Você está na página 1de 134

11

CURSO DE FITOTERAPIA E PLANTAS MEDICINAIS RESGATANDO O SABER POPULAR


PROJETO SEMENTE 3 AÇÃO MULHER

06/11/2014
Associação ipês -psam
CRISTIANO MARCOS BARBOSA E MARIA APARECIDA DOS SANTOS BARBOSA
ASSOCIAÇÃO IPÊS PSAM- PROJETO
SEMENTE 3 AÇÃO MULHER

CURSO DE FITOTERAPIA E PLANTAS


MEDICINAIS RESGATANDO O SABER POPULAR

TERAPEUTO HOLÍSTICO E GRADUANDO EM FARMACIA :CRISTIANO


MARCOS BARBOSA

TERAPEUTA HOLÌSTICA: MARIA APARECIDA DOS SANTOS BARBOSA

VENCER O PARADGUIMA DA FRAGMENTAÇÃO EM BUSCA DA


TOTALIDADE QUÃNTICA:

2
AGRADECIMENTO

Esta coletânea de fitoterápica é resultado de um esforço cooperativo e interativo.

Primeiramente agradecimento a Deus por dar força e oportunidade de poder transmitir


conhecimentos e poder contribuir com o desenvolvimento do seres humanos

Agradecemos, inicialmente, a nossos parceiros instituto idesufran de franca pela


oportunidade de trabalharmos e aprendermos juntos, ao DR Mario Paulo por suas
valiosas e inspiradoras contribuições como autores deste coletânea .

A professora Vilma da rede Fitocerrado Além de dominar conhecimentos sobre


fitoterrapia e plantas medicinais .

Agradecimento também a Terapeuta Holística Maria Aparecida Dos Santos Barbosa


fundadora da Associação Ipês- Psam

Neste coletânea demonstram o domínio que os diferentes autores detêm, sobre a


dinâmica produtiva, inovativa e normativa de suas regiões e das plantas aqui citadas .

INTRODUÇÃO A FITOTERAPIA

Atenção: O material deste módulo está disponível apenas como parâmetro de estudos para
este curso. É proibida qualquer forma de comercialização ou distribuição do mesmo sem a
autorização expressa da Associação Ipês -Psam. Os créditos do conteúdo aqui contido são
dados aos seus respectivos autores descritos nas Referências Bibliográficas.

3
SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO

2 FITOTERAPIA

3 CONCEITOS E DEFINIÇÕES EM FITOTERAPIA

4 BIODIVERSIDADE E FITOTERÁPICOS

5 OBTENÇÃO DE MATÉRIA-PRIMA PARA FITOTERÁPICOS

5.1 CULTIVO DE PLANTAS MEDICINAIS

5.2 COLHEITA DE PLANTAS

5.3 DESINFECÇÃO DAS PLANTAS SELECIONADAS

5.4 ESTABILIZAÇÃO

5.5 SECAGEM E ARMAZENAMENTO

5.6 REDUÇÃO DA DROGA VEGETAL

5.7 CONTROLE DE QUALIDADE DE DROGAS VEGETAIS

4
5.8 ANÁLISE SENSORIAL OU ORGANOLÉPTICA

5.9 VERIFICAÇÃO DA AUTENTICIDADE

5.10 VERIFICAÇÃO DA PUREZA DA AMOSTRA

5.11 ENSAIOS QUANTITATIVOS E SEMIQUANTITATIVOS DE CONSTITUINTES

QUÍMICOS

1 INTRODUÇÃO

Neste curso de Fitoterapia abordaremos seus aspectos históricos, os principais


conceitos e definições que rodeiam essa ciência, sua base farmacológica, a pesquisa e o
desenvolvimento de fitoterápicos no mundo e no Brasil, as legislações que regulamentam os
fitoterápicos e as principais espécies vegetais utilizadas nas principais patologias.

A utilização de espécies vegetais com fins de tratamento e cura de doenças e sintomas,


remonta ao início da civilização, desde o momento em que o homem despertou para a
consciência e começou um longo percurso de manuseio, adaptação e modificação dos recursos
naturais para seu próprio benefício. Essa prática milenar, uma atividade humana por
excelência, ultrapassou todas as barreiras e obstáculos durante o processo evolutivo e chegou
até os dias atuais, sendo amplamente utilizada por grande parte da população mundial como
fonte de recurso terapêutico eficaz.

Atualmente, os produtos naturais são responsáveis, direta ou indiretamente, por cerca


de 40% de todos os fármacos disponíveis na terapêutica moderna. O

mercado atual de fitofármacos e fitoterápicos crescem na ordem de US$ 9 a 11

bilhões/ano, sendo que mais de 13.000 plantas são mundialmente usadas como
fármacos ou fonte desses. Estima-se que, no Brasil, 20% da população consumam 63% dos
medicamentos industrializados, e que o restante, ou seja, 80% encontram nos produtos de
origem natural, especialmente nas plantas medicinais, a única fonte de recurso terapêutico.

Das plantas existentes no planeta, a maioria é desconhecida sob o ponto de vista


científico. De 250 a 500 mil espécies, somente cerca de 5% têm sido estudadas
fitoquimicamente e uma porcentagem menor avaliada sob aspectos biológicos. Essa realidade,
aliada com o fato de que 75% dos compostos puros naturais empregados na indústria
farmacêutica foram isolados seguindo recomendações da medicina popular, reflete o avanço
científico nos últimos anos .

5
envolvendo os estudos químicos e farmacológicos de plantas medicinais visando a obter novos
compostos com propriedades terapêuticas.

2 FITOTERAPIA

A Fitoterapia é o método de tratamento de patologias por meio das plantas


medicinais, a forma mais antiga e fundamental de medicina da terra, com a propriedade de
curar males de maneira não agressiva, pois estimula as defesas naturais do organismo. A
palavra provém do grego phyton = vegetal e therapeia = tratamento, que significa cura por
meio das plantas.

A Organização Mundial de Saúde (OMS) mostra que 80% da população mundial fazem
algum uso de erva para alívio de sintomas dolorosos ou desagradáveis. Em todo o país e no
mundo cresce o número de programas de fitoterapia apoiado pelo serviço público de saúde. A
formação de equipes multidisciplinares responsáveis pelo atendimento fitoterápico, com
profissionais capacitados para o cultivo de plantas medicinais, produção de fitoterápicos, de
diagnóstico e de recomendação destes produtos têm se formado.

O surgimento da fitoterapia na maioria dos povos surgiu independentemente.

Traçando uma cronologia dos principais acontecimentos que fortaleceram a


fitoterapia, podemos citar os estudos de Fu-Hsi na China por volta de 3000 a.C.

sobre plantas medicinais e acupuntura; no mesmo período Imhotep um médico


egípcio foi pioneiro em utilizar plantas medicinais; em 2000 a.C. a publicação da matéria
médica chinesa (Pen-t’são), escrita pelo imperador Shen-Nung, relaciona inúmeras drogas de
origem vegetal utilizadas por si mesmo e por seus súditos, como exemplo estavam ruibarbo,
ginseng, estramônio e efedra. O manuscrito Papiro de Ebers datado 1500 a.C. detalha uma
coleção de 800 fórmulas, indicações para 700 drogas locais e exóticas, como papoula, ginseng
e mirra usadas no tratamento de diversas enfermidades. No período de 460-377 a.C. inicia-se a
era de Hipócrates, considerado o pai da medicina, com a publicação da Corpus Hippocraticum,
consagrando espécies vegetais e incorporando conhecimento acerca de substâncias

extraídas de espécies vegetais, como quinino, codeína, colchicina e teofilina.

6
Teofrasto, botânico grego trouxe ao período de 370-286 a.C. a sistematização do
conhecimento de plantas medicinais no Tratado de Odores, que cita propriedades medicinais,
preparações e usos. Galeno, o mais importante médico da Antiguidade, recolheu e relacionou
na época de 131-201 d.C. aproximadamente 473 produtos de origem vegetal e enriqueceu o
arsenal terapêutico da época. Junto a Galeno, o romano Celso contribuiu para o surgimento
das raízes da homeopatia exercendo influência por anos. O termo farmácia galênica foi dado
às plantas usadas com solventes (ex. álcool, água, vinagre) para concentrar e conservar os
componentes ativos das plantas, sendo utilizadas para preparar emplastos, unguentos e outras
formas galênicas.

Na Idade Média (980-1037) o farmacêutico árabe Avicena influenciado pelas obras de


Galeno, produziu o seu Cânone da Medicina, incluindo doutrinas de Galeno e Hipocrates. Para
Celso, médico suíço, considerado o “pai da farmoquímica”

destacou-se na Idade Moderna (1493-1541) relacionando as propriedades das plantas


de acordo com a forma, cor e morfologia introduzindo a teoria da similitude, em que se curava
tal doença com algo que tivesse semelhança com ela. No Brasil, a primeira referência sobre as
plantas medicinais foi feita por Pero Vaz de Caminha em sua carta ao rei D. Manuel ao
descrever a beleza da flora brasileira e as propriedades de algumas plantas. O padre Fernão
Cardim divulgou as propriedades, juntamente com outros jesuítas de plantas como o
jaborandi, o estramônio e o aloés.

Somente no século XVIII começa-se a isolar e determinar a estrutura dos constituintes


ativos dos produtos de origem natural dotados de propriedades medicinais. No século XIX, em
1803 Sertuner isola a morfina da Papaver sominiferum. Em 1820, na América do Norte
começaram a ser instaladas as primeiras indústrias de ervas medicinais. A partir de 1860, com
os conhecimentos do fisiologista Claude Bernard a verificação das propriedades de muitos
produtos naturais foi verificada, assim como de seus constituintes habitualmente empregados
na medicina, a fim de se conhecer o mecanismo de ação detalhadamente. A correlação entre
estrutura química e a ação fisiológica começaram a se estabelecer, permitindo o
descobrimento de novas moléculas naturais de elevada atividade farmacológica. Em 1929, foi
publicada a primeira edição da Pharmacopeia dos Estados Unidos do Brasil, de autoria de
Rodolfo Albino Dias, que muito contribuiu

com seus estudos da flora medicinal brasileira e introduziu a farmacognosia no país, incluindo
mais de 280 monografias de plantas.

A primeira regulamentação a respeito da utilização de produtos naturais data de 1931


com o decreto 19.606, que estabelece regras para o funcionamento de ervanários, com
necessidade de licença para especialidades farmacêuticas, exceto para os produtos inclusos
nas farmacopeias. De 1950 a 1970, o lugar das plantas medicinais foi substituído pelas
substâncias sintéticas, de estrutura química e a ação definida. A partir deste período a
fitoterapia declinou vertiginosamente com a diminuição de prescrições médicas de produtos
vegetais.

Nos últimos 50 anos, com o avanço dos métodos analíticos, os conhecimentos sobre
plantas medicinais foram consideravelmente aumentados, permitindo uma melhor descrição

7
da composição química das plantas utilizadas na medicina popular. Consequentemente, um
maior controle da qualidade das espécies vegetais utilizadas na terapêutica foi destacado,
assim como os métodos de obtenção, cultivo, preparo, armazenamento e isolamento dos
compostos ativos.

Como exemplo deste avanço, observa-se o número crescente de constituintes ativos


identificados de espécies vegetais de renome na medicina popular e descritos seus efeitos
biológicos em publicações científicas. No Brasil, esse avanço refletiu na crescente busca por
medicamentos fitoterápicos, acompanhado pelo crescente número de centros de pesquisa,
indústrias privadas e estabelecimentos comerciais voltados para os produtos fitoterápicos. Em
2000, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) publicou uma resolução a respeito
dos produtos fitoterápicos e sua regulamentação.

Atualmente, o estudo das plantas está bem difundido, principalmente nas escolas de
Farmácia em todo o país, fazendo crescer o interesse em pesquisa e atuação dos profissionais
de saúde na utilização e na orientação à população de espécies vegetais utilizadas na
terapêutica.

3 CONCEITOS E DEFINIÇÕES EM FITOTERAPIA

Para o estudo da fitoterapia é importante destacar alguns conceitos bastante utilizados


nesta ciência:

Matéria-prima Vegetal - planta fresca ou droga vegetal ou o preparado fitoterápico


intermediário empregado na fabricação de produto fitoterápico (SVS/MS, 1995);

Planta Medicinal – é a planta selecionada, silvestre ou cultivada, utilizada


popularmente como remédio o tratamento de doenças. Segundo a OMS (1978), é toda e
qualquer planta contendo substâncias que possam ser usadas para prevenir, aliviar, curar ou
modificar um processo fisiológico normal ou fisiológico normal ou patológico e que possa
servir como fonte de fitofármacos e de seus precursores para síntese químico-farmacêutica;

Droga Vegetal - é a planta ou suas partes que, após processo de coleta, secagem,
estabilização e conservação, justificam seu emprego na preparação de medicamento (SVS/MS,
1995);

Princípio ativo - substância ou grupo delas, quimicamente caracterizadas, cuja ação


farmacológica é conhecida e responsável, total ou parcialmente, pelos efeitos terapêuticos do
produto fitoterápico;

Produto Fitoterápico - é todo medicamento tecnicamente obtido e elaborado,


empregando-se exclusivamente matérias-primas ativas vegetais, com finalidade profilática,
curativa ou para fins de diagnósticos, com benefício para o usuário. É o produto final acabado,
embalado e rotulado. Não podem estar incluídas substâncias ativas de outras origens, não
sendo considerado produto fitoterápico quaisquer substâncias ativas isoladas, ainda que de
origem vegetal, ou mesmo em misturas;

8
Preparado Fitoterápico Intermediário - produto vegetal triturado, pulverizado, rasurado,
extrato, tintura, óleo fixo ou volátil, cera, suco e outros, obtido de plantas frescas e de drogas
vegetais, por meio de operações de fracionamento, extração, purificação ou concentração
utilizado na preparação de produto fitoterápico; Medicamento Fitoterápico Magistral – aquele
preparado atendendo a uma prescrição médica que estabelece sua composição, forma
farmacêutica, posologia e modo de usar. Devem ser compostos exclusivamente por matéria-
prima vegetal, sem adição de substâncias ativas isoladas, ainda que de origem vegetal;
Medicamento Fitoterápico Oficinal – aquele preparado atendendo a uma prescrição, cuja
fórmula esteja na Farmacopeia Brasileira ou compêndios ou Formulários reconhecidos
oficialmente. Devem ser compostos exclusivamente por matéria-prima vegetal, sem adição de
substâncias ativas isoladas, ainda que de origem vegetal;

Fitofármaco – substância química isolada de vegetais, empregada para modificar ou


explorar sistemas fisiológicos dos estados patológicos em benefício da pessoa à qual se
administra;

Marcadores - constituintes quimicamente definidos presentes na matéria-prima


vegetal, preferencialmente os próprios ativos, destinados ao controle de qualidade da matéria-
prima vegetal, dos preparados fitoterápicos intermediários e dos produtos fitoterápicos;

Alopatia – sistema terapêutico da medicina convencional que visa tratar as doenças


por meios contrários a elas. A prescrição alopática age em sentido oposto; administrado em
doses de material em estado natural. O medicamento alopático produzido por síntese ou
semissintése é escolhido por causar sintomas opostos àqueles apresentados pelo paciente,
proporcionando efeitos colaterais desagradáveis e sérios;

Homeopatia – significa “sofrimento semelhante”, e está baseada na lei do tratamento do


semelhante. O medicamento homeopático de origem vegetal, animal ou mineral pode causar
certo quadro de sintomas em um indivíduo saudável, curará o mesmo quadro de sintomas
quando presentes em um indivíduo doente. O

tratamento homeopático trata o indivíduo como um todo ao invés de unicamente a


doença. O medicamento homeopático corresponde à energia de quantidades diminutas da
substância; proporcionando ausência de efeitos colaterais e dependência;

9
Farmacopeia – é o Código Oficial do País que estabelece os requisitos mínimos de
qualidade para os fármacos, insumos, drogas vegetais, medicamentos e produtos para a
saúde. É elaborada em parceria com universidades credenciadas e homologada pela Comissão
da Farmacopeia e pela agência de vigilância sanitária. A Farmacopeia Brasileira está em sua 4ª
edição sendo uma entidade que faz parte da ANVISA.

FONTE: Conselho Regional de Farmácia do Estado de São Paulo. Disponível em:

<http://www.crfsp.org.br/>. Acesso em: 31mar. 2011.

4 BIODIVERSIDADE E FITOTERÁPICOS

A biodiversidade é definida como a variedade e variabilidade existentes entre


organismos vivos e as complexidades ecológicas nas quais eles ocorrem.

componentes da biodiversidade podem fornecer uma gama de produtos de


importância econômica. Dentre eles destacam-se os fitoterápicos e os fitofármacos, originados
dos produtos vegetais. O Brasil possui uma magnitude da biodiversidade, contando com a
maior diversidade genética vegetal do mundo, sendo 55.000

espécies catalogadas de um total estimado de 350.000 e 550.000. As plantas são uma


fonte importante de produtos naturais biologicamente ativos, muitos dos quais se constituem
em modelos para a síntese de um grande número de fármacos.

Pesquisadores da área de produtos naturais revelam uma inacreditável diversidade em


termos estruturais e de propriedades-químicas e biológicas variadas. Apesar do aumento
crescente de estudos na área, apenas 15 a 17% das plantas foram estudadas quanto ao seu
potencial medicinal.

A grande diversidade possibilita a obtenção de novos fármacos, que se distinguem em


relação aos fármacos sintéticos na diversidade molecular e a função biológica. O mercado
mundial de drogas de origem vegetal é estimado em US$ 12,4

bilhões, sendo o mercado europeu responsável por 50%. Os receituários de


fitoterápicos e fitofármacos giram em torno de 25% nos países desenvolvidos e de 805 nos
países em desenvolvimento. Nos EUA, no período de 1983 a 1994, dos 520

fármacos aprovados pela Food and Drug Administration (FDA), 137 eram produtos
naturais e seus derivados. No mesmo período, 61% dos fármacos antituorais eram derivados
de produtos naturais.

No Brasil estima-se que 25% do faturamento da empresa farmacêutica provêm de


medicamentos oriundos de plantas. Entretanto, apenas 8% das espécies vegetais da flora
brasileira foram estudadas em busca de novos compostos bioativos e 1.100 espécies avaliadas
quanto suas propriedades medicinais. Destas, 590 são registradas no Ministério da Saúde para
comercialização. Esse avanço fez com que muitas indústrias farmacêuticas focadas em
medicamentos sintéticos também se esforçassem para ter uma linha de produtos
fitoterápicos, a fim de garantir uma fatia no mercado mundial.

10
Esse vertiginoso crescimento dos produtos fitoterápicos leva a preocupação em
estabelecer políticas e programas de conservação da diversidade biológica.

Atualmente, a biodiversidade não é vista apenas como uma fonte de benefícios


econômicos, mas uma preciosa biblioteca genética que deve ser estudada e preservada. Essa
busca por produtos comerciais derivados de espécies vegetais.

conhecido como bioprospecção não deve ser confundida com o que os cientistas e
ambientalistas chamam de biopirataria. Não há uma definição clara de biopirataria, mas essa
prática pode ser entendida como uma exploração de recursos genéticos e posse de patente
dos resultados desta exploração, assim como a venda destes produtos por preços excessivos
por empresas multinacionais de países desenvolvidos. A falta de políticas de proteção,
pesquisa e aproveitamento econômico seriam medidas para controle desta ilegalidade. Um
exemplo disso foi a patente de extratos de espinheira-santa ( Maytenus ilicifolia) concedida em
1997 a uma empresa japonesa; o chá desta planta é utilizado na medicina popular,
principalmente nas regiões Sul e Sudeste do Brasil para tratar problemas estomacais. Em 1999,
uma parceria de uma universidade brasileira com um laboratório farmacêutico que
desenvolviam pesquisas com espinheira-santa se surpreendeu ao solicitar a patente e serem
notificados da posse pelos japoneses.

5 OBTENÇÃO DE MATÉRIA-PRIMA PARA FITOTERÁPICOS

Considerando o valor das plantas medicinais não apenas na terapêutica, mas também
como recursos econômicos, tendo em vista a crescente utilização de fitoterápicos, a obtenção
dos derivados vegetais requer um desenvolvido conjunto de técnicas que garanta a produção,
quantidade e qualidade da matéria-prima vegetal. Para isso, as ações necessárias para
transformar uma planta medicinal em droga vegetal consistem em aperfeiçoar as condições de
cultivo, controle de pragas, colheita na fase e época ideal, seleção e padronização das plantas
colhidas, desinfecção das partes vegetais, estabilização e secagem, divisão, controle de
qualidade, exame botânico e análises por testes químicos e físicos.

5.1 CULTIVO DE PLANTAS MEDICINAIS

O desenvolvimento de técnicas de manejo ou cultivo adequadas de espécies vegetais garante


a boa utilização dessas pelo homem e a manutenção do equilíbrio dos ecossistemas. Diversos
trabalhos científicos têm apontado a importância de estudos químicos e farmacológicos que
comparem a produção de metabólitos secundários produzidos pelas espécies vegetais em
diferentes modos de plantio e ecossistemas.

11
Duas técnicas empregadas na obtenção de matéria-prima vegetal são utilizadas
historicamente: cultivo e extrativismo. O cultivo de plantas medicinais envolve a domesticação
da espécie e a necessidade de alteração da paisagem.

Essa prática requer o conhecimento da forma de propagação, adaptação ao ambiente


de cultivo, forma de crescimento e senescência.

Estudos agronômicos propiciam tecnologias pertinentes para o cultivo de plantas


medicinais com qualidade, em sentido à demanda do mercado de produtos de fitoterápicos.

A primeira etapa é definir e conhecer as condições necessárias para o


desenvolvimento da espécie vegetal escolhida. O local de cultivo deve ser semelhante ao local
de ocorrência da espécie, a fim de garantir o potencial da sua produção. O processo de
domesticação da espécie é bastante oneroso em relação ao tempo. Algumas espécies, como o
capim-limão ( Cymbopogon citratus (DC.) S.) se desenvolve a céu aberto enquanto espécies
como a pariparoba ( Piper cernuum V.) dependem de condições naturais de uma floresta para
que seu metabolismo funcione adequadamente. Duas espécies podem ser cultivadas, onde
uma proporciona condições favoráveis para o desenvolvimento da outra; exemplo é o cultivo
da guaçatonga ( Casearia sylvestris Sw.) que aproveita a sombra do salgueiro ( Sambucus
australis Cham. Et Schltdl.). Espécies como o alecrim ( Rosmarinus officinalis L.) e a alcachofra (
Cynara scolymus L.) podem ser cultivadas em pleno sol.

As condições climáticas influenciam o desenvolvimento de algumas espécies vegetais.


Altas temperaturas fazem com que a planta transpire muito e pode resultar na interrupção da
fotossíntese; a água necessária para o crescimento e desenvolvimento quando sai por meio de
transpiração, reduz a velocidade ou a água que é imobilizada dentro da planta. Por outro lado,
o frio intenso pode paralisar ou matar as plantas. Cada espécie possui uma temperatura ótima,
geralmente 25º C;

plantas do tipo alpinas e árticas a melhor temperatura para seu desenvolvimento é em


torno de 15º C.

A umidade, radiação infravermelha do sol na forma de calor, influencia o solo, ar e


água dos solos, lagos, mares e oceanos, e seus efeitos podem ser sentidos em maior ou menor
grau em diferentes espécies. Espécies de plantas aromáticas nativas de clima subtropical
quando introduzidas em local de clima tropical geralmente não se adaptam adequadamente,
murcha próximo ao meio-dia mesmo em regiões de solo irrigados. A duração da luz do dia
também influencia no desenvolvimento de muitas espécies. As plantas se dividem em três
categorias:

Plantas de dias curtos – floração da espécie ocorre depois de certo número de noites
mais compridas do que o normal, plantas de origem tropical geralmente florescem ao final da
estação chuvosa e suas sementes germinam ainda no período chuvoso;

12
Plantas indiferentes – plantas que produzem seus órgãos de reprodução em qualquer
época do ano, independente da duração dos dias;

Plantas de dias longos – plantas que florescem depois de passado um período


determinado de dias mais compridos do que o normal, plantas de regiões temperadas têm
floração no verão e suas sementes amadurecem no outono. Essas espécies possuem seu
melhor metabolismo quando seu ciclo apresenta dias de mais de 12 horas de luz.

As condições edáficas, ou seja, relativas ao solo do ecossistema em que se deseja


cultivar a espécie medicinal deve ser considerada. Primeiramente, o tamanho da área
destinada ao cultivo de cada espécie deve ser bem definido em relação aos métodos de
propagação, espaçamento de plantio e estimativa da quantidade produzida. A análise do solo
do local de cultivo indica as características químicas e físicas do solo, é necessária para a
realização de práticas de correção e fertilização.

Solo de pH ácido, como os solos brasileiros, requer correção desta acidez para o
cultivo, fazendo-se necessário o uso de calcário, que também serve de nutriente para o
vegetal. Caso a análise do solo aponte baixos teores de nutrientes, essa deficiência deve ser
corrigida com auxílio de adubação. Para a grande maioria do AN0

cultivo de plantas medicinais a adubação orgânica por meio da adubação verde (correção da
acidez do solo, restaurado física e biologicamente o solo) e da adubação orgânica (libera de
forma lenta e gradual os nutrientes para as plantas), algumas espécies apresentam produção
potencial de determinado (s) princípio (s) ativo (s) quando submetida a estresse, como
reduzida disponibilidade de nutrientes no solo, já que se trata de um metabólito secundário
formado quando o vegetal passa por condições de adaptações, condições adversas e
mecanismos de defesa.

A estruturação física do solo, quanto ao seu aspecto arenoso ou argiloso deve ser
observado, evitando-se perigos de erosão e má utilização da área de plantio. O tamanho das
partículas do solo interfere com que ele retenha ou não maior umidade. Cada planta
medicinal, particularmente, prefere solos de secos a alagados.

O plantio da grande maioria das espécies vegetais se dá pela técnica de produção de


mudas em viveiro, e posterior transplante a campo em covas, contendo adubação orgânica em
proporção adequada e devidamente roçada. Outras técnicas utilizadas para plantio são:
semeadura direta no campo (espécies mais tolerantes às variações do solo, menos exigentes
na fase inicial de crescimento) e multiplicação vegetativa (assentamento no solo de uma parte
ou órgão da planta-mãe que produzirá uma nova planta. As estruturas vegetativas mais
comuns são bulbos, estolhos, folhas e raízes divididas).

A poda da planta se faz necessária para muitas espécies, tanto para a retirada dos
ramos secos e doentes quanto para formação de copa ou orientação dos ramos. A poda

13
drástica é pouco recomendável já que prejudica o vegetal quanto ao fornecimento de
nutrientes necessários para o seu desenvolvimento.

O controle de plantas espontâneas na área de cultivo deve ser efetuado,


principalmente no início da germinação das sementes plantadas, já que as plântulas são mais
sensíveis à competição entre espécies. A roçada seletiva é um procedimento capaz de conter
espécies indesejáveis sem prejudicar o processo de sucessão secundária. Exemplos disso são as
ervas invasoras que servem de alimento para predadores e pragas poupando a espécie
cultivada.

Apesar da grande maioria das plantas produzirem substâncias de defesa contra o


ataque de insetos e pragas que venham prejudicar seu crescimento e desenvolvimento, o
controle de pragas e doenças nas áreas de cultivo se faz

necessário. Algumas técnicas como manejo adequado do solo, rotação de culturas e uso de
materiais de propagação sadios são práticas culturais de cultivo. Para controle específico de
pragas e doenças podem ser realizados métodos de catação manual de insetos, eliminação de
plantas ou galhos doentes, aplicação do macerado de fumo, da solução de água e sabão, do
extrato de alho e pimenta e de biofertilizantes. As próprias espécies vegetais podem ser úteis
neste controle; o suco de flores de camomila ( Chamomilla recutita (L.) R.) pode ser utilizado
no controle de fungos causadores de tombamento de plântulas em viveiros.

5.2 COLHEITA DE PLANTAS

A colheita é a etapa final no campo e deve ser rodeada de atenção. O teor de princípio
ativo de uma planta pode variar de acordo com o meio que a cerca, de órgão para órgão, com
a idade, com a época da colheita e mesmo com o período do dia no qual é realizada. O
momento da colheita deve ser aquele em que há o máximo de síntese do princípio ativo
desejado. Os aspectos, os caracteres organolépticos e a qualidade das substâncias dependem
de como se efetua colheita.

O melhor período para realizar a colheita é pela manhã, logo após a secagem do
orvalho, e ao fim da tarde, quando em dias ensolarados. Em dias nublados e secos, a colheita
pode ser realizada durante todo o dia, a partir do desaparecimento do orvalho. E em dias de
chuva, não deve ser realizada a colheita.

