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Curso Terapeuta em Naturopatia - MÓDULO 3.

Plantas medicinais

Sumário

ERVAS MEDICINAIS ............................................................................................................... 2


Cuidado com as plantas ............................................................................................................. 2
PARA QUÊ SERVEM AS ERVAS? ......................................................................................... 3
HISTÓRIA DA UTILIZAÇÃO DAS ERVAS .......................................................................... 6
COMPROVAÇÃO BIOLÓGICA ........................................................................................... 10
A SABEDORIA DO USO DAS ERVAS ................................................................................. 12
O USO DAS ERVAS NO BRASIL .......................................................................................... 14
PLANTAS EM PERIGO .......................................................................................................... 16
Soluções .................................................................................................................................. 17
FUNÇÃO DOS METABÓLITOS............................................................................................ 20
METABOLISMO PRIMÁRIO DOS VEGETAIS ................................................................. 26
METABÓLITOS SECUNDÁRIOS ......................................................................................... 27
Terpenos .................................................................................................................................. 28
Sesquiterpenos..................................................................................................................... 30
Monoterpenos ...................................................................................................................... 31
Diterpenos ........................................................................................................................... 32
Triterpenos .......................................................................................................................... 32
Tetraterpenos ....................................................................................................................... 33
Politerpenos ......................................................................................................................... 34
Meroterpenos....................................................................................................................... 34
Óleos essenciais ...................................................................................................................... 34
Compostos fenólicos ............................................................................................................... 37
Flavonóides ......................................................................................................................... 42
Taninos ................................................................................................................................ 43
ALCALÓIDES ........................................................................................................................ 44

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ERVAS MEDICINAIS

Muitas plantas sintetizam substâncias que são úteis para a manutenção da


saúde em humanos e animais. Muitos são metabólitos secundários, dos quais
pelo menos 12.000 foram isolados - um número estimado em menos de 10%
do total. Em muitos casos estas substâncias (em especial os alcalóides)
servem como mecanismos de defesa da planta contra a predação por
microorganismos, insetos e herbívoros. Muitas das ervas e especiarias
utilizadas por humanos para temperar alimentos produzem compostos
medicinais.

Cuidado com as plantas

Se as plantas são fáceis de usar, algumas também causam efeitos colaterais,


como todos os medicamentos, plantas medicinais devem ser utilizadas com
precaução. Recomenda-se usar somente plantas com base no parecer de um
especialista. A dosagem errada da efedrina (Ephedra sinica) é muito tóxica e
o confrei (Symphytum officinale), uma planta que já teve o seu auge, pode
ter efeitos fatais em certas circunstâncias.

No entanto, quando o tratamento com ervas é conduzido de forma correta,


os riscos de efeitos colaterais são muito limitados.

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PARA QUÊ SERVEM AS ERVAS?

O mundo vegetal é composto por três grupos principais de plantas: Superior,


Intermediario e Inferior. Entre estes grupos estão bactérias, algas
microscópicas, cogumelos, samambaias, musgos e árvores, entre outros. A
identificação é uma tarefa para especialistas e o limite entre o mundo vegetal
e o animal não é tão claro quanto se imagina. Para simplificar o assunto,
vamos considerar nós os humanos e as plantas que tanto bem nos fazem.
Livros sobre propriedades medicinais de plantas regularmente parecem tratar
as ervas e as plantas medicinais diferentemente. Porém, ervas são plantas
anuais, bienais ou perenes que não desenvolvem um tecido lenhoso.

Talvez pelo fato das ervas têrem um papel importante histórico e tradição de
cura, às vezes elas são tratadas como uma categoria especial de plantas, ou
seja, são avaliadas particularmente pelas suas qualidades medicinais, de
sabor ou aromas.

Como o nome tradicional ou popular das plantas medicinais variam muito


de acordo com aspectos regionais e culturais, a melhor maneira de se agrupar
as plantas é através do seu nome científico e seguido dos seus nomes
populares.

Plantas medicinais e ervas contêm substâncias conhecidas pelas civilizações


modernas e antigas pelas suas propriedades curativas. Até o
desenvolvimento da Química e, particularmente, da síntese de combinações
orgânicas no Século XIV, plantas medicinais e ervas eram a fonte exclusiva
de princípios ativos capazes de curar as doenças do homem. Elas continuam
sendo importantes para pessoas que não têm acesso a medicamentos
modernos e, além disso, os remédios farmacêuticos modernos contém os
mesmos princípios ativos muito mais concentrados, sejam eles naturais ou
sintéticos.

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Os princípios ativos diferem de planta para planta devido à biodiversidade


delas, isto é, pela habilidade de codificação genética da planta para os
produzir. Com milhares de princípios ativos ainda a serem descobertos ou
avaliados, não é nenhuma novidade que a biodiversidade é um tópico
fundamental em qualquer programa de trabalho de preservação da natureza.

O material genético das plantas deve ser conhecido para a descoberta de


novos princípios, afim de se combinar, manipular e sintetizar medicamentos
novos. Assim, até mesmo para pessoas que não tem interesse nos adventos
da indústria farmacêutica, as plantas e ervas medicinais continuam sendo a
fonte de medicamentos e de drogas novas e revolucionárias.

Se os princípios ativos de drogas sintéticas são tão importantes e podem ser


achados em muitas plantas e ervas, a um preço barato e facilmente
compradas na sua cidade, por que não usa-los? Se tomado na dose apropriada
e de forma correta, elas podem ser tão efetivas quanto drogas farmacêuticas.

A ação da fitoterapia no organismo depende da composição química das


plantas. Desde o século XVIII, durante o qual os cientistas começaram a
extrair e isolar as substâncias químicas, as plantas e os seus efeitos eram
utilizadas de acordo com o tipo e quantidade de seus ingredientes ativos.

A busca de princípios ativos de extratos de plantas foi de importância


fundamental porque permitiu o desenvolvimento de medicamentos
essenciais.

Tubocurarina, é o princípio ativo usado no relaxamento muscular mais


poderoso, é derivado da planta chamada curare (Chondrodendron
tomentosum) e a morfina, o analgésico mais potente, é a partir do látex da
papoula ou ópio (Papaver somniferum). A cocaína outro anestésico é
derivada da planta da coca (Erythroxylum coca). Hoje uma das plantas mais

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antigas, Ginkgo, promove a melhora na circulação do sangue, sendo muito


utilizado pela indústria farmacêutica. O quinino (derivado da Cinchona), é
usado contra a malária; a digoxina (gênero Digitalis) que atua em problemas
no coração, ou efedrina (gênero Ephedra), que é encontrado em muitos
compostos contra resfriados.

