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FACULDADE IGUAÇU

TAYRON DA SILVA DANTAS

PLANTAS MEDICINAIS: O SENSO COMUM E A CIÊNCIA

OURICURI - PE

2023
FACULDADE IGUAÇU

TAYRON DA SILVA DANTAS

PLANTAS MEDICINAIS: O SENSO COMUM E A CIÊNCIA

Artigo Científico apresentado à Faculdade


Iguaçu, como parte das exigências para obtenção
do título de Pós-graduação em Fitoterapia e
Prescrição de Fitoterápicos, sob a orientação da
professora: Nayara Gomide.

OURICURI – PE

2023
RESUMO

O uso de plantas medicinais é uma pratica bem comum em todo o mundo, mesmo
sem o conhecimento do principio ativo da planta, as pessoas usam baseando-se no
senso comum e nos conhecimentos culturais que perpassam por gerações desde o
princípio da antiguidade. O mastruz, por exemplo, usado como referência de
pesquisa, é considerado em alguns países como erva daninha, sendo que no Brasil,
é uma planta considerada cicatrizante e com outros conceitos de cura que aqui
serão apresentados, além de seus efeitos terapêuticos e biológicos. Este projeto de
pesquisa tem como objetivo apresentar a Erva de Santa Maria ou Mastruz, como é
popularmente conhecida, no seu uso medicinal de acordo com o conhecimento
cultural apresentado, tendo como referencia a pesquisa bibliográfica e algumas
informações adquiridas ao longo desta pesquisa.

Palavras-chave: Planta medicinal, mastruz, cultura popular.


SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO......................................................................................................5

2. DESENVOLVIMENTO DA PESQUISA...................................................................7

3. CONCLUSÃO........................................................................................................11

REFERÊNCIAS......................................................................................................... 12
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1. INTRODUÇÃO

Na visão popular, planta medicinal são aquelas que utilizamos na cura e


tratamento de doenças. O Mastruz, conhecido também como Mastruço ou Erva de
Santa Maria é uma planta medicinal herbácea bastante comum para cura, originária
da América Central. As folhas e frutos acumulam óleo essencial rico em ascaridol,
princípio ativo responsável pelo efeito vermífugo da planta. É uma espécie muito
utilizada principalmente pelas civilizações indígenas, sendo indicado principalmente
para as parasitoses intestinais. Utilizada em forma de chás, infusões ou xaropes, a
planta tem comprovação científica de sua ação anti-inflamatória, analgésica,
cicatrizante entre outras, para se ter resultados positivos é preciso ter conhecimento
de como usá-la.

Para se manipular uma planta medicinal corretamente, é preciso ter


conhecimento do seu princípio ativo, pois, produtos naturais também possuem
efeitos colaterais e um deles pode ser o envenenamento, inclusive por excesso,
intoxicação entre outros.

Atualmente diversos cientistas estudam e usam produtos naturais na


medicina, vários medicamentos vendidos nas farmácias contêm derivados naturais.
O uso de plantas medicinais para fins terapêuticos se dá desde a antiguidade e sua
utilização tem sido significativa para a população humana.

Existem duas variedades de mastruz que possuem posologias diferentes. O


mastruz de folha também é conhecido como Erva de Santa Maria, é um vermífugo, e
tem função bactericida. Também tem o seu princípio ativo muito utilizado como
inseticida. É utilizado na medicina popular, mas por ser tóxico deve ser administrado
em doses muito pequenas, procurando evitar o uso das sementes, pois tem maior
concentração do princípio ativo.

O mastruz rasteiro de folhas miúdas e sementes em cacho é utilizado já há


muito tempo para curar hematomas, inchaços musculares e algumas feridas,
inclusive infecções na garganta e órgãos internos. Algumas pessoas acreditam que
seu uso serve até para o tratamento de úlceras gastrintestinal.
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O interesse no conhecimento sobre plantas medicinais é uma fonte de


pesquisa e riqueza à qual devemos ter mais atenção, tendo em vista que muitas
plantas medicinais bastante populares não têm sua eficácia comprovada e podem
ser tóxicas.

A importância que tem a preservação da biodiversidade está também implícita


na preservação da cultura popular, pois são conhecimentos adquiridos no seio
familiar e vão perpassando através dos tempos. De acordo com Primack e
Rodrigues (2001) as ameaças à biodiversidade não tem precedentes na história
humana e espécies nunca estiveram, em um curto espaço de tempo, tão ameaçadas
de extinção.