A umidade, de qualquer origem, favorece nas plantas o processo de fermentação e


formação de bolores durante a secagem. Por isso, não se deve após a colheita lavar as partes
coletadas, esse tipo de prática inutiliza a planta como fonte de substâncias ativas. Se
necessário proceder à lavagem um dia antes da colheita.

Para as plantas aromáticas, a coleta deve ser efetuada no início da floração, período
que o vegetal atinge seu ponto máximo da produção da fragrância.

Cada planta ou parte do vegetal possui um método apropriado de colheita.

14
Deve-se evitar compressão e lesões profundas nos órgãos coletados. As plantas
perenes devem-se coletar após um ano de crescimento e duas vezes ao ano, realizando cortes
alguns centímetros acima do solo. Plantas anuais podem ser

retiradas completamente do solo. Algumas espécies como a espinheira-santa, devem-se


manter 50% das suas partes aéreas, não sendo possível a retirada de todas as folhas. Para
colheita de raízes devem-se preconizar as raízes próximas da superfície.

A época recomendada de coleta de partes de plantas medicinais:

Raízes, rizomas e tubérculos – primavera e/ou outono.

Caules lenhosos – inverno ou outono.

Cascas – primavera.

Folhas – durante o dia.

Flores – na polinização.

Frutos – início da maturação (deiscência) ou completa maturação no outono.

Sementes – outono ou inverno (antes da deiscência).

Gemas – logo após o surgimento.

As plantas colhidas devem ser selecionadas a fim de evitar exemplares com manchas,
doentes, deformadas, sem características organolépticas, com poeira ou qualquer material
estranho que comprometa o lote inteiro do material vegetal.

Somente as raízes e rizomas após a colheita podem ser lavados.

5.3 DESINFECÇÃO DAS PLANTAS SELECIONADAS

A prática da desinfecção da planta colhida e selecionada visa conter insetos e


microrganismos vivos ou mortos. Consiste nos métodos de calor a 60o C; radiação
eletromagnética ou pressão com dióxido de carbono, p-diclorobenzeno ou brometo de metila.

5.4 ESTABILIZAÇÃO

O processo de estabilização tem por objetivo destruir enzimas responsáveis pela


modificação do conteúdo químico das células do vegetal coletado. A aplicação de calor úmido
(vapor de álcool aquecido) e irradiação UV são formas de estabilização de plantas medicinais.
Embora obrigatória para a maior parte das drogas, não é utilizada em todos os casos.

15
5.5 SECAGEM E ARMAZENAMENTO

A partir do momento da colheita inicia-se um processo de degradação enzimática na


planta, que leva também à degradação dos princípios ativos. O menor tempo entre a colheita e
a secagem é crucial para a manutenção da integridade máxima dos princípios ativos.

A incidência de raios solares sobre o material colhido também acelera o processo de


degradação. A secagem ao sol não é recomendada por promover a degradação dos princípios
ativos, gerarem a secagem rápida das bordas dos órgãos vegetais e criação de uma crosta
impermeável à água, porém o interior do material permanece úmido. Dessa forma, a secagem
deve ser ao abrigo da luz, em secadores que promovam ambiente limpo, bem ventilado e
protegido do ataque de insetos e outros animais. A secagem de folhas e flores deve ser
efetuada a temperatura em torno de 38º C; de cascas e raízes, a temperatura de até 60º C são
aceitáveis. Temperaturas acima desses limites aceleram o processo de degradação dos
princípios ativos. No período da noite, a temperatura deve ser mantida com uso de fornalhas à
lenha ou gás, ou auxílio de conversores de energia elétrica em calor

(resistências). A diminuição da temperatura deve ser evitada, pois promove a reabsorção de


água pelas plantas, retardando o processo de secagem.

O processo de secagem deve ser individual para não ocorrer mistura de elementos
voláteis. As partes da planta mais úmidas, como ramos devem ser separadas das partes mais
secas, como folhas.

O processo de secagem, independente de como realizado, propicia a redução de


volume e de peso e facilita a moagem dos materiais.

O período de armazenamento deve ser o menor possível, ao passar do tempo podem


ocorrer perdas qualitativas e/ou quantitativas nas substâncias ativas das plantas. O local de
armazenamento deve ser seco, escuro, arejado e isolado da presença de pragas. Como na
secagem, o armazenamento das partes das plantas deve ser isolado.

Teor de Umidade em Vegetais (%)

Parte do vegetal

Vegetal fresco

Permitida na droga

Casca

50 a 55

16
8 a 14

Erva

50 a 90

12 a 15

Folha

60 a 98

8 a 14

Flor

60 a 95

8 a 15

Fruto

15 a 95

8 a 15

Raiz

50 a 85

8 a 14

Rizoma

50 a 85

12 a 16

Semente

10 a 15

12 13

5.6 REDUÇÃO DA DROGA VEGETAL

17
O estado de divisão da droga vegetal constitui um fator importante na conservação
deste tipo de matéria-prima. A redução da droga vegetal economiza espaço, entretanto,
quanto mais dividido o material mais favorece a aceleração dos processos que levam à sua
decomposição por absorção de umidade, perda de substâncias voláteis e acelera reações de
oxidação.

A divisão só deve ser realizada quando se tem interesse técnico, como proliferação de
microrganismos e processos de extração ou terapêutico, visando forma farmacêutica com
maior ou menor atividade e uniformidade da dose. Os aparelhos mais utilizados são de vários
tipos em conformidade com as características da droga a ser dividida. Uma divisão grosseira
pode ser efetuada por seccionamento por meio de tesouras, podões ou facas; por impacto,
por intermédio da fragmentação por meio de choques repetidos efetuados geralmente em gral
e por rasuração, por meio de raspadores ou processadores de alimentos.

Os tipos de moinhos mais utilizados de acordo com as características do material


vegetal (dureza, friabilidade e elasticidade):

Moinho de facas – princípio de corte em sistema contínuo para material fibroso;


granulometria do produto de 20 a 80 mesh;

Martelos – princípio de impacto em sistema contínuo ou descontínuo usado em


materiais secos, moles, não friáveis ou quebradiços; granulometria de 4 a 325 mesh;

Rolos – princípio de pressão para materiais moles; granulometria de 20

a 200 mesh;

Atrito – materiais moles e fibrosos; granulometria de 20 a 200 mesh;

Energia fluída – ação mista aplicada em materiais moles e aderentes; produto com
granulometria de 1 a 30 .

FIGURA 1 – Moinho de facas utilizado no processo de moagem.

18
FONTE: New Química. Disponível em: <http://www.newquimica.com.br/>. Acesso em:
31mar. 2011.

5.7 CONTROLE DE QUALIDADE DE DROGAS VEGETAIS

Os ensaios de qualidade de matérias-primas vegetais preconizados nas Farmacopeias e


Códigos oficinais e nas literaturas científicas da área têm como objetivo: verificar a
identificação botânica do material, avaliar a pureza do material, caracterização dos
constituintes químicos da espécie e doseamento destes constituintes, principalmente aqueles
responsáveis pela atividade biológica. As análises devem ser realizadas em triplicata, os
resultados de procedimentos analíticos devem ser validados e os resultados quantitativos
deverão ser avaliados estatisticamente.

A qualidade da matéria-prima vegetal é determinante inicial da qualidade do produto


fitoterápico. Entretanto, a qualidade da matéria-prima não garante eficácia e segurança do
produto final. A eficácia é determinada mediante ensaios farmacológicos pré-clínicos e
clínicos, assim como sua aplicabilidade terapêutica. A segurança é determinada pelos ensaios
que comprovam a ausência dos efeitos toxicológicos e a inexistência de contaminantes nocivos
à saúde. Os parâmetros de qualidade da matéria-prima vegetal devem ser precisamente
predefinidos e os procedimentos de preparação dos extratos devem ser padronizados,
obtendo-se os produtos chamados padronizados. O produto fitoterápico final deve ser
avaliado em cada etapa do processo de fabricação, pois dependem da metodologia de
extração dos princípios ativos, da elaboração, formulação e forma farmacêutica, entre outros.

A análise da qualidade de um lote de matéria-prima é realizada por amostragem,


sendo a tomada da amostra um fator limitante para a confiabilidade dos resultados. A droga
vegetal acondicionada em caixas ou tonéis deve ter a amostra retirada da parte superior, da
metade do conteúdo da embalagem e da parte inferior. A quantidade de amostra deve ser
suficiente para realização dos ensaios necessários quando o material tiver entre 1 a 5 kg; para
materiais com mais de 5 kg retira-se de cada amostra 250 g. Para aqueles com peso superior a
100 kg e com fragmentos maiores que 1 cm, a quantidade de amostra retirada de deve ser

500 g. Aos materiais de quantidades menores que 10 kg é permitido amostrar quantidades


inferiores de no mínimo 125 g.

As análises realizadas com a amostra irá ditar se tal matéria-prima poderá ser utilizada
na elaboração do fitoterápico. Entretanto, durante o procedimento de análise, a matéria-
prima deverá ser armazenada separadamente em quarentena, aguardando laudo técnico para
liberação da sua utilização. Deve-se guardar uma quantidade de material como contraprova,
caso seja necessário a repetição de alguma análise.

19
Os principais problemas relacionados à qualidade de matéria-prima vegetal são
umidade, contaminação por microrganismos, metais pesados e agrotóxicos, impurezas e
falsificações.

5.8 ANÁLISE SENSORIAL OU ORGANOLÉPTICA

A análise sensorial visa análise do aspecto visual, do sabor, do odor e da percepção ao


tato de matérias-primas vegetais, sendo o meio mais rápido e simples de verificar alguns
parâmetros de qualidade, principalmente de identidade e pureza.

Deve-se preconizar um padrão do aspecto da droga-vegetal, pois quaisquer diferenças


serão rejeitadas pelo consumidor tendo sua credibilidade comprometida.

Os profissionais que realizam as análises de sabor e odor devem receber treinamento


específico e experiência a fim de evitar variabilidades sensoriais individuais. Para esse tipo de
análise requer uma amostra autêntica utilizada no laboratório como padrão para posteriores
análises. Pela análise organoléptica é possível detectar a contaminação por fungos ou odor de
decomposição do material.

Por meio da percepção visual ou pelo tato pode-se observar se o material foi atacado
por insetos, como cupins ou se há presença de insetos.

Comparando-se droga vegetal com amostra padrão em relação odor e coloração é


possível avaliar as condições de armazenamento ou do prazo de validade ultrapassado.

A autenticidade de uma espécie vegetal é verificada por parâmetros de identificação


botânica por meio de ensaios macro e microscópicos. A presença de constituintes químicos
ativos e/ou características da espécie também são parâmetros considerados. A identificação
de diferentes partes do vegetal, como flores, frutos, folhas e caules aliado com descrição da
espécie em literatura especializada em botânica leva a identificação botânica. As plantas
medicinais geralmente são observadas os farmacógenos – parte da planta com princípio (s)
ativo (s) utilizados terapeuticamente, sendo necessárias literaturas específicas em que relatam
seu uso farmaceuticamente. A análise de amostras pulverizadas requer o reconhecimento de
estruturas microscópicas características e diferenciais, complementada com as análises
químicas. Dessa forma, prefere-se para a análise da matéria-prima íntegra.

Os ensaios macroscópicos podem ser realizados a olho nu ou com auxílio de lupa,


comparando-se a amostra com amostra autêntica, desenhos ou fotos, efetuados por
profissional botânico de preferência ou especialista na espécie. É

importante o estabelecimento de estruturas específicas que possam diferenciar uma


espécie medicinal ou farmacopeica e espécies encontradas como adulterantes.

20
Os ensaios microscópicos são realizados com auxílio de um microscópio, necessitando
a preparação preliminar do material. A lâmina a ser analisada deve ser preparada a partir da
droga vegetal inteira ou fragmentada, por meio de cortes histológicos. Se a droga estiver em
pó, esse poderá ser analisado microscopicamente. Além de se verificar a autenticidade
botânica, este tipo de análise permite observar interferências a respeito da qualidade do
material. Na análise de flores de camomila a caracterização de estruturas de tricomas
glandulares, onde se acumula na planta o óleo volátil servindo de parâmetro para a
identificação do farmacógeno pulverizado e o teor de óleo volátil. Estudos demonstraram que
altas temperaturas e umidade elevada nos tricomas reduzem o teor do óleo volátil.

Algumas reações químicas ou perfil cromatográfico de caracterização são efetuados para


verificação da autenticidade da droga vegetal. Tais métodos requerem conhecimentos
fitoquímicos prévios, são de baixo custo e rápida execução. Geralmente, são reações
inespecíficas que têm por objetivo verificar a presença de grupos de substâncias, como
flavonoides, alcaloides entre outros. A cromatografia constitui um processo físico-químico de
separação dos constituintes de uma mistura, sendo muito utilizado na análise de matéria-
prima vegetal. A cromatografia em camada fina é corriqueiramente utilizada nesta análise de
autenticidade por sua rapidez e baixo custo. Entretanto, deve-se conhecer o marcador químico
da espécie investigada e possuir substância de referência ou marcadores específicos que
autentiquem a espécie analisada. Esse método permite identificar nas flores de arnica ( Arnica
montana L.) se há interferência por outras espécies como contaminação por Calendula,
conhecida como arnica-mexicana, além de verificar a decomposição de alguns constituintes
originais.

5.10 VERIFICAÇÃO DA PUREZA DA AMOSTRA

As farmacopeias estabelecem os critérios para a presença de elementos estranhos,


impureza, teor de umidade, contaminação microbiológicos, parasitários, resíduos de pesticidas
e resíduos de metais pesados para todas as drogas vegetais.

Trabalhos de verificação da pureza de matéria-prima vegetal apontam como maior


problema a impureza. A análise de amostras comerciais de camomila evidenciou que mais de
60% das amostras apresentavam sendo a presença de insetos.

A matéria-prima vegetal pode apresentam elementos estranhos, comumente são


partes do próprio vegetal ou de outra espécie. A Farmacopeia Brasileira permite na análise de
amostras de camomila até 5% de pedúnculos. Em geral, o limite aceitável de elementos
estranhos em uma amostra de droga vegetal é de 2% (m/m).

A presença de substâncias indesejáveis é verificada por análise em cromatografia em


camada delgada. Na análise de frutos de erva-doce ( Pimpinella anisum L.) é indicada a reação

21
de hidróxido de potássio e verificação do desprendimento de odor desagradável, associado
com um alcaloide extremamente

tóxico – a coniina, presente em frutos de cicuta ( Conium maculatum L.), o qual é um dos
contaminantes de amostras de erva-doce.

A determinação do teor de cinzas permite verificar as impurezas inorgânicas não


voláteis que estão presentes como contaminantes da droga vegetal. O material é colocado em
um cadinho de porcelana ou de platina e incinerado quantitativamente em mufla, até o peso
constante. Os ensaios são geralmente realizados em triplicata. As cinzas insolúveis em ácido
permitem uma melhor quantificação de contaminantes como resíduos de terra ou areia em
raízes.

A umidade em excesso nas matérias-primas vegetais permite a ação de enzimas,


degradando os constituintes químicos, possibilitando o desenvolvimento de fungos e
bactérias. A Farmacopeia Brasileira preconiza os métodos gravimétricos, da destilação
azeotrópica e volumétrico. O método gravimétrico é de fácil realização, determina-se o
percentual de material volatilizado após a dessecação. Plantas de elevado teor de óleo volátil
apresentam alto percentual de massa perdida. No método de destilação azeotrópica é
determinado à quantidade de água presente no vegetal, destilando-se o material juntamente
com tolueno ou xileno, após resfriamento determina-se o volume de água destilado por
diferença. O método volumétrico é baseado na reação de Karl Fischer onde a oxidação do
dióxido de enxofre por iodo na presença de água. O teor de umidade estabelecido nas
diferentes Farmacopeias está entre 8-14%.

22
FIGURA 2 – MUFLA E TABELA DE PERCENTUAIS DE CINZA TOTAIS E

23
INSOLÚVEIS EM ÁCIDO RECOMENDADOS PELA FARMACOPEIA BRASILEIRA FONTE:
Disponível em:

<http://batatasechocolate

.blogspot.com/>. Acesso

em: 28/09/2014

As drogas vegetais podem conter um grande número de fungos e bactérias, oriundas


do solo, da microflora natural de certas plantas ou durante a manipulação.

A contaminação pode surgir nos processos de manejo, secagem e armazenamento.

A OMS estabelece os seguintes critérios para as drogas vegetais:

Na Farmacopeia Brasileira não há especificação de limites aceitos para as drogas


vegetais, mas se encontra detalhadamente os métodos de filtração por membrana, contagem
em placa ou em tubos múltiplos, aplicáveis à contagem de microrganismos viáveis em
produtos que não necessitam de teste de esterilidade.

Os agrotóxicos ou pesticidas presentes em drogas vegetais podem ter origem na


contaminação acidental de plantas silvestres que crescem próximas às áreas de cultivo, do
emprego inadequado de produtos para melhoramento ou tratamento impróprio das drogas
armazenadas. Os limites toleráveis de agrotóxicos estão diretamente relacionados às
regulamentações para alimentos. Um estudo com 45 lotes de 14 espécies vegetais utilizadas
pela população demonstrou que os chás preparados a partir dessas drogas vegetais continham
entre 3 e 67% do teor do agrotóxico encontrado no material de partida; e em 90% das drogas
o teor original estava abaixo de 25%. Na determinação do teor destes contaminantes,
comumente são empregados os métodos de cromatografia gasosa e cromatografia líquida de
alta eficiência.

A contaminação por metais pesados tem seu limite estabelecido de forma semelhante
aos limites determinados para alimentos, matérias-primas farmacêuticas e medicamentos. No
caso das plantas medicinais, os processos de extração de drogas vegetais são capazes de
extrair de 3 a 48% do teor de metais pesados presentes na droga. Os métodos recomendados
pelas farmacopeias não são específicos para metais pesados, possuem pouca sensibilidade e
baixa precisão.

Diversos autores orientam as metodologias de espectrofotometria de absorção


atômica, espectrometria de emissão atômica ou voltometria inversa.

5.11 ENSAIOS QUANTITATIVOS E SEMIQUANTITATIVOS DE CONSTITUINTES

QUÍMICOS

24
A determinação do teor de constituintes ativos presentes nas drogas vegetais é
utilizada como forma de avaliar a qualidade da matéria-prima oriunda para emprego
terapêutico. O teor dos constituintes pode variar consideravelmente

com a época e local da coleta, formas de cultivo, condições climáticas, idade do material
vegetal, período e condições de armazenamento entre outros.

O doseamento dos constituintes ativos pode ser realizado de acordo com o tipo de
substâncias. A técnica de cromatografia líquida de alta eficiência é bastante comum para a
quantificação dos diversos constituintes. Nas drogas com óleo volátil deve-se realizar a
extração do óleo essencial por arraste de vapor d’água seguido de determinação volumétrica
ou gravimétrica da quantidade de óleo extraída segundo parâmetros estabelecidos. Os
métodos titulométricos ou espectroscópicos (ultravioleta ou visível) são empregados no
doseamento de flavonoides, taninos, alcaloides, antraquinonas e uma grande variedade de
compostos.

Alguns grupos de compostos podem ser empregados métodos semiquantitativos


baseados em propriedades fisicoquímicas, como índice de intumescimento para drogas
contendo mucilagem e índice de amargor para plantas amargas e em atividade biológica, como
o índice de hemólise para drogas contendo saponinas.

A documentação dos procedimentos que envolvem a produção e o controle de


qualidade da droga vegetal deve ser preconizada como orienta as Boas Práticas de Fabricação
(RDC 134/ANVISA de 2001). A formalização destas atividades por escrito garante a segurança
da qualidade da matéria-prima e do produto final

25
26
FIGURA 3 - EXEMPLO DE PROTOCOLO DE CONTROLE DE QUALIDADE DA MATÉRIA-
PRIMA

1 ETNOBOTÂNICA

2 ESTUDO DE PLANTAS MEDICINAIS

3 IDENTIFICAÇÃO BOTÂNICA

4 PREPARAÇÕES FARMACÊUTICAS EM FITOTERAPIA

5 MÉTODOS DE EXTRAÇÃO DE MATERIAL VEGETAL

6 METABOLISMO VEGETAL

1 ETNOBOTÂNICA

A etnobotânica está inserida no contexto de etnobiologia, que incluem as ações da


ciência num contexto de multidisciplinaridade acadêmica a fim de gerar retorno às
comunidades de onde surgiu o conhecimento vivenciado sobre determinada particularidade. A
etnobotânica é o estudo das relações entre povos e plantas, considerando o seu manejo,
percepção e classificação deste recurso vegetal para as diferentes sociedades. O termo
etnobotânica foi utilizado pela primeira vez pelos biólogos europeus em 1985, para designar o
uso das plantas por povos nativos. O âmbito do estudo etnobotânico tem se ampliado
atualmente, a fim de englobar as relações entre plantas e a cultura humana.

Dentro da etnobotânica, a exploração científica interdisciplinar dos agentes


biologicamente ativos, tradicionalmente empregados ou observados pelas sociedades,
utilizando plantas como remédio é definido por etnofarmacologia. O

estudo de etnofarmacologia combina informações adquiridas das comunidades locais


que fazem uso da flora medicinal com estudos químicos e farmacológicos realizados em
laboratórios. A escolha das espécies medicinais a serem pesquisadas baseadas nas
informações da população quanto à utilização das espécies para determinada patologia
constitui um atalho importante para o descobrimento de novos fármacos.

A Etnofarmacologia é uma disciplina multidisciplinar e interdisciplinar que requer a


interação e a cooperação entre profissionais de diferentes áreas de conhecimento.
Geralmente, o método etnofarmacológico tem os seguintes passos:

Coleta e análise de dados etnofarmacológicos;

Identificação botânica da espécie estudada, incluindo depósito de um material-


testemunha em herbário;

27
Pesquisa

bibliográfica em bancos de dados de química e biologia e

principalmente de plantas medicinais (ex. Chemical Abstracts, Biological Abstracts);

Análise química preliminar a fim de detectar os principais constituintes químicos


presentes na parte da planta estudada;

Estudo farmacológico preliminar em modelos experimentais relevantes relacionados


aos sugeridos pela população;

Fracionamento químico por métodos diversos, como cromatografia e diferença de


solubilidade aliados ao uso de técnicas analíticas, como cromatografia líquida de alta eficiência
ou reações específicas;

Estudo farmacológico e toxicológico das frações padronizadas e/ou compostos


isolados;

Estudo de formulações farmacêuticas a serem comercializadas e estudos pré-clínicos;

Elucidação

estrutural

das substâncias ativas isoladas para orientar a

farmacotécnica e o controle de qualidade químico e biológico;

Propor derivados semissintéticos e estudo farmacológico.

O estudo etnofarmacológico deve estar fundamentado em resgatar o saber popular


por meio do conhecimento gerado, no respeito às diferenças culturais e ações que garantam o
retorno desse conhecimento para a população, não resultando em mais um material científico
nas prateleiras e livrarias.

2 ESTUDO DE PLANTAS MEDICINAIS

A Organização Mundial de Saúde (OMS) define plantas medicinais como espécies


vegetais que possuem em um de seus órgãos, ou em toda a planta, substâncias que se
administradas ao ser humano ou a animais, por qualquer via e sob qualquer forma, exercem
algum tipo de ação farmacológica. As plantas medicinais possuem um valoroso reservatório
genético e um poderoso laboratório natural de síntese biológica, sendo sua exploração
essencial para o desenvolvimento de novas moléculas ativas biologicamente. A vasta gama de
informações sobre plantas medicinais como “remédios” em todos os lugares do mundo leva à
necessidade do desenvolvimento de métodos de estudo que facilitem a tarefa de recolher o

28
máximo de informações das plantas com potencial terapêutico.

Tais métodos devem respeitar as diferenças culturais entre as comunidades e o


conhecimento dos diferentes sistemas médicos tradicionais locais.

FIGURA 1 – ROTEIRO DE INFORMAÇÕES BÁSICAS NO ESTUDO DE PLANTAS

MEDICINAIS

FONTE: Simões, 2004.

29
O conhecimento popular da utilização dos recursos vegetais é inumerável e aplicado
pelas comunidades sem nenhum interesse econômico, o que facilita a sua propagação por
todos os territórios. Esses conhecimentos provêm de pelo menos três fontes principais: a
observação cuidadosa dos efeitos de certos alimentos e condimentos, dando a ideia de como
utilizá-los em caso de doenças; a observação das atitudes de animais e insetos perante as
plantas, inspirando o ser humano a utilizar tais vegetais como elementos de cura; e a
observação das características próprias das plantas e a formulação de ideias acerca das suas
qualidades, seguidas da experimentação dos seus efeitos. Dessa forma, os povos mais
primitivos da história da humanidade passaram a conhecer as plantas de seu ecossistema e a
reconhecer suas propriedades.

A origem do conhecimento sobre utilização terapêutica de plantas medicinais está


associada a indivíduos mais idosos e/ou indivíduos respeitados ou líderes das comunidades,
como pajés, curandeiros, benzedeiras, mateiros, Geralmente, os detentores dessas
informações são indivíduos mais idosos. A transmissão do conhecimento se dá
essencialmente, de forma oral e gestual pelas famílias, por meio das sucessivas gerações.

O uso medicinal das plantas é considerado uma prática da medicina paralela. As


receitas de remédios a base predominantemente de vegetais é comum na medicina popular.
Na medicina popular, os sistemas médicos tradicionais atuam de forma não sistematizada e,
muitas vezes, sem comprovação científica, refletindo a imensa variedade de métodos
terapêuticos tradicionais, fundamentados em conhecimentos e habilidades que se inscrevem
no âmbito do empirismo médico. As origens da utilização de plantas medicinais na medicina
paralela brasileira são:

Sistema

Etnofarmacológico

Europeu – influência da colonização

portuguesa e de outros povos europeus, sendo marcante no sul do país já que possui
um clima mais frio, semelhante ao europeu, onde essas plantas já estavam adaptadas.
Exemplos de plantas europeias são: a alfazema ( Lavandula angustifolia L.) e o ginkgo ( Ginkgo
biloba L.);

Sistema

Etnofarmacológico

Africano

- trazido com o tráfico de escravos

para o Brasil nos séculos XVI e XVII. Associado a diversos rituais religiosos sendo

30
mais encontrado no estado da Bahia. Por meio dos negros africanos incorporamos
plantas como a arruda ( Ruta graveolens L.) e o jambolão ( Syzigium jambolanum L.);

Sistema Etnofarmacológico Indígena - herança do conhecimento de plantas medicinais


dos indígenas brasileiros. No entendimento indígena, o significado de doença e saúde tem
características míticas e simbólicas associadas às interações sociais e sobrenaturais em
desequilíbrio. Os processos de cura podem variar de acordo com o grupo indígena, entre os
Xamãs, considerado como médico-pajé, o estado de êxtase é indispensável para que a alma vá
para longe do corpo, percorrendo lugares distantes. O sistema indígena é amplamente
distribuído por todo território nacional. O uso das plantas caapeba ( Piper umbellatum L.) e o
urucum ( Bixa orellana L.) são exemplos deste sistema;

Sistema Etnofarmacológico Oriental - trazido junto com os imigrantes chineses e


japoneses para o Brasil, predominantemente encontrado no estado de São Paulo e de Minas
Gerais. Os orientais trouxeram para o Brasil espécies como o gengibre ( Zingiber officinale R.) e
a raiz forte ( Wasabia japonica (Miq.) Matsum).

Outras plantas medicinais de origem oriental foram trazidas pelos portugueses


durante suas navegações até a Ásia, como a canela ( Cinnamomum cassia Nees) e o cravo (
Syzygium aromaticum L.), espécies mundialmente conhecidas por sua utilidade na culinária;

Sistema Etnofarmacológico Indiano – origina a medicina Ayurvédica ciência que tenta


conhecer o máximo o corpo humano para então harmonizá-lo, a abordagem terapêutica se faz
por plantas medicinais, exercícios físicos, ioga, astrologia, massagem, aromaterapia e
psicologia. As receitas médicas indianas consistem de fitocomplexos, ou seja, três a dez plantas
com efeito sinérgico e complementar. Esse tipo de sistema milenar vem influenciando
fortemente o sistema terapêutico no mundo inteiro e em especial o brasileiro, que se beneficia
com a introdução de plantas medicinais como açafroeira ( Curcuma longa L . ) e mamona (
Ricinus comunis L.);

Sistema

Etnofarmacológico

Amazônico – deriva de particularidades da

flora desta região, associada aos conhecimentos indígenas pela figura do caboclo.