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HISTÓRIA DA UTILIZAÇÃO DAS ERVAS

Pessoas em todos os continentes têm usado centenas de milhares de plantas


para o tratamento de doenças desde a era pré-histórica. A primeira
documentação do uso de plantas como agentes de cura foram retratados nas
pinturas rupestres descobertas nas cavernas de Lascaux, na França, que
datava para entre 13.000-25.000 AC. As ervas medicinais foram encontradas
em pertences pessoais de um homem do gelo, cujo corpo foi congelado nos
Alpes suíços por mais de 5.300 anos. Estas ervas parecem ter sido usadas
para o tratamento contra parasitas intestinais. A antropologia tem a teoria de
que os animais desenvolveram uma tendência em encontrar partes de plantas
amargas em resposta à doença.

Curandeiros indígenas muitas vezes afirmaram ter aprendido observando os


animais doentes que mudavam as suas preferências alimentares para ervas
amargas que normalmente rejeitavam.

Pesquisas de campo têm fornecido evidências corroborando com base na


observação de diversas espécies, como os chimpanzés, galinhas, carneiros e
borboletas. Os gorilas têm 90% de sua dieta baseada dos frutos de
Aframomum melegueta, um parente do gengibre, que é um antimicrobiano
poderoso. Pesquisadores da Ohio Wesleyan University descobriram que
alguns pássaros selecionavam material de nidificação rico em agentes
antimicrobianos que protegem seus filhotes das bactérias patogênicas.

Os animais doentes tendem a ingerir plantas forrageiras ricas em metabólitos


secundários, como taninos e alcalóides. Uma vez que estes fitoquímicos têm
propriedades antiviral, antibacteriana, antifúngica e anti-helmíntica.

Alguns animais têm sistema digestivo especialmente adaptado para lidar


com toxinas de certas plantas. Por exemplo, o coala pode se alimentar das

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folhas e brotos de eucalipto, uma planta que é tóxica para a maioria dos
animais. Uma planta que é inofensiva para um determinado animal pode não
ser seguro para os seres humanos. A suposição é que essas descobertas eram
tradicionalmente coletadas pelos curandeiros das tribos indígenas, que
passavam a informação sobre a segurança e precauções para a utilização
dessas ervas.

O uso de ervas e especiarias na culinária foi desenvolvido em parte como


uma resposta à ameaça de patógenos aos alimentos. Estudos mostram que
em climas tropicais, onde os agentes patogênicos são mais abundantes, as
receitas são mais temperadas. Além disso, as especiarias com a atividade
antimicrobiana mais potente tendem a ser escolhidas.

O estudo das ervas teve inicio a mais de 5.000 anos com o sumérios, que
descreveram usos medicinais das plantas, tais como louro, cominho e
tomilho. No Egito antigo de 1000 A.C. era utilizado ópio, alho, mamona,
coentro, hortelã, anil e outras ervas medicinais. No Antigo Testamento são
mencionados o uso de ervas e o cultivo, tais como a mandrágora, ervilhaca,
cominho, trigo, cevada e centeio.

A medicina indiana Ayurveda tem usado ervas como o açafrão,


possivelmente por volta de 1900 A.C. Muitas ervas e outros minerais
utilizados na Ayurveda foram posteriormente descritos pelos antigos
herbalistas indianos como Charaka e Sushruta durante o primeiro milênio
antes de Cristo.

O livro chinês “Primeira Ervas”, compilados durante a Dinastia Han, mas


que remonta a uma data muito anterior, possivelmente 2700 AC, enumera
365 plantas medicinais e seus usos.

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Os antigos gregos e romanos fizeram uso medicinal de plantas. Hipócrates


defendeu o uso simples de alguns fitoterápicos, junto com o repouso e dieta
adequada. Galen, por outro lado, recomendava grandes doses de misturas de
drogas, incluindo plantas, animais, minerais e especiarias. O médico grego
elaborou o primeiro tratado europeu sobre as propriedades e usos das plantas
medicinais, The Materia Medica. No primeiro século D.C., Dioscorides
escreveu um compêndio de mais de 500 plantas que continuou sendo uma
referência oficial para o século 17.

Importante para herbalistas e botânicos de séculos mais tarde, foi o livro


grego que fundou a ciência da botânica, History Plantarum, escrito no século
IV A.C. por Teofrasto. O uso de ervas para tratar a doença é quase universal
entre as sociedades não industrializadas. Uma série de tradições passaram a
dominar a prática da fitoterapia no final do século XX:

• O clássico sistema de fitoterapia, baseada em fontes grega e romana,

• O Siddha e sistemas de medicina ayurvédica em vários países do Sul


da Ásia,

• Fitoterapia chinesa,

• Medicina Unani-Tibb,

• Shamanismo: maior parte da América do Sul e do Himalaia.

Muitos dos fármacos atualmente disponíveis para os médicos têm uma longa
história de uso como remédios à base de plantas, incluindo o ópio, a aspirina,
digitálicos e quinino. A Organização Mundial da Saúde (OMS) estima que
80 por cento da população do mundo atualmente utiliza as ervas medicinais
para algum tipo de cuidado primário à saúde. Produtos farmacêuticos são
proibitivamente caros para a maioria da população do mundo, metade dos

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quais vive com menos de 2 dólares por dia. Em comparação, os


medicamentos fitoterápicos podem ser cultivados a partir de sementes ou
recolhidos da natureza com pouco ou nenhum custo. Fitoterapia é um
componente importante em todos os sistemas da medicina tradicional, e um
elemento comum em Siddha, ayurvédica, homeopáticos, naturopatia e
medicina tradicional chinesa.

O uso e a procura por medicamentos e suplementos alimentares derivados


de plantas têm aumentado nos últimos anos. Farmacologistas,
microbiologistas, botânicos, naturais e químicos estão vasculhando a Terra
por fitoquímicos que poderiam ser desenvolvidos para o tratamento de várias
doenças. Na verdade, segundo a Organização Mundial de Saúde,
aproximadamente 25% das drogas modernas utilizadas nos Estados Unidos
foram derivadas de plantas.

Três quartos das plantas que fornecem ingredientes ativos para drogas são
utilizados na medicina tradicional. Entre os 120 compostos ativos atualmente
isolados de plantas superiores e amplamente utilizadas na medicina moderna
de hoje, 80% revelam uma correlação positiva entre a sua utilização
terapêutica moderna e o uso tradicional das plantas das quais derivam. Mais
de dois terços das espécies vegetais do mundo - pelo menos 35.000 dos quais
se estima que tenham valor medicinal - provêm dos países em
desenvolvimento. Pelo menos 7.000 compostos da farmacopéia moderna são
derivados de plantas.

