto Folha e Via Oral Gripe 2
stignocarpa semente
Chenopodium 80. Jatobá Folha e Chá Anemia 1, 2
ambrosioides semente
Caesalpinia 81. Catingueira Folha, Chá e Gripe 1, 2, 4
pyramidalis casca e infusões
raíz
Bauhiniasp 82. Mororó Casca - Diabete 4
Calliandradepauperata 83. Carquejo Casca chás ou - 4
infusões
Copaiferasp 84. Copaíba Fruto - Problemas de 4
pele, inflamações
e como
cicatrizante
Enterolobiumcontortisiliquum 85. Tamboril Casca Chás ou - 4
infusões
Erythrinavelutina 86. Mulungu Casca Chás ou Ansiedade e 4
infusões insônia
Medicagosativa L. 87. Alfafa Folha Chá - 4
Mimosasp 88. Unha de gato Casca Chás ou Anti-inflamatório 4
infusões
Pterodonemarginatus 89. Sucupira Semente Chá Problemas 4
articulares e
inflamações.
Sennaalexandrina 90. Sene Folha Chá ou Propriedades 4
infusões laxativas
Illiciaceae Illicium verum Hook.f. 91. Anil ou estrela Flor e 4
da ema sementes
Iridaceae I Eleutherine bulbosa (Mill.) 92. Alho do mato Bulbo 4
Melissa officinalis 93. Erva cidreira Folha Chá Calmante, 1, 2,4
pressão alta, dor
de barriga, mal
estar, febre
Mentha piperita 94. Hortelã Folha Chá, Gripe, dor de 1, 2
lambedor e barriga, febre e
suco. mal estar
Vitex agnus-castus L. 95. Arruda do Pará Folha Chá ou Problemas 1
infusões digestivos e
cólicas
Lamiaceae Mentha arvensis L. 96. Hortelã vick Folha Chá Calmante, gases 1
Origanum majorana L. 97. Manjeroma Folha Chá Clamante, auxilia 1
a digestão
Rosmarinus officinalis L. 98. Alecrim Folha Chá Gripe 1
Ocimum basilicum L. 99. Alfavaca Folha Chá Gripe, cólicas 1
Ocimum 100. Manjericão Folha Chá e Gripe 2, 1
basilicum infusões
Lavandulasp 101. Alfazema Flor Chá ou Calmante 4
infusões
SalviahispanicaL. 102. Chia Semente Comer Diabete 4
Persea americana Mill. 103. Abacate Folhas Chá Anti-inflamatório 1
Cinnamomum zeylanicum 104. Canela Casca Chá Propriedades 1, 4
Blume antioxidantes e
Lauraceae anti-inflamatórias
Licaria 105. Pichurí/ Casca e Chá e Dores no 2, 4
puchury major 106. Pixuri folha infusões estômago
Leguminosae Melanoxylon brauna Schott. 107. Baraúna Casca 4
Linaceae Linum usitatissimum 108. Linhaça Sementes 4
Malpighiaceae Euphorbia 109. Acerola Folha e Chá Gripe 1, 2
tirucalli casca
Hibiscus sabdariffa L. 110. Vinagreira Flor e - - 1
folha
Malva sylvestris 111. Malva do Reino Folha Chá ou Gripe, dor de 1, 2, 4
lambedor estômago,
