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1. INTRODUÇÃO
2. REGISTROS HISTÓRICOS
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Professor da UFES, campus de Alegre-ES (áreas de Sociologia e Extensão Rural). Contato:
haloysio.siqueira@ufes.br.
descobrimento e o maior de todos eles – José de Anchieta – foi o grande e incansável
apóstolo dessa surpreendente arte de curar.
Quando os portugueses aportaram a estas plagas pela primeira vez, já os indígenas
possuíam uma arte médica própria, da qual os cronistas nos dão os mais pitorescos informes.
Os elementos vegetais eram utilizados pelos aborígines em larga escala e dir-se-ia que as
matas em que viviam esses filhos das florestas bravias eram um imenso laboratório em que
poderosos deuses, em estranhas retortas forjavam incansavelmente as forças curadoras de
todos os sofrimentos orgânicos” (Cruz, 1965: 15 e 16).
3. IMPORTÂNCIA SOCIOCULTURAL
4. IMPORTÂNCIA SOCIOECONÔMICA
5. IMPORTÂNCIA SOCIOAMBIENTAL
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Centro de Ciências Agrárias da Universidade Federal do Espírito Santo.
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Processo de perda da riqueza genética da flora (medicinal, alimentar, etc). Para mais detalhes, ver Mooney
(1987).
Outro aspecto relevante, foi o cuidado de proceder o cultivo das plantas medicinais em
sistema orgânico, conservacionista do meio físico e biológico local. Esse sistema é
plenamente viável numa horta e, acima de tudo, necessário para garantir a integridade
medicinal das plantas. E a horta cumpriu, ainda, a função paisagística de embelezamento e
harmonização do espaço entre as edificações urbanas.
6. A QUESTÃO DA BIOPIRATARIA
A biopirataria pode ser definida, de acordo com Clement & Alexiades (2006), como
sendo o processo de “remoção de uma planta, animal ou conhecimento de uma comunidade
com a intenção de lucro econômico em outro local, sem negociação com a comunidade sobre
a repartição de benefícios”. Eles afirmam que tal denominação ganhou destaque após a
Convenção da Diversidade Biológica 4, “quando a soberania nacional sobre biodiversidade era
reconhecida. Antes da Convenção, existia 'intercâmbio' praticado por governos e indivíduos,
resultando na distribuição atual de plantas e animais agrícolas (p. ex., café, cana de açúcar,
cabras etc.) e ornamentais, bem como de ervas daninhas, pragas e doenças”.
Segundo esses mesmos autores, a mídia tem destacado muito o potencial econômico
das plantas medicinais da Amazônia, cultivadas ou não, e as ameaças que a biopirataria
representa diante desse potencial, “pois a indústria farmacêutica gera US$ 340 bilhões
anualmente e não existe notícia mais atrativa que um remédio milagroso que gerará uma
fortuna para seu descobridor”. Mas, alegam que a biopirataria é pouco importante na
economia nacional e mundial, atualmente, pois a maioria das plantas com potencial
econômico já foi distribuída, dentro e fora do Brasil, embora possa ser muito importante para
as comunidades tradicionais cujos direitos foram ignorados.
Clement & Alexiades (2006), defendem que a questão atual mais relevante se refere
ao caso em que uma planta é coletada para estudo por um etnobotânico, gerando uma
publicação, e um uso econômico é descoberto por um terceiro posteriormente. Eles afirmam
que “isto não é biopirataria no sentido comum do termo, embora possa ter a aparência de
biopirataria se a seqüência de eventos não é conhecida. Na realidade, esta seqüência de
eventos é a prática da ciência como sempre tem sido feita. No entanto, com a introdução de
(1) a soberania nacional sobre a biodiversidade, (2) os direitos de propriedade intelectual
sobre seres vivos e processos biológicos, (3) o reconhecimento dos direitos de populações
indígenas e tradicionais sobre seus recursos biológicos, genéticos e intelectuais, e (4) a
monetarização de quase tudo no modelo econômico vigente, o etnobotânico e outros
cientistas se encontram em território ético novo. A mudança de paradigma na forma como a
biodiversidade é vista socialmente, de patrimônio da humanidade para patrimônio nacional
(e até individual, quando patenteado), transforma a prática da ciência, tanto para
etnobotânicos, como para outros cientistas”.
Esses autores concluem sua argumentação salientando a necessidade de investimento
do Brasil em P&D sobre sua biodiversidade, já que a biopirataria e a descoberta posterior de
valor econômico são indicadores da falta desse investimento, bem como a necessidade de
aprovação de uma Lei de Acesso, substituindo a Medida Provisória vigente.
4
Estabelecida na ECO-92 (Conferência das Nações Unidas para o Meio Ambiente e Desenvolvimento), que
ocorreu no Rio de Janeiro-RJ, em 1992.
7. REFERÊNCIAS
ADEODATO, Sérgio; OLIVEIRA, Lúcia; OLIVEIRA, Vagner de. Uma farmácia no fundo
do quintal. Globo Ciência, São Paulo, ano 6, n. 64, p.44-49, nov. 1996.
CRUZ, Gilberto L. da. Livro verde das plantas medicinais e industriais no Brasil. Belo
Horizonte: [s.n.], 1965.
MOONEY, Pat Roy. O escândalo das sementes: o domínio na produção de alimentos. São
Paulo: Nobel, 1987.