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COMPROVAÇÃO BIOLÓGICA

Todas as plantas produzem compostos químicos como parte de suas


atividades metabólicas. Estes incluem metabólitos primários, tais como
açúcares e gorduras, encontrados em todas as plantas, e metabólitos
secundários encontrados em menor quantidade nas plantas, alguns mais
especializados são encontrados apenas em um gênero em particular ou
espécie. Alguns pigmentos protegem o organismo contra as radiações e usa
a exposição de cores para atrair agentes polinizadores. Muitos desses
pigmentos têm propriedades medicinais.

As funções dos metabólitos secundários são variados. Por exemplo, alguns


metabólitos secundários são toxinas utilizadas para evitar a predação, e
outros são utilizados para atrair insetos para a polinização. Fitoalexinas
protegem contra ataques de bactérias e fungos. Aleloquímicos inibiem
plantas que estão competindo por água, nutrientes e luz.

O perfil químico de uma única planta pode variar ao longo do tempo,


dependendo de como reage às condições do ambiente. São os metabólitos
secundários e os pigmentos que podem ter ações terapêuticas em seres
humanos e que pode ser purificado para produzir drogas. As plantas
sintetizam uma enorme variedade de fitoquímicos, mas a maioria é derivada
de um ou poucos ciclos bioquímicos.

Os alcalóides possuem um anel com nitrogênio, muitos causam danos sobre


o sistema nervoso central. A cafeína é um alcalóide que ocasiona uma
elevação rápida da atividade circulatória, mas os alcalóides da Datura
causam graves intoxicações e até morte.

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Os compostos fenólicos contem anéis de fenol. As antocianinas, que dão às


uvas sua cor roxa, as isoflavonas, os fitoestrógenos da soja e os taninos que
dão a sua adstringência ao chá são compostos fenólicos.

Terpenóides são construídos a partir de grupos de terpenos, cada terpeno


consiste de dois isoprenos emparelhados. Os monoterpenos, sesquiterpenos,
diterpenos e triterpenos são fundamentados no número de unidades de
isopreno. A fragrância da rosa e lavanda é devido aos monoterpenos. Os
carotenóides produzem as cores vermelhas, amarelas e laranjas do tomate,
milho e abóbora.

Glicosídeos são compostos por uma molécula de glicose ligada a uma


aglicona. A aglicona é uma molécula que é bioativa na sua forma livre, mas
inerte até que a ligação com o glicosídeo seja quebrada pela água ou por
enzimas. Esse mecanismo permite que a planta adie a utilização da molécula
para um momento oportuno.

Um exemplo é o cianoglicosideo em cereja que libera toxinas quando


mordida por um herbívoro. Outros exemplos são a inulina de raizes de dálias,
o quinino da quina, a morfina e a codeína da papoula e a digoxina da
dedaleira. O ingrediente ativo da casca do salgueiro, foi prescrito por
Hipócrates, é a salicina, que é convertida no organismo animal em ácido
salicílico. A descoberta do ácido salicílico acabaria por levar ao
desenvolvimento da forma acetilada do ácido acetilsalicílico, também
conhecido como “aspirina”.

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A SABEDORIA DO USO DAS ERVAS

A maioria dos especialistas admite que os medicamentos sejam mais eficazes


em situações de emergência onde o tempo é crucial para a resposta de cura.
Um exemplo seria o caso de um paciente com pressão arterial elevada onde
o perigo é iminente. No entanto, eles afirmam que as ervas a longo prazo,
podem ajudar o paciente a resistir à doença, e que, além disso, fornecem
suporte nutricional e imunológico que falta em produtos farmacêuticos. O
principal objetivo do uso das ervas esta na prevenção, assim como a cura.

Os usuários das ervas medicinais tendem a usar extratos de partes de plantas,


tais como as raízes ou folhas. A farmacêutica prefere ingredientes isolados
pelo motivo que a dosagem pode ser mais facilmente quantificada. A
Fitoterapia rejeita a utilização de um único ingrediente ativo, existe o
argumento que os diferentes fitoquímicos presentes nas ervas irão interagir
para aumentar os seus efeitos terapêuticos e diminuir a toxicidade. Além
disso, um único ingrediente pode contribuir para vários efeitos. O sinergismo
entre ervas não ocorre da mesma forma que as substâncias químicas
sintéticas.

Em casos específicos, o sinergismo e a multifuncionalidade das ervas tem


sido apoiado pela ciência. Os casos de sinergia podem ser generalizados,
com base na interpretação da história do uso das ervas pela sociedade, não
necessariamente partilhadas pela comunidade farmacêutica. As plantas estão
sujeitas à pressões seletivas iguais ao seres humanos e, portanto, devem
desenvolver resistência a ameaças tais como a radiação, oxidação e ataque
por microrganismos a fim de sobreviver. As defesas químicas foram
selecionadas durante a evolução, ao longo de milhões de anos. As doenças
humanas são devidas a muitos fatores e podem ser tratadas pela ingestão das
defesas químicas que estão presentes nas ervas. Microrganismos,

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inflamações, baixa qualidade nutricional e radicais livres podem ter


participação nos vários tipos de doenças.

Uma única erva pode tratar simultaneamente vários desses fatores. Da


mesma forma, como a presença dos radicais livres pode estar na origem de
mais de uma doença. Na Fitoterapia existe uma inter relação entre os
diversos fatores que cercam o sistema de cura, ao invés de uma busca por
uma única causa e uma única cura para uma única condição.

Na Fitoterapia o tratamento com ervas pode usar várias fórmulas que não são
aplicáveis aos farmacêuticos. Porque as ervas podem ser usadas em diversas
formas como chás, temperos ou crus que têm uma enorme aceitação pelos
consumidores e vários estudos epidemiológicos que comprovam sua
eficiência. Os estudos etnobotânicos são uma outra fonte de informação.
Quando uma determinada comunidade indígena em áreas geograficamente
dispersa usa como sistema de cura apenas as ervas, para algum tipo de
problema, que tem a sua cura comprovada, é tida como evidência de sua
eficácia. Os registros históricos médicos e etnobotanicos são recursos
subutilizados, o que favorece a utilização de informações convergentes na
avaliação do valor medicinal das plantas. Um exemplo seria quando os testes
“in vitro”, concordam com o uso tradicional.

Os remédios à base de ervas são muito comuns na Europa, na Alemanha, os


medicamentos à base de plantas são produzidos em boticários. As plantas
são preferidas por alguns como tratamento em relação aos medicamentos
químicos que são produzidos industrialmente.