Malvaceae inflamações,
pneumonia, tosse
Gossypium hirsutum L. 112. Algodão - - - 1
Abelmochus Esculentos L. 113. Quiabo Semente
Malva sp. 114. Malva Folha - - 4
Ceiba glaziovii 115. Barriguda Casca - - 4
Hibiscus sabdariffa 116. Hibisco Folha, flor Infusões ou Perda de peso 4
e semente chás
Meliaceae Carapa guianensis Aubl. 117. Andiroba Fruto 4
Peumus boldus 118. Boldo Folha Chá Dor de 1, 2
barriga/estômago,
prisão de ventre,
Mimosaceae gastrite
Anadenanthera 119. Angico Semente, Beberagem Gripe 1, 2, 4
colubrina casca e , chá
folha
Morus nigra L. 120. Amora Folha Chá Antioxidantes e 1, 4
anti-inflamatórias
Moraceae Brosimum gaudichaudii 121. Inharé Folha Chá ou - 4
infusões
Ficus sp. 122. Gameleira - - - 1
Myristica 123. Noz moscada Semente, Via Oral Dores de 1, 2, 4
Myristicaceae fragrans folha Barriga/cabeça,
gripe
Psidium guajava L. 124. Goiaba Folha Chá Diarreia 1
Syzygium cumini (L.) Skeels 125. Oliveira Folha, Chá ou Diabete 1
casca infusões
Eucalyptus globulus 126. Eucalipto Casca Chá e Febre, gripe, dor, 1, 2
Myrtaceae lambedor; vômito
Inalação ou
Banho
Syzygium aromaticum 127. Cravo da Índia Flor e - Dores de dente e 4
semente problemas
digestivos
Nyctaginaceae Boerhavia diffusa L. 128. Pega pinto Folha e Chá ou Infecções 1
raíz infusões urinárias,
inflamações,
problemas renais
Olacaceae Ptychopetalum uncinatum 129. Marapuama Casca
Anselmino
Oxalidaceae Averrhoa carambola L. 130. Carambola Fruto, Via Oral Anti- 1
casca inflamatório,
colesterol
Papaveraceae Argemone mexicana L. 131. Carro santo Folha Via Oral - 1
casca
Passiflora edulis Sims 132. Maracujá Fruto, Consumo Calmante 1
folha direto,
infusões ou
Passifloraceae chás
Passiflora incarnata L. 133. Maracujá do Folha Chá Cólicas e 1
mato distúrbios
digestivos
Turnera ulmifolia 134. Chanana/ Folha e Chá, Úlcera 1, 2, 4
135. Canana raiz infusões
Pedaliaceae Sesamum indicum L. 136. Gergelim preto Sementes - - 4
Phyllanthus nirui L. 137. Quebra pedra Folha, Chá ou Pedras nos rins e 1
Phyllanthaceae raiz, casca infusões na bexiga
Petiveria alliacea L. 138. Tipi Folha Chá ou Gripe, 1, 4
infusões inflamações,
pneumonia, tosse
Plantaginaceae Scoparia dulcis L. 139. Vassourinha Folha, Chá Problemas renais, 1
raíz inflamações
Saccharum officinarum L. 140. Cana de açúcar Caule - - 1
Zea mays L. 141. Milho - - 1
-