Além da conservação da espécie em estudo a importância da conservação da


biodiversidade é fundamental para o equilíbrio do planeta, pois fazemos parte de um
ecossistema que onde tudo tem seu valor de ordem e lugar e sua função é essencial
na manutenção dos ciclos ambientais do planeta.
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2. DESENVOLVIMENTO DA PESQUISA

Desde a descoberta do uso de plantas para a cura, a população de todo o


mundo tem usado tradicionalmente, ao longo dos séculos, plantas na busca por
alívio, cura de doenças e controle de pragas. (CUNHA, 2003, 87).

Essas espécies utilizadas na sabedoria popular têm se tornado objeto de


estudo em muitos países e uma fonte importante de produtos naturais
biologicamente ativos, que podem resultar na descoberta de novos fármacos, para
as mais diversas doenças.

É importante para a humanidade que esse conhecimento não seja esquecido


e nem desvalorizado, pois, a sabedoria popular é o início para novas descobertas e
novos avanços tanto para a ciência como para o senso comum, a comprovação do
que se está em uso para que novos rumos sejam seguidos e novas descobertas
sejam realizadas.

O conhecimento sobre plantas medicinais simboliza muitas vezes o único


recurso terapêutico de muitas comunidades e grupos étnicos. Entretanto o crescente
uso de plantas medicinais tem de acordo com alguns autores (CUNHA, 2003;
AZEVEDO; SILVA, 2006), tem aumentado à pressão ecológica exercida sobre esses
recursos naturais. Dessa forma as práticas relacionadas ao uso popular de plantas
medicinais são o que muitas comunidades têm como alternativa viável para o
tratamento de doenças ou manutenção da saúde. De acordo com Maciel:

O conhecimento sobre plantas medicinais simboliza, muitas


vezes, o único recurso terapêutico de muitas comunidades e
grupos étnicos. As observações populares sobre o uso e a eficácia
de plantas medicinais de todo mundo, mantém em voga a prática
do consumo de fitoterápicos, tornando válidas as informações
terapêuticas que foram sendo acumuladas durante séculos
(MACIEL et al., 2002, p. 429).
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As informações sobre o uso de plantas medicinais vêm sendo repassada de


geração em geração, tornando válida a eficácia do uso dessa medicina, que na
maioria das vezes é a única alternativa de vários grupos étnicos, índios e as vezes
de civilizações inteiras que não apresentam outros recursos ou não disponibilizam
desse meio.

Além disso, a desagregação dos sistemas de vida tradicionais que acompanha


a degradação ambiental e a inserção de novos elementos culturais ameaçam muito
de perto um acervo de conhecimentos empíricos e um patrimônio genético de valor
inestimável para as gerações futuras. (RODRIGUES; GUEDES, 2006, 125).

À medida que novas descobertas sobre o uso de plantas medicinais são feitas
urge a necessidade de uma nova visão de proteção ambiental, pois para que essas
pesquisas se realizem são necessárias análises científicas, estudos detalhados e
para isso é preciso de novos recursos naturais, ou seja, reflorestamento, para que
não se esgote, pois de onde se tira e não repõe acaba.

A cultura é um importante elemento que compõe a identidade cultural e social


e por ser dinâmica apresenta constantes alterações. “O conhecimento tradicional
pode ser entendido como um conjunto de saberes a respeito do mundo natural,
transmitido oralmente de geração em geração e somente pode ser corretamente
interpretado dentro do contexto cultural em que é gerado” (DIEGUES; ARRUDA,
2001,P.31).

O respeito ao conhecimento que cada região guarda a respeito de sua cultura


é de grande importância para a construção de uma identidade. O senso comum
apresentado pelos povos mais antigos e que perpassa por gerações, é exatamente
a continuação dessa identidade cultural, e que pode ser esquecido e nem
desvalorizado, somente deve ser aperfeiçoado.

Poucos medicamentos convencionais são considerados seguros durante a


gestação, e sabe-se que não se deve tomar nenhuma substância medicamentosa, a
menos que os benefícios superem os riscos. Essa regra também se aplica as
plantas usadas na medicina popular, que muitas vezes são erroneamente
consideradas alternativas e totalmente seguras. “Algumas plantas que contém óleos
voláteis são consideradas abortivas, pois induzem as contrações uterinas. Dentre as
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plantas que produzem esses efeitos podemos destacar a hera, zimbro, salsa, poejo,
sálvia, tanaceto e mil-folhas.” (TISSERAND, 1995, 155).

Plantas quando ingeridas na forma de chá ou in natura também podem


causar efeitos adversos como cardíacos, alérgicos, hormonais, irritantes e
purgativos em seres humanos ou animais. “A ingestão excessiva de algumas plantas
pode causar problemas a saúde”. (NEWALL et al.,2002, 25). “A camomila e outras
plantas da mesma família, por exemplo, podem causar reações de
hipersensibilidade”. (DEBOYSER, 1991, 65).