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O USO DAS ERVAS NO BRASIL

A humanidade utiliza os vegetais para proteção da saúde e alívio de seus


males desde o princípio de sua existência na Terra, há muito tempo, as
plantas medicinais têm sido usadas como forma alternativa ou complementar
aos medicamentos da medicina tradicional. O seu uso na medicina popular e
a literatura etnobotânica têm descrito o uso dos extratos, infusões e pós de
plantas medicinais por vários séculos contra todos os tipos de doenças
(Vanden Berghe et al., 1986).

A utilização de plantas medicinais tornou-se um recurso terapêutico


alternativo de grande aceitação pela população e vem crescendo junto à
comunidade médica, desde que sejam utilizadas plantas cujas atividades
biológicas tenham sido investigadas cientificamente, comprovando sua
eficácia e segurança (Cechinel e Yunes, 1998).

É notável o crescente número de pessoas interessadas no conhecimento de


plantas medicinais, inclusive pela consciência dos males causados pelo
excesso de quimioterápicos causados no combate as doenças. Remédios à
base de ervas que se destinam as doenças pouco entendidas pela medicina
moderna – tais como: câncer, viroses, doenças que comprometam o sistema
imunológico, entre outras – tornaram-se atrativos para o consumidor
(Sheldon et al., 1997).

O uso de plantas medicinais pela população mundial tem sido muito


significativo nos últimos tempos. Dados da Organização Mundial de Saúde
(OMS) mostram que cerca de 80% da população mundial fez o uso de algum
tipo de erva na busca de alívio de alguma sintomatologia dolorosa ou
desagradável. Desse total, pelo menos 30% deu-se por indicação médica.

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A situação mundial ocorre da mesma forma no Brasil, que é um dos países


de maior diversidade genética vegetal, contando com mais de 55.000
espécies catalogadas (Nodari & Guerra 1999), entretanto, como
conseqüência da revalorização mundial do uso de plantas medicinais, a
pressão ecológica exercida sobre alguns desses recursos naturais tem sido
grande nos últimos anos colocando em perigo a sobrevivência de muitas
espécies medicinais nativas (Montanari Junior 2002). De acordo com
Sánchez e Valverde (2000) o comércio local de plantas medicinais leva à
deterioração de populações naturais, tanto quanto a pressão extrativista da
indústria farmacêutica.

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PLANTAS EM PERIGO

O relatório da ONG Plants for the Planet (http://www.bgci.org/), alerta para


o perigo que as plantas estão correndo, principalmente pela destruição do seu
habitat, as causas apontadas são extrativismo, a destruição das florestas e a
expansão da fronteira agrícola, dos pastos para criações animais e da
urbanização. O impacto causado nessas espécies afeta ainda as comunidades
que tem como fonte de medicamentos as plantas dessas regiões. Essas
milhões de pessoas ao redor do mundo confiam na medicina tradicional para
tratar doenças graves com plantas medicinais. A proteção dessas plantas não
só é importante para a saúde humana, mas para o ecossistema circundante e
também para a própria conservação da espécie.

Ainda de acordo com este relatório apenas 15% das drogas convencionais
são usadas em países em desenvolvimento. Por outro lado, 50 mil tipos de
vegetais (cerca de 20% das espécies conhecidas) são usadas hoje em
medicina tradicional.

Na China, em áreas rurais, o uso da medicina tradicional chega a 90%. Ao


mesmo tempo, de acordo com a Red List da ONG World Conservation
Union (UICN), o país tem quase 70% de suas espécies vegetais ameaçadas.

Estimativas recentes indicam que aproximadamente a cada quatro segundos,


um hectare de floresta tropical é perdido (Trankina, 1998). Segundo Beachy
(1992) 40% das florestas foram destruídas entre 1940 e 1980.

No Brasil não tem sido diferente, os seus maiores biomas, Cerrado,


Amazônia e Mata atlântica sofrem uma destruição cada vez maior. Em um
estudo recente que utilizou imagens do satélite MODIS do ano de 2002,
concluiu que 55% do Cerrado já foram desmatados ou transformados pela
ação humana (Machado et al., 2004), a floresta da Mata atlantica já perdeu

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mais de 93% de sua área (Myers et al., 2000) e menos de 100.000km2 de


vegetação remanescente. Na Amazônia mais de 67 milhões de hectares
(2004) já foram desmatados (Homma, 2005).

A exploração das empresas e a biopirataria também tem causado prejuízos


no Brasil, não somente à flora, mas principalmente ao conhecimento
tradicional da biodiversidade e aos povos tradicionais que dela dependem.

Uma das causas da degradação está no fato de que muitas plantas medicinais
são colhidas no seu meio natural, em vez de serem cultivadas, muitas plantas
são exploradas indevidamente por vendedores autônomos ou como são
conhecidos “raizeiros”. Estes por sua vez não têm o conhecimento necessário
sobre coleta ou conservação de plantas medicinais, assim como muitos tem
dificuldades de reconhecer uma planta de uso medicinal, comercializando
plantas sem eficácia comprovada ou plantas com identificação incorreta.
Além deste fator que coloca em risco a saúde de seus compradores, existe
outro problema que é o beneficiamento incorreto e o mau armazenamento
das plantas, pela possibilidade de contaminação com microrganismos e
insetos.

Soluções

As soluções a serem apresentadas para este problema são simples e eficazes,


embora necessite de uma união de esforços tanto do poder público quanto de
entidades civis e comunidade em geral.

O primeiro passo para se proteger as plantas medicinais em cada ecossistema


é fazer um levantamento para determinar quais são as plantas. Esse
levantamento deve ser feito nos ecossistemas presentes na região de atuação
e também na região urbana para se determinar quais plantas estão sendo
comercializadas na cidade.

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A Educação Ambiental no sentido de proteção das espécies deve ser a


principal ação de qualquer projeto conservacionista. Os coletores autônomos
devem ser capacitados tanto quanto a coleta dessas plantas no seu habitat,
quanto ao cultivo e beneficiamento dessas plantas, sempre no sentido de se
evitar o desaparecimento das plantas do seu local de origem.