Poaceae Cymbopogon citratus 142. Capim Santo Folha Chá ou Calmante, 1, 2, 4


lambedor pressão, febre,
gripe, mal estar

Punica 143. Romã Casca, Chá, Gripe, diarreia e 1, 2, 4


Punicaceae granatum raiz, infusões, infecções
flores e beberagem intestinais
fruto
Ziziphus joazeiro Mart. 144. Juazeiro Casca Chá, Gripe, problemas 2, 4
Rhamnaceae infusões digestivos
Coffea arabica L 145. Café Semente - - 4
Coutarea hexandra (Jacq.) K. 146. Quina quina Casca Chá Febre 1, 4
Rubiaceae Schum.
Morinda citrifolia 147. Noni Fruto Via Oral Câncer 1, 3
Citrus sp. 148. Laranja da terra Folha e Chá - 1
casca
Citrus limon 149. Limão Folha Chá, Gripe, mal estar, 1, 2
Rutaceae lambedor e diarreia, febre
sumo
Citrus sinensis 150. Laranja Folha e Chá ou Calmante, dor de 1, 2
Casca comer a estômago/barriga,
casca cólica, gripe
Sapotaceae Sideroxylon obtusifolium 151. Quixaba, Casca e - Inflamação e 4
quixabeira raiz infecções
Selaginellaceae Selaginella 152. Gericó Folha Chá, Gripe 2
convoluta infusões
Simaroubaceae Picrasma sp 153. Pau tenente Casca - Inflamações e 4
infecções
Capsicum frutescens 154. Pimenta Fruta - Câncer 3
Solanaceae malagueta
Capsicum annuum 155. Pimenta caiena Casca e - - 4
semente
Theaceae Camellia sinensis (L.) 156. Chá-verde Folha 4
Violaceae Hybanthus calceolaria (L.) 157. Papaconha Raiz - 4
Oken
Ximenia americana L. 158. Ameixa Casca Chá Anti- 1
Ximeniaceae inflamatórias,
antifúngicas e
antioxidantes
Zingiber officinale Roscoe 159. Gengibre Caule Chá, suco Gripe, dor de 1, 4
Zingiberaceae garganta
Curcuma longa 160. Açafrão Caule Consumo - 4
161. Chá preto
162. Jarrinho
163. Carrapicho de
Etnoespécies boi
164. Costela danta
165. Pau doía
166. Saflor
167. Pau chapada
Fonte: Inventário das plantas medicinais utilizadas pela comunidade Cipaúba, Picos – PI1; Conhecimento
etnobotânico sobre plantas medicinais da zona urbana de aroeiras do Itaim – PI2; Vegetais cultivados em
quintais rurais piauienses com indicação anticâncer: uma busca pelo conhecimento tradicional3; Plantas
medicinais comercializadas nas feiras livres das cidades de Paulistana, Jaicós e Picos, Sudeste do Piauí4;

3.2 Dados etnobotânicos

Através dos dados compilados, foram obtidas 167 espécies distribuídas em 69


famílias botânicas, as famílias dez com maior número de representantes, ou seja, com maior
número de incidência são as seguintes: Fabaceae com 19 espécies, Lamiaceae com 9
espécies, Malvaceae com 7 espécies, Asteraceae com 7 espécies, Euphorbiaceae com 6
espécies, Apiaceae com 6 espécies, Anacardiaceae com 6 espécies, Annonaceae com 4
espécies, Bignoniaceae com 4 espécies e Myrtaceae com 4 espécies (Figura 01).
Concernente ao hábito, os entrevistados citaram espécies que na maioria eram ervas,
seguidas do arbusto, do subarbusto e da trepadeira. Ademais, a parte da planta mais utilizada
pela comunidade em estudo é a folha apresentando, seguida da casca, da semente, da raiz, do fruto,
da flor, do caule e do bulbo (Figura 02).

Figura 01 – Famílias com maior número de incidência:


Fonte: 100 Autores,
90
80
70
60
50
40
30
20
10
0
ae ae ae ae ae ae ae ae ae ae s
ce ce ce ce ce ce ce ce ce ce utra
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B An Eu
fevereiro de 2024.

Nas obras revisadas foram obtidas 167 espécies com indicações terapêuticas (tabela 01) das
quais destacam-se as cinco mais citadas: Hortelã (Melissa officinlis L.) é preparada nas formas de
chá, lambedor e suco e utilizada no tratamento de cólicas, gripe, dor de barriga, falta de ar, febre e
mal estar, o Eucalipto (Eucalyptus globulus Labill) é utilizado para febre, gripe, dor e vômito, sendo
feito o chá, inalação ou banho com o mesmo, Limão (Citrus limon L.) destacou-se como útil no
tratamento da gripe, mal estar, diarreia e febre, onde é utilizado na forma de chá, sumo ou lambedor,
o Mastruz (Chenopodium ambrosioides L.) é utilizado para dor de barriga, dor de estômago,
vermes, gripe, hematomas entre outras indicações e a Malva do Reino (Plectranthus amboinicus)é
útil para dor de estômago, gripe, tosse etc, onde é preparado o chá e lambedor.

Figura 02. Partes morfológicas das plantas mais utilizadas no uso medicinal.
50 47
45
40
35
30
30
25
20 18
16 16
15 12
10
5
5 3
0
Fruto Flor Fruto Raiz Caule Casca Bulbo Semente
Fonte: Autores, fevereiro 2024.