Plantas específicas da região amazônica como o guaraná ( Paulinia cupana L.), a


copaíba ( Copaifera officinalis (Jacq.) L.) e o cumaru ( Dipteryx odorata (Aubl.) Willd.) se fazem
conhecida para tratamento de diversas doenças;

Sistema Etnofarmacológico Nordestino - a região do Nordeste apresenta clima e


vegetação peculiares, além de forte influência indígena e africana.

31
Esses aspectos combinados às más condições socioeconômicas da região estimularam
o surgimento de um sistema de plantas medicinais próprias. Como contribuição do sistema
nordestino, temos as espécies aroeira ( Schinus molle L.) e catinga de mulata ( Tanacetum
vulgare L.).

Nas últimas décadas a OMS está incentivando os governos dos países onde as
condições de saúde são precárias a implantar programas de saúde que diminuam os custos,
mediante métodos e técnicas eficazes, conhecidos e tradicionalmente aceitáveis pela
população. A partir desse estímulo, surgem como exemplo os programas de Farmácias Vivas,
Projeto Ervas no âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS) assistindo as populações locais.
Esses projetos têm por objetivo levantar informações junto às comunidades da região,
realização de um horto de plantas medicinais, estudar cientificamente as plantas medicinais,
estudar as propriedades terapêuticas dessas espécies, oferecer assistência farmacêutica
fitoterápica de base científica às entidades públicas e privadas sem fins lucrativos e distribuir
medicamentos fabricados a partir das espécies.

O quadro abaixo exemplifica as principais espécies utilizadas como plantas medicinais


e inseridas nestes programas:

Plantas Medicinas utilizadas no Brasil

Alecrim Rosmarinus officinalis L.

Alfavaca/Manjericão Ocimum spp.

Anador Justicia pectoralis var.

Arnica Solidago microglossa DC

Babosa Aloe vera L.

Boldo Plectranthus barbatus Andr.

Camomila Matricaria chamomilla L.

Campim-limão Cymbopogon citratus (D.C) Stapf.

Cavalinha Equisetum arvense L.

Colônia Alpinia zerumbet (pers.)

Erva-cidreira Lippia alba (Mill.) N. E. Br.

Erva-de-bicho Polygonum acre H. B. K.

Erva-de-santa- Chenopodium maria ambrosioides L.

Guaco Mikania glomerata Spring.

Hortelã-graúda Pectranthus amboinicus Lour.

Hortelã-rasteira Mentha x vilosa Huds

32
Hortelã-vick Mentha x arvensis L.

Maracujá Passiflora edulis Sims

Quebra-pedra Phyllanthus niruri L.

Tansagem Plantago major L.

3 IDENTIFICAÇÃO BOTÂNICA

Na fase inicial do estudo de plantas medicinais é necessária a identificação botânica


das espécies. Muitas plantas medicinais são nomeadas pela população de acordo com alguma
característica do vegetal, sabe-se que muitas espécies se assemelham morfologicamente e em
relação à atividade biológica levando a confusão botânica. Os nomes populares, comuns e
vulgares são regionais e não recebem importância nos trabalhos científicos. Entretanto, são
úteis nos

levantamentos etnobotânicos, como fonte de informação sobre a cultura da


população e a utilização de uma espécie. Exemplo é a espécie Caseria silvestris Sw.

Conhecida como chá-de-bugre e erva-de-bugre no Rio Grande do Sul e estados do sul


do Brasil; e por guaçatonga e língua-de-lagarto em outras regiões. Por outro lado, o mesmo
nome popular pode significar diferentes espécies vegetais, um exemplo é o nome camomila
que é usado para Chamaemelum nobile L. e também para Chamomilla recutita L. ambas da
família Asteraceae. É relevante observar que os nomes dados pela população a algumas
espécies de diferentes gêneros ou famílias botânicas têm nomes de medicamentos, como
melhoral, novalgina, penicilina.

A caracterização de uma espécie vegetal inicia-se na determinação de estruturas


maiores, macroscópicas. Uma planta medicinal tipo erva deve ser observada quanto sua
morfologia externa, desde ramificação de raízes, forma do caule, forma e disposição das folhas
e organização das flores; quando uma árvore ou arbusto deve-se considerar os itens citados e
flores, frutos e sementes. Após a coleta da espécie vegetal, uma amostra seca de partes dessa
é prensada e fixada em uma cartolina acompanhada de etiqueta ou rótulo, contendo
informações sobre o vegetal e o local de coleta, esse material encaminhado para identificação
botânica é chamado de exsicata, que ficará depositada em um herbário.

33
FIGURA 2 – ESQUEMA MOSTRANDO AS PRINCIPAIS PARTES DE UMA

EXSICATA

4 PREPARAÇÕES FARMACÊUTICAS EM FITOTERAPIA

O conhecimento de como são utilizadas as espécies medicinais pela população é um


ponto importante para aprofundar os estudos e a utilização destas espécies. As plantas
medicinais podem ser usadas frescas ou secas, dependendo de como se encontra é utilizada
em quantidades diferentes. Uma planta após secagem perde metade do peso inicial, em
virtude da perda de água. Dessa forma, a planta fresca quando utilizada deve corresponder ao

34
dobro da quantidade da planta seca. A população utiliza formas rudimentares de medidas,
como colher de sopa, colher de chá, punhado ou copo de geleia. As plantas utilizadas não
devem

ser oriundas de locais próximos de esgoto, água parada e/ou de cultivo com uso de
agrotóxico, e preconizam-se a utilização de planta fresca, principalmente folhas.

Não é aconselhável durante as preparações a utilização de materiais de alumínio,


ferro, barro ou pedra, já que os constituintes ativos da planta podem reagir com metais
presentes nesses materiais. O ideal é a utilização de vidro, aço inoxidável, esmaltado ou
porcelana. A utilização deve ser imediata, evitando o armazenamento prolongado. Caso seja
necessário guardar o material devem-se utilizar recipientes de vidro limpos e escaldados, de
preferência de cor escura ou enrolados com papel a fim de proteger da luz e em geladeira.
Todos os recipientes devem ser etiquetados com identificação da planta, tipo de preparação e
data de preparo.

As principais preparações de plantas medicinais utilizadas pela população são:

Chás – forma mais apreciada pela população. Além de seu alto valor medicinal
específico hidrata o organismo e auxilia na eliminação de toxinas, favorecendo o controle da
temperatura corporal e a digestão de alimentos. Devem ser utilizados no máximo até 12h após
seu preparo, que pode ser das seguintes formas:

Infusão – material vegetal, geralmente flores e folhas picadas, permanece durante


certo tempo em água fervente, em recipiente tapado. Preparados para uso imediato;

Decocção – consiste em colocar as partes da planta, como raízes e folhas picadas, em


contato com solvente (normalmente água) em ebulição. Os decoctos devem ser utilizados
imediatamente. Esse tipo de preparação degrada substâncias ativas sensíveis ao aquecimento;

Maceração – material vegetal na forma de pó é deixado em contato com líquido,


como álcool ou água a frio por um ou mais dias. Deve-se coar antes do consumo.

Alcoolaturas – preparações líquidas, obtidas a partir da planta fresca ou seca em contato com
uma solução de água e álcool em diferentes concentrações, à temperatura ambiente. Utilizada
dissolvendo gotas da alcoolatura para ingestão em água e externamente em compressas e
fricções;

35
Xarope – solução de plantas medicinais açucaradas facilitando a administração de
plantas com sabor desagradável ou em crianças. O açúcar presente nessa preparação permite
a conservação por mais tempo. O preparo pode ser a partir do chá, acrescentando açúcar ou a
tintura de uma planta em um xarope simples. Também pode ser adicionado ao xarope óleo
essencial;

Compressas – parte da planta utilizada é colocada para ferver em água. Após coar,
embeber a solução em gaze ou algodão com o líquido, retirar o excesso e colocar mais água
quente na área afetada. Compressas frias também podem ser preparadas com as alcoolaturas;

Cataplasma – aplicação direta da planta no local afetado. Geralmente, preparado com


a planta fresca, quando utilizada a planta seca deve-se misturar a uma pequena quantidade de
água para amolecer. Deve-se observar se a planta possui partes, como pelos que possam irritar
a pele ou presença de látex que podem causar queimaduras;

Bochechos e gargarejos – pode-se utilizar o chá ou a tintura diluída em água, as


preparações são colocadas na boca, mas não são ingeridas;

Banhos – utilização de chá misturado à água do banho; causam sensação de refresco,


estimulam a circulação, relaxa a musculatura tensa ou cansada. Muito comum na medicina
popular a utilização dos chamados banhos de assento para distúrbios do aparelho reprodutor
e infecções;

Sumo – a planta fresca em pedaços é triturada com auxílio de um pilão até se obter
uma “papa”, nessa os princípios ativos da planta estão na própria água da planta. Deve ser
utilizado logo após seu preparo, pois pode estragar rapidamente;

Inalação – prepara-se um chá por infusão em um recipiente e aspira-se o vapor, a


cabeça pode estar coberta com uma toalha ou pode-se utilizar um cone de papel em que a
parte mais larga fica voltada para o recipiente e a mais estreita nas narinas. Deve-se ter cautela
a fim de evitar queimaduras com o chá quente. As substâncias ativas presentes na planta são
arrastadas pelo vapor da água quente e são inalados. É uma forma muito utilizada na medicina
popular para tratamento de distúrbios respiratórios;

Salada – forma direta de ingerir as plantas medicinais, algumas espécies apresentam


sabor agradável servindo como tempero. Como exemplos têm a hortelã, o alho e o gengibre.
Geralmente, prepara-se a salada com plantas frescas, utilizando flores, folhas, frutos, talos e
raízes. É comum a utilização dessas plantas moídas encontradas no comércio na forma de pó,
saquinhos, cápsulas e associados com azeites.

5 MÉTODOS DE EXTRAÇÃO DE MATERIAL VEGETAL

O processo extrativo visa à retirada dos princípios ativos de dentro de

36
determinada droga vegetal, por meio de um solvente, obtendo-se formas terapêuticas
mais convenientes ao manuseio e a manipulação.

A extração de plantas medicinais é um processo seguinte da secagem, estabilização e


moagem. O processo de extração depende de fenômenos de difusão e a renovação do
solvente em contato com as substâncias solúveis permitem a dissolução dessas. Devem-se
considerar as características do material vegetal, o seu grau de divisão, o meio extrator
(solvente) e a metodologia de extração. O poder de penetração do solvente depende da
textura da parte da planta a ser extraída, quanto mais rígido o material, menor seu grau de
granulometria. O solvente extrator escolhido deve ser o mais seletivo possível, essa
seletividade depende do grau de polaridade das substâncias presentes na planta as quais se
deseja extrair. Quando não se conhece as características das substâncias presentes em
determinada espécie estudada, utiliza-se normalmente extração com solventes de diferentes
polaridades, a fim de agrupar em cada solvente utilizado, diferentes grupos de constituintes
químicos. Em geral, todas as substâncias de interesse fitoquímico possuem razoável
solubilidade em misturas etanólicas ou metanólicas a 80%, sendo essas usualmente utilizadas
na extração de constituintes presentes em espécies medicinais.

A extração de algumas substâncias é influenciada pelo pH do líquido extrator, exemplo


disso é a extração de compostos alcaloidicos de natureza alcalina com soluções ácidas.

Alguns métodos de extração assemelham-se aos métodos utilizados na medicina


popular para utilização de espécies vegetais terapêuticas, como exemplo são os métodos de
maceração, decocção e infusão como descritos anteriormente.

Outros métodos pela necessidade de aparelhagens são utilizados em laboratórios,


como:

Digestão – extração a temperatura ambiente por meio do contato da droga vegetal


com o solvente mantido em uma temperatura de 40 a 60º C;

Percolação – técnica em que o solvente a temperatura ambiente fica em contato


estático ou dinâmico com a planta em recipiente adequado, o percolador;

Turbólise – emprego de um equipamento específico, um liquidificador

37
industrial, que pulveriza as partes vegetais a temperatura ambiente e lava os
conteúdos celulares, extraindo os princípios ativos;

38
FIGURA 3 – PERCOLADOR UTILIZADO NO PROCESSO EXTRATIVO DE

PERCOLAÇÃO (À ESQUERDA) E LIQUIDIFICADOR PARA TURBÓLISE (À

DIREITA)

FONTE: Disponível em: <http://www.erli.com.br/>. Acesso em: 31mar. 2011.

Extração por Soxhlet – extração a quente em sistemas fechados utilizando-se um


aparelho de Soxhlet acoplado a um balão de vidro sob uma placa de aquecimento;

Extração por Refluxo – a planta em um balão juntamente com o solvente acoplado a


um condensador de bolhas é colocado sob uma placa de aquecimento onde permanece sob
refluxo por uma hora, depois de transcorrido o tempo filtra-se o extrato.

FIGURA 4 – EXTRAÇÃO POR REFLUXO (À ESQUERDA) E POR SOXHLET (À

39
DIREITA)

O resultado dos processos extrativos após minutos ou semanas obtém-se os extratos


vegetais líquidos, definidos por preparações líquidas ou em pó, obtidas da retirada dos
princípios ativos de uma espécie vegetal por diversas metodologias.

Tais metodologias são práticas farmacêuticas que visam concentrar substâncias,


aumentar o prazo de validade e conservação de algumas drogas ou voltadas para a separação
e/ou isolamento de ativos destinados a fins terapêuticos, minimizando a presença de
compostos indesejáveis. O extrato líquido que pode ser o objetivo final da extração é chamado
de tintura, concentração dos ativos em 10 ou 20%, ou também o extrato fluido, de
concentração de 100% ou 1:1. Caso o extrato líquido não for o desejado, pode-se filtrar e
evaporar o solvente extrator, restando então o extrato seco, onde os princípios ativos estão na
forma de pó, juntamente com quantidades variáveis de excipientes.

Além das formas de utilização de plantas medicinais pela população descritas


anteriormente, outras formas farmacêuticas estão disponíveis, preparadas a partir do extrato
obtido por diferentes métodos extrativos. O próprio extrato líquido

ou seco, fluidos, elixires, pomadas, drágeas, colírios, cremes, loções, tinturas, que
requerem conhecimento farmacotécnico para sua elaboração e aparelhagem específica para
manipulação e armazenamento, são exemplos de formas utilizadas na fitoterapia.

A tintura é uma solução extrativa hidroalcoólica (30º a 96º GL) obtidas de vegetais
secos por maceração ou por percolação. Podem ser simples, extração de uma única planta ou
composta, extração de duas ou mais plantas. O preparo pode ser por 10% da droga vegetal,
quando a planta apresenta ativos potentes ou 20%, para plantas mais comuns. Por ser um
preparado muito concentrado não é aconselhável a utilização direta na pele, recomendando-
se a diluição prévia em água. A tintura-mãe, usada em homeopatia, é uma preparação líquida
resultante da ação dissolvente de um veículo alcoólico sobre a droga de origem vegetal,
geralmente fresca.

Os elixires são líquidos hidroalcoólicos, preparados para uso oral contêm geralmente
glicerina, sorbitol ou xarope simples. Os óleos essenciais são uma mistura de compostos
químicos vegetais voláteis e aromáticos; geralmente pouco solúveis em água e obtidos por
destilação por arraste de vapor a partir da planta fresca. A composição química dos óleos
essenciais é bastante complexa, podem conter mais de cem substâncias diferentes, com
diversas atividades biológicas. Os bálsamos ou resinas são exsudatos vegetais constituídos de
mistura complexa de terpenoides complexos e seus ésteres, apresentam aspecto pastoso
resinoso, como exemplos, o bálsamo de Tolú e resina de podofilo.

6 METABOLISMO VEGETAL

O metabolismo é o conjunto de reações químicas que continuamente ocorrem em


cada célula vegetal. A presença de enzimas específicas garante certa direção a essas reações,
denominadas rotas metabólicas. As reações enzimáticas podem ser do tipo anabólico,
catabólica e biotransformação. As rotas metabólicas visam primariamente à obtenção de

40
nutrientes para a necessidade da célula, como energia (ATP), poder redutor (NADPH) e
biossíntese de compostos essenciais à sua

sobrevivência (macromoléculas, como carboidratos, lipídios e proteínas).

Os processos essenciais à vida e comuns nos vegetais são denominados de


metabolismo primário, que se caracteriza por grande produção, distribuição universal e com
funções essenciais. O metabolismo secundário caracteriza-se pela biossíntese de
micromoléculas com diversidade e complexidade estrutural, produção em pequena escala,
distribuição restrita e especificidade, tendo papel adaptativo ao meio, defesa contra
herbívoros e microrganismos, proteção contra raios UV, atração de polinizadores, atração de
animais dispensores de sementes.

Os metabólitos secundários por serem fatores de interação entre organismos,


frequentemente, apresentam atividades biológicas interessantes, sendo de grande interesse
para o estudo de substâncias oriundas de espécies vegetais.

Muitos metabólitos são de grande importância na área farmacêutica, alimentícia,


agronômica e na indústria de perfumes. O estudo dos produtos naturais provenientes do
metabolismo secundário de plantas compete à farmacognosia ( pharmakon = fármaco e
gnosis = conhecimento).

FIGURA 5 – METABOLISMO SECUNDÁRIO DE ESPÉCIES VEGETAIS

A produção de metabólitos secundários é resultado de complexas interações entre


biossíntese, transporte, estocagem e degradação. É influenciado por hereditariedade,

41
ontogenia (estágio de desenvolvimento) e ambiente. Em várias espécies vegetais, o local de
biossíntese se restringe a um órgão, enquanto que os produtos são acumulados em toda
planta ou em órgãos diferentes, por meio de um sistema de transporte intercelular. As
moléculas de metabólitos mais hidrofílicos tendem a se acumular nos vacúolos, enquanto que
os lipofílicos se acumulam em ductos de células mortas ou ligam-se aos componentes celulares
lipofílicos, como membranas, lignina e ceras cuticulares. Alguns metabólitos que são tóxicos e
utilizados na defesa do vegetal contra herbívoros são acumulados em estruturas

especializadas, protegendo o próprio vegetal. Exemplo são os glicosídeos cianogênicos


acumulados nos vacúolos de células epidérmicas separado das hidrolases.

A origem dos metabólitos secundários é o metabolismo da glicose, por meio da via de


dois metabólitos principais, o ácido chiquímico e o acetato. O ácido chiquímico origina os
aminoácidos aromáticos, precursores da maioria dos metabólitos secundários aromáticos.
Outros metabólitos derivam de ambos os intermediários, como as antraquinonas, dos
flavonoides e dos taninos condensados.

Os metabólitos derivados da via do acetato, como os alcaloides, terpenoides,


esteroides e ácidos graxos. Os metabólitos secundários podem ser encontrados na forma livre,
denominados agliconas ou estar ligados a uma ou mais unidades de açúcar, formando os
heterosídeos.

Os principais metabólitos são descritos a seguir e serão citadas suas atividades


biológicas ao longo deste curso:

Polissacarídeos – polímeros de alto peso molecular resultantes da condensação de um


grande número de moléculas de aldoses e cetoses. Está relacionado às seguintes atividades
biológicas: anti-inflamatória, antitumoral, hipoglicêmica, imunoestimulante, anticoagulante,
antiviral e hipocolesterolemiante.

Exemplo: amido, mucilagem e pectinas;

Ácidos Orgânicos – compostos de ampla distribuição nas espécies vegetais


desempenham inúmeros papéis importantes no metabolismo primário da planta (fotossíntese
e respiração). Exemplos: ácido cítrico (frutas cítricas) que aumentam o fluxo salivar,
contribuindo para reduzir o número de bactérias na cavidade oral e ácido tartárico (videira e
tamarino) possui ação laxativa leve;

Terpenoides – substâncias formadas a partir da condensação de unidades isoprênicas


provenientes da via do acetato-mevalonato. São comuns em óleos essenciais onde é possível
encontrar o timol de ação antisséptica na espécie Thymus vulgaris L., conhecida como tomilho
e o eugenol de ação analgésica e anestésica na Caryophylus aromaticus L., o cravo-da-índia;

Saponinas – heterosídeos esteroidais ou terpênicos policíclicos

característica marcante de formadores de espuma em água quando submetidos à


agitação. Pode formar complexos com esteroides – saponinas esteroidais de ação diurética,

42
hipocolesterolemiante, antifúngica, expectorante e laxativa. Como exemplo de espécies
produtoras de saponinas são o ginseng ( Panax ginseng C.) e o alcaçuz ( Glycyrrhiza glabra L.);

Alcaloides – compostos de caráter alcalino pela presença de nitrogênio amínico.


Podem ser sólidos, líquidos, incolores ou de coloração amarelada ou roxa.

São classificados de acordo com a diversidade estrutural. Diversas funções para os


vegetais estão associadas aos alcaloides, como reserva para a síntese de proteínas, proteção
contra insetos e outros herbívoros, estimulantes ou reguladores de crescimento, do
metabolismo interno ou da reprodução, e agentes finais de desintoxicação por transformações
simples de outras substâncias. No geral, tais substâncias são potentes e tóxicas, devendo ser
utilizadas sob orientação médica.

Os alcaloides são responsáveis por causar ações calmante, sedativas, estimulantes,


anestésicas e analgésicas no organismo, podendo atuar também no sistema nervoso
autônomo, como regulação pressão arterial. Podemos citar os alcaloides do ópio, como
morfina e codeína isoladas da Papaver sominiferum L. de ação analgésica; a reserpina, um
alcaloide de ação anti-hipertensiva, isolada da Rawvolfia serpentina L. e os alcaloides da vinca,
vincristina e vimblastina, de ação antitumoral encontrados na Catharantus roseus G. Don.

Antraquinonas – compostos heterosídeos antraquinônicos ou derivados antracênicos


que apresentam em sua estrutura química uma quinona – estrutura responsável pela
atividade. São principalmente purgativos (estimulam o trânsito intestinal), como exemplos de
espécies utilizadas por essa atividade têm a Aloe barbadensis M. (babosa) e Cassia angustifolia
V. (sene) que são isolados os seguintes heterosídeos antraquinônicos respectivamente, aloína
A e B e senosídeos A, B, C e D;

Taninos – são estruturas complexas polifenólicas ligadas a outros componentes


aromáticos, que se distribuem em todo o vegetal para sua proteção contra herbívoros, para
inibir a germinação de sementes alheias e para reduzir a AN02FREV001/REV 4.0

proliferação de microrganismos. Sua presença é marcante na planta devido à sua


adstringência ao se mastigar, como a goiabeira ( Psydium guaiava L.). Os taninos são
substâncias que se destacam principalmente por sua ação cicatrizante, antisséptica,
antidiarreica, anti-hemorrágica, antioxidante e anti-inflamatória;

Lignanas – polímeros fenilpropânicos que conferem rigidez às paredes celulares. São


amplamente distribuídos nos vegetais, principalmente espécies lenhosas. Como atividades
biológicas podem destacar: anti-inflamatória, antifúngica, hepatoprotetora e antisséptica
urinária. A espécie Podophyllum hexadrum que se encontra a podofilotoxina de ação
antineoplásica;

Flavonoides – são heterosídeos com 15 átomos de carbono derivados dos


fenilpropanoides; seu termo deriva do latim flavus, que significa amarelo em virtude das cores
das flores. Concentram-se principalmente nas partes aéreas das plantas medicinais, ocorrendo
em menor número nos rizomas e raízes. Seu papel biológico na planta está associado com
atração de insetos polinizadores e proteção contra os nocivos, reação contra infecções
causadas por fungos e vírus, colaboração com os hormônios de crescimento, inibição da ação

43
de enzimas que participam do processo oxidativo. Diversas atividades biológicas são descritas
aos flavonoides, a ação anti-inflamatória e antioxidante se destaca como mostrado por
trabalhos científicos com espécies como Ginkgo biloba L. (ginkgo) e Passiflora spp;

Glicosídeos Cardiotônicos – são compostos formados por uma porção esteroide


(genina), uma porção açúcar e um anel lactônico não saturado pentacíclico (cardenolídeos) ou
hexacíclico (bufadienolídeos). A digitoxina, presente na espécie conhecida como dedaleira (
Digitalis lanata L. e Digitalis purpurea L.) é o glicosídeo cardiotônico mais conhecido e utilizado
na terapêutica da insuficiência cardíaca e fibrilação;

Cumarinas – são lactonas do ácido o-hidroxicinâmico encontradas nos vegetais, fungos


e bactérias. Diversas espécies são descritas por apresentarem como metabólitos secundários
as cumarinas. A espécie conhecida por trevo-de-cheiro ( Mellilotus officinalis L.) possui ação
anticoagulante pronunciada usada em

trombose e embolia e por guaco ( Mikania glomerata S.) de ação expectorante se


destacam na terapêutica, tendo tais ações associadas à presença de cumarinas.

FITOTERAPIA NOS SISTEMAS

NERVOSO, CARDIOVASCULAR E

GENITURINÁRIO

conteúdo aqui contido são dados aos seus respectivos autores descritos nas
Referências Bibliográficas.

1 PLANTAS QUE ATUAM NO SISTEMA NERVOSO CENTRAL

2 PLANTAS COM AÇÃO ADAPTÓGENA

3 PLANTAS ESTIMULANTES IMUNOLÓGICOS

4 PLANTAS QUE ATUAM NO SISTEMA CARDIOVASCULAR

5 PLANTAS QUE ATUAM NO TRATO URINÁRIO

6 PLANTAS COM INDICAÇÕES GINECOLÓGICAS

6.1 FITOESTRÓGENOS

44
1 PLANTAS QUE ATUAM NO SISTEMA NERVOSO CENTRAL

FIGURA 01 - Piper methysticum G. Forst. (kava-kava; kava; kawa-kawa)

FONTE: Disponível em: < http://www.entheology.org/>. Acesso em: 31mar. 2011.

A kava pertence à família botânica Piperaceae, e foi descoberta no século XVIII pelos
europeus que aprenderam a utilizar a bebida kava por nativos da Polinésia, que colhiam os
rizomas e mastilavam ou misturavam com água e leite de coco para o preparo de uma bebida
que provocava efeito calmante e relaxante sem alterar a consciência. Os extratos de kava são
indicados para os estados de ansiedade nervosa, tensão e agitação.

A droga vegetal consiste do rizoma seco de sabor levemente amargo e odor


fracamente aromático; o mastigar destes rizomas promove dormência prolongada na língua e
estímulo da salivação. Dos rizomas da kava foram isoladas as cavapironas (cavalactonas).
Extratos medicinais de kava são elaborados a partir da extração do rizoma em uma mistura de
etanol-água ou em uma mistura de acetona-água, onde se extrai aproximadamente 30% e 70%
de cavapironas, respectivamente. Os compostos cavalactonas são pouco solúveis em água,
precisam ser finamente divididos para se tornarem biodisponíveis. O primeiro produto de kava
a aparecer no mercado de drogas vegetais continha cavaína sintética. Entretanto, somente os

produtos a base de extratos do rizoma de kava são considerados fitoterápicos


verdadeiros.

Dentre os constituintes do rizoma de kava encontram-se: cavaína (1-2%

droga bruta), di-hidrocavaína (0,6-1%), metisticina (1,2-2%) e di-hidrometisticina (0,5-


0,8%). A planta seca deve apresentar no mínimo 3,5% de cavapironas, calculadas por cavaína.
A cavaína e di-hidrocavaína são rapidamente absorvidas pelo trato gastrintestinal.

45
Estudos farmacológicos indicaram que os compostos cavaína e metisticina agem
basicamente como relaxantes musculares e anticonvulsivantes; exercem forte efeito protetor
contra envenenamento por estricnina. Esses compostos ativos reduzem a excitabilidade do
sistema límbico, exercendo efeito semelhante aos fármacos benzodiazepínicos.

As preparações de kava são uma alternativa vegetal a agentes ansiolíticos e


tranquilizantes sintéticos, particularmente os benzodiazepínicos que estão associados ao risco
de tolerância e dependência. Em relação à eficácia das preparações de kava, são equiparáveis
aos benzodiazepínicos. As doses recomendadas de kava estão na faixa de 60-120 mg de
kavapironas diariamente. A duração do tratamento não deve exceder três meses. Nos estudos
clínicos com preparações de kava foram observados efeitos colaterais leves e reversíveis. A
maioria consistiu em problemas gastrintestinais, dor de cabeça, tontura, descoloração
amarelada transitória da pele e anexos, reações cutâneas alérgicas (rara), acomodação visual
prejudicada, dilatação da pupila e distúrbios do equilíbrio oculomotor.