O incentivo a pesquisa nas universidades locais, principalmente em relação


ao cultivo de espécies medicinais nativas deve ser incentivado, assim como
outros projetos como levantamento etnobotânico e identificação de espécies.
Deve se levar em consideração que para se proteger uma planta em perigo,
o uso de outras plantas em menor risco deve ser estimulado. A casca de uma
arvore, por exemplo, nunca deve ser fonte de coleta, a não ser que exista um
plano de manejo para cada espécie, pois as suas partes coletadas podem
deixar cicatrizes para a entrada de organismos que poderão destruir a planta
em poucos anos. Um outro exemplo seria a coleta de raízes, que pode levar
a extinção da espécie no local, pois assim se retira a principal forma de
desenvolvimento vegetativo da planta. As flores, frutos e sementes podem
ser retirados, mas somente a partir do momento que se iniciarem a
propagação em viveiros dessas espécies, pois assim o homem poderá
introduzir as plantas que estariam sendo propagadas pela dispersão das
sementes.

Políticas públicas e fiscalização devem andar juntas no sentido da


regulamentação da comercialização dessas plantas na venda informal no
município. A criação de reservas naturais de plantas medicinais silvestres e
a promoção do cultivo pelos agricultores locais também pode colaborar no
sentido de preservação. A garantia da não super exploração significa que as
plantas permaneceriam disponíveis para a comunidade local assim como
para os próprios coletores dessas plantas, mantendo contínua a sua fonte de
renda.
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A orientação sobre o uso das plantas medicinais, tem potencial para ser uma
grande força motivadora para a conservação da natureza. A melhoria da
saúde, uma fonte de renda e a manutenção de tradições culturais são
importantes para todos e devemos estar envolvidos em motivar as pessoas a
conservar as plantas medicinais e, por conseguinte, o habitat onde são
encontradas.

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FUNÇÃO DOS METABÓLITOS

Produtos naturais são os compostos químicos derivados de organismos


vivos, plantas, animais ou insetos. O estudo de produtos naturais é a
investigação de sua estrutura, a formação, utilização e efeitos no organismo.
Os produtos farmacêuticos derivados de produtos naturais são geralmente
metabólitos secundários e seus derivados.

A função destes compostos nos organismos e sua constituição ainda não é


bem compreendida, principalmente devido à falta de técnicas adequadas para
análise. Os produtos naturais que foram estudados e tenderam a ser utilizados
foram os que ocorreram em maior quantidade, principalmente em plantas, e
eram mais facilmente isoladas na forma pura, ou impura, pela forma como
as técnicas simples de destilação ou extração com ácido ou base eram
realizadas.

Anteriormente chás ou decocções (extratos aquosos), tinturas ou extratos


alcoólicos eram utilizados para preparar e administrar remédios
fitoterápicos, hoje são empregados diferentes solventes para extrair, como,
etanol, hexano para constituintes polares e metanol para constituintes
apolares. O isolamento e analise incluem modernas técnicas como todos os
tipos de cromatografia, muitas vezes orientado por bioensaios, para isolar os
compostos ativos.

Hoje, as estruturas são elucidadas principalmente pelas técnicas


espectroscópicas e estereoquimicas que são características importantes da
estrutura. O reino vegetal tem provido um grande numero de espécies com
grande variedade de produtos naturais com diversas estruturas químicas e
uma vasta gama de atividades biológicas, muitos dos quais tem aplicação nas
ciências da saúde (Kutney, 1999), esses produtos naturais são usados como
farmacêuticos, agroquimicos, flavorizantes, fragrâncias e aditivos em

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alimentos (Balandrin & Klocke, 1988). Com a finalidade de se adaptar às


injurias causadas por inimigos naturais, as plantas produzem um vasto
numero de produtos com potencial atividade antimicrobiana e
imunomodulatoria. Os metabólitos secundários despertam grande interesse,
não só pelas atividades biológicas produzidas pelas plantas em resposta aos
estímulos do meio ambiente, mas pela imensa atividade farmacológica
desses compostos (Mattos Alves, 2001).

A maioria dos compostos presentes nas plantas fazem parte do metabolismo


primário. Além desses, as plantas produzem uma grande variedade de
metabólitos secundários, os quais estão envolvidos na resistência contra
pragas e doenças, na atração de polinizadores, na interação com
microrganismos simbióticos entre outros (Verpoorte et al, 2000). Esses
metabólitos secundários encontram-se presentes em concentrações bem
menores nas plantas entre eles estão os isoflavonóides, fitoesteróis,
sesquiterpenos, alcalóides, glucanos, taninos, uma variedade de vitaminas e
minerais traços com função antioxidante e co-enzimas além de muitas outras
substancias (Williams, 2001).

A fragrância das plantas é apenas uma parte do óleo essencial, estes óleos
são altamente ricos em compostos (Cowan, 1999). Entre os primeiros
compostos puros foi descoberto a salicina, isolado da casca do salgueiro
branco (Salix alba). Foi posteriormente convertido para acido salicino
salicílico e ácido salicílico, através de hidrólise e oxidação, e demonstrou ser
eficiente como um antipirético (para reduzir a febre) que passou a ser
ativamente fabricado e utilizado em todo o mundo. O uso de ácido salicílico,
no entanto, começou a causar graves toxicidades gastrointestinais. Este
problema foi superado quando Felix Hoffmann da Bayer Company
converteu ácido salicílico em ácido acetilsalicílico (AAS), através de
acetilação. A Bayer, em seguida, começou a comercializar o AAS sob o
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nome comercial de aspirina em 1899. Hoje, a aspirina é uma das drogas mais
utilizada como analgésico e antipirético.

Os metabólitos secundários são formados por vários caminhos biossintéticos


que produzem moléculas dotadas de grande diversidade de estrutura e
grupamentos funcionais, como ácidos graxos (gorduras) e seus ésteres,
hidrocarbonetos, álcoois, aldeídos e cetonas, compostos acetilênicos,
alcalóides, compostos fenólicos e cumarinas. Os fenilpropanóides e
especialmente, os terpenóides são os principais constituintes que estão
envolvidos nas interações planta-inseto (Mattos Alves, 2001), em muitos
casos, essas substancias produzidas por plantas atuam no seu mecanismo de
defesa contra a predação por microorganismos, insetos e herbívoros
(Coutinho, 2004).

Os óleos essenciais são misturas complexas que podem conter 100 ou mais
compostos orgânicos, seus constituintes podem pertencer às mais diversas
classes de compostos, porém os terpenos e os fenilpropenos são as classes
de compostos mais comumente encontradas. Os terpenos encontrados com
maior freqüência nos óleos essenciais são os monoterpenos e sesquiterpenos,
bem como os diterpenos, constituintes minoritários dos óleos essenciais
(Castro et al., 2004).

Na maioria das plantas, a quantidade de carbono, nitrogênio ou enxofre


orgânicos presentes nos metabólitos secundários é muito baixo para que
sejam considerados como de reservas para o metabolismo primário. Hoje em
dia se sabe os metabólitos secundários são importantes para a interação da
planta com seu entorno.