Em estudos realizados por Freitas et al., (2012), por Liporacci e Simão (2013), Silva
(2002) e por Oliveira e Menini Neto (2012), também observaram que a folha era a parte da
planta mais utilizada no processo de preparação do remédio a partir da planta medicinal,
podendo esta condição está relacionada ao fato da maioria das plantas medicinais utilizadas
pelas pessoas serem herbáceas e assim esta parte da planta é mais facilmente obtida,
estando presente durante todo o ano e sempre se renovando.
A escolha da parte a ser utilizada pode estar ligada com a disponibilidade, como por
exemplo, as espécies exóticas que apresentam folhas durante todo o ano (Freitas et al.,
2012). Enquanto que, para as espécies nativas da Caatinga há uma maior procura pelas
cascas, visto que a maioria é decídua ou semidecídua (Cartaxo et al., 2009; Albuquerque;
Andrade, 2002b).
Em relação aos modos de preparo, foram obtidos os seguintes: chá (48,50%),
infusão (22,15%), beberagem (2,39%), consumo direto (1,79%), dentre outros. Conforme já
anteriormente observado por Veiga Júnior (2008), no Estudo do consumo de plantas
medicinais na Região Centro-Norte do Estado do Rio de Janeiro, 60,2% dos seus
entrevistados utilizam plantas por meio de chás e infusões, mostrando que a forma de
preparo pode também estar ligada com as características da planta.
Vale ressaltar que nos estudos analisados, a população relata obter essas plantas a
partir do cultivo direto em quintais ou no mato, o que nos permite concluir que a obtenção
de tais plantas medicinais é simples, por isso o uso desses meios como fonte de
medicamento se perdura até os dias de hoje, o fácil acesso, juntamente com a “cura” das
enfermidades relatadas pela população fazem com que essa prática milenar continue sendo
passada de geração em geração.
Quanto as indicações terapêuticas das comunidades, foi para gripe (15,56%),
inflamações diversas (6,58%), ansiedade (1,19%), câncer (2,99%) e dores em geral
(14,37%).

4. CONCLUSÃO
Por meio dos dados coletados nesta pesquisa, fica evidente a importância dos
conhecimentos tradicionais sobre o uso de plantas medicinais, essa riqueza de
conhecimentos e informações possibilitam aos moradores das comunidades da Região do
Vale do Guaribas – PI, o acesso rápido a plantas medicinais para o tratamento de diversas
doenças, em essencial aquelas que mais acometem a população local como resfriados,
febre, inflamações, dentre outras. Além disso, a realização desse trabalho permitiu compilar
uma diversidade de espécies etnobotênicas, que são utilizadas cotidianamente pela
população, a quantidade de plantas catalogadas deixa evidente que essas práticas milenares
ainda vivem, e que a medicina tradicional é um meio eficaz.
Portanto, esse estudo nos possibilitou visualizar a necessidade e a importância de
tais práticas milenares, vale ressaltar que como citado pela população em vários estudos
realizados nesta localidade, os moradores afirmam que sentem alivio ao utilizarem essas
plantas como fonte de tratamento, ou até mesmo conseguem curar suas enfermidades. Sob
essa ótica, podemos constatar a importância de trabalhos que promovem essas práticas para
que assim possamos desenvolver os conhecimentos de pequenas comunidades,
contribuindo assim para a qualidade de vida dessas comunidades. Sendo assim, a
recuperação do saber local acerca das propriedades terapêuticas das espécies vegetais pode
oferecer valiosas contribuições para a preservação e administração sustentável dos recursos
naturais. Além disso, esse conhecimento ressalta a riqueza cultural das práticas empregadas
no uso de plantas medicinais, fortalecendo os laços entre os membros da comunidade e os
recursos naturais locais.
A recuperação do conhecimento local sobre as propriedades terapêuticas das
espécies vegetais não apenas pode enriquecer as práticas de conservação e manejo dos
recursos naturais, mas também destacar a valiosa herança cultural presente nas abordagens
para o tratamento com plantas medicinais. Essa reconexão fortalece os laços entre os
membros da comunidade e os recursos naturais ao mesmo tempo em que contribui para a
preservação desses preciosos conhecimentos.