FIGURA 02 - Valeriana officinalis L. (valeriana)

A Valeriana medicinal é uma planta intensamente utilizada para distúrbios do sono e


agitação nervosa na Alemanha. Existem 250 espécies de Valeriana distribuídas no mundo
inteiro, além das espécies medicinais oficiais, como Valeriana edulis, V. japonica, V. indica. A
parte da droga utilizada são as raízes da Valeriana europeia ( V. officinalis), usada como uma
droga oficial. A droga apresenta um odor desagradável (ácido isovalérico) e cânfora que
aparece após o corte e secagem da raiz. A planta seca é usada para o preparo de chás. Os
produtos farmacêuticos são produzidos principalmente de extratos aquosos ou hidroalcoólicos
(etanol 70%, proporção planta: extrato de 4-7:1).

A raiz seca de Valeriana possui em média 0,5 a 2% de óleo volátil, contendo


principalmente dois sesquiterpenos (0,3-0,8%), o ácido valerênico e o ácido acetoxivalerênico,
além de 1% de valepotriatos, que são ésteres de ácidos graxos inferiores, de ácido acético,
ácido isovalérico e ácido beta-acetoxiisovalérico. Os compostos valepotriatos são instáveis em
ambiente ácido ou alcalino e em altas temperaturas, sendo administrados somente na forma
de sólidos, preferencialmente comprimidos com revestimento entérico, e não na forma de
tinturas.

O efeito calmante das preparações de valeriana se justifica pela capacidade dos


compostos presentes aumentarem a secreção de GABA, neurotransmissor importante no

46
estresse e na ansiedade, nas regiões de sinaptossomos; efeitos sobre os receptores de GABAA;
além da interação com elementos pré-sinápticos de neurônios GABAérgicos. Para tratamento
da insônia e para estados de nervosismo a dosagem recomendada de planta seca é de 2-3g
uma ou mais vezes ao dia; o extrato etanólico de valeriana deve ser utilizado numa dose de
aproximadamente

600 mg duas horas antes de dormir. As preparações de valeriana são contraindicadas


na gestação, lactação ou em crianças menores de três anos de idade. Poucas reações adversas
são relatadas, sendo descritas, dor de cabeça e sonolência matinal. Os produtos de valeriana
quando em conformidade com as especificações farmacêuticas são uma alternativa de baixo
risco para o tratamento da insônia e de nervosismo, já que não há evidências de dependência.
Os estudos clínicos indicam que a raiz de valeriana atua gradualmente, não sendo eficaz para
tratamento agudo de insônia. O efeito da valeriana ajuda a promover e restaurar o sono
natural após pelo menos 2-4 semanas de uso.

FIGURA 03 - Passiflora incarnata L. (maracujá)

O maracujá é uma videira trepadeira constituída de partes aéreas foliformes secas,


flores e frutos jovens, nativa da região da América do Norte. As folhas de maracujá são
empregadas como sedativo, embora os responsáveis por essa atividade não sejam conhecidos
com clareza. Diversas espécies são conhecidas em todo o Brasil, sendo Passiflora edulis S. e
Passiflora alata C. as mais cultivadas. Nas farmacopeias da Europa encontra-se descrita a
Passiflora incarnata L. Os constituintes principais da passiflora são flavonoides (até 2,5%)
sendo o majoritário di-C-hetersídeos de flavonas, cumarina, ácidos fenólicos, fitosteróis,
heterosídeos cianogênicos (0,05% de maltol) e umbeliferona, além de 0,03% alcaloides
indólicos, harmana, harmol, harmina e derivados di-hidrogenados.

47
Estudos em animais mostraram que os extratos de maracujá reduzem a atividade
espontânea de locomoção em camundongos e prolongam seu sono

quando administrados por via oral e intraperitonial. Um extrato aquoso de Passiflora


edulis produziu efeito sedativo hipnótico em indivíduos humanos, e também hepatotoxicidade
e pancreatotoxicidade. Além da tradicional utilização do maracujá pela sua ação sedativa e
ansiolítica, também possui atividade antiespasmódica.

FIGURA 04 - Humulus lupulus L. (lúpulo

O lúpulo é tradicionalmente utilizado na medicina tradicional por sua ação diurética,


tônica e aromática, atualmente destaca-se sua utilização como calmante.

O efeito fadigante e indutor do sono do lúpulo foram observados em colhedores da


planta que se cansava com facilidade, após contato com a resina de lúpulo por inalação do
óleo volátil da planta ou do contato oral com a resina quando levada as mãos à boca.

A parte da droga são os estróbios de lúpulo que são as flores femininas da planta
cultivada, esses apresentam sabor amargo, pela presença de humulona e lupulona. Esses
constituintes formam a resina de lúpulus e ocorrem em 15-30% nos estróbilos, além desses há
1% de óleo volátil e até 4% de taninos. Somente na erva fresca são encontradas essas
substâncias na concentração integral, já que durante o armazenamento os constituintes
sofrem decomposição sendo instáveis por seis meses.

Os estróbilos de lúpulos são indicados para o desconforto devido à agitação ou


distúrbios de ansiedade e distúrbios do sono. A dose recomendada de 0,5 g da droga seca ou
seu equivalente em produtos a base do extrato, administrados uma a várias vezes ao dia.

48
FIGURA 05 - Melissa officinalis L. (melissa, erva-cidreira, salva-do-brasil)

As folhas secas da planta de melissa são cultivadas comercialmente, coletadas no início


ou durante o período da floração. Apresentam odor agradável e contêm 4% de ácido
rosemarínico e 0,05% de óleo volátil. Seus principais constituintes são citronelal, geranial e
neral, que juntos constituem 50-70% do óleo.

O óleo de melissa é obtido a partir de destilação por arraste a vapor das folhas frescas
ou secas. As preparações de melissa são indicadas para insônia nervosa e problemas
gastrintestinais funcionais em uma dose única de 1,5-4,5 g da droga seca.

FIGURA 06 - Lavanda angustifolia L. (alfazema, lavanda)

49
A lavanda é nativa da região mediterrânea. A droga vegetal consiste de flores secas de
lavanda colhidas pouco antes de se abrirem. As flores contêm menos 1,5% de óleo volátil, com
acetato de linalina, cânfora, beta-cimeno e cineol

(eucalipto) e 12% de taninos. O óleo volátil é obtido por destilação por arraste a vapor.

Os estudos farmacológicos do óleo de lavanda mostraram efeito sedativo e relaxante,


aumento do tempo de sono e com menos agitação durante o sono; aumento do tempo de
tomada de decisão e pouco ou nenhum efeito sobre a função motora. A alta lipossolubilidade
dos constituintes do óleo de lavanda sugere que a lavanda possa atuar diretamente no sistema
nervoso central após a administração sistêmica.

O óleo de lavanda é recomendado 1-2 colheres de chá de droga seca por xícara de chá
para uso interno, ou 100 g de flores secas em dois litros de água para uso externo utilizado na
forma de banhos. Em altas doses provoca excitação. Deve ser evitado em gestantes por ser um
estimulante uterino.

50
FIGURA 07 - Hypericum perforatum L. (erva-de-São-João, hipérico, St. John’s wort)

O hipérico é uma planta herbácea e pertence ao gênero Hypericum que ocorre em


todo o mundo e inclui 378 espécies. O crescimento se dá de forma selvagem, sendo
predominante na Europa, Ásia, América do Norte e América do Sul, mostrando preferência em
locais ensolarados e secos.

Atualmente, o hipérico utilizado como planta medicinal é cultivado de forma


controlada no período em que as flores começam a se abrir. O material coletado deve ser seco
rapidamente devendo a temperatura não exceder de 30-40 ºC. Os produtos farmacêuticos à
base de hipérico são extratos alcoólicos com proporção de

droga na faixa de 4:1 a 7:1. A extração dos ativos deve ser realizada no escuro e,
principalmente em metanol aquoso 20-40%. Os constituintes específicos da espécie associados
à atividade antidepressiva são hipericina, pseudo-hipericina, proto-hipericina, protopseudo-
hipericina e ciclopseudo-hipericina, pertencentes ao grupo das naftodiantronas, presentes em
0,1% na droga seca e 0,2-0,3% no extrato. As partes reprodutivas (sementes imaturas e flores)
do hipérico possuem um conteúdo de 1 a 4% de hiperforina e adiperforina. O derivado
floroglucinol de hipericina são mais importantes para ação antidepressiva que as hipericinas.
Os extratos em etanol ou metanol comercializados apresentam aproximadamente 2 a 6% de
hipericina. A hipericina é instável e susceptível a oxidação, na planta viva esse processo é
evitado pela presença de antioxidantes, como os flavonoides presentes no hipérico (rutina e
hiperosídeo) e em formulações a fim de melhorar a estabilidade adicionam-se antioxidantes,
como o ácido acórbico. Além dos constituintes já citados, o hipérico possui derivados de
xantona, biflavonas (amentoflavona), procianidinas e óleo volátil.

O óleo volátil do hipérico (1%) é obtido da maceração das flores frescas por destilação
por arraste a vapor; é considerado um medicamento fitoterápico tradicional utilizado em
queimaduras e feridas.

51
Os estudos farmacológicos indicam que o extrato de hipérico é capaz de exercer efeito
inibitório relativamente forte sobre a recaptação de neurotransmissores como a
noradrenalina, serotonina e dopamina, proporcionando um efeito antidepressivo. Dessa
forma, o extrato de hipérico é indicado na faixa de 500-900 mg/dia para o tratamento de
depressão transitória, de leve a moderadamente grave, perturbações psicossomáticas,
ansiedade e/ou agitação nervosa. Observa-se clinicamente uma melhora do paciente
deprimido após várias semanas da administração do hipérico.

O tratamento com o extrato de hipérico provoca fotossensibilização devido à presença


de hipericinas, essa reação é incomum nas doses terapêuticas recomendadas. Tal efeito é
pronunciado quando o hipérico é associado com outro fármaco causador de
fotossensibilidade. Outros efeitos raros são distúrbios gastrintestinais, reações cutâneas
alérgicas, fadiga e agitação. A falta de experimentos em mulheres grávidas e amamentando,
contraindica o uso de hipérico na gestação e lactação.

Algumas interações medicamentosas têm sido relatadas com o hipérico administrado


simultaneamente com fármacos anticoagulantes, como cumarinas; o fármaco ciclosporina e o
antirretroviral indinavir por sua capacidade de diminuir a atividade de tais fármacos.

O produto fitoterápico comercializado na forma de extrato de hipérico em


comprimidos revestidos contendo 300 mg de extrato bruto padronizado para um total de 90
mg de hipericina como princípio ativo.

2 PLANTAS COM AÇÃO ADAPTOGÊNICA

As espécies vegetais conhecidas como adaptógenos são caracterizadas por aumentar a


resistência do organismo a pressões físicas, químicas e biológicas, são utilizadas na medicina
holística. Durante a vida todo ser humano enfrenta períodos de aumento de demanda física e
psicológica. Dentro dos limites aceitáveis, esse estresse não é prejudicial à saúde. O grau de
tolerância a esses estresses varia de indivíduo para indivíduo, assim como a faixa etária.
Indivíduos com idade acima dos 30 anos têm menor tolerância ao estresse, e podem
apresentar distúrbios secundários prejudiciais à sua saúde que podem surgir como resultado
desse estresse crítico, como estômago irritável, úlcera gástrica, cólon irritável e hipertensão
arterial. Estudos revelaram a influência de hormônios no controle da adaptação a doenças.
Experimentos apontaram que o aumento da secreção do hormônio cortisona está relacionado
com o aumento de estímulos estressante

52
FIGURA 08 - Ginkgo biloba L. (ginkgo, ginco)

O ginkgo é uma planta decídua, com flores masculinas e femininas que ocorrem em
árvores diferentes e não florescem antes dos 20-30 anos de idade.

Pertence à família Ginkgoaceae, sendo o ginkgo a única espécie desta família.

As sementes de ginkgo são tradicionalmente descritas na China e em outras partes da


Ásia oriental há 2000 anos. Extratos de folhas de ginkgo têm sido utilizados na medicina
chinesa em curativos de feridas e na asma brônquica.

O extrato de ginkgo é produzido a partir de folhas verdes secas da árvore cultivada na


China, Japão, Coreia do Norte, Coreia do Sul e de plantações na Europa coletadas no início do
mês de maio, logo após o aparecimento de uma nova folhagem. Depois do processo de
secagem, são compactadas em grandes fardos, que ajudam a mantê-las secas e evitam a
fermentação devido à umidade.

A produção de extrato de ginkgo é realizada de modo padrão usando-se solventes


polares para obtê-los a partir de folhas moídas. Determina-se que o extrato tenha uma
proporção de erva/extrato na faixa de 50:1 em média, obtidos de uma mistura de água e
acetona, depois purificadas sem adição de constituintes concentrados ou isolados.

Os principais constituintes químicos encontrados nas folhas de ginkgo são 22-27% de


glicosídeos flavonoides (quercetina, canferol, isoramnetina), 5-7% de lactonas de terpeno (2,8-
3,4% de ginkgolídios A, B e C e 2,6-3,2% de bilobalídio).

Além desses, outros constituintes estão presentes nos extratos incluindo ácido

hidroxicinurênico, ácido chiquímico, ácido protocatechuíco, ácido vanílico e ácido p-


hidroxibenzoico.

Após a administração oral da solução ou comprimido do extrato padronizado de


gingko Eb761 as lactonas terpênicas ginkgolídeo A, ginkgolídeo B e bilobalídeo apresentaram,
em humanos, uma biodisponibilidade absoluta de 98-100%, 93% e 72%, respectivamente.
Acredita-se que todos os componentes do extrato contribuam para o efeito terapêutico de
alguma forma.

53
As ações farmacológicas do extrato de ginkgo estudadas são:

Aumento da tolerância à hipoxia, principalmente no tecido cerebral;

Inibição do edema cerebral pós-traumático ou induzido por toxina;

Redução do edema e lesões da retina;

Melhora a memória e a capacidade de aprendizado;

Auxilia na compensação de distúrbios de equilíbrio, atuando na microcirculação;

Melhora as propriedades reológicas do sangue;

Remoção de radicais livres tóxicos derivados do oxigênio;

Inibição do fator de ativação plaquetária (PAF) exercendo efeito neuroprotetor.

A dose diária do extrato de ginkgo é de 120-240 mg de extrato seco, administrado em


2 ou 3 doses separadas, é indicado para o tratamento sintomático de deficit decorrentes de
doenças cerebrais orgânicas (falha de memória, dificuldades de concentração, depressão,
vertigem, zumbido e dor de cabeça), síndromes de demência, doença arterial oclusiva e na
vertigem ou zumbido de origem vascular ou complexa. O extrato de ginkgo não se mostra
tóxico nas doses terapêuticas. Os efeitos colaterais são bastante raros e consiste de desarranjo
gástrico leve, dor de cabeça ou reações alérgicas cutâneas. Não há relatos de interações
medicamentosas.

A terapêutica com o ginkgo é uma alternativa para o tratamento da demência que se


faz atualmente com fármacos sintéticos com inúmeros efeitos indesejáveis, como a tacrina,
piracetam e mesilatos ergoloides, fato que não ocorre com o extrato de ginkgo, de baixa
incidência de efeitos colaterais.

FIGURA 09 - Panax ginseng C.A. Mey (ginseng)

A espécie Panax ginseng é a fonte da raiz da ginseng asiática, nativa da Coreia e da


China, pertence à família botânica Araliaceae e cresce em regiões de altitudes de
aproximadamente 1000 metros. Atualmente, a planta é cultivada na Coreia, China e Sibéria

54
oriental, levando seis anos para se desenvolver. Caracteriza-se pela raiz carnosa amarela clara
geralmente ramificada, de odor aromático e sabor amargo-doce. Os pós e extratos de ginseng
são elaborados a partir das raízes secas que apresentam 2-3% de saponinas glicosídicas. Além
de 30 ginsenosídios quimicamente conhecidos foram encontrados 0,05% de óleo volátil
(sesquiterpenos).

Estudos farmacológicos em animais com os extratos de ginseng e os ginsenosídios


demonstraram:

Efeito estimulante do sistema nervoso central;

Efeito protetor contra vários perigos (ex. radiação ionizante, infecções e toxinas);

Proteção contra estresses físicos e psicológicos exaustivos; Efeitos no metabolismo

de lipídios e carboidratos, na síntese de RNA e proteínas

Efeito estimulante do sistema imunológico.

Em estudos clínicos em humanos, indicaram o que o tratamento com extrato de


ginseng em doses de 200-600 mg/dia durante 60-120 dias proporcionaram aos indivíduos
melhora da performance intelectual, física, melhora do humor, melhora de parâmetros
metabólicos; e que durante o tratamento os indivíduos não apresentaram quaisquer efeitos
colaterais. Apesar dos efeitos observados, o estud

do uso de extrato de ginseng não foi considerado por não apresentar as


conformidades dos padrões científicos atuais. Entretanto, as preparações a base de ginseng
são utilizadas na medicina como tônico contra fadiga e fraqueza, na dificuldade de
concentração e como apoio na convalescência. A dose diária recomendada é de 1-2 g da droga
vegetal ou 200-600 mg/dia do extrato. É limitada a duração da terapia até três meses, devido à
possibilidade do aparecimento de efeitos semelhantes aos dos hormônios, como mastalgia,
hemorragia vaginal e ação estrogênica. Dentre os efeitos adversos incluem efeitos no sistema
cardiovascular, como edema e hipertensão; no sistema nervoso central, como insônia,
agitação, nervosismo e redução da concentração; diarreia matinal e erupção cutânea.

FIGURA 10 - Centella asiatica L. (centela, kotu cola)

55
A centela da família botânica Apiaceae consiste nas folhas de uma planta delgada e
rasteira que cresce nas áreas tropicais pantanosas, como Índia e Sri Lanka. A composição das
folhas de centela inclui compostos como ácidos triterpênicos pentacíclicos, como o asiático e o
madecássio e seus glicosídios asiatícosideos e madecassosídeo. A planta tem uma famosa
reputação como agente promotor de longevidade e como fortalecedor e revitalizante
(adaptógeno) do organismo, tais efeitos cientificamente ainda não foram comprovados.

Alguns estudos farmacológicos e clínicos mostraram que preparações de centela


realmente exercem um efeito benéfico no tropismo dos tecidos conectivos e

favorece a cicatrização de feridas. Tais estudos não justificaram o efeito adaptógeno


dessa planta. As preparações estão disponíveis em comprimidos e cápsulas para uso interno e
cremes e pomadas para aplicação tópica. A dose habitual de centela é de 600 mg três vezes ao
dia.

FIGURA 11 - Uncaria tomentosa e U. guianensis D.C. (unha de gato)

56
A unha de gato consiste de duas espécies o gênero Uncaria da família Rubiaceae, a
Uncaria tomentosa e a Uncaria guianensis, nativas da América do Sul tropical. Tais espécies são
amplamente recolhidas na Amazônia para o mercado europeu e americano. São bastante
utilizadas como remédios populares para uma variedade de condições por nativos dessas
regiões, sendo considerada uma planta adaptógena por evidências que apontam efeito
imunomodulador, anti-inflamatório, antimutagênico e antitumoral. Entretanto, tais atividades
não foram provadas cientificamente.

As propriedades relatadas pelas espécies de Uncaria estão relacionadas à presença de


alcaloides, como os alcaloides pentacíclicos de oxindole pteropodina, isopteropodina e
isomitrafilina – responsáveis pela atividade imunoestimulante. Os alcaloides do tipo
tetracíclicos de oxindole, como rincofilina e isorincofilina também estão presentes e
antagonizam os efeitos dos alcaloides pentacíclicos. Produtos eficazes a base de unha de gato
não devem conter mais de 0,02% de alcaloides tetracíclicos de oxindole a fim de não
comprometer a atividade

Antioxidantes Vegetais – Semente de Uva, Chá-verde e Casca de Pinheiro

Os produtos vegetais com antioxidantes auxiliam na resistência do organismo a várias


patologias, principalmente as relacionadas ao envelhecimento, sendo consideradas agentes
adaptógenos. As principais fontes de agentes antioxidantes são: extrato de semente de uva (
Vitis vinifera L.) padronizado para conter 8-85% de procianidinas; folhas de chá-verde (
Camellia sinensis L.) que contêm até 30% de procianidinas quando não processadas,
geralmente são concentradas e descafeinadas para produzir um extrato com 60-97% de
procianidinas; extrato da casca do pinho marítimo ( Pinus pinaster Mill.) concentrado com
aproximadamente 85% de protocianidinas.

Os compostos protocianidinas apresentam extrema potência antioxidante, removendo


radicais livres e inibindo a peroxidação lipídica. Além de se mostrarem capazes de inibir a
colagenase, elastase, hialuronidase e beta-glucuronidase, enzimas envolvidas na degradação
dos principais elementos da matriz extravascular. Dessa forma, as protocianidinas auxiliam na
manutenção da permeabilidade capilar normal. A associação entre protocianidinas e ácido
ascórbico exerce efeito sinérgico, sendo eficazes na cicatrização de feridas e na eliminação de
colesterol. Estudos revelaram que os polifenóis encontrados nas folhas de chá verde, como o
galato de (-)-epigalocatequina possuem atividade antitumoral. As atividades desses compostos
contribuem para a proteção contra neoplasias e aterosclerose, normalmente relacionadas ao
processo de envelhecimento.

As protocianidinas estão disponíveis na forma de cápsulas ou comprimidos, contendo


os extratos em 80-97% de polifenóis. Recomenda-se uma dose de 100-500 mg/dia no início do
tratamento e uma dose de manutenção de 50-100 mg/dia.

Uma xícara de chá-verde possui entre 300-400 mg de polifenóis.

3 PLANTAS ESTIMULANTES IMUNOLÓGICOS

57
Os estimulantes imunológicos são espécies de plantas que atuam ativando os
mecanismos não específicos de defesa do organismo contra os patógenos virais, fúngicos e
bacterianos

FIGURA 12 - Echinaceae spp. (equinácea)

A equinácea engloba nove espécies em diversas variedades. São nativas do leste da


América do Norte, sendo usadas pelos habitantes como cicatrizante de feridas e remédios para
os mais variados males. As espécies utilizadas em preparações como imunoestimulantes são a
equinácea branca ( Echinaceae pallida L.), sendo as raízes preparadas em extratos alcoólicos e
a equinácea púrpura ( Echinaceae purpurea L.) usada na forma de sucos das partes aéreas, e
cultivada para fins medicinais.

As raízes de equinácea branca apresentam equinolona, equinaceína e equinacosídeo,


além de polissacarídeos solúveis em água como principais constituintes, os quais exercem a
atividade imunoestimulante. A composição do suco de equinácea purpúrea ainda não está
totalmente definida, mas são encontrados polissacarídeos solúveis em água e alcamidas. Tais
preparações estimulam a função fagocitária, e os polissacarídeos de equinácea estimulam a
liberação de interleucina-1, fator de necrose tumoral e interferon. Resultados de

estudos clínicos apontaram que as preparações de equinácea encurtaram a duração de


resfriado comum de dez dias para sete.

Os extratos alcoólicos da raiz de equinácea branca e o suco extraído das partes aéreas
de equinácea púrpura são indicados para o tratamento de suporte de infecções recorrentes do
trato respiratório superior e trato urinário inferior.

Recomenda-se que sua utilização não ultrapasse de mais de oito semanas. A dose
recomendada de extrato de raiz (1:5 de tintura com 50% de etanol) é de 900 mg de dose
vegetal diariamente; e para o suco a dose recomendada é de 6-9 mg/dia. A equinácea é
contraindicada em indivíduos com doenças sistêmicas, como tuberculose, leucose, esclerose
múltipla, distúrbios do colágeno e outras doenças autoimunes, por apresentar um potencial de
estímulo de processos autoimunes.

58
FIGURA 13 - Viscum album L. (visco europeu)

O visco europeu é um arbusto que apresenta em sua composição lectinas, capazes de


estimular os linfócitos T e induzir a atividade citotóxica de macrófagos.

Além de estudos indicarem eficácia do visco em pacientes com tumor.

O extrato de visco preparado a partir das folhas, galhos e frutos frescos são indicados
na terapia de doenças inflamatórias degenerativas das articulações, sendo recomendada a
utilização de injeções cutâneas ou intra-articulares nas doses de 2,5

g/kg de peso corporal. Os efeitos adversos incluem calafrios, febre alta, dor de cabeça,
dor no peito, hipotensão ortostática e reações alérgicas. É contraindicada em indivíduos
hipersensíveis a proteínas e na tuberculose.

4 PLANTAS QUE ATUAM NO SISTEMA CARDIOVASCULAR

Os fitoterápicos têm um papel significativo no tratamento de formas leves de falência


cardíaca e insuficiência coronária, na prevenção e tratamento da aterosclerose e de suas
consequências e no tratamento sintomático de insuficiência venosa crônica. Entretanto,
poucas espécies vegetais têm comprovação científica da sua eficácia e segurança para a
utilização clínica dessas patologias.

FIGURA 14 - Crataegus (cratego)

59
As espécies de cratego têm eficácia reconhecida nas doenças cardíacas e nos
distúrbios circulatórios. As plantas medicinais utilizadas na produção de medicamentos são as
espécies Crataegus monogyna e Crataegus oxyacantha, sendo utilizadas suas folhas e flores de
aroma desagradável. As partes da droga são utilizadas na forma de extratos hidroalcoólicos em
uma proporção de planta/extrato 5-7:1. Os constituintes químicos presentes nas folhas e flores
de cratego são principalmente flavonoides, protocianidinas, catequinas, triterpenoides, ácidos
carboxílicos aromáticos, derivados nitrogenados e purinos. Para verificação da

qualidade dos extratos os princípios ativos são calculados a partir do flavonoide


hiperosídio (1% na droga vegetal) e da protocianidina epicatequina (1-3%).

O extrato de cratego estabiliza o ritmo cardíaco sendo indicado para o desempenho


cardíaco decaído com insuficiência cardíaca. A dose diária recomendada é de 160-900 mg do
extrato bruto de cratego com 4-20 mg de flavonoides e 30-160 mg de protocianidinas. As
preparações de cratego são administradas oralmente e sua utilização por mais de seis
semanas. Ainda não são conhecidas as contraindicações, riscos ou interações
medicamentosas. Os efeitos adversos do tratamento com o extrato de cratego incluem
problemas gastrintestinais, palpitações, vertigem, dor de cabeça e rubor.

O tratamento com o extrato cratego quando comparado com a digoxina, um glicosídio


cardioativo utilizado na insuficiência cardíaca, mostra uma segurança maior por apresentar
menor risco em caso de erro de dosagem; possui uma faixa terapêutica grande; não apresenta
perigo quanto à função renal como observado com a gigoxina; e a sua utilização com diuréticos
ou laxantes há uma tolerância maior do que com a associação com a digoxina.

4.1 PLANTAS COM DIGITALOIDE

Os digitaloides são glicosídios cardiotônicos que exercem ação semelhante à digoxina e


que não são isolados nas espécies de Digitalis. Esses compostos incluem a convalotoxina,
cimarina, oleandrina, G- e K-estrefantina e proscilaridina.

60
As espécies com digitaloides podem conter mais de um glicosídio cardioativo. Todos
esses compostos são positivamente inotrópicos, negativamente cronotrópicos e
dromotrópicos. Diferem dos digitálicos quanto à farmacocinética, a sua taxa de absorção é
menor e do maior risco de intoxicação com os digitaloides.

A cimarina é isolada das partes aéreas secas da planta olhos-de-diabo ( Adonis vernalis
L.) colhido no período de floração. A droga vegetal em pó possui 0,25% de uma complexa
mistura de vinte glicosídios cardioativos, sendo semelhantes à estrofantina-K

Na convalária ou lírio-do-vale ( Convallaria majalis) no período da floração é possível


isolar na droga vegetal 0,2-0,3% de glicosídeos cardioativos, sendo os principais a
convalotoxina e convalotoxol. Essa droga vegetal é indicada para insuficiência cardíaca leve e
problemas cardíacos relacionados à idade.

A espécie vegetal conhecida como cebola marítima ou pó de cila ( Urginea maritima)


possui 0,15-2% de glicosídeos cardioativos quando coletados após período da floração. O
cilareno A e a proscilaridina são os principais glicosídeos sendo indicados para a insuficiência
cardíaca leve.

FIGURA 15 - Allium sativum L. (alho)

O alho é uma planta tradicional na medicina popular e na culinária. Um valor especial


tem sido dado ao alho na prevenção da aterosclerose, por suas ações vasodilatadoras,
reológicas e redutoras de lipídios, por meio da inibição da síntese de colesterol. Os
constituintes presentes no alho são agrupados em compostos que contêm enxofre e
compostos que não o contêm. Os efeitos medicinais refletem a presença de compostos de
enxofre (0,35% de enxofre total), como os derivados dos sulfóxidos de S-cisteína e -glutamil-
S-alilcisteínas e a enzima aliinase, que degrada a aliina. Os compostos que não contêm
enxofre, compreendem a aliinase e outras enzimas.