As plantas estão constantemente expostas a numerosos patógenos


microbianos, principalmente fungos. Durante a evolução, algumas plantas
têm desenvolvido diversos sistemas para se defender de ataques de doenças,
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tais como sistemas de defesa constituídos por substancias antifúngicas,


polímeros estruturais resistentes aos patógenos e antibióticos.

Em nível estrutural, os compostos fenólicos são importantes para a defesa


constituída por polímeros lignina e suberina, que são sintetizados
rapidamente ao redor do local de infecção permitindo isolar o patógeno do
resto da planta. Este processo de lignificação induzido pela infecção faz parte
da resposta de defesa desenvolvida por cereais frente ao ataque de fungos.

Alem do mais, as plantas fazem uso de antibióticos sejam dos grupos dos
compostos fenólicos, dos alcalóides ou dos terpenóides. Diferentemente dos
sintéticos, os antibióticos naturais não têm um modo de ação espécie
específico, por exemplo, atacam as membranas celulares dos patógenos e
para que sejam efetivos, requerem altas concentrações na região a proteger.

Exemplos de antibióticos naturais são, dentro do grupo dos compostos


fenólicos, alguns isoflavonoides de leguminosas; dos terpenos estão os
sesquiterpenos tais como o capsidiol, sintetizado pela planta de tabaco. São
poucos os alcalóides que atuam como antibióticos, como a benzofenantridina
alcalóide escoulerina.

As plantas também utilizam os metabólitos secundários como agentes de


sinalização durante a interação com patógenos, após uma infecção com um
patógeno, algumas espécies vegetais, desenvolvem uma resistência contra
outros patógenos e pode ser transmitida de uma parte a outra da mesma
planta.

Um dos compostos relacionados a transmissão dos sinais é o ácido salicílico,


um metabolito formado a partir do ácido cinâmico. O ácido salicílico pode
metilar-se sendo assim volátil, permitindo ativar a resposta sistêmica
adquirida nas plantas vizinhas.

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Os metabólitos secundários também permitem atrair microorganismos


simbiontes, como no caso dos flavonóides que as leguminosas produzem
para atrair as bactérias fixadoras de nitrogênio.

As plantas apresentam uma interação complexa com os insetos, pois


precisam deles tanto para a polinização como também para defesa contra as
pragas. Na polinização os metabólitos secundários são utilizados como
pigmentos nas flores e como aromas para atração. Para se defender contra
insetos, alguns metabólitos atuam antes que o inseto pouse sobre a planta
para poder prová-la, por exemplo, alguns terpenóides voláteis. Ainda assim
cada espécie de inseto pode se adaptar as toxinas que as plantas produzem,
tornando a planta hospedeira daquele inseto. Existem outros insetos que se
beneficiam dessas substancias como, algumas espécies de mariposas que
utilizam alcalóides pirrolidina originado dos exudatos das plantas como
substrato para produzir seus próprios feromônios.

Os mamíferos e aves também possuem um importante papel como


polinizadores, dispersores de sementes, assim como podem causar danos às
plantas, que também fazem uso de seus metabólitos secundários para atrair
ou repelir aos animais, utilizando flores ou frutos aromáticos ou coloridos.
O monoterpeno limoneno principal responsável pelo aroma dos cítricos,
enquanto que o composto fenólico eugenol é característico do fruto do cravo.
São também utilizados como corantes de frutos, como o derivado do
composto fenólico naringenina presente nas uvas que é 500 vezes mais doce
que a sacarose.

Para se defender dos herbívoros, o mais comum é produzir simplesmente


substancias desagradáveis ao paladar, em alguns casos, essas mesmas
substancias podem ser agradáveis para os humanos e são utilizados como
aditivos para comidas, como os monoterpenos e compostos aromáticos

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produzidos pelas ervas e condimentos. As toxinas vegetais podem afetar a


eficiência na reprodução dos mamíferos, causam deformações em fetos em
desenvolvimento, como os alcalóides de solanáceas, ou que impedem a
ovulação, como a daidzeina que atua como estrógenos.

As plantas utilizam os metabólitos secundários tanto como herbicidas como


de moléculas de sinalização na interação com outras plantas. Muitos destes
metabólitos são tóxicos para as plantas e são utilizados para impedir o
crescimento de outras espécies vegetais (alelopatia), por exemplo, nogal
(Juglans nigra), que evita o crescimento de outras plantas a seu redor.

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METABOLISMO PRIMÁRIO DOS VEGETAIS

O metabolismo é o termo usado descrever todas as reações químicas e as


interações que ocorrem em um sistema biológico, pode ser subdividido em
duas partes principais, o metabolismo primário fornece todas as ferramentas
necessárias a fim permitir a sobrevivência dos organismos, ou seja,
compostos que fazem parte dos processos anabólicos e catabólitos normais
que resultam na assimilação, na respiração, no transporte, no crescimento,
na reprodução, no desenvolvimento e na diferenciação. Os exemplos mais
comuns de compostos primários são os açúcares, os aminoácidos, os
nucleotídeos, etc. Os metabólitos tipicamente primários são encontrados em
todas as espécies dentro de todos os agrupamentos filogenéticos, e
produzidos através do mesmo caminho.

Os metabólitos primários e os secundários não podem ser diferenciados


quanto a sua estrutura química, molécula precursora ou origem biossintética.
Na ausência de una diferença entre os tipos de metabólitos quanto a sua
estrutura ou composição bioquímica, se leva em conta a sua função, de forma
que são metabólitos primários aqueles que participam na nutrição e
processos metabólicos essenciais para a planta, e os metabólitos secundários
são os que permitem interações ecológicas da planta com seu ambiente.

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METABÓLITOS SECUNDÁRIOS

Alguns metabólitos secundários só estão presentes em determinadas espécies


e cumprem uma função ecológica específica, como por exemplo, atrair os
insetos para transferir-lhes o pólen ou a animais para que estes possam
consumir seus frutos e assim poder disseminar suas sementes. Também
podem atuar como pesticidas naturais de defesa contra herbívoros ou
microorganismos patogênicos, além de agentes alelopáticos (responsáveis
por favorecer a competição com outras plantas), também podem sintetizar
metabólitos secundários em resposta a dano em algum tecido da planta,
assim como proteção para a luz UV e outros agentes físicos agressivos,
incluindo como sinais para a comunicação entre plantas com
microorganismos simbiontes.