5. REFERÊNCIAS

ALBUQUERQUE UP 2005. Introdução à etnobotânica. 2.ed. Rio de Janeiro: Editora


ALBUQUERQUE, U.P.; ANDRADE, L.H.C. Uso dos recursos vegetais da caatinga: o
caso do agreste do Estado de Pernambuco. Interciência, v.27, n.7, p.45, 2002 b.

BADKE MR, BUDÓ ML, ALVIM NAT, ZANETTI GD e HEISLER EV. 2012. Saberes e
práticas populares de cuidado em saúde com o uso de plantas medicinais. Texto e
Contexto – Enfermagem, 21(2): 367-70;
CARTAXO, S. L. Diversidade e uso de plantas medicinais em uma área de Caatingaem
Aiuabe CE, Brasil. Dissertação de Mestrado Apresentada ao Programa de Mestrado em
Bioprospecção Molecular da Universidade Regional do Cariri – URCA, 103p, 2009.

FREITAS, A. V. L.; COELHO, M. F. B.; MAIA, S. S. S.; AZEVEDO, R. A. B. Plantas


medicinais: um estudo etnobotânico nos quintais do Sítio Cruz, São Miguel, Rio
Grande do Norte, Brasil. Revista Brasileira de Biociências, Porto Alegre, v. 10, n. 1, p.
48-59, jan./mar. 2012.

LIPORACCI, H. S. N.; SIMÃO, D. G.; Levantamento etnobotânico de plantas


medicinais em quintais do bairro novo Horizonte, Ituitaba, MG. Rev.Bras. PI. Med.,
Campinas, v.15,n.4,p.529-540,2013

MOREIRA, R. de. C. T; COSTA, L. C. do. B.; COSTA, R. C. S. ; ROCHA, E. A.


Abordagem etnobotânica acerca do uso de plantas medicinais no Vila Cachoeira,
Ilhéus, Bahia, Brasil. Departamento de Ciências Biológicas, Universidade Estadual de
Santa Cruz (UESC), 2002;

OLIVEIRA, E.R.; MENINI NETO, L. Levantamento etnobotânico de plantas


medicinais utilizadas pelos moradores do povoado de Manejo, Lima Duarte – MG.
Revista Brasileira de Plantas Medicinais, v.14, n.2, p.311-320, 2012.
PASA MC, Soares JN e Guarin-Neto G. 2005. Estudo etnobotânico na comunidade de
Conceição-Açu (alto da bacia do rio Aricá Açu, MT, Brasil). Acta Botanica Brasilica,
19(2): 195-207;

PILLA MAC, Amorozo MCM, Furlan A. 2006. Obtenção e uso de plantas medicinais no
Distrito Federal do Martim Francisco, município de Mogi-Mirim, SP, Brasil. Acta
Botanica Brasilica, 20(4):789-802.
SILVA, R. B. L. A etnobotânica de plantas medicinais da comunidade quilombola de
Curiaú, Macapá-AP, Brasil. Dissertação (Mestrado em Agronomia) – Universidade
Federal Rural da Amazônia, Belém 2002

SILVA,M.S.; ANTONIOLLI,A.R.; BATISTA,J.S. & MOTA,C.N. Plantas medicinais


usadas nos distúrbios do trato gastrintestinal no povoado Colônia Treze, Lagarto, SE,
Brasil¹. Actabot. bras. 20(4): 815-829. 2006.

VEIGAJr,V.F. Estudo do consumo de plantas medicinais na Região Centro-Norte do


Estado do Rio de Janeiro: aceitação pelos profissionais de saúde e modo de uso pela
população. Revista Brasileira de Farmacognosia 18(2):308-313,Abr./Jun.2008.

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