Existem poucas informações sobre a interação de plantas quando ingeridas


na forma de chás com os medicamentos convencionais. Pode-se tentar, contudo
identificar as plantas que podem interferir com categorias específicas de
medicamentos convencionais, com base em suas propriedades químicas e
farmacológicas e nos efeitos colaterais de que se tem conhecimento. Por exemplo,
plantas que contém níveis elevados de cumarinas podem aumentar o tempo de
coagulação sanguínea quando consumidas em doses elevadas; o uso prolongado
ou excessivo de uma planta que possui ação diurética pode potencializar alguma
terapia que esteja em curso ou o efeito de certos medicamentos cardioativos, por
causa da hipocalemia. (ANDERSON, LA, 1985; D’ARCY, 1993).

Apesar de muitas plantas serem empregadas com fins medicinais, existe


pouca documentação científica ou médica a respeito dos seus princípios ativos,
farmacodinâmica ou eficácia clínica. Embora os dados químicos ou os estudos
realizados em animais deem respaldo ao seu uso tradicional, as evidências da sua
eficácia no ser humano são limitadas. “Atualmente, existe um pequeno número de
plantas que foram submetidas a um estudo científico rigoroso. Algumas dessas
plantas são; camomila, ginkgo-biloba, espinheiro branco, lúpulo, uva-ursina e
valeriana.” (NEWALL et al., 2002, 45).

As plantas medicinais representam a principal matéria médica utilizada


pelas chamadas medicinas tradicionais, ou não ocidentais, em suas práticas
terapêuticas, sendo a medicina popular a que utiliza o maior número de
espécies diferentes (HAMILTON, 2003, 78).
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O uso da medicina popular desde os primórdios tem ajudado na descoberta


de várias espécies, mesmo se o conhecimento do principio ativo das plantas
medicinais em uso, as civilizações já utilizavam esse meio na busca da cura de
várias doenças. É importante tanto para medicina como para o senso comum que
esses conhecimentos sejam compartilhados, pois as informações de modo geral só
tendem a enriquecer e fazer bem a nossa saúde.
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3. CONCLUSÃO

Os resultados desta pesquisa bibliográfica demonstram a importância de


estimular a manutenção de práticas tradicionais relacionadas às plantas medicinais,
já que estas configuram uma identidade ainda existente e em consonância com o
meio ambiente em equilíbrio.

Diante da grande biodiversidade de plantas utilizadas em benefício da população,


torna-se necessário uma melhor distribuição de informações dos efeitos provocados
por elas, bem como a segurança no uso de plantas como recurso terapêutico.

Sabe-se que as informações sobre uso de plantas medicinais são perpetuadas de


geração em geração por grupos com culturas semelhantes ou diferentes, feitas,
geralmente, de forma oral, o que aumenta os afetos, tornando-se, na maioria das
vezes, o único mecanismo para o tratamento de doenças.
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REFERÊNCIAS

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pharmacist. Pharm journal 1985, 233, 303-5.

AZEVEDO, Sheila. K.S.; SILVA, Inês. M. (2006). Plantas medicinais e de uso


religioso comercializadas em mercados e feiras livres no Rio de Janeiro. Acta bot.
Bras. São Paulo/SP. V. 20, n.1, p. 185-194.

CUNHA, Lucia H. O. (2003). Saberes tradicionais pesqueiros. Desenvolvimento e


Meio Ambiente, Curitiba/PR. N.7(jan./jun), p.71-79.

D’ARCY PF. Adverse reaction and interactions whit herbal medicines. Part 1.
Adverse reactions.Adverse Drug react Toxicol Revieu 1991. 10, 189-208.

DEBOYSER P. Tradicional herbal medicines around the globe: modern


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DIEGUES, Antonio. C.; ARRUDA, Rinald. S.V. (2001). Saberes Tradicionais e


Biodiversidade no Brasil. Brasília: MMA.

HAMILTON, A. Medicinal Plants and conservation: issues and approaches. [s.l.]:


International Plants Conservation Unit, 2003.

MACIEL, M. A. M. et al. Plantas medicinais: a necessidade de estudos


multidisciplinares. Química Nova, v. 25, n. 3, p. 429-438, 2002.

NEWALL CA, ANDERSON, LA, PHILLIPSON, JD, Plantas medicinais: Guia para
professional de saúde. Ed. Premier, 2002.

PRIMACK, Richard. B. ; RODRIGUES, Efrain (2001). Biologia da Conservação.


Londrina: E. Rodrigues.

RODRIGUES, Antonio C.; GUEDES, Maria L. S. (2006). Utilização de plantas


medicinais. Ver. Bras. Pl. Med. Botucatu/SP, v. 8, n.2, p.1-7.

TISSERAND R AND BALASC T. Essential oil safety. Edinburgh: Churchill


Livingstone, 1995.

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