Existem metabólitos secundários que tem estruturas ou origem similar aos


primários, exercendo funções semelhantes, como por exemplo, o ácido
caurenóico e o ácido abiético, ambos formados por uma seqüência de reações
enzimáticas semelhantes. O ácido caurenóico é considerado um metabólico
primário porque é um intermediário essencial na síntese de giberelinas
(hormônio), o ácido abiético é um componente da resina de alguns grupos
de Fabaceae e Pinaceae, sendo por tanto um metabolito secundário.

Outro exemplo é a prolina, considerada como um metabolito primário,


análogo ao ácido pipecólico, um alcalóide. A lignina é um polímero
estrutural essencial da madeira e é o segundo composto mais abundante nas
plantas depois da celulose, considerado mais um metabolito secundário que
primário, pois para as plantas não vasculares, a lignina não é um composto
essencial na sua sobrevivência.

O metabolismo secundário, geralmente, não é utilizado para executar


funções celulares vitais, entretanto, estes produtos são frequentemente

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necessários para a sobrevivência da planta no ecossistema. Muitos


metabólitos secundários exibem funções anti patogênicas, são específico de
uma planta e/ou do tecido. Além disso, os produtos secundários das plantas
compreendem uma riqueza de compostos interessantes para o ser humano,
pois tem grande aplicabilidade por seus efeitos terapêuticos.

Existe grande quantidade de tipos de metabólitos secundários em plantas e


podem ser classificados segundo a presença ou não de nitrogênio na sua
composição. Os três grupos de metabólitos secundários mais importantes em
plantas são os terpenos (um grupo dos lipídios), compostos fenólicos
(derivados dos carboidratos) e os alcalóides (derivados dos aminoácidos,
principais constituintes das proteínas). Os terpenos derivam do isopentenil
difosfato (IPP) e se conhecem 25.000 estruturas. Os alcalóides, em torno de
12.000, contem um ou mais átomos de nitrogênio e derivam principalmente
dos aminoácidos.

Aproximadamente 8.000 compostos fenólicos são provenientes das vias


biossintéticas do shikimato ou do malato/acetato. Muitos são importantes
como toxinas ou inibidores de alimentação e assim podem contribuir à
sobrevivência da planta. Há três tipos químicos de metabólitos secundários:

Terpenos

Os terpenos representam uma das maiores e mais diversas classes de


metabólitos secundários com pelo menos 55.000 compostos. A enorme
diversidade estrutural representada por esta classe de produtos naturais
possui um grande numero propriedades biológicas como, anti-câncer e anti-
malária.

São importantes componentes vegetais que tem origem biossintética comum,


todos, com estruturas químicas muito distintas, procedentes da condensação

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em número variável de unidades isoprênicas. Os terpenos são difundidos na


natureza, principalmente nas plantas constituintes de óleos essenciais.

Do ponto de vista farmacêutico, os grupos de princípios ativos de natureza


terpênica mais interessantes são: monoterpenos e sesquiterpenos
constituintes dos óleos essenciais, derivados de monoterpenos
correspondentes aos iridóides, lactonas sesquiterpênicas que formam parte
dos princípios amargos, alguns diterpenos que possuem atividades
farmacológicas de aplicação a terapêutica e por último, triterpenos e
esteróides entre os que se encontram as saponinas e os heterosideos
cardiotônicos.

Como outros lipídios, estes não são solúveis na água, muitos terpenos são
hidrocarbonetos, mas são encontrados também contendo compostos
oxigenados tais como álcoois, aldeídos ou cetonas (terpenóides).

Os terpenos são compostos formados por repetições de uma molécula de


cinco átomos de carbono chamada isopreno, são classificados pelo número
de unidades de isopreno que os compõem. Têm fórmula molecular (C5H8)n,
e são agrupados pelo número dessas subunidades: monoterpenos (2),
sesquiterpenos (3), diterpenos (4), triterpenos (6), tetraterpenos (8), além dos
politerpenos e dos meroterpenos. Alguns terpenos são partes do metabolismo
preliminar: os ácidos giberélico e o ácido abscísico são reguladores do
crescimento da planta. Alguns exemplos de monoterpenos são: pineno,
nerol, citral, cânfora, mentol, limoneno. Os exemplos dos sesquiterpenos
são: nerolidol, farnesol. Os exemplos dos diterpenos são: fitol, vitamina A1.
O esqualeno é um exemplo de um triterpeno, e o caroteno (provitamina A1)
é um tetraterpeno.

O isopreno (hemiterpenos), são as estruturas mais simples, é um volátil


produzido pelos tecidos fotossintéticos, alguns cientistas acreditam que o
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isopreno são produzidos por certas plantas para fazer frente às altas
temperaturas. O isopreno por sua vez, participa em certa parte na produção
do ozônio.

A rota biossintética se inicia por condensação de moléculas de AcCoA


(acetilcoenzima A), dando acetoacetil-CoA na qual se condensa com outra
molécula de AcCoA originando 3-hidroxi-3-metilglutaril-CoA. Este
composto se reduz para converter-se em ácido mevalônico (3,5-dihidroxi-3-
metilvaleriânico) e posteriormente por fosforilação e descarboxilação, em
isopentenilpirofosfato (IPP), no qual, por isomerização da lugar a dimetilalil-
pirofosfato (DAMPP), composto altamente reativo.

A condensação, mediante união destes dois últimos compostos origina o


geranil-pirofosfato (GPP) que possui 10 átomos de carbono e é precursor de
um grande número de princípios ativos vegetais (monoterpenos, iridiódes,
alguns alcalóides, etc). A conexão a este GPP de novas unidades de IPP
origina moléculas de maior peso molecular, aumentando o número de
carbonos de cinco em cinco: sesquiterpenos (C-15), diterpenos (C-20),
triterpenos (C-30), etc.

Sesquiterpenos

Formados por três moléculas de isopreno, muitos sesquiterpenos aparecem


nos óleos essenciais, muitos atuam como fitoalexinas (antibióticos
produzidos pelas plantas em resposta ao ataque de microorganismos) e como
agentes repelentes de herbívoros. Têm a fórmula molecular C15H24, podem
ser acíclicos ou conter anéis, podendo ter várias combinações.

Acíclico: quando o geranil pirofosfato reage formando o farnesil pirofosfato


de 15 carbonos que é um intermediário na biosintese dos sesquiterpenos tais

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como o farneseno. A oxidação pode então fornecer sesquiterpenóides tais


como o farnesol.

Monocíclico: com o comprimento da cadeia dobrada, o número de formas


possíveis que a ciclização possa ocorrer é aumentado também e podendo
existir uma grande variedade de sesquiterpenos cíclicos. São encontrados no
zingibereno, um constituinte do óleo do gengibre; cariofileno do óleo de
cravo-da-índia. A insaturação adicional fornece sesquiterpenóides biciclicos
aromáticos tais como o vetivazuleno e o guaiazuleno.