As preparações de pó do bulbo do alho são indicadas como adjunto a medias


alimentares em pacientes com perfil lipídico elevado e na prevenção de alterações vasculares
relacionadas à idade. A dose recomendada é de 600-900

61
mg/dia que equivale a 4 gramas de dente de alho fresco. Os efeitos colaterais das
preparações de alho são desconforto gastrintestinal, náusea, reações alérgicas cutâneas,
dermatite de contato, episódios esporádicos de conjuntivite alérgica, rinite

ou broncoespasmos e reações hipotensivas. O cheiro de alho no hálito e na pele é


pouco tolerado pelos indivíduos que utilizam a preparação do alho.

FIGURA 16 - Aesculus hippocastanum L. (castanha-da-índia)

A castanha-da-índia introduzida na Europa no século XVI foi utilizada na medicina


popular na França, desde 1800. A utilização desta espécie para fins medicinais se dá pela pré-
secagem das sementes totalmente maduras, posteriormente são misturadas em água e álcool
para preparação dos extratos secos, onde é possível encontrar um conteúdo de 16-20% de
glicosídeos triterpênicos, calculados em escina.

A escina é o principal constituinte ativo presente nas sementes da castanha-da-índia,


trata-se de uma saponina triterpênica. Estudos farmacológicos com extratos da castanha-da-
índia e escina apontaram sua eficácia na redução de edemas nas pernas e na melhora de
problemas tipicamente associados com insuficiência venosa crônica e espasmos musculares. O
extrato de castanha-da-

índia padronizado é recomendado na dose de 250-300 mg duas vezes ao dia; devido a


presença de saponinas triterpênicas, o extrato pode causar desconforto estomacal e
dessaranjo, sendo a utilização de formulações de liberação prolongada uma alternativa.
Apesar de bem tolerado, o extrato de castanha-da-índia pode ocasionar coceira, náusea e
desconforto estomacal.

5 PLANTAS QUE ATUAM NO TRATO URINÁRIO

62
As drogas vegetais indicadas na urologia têm por objetivo tratar as doenças
inflamatórias do trato urinário e a hiperplasia prostática benigna. Uma das indicações são
pedra nos rins e outras litíases. A maioria das doenças inflamatórias do trato urinário é
principalmente tratada com chás para os rins e para a bexiga e, muitas vezes, são misturas de
várias plantas medicinais. Acredita-se que a maior parte dos efeitos dos chás seja derivada da
ingestão de líquidos, apesar dos constituintes terem ação diurética. O aumento da saída de
líquidos favorece a remoção de bactérias ascendentes, cristais e outros agentes inflamatórios
do trato urinário, protegendo assim o epitélio lesado.

FIGURA 17 - Arctostaphylos uva-ursi L. (uva ursi)

A uva ursi é uma planta rastejante das zonas florestais frias e temperadas do
hemisfério norte. A parte da planta utilizada como droga vegetal são as folhas secas que
apresentam sabor amargo adstringente e são inodoras.

Os constituintes principais encontrados nas folhas são os heterosídeos fenólicos, como


a arbutina (5-12%), agliconas livre de hidroquinona (0,2-0,5%),

taninos (10-20%) e flavonoides. O alto teor de taninos nas folhas de uva ursi faz com
que a sua utilização não ultrapasse de 2-3 semanas. A arbutina exibe atividade antimicrobiana,
assim como seu produto de hidrólise, a hidroquinona. Tal espécie é indicada nas doenças
inflamatórias do trato urinário na dose de 3 g de planta seca ou 400-800 mg de derivados
hidroquinona, administrados até quatro vezes ao dia.

Recomenda-se que a uva ursi não seja utilizada por gestantes, durante a lactação e em
crianças menores de 12 anos e que sua administração não ultrapasse mais de cinco vezes ao
ano devido a falta de estudos clínicos.

FIGURA 18 - Phyllanthus niruri L. (quebra-pedra)

63
A quebra-pedra é uma planta herbácea pequena de folhas miúdas e ovais de simples
cultivo, seu crescimento é favorecido em solos argilosos e arenosos. As folhas de quebra-pedra
são utilizadas na forma de chá para tratamento de cálculos renais.

Diversos estudos tentam explicar a ação da quebra-pedra, sabe-se que a espécie


facilita na expulsão dos cristais de oxalato de cálcio por meio do relaxamento do trato urinário,
e diferente do nome popular não funciona quebrando os cristais. Dentre os constituintes
químicos encontrados na droga vegetal incluem flavonoides (quercetina, rutina), cinaol, linalol,
ligninas e mucilagem. As preparações de quebra-pedra são contraindicadas em crianças,
gestantes e lactantes. Não se recomenda seu uso prolongado e em altas doses por provocar
desmineralização do organismo.

FIGURA 19 - Serenoa repens S. (saw palmetto, sabal)

Os frutos maduros de sabal, uma pequena palmeira, são indicados para hiperplasia
prostática benigna e dificuldades de micção. As preparações comerciais contêm apenas
extratos lipofílicos, obtidos da planta em pó por extração com hexano. Os principais

64
constituintes do extrato de sabal são ácidos graxos saturados e insaturados na forma livre e
esteroides vegetais livres ou conjugados.

Estudos apontam que o extrato de sabal exibe uma atividade inibitória da enzima 5--
redutase decorrente da presença de ácidos graxos livres, como o ácido linoleico. Outras
atividades, como ação anti-inflamatória e antioxidante são observadas. Preparações de extrato
de sabal são recomendadas na dose diária de 1-2 g da droga bruta ou 320 mg de um extrato
feito com solventes lipofílicos. Os efeitos colaterais são raros, entretanto, há relatos de
distúrbios gastrintestinais. As contraindicações do extrato de sabal ainda não são conhecidas.

6 PLANTAS COM INDICAÇÕES GINECOLÓGICAS

Os fitoterápicos têm sido indicados para o tratamento de irregularidades menstruais,


tensão pré-menstrual (TPM), dismenorreia e problemas da menopausa.

Na tensão pré-menstrual, as mulheres apresentam inúmeros sintomas antes do início


do sangramento menstrual, como inchaço congestivo, tensão e dor nas

mamas, desconforto abdominal, inchaço e constipação, edema nos tornozelos, nas


regiões dos olhos e nas mãos, além de sintomas comportamentais, como alteração de humor e
sensação de inquietude. Na menopausa que acontecem por volta dos 50

anos e período em que ocorre redução da função ovariana, os principais sintomas são
fogachos (“ondas de calor”), nervosismo, irritabilidade, insônia e depressão. O

tratamento se faz primariamente por reposição hormonal, o que traz inúmeros efeitos
indesejáveis sendo necessárias terapias alternativas, como a utilização de fitoterápicos.

FIGURA 20 - Vitex agnus-castus L. (vitex, pimenta dos monges, árvore da castidade)

65
A vitex é uma planta nativa da região do mediterrâneo e seus frutos maduros e secos
são utilizados como droga vegetal. Esses frutos apresentam odor aromático e sabor levemente
ácido e picante, lembrando pimenta. O nome popular pimenta dos monges deriva da sua
utilização da bebida das sementes pelos monges que apresentavam redução do desejo sexual
e assim se mantinham castos. A espécie apresenta 0,5% de óleo volátil e glicosídios iridoides
agnosídio e aucubina. Os diterpenos bicíclicos foram identificados e associados à atividade
biológica dessa espécie.

Estudos farmacológicos apontaram que mulheres utilizando o extrato de vitex a 4


mg/dia apresentaram redução do nível de prolactina, associada com o sintoma de mastalgia
durante a TPM e outros desconfortos. Nenhum estudo foi realizado em relação à segurança e
toxicologia desse extrato. Não foram relatados efeitos colaterais a utilização do extrato de
vitex e ocorrência de tolerância

FIGURA 21 - Cimicifuga racemosa L. (erva-de-são-cristovão, cimicífuga, culebra


negra)

A cimicífuga é uma planta herbácea nativa da América do Norte. A parte da planta


utilizada são os rizomas e raízes secas que são inodoras e de sabor ácido e amargo. Os
glicosídios triterpênicos, como acteína e cimifugosídio são os principais constituintes e
responsáveis pela atividade biológica. Além desses, foi isolado um isoflavonoide
formononetina – atividade hormonal.

A investigação dos efeitos endócrinos do extrato de cimicífuga a 40 mg/dia revelou


que sua ação se dá na pituritária, reduzindo o nível de hormônio luteinizante e regulando a
função hormonal. A fração lipofílica do extrato onde se concentra o princípio ativo hormonal
foi capaz de agir, modulando seletivamente os receptores de estrógeno no sistema nervoso
central e no tecido ósseo. Esse fato justifica a indicação do extrato de cimicífuga na prevenção
e tratamento de osteoporose pós-menopausa. Os efeitos colaterais são leves e incluem
problemas gastrintestinais,

dor de cabeça, tontura e ganho de peso. Não são indicados durante a gestação e na
lactação. A duração do tratamento não deve ultrapassar três meses.

66
6.1 FITOESTRÓGENOS

Os fitoestrógenos têm assumido um papel importante na terapia da deficiência


hormonal, principalmente na menopausa, moderando os sintomas desse quadro e se
mostrando mais bem toleráveis do que o tratamento com reposição hormonal. Inúmeras
plantas produzem isoflavonas com propriedades semelhantes ao estrógeno, como a soja (
Glycine max L.) e o trevo vermelho ( Trifolium pratense L.) que possuem isoflavonas em
quantidades apreciáveis. Essas isoflavonas (daidzeína, genisteína e gliciteína) possuem baixa
afinidade pelos receptores de estrógeno, exercendo pouco ou nenhum efeito hormonal, tendo
em vista que os hormônios estrógeno e progestinas endógenos são predominantes.

Estudos com mulheres no período da menopausa utilizando extrato de soja mostraram


que a frequência de fogachos foi significativamente reduzida. Naquelas mulheres
hipercolesterolêmicas as isoflavonas da soja foram capazes de reduzir os níveis de colesterol
total (8%) e LDL (10%).

Outras pesquisas indicam que a utilização de fitoestrógenos é um benefício na


prevenção do câncer de próstata, já que indivíduos que apresentam alta concentração de
isoflavonas e lignanas no plasma e no fluido prostático têm menor incidência a esse tipo de
câncer.

O extrato de trevo-vermelho está disponível na forma de comprimidos na dose de 500


mg com um conteúdo de 40 mg de isoflavona. Essas preparações de extrato de soja são
vendidas como suplemento alimentar em que alguns fornecedores disponibilizam na forma de
comprimidos e de cápsulas, contendo 40%

de isoflavonas. Ainda não há estudos de segurança e toxicidade desses extratos.

Outras espécies com indicações ginecológicas

Espécie Indicação Dose

Recomendações

Infusão e tinturas das partes aéreas da planta Lycopus sp

Evitar uso prolongado (aumento da tireoide) e a (lycopus)

são utilizadas em

0,2 a 2 g/dia

retirada abrupta

sangramentos

Potentilla anserina

Problemas

Irritação estomacal como

67
4-6 g/dia

(potentila)

dismenorreicos leves

efeito adverso

Capsella bursa-

Cautela uso prolongado

Sangramento

pastoris

10-15 g/dia

devido desconhecimento

ginecológico leve

(bolsa-de-pastor)

do ativo hemostático

FITOTERAPIA NOS SISTEMAS

RESPIRATÓRIOS E DIGESTIVO

SUMÁRIO

1 PLANTAS QUE ATUAM NO SISTEMA RESPIRATÓRIO

1.1 ÓLEOS ESSENCIAIS

1.2 PLANTAS MUCILAGINOSAS

1.3 PLANTAS EXPECTORANTES

1.4 ÓLEO DE EUCALIPTO

1.5 RAIZ DE ALCAÇUZ

2 PLANTAS QUE ATUAM NO SISTEMA DIGESTIVO

2.1 PLANTAS MEDICINAIS AMARGAS

2.2 PLANTAS COLAGOGAS

2.3 PEUMUS BOLDUS MOLINA (BOLDO)

68
2.4 PLANTAS CARMINATIVAS

2.5 PLANTAS COM AÇÃO NA ÚLCERA E NA GASTRITE

2.6 PLANTAS COM AÇÃO ANTIDIARREICA

2.7 PECTINAS

3 PLANTAS QUE ATUAM NA CONSTIPAÇÃO

4 PLANTAS HEPATOPROTETORAS

5 PLANTAS COM INDICAÇÃO NO CONTROLE DA GLICEMIA E DO

COLESTEROL

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

1 PLANTAS QUE ATUAM NO SISTEMA RESPIRATÓRIO

Os fitoterápicos são comumente utilizados em problemas respiratórios.

Muitas das infecções do trato respiratório são acompanhadas por tosse, irritação da
garganta, congestão nasal e presença intensa de muco. O resfriado comum consiste na
infecção respiratória superior causada por vírus, podendo se apresentar como uma rinite,
faringite, sinusite e laringite. A utilização de plantas medicinais contribui significativamente na
melhora dos sintomas do resfriado, sem comprometer o mecanismo mucociliar do trato
respiratório superior, evitando um risco maior de infecções bacterianas e virais. Os
medicamentos fitoterápicos podem ser utilizados em apoio a uma terapia com antibióticos.
Muitas das espécies vegetais para alívio dos problemas respiratórios são usadas na forma de
chás caseiros, principalmente das folhas de sabugueiro, flores de tília e flores de rainha-dos-
prados.

FIGURA 01 - Tilia platyphyllos Scop. e Tilia cordata Mill. (flores de tília)

As folhas da tília são obtidas de duas espécies de tília oriundas da Europa e utilizadas
como árvore ornamental, à chamada tília de verão ( Tilia platyphyllos) e tília de inverno ( Tilia

69
cordata). As folhas secas caracterizam-se pelo cheiro agradável, gosto mucilaginoso e
levemente doce, decorrente da interação de taninos

adstringentes que correspondem 2% com mucilagem e substâncias aromáticas. As


preparações na forma de chá das folhas da tília mostram efeito diaforético (aumento da
transpiração e suor).

1.1 ÓLEOS ESSENCIAIS

A utilização de óleos essenciais de plantas, como o óleo de hortelã e óleo de eucalipto


tem sido útil na obstrução das vias aéreas nasais. O resultado é observado quando um
paciente com entupimento nasal inala o óleo de hortelã apresenta uma melhora no respirar.
Os óleos essenciais estão disponíveis para aplicação tópica em diversas formas, como pomadas
nasais, gotas nasais, inalantes de vaporização, inalantes em aerossol ou ainda como
ingredientes de comprimidos, pastilhas ou gargarejos.

O mentol, cânfora e óleos essenciais são compostos extremamente lipofílicos que são
incorporados em formas farmacêuticas de bases lipofílicas, como pomadas.

Entretanto, a utilização de preparações hidrofílicas, como as gotas nasais são


preferíveis por facilitarem a movimentação ciliar. Tais compostos não são recomendados
quando aplicados no rosto e na região nasal de bebês e crianças menores de dois anos, devido
ao risco de espasmo da glote e de parada respiratória.

Os óleos essenciais ao chegarem à mucosa nasal estimulam os movimentos ciliares, a


exemplo é a inalação de cineol que promove uma limpeza eficaz em pacientes com bronquite
crônica obstrutiva, além de aumentar o fluxo de secreções, mantendo a mucosa úmida. É
observado que o óleo essencial é capaz de provocar uma vasoconstrição reflexa e dessa forma
exercer um efeito descongestionante.

A inalação do vapor de uma preparação de chá de camomila, folhas de hortelã ou anis;


vaporização do álcool de melissa juntamente com camomila ou o banho quente de um sal de
banhos, contendo óleos essenciais é comum e de fácil realização mesmo em ambiente caseiro.

A utilização de pastilhas, comprimidos mastigáveis e gargarejos contendo substâncias


ou misturas de óleos essenciais, como o óleo de anis (90% de transanetol), óleo de eucalipto
(70% de eucaliptol), óleo de hortelã (40-55% de mentol, 10% de ésteres de mentol e 10-35%
de mentona), óleo de funcho (50-70%

de transanetol), mentol e bálsamo de tolu (ésteres de ácido benzoico e ácido cinâmico)


são indicados para o alívio da inflamação local na cavidade oral e como supressor da tosse.

Os óleos essenciais como ingredientes de pastilhas mastigáveis para a tosse tem a


função de oferecer sabor agradável à preparação, o que estimula a salivação aumentando o
reflexo de engolir, útil para suprimir o reflexo da tosse. O

70
gargarejo de líquidos contendo essas substâncias exercem ação massageadora na
região orofaríngea, sendo indicados para doenças inflamatórias da orofaringe, além de
promover a limpeza da cavidade oral e ação anti-inflamatória nas membranas mucosas
inflamadas. As plantas medicinais aromáticas que contêm óleos voláteis e óleos essenciais
utilizados em gargarejos apresentam propriedades anti-inflamatórias, podendo também ser
usadas na forma de uma infusão de chá morna ou de um produto líquido. O extrato de
camomila, de sálvia ou rizoma de tormentil são exemplos de componentes em gargarejo.

1.2 PLANTAS MUCILAGINOSAS

As mucilagens vegetais são capazes de inibir a tosse por formar uma camada protetora
que defende a superfície da mucosa de agentes irritantes. Esse efeito limita-se a região da
faringe já que as mucilagens são macromoléculas não absorvíveis. Não são verificados efeitos
adversos das plantas mucilaginosas. Dentre as espécies ricas em mucilagens podemos citar a
raiz de alteia ( Althaeae officinalis L.) que contém 5-10% de mucilagens; as folhas de malva (
Malva silvestris L.) com 8% de mucilagens e tanchagem ( Plantago lanceolata L.) com
aproximadamente 6%

de mucilagens e glicosídios. Essas espécies são utilizadas na forma de chás ou


maceração.

FIGURA 02 - Ephedra sinica Stapf. (efedra)

Os caules jovens secos da efedra contêm 2% de efedrina, um alcaloide. As preparações


de caules de efedra exercem ação vasoconstritora periférica, broncodilatadora e estimulante
central. O reflexo da tosse é suprimido por extratos de efedra que contém 15-30 mg de
alcaloides, calculados como efedrina. A dose máxima de efedrina é de 2 mg/kg de peso
corporal. A utilização de preparações com efedrina resulta em efeitos adversos como

71
palpitação, elevação da pressão arterial, insônia, anorexia e dificuldades urinárias. Indivíduos
hipertensos, com glaucoma e feocromocitoma não devem utilizar estas preparações.

1.3 PLANTAS EXPECTORANTES

Os agentes fitoterápicos expectorantes influenciam a consistência, a formação e o


transporte das secreções bronquiais. A utilização destes fitoterápicos tem sido descritas há
séculos, observando-se a capacidade de reduzir a viscosidade

do muco devido à presença de água nos chás, o mecanismo gastropulmonar reflexo e a


liquefação das secreções.

Muitos temperos que são comumente utilizados como a pimenta comprida, cubeba,
gengibre e cúrcuma são compostos presentes em medicamentos para a tosse na medicina
tradicional chinesa e indiana. As plantas que contêm saponinas, constituinte glicosídico
associado a um terpenoide de aglicona, exibem ação expectorante. Essa ação resulta das
saponinas irritarem a mucosa gástrica, que por sua vez estimula reflexamente as glândulas
mucosas dos bronquíolos pela via parassimpática. As folhas de hera ( Hedera helix L.), a raiz de
prímula ( Primula radix L.), a quilaia ( Quillaja saponaria Mol.) e a senega ( Polygala senega L.)
são drogas vegetais utilizadas por sua ação expectorante. Os óleos essenciais como descritos
anteriormente também apresentam propriedade expectorante, podendo-se citar o óleo de
abeto ( Pinus exelsa Wall. D. Don), óleo de cajepute e de niaouli (espécies de Melaleuca), óleo
de pinheiro ( Pinus silvestris L.), mirtol e óleo de citronela ( Cymbopogon nardus L.). A
utilização desses óleos pode causar como efeitos adversos broncoespasmo e reações alérgicas.
Os indivíduos mais sensíveis são as crianças e os asmáticos, dessa forma, recomenda-se que os
óleos sejam usados em vaporizador afastado do paciente e que a concentração da solução
inalada seja aumentada gradativamente.

FIGURA 03 - Hedera helix L. (hera)

FONTE: Disponível em:


<http://www.gardenopus.com/images/HederaHelixBaltica.JPG>. Acesso em: 31mar. 2011.

72
As folhas de hera são intensamente prescritas na Fitoterapia para o tratamento de
distúrbios com catarro do trato respiratório superior e no tratamento sintomático de doenças
bronquiais inflamatórias crônicas. Recomenda-se uma dose diária de 0,3 g de planta seca ou
dose equivalente de extrato. Estudos foram realizados com dois grupos de pacientes com
bronquite obstrutiva crônica durante quatro semanas, um grupo utilizava 90 mg de ambroxol e
o outro 60 mg de extrato de hera (400 mg de droga vegetal), foi observado que os dois
tratamentos foram igualmente eficazes. As folhas desta espécie apresentam constituintes
como bis-desmosídios neutros (hederacosídios) e saponinas (3-6%) e não são usadas como
infusão, mas como produtos da droga vegetal. Os efeitos adversos incluem irritação cutânea –
alérgeno falcarinol, desconforto gástrico, náusea e vômitos quando utilizados em altas doses.

FIGURA 04 - Primula radix L. (prímula)

As raízes de prímula são usadas como infusão ou tintura em uma dose diária de 1 g de
droga vegetal. Os principais constituintes presentes são as saponinas triterpênicas (5-10%),
sendo o composto majoritário o ácido primúlico A.

Em estudo com pacientes com bronquite aguda foi avaliado o grupo que seguiu o
tratamento com uma associação de 60 mg de extrato de raiz de prímula e 160 mg de extrato
de tomilho em comparação com o grupo que fez uso da associação de dois expectorantes de
referência, o ambroxol e a N-acetilcisteína administrados durante o mesmo período; o estudo
revelou que o tratamento com os produtos vegetais foi

significativamente melhor em eficácia e tolerância que a associação de referência.

1.4 ÓLEO DE EUCALIPTO

73
O óleo de eucalipto contém aproximadamente 70% de cineol. Os medicamentos
produzidos com óleo de eucalipto, geralmente apresentam 80-90%

de cineol, cheiro semelhante à cânfora e sabor refrescante. O cineol possui ações


antiespasmódicas, secretagógicas, secretolíticas, antimicrobianas e fungicidas.

As preparações contendo cineol podem proporcionar desconforto gástrico quando seu


uso interno e reações cutâneas de hipersensibilidade quando utilizados externamente. A dose
diária habitual de cineol para indivíduos adultos é de 0,3-0,6 g.

1.5 RAiZ DE ALCAÇUZ

A raiz seca de Glycyrrhiza glabra L. além das atividades descritas anteriormente possui
propriedades mucolíticas e secretagógicas. Estudos indicam que o principal constituinte a
glicirrizina aumenta a secreção bronquial e o transporte de muco. Além disso, observa-se um
efeito antitussígeno indireto das preparações de raiz de alcaçuz que envolve supressão central;
a glicirrizina exibe ação antitussígena comparável com preparações a base de codeína. Os
efeitos adversos como hipertensão, aldosteronismo primário, edema, dor de cabeça e
problemas cardíacos ocorrem quando o alcaçuz é usado em doses inadequadas. Recomenda-
se uma dose habitual de 1-2 g da raiz seca de alcaçuz administradas três vezes ao dia.

2 PLANTAS QUE ATUAM NO SISTEMA DIGESTIVO

Muitas plantas medicinais atuam no sistema digestivo, sendo sua atividade bastante
conhecidas devido à prática na medicina popular de chás para alívio do desconforto gástrico,
melhora da digestão e estimulante do apetite. As espécies vegetais que atuam no sistema
digestivo são divididas de acordo com sua atividade como será descrita adiante.

2.1 PLANTAS MEDICINAIS AMARGAS

As plantas amargas aumentam as secreções gástricas e biliares, aumentando a acidez


do suco gástrico e auxiliando na digestão. Os estímulos originados na boca, como o sabor
amargo ingerido antes da refeição é capaz de induzir reflexamente as secreções gástricas. A
administração de plantas com conteúdo amargo pode iniciar o reflexo necessário, levando a
uma secreção gástrica de mesma intensidade e duração, 2 a 3 horas, da secreção reflexa
normal. Foi observado que as substâncias amargas melhoraram de forma apreciável o apetite
de pacientes que apresentam ausência de secreção gástrica e enzimas digestivas (aquilia
gástrica). Além dessa ação, as substâncias amargas agem no sistema cardiovascular, causando
diminuição na taxa cardíaca e no volume de pulsação cardíaca.

As espécies vegetais usadas medicinalmente para estimular o apetite e as secreções


digestivas não são somente amargas, mas apresentam também uma sensação de sabor
agradável. Um critério importante para a utilização destas espécies é a quantidade; grandes
quantidades de substâncias amargas reduzem as secreções gástricas, por meio da sua ação
direta sobre a mucosa gástrica, causando a supressão do apetite.

74
As plantas medicinais amargas podem ser classificadas de acordo com a intensidade de
seu gosto amargo:

Amargos simples (genciana, trevo aquático);

Amargos aromáticos com óleo volátil (raiz de angélica, cardo-santo, absinto);

Amargos adstringentes com taninos (casca de quina);

Amargos ácidos (gengibre e galanga).

As substâncias amargas geralmente causam dor de cabeça em indivíduos sensíveis, e


quando utilizados em quantidades excessivas podem provocar vômito ou náusea. Por
estimularem as secreções digestivas, são contraindicadas em pacientes com úlcera gástrica ou
duodenal.

As administrações de substâncias amargas, geralmente são nas formas farmacêuticas


de preparações líquidas em dose única; os chás são geralmente preparados como alternativas
aos produtos fitoterápicos disponíveis.

FIGURA 05 - Artemisia absinthum L. (absinto, losna)

O absinto é um arbusto perene nativo das regiões áridas e aclimatadas nas Américas
do Norte e do Sul. A droga vegetal consiste nas partes aéreas do absinto de odor aromático
penetrante e sabor picante e fortemente amargo. A presença de lactonas sesquiterpênicas que
ocorrem na forma de monômeros, como artabsina ou dímeros, como absintina. Além destas
lactonas, o absinto possui 0,3-0,5% de óleo

volátil, em que 70% consistem de duas formas isoméricas de tujona, a (-)-tujona e (+)-
isotujona, compostos responsáveis pelo odor picante da planta.

A espécie é indicada para a falta de apetite, problemas dispépticos e discinesia biliar na


dose diária de 2-3 g da droga vegetal. Pequenas doses de absinto utilizada na forma de infusão
ou tintura agem como amargo aromático. Se a dose for aumentada, o efeito tóxico do absinto
torna-se pronunciado devido à presença da tujona, levando a intensa salivação e à hiperemia
das membranas das mucosas e do intestino. Os efeitos adversos das preparações de absinto
incluem convulsões, delírio e alucinações.

75
FIGURA 06 - Genciana lutea L. (raiz de genciana amarela)

A raiz de genciana amarela é um herbáceo perene típica das regiões montanhosas da


Europa. Possui odor característico, sabor inicialmente doce que se torna amargo e persistente.
O principal princípio ativo encontrado no extrato aquoso da raiz de genciana é o
gentiopicrosídio (2-3%). As preparações de raiz de genciana amarela são indicadas para a falta
de apetite, flatulência e inchaço na dose diária de 3 g.

2.2 PLANTAS COLAGOGAS

As plantas medicinais colagogas estimulam a produção de bile no fígado e promovem o


esvaziamento da vesícula biliar e dos ductos de bile extra-hepáticos.

Os distúrbios do trato biliar é um problema muito comum, como os cálculos biliares


marcados por desconforto na região superior do abdome pronunciado no lado direito que
irradia para as costas e para o ombro direito; tal distúrbio está relacionado a hábitos
alimentares que incluem refeições gordurosas. As espécies vegetais utilizadas por suas
propriedades colagogas apresentam como principais constituintes compostos aromáticos e
alcaloides, que contribuem para o aumento do fluxo de bile que auxilia na remoção de cristais
e bactérias presentes no trato biliar.

FIGURA 07 - Cynara scolymus L. (alcachofra)

As folhas secas ou frescas de alcachofra são indicadas para problemas dispépticos,


principalmente para pacientes com suspeita de disfunção da secreção de bile. Os principais

76
constituintes responsáveis pela atividade são os derivados do ácido cafeiquínico, como a
cinarina

Estudos apontam que o extrato aquoso de folhas de alcachofra exerce efeitos


inibitóros na biossíntese de colesterol, efeitos hepatoprotetores e inibição da oxidação de LDL
que possui papel significativo na patogênese da aterosclerose. A dose diária recomendada de
extrato seco de folhas de alcachofra é de 6 g. A utilização de alcachofra é contraindicada em
indivíduos com obstrução do trato biliar e alergia. Não há relatos quanto à existência de
efeitos colaterais.

2.3 PEUMUS BOLDUS MOLINA (BOLDO)

O boldo é um arbusto verde nativo das regiões áridas do Chile, de sabor aromático
queimante e odor aromático. Nas folhas de boldo são encontrados 0,1%

de alcaloides derivados da aporfina, sendo o principal a boldina; 2% de óleo volátil


(cineol, eugenol) e flavonoides (pneumosídeoe boldosídeo).

Na Fitoterapia, o boldo é indicado nas afecções hepáticas, como estimulante da


digestão e litíase biliar. A dose diária de boldo recomendada é de 3 g da droga vegetal. O uso
prolongado é contraindicado, assim como durante a gestação devido à presença de
substâncias potencialmente tóxicas.

2.4 PLANTAS CARMINATIVAS

As plantas medicinais são de grande aplicação na flatulência e no inchaço, que são


sinais de inúmeras doenças inflamatórias gastrintestinais e disfunções biliares e pancreáticas e
lesões ateroscleróticas de vasos mesentéricos. As preparações fitoterápicas exercem um papel
importante no tratamento da flatulência que produzem uma sensação de aquecimento
quando ingeridas e promovem a eliminação pós-prandial de gases digestivos por eructação. As
espécies vegetais que exercem efeito carminativo são cominho, erva-doce, anis, hortelã,
camomila, melissa e raiz de angélica.

FIGURA 08 - Pimpinella anisum L. (anis, erva-doce)

77
O anis é nativo do Oriente apresenta um cheiro pungente. A droga vegetal utilizada na
medicina são as sementes de anis que possuem 10% de óleo fixo e 2-3% de óleo volátil, sendo
o principal constituinte o anetol. Além de carminativo, a semente de anis possui ação
expectorante. A dose diária de semente de anis indicada como calmante gastrintestinal é de
0,3 g de droga vegetal. O uso prolongado e de altas doses é contraindicado por provocar
convulsões, confusão mental e alucinações.

FIGURA 09 - Foeniculum vulgare Mill. (funcho, erva-doce)

O funcho é uma planta nativa da região sul da Europa. Seus frutos (sementes) são
utilizados com finalidades medicinais por sua ação carminativa e expectorante, especialmente
em crianças. Os principais constituintes nos frutos de

funcho são o óleo volátil (2-6%), composto de fenchona e anetol e ácidos graxos (9-
12%).

O chá de sementes de funcho para crianças com dispepsia e diarreia é uma prática
muito comum, promovendo redução dos espasmos intestinais. O funcho pode ser associado
com outras plantas em uma mistura de chá carminativo, favorecendo o sabor.

2.5 PLANTAS COM AÇÃO NA ÚLCERA E NA GASTRITE

Algumas espécies vegetais mucilagenosas exibem uma atividade demulcente que


reduz a irritação local presente na gastrite e na úlcera, como as sementes de linho, folhas e
raízes de alteia e folhas de malva. As principais espécies utilizadas na Fitoterapia para alívio de
gastrite e úlcera são camomila e alcaçuz.

FIGURA 10 - Matricaria recutita L. (camomila, camomila-alemã, matricária)

A camomila é uma das plantas mais utilizadas na medicina popular. A composição de


0,25% de óleos voláteis terpenoides, especialmente de bisabolol e chamazuleno, justifica sua

78
atividade anti-inflamatória; além de aproximadamente 2,4% de flavonoides, como a apigenina
de ação antiespasmódica. As flores de camomila apresentam 5-10% de mucilagens
semelhantes à pectina. Os constituintes

da camomila geralmente são liberados no momento da infusão e atua amenizando a


irritação da mucosa gástrica.

As preparações a base de camomila ou a infusão são indicadas nos espasmos


gastrintestinais, na úlcera crônica.

FIGURA 11 - Glycyrrhiza glabra L. (alcaçuz)

As raízes e os rizomas do alcaçuz são utilizados oralmente em inflamações gástricas e


infecções do trato respiratório. Os dois tipos de princípios ativos são glicirrizina (5-15%) e os
flavonoides liquiritina e isoliquiritina. A glicirrizina inibe a síntese de prostaglandina e a lipo-
oxigenase justificando seu uso na inflamação.

Devido a sua ação mineralocorticoide, a dose diária média não deve exceder 5-15%

da planta seca, que equivale a 200-600 mg de glicirrizina, e o tempo de tratamento não


deve ultrapassar 4-6 semanas. Quando as preparações de raiz de alcaçuz são utilizadas em
altas doses ou períodos prolongados observam-se como efeitos adversos retenção de sódio e
água, elevação da pressão arterial, perda de potássio e edema.

2.6 PLANTAS COM AÇÃO ANTIDIARREICA

Os fitoterápicos têm papel importante no controle da diarreia, tanto como as


preparações caseiras utilizadas na medicina popular. A diarreia consiste na frequência de
evacuações de fezes moles ou líquidas. Preparações importantes no controle da diarreia são
plantas medicinais, contendo tanino, pectinas e leveduras.

As espécies vegetais do chá-verde ou chá-preto, o mirtilo, as folhas e casca de


hamamélis e casca de carvalho são rica em taninos, constituinte que leva a precipitação de
proteínas, formando uma película protetora no epitélio do trato gastrintestinal normalizando a
hiperperistalse. A maioria dos taninos presente nessas espécies é derivada da catequina penta-
hidroxiflavonol, que são produtos oligoméricos ou poliméricos solúveis em água.

79
FIGURA 12 - Camellia sinensis L. (chá-verde, chá-preto) O chá-verde e o chá-preto são
derivados do arbusto de uma planta lenhosa, predominantemente cultivada no sudeste da
Ásia. A droga vegetal são as folhas secas que podem ser processadas para elaboração do chá-
verde ou preto.

O chá-verde consiste nas folhas aquecidas imediatamente após a colheita,


posteriormente enroladas e comprimidas e levadas à secagem; os constituintes e a cor das
folhas são preservados apresentando alto teor de taninos e forte sabor adstringente. O chá-
preto é produzido por fermentação; as folhas murchas são enroladas e colocadas em ambiente
úmido a fim de ocorrer alteração enzimática, o que faz com que as folhas se tornem marrom
avermelhadas. As folhas pretas podem apresentar sabor variado dependendo do processo.

Os taninos são encontrados nas preparações de chá-verde ou chá-preto em 5-20%,


além de 2-5% de cafeína e 1% de óleo volátil na droga vegetal. Em estudo com indivíduos
sadios que consumiram 2 litros de chá diariamente o tempo de trânsito intestinal durante
quatro dias foi prolongado em relação ao placebo; também foi observado redução na excreção
de ácidos biliares nas fezes. A quantidade de

taninos deve ser observada nas preparações de chá devido ao potencial hepatotóxico
quando consumidos em excesso, principalmente naqueles indivíduos com comprometimento
hepático.

FIGURA 13 - Quercus robur L. (casca de carvalho) A casca seca de ramos jovens de


carvalho colhidos na primavera concentra de 1-20% de taninos e alto conteúdo de galotaninos.
A droga vegetal é indicada para uso externo em doenças cutâneas inflamatórias e uso interno
na diarreia aguda, e também em inflamações de garganta, boca, genitália e região anal.
Recomenda-se que as preparações de casca de carvalho sejam utilizadas por até quatro dias.

80
2.7 PECTINAS

As pectinas são polímeros de unidades de ácido galacturônico de peso molecular de


60.000 a 90.000. Essas unidades possuem a capacidade de reter água e formar uma estrutura
gelatinosa, que exibe ação protetora da mucosa intestinal. As bactérias presentes na flora
intestinal podem degradar o gel de pectina, liberando ácidos graxos de cadeia curta que age
inibindo a mobilidade do intestino.

As principais fontes de pectinas são raízes de armazenamento e frutos carnosos, como


açúcar de beterraba, resíduos de maça, bagaço de laranja, limão, cenoura e banana.

3 PLANTAS QUE ATUAM NA CONSTIPAÇÃO

A constipação é caracterizada por menor frequência no evacuar (menor que 2-3 dias),
incluindo dificuldade na evacuação, defecação dolorosa e desconforto abdominal. Geralmente
esse quadro é resultado de uma alimentação inadequada, falta de exercícios e fatores
psicológicos. O tratamento da constipação preconiza direcionamento alimentar, incluindo na
dieta alimentos ricos em fibras e aumento do consumo de líquidos e medidas físicas, como
exercício que favoreçam o fortalecimento da musculatura intestinal. A fitoterapia recomenda
espécies vegetais que atuam como formadoras de volume e laxantes estimulantes suaves de
baixo risco.

FIGURA 14 - Plantago ovata F. e Plantago psyllium L. (semente de plantago)

81
A semente de plantago madura é uma droga vegetal de ação laxativa, de gosto suave,
inodora e quando mastigada torna-se mucilaginosa. Os polissacarídeos presentes em 10-30%
na epiderme da casca das sementes de plantago em um teor maior que nas próprias sementes
e são responsáveis pela ação laxante. Tanto a casca quanto as sementes de plantago quando
em ingeridas com um alto volume de água retém água durante o trânsito intestinal,
propiciando a passagem de fezes mais macias, além de estimular os reflexos de peristaltismo
por sua ação irritante mecânica da parede intestinal.

As preparações de plantago são contraindicadas em pacientes com obstrução


intestinal e indivíduos fazendo uso de medicamentos como sais de lítio, glicosídeos
cardiotônicos e carbamazepina, por apresentarem menor absorção pelo trato intestinal.

FIGURA 15 - Rheum spp. (ruibarbo)

O ruibarbo é uma espécie nativa das regiões montanhosas da China e cultivada na


Europa. A raiz de ruibarbo seca tem odor levemente aromático e sabor amargo e adstringente.
A droga vegetal contém 2,5% de derivados de antraquinona, na forma de glicosídios de
antraquinona (60-80%), glicosídios de antrona (10-25%) e antraquinonas livres (1%). O teor de
derivados de antraquinona é calculado pela reína. Além desses constituintes, a raiz de ruibarbo
apresenta em sua composição taninos do tipo galotanino e catequina, flavonoides, pectinas e
minerais.

Os derivados antranoides ligados a açúcares são inertes farmacologicamente até


serem inalterados no cólon por bactérias da flora intestinal,

82
que liberam antronas livres, os responsáveis pela atividade biológica. Esses
constituintes exibem ação purgativa, e os taninos e pectinas presentes produzem efeito
antidiarreico.

As preparações a base de raiz de ruibarbo possui efeito dose-dependente, ou seja, em


baixas doses (0,1-0,3 g) exerce efeito adstringente na gastrite e na dispepsia e antidiarreico e
em altas doses (1,0-4,0 g) produz efeito laxativo leve. O

principal efeito adverso do uso de ruibarbo é dor abdominal ou cólica. Efeitos adversos
mais graves são resultantes do abuso do uso ao longo prazo de ruibarbo, como séria perda de
eletrólitos e de água e eventual hiperaldosterismo. Estudos apontam o risco de danos
irreversíveis do plexo intrínseco da mucosa intestinal. A obstrução intestinal total ou parcial,
gravidez e amamentação são contraindicações da raiz de ruibarbo.

FIGURA 16 - Rhamnus (frângula e cáscara-sagrada

A frângula ou amieiro-preto ( Rhamnus frangula L.) é uma planta medicinal oriunda da


Europa e Ásia. A parte da droga utilizada medicinalmente são a casca seca dos troncos e os
galhos. Na casca é encontrado 6-9% de glicosídios de antraquinona, sendo o mais importante a
glucofrangulina A e B. A planta está disponível para utilização na forma de chás para infusão,
na forma de pó para chás instantâneos e na forma de extrato em cápsulas ou comprimidos.

A cáscara-sagrada ( Rhamnus purshianus D.C.) é nativa da região do pacífico e lembra a


frângula, é um dos agentes laxativos mais utilizados. Nessa espécie são encontrados 8% de
antranoides, sendo predominantes os

cascarosídeos. Preparações na forma de extratos e extratos líquidos são utilizadas


medicinalmente. Devido o odor desagradável a cáscara-sagrada não é utilizada na forma de
chá.

O alto teor de antronoides nestas plantas recém-secas faz delas potentes agentes
laxativos, recomenda-se que a casca seja armazenada por um período de um ano antes de sua
utilização ou serem envelhecidas por aquecimento. A utilização da planta fresca não tratada
provoca vômito intenso e fortes espasmos.

83
FIGURA 17 - Cassia (sene, senna)

As espécies Cassia senna L. e Cassia angustifolia Vahl. têm seus frutos e folhas
utilizadas como agentes laxativos onde são encontrados 3,5-5,5% de antranoides como as
diantronas-8-8’-diglicosídeos (senosídeos A e B). A espécie C.

angustifolia Vahl tem o espectro de antranoides muito semelhante a C. senna L. mas


seu conteúdo de antranoides totais (2-3%) é mais baixo, necessitando da administração de
uma dose maior. As preparações farmacêuticas são elaboradas a partir das folhas das duas
espécies.

FIGURA 18 - Aloe spicata L. (aloe do cabo)

O aloe do cabo é uma espécie variante do aloe, encontrado no sul da África e nas
Antilhas. É um produto intensamente utilizado como laxante na Europa central.

A planta é usada na forma de um suco obtido após o corte das folhas, posteriormente
engrossado por aquecimento obtendo-se uma massa homogênea vítrea. Nesse, há uma
mistura de antraquinonas (20-40%), sendo a aloína A e B os principais constituintes.
Recomenda-se sua utilização na dose de 0,1 g/diária com cautela, devido sua ação laxativa
drástica.

Outras variedades de aloe como a Aloe vera L. são utilizadas medicinalmente, com
ação antibacteriana e cicatrizante, na forma de gel de aloe –

mucilagem obtida do tecido parenquimal interno da folha.

84
4 PLANTAS HEPATOPROTETORAS

FIGURA 19 - Silybum marianum L. (cardo-mariano, cardo-santo, silimarina)

O cardo-mariano uma planta anual a bienal nativa que cresce em locais secos e
quentes do sul da Europa e norte da África. A parte da planta utilizada são os frutos maduros
que apresenta em um extrato 70% de uma mistura de isômeros: isosolibina, siliadina,
silicristina e silibina denominados de silimarina abundante na camada proteica da casca da
semente.

O princípio ativo silibina encontra-se em 50% na mistura isomérica. Além desses


constituintes os frutos contêm 15-30% de óleo graxo, que proporciona um sabor oleoso e odor
semelhante ao cocô e 20-30% de proteínas.

A silimarina possui uma absorção de 50% em humanos, e 10% da dose alcança a


circulação êntero-hepática. Estudos farmacológicos comprovam as seguintes ações da
silimarina:

Antitóxicas, protegendo o fígado da ação de substâncias hepatotóxicas;

Promotora de regeneração, na qual há um estímulo da síntese de proteínas e do


metabolismo celular regenerando assim a célula hepática;

Antifibrótica de suma importância na reversão da oclusão do ducto biliar que ocorre na


patogenia da cirrose hepática. Observou-se que a silimarina atua tanto profilaticamente
quanto terapeuticamente (4 a 6 semanas).

Nos pacientes alcoólatras que se abstêm do álcool e diagnosticados com doença


hepática crônica quando tratados com silimarina apresenta uma menor incidência de
alterações graves do tecido hepático relacionadas ao uso abusivo de álcool, indicando que o
cardo-mariano aumenta a tolerância destes indivíduos frente às doenças hepáticas.

A dose diária média recomendada é de 12-15 g da planta seca ou 200-400

mg de silimarina, calculada como silibinina. Além de indicada para lesão tóxica


hepática, apoio nas doenças inflamatórias e na cirrose hepática, o ativo silibinina do cardo-
mariano é indicado para intoxicação por amanita usada na dose total de 20

mg/kg de peso corporal administrado em quatro infusões.

85
5 PLANTAS COM INDICAÇÃO NO CONTROLE DA GLICEMIA E DO

COLESTEROL

FIGURA 20 - Bauhinia forficata Link. (pata de vaca, casco de vaca, unha de boi)

A pata de vaca é uma árvore nativa da Mata Atlântica tradicionalmente utilizada


popularmente em infecções, processos dolorosos e no controle da glicemia.

As preparações medicinais na forma de tinturas e chás são bastante utilizadas por


indivíduos diabéticos por sua ação hipoglicemiante. Tal atividade é justificada pela presença de
constituintes ativos, como o alcaloide trigonelina, flavonoides (quercetina, rutina, kampferol),
saponinas, mucilagens, taninos e triterpenos.

Estudos evidenciaram que o extrato de pata de vaca exibe efeito hipoglicemiante


somente em indivíduos diabéticos, não alterando a taxa de glicose em indivíduos normais.
Além dessa atividade, a administração do extrato de pata de vaca demonstra ação
antidiurética, antiedematogênica associada à ação antinociceptiva periférica. Para atividade
hipoglicemiante recomendam-se preparações com dose diária de 3 g de droga vegetal. A
contraindicação para a utilização de preparações de pata de vaca inclui gravidez e indivíduos
hipoglicêmicos.

FIGURA 21 - Linum usitatissimum L. (linhaça)

86
A semente de linhaça tem ganhado espaço no cenário de fitoterápicos e de alimentos
funcionais, tendo em vista as inúmeras atividades biológicas e efeitos benéficos
proporcionados. Dentre os constituintes encontrados nas sementes desta planta herbácea
nativa da Europa estão os ácidos graxos insaturados (ácido linolênico, linoleico e oleico),
mucilagens solúveis (4 a 6% de galactose, ramnose, arabinose), linamarina (glicosídeo),
linustatina, glicosídeos cianogênicos, proteínas (25%), lignanas (precursoras de enterodiol e
enterolactona), óleos essenciais e minerais.

A presença de ácido linolênico resulta na ação redutora dos níveis de colesterol e de


lipoproteína de baixa densidade, além de reduzir a agregação plaquetária mediada pela
trombina. Outras atividades são observadas com a utilização da semente de linhaça, como
ação hormonal direta das lignanas sobre os receptores hormonais; propriedade antitussígena
promovida pelas mucilagens de ação emulsificante; ação anti-hipertensiva proporcionado pelo
relaxamento da musculatura lisa vascular e pela presença de ácidos graxos insaturados. No
processo inflamatório, como a artrite reumatoide tem sido observado uma melhora dos
sintomas, devido redução significativa na produção de citocinas pró-

inflamatórias.

A dose recomendada de semente de linhaça é de 30 g em duas administrações


associadas com uma quantidade considerável de água, para a atuação das mucilagens; a
linhaça padronizada de 1 g de óleo das sementes na forma de cápsula administrada duas vezes
ao dia possui 35% de lignanas. Os efeitos adversos provocados pela semente de linhaça
incluem náusea, diarreia e flatulência; como a semente contém substâncias cianogênicas, em
especial as sementes imaturas, podendo observar intoxicação cianídrica. Deve-se evitar a
utilização em casos de obstrução intestinal, de íleo paralítico e de câncer de próstata.

FITOTERAPIA NA DOR /

INFLAMAÇÃO E PLANTAS TÓXICAS

1 PLANTAS UTILIZADAS NA DOR E NA INFLAMAÇÃO

2 PLANTAS TÓXICAS

Diversas espécies vegetais têm sido indicadas há séculos no tratamento de inflamações


locais, contusões, hematomas, edemas, cicatrização, eczema, dermatite, acne e de problemas
reumáticos, na dor e na dor de cabeça. É muito comum a utilização de várias espécies de
plantas medicinais em preparações alcoólicas caseiras para aplicação no local da injúria. O
conhecimento popular impulsionou inúmeros estudos que comprovassem a atividade
biológica das espécies utilizadas na medicina popular, resultando na produção de fitoterápicos
na forma de gel, creme, loções e outras formas farmacêuticas utilizadas na dermatologia e na
inflamação. As pesquisas também levaram a observação de efeitos adversos e perigos na

87
utilização de muitas espécies tradicionalmente utilizadas, dessas podemos citar a casca de
nogueira que possui dentre os constituintes a juglona de elevado potencial carcinogênico e as
folhas de mirta que leva a alterações hematológicas.

Flores de Camomila ( Matricaria Recutita L.)

Diversos estudos farmacológicos revelam a ação anti-inflamatória e antiespasmódica


das flores de camomila, usadas na medicina desde os tempos antigos. A camomila é indicada
para as inflamações cutâneas e de mucosa e doenças cutâneas bacterianas. A planta pode ser
utilizada na forma de banhos e duchas quando indicada nas infecções envolvendo a região anal
e genital.

Os constituintes ativos das flores de camomila são divididos em compostos lipofílicos e


hidrofílicos. Os componentes do óleo volátil presentes em 0,3-1,5% e compostos hidrofílicos,
como as mucilagens e os flavonoides (1-3%), sendo esses últimos os constituintes mais
importantes. O óleo volátil da camomila possui AN02FREV001

majoritariamente o camazuleno (15%) de coloração azul escuro, formado a partir de


um precursor incolor a matricina durante destilação com vapor. Além desses, é encontrado no
óleo o composto -bisabolol. Dentre os flavonoides presentes, a apigenina é um dos principais
responsáveis pelos efeitos antiespasmódicos das preparações de camomila.

As flores de camomila geralmente são utilizadas na forma de preparações aquosas,


como o chá ou na forma de extratos alcoólicos, de alto teor de constituintes lipofílicos. Essas
são indicadas para doenças inflamatórias e cólicas gastrintestinais, administradas por inalação
para processos inflamatórios e irritação do trato respiratório e por aplicação tópica para
processos inflamatórios cutâneos de origem bacteriana, cicatrização difícil, abscessos,
inflamação da cavidade oral, gengivites, dermatites e dermatoses. A infusão para duchas e as
preparações semissólidas devem conter 3-10% da droga vegetal.

FIGURA 01 - Hamamelis virginiana L. (hamamélis)

88
A hamamélis é uma árvore pequena nativa da região Leste da América do Norte. Suas
folhas, cascas e galhos são processados para elaboração da droga vegetal. A casca da
hamamélis possui uma concentração elevada de taninos (12%), principalmente
hamamelitanino e galotaninos.

Os taninos possuem propriedades adstringentes fortes que quando aplicados na pele


ou em membranas de mucosas lesada provocam uma precipitação proteica que forma uma
camada superficial. A área em contato com taninos leva a uma vasoconstrição capilar e
redução da permeabilidade vascular equivalente a um efeito anti-inflamatório local. Essa ação
de fortalecimento dos

tecidos impede a penetração de micro-organismos, exercendo uma ação


antimicrobiana indireta. Os taninos também exibem uma ação anestésica tópica que reduz a
dor e a irritação local. A hamamélis por conter taninos também é utilizada no tratamento da
diarreia.

As preparações de hamamélis apresentam coloração amarela ou marrom devido os


taninos presentes. Uma indicação comum para os extratos de hamamélis e outras preparações
contendo taninos é a doença hemorroidal. Preparações na forma de pomada contêm 10% de
extrato da casca de hamamélis; a potência da pomada é equivalente a pomada de
corticosteroide. A dose recomendada é de 0,1-1,0 g da droga vegetal aplicadas topicamente
várias vezes ao dia; não há relatos quanto a efeitos adversos ou contraindicações.

FIGURA 02 - Oenothera biennis L. (primrose, erva-dos-burros) A primrose é uma


planta bienal infértil no primeiro ano e durante o segundo ano a planta produz sementes que
contém até 25% de um óleo graxo extraído com hexano para fins terapêuticos. Esse extrato
possui 60-80% de ácido -linoleico, um ácido graxo ômega-6 produzido no organismo por meio
da desnaturação do ácido linoleico. O óleo de primrose é indicado para neurodermatite, uma
patologia caracterizada pela deficiência da enzima responsável pela desnaturação do ácido
linoleico. A dose diária recomendada do óleo de primrose é de 2-6 g que equivale a 160-480
mg de ácido -linoleico. O óleo de primrose promove um efeito estabilizante na barreira do
estrato córneo.

89
As preparações na forma de cápsula contém 0,5 g de óleo de primrose que
corresponde a 40 mg de ácido -linoleico utilizado no tratamento e alívio do eczema atópico
administrado na dose diária de 2-3 g em adultos. Os efeitos colaterais incluem náusea,
distúrbios gastrintestinais e dor de cabeça.

FIGURA 03 - Calendula officinalis L. (calêndula) As flores de calêndula são indicadas na


forma de infusão, tintura, extrato líquido, óleo infuso frio ou pomada para condições
inflamatórias da mucosa oral e faríngea usada internamente e para ulceração e cicatrização de
feridas usada externamente. Os constituintes presentes nas flores de calêndula atuam
promovendo a granulação e facilitando a cicatrização de inflamações de pele, feridas,
queimaduras ou eczemas. Acredita-se que tal efeito seja resultante de uma ação sinérgica
entre os constituintes presentes no óleo volátil e das altas concentrações de compostos do
tipo xantofilas. A dose recomendada para uso interno é de 1-2 g de planta seca e a dose em
pomadas para uso tópico é de 2-5 g em 100 g de base. Não há relatos de efeitos adversos ou
contraindicações com a administração de calêndula tanto para uso interno ou externo.

90
FIGURA 04 - Óleo de melaleuca

O óleo de melaleuca ( tea tree oil) é um óleo volátil obtido da destilação das folhas de
diferentes espécies do gênero Melaleuca, especialmente Melaleuca alternifolia Cheel. As
árvores dessa espécie são nativas das regiões pantanosas da Austrália e das Ilhas do Oceano
Índico. A utilização dessas espécies para fins medicinais foi aprendida por meio de nativos
destas regiões por colonizadores australianos.

A composição do óleo volátil de melaleuca inclui 1,8-cineol, terpineno, L-terpinen-4-ol,


terpineol, L-limoneno, -pineno e -pineno. As preparações do óleo de melaleuca devem
conter no máximo 30% de L-terpinen-4-ol e no mínimo 15% de 1,8-cineol, os principais ativos
que exibem propriedades germicidas e antifúngicas. É

observado que tais preparações são ativas contra diversos micro-organismos


causadores de micoses e infecções bacterianas.

A eficácia dessas preparações foi comparada com um medicamento antifúngico de


referência o clotrimazol (1%) em pacientes com onicomicoses dos pés, após o tratamento
tópico por duas vezes ao dia, durante seis meses foi verificado que o óleo de melaleuca
apresentou eficácia de cura semelhante ao medicamento de referência. Outro estudo
comprovou a eficácia de um gel de 5% de óleo de melaleuca comparado a um gel de peróxido
de benzoíla 5% em pacientes com acne aplicados diariamente durante três meses, ambos os

91
tratamentos produziram melhora do número das lesões, mas o tratamento com o óleo de
melaleuca foi menos relatado quanto aos efeitos adversos, como ressecamento da pele,
sensação de formigamento e vermelhidão

Recomenda-se avaliação da condição a ser tratada, pois dependendo o óleo de


melaleuca pode ser utilizado diluído em água (concentrações de 2-10%) ou concentrado, esse
há maior probabilidade de causar irritação no local da aplicação.

FIGURA 05 - Ananas comosus (L.) Merr. (ananás, abacaxi)

Das plantas, no abacaxi é possível isolar uma mistura de enzimas proteolítica


denominada bromelina. Estudos com essas enzimas apontaram ações anti-inflamatória e
antiexsudativa em modelos experimentais. Dessa forma, as preparações contendo bromelina
são indicadas em pacientes com inchaço pós-traumático e pós-operatório agudo,
principalmente do nariz e da região paranasal. A dose recomendada de bromelina é de 80-320
mg por dia administradas em duas ou três doses. A duração do tratamento não deve exceder
8-10 dias. Os efeitos adversos da bromelina incluem distúrbios gastrintestinais, diarreia e
reações alérgicas. A hipersensibilidade à bromelina constitui uma contraindicação ao
tratamento. Interações medicamentosas são relatadas com a bromelina, como associação com
anticoagulantes e antiplaquetários, fármacos que tem seu efeito potencializado.

FIGURA 06 - Symphytum officinale L. (confrei)

92
O confrei é uma planta herbácea nativa da Europa na qual suas folhas e raízes são
usadas como droga vegetal. A planta apresenta alto teor de mucilagem e de alantoína (15% na
raiz). As partes aéreas e a raiz são indicadas na Fitoterapia para o tratamento de contusões,
estiramentos e torções. As mucilagens presentes na plantas atuam como demulcente local e a
alantoína promove a cicatrização de feridas e acelera a regeneração celular.

As preparações de confrei para o uso externo, como pomadas devem conter até 20%
da planta seca ou quantidades equivalentes de extrato. Na composição química do confrei é
possível encontrar alguns alcaloides insaturados de pirrolizidina, que são hepatotóxicos,
carcinogênicos e mutagênicos. Dessa forma, não se recomenda a utilização de confrei para uso
interno, por induzir a doença veno-oclusiva em humanos. No caso de uso externo deve-se ter
cautela com o teor de alcaloides pirrolizidínicos nas preparações de confrei, não devendo a
quantidade ultrapassar de 1 mg destes alcaloides em uma dose diária, e não utilizar por mais
de 4-6 semanas ao ano.

FIGURA 07 - Arnica montana L. (arnica, arnica-das-montanhas)

A arnica é uma planta herbácea perene nativa das regiões montanhosas da Europa. As
preparações farmacêuticas das flores de arnica são indicadas para o uso externo no
tratamento de condições pós-traumáticas e pós-operatórias, como hematomas, torções,
escoriações, contusões, edema associados à fratura e dores reumáticas da musculatura e da
articulação. Além dessas indicações, a arnica é indicada para alergia à picada de insetos,
furunculose, flebite superficial e processos inflamatórios da orofaringe.

A droga vegetal contém 0,2-0,3% de óleo volátil, incluindo o sesquiterpeno helenalina


e outras lactonas sesquiterpênicas como princípios ativos. As flavonas também são

93
encontradas nas flores de arnica em 0,4-0,6%. A arnica tradicionalmente é utilizada na forma
de tinturas e pomadas para aplicação externa.

As tinturas para compressas devem ser diluídas de 3:1 a 10:1 e as pomadas devem
conter no máximo 15% de óleo de arnica.

Diversos estudos indicam as propriedades farmacológicas das preparações da arnica


como antimicrobiana, anti-inflamatória, estimulante respiratória, estimulante uterino. O efeito
anti-inflamatório significativo terapeuticamente se deve a presença do sesquiterpeno
helenalina, cuja ação inclui efeito antiedematogênico.

O tratamento tópico com preparações de arnica pode resultar em dermatite de


contato em indivíduos sensibilizados pela helenalina. O potencial alergênico depende da
concentração deste ativo nas preparações farmacêuticas. Os efeitos

colaterais incluem dermatoses edematosas e eczema por uso prolongado.

Recomenda-se que as preparações de arnica não sejam utilizadas internamente já que


pode levar a um quadro de intoxicação, a ingestão de 70 g de tintura de arnica é fatal.

FIGURA 08 - Harpagophytum procumbens DC. (garra do diabo)

A garra do diabo é uma planta nativa da África do Sul, onde os nativos utilizam como
tônico amargo, antipirético e analgésico. A droga vegetal consiste de bulbos periféricos que
crescem até 3 cm de espessura e são cortados em pedaços e expostos ao sol para secagem
durante três dias. Diversos compostos glicosídicos iridoides são encontrados na garra do diabo,
sendo o principal ativo o harpagosídeo que ocorre em 0,5-1,6% na droga vegetal.

Diversos estudos farmacológicos demonstraram que as preparações de garra do diabo


possuem efeito analgésico e anti-inflamatório. Pacientes com osteoartrite ativa dor nas costas
e problemas reumáticos apresentam melhora do seu quadro de dor com o tratamento com 2 g
da droga vegetal em pó durante dois meses. Em um estudo comparativo com pacientes com
dor crônica nas costas, o grupo tratado com um extrato de garra do diabo contendo 200-400
mg de harpagosídeo durante quatro semanas contra o grupo placebo mostrou que o número
de pacientes que relataram dor era significativamente menor que o grupo placebo e que o
efeito analgésico do extrato se deu de forma dose-dependente.

94
Dessa forma, as principais indicações da garra do diabo são para anorexia, devido ao
seu sabor amargo e para o tratamento de doenças reumáticas degenerativas. A dose para
tratamento da anorexia é de 1,5 g e a dose recomendada para distúrbios

inflamatórios e dor é de 4,5 g. As preparações de droga vegetal e o próprio ativo


harpagosídeo possui baixo índice de toxicidade. A planta é contraindicada em indivíduos com
úlcera gástrica e duodenal.

FIGURA 09 - Óleo de Hortelã

A utilização de óleos essenciais friccionados na pele para alívio da dor não é recente.
Os óleos de coníferas, cânfora, preparações de capsaicina, óleo de hortelã ( Mentha piperita L.)
são comumente empregados na medicina popular para dor.

Evidências científicas apontam que esses óleos possuem o mesmo mecanismo de ação
para alívio da dor, ou seja, seus constituintes causam irritação nas áreas da pele por meio de
neurônios espinhais desta região. Dentre os constituintes ativos no óleo de hortelã estão o
mentol, mentona, cineol, pineno, timol e carvona.

Soluções etanólicas contendo 10% de óleo de hortelã foram investigadas quanto à


eficácia em reduzir a dor de cabeça tensional quando aplicada na área frontotemporal. O
tempo de sensação do frio foi avaliado sendo verificado que o óleo de hortelã foi capaz de
estimular na área aplicada receptores cutâneos de frio por mais de 30 minutos, tempo maior
que a área controle. Esse efeito resulta da estimulação de fibras A-delta sensíveis ao frio e que
são capazes de inibir as fibras C polimodais que conduzem dor e desempenham um importante
papel na patogenia da cefaleia. Outro estudo comparando a ação de analgésicos padrões,
como o paracetamol e o ácido acetilsalicílico com o óleo de hortelã em pacientes com cefaleia
tensional, que atinge 30% da população, mostrou que o efeito da aplicação

do óleo de hortelã na testa destes pacientes proporcionou uma melhora equivalente


aos analgésicos de referência.

FIGURA 10 - Capsicum (pimentão)

95
As preparações oleosas ou em água e álcool com os frutos de várias espécies de
Capsicum são usados via tópica para alívio da dor e tratamento de problemas reumáticos. Os
principais constituintes são os capsaicinoides, sendo a capsaicina a majoritária variando seu
teor nas diferentes espécies (0 a 1,5%). A administração tópica de preparações de capsaicina
incita uma resposta inicial caracterizada pela presença de eritema, dor e aumento de
temperatura, seguida de um período de insensibilidade marcado por uma dessensibilização
reversível das fibras nervosas aferentes. A resposta inicial dura poucas horas enquanto o efeito
antinociceptivo é persistente durando horas ou semanas.

As formulações semissólidas (0,02-0,05% de capsaicinoides), líquidas (0,005-0,01%) e


emplastros atualmente são indicados para espasmos musculares dolorosos, envolvendo o
ombro, o braço ou a região espinhal e nevralgias.

Recomenda-se que a aplicação tópica não ultrapasse dois dias devido ao risco de dano
ao nervo sensorial devendo-se respeitar um intervalo de duas semanas entre os tratamentos.

FIGURA 11 - Tanacetum parthenium L. (tanaceto, feverfew)

As folhas de tanaceto são usadas há anos para alívio da febre e da dor.

Diversos estudos da

96
comprovação do tanaceto surgiram da observação e relatos que indivíduos mastigavam as
folhas para prevenir ou reduzir a intensidade da dor de cabeça. Os constituintes presentes nas
folhas de tanaceto incluem os componentes de óleos voláteis, como o acetato trans-crisantenil
e a lactona sesquiterpênica partenolídeo, principal responsável na profilaxia da enxaqueca.

O tanaceto é administrado na forma de cápsulas contendo 120 mg de droga vegetal


equivalente a 0,6 mg de partenolídeo na profilaxia da enxaqueca uma vez ao dia. A planta é
bem tolerada, podendo ocasionalmente ocorrer dermatite de contato, irritação e ulceração de
mucosa oral, distúrbios gastrintestinais, dor abdominal associados ao uso prolongado. O
extrato de tanaceto é contraindicado em indivíduos hipersensíveis à planta e a lactonas
sesquiterpênicas; não deve ser utilizado durante a gravidez e a lactação, devido ao risco de
aborto por induzir contrações uterinas. Interações entre outros medicamentos podem ocorrer,
como antitrombóticos, ácido acetilsalicílico e anticoagulantes. Recomenda-se o tratamento por
um período curto e a suspensão do tratamento deve ser feita com a redução gradativa da
dose.

FIGURA 12 - Cordia verbenaceae L. (erva-baleeira, maria-milagrosa)

A erva-baleeira é um arbusto perene nativo do nosso país, encontrado principalmente


no litoral sul. Tradicionalmente, a planta é utilizada pela população no tratamento da úlcera
gástrica, artrite reumatoide e diversos processos inflamatórios e infecciosos.

Resultado dos esforços de grupos de pesquisa de universidades brasileiras, a eficácia e


propriedades terapêuticas da erva-baleeira foram comprovadas; do óleo essencial obtido das

97
folhas foi encontrado os compostos –humuleno e trans-cariofileno, de ação anti-inflamatória.
Estudos farmacológicos demonstraram que os ativos presentes no óleo essencial são capazes
de inibir a produção de mediadores inflamatórios, como a prostaglandina E2, citocinas pró-
inflamatórias IL-1 e TNF-.

Atualmente, está disponível o medicamento Acheflan®, primeiro fitoterápico


desenvolvido no Brasil, indicado para situações de tendinites e afecções da musculatura
esquelética associada à dor e inflamação, como dorsalgia e lombalgia.

Administrado topicamente a cada oito horas na forma de creme ou aerossol contendo


5 mg de óleo essencial em cada grama. O tratamento varia de acordo com a afecção podendo
chegar até quatro semanas. Não há relatos de reações adversas com a administração de
preparações de erva-baleeira.

FIGURA 13 - Salix (casca de salgueiro)

Desde a Grécia antiga os extratos de plantas que contêm salicina eram utilizados para
alívio da dor e redução da febre. A árvore do salgueiro é uma espécie de Salix indicada na
Fitoterapia para doenças febris, problemas reumáticos e dor de cabeça, sendo comum sua
utilização na forma de chás antirreumáticos e diaforéticos.

A espécie Salix alba (salgueiro branco), Salix fragilis (salgueiro frágil) e Salix purpurea
(salgueiro roxo) apresentam alto teor de salicilina – um β-glicosil alcoólico; além de 8-20% de
taninos. A presença de taninos justifica o desconforto gástrico causado pelas infusões da casca
do salgueiro por ser um irritante da mucosa gástrica.

Em estudos clínicos com pacientes com osteoartrite do quadril e joelho tratados com
um extrato de casca de salgueiro, equivalente a 240 mg de ácido salicílico e avaliados quanto a
dor foi observado que em comparação com o placebo, os pacientes tratados com salicilato
apresentaram melhora significativa após 14 dias de tratamento, evidenciando assim o efeito
anti-inflamatório e analgésico desta espécie, além de sua atividade diaforética

2 PLANTAS TÓXICAS

As plantas tóxicas de maior distribuição no Brasil, de acordo com o Sistema Nacional


de Informações Toxicológicas – SINITOX – são:

98
FIGURA 14 - Copo-de-leite

FAMÍLIA: Araceae.

NOME CIENTÍFICO: Zantedeschia aethiopica Spreng.

NOME POPULAR: copo-de-leite.

PARTE TÓXICA: todas as partes da planta.

PRINCÍPIO ATIVO: Oxalato de Cálcio.

QUADRO CLÍNICO: Irritante mecânico por ingestão e contato (ráfides).

Dor em queimação, eritema e edema (inchaço) de lábios, língua, palato e faringe.

Sialorreia, disfagia, asfixia.

FIGURA 15 - Comigo-ninguém-pode

FAMÍLIA: Araceae.

NOME CIENTÍFICO: Dieffenbachia picta Schott.

NOME POPULAR: aninga-do-Pará.

99
PARTE TÓXICA: todas as partes da planta.

PRINCÍPIO ATIVO: Oxalato de Cálcio.

QUADRO CLÍNICO: Irritante mecânico por ingestão e contato (ráfides). Dor em


queimação, eritema e edema (inchaço) de lábios, língua, palato e faringe. Sialorreia, disfagia,
asfixia.

Cólicas abdominais, náuseas, vômitos e diarreia. Contato ocular: irritação intensa com
congestão, edema, fotofobia. Lacrimejamento.

FIGURA 16 - Tinhorão

FAMÍLIA: Araceae.

NOME CIENTÍFICO: Caladium bicolor Vent.

NOME POPULAR: tajá, taiá, caládio.

PARTE TÓXICA: todas as partes da planta.

PRINCÍPIO ATIVO: Oxalato de Cálcio.

QUADRO CLÍNICO: Irritante mecânico por ingestão e contato (ráfides). Dor em


queimação, eritema e edema (inchaço) de lábios, língua, palato e faringe.

Sialorreia, disfagia, asfixia. Cólicas abdominais, náuseas, vômitos e diarreia. Contato


ocular: irritação intensa com congestão, edema, fotofobia. Lacrimejamento.

FIGURA 17 - Taioba-brava

100
FAMÍLIA: Araceae.

NOME CIENTÍFICO: Colocasia antiquorum Schott.

NOME POPULAR: cocó, taió, tajá.

PARTE TÓXICA: todas as partes da planta.

PRINCÍPIO ATIVO: Oxalato de Cálcio.

QUADRO CLÍNICO: Irritante mecânico por ingestão e contato (ráfides).

Dor em queimação, eritema e edema (inchaço) de lábios, língua, palato e faringe.

Sialorreia, disfagia, asfixia. Cólicas abdominais, náuseas, vômitos e diarreia.

Contato ocular: irritação intensa com congestão, edema, fotofobia. Lacrimejamento.

Banana-de-macaco

FAMÍLIA: Annonaceae.

NOME CIENTÍFICO: Rollinia leptopetala R.E.Fr.

101
NOME POPULAR: Araticum, Ata-brava, Banana-de-macaco, Bananinha, Bananinha-de-
macaco, Bananinha-de-quemquem, Fruta-de-macaco, Pereiro PARTE TÓXICA: todas as partes
da planta.

PRINCÍPIO ATIVO: Oxalato de Cálcio.

QUADRO CLÍNICO: Irritante mecânico por ingestão e contato (ráfides). Dor em


queimação, eritema e edema (inchaço) de lábios, língua, palato e faringe. Sialorreia, disfagia,
asfixia. Cólicas abdominais, náuseas, vômitos e diarreia. Contato ocular: irritação intensa com
congestão, edema, fotofobia. Lacrimejamento.

FIGURA 18 - Coroa-de-cristo

FAMÍLIA: Euphorbiaceae.

NOME CIENTÍFICO: Euphorbia milii L.

NOME POPULAR: coroa-de-cristo.

PARTE TÓXICA: todas as partes da planta.

PRINCÍPIO ATIVO: Látex Irritante.

QUADRO CLÍNICO: Irritação de pele e mucosas com hiperemia ou vesículas e bolhas;


pústulas, prurido, dor em queimação. Ingestão: lesão irritativa, sialorreia, disfagia, edema de
lábios e língua, dor em queimação, náuseas, vômitos. Contato ocular: Conjuntivite (processos
inflamatórios), lesões de córnea.

FIGURA 19 - Bico-de-papagaio

102
FAMÍLIA: Euphorbiaceae.

NOME CIENTÍFICO: Euphorbia pulcherrima Willd.

NOME POPULAR: rabo-de-arara, papagaio.

PARTE TÓXICA: todas as partes da planta.

PRINCÍPIO ATIVO: Látex Irritante.

QUADRO CLÍNICO: Irritação de pele e mucosas com hiperemia ou vesículas e bolhas;


pústulas, prurido, dor em queimação. Ingestão: lesão irritativa, sialorreia, disfagia, edema de
lábios e língua, dor em queimação, náuseas, vômitos. Contato ocular: Conjuntivite (processos
inflamatórios), lesões de córnea.

FIGURA 20 - Avelós

FAMÍLIA: Euphorbiaceae.

NOME CIENTÍFICO: Euphorbia tirucalli L.

NOME POPULAR: graveto-do-cão, figueira-do-diabo, dedo-do-diabo, pau-pelado,


árvore de São Sebastião.

PARTE TÓXICA: todas as partes da planta.

103
PRINCÍPIO ATIVO: Látex Irritante.

QUADRO CLÍNICO: Irritação de pele e mucosas com hiperemia ou vesículas e bolhas;


pústulas, prurido, dor em queimação.

Ingestão: lesão irritativa, sialorreia, disfagia, edema de lábios e língua, dor em


queimação, náuseas, vômitos. Contato ocular: Conjuntivite (processos inflamatórios), lesões
de córnea.

Obs.: Alguns estudos brasileiros verificaram atividade anticancerígena de componentes


da planta.

FIGURA 21 - Pinhão-roxo

FAMÍLIA: Euphorbiaceae.

NOME CIENTÍFICO: Jatropha curcas L.

NOME POPULAR: pinhão-de-purga, pinhão-paraguaio, pinhão-bravo, pinhão, pião,


pião-roxo, mamoninho, purgante-de-cavalo.

PARTE TÓXICA: folhas e frutos.

PRINCÍPIO ATIVO: Toxalbumina (curcina).

QUADRO CLÍNICO: Ingestão: ação irritativa do trato gastrointestinal, dor abdominal,


náuseas, vômitos, cólicas intensas, diarreia às vezes sanguinolenta. Hipotensão, dispneia,
arritmia, parada cardíaca. Evolução para desidratação grave, choque, distúrbios
hidroeletrolíticos, torpor, hiporreflexia, coma. Pode ocorrer insuficiência renal.

Contato: látex, pelos e espinhos: irritante de pele e mucosas.

FIGURA 22 - Mamona

104
FAMÍLIA: Euphorbiaceae.

NOME CIENTÍFICO: Ricinus communis L.

NOME POPULAR: carrapateira, rícino, mamoeira, palma-de-cristo, carrapato.

PARTE TÓXICA: sementes.

PRINCÍPIO ATIVO: Toxalbumina (ricina).

QUADRO CLÍNICO: Ingestão: ação irritativa do trato gastrointestinal, dor abdominal,


náuseas, vômitos, cólicas intensas, diarreia às vezes sanguinolenta. Hipotensão, dispneia,
arritmia, parada cardíaca. Evolução para desidratação grave, choque, distúrbios
hidroeletrolíticos, torpor, hiporreflexia, coma. Pode ocorrer insuficiência renal.

Contato: látex, pelos e espinhos: irritante de pele e mucosas.

FIGURA 23 - Saia-branca

FAMÍLIA: Solanaceae.

NOME CIENTÍFICO: Datura suaveolens L.

NOME POPULAR: trombeta, trombeta-de-anjo, trombeteira, cartucheira, zabumba.

PARTE TÓXICA: todas as partes da planta.

PRINCÍPIO ATIVO: alcaloides beladonados (atropina, escopolamina e hioscina).

105
QUADRO CLÍNICO: Início rápido: náuseas e vômitos. Quadro semelhante à intoxicação
poratropina: pele quente, seca e avermelhada, rubor facial, mucosas secas, taquicardia,
midríase, agitação psicomotora, febre, distúrbios de comportamento, alucinações e delírios,
vasodilatação periférica.

Nos casos graves: depressão neurológica e coma, distúrbios cardiovasculares,


respiratórios e óbito.

FIGURA 24 - Saia-roxa

NOME CIENTÍFICO: Datura metel.

NOME POPULAR: Saia-roxa.

PARTE TÓXICA: Semente.

PRINCÍPIO ATIVO: Alcaloide daturina.

QUADRO CLÍNICO: Início rápido: náuseas e vômitos. Quadro semelhante à intoxicação


por atropina: pele quente, seca e avermelhada, rubor facial, mucosas secas, taquicardia,
midríase, agitação psicomotora, febre, distúrbios de comportamento, alucinações e delírios,
vasodilatação periférica. Nos casos graves: depressão neurológica e coma, distúrbios
cardiovasculares, respiratórios e óbito.

FIGURA 25 - Estramônio

106
FAMÍLIA: Solanaceae.

NOME CIENTÍFICO: Datura stramonium L.

NOME POPULAR: Zabumba, Mata zombando, Figueira do inferno.

PARTE TÓXICA: todas as partes da planta.

PRINCÍPIO ATIVO: Plantas Beladonadas.

QUADRO CLÍNICO: Início rápido: náuseas e vômitos.

Quadro semelhante à intoxicação poratropina: pele quente, seca e avermelhada, rubor


facial, mucosas secas, taquicardia, midríase, agitação psicomotora, febre, distúrbios de
comportamento, alucinações e delírios, vasodilatação periférica.

Nos casos graves: depressão neurológica e coma, distúrbios cardiovasculares,


respiratórios e óbito.

FIGURA 26 - Lírio

107
FAMÍLIA: Meliaceae.

NOME CIENTÍFICO: Melia azedarach L.

NOME POPULAR: Lilás ou lírio-da-índia, cinamomo, lírio ou lilás-da-china, lírio ou lilás-


do-japão, jasmim-de-caiena, jasmim-de-cachorro, jasmim-de-soldado, árvore-santa, loureiro-
grego, Santa Bárbara.

PARTE TÓXICA: frutos e chá das folhas.

PRINCÍPIO ATIVO: saponinas e alcaloides neurotóxicos (azaridina).

QUADRO CLÍNICO: Início rápido: náuseas e vômitos. Quadro semelhante à intoxicação


poratropina: pele quente, seca e avermelhada, rubor facial, mucosas secas, taquicardia,
midríase, agitação psicomotora, febre, distúrbios de comportamento, alucinações e delírios,
vasodilatação periférica. Nos casos graves: depressão neurológica e coma, distúrbios
cardiovasculares, respiratórios e óbito.

FIGURA 27 - Chapéu-de-Napoleão

108
FAMÍLIA: Apocynaceae.

NOME CIENTÍFICO: Thevetia peruviana Schum.

NOME POPULAR: jorro-jorro, bolsa-de-pastor.

PARTE TÓXICA: todas as partes da planta.

PRINCÍPIO ATIVO: Glicosídeos Cardiotóxicos.

QUADRO CLÍNICO: Quadro semelhante à intoxicação por digitálicos.

INGESTÃO: dor/queimação, sialorreia, náuseas, vômitos, cólicas abdominais, diarreia.


Manifestações neurológicas com cefaleia, tonturas, confusão mental e distúrbios visuais.
Distúrbios cardiovasculares: arritmias, bradicardia, hipotensão.

Contato ocular: fotofobia, congestão conjuntival e lacrimejamento.

FIGURA 28 - Oficial de sala

FAMÍLIA: Asclepiadaceae.

NOME CIENTIFICO: Asclepias curassavica L

109
NOME POPULAR: Paina-de-sapo, oficial-de-sala, cega-olhos, erva-de-paina,
margaridinha, imbira-de-sapo, erva de rato falsa.

PARTE TÓXICA: todas as partes da planta.

PRINCÍPIO ATIVO: Glicosídeos Cardiotóxicos.

QUADRO CLÍNICO: Quadro semelhante à intoxicação por digitálicos.

Ingestão: dor/queimação, sialorreia, náuseas, vômitos, cólicas abdominais, diarreia.

Manifestações neurológicas com cefaleia, tonturas, confusão mental e distúrbios


visuais.

Distúrbios cardiovasculares: arritmias, bradicardia, hipotensão.

Contato ocular: fotofobia, congestão conjuntival, lacrimejamento.

FIGURA 29 - Espirradeira

FAMÍLIA: Apocynaceae.

NOME CIENTÍFICO: Nerium oleander L.

NOME POPULAR: oleandro, louro-rosa.

PARTE TÓXICA: todas as partes da planta.

PRINCÍPIO ATIVO: Glicosídeos Cardiotóxicos.

QUADRO CLÍNICO: Quadro semelhante à intoxicação por digitálicos. Ingestão:


dor/queimação, sialorreia, náuseas, vômitos, cólicas abdominais, diarreia.

Manifestações neurológicas com cefaleia, tonturas, confusão mental e distúrbios


visuais. Distúrbios cardiovasculares: arritmias, bradicardia, hipotensão.

Contato ocular: fotofobia, congestão conjuntival e lacrimejamento.

110
FIGURA 30 - Dedaleira

FAMÍLIA: Scrophulariaceae.

NOME CIENTÍFICO: Digitalis purpúrea L.

NOME POPULAR: Dedaleira, digital.

PARTE TÓXICA: Folha e Flor.

PRINCÍPIO ATIVO: Glicosídeos Cardiotóxicos.

QUADRO CLÍNICO: Quadro semelhante à intoxicação por digitálicos.

Ingestão: dor/queimação, sialorreia, náuseas, vômitos, cólicas abdominais, diarreia.

Manifestações neurológicas com cefaleia, tonturas, confusão mental e distúrbios


visuais. Distúrbios cardiovasculares: arritmias, bradicardia, hipotensão.

Contato ocular: fotofobia, congestão conjuntival e lacrimejamento.

FIGURA 31 - Mandioca-brava

FAMÍLIA: Euphorbiaceae.

NOME CIENTÍFICO: Manihot utilissima Pohl. (Manihot esculenta ranz).

NOME POPULAR: mandioca, maniva.

111
PARTE TÓXICA: raiz e folhas.

PRINCÍPIO ATIVO: Glicosídeos Cianogênicos.

QUADRO CLÍNICO: Liberam ácido cianídrico causando anoxia celular.

Distúrbios gastrointestinais: náuseas, vômitos, cólicas abdominais, diarreia, acidose


metabólica, hálito de amêndoas amargas. Distúrbios neurológicos: sonolência, torpor,
convulsões e coma.

CRISE TÍPICA: opistótono, trismas e midríase. Distúrbios respiratórios: dispneia,


apneia, secreções, cianose, distúrbios cardiocirculatórios. Hipotensão na fase final.

Sangue vermelho rutilante.

FIGURA 32 - Coração-de-negro ou Pessegueiro-bravo

FAMÍLIA: Rosaceae.

NOME CIENTÍFICO: Prunus sphaerocarpa SW.

NOME POPULAR: pessegueiro-bravo, marmeleiro-bravo.

PARTES TÓXICAS: frutas e sementes.

PRINCÍPIO ATIVO: Glicosídeos Cianogênicos.

QUADRO CLÍNICO: Liberam ácido cianídrico, causando anoxia celular. Distúrbios


gastrointestinais: náuseas, vômitos, cólicas abdominais, diarreia, acidose metabólica, hálito de
amêndoas amargas. Distúrbios neurológicos: sonolência, torpor, convulsões e coma. Crise
típica: opistótono, trismas e midríase. Distúrbios respiratórios: dispneia, apneia, secreções,
cianose, distúrbios cardiocirculatórios.

Hipotensão na fase final. Sangue vermelho rutilante.

FIGURA 33 - Giesta

112
FAMÍLIA: Leguminosae (Fabaceae).

NOME CIENTÍFICO: Cytisus Scoparius.

NOME POPULAR: Giesta.

PARTE TÓXICA: Folha, Caule e Flor.

PRINCÍPIO ATIVO: Alcaloides não Atropínicos.

QUADRO CLÍNICO: Predominam sintomas gastrointestinais: náuseas, cólicas


abdominais e diarreia. Distúrbios hidroeletrolíticos. Raramente torpor e discreta confusão
mental.

Joá

NOME POPULAR: Joá.

PARTE TÓXICA: Fruto e Semente.

PRINCÍPIO ATIVO: Alcaloides não Atropínicos.

113
QUADRO CLÍNICO: Predominam sintomas gastrointestinais: náuseas, cólicas
abdominais e diarreia. Distúrbios hidroeletrolíticos. Raramente torpor e discreta confusão
mental, sintomas de intoxicação atropínica e, às vezes, obstrução intestinal. Torpor, astenia e
prostração. Quadro simula abdômen agudo.

FIGURA 34 - Esporinha

FAMÍLIA: Ranunculaceae.

NOME CIENTÍFICO: Delphinium spp .

NOME POPULAR: Esporinha.

PARTE TÓXICA: Semente.

PRINCÍPIO ATIVO: Alcaloides não Atropínicos (Alcaloide delfina).

QUADRO CLÍNICO: Predominam sintomas gastrointestinais: náuseas, cólicas


abdominais e diarreia. Distúrbios hidroeletrolíticos. Raramente torpor e discreta confusão
menta

FIGURA 35 - Flor-das-almas

114
FAMÍLIA: Asteraceae.

NOME CIENTÍFICO: Senecio spp.

NOME POPULAR: maria-mole, tasneirinha, flor-das-almas.

PRINCÍPIO ATIVO: Alcaloides não Atropínicos.

QUADRO CLÍNICO: Predominam sintomas gastrointestinais: náuseas, cólicas


abdominais e diarreia. Distúrbios hidroeletrolíticos. Raramente torpor e discreta confusão
mental. Principalmente crônica pode causar doença hepática com evolução para cirrose ou S.
Budd-Chiari.

FIGURA 36 - Urtiga

FAMÍLIA: Urticaceae.

NOME CIENTÍFICO: Fleurya aestuans L.

NOME POPULAR: urtiga-brava, urtigão, cansanção.

PARTE TÓXICA: pelos do caule e folhas.

PRINCÍPIO ATIVO: histamina, acetilcolina, serotonina.

115
SINTOMAS: o contato causa dor imediata devido ao efeito irritativo, com inflamação,
vermelhidão cutânea, bolhas e coceira.

FIGURA 37 - Aroeira

FAMÍLIA: Anacardiaceae.

NOME CIENTÍFICO: Lithraea brasiliens March.

NOME POPULAR: pau-de-bugre, coração-de-bugre, aroeirinha preta, aroeira-do-mato,


aroeira-brava.

PARTE TÓXICA: todas as partes da planta.

PRINCÍPIO ATIVO: os conhecidos são os óleos voláteis, felandreno, carvacrol e pineno.

SINTOMAS: o contato ou, possivelmente, a proximidade provoca reação dérmica local


(bolhas, vermelhidão e coceira), que persiste por vários dias; a ingestão pode provocar
manifestações gastrointestinais.

Resgatando o Saber Popular para a comunidade que me procura

Todos os alimentos que forem ser usados ou não, devem ser higienizados, os legumes,
verduras ,frutas e ervas.

Lavar um a um com água corrente, esfregando com as mãos .Preparar uma solução clorada de
1 colher de sopa de água sanitária (pode desinfetante 2,5% de cloro) para cada litro de água.

Deixar agir por 10 minutos

Preparo das ervas para tintura mãe

150 gramas de folhas secas das ervas

200 gramas de folhas verdes

Duração para ser usada ,de 7 a 10 dias (plantas secas).

116
Duração de preparação das plantas verdes de 10 a 20 dias

Xarope terapêutico

1 litro de açúcar para ½ litro de água

Deixar ferver por 40 minutos

Para formar um caramelo com consistência de xarope, para todos os medicamentos dar um
ótimo paladar e ficar mais fácil de tomar.

Shampoo De Calêndula

Ingredientes:250 Gr de base para shampoo

10 ml de tintura de calêndula

5 gotas de essência a gosto

Modo de fazer: 2l de água morna. Juntar todos os ingredientes e bater por 20 minutos ,após,
despejar nos frascos.

Indicação: anti bactericida ,cicatrizante e seborreico.

Dica terapêutica

CRT:44547

117
Pomada de confrei: para que serve e como fazer

Remédio natural utilizado pelos mais velhos como um poderoso anti-inflamatório, o confrei
pode tratar contusões musculares e artrite e artrose, mas também pode intoxicar.

Planta originária da Europa e de algumas regiões Asiáticas, o confrei cresce com troncos
grossos e atinge até um metro de altura. De flores amarelas, brancas ou violetas, adapta-se em
solos úmidos e, geralmente, suas folhas é que são utilizadas para preparar pomadas caseiras.

118
Usando o confrei corretamente, você terá beneficio terapêutico.Associação Ipês – psam

Propriedades do confrei

Rico em alantoína, tanino, saponina, colina, açúcares, triterpeno, vitaminas, aminoácidos,


esteróides e ácidos orgânico, fólico e rosmarinico, a planta age como anti-inflamatório
natural, calmante, analgésico e adstringente.

Benefícios do creme de confrei

O creme de confrei é utilizado na medicina natural principalmente pelas substâncias anti-


inflamatórias e pela presença do acido úrico, que ajuda na renovação celular.

 Trata feridas;
 Reduz inflamações;
 Combate entorses;
 Trata artrite e artrose;
 Ameniza a dor de contusões ósseas;
 Desinflama contusões nervosas;
 Trata rompimento de ligamentos;
 Auxilia na recuperação de fraturas;

119
Contra indicação

Embora considerado um ótimo remédio muscular natural, o confrei possui substâncias


altamente tóxicas que, se ingeridas, podem até causar a morte.

O uso deve ser restringido em peles sensíveis e irritadas.

Como fazer pomada de confrei

Receita

Ingredientes:

 200 g de vaselina sólida ou 200 ml do olio de gira sol;


 20 ml de tintura ou 20 g de folhas de confrei trituradas;
 1 colher de chá de essência a gosto;

Como preparar: Leve ao fogo em banho maria por 40 minutos

Misture todos os ingredientes até formar uma mistura homogênea. Guarde na geladeira e
passe com movimentos circulares nas regiões lesionada sempre que precisar
Conceito: Nunca use o confrei sozinho dentro de uma ferida aberta, sempre coloque a
tanssagem ou arnica .

120
Pomada de arnica
A pomada, que é usada desde a antiguidade, é feita do extrato de flores verdes da arnica, e é
vendida em farmácias e lojas de produtos naturais. Seu uso é externo e é indicado para
problemas como: contusão, hematomas, dores musculares, artrite e artrose e traumatismos.
É importante que a pomada seja aplicada ao menos três vezes ao dia no local afetado,
acompanhada de uma leve massagem para potencializar seus efeitos.

Chá de arnica
O chá, que é feito com as flores da arnica, é utilizado como compressa para
contusões, reumatismo, dores de cabeça e no alívio de inchaços sendo bastante benéfico para
problemas de circulação. É importante destacar que o mesmo deve ser usado externamente,
pois a planta possui substâncias que podem provocar vômitos, dores abdominais e aumento
da pressão arterial.
Gel de arnica

O gel de arnica tem função bastante similar à pomada, contudo possui textura diferente e é
feito a partir de um extrato concentrado natural da planta. Usado para dores diversas, traumas

121
musculares, hematomas e torções. Pode ser encontrado em farmácias e lojas de produtos
naturais.

Contra-indicações e efeitos colaterais

O uso da arnica deve ser sempre acompanhado de indicações terapeuticas, pois a planta
possui substâncias tóxicas que podem causar irritações estomacais como as citadas acima
(vômitos, dores abdominais), além de problemas circulatórios como arritmias cardíacas e
aumento da pressão arterial. É contraindicado o uso durante a gravidez e em feridas expostas
(sem pele).

A arnica sempre é indicada para massagens torções e para usos externos.

O uso oral é indicado pelo farmacêutico, fitoterapico ou terapêutico

Obejetivo geral desta dica é unir os talentos terapêuticos, complementares, artesanais,


medicinais e tudo baseado na saúde usando a natureza em geral. Como Preparar a Pomada de
Arnica

Ingredientes:

200 g de vaselina sólida ou 200 ml de oleo de gira sol;

20 ml de tintura da arnica ou 20 g de arnica triturada.

Modo de Preparar - Pomada Terapêutica

Junte todos os ingredientes e leve ao fogo por 40 minutos em banho – maria e despejar nos
frascos

Faça o mesmo com o óleo e nunca use a arnica dentro de um ferimento aberto, fazer os
curativos coloque juntos confrei e arnica.

Sabonete de Arnica

Ingredientes:

Uma base de 1kg

40ml de tintura de arnica

15 gotas de essência a gosto

122
Modo de fazer:

Picar a base, levar ao fogo num recipiente de louça ou inox em banho-maria e derreter. Após,
misture os ingredientes certos. Colocar nas formas durante 3 horas.

Shampoo de Arnica

Ingredientes:

250g de base para Shampoo

10ml de tintura de arnica

15 gotas de essência de agosto

Modo de fazer:

2l de água morna. Juntar todos os ingredientes e bater por 20 minutos, após, despejar nos
frascos.

TERAPIA COMPLEMENTAR ARTESANAL

Dica terapêutica CRT:44547

Pomada de Aroeira

Ingredientes:20 Gr de aroeira em pó

200 Gr de vaselina sólida

Modo de fazer: Junte todos os ingredientes e leve ao fogo por 40

minutos em banho-maria e despejar nos frascos.

Indicação:Anti-bactéricida, para acnes,e Antiviral.

Shampoo De Aroeira

Ingredientes:250 Gr de base para shampoo

123
10 ml de tintura de aroeira

5 gotas de essência a gosto

Modo de fazer: 2l de água morna. Juntar todos os ingredientes e bater por 20


minutos ,após, despejar nos frascos.

Indicação: Proteção para o couro cabeludo

Elimina as caspas

*Sabonete de Aroeira

Ingredientes: Uma base de 1 kg

40 ml de tintura de aroeira

6 gotas de essência a gosto

Esta quantidade e para 10 sabonetes

Modo de fazer: Picar a base, levar ao fogo num recipiente de louça ou inox em banho-
maria até derreter. Após, misture os ingredientes certos. Colocar nas formas durante 3
horas.

Indicação: para micoses da pele.

“ENCONTRE NAS PLANTAS SAÚDE BELEZA E HARMONIA PARA SUA VIDA”

TERAPIA COMPLEMENTAR ARTESANAL dica terapêutica CRT:44547

124
Pomada Ipê Roxo

Ingredientes:20 Gr de ipê roxo

200 Gr de vaselina sólida.

Modo de fazer: Junte todos os ingredientes e leve ao fogo por 40

minutos em banho-maria e despejar nos frascos.

Indicação:Para micose da pele,é anti-inflamatório, antibiótico analgésico,artrite e


artrose.É ideal para alguns tipos de câncer psoríase, para candidise.E vaginites, ele pode
ser empregado também na forma interna ou em forma de banho de assento .

Shampoo De Ipê Roxo

Ingredientes:250 Gr de base para shampoo

10 ml de tintura de ipê roxo,5 gotas de essência a gosto.

Modo de fazer: 2l de água morna. Juntar todos os ingredientes e bater por 20


minutos ,após, despejar nos frascos.

Indicação:Proteção para o couro cabeludo e elimina as caspas.

*Sabonete Ipê roxo

Ingredientes: Uma base de 1 kg

4 ml de tintura de ipê roxo , 6 gotas de essência a gosto

Esta quantidade é para 10 sabonetes

Modo de fazer: Picar a base, levar ao fogo num recipiente de louça ou inox em banho-
maria até derreter. Após, misture os ingredientes certos. Colocar nas formas durante 3
horas.

125
Indicação: Inibir as células cancerosas

Óleo De Cravo

Ingredientes: 30 Gr de cravo da índia

200 ml de óleo de oliva ou de girassol

Modo de fazer:Misture tudo e cozinhe em banho-maria por

Uma hora.Deixe esfriar, coe e guarde em um vidro limpo e seco

Indicação:Use este óleo para massagear as unhas encravadas .

TERAPIA COMPLEMENTAR ARTESANAL

Dica terapêutica CRT:44547

Pomada Barbatimão

Ingredientes: 20 Gr de barbatimão

200 Gr de vaselina sólida.

Modo de fazer: Junte todos os ingredientes e leve ao fogo por 40

minutos em banho-maria e despejar nos frascos.

Indicação: cascas, úlceras, feridas, impigens, doenças da pele, infecções da garganta,


corrimento vaginal, leucorréia, gonorréia, catarro uretral e vaginal

*Sabonete de Barbatimão

Ingredientes: Uma base de 1 kg

40 ml de tintura de barbatimão

126
15 gotas de essência a gosto

Esta quantidade e para 10 sabonetes.

Modo de fazer: Picar a base, levar ao fogo num recipiente de louça ou inox em banho-
maria até derreter. Após, misture os ingredientes certos. Colocar nas formas durante 3
horas.

Indicação:úlceras da pele e anti-inflamatório.

Shampoo De Barbatimão

Ingredientes:250 Gr de base para shampoo

10 ml de tintura de barbartimão

15 gotas de essência a gosto.

Modo de fazer: 2l de água morna. Juntar todos os ingredientes e bater por 20


minutos ,após, despejar nos frascos.

Indicação:Para eliminar as quedas de cabelos.

TERAPIA COMPLEMENTAR ARTESANAL

Dica terapêutica CRT:44547

Pomada de tomate

Ingredientes:20 Gr de tomate

200 Gr de vaselina sólida.

Modo de fazer: Junte todos os ingredientes e leve ao fogo por 40

minutos em banho-maria e despejar nos frascos.

Indicação

127
-Picada de inseto,para hemorróida externa.,para furuncos, obscesso. para queimadura
do sol.

Sabonete de calêndula

Ingredientes:Uma base de 1 kg

40 ml de tintura de calêndula

6 gotas de essência a gosto

Esta quantidade da para 10 sabonetes

Modo de fazer:Picar a base, levar ao fogo num recipiente de louça ou inox em banho-
maria até derreter.Após, misture os ingredientes certos.Colocar nas formas durante 3
horas.

Indicação: Anti-bactericida

Esta dica foi pesquisada por Cristiano Marcos Barbosa Terapeuta Holístico e
Graduando em Farmacia Diretor da Associação Ipês -Psam. e Maria Ap. Dos Santos
Barbosa, auxiliar de enfermagem terapeuta holística, vice – presidente da associação
Ipês Psam do Projeto semente 3 – Ação Mulher .

E-MAIL: progetosemente@msn.com/ psam.ipes@gmail.com

Alimento.
Aquilo que a pessoa ingere e a maneira que o faz, reflete em grande parte seu estado
íntimo, sendo o funcionamento somático um dos espelhos mais visíveis da
consciência. Vale frisar aqui que aparência física não é sinônimo de saúde, visto que
existem muitos indivíduos esteticamente considerados "rechonchudos" mas com um
organismo saudável, e outros ditos "esbeltos" porém comum estado orgânico deplorável .

TROFOTERAPIA

Trofoterapia. A Trofoterapia busca esclarecer aos interessados quais são os


princípios da alimentação correta. Ela é um dos pilares da Naturopatia, porque, se
fazemos um tratamento de desintoxicação e vitalização do organismo e não
mudamos nossos hábitos alimentares, é uma simples questão de tempo para as
queixas, dores e indisposições retornarem (auto-assédio
puro).

ALIMENTOS ESSENCIAIS PARA O CONSUMO


(adulto 70kg)
VEGETAIS: Pelo menos 2 porções diárias.
FRUTAS: No mínimo 2 qualidade diferentes por dia .

128
OVOS: 1 ou 2 ovos por semana .

PROTEINA : 2 porções diárias de feijão ou castanha ou soja ou peixe ou carne branca ou ........

CEREAIS : Ou pão integral no almoço e jantar.

Observações:

Açúcar, só o mascavo ou, na falta deste, o cristal (o branco é desmineralizante e altera o nível
de glicose).
Ovos, somente caipiras (os de granja contêm antibióticos carcinogênicos).

Leite, unicamente em pó e, se possível, de cabra (o leite ordenhado mecanicamente não é


aconselhável).
Queijo, apenas fresco ou de preferência a ricota (o queijo nada mais e que o leite concentrado )
Margarina jamais (contem produtos altamente tóxicos ).
Se comer frango ,somente o caipira (o de granja contem antibióticos ,anti-estressantes,entre outros).
Cereais, devem ser integrais (o processo de refino tira os nutrientes essenciais).
Sal, só marinho (o refinado tem excesso de potássio e iodo)

A COMBINAÇÃO BIOQUÍMICA DOS ALIMENTOS

Incompatibilidade. Comumente, geramos substâncias


irritantes ao organismo quando utilizamos vários tipos de alimentos na mesma refeição,
devido à incompatibilidade bioquímica entre alguns deles. Isso, a médio e longo prazo,
causa intoxicação do sangue, abrindo espaço para que as disfunções apareçam. O ideal,
num prato de comida, é que este apresente apenas 1 tipo de amido, ocupando 20% do
mesmo, várias verduras e uma leguminosa recém-cozida (ocupando 70%) e um pouco de
proteína (ocupando 10%), conforme o gráfico:

10% Proteína: soja ou peixe ou castanha ...


20% Carbohidrato: arroz ou batata ou macarrão ...
70% Vitaminas: beterraba-cenoura-couve-brócoli...

129
Desjejum. No desjejum, os mais radicais ingerem apenas fruta e de um único tipo. A única
combinação saudável de frutas é a de banana, maçã, mamão e pêra. Para os moderados,
pode-se agregar pão ou cereais com leite (granola).

Jantar. No jantar, repete-se o almoço, porém a quantidade de alimento deve ser menor.

Cardápio. Cada um pode elaborar um cardápio de acordo com o gosto, desde que regulado
pelas regras aqui transmitidas, ou seja, prático e saudável.

Cereal. Devemos comer quando temos fome e não apenas de acordo com o relógio. Por isso,
é válido sempre estarmos com alguma barra de cereais, para os "casos de emergência"
Evitações. Evitar não quer dizer nunca fazer. Radicalismo é ignorância. O mais sábio é ter como
regra (dia-a-dia) os conselhos aqui sugeridos e, de vez em quando, cometer algumas exceções.
Alguns nãos:
Não misturar doces com salgados nem frutas com verduras (sobremesas!). Não alimentar-se
demais antes de dormir (2 hs de antecedência, no mínimo). Não ingerir produtos
industrializados (doces, bolachas, refrigerantes, café, chá preto, enlatados, conservas e
apresuntados) , pois contem aditivos químicos perniciosos.
Não ingerir líquidos durante as refeições.
• Não comer frituras.
• Não "lambiscar" entre as refeições.
• Não deitar-se após as refeições (procurar movimentar- se).
• Não comer apressadamente (procurar mastigar bem os alimentos antes de engolir).

Carne. A questão do consumo de carne e polemica por vários motivos (nutricionais ,econômicos ,de
saúde publica –vaca louca !!!- energéticos ,éticos e estéticos ,entre outros ).O indivíduo deve
analisar por si próprio qual
o tipo e a quantidade de alimento que melhor supri as suas necessidades orgânicas, sem
fanatismos. Para a maioria
das pessoas aconselha-se substituir, gradualmente, a carne de boi, porco e frango por peixes (de água
doce e salgada), frutos do mar, soja, castanhas, nozes, azeitonas, gergelim, côco, abacate, enfim,
priorizar o consumo de fitoproteínas.

Tóxicos. O consumo exagerado de carne não é aconselhável devido aos tóxicos


cancerígenos nela encontrados: dietilbestrol (hormônio de crescimento); sulfito de sódio
(usado para melhorar o aspecto); nitrato de potássio (salitre; fixa o sulfito de sódio). A carne, mesmo
sem os tóxicos citados anteriormente, produz cadaverina, putrescina, indol, escatol, uréia e
ácido úrico ao putrefar no intestino. É comum, também, a aplicação de antibióticos
no rebanho, trazendo conseqüências imprevisíveis para os consumidores. Além disso, há
traços de DDT na carne, originário do pasto com o qual os animais se alimentam.

Constipação. Um dos problemas mais sérios do consumo de alimentos industrializados e do uso


excessivo de carne, são as toxinas que vão se acumulando no organismo a partir do intestino,
sendo a prisão de ventre uma das principais causas das disfunções orgânicas. Sabemos que
tanto os norte-americanos quanto os gaúchos são grande consumidores de carne. Pois
bem: numa pesquisa descobriu-se que o norte-americano tem, em média, 2,5 kg
de carne pútrida nas cavidades do intestino e que o Rio Grande do Sul tem o maior índice
de câncer do cólon no Brasil.

Orgânica. A Agricultura Orgânica, por ser livre de agrotóxicos, está crescendo

130
exponencialmente em alguns países, principalmente na Europa. Isso demonstra que a
sociedade, aos poucos, está vendo a importância de se seguir algumas leis básicas e simples
da natureza. Nós, enquanto indivíduos, podemos contribuir na efetivação dessa realidade.

Suplementos. Existem vários suplementos alimentares no mercado, cada um para uma carência
nutricional especifica .E preciso tomar cuidado , porem , quanto aos riscos do uso exagerado ou
indevido de alguns deles (modas vitamínicas ) .Se a pessoa consome alimentos variados e ricos em
nutrientes , o consumo de suplementos torna – se secundário . Contudo , 2 chamam a atenção clorela
e ginkgo biloba .

Clorela . A clorela e uma alga unicelular de água doce que surgiu há 2 bilhões de anos . Foi
descoberta no fim do século 19, sendo hoje consumida amplamente nos países do 1°
Mundo ,principalmente no Japão .Ela e conhecida como “pílula dos astronautas “,por ser um
ingrediente importante da sua dieta .A clorela e riquíssima em nutrientes tais como :clorofila,
oligoelementos ,riboflavoinoides ,aminoácidos ,vitaminas (inclusive a B12),entre outros .O ideal e a
ingestão de 2 comprimidos diários ,ad infinitum .

Ginkgo. Ginkgo biloba é uma planta originária do sul da China. Considerada sagrada pelos
budistas, foi o único ser vivo que resistiu à bomba de Hiroshima. Atua na oxigenação
celular, assim, é ótima para a circulação e a memória, além de combater os radicais livres.
Tomar 1 comprimido por dia.

Dieta. Segue uma dieta naturopática de 28 dias (4 semanas). Se achar necessário,


acrescentar carne.

1º dia – Arroz integral; guisado quiabo. Salada de alface, repolho, cenoura, brócoli e abacate.
Sobremesa: iogurte natural ou coalhada.

2 °dia - Polenta; refogado de jiló. Salada de couve, rabanete e alface. Azeitona ou


côco. Couve-flor. Sobremesa: Idem ao 1º dia.

3º dia - Triguinho; refogado de abóbora. Salada de beterraba crua, pepino, alface,


escarola e ovo cozido. Sobremesa: Idem ao 1º dia.

4º dia - Purê de batatinha; sopa de bugre. Salada de escarola, couve chinesa e alface.
Gergelim ou castanha. Sobremesa: Idem ao 1º dia.

5º dia - Assado de soja. Salada de alface, tomate e pimentão. Sobremesa: Idem ao 1º dia.

6º dia - Arroz integral ensopado; guisado de vagens. Salada de abóbora madura,


alface, grão-de-bico. Sobremesa: Idem ao 1º dia.

7º dia - Batatinha assada (forno); strogonoff de glúten*. Salada de agrião, alface e tomate.

8º dia - Feijão azuki; arroz integral; refogado de chuchu. Salada de nabo, beterraba cozida e
alface.

131
9º dia - Torta de palmito; abacate. Salada de cenoura, chuchu cozido e repolho roxo.

10º dia - Assado de milho; macarrão integral. Salada de rabanete, escarola e alface.

11º dia - Sopa de ervilhas; pizza integral de cebola. Salada de tomate, alface e almeirão.
dia - Torta de berinjela; abacate ou côco. Salada de alface, tomate e cenoura.

13º dia - Quirera; proteína texturizada de soja (PTS). Salada de repolho, alface e brócoli.

14º dia - Batata-doce assada; arroz integral; abacate ou castanha. Salada de trigo germinado,
alface e tomate.

15º dia - Abóbora amassada; assado de triguinho. Salada de abobrinha verde, couve-flor e
cenoura.

16º dia - Berinjela assada; arroz integral; azeitonas. Salada de soja, tabule e alface.

17º dia - Lasanha de requeijão.. Salada de pepino, escarola e couve.

18º dia - Glúten recheado; farofa de cenoura com ervilha. Salada de tabule, cenoura e tomate.

19º dia - Torta de legumes; sopa de 4 cereais. Salada de ricota, almeirão e cebola.

20º dia - Esfirra de palmito; sopa de verduras. Salada de alface, beterraba crua com côco
ralado.

21º dia - Arroz integral; couve-flor gratinada. Salada de alface, beterraba e couve-chinesa.

22º dia - Assado de legumes; abacate. Salada de tomate, rabanete e couve.

23º dia - Arroz integral; lentilhas com legumes. Salada de pepino, almeirão e alface.

24º dia - Strogonoff de glúten; assado de berinjela. Salada de trigo germinado, couve-flor e alface.

25º dia - Grão-de-bico ensopado; refogado de jiló. Salada burguesa, legumes e alface.

26º dia - Torta paraguaia; frutas oleaginosas. Salada russa, tabule e cenoura.

27º dia - Torta de tomate; sopa de milho verde. Salada de abobrinha, tomate e nabo.

28º dia - Assado de mandioca; proteína de soja texturizada (PTS). Salada alface, repolho e pimentão.

* GLÚTEN

. Ingredientes: 2 Kg de farinha de trigo; 1 xíc. de shoyo; 1 cebola picada; 1 dente de alho; salsinha
picada.
2. Preparo: Amasse a farinha de trigo com água como se fosse massa de pão. Deixe de molho em
água durante 12 hs. Lave a massa com água corrente até sair todo o
amido. O que sobrar é para petiscos. Prepare um molho com os demais
ingredientes. Cozinhe os petiscos de glúten neste molho. Pronto para servir

132
Obs. Cuidar para não oferecer glúten para as pessoas que não o toleram (doença celíaca).

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BALUNAS, M. J., KINGHORN, D. Drug discovery from medicinal plants. Life Sciences,
2005. p. 431-41.

BRASIL, Congresso Nacional. Lei nº 6.360 de 23 de setembro de 1976. Dispõe sobre a


vigilância sanitária a que ficam sujeitos os medicamentos, as drogas, os insumos farmacêuticos
e correlatos, cosméticos, saneantes e outros produtos e dá outras providências. D. O. U.
Brasília, 24 set. 1976.

BRASIL, Ministério da Saúde. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Resolução RDC


nº. 210, de 04 de agosto de 2003. Determina a todos os estabelecimentos fabricantes de
medicamentos, o cumprimento das diretrizes estabelecidas no Regulamento Técnico das Boas
Práticas para a Fabricação de Medicamentos, conforme ao Anexo I da presente Resolução. D.
O. U. Poder Executivo, Brasília, 14

ago. 2003.

______. Ministério da Saúde. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. RDC nº 48

de 16 de março de 2004. Dispõe sobre o registro de medicamentos fitoterápicos. D.

O. U. Brasília, 18 mar. 2004.

______. Ministério da Saúde. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. RDC nº 48

de 16 de março de 2004. Dispõe sobre o registro de medicamentos fitoterápicos. D.

O. U. Brasília, 18 mar. 2004.

______. Ministério da Saúde. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. RE nº 88 de 16


de março de 2004. Dispõe sobre a Lista de referências bibliográficas para avaliação de
segurança e eficácia de fitoterápicos. D. O. U. Brasília, 18 mar. 2004.

______. Ministério da Saúde. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. RE nº 89 de 16


de março de 2004. Dispõe sobre a Lista de registro simplificado de fitoterápicos.

D. O. U. Brasília, 18 mar. 2004.

133
______Ministério da Saúde. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. RE nº 90 de 16 de
março de 2004. Dispõe sobre o Guia para os estudos de toxicidade de medicamentos
fitoterápicos. D. O. U. Brasília, 18 mar. 2004.

______. Ministério da Saúde. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. RE nº 91 de 16


de março de 2004. Dispõe sobre o Guia para realização de alterações, inclusões, notificações e
cancelamento pós-registro de fitoterápicos. D. O. U.

Brasília, 18 mar. 2004.

______. Ministério da Saúde. Portaria nº 971, de 03 de maio de 2006. Aprova a


Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares (PN- PIC) no Sistema Único de
Saúde. D. O. U. Poder Executivo, Brasília, 4 maio 2006.

BRASIL. Presidência da República. Decreto nº 5.813 de 22 de junho de 2006.

Aprova a Política Nacional de Plantas Medicinais e Fitoterápicos e dá outras


providências. D. O. U. Poder Executivo, Brasília, 23 jun. 2006.

COSTA, A. Farmacognosia. Fundação Calouste Gulbenkian. v. I, II e III, Lisboa -

Portugal, 2. ed. 1982.

EVANS, W. C. Pharmacognosy. W. B. Saunders, 5. ed. 2002.

FERRO, Degmar. Fitoterapia: conceitos clínicos. São Paulo: Atheneu, 2008.

FREITAS, Andreia. Estrutura de mercado do segmento de fitoterápicos no contexto


atual da indústria farmacêutica brasileira. Ministério da Saúde, 2007.

ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DA SAÚDE. National policy on traditional medicine and


regulation of herbal medicines – Report of a WHO global survey. Genebra, 2005.

SIMÕES, Maria Oliveira e cols. Farmacognosia: da planta ao medicamento.

VOLKER, Schulz.; HÄNSEL, Rudolf.; TYLER, Varro, E. Fitoterapia Racional. Um guia de


fitoterapia para as ciências da saúde. São Paulo: Manole, 2002.

PROJETO SEMENTE 3 AÇÃO MULHER(ASSOCIAÇÃO IPÊS-PSAM).

CNPJ: 13.386.223/0001-80

Telefone: (34)3255-6811/ 8825-8537

Email : progetosemente@msn.com / psam.ipes@gmail.com

134

Você também pode gostar