Triciclicos: com a adição de um terceiro anel, as estruturas possíveis tornam-


se cada vez mais variadas. Os exemplos incluem o longifoleno, o copaeno e
o patchoulol.

Monoterpenos

Formados por duas moléculas de isopreno, os monoterpenos são os


componentes das essências voláteis das flores e dos óleos essenciais das
ervas especiarias, podem constituir até 5% do peso seco da planta.

Os óleos essenciais contêm os monoterpenos temporários que são


armazenados nos pelos glândulares da epiderme em um espaço modificado
da parede celular. São divididos em Iridóides (iridano, secoiridóides),
compostos encontrados na: valeriana, genciana, verbena e Piretrinas
(inseticida, piretrinóides, piretróides).

São usados nos perfumes e aromatizantes nos alimentos, os exemplos são:


hortelã (mentol), limão (limoneno) e manjericão. A planta Arabidopsis tem
também tais pelos glandulares, como a maioria outras de plantas. Em
algumas plantas os terpenos temporários são emitidos depois que insetos que
se alimentam da planta, atraem os inimigos naturais que consomem ou
parasitam os insetos herbívoros. Os piretróides da espécie Chrysanthemum
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são inseticidas monoterpenos, são pesticidas muito utilizados porque têm


baixa persistência ambiental e baixa toxicidade para os mamíferos (DL50 =
elevado).

Diterpenos

Consiste de quatro moléculas de isopreno, a este grupo pertencem o fitol (que


faz parte da estrutura das clorofilas), hormônio giberelina, ácidos resinosos
de coníferas e espécies de leguminosas, fitoalexinas e numerosos
metabólitos farmacologicamente importantes, como no caso do taxol, um
agente anticancerígeno encontrado em baixas concentrações (0,01% do peso
seco), e a forscolina, um composto utilizado para tratar o glaucoma.

As resinas contêm diterpenos, quando os canais que contem resina são


perfurados, o liquido da resina obstrui fisicamente esses canais abertos, e
serve também como um impedimento químico à alimentação. A resina
polimeriza (os diterpenos se ligam) na exposição ao ar e aos selar as feridas
nas plantas. Alguns herbívoros evoluíram na alimentação dessa resina,
superando a toxicidade do composto na defesa da planta. As resinas das
coníferas contêm monoterpenos, e os besouros da madeira evoluíram na
habilidade de metabolizar os monoterpenos principais e assim se tornaram
especialistas neste tipo de alimentação. Contém giberelinas, dafnetoxina,
mecerina, o Taxol que é um diterpeno da planta Taxus brevifolia é uma droga
anticâncer nova e potente.

Triterpenos

Composto por seis moléculas de isopreno, a este grupo pertencem os


brasinosteroides (hormônios vegetais), os fitoesteróis que compõem as
membranas celulares, algumas fitoalexinas e compostos que formam parte
das ceras (que cobrem e protegem os frutos, ácido oleanóico das uvas).

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Também chamados saponinas, seu nome vem do latin sapo, saponis que
significa sabão pois possuem propriedades tensoativas, ao dissolver-se em
água e por agitação formam espuma persistente, tem propriedades
detergentes. Muitas possuem propriedades hemolíticas pois alteram a
permeabilidade das membranas celulares resultando ação tóxica para
animais de sangre frio. Por esta razão, algumas plantas que contem estes
princípios ativos, tem sido empregadas desde a antiguidade na arte da pesca.
Entretanto não são todos os saponideos cumprem estas características.

São classificados em Saponídeos (heterosídeos, tensoativo,


monodesmosídeo, bidesmosídeo, espermicida, edulcorante, glicirricina,
sapogeninas, diosgenina, hecogenina); Heterosídeos (cardiotônicos,
cardenolídeos, bufadenolídeos) e Esteróides (ecdiesteróis, limonóides,
cuasinóides).

Asclepias curassavica (paina-de-sapo) contem triterpenos. As borboletas


monarca se alimentam do néctar e acumulam a toxina, que é encontrado nas
asas, as borboletas são conseqüentemente tóxicas aos predadores tais como
pássaros. O óleo de neem contem um triterpeno que tem toxicidade muito
baixa para os mamíferos. Age impedindo a alimentação dos insetos, em
baixas concentrações 50 partes por bilhão ou ppb (50/1.000.000.000), e é
usado como um inseticida. A Digitalis possui um triterpeno que retarda os
batimentos cardíacos do músculo do coração.

Tetraterpenos

Formados por oito moléculas de isopreno, são os carotenóides, compostos


muito importantes de nossas dietas, são pigmentos que possuem funções
importantes na fotossíntese. Seus principais constituintes são: cromóforo,
caroteno, xantofila, licopeno, betacaroteno, luteína, violaxantina,
neoxantina, retinol (pimenta, açafrão).

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Politerpenos

Consiste de oito moléculas ou mais de isopreno, neste grupo encontramos a


plastoquinona e a ubiquinona, que são moléculas antioxidantes que
participam na cadeia transportadora de elétrons na fotossíntese e na
respiração celular respectivamente. A borracha é um politerpeno, feito de
1.500 a 15.000 unidades do terpeno. São partículas pequenas suspensas em
um líquido (látex), que são encontrados nos vasos lactíferos, situado na
casca interna da seringueira.

Meroterpenos

São moléculas mistas que levam na sua composição isopreno, por exemplo,
a vincristina e a vinblastina, que são alcalóides com propriedades
anticancerígenas, contem fragmentos de terpenoides na sua estrutura. Outros
exemplos são os hormônios vegetais citoquininas e alguns fenilpropanoides
que contem cadeias de isopreno, alem de muitas proteínas que se unem por
ligações covalentes a cadeias de isopreno.

Óleos essenciais

Os óleos essenciais são misturas de monoterpenos e sesquiterpenos voláteis


(mentol, anetol, geraniol, etc). Estão presentes em grandes quantidades em
alguns grupos de plantas, por exemplo na família Lauracea (canela, alcanfor)
ou na ordem Rutales (cítricos e gêneros afins).

Essas substancias são normalmente líquidas, que apresentam uma


característica: sua volatilidade, por isso são extraídas em corrente de vapor
de agua. São os responsáveis pelo odor das plantas, são obtidos a partir de
materia prima vegetal, através de arrastre por vapor ou por procedimentos
mecânicos a partir do epicarpo, como nos Citrus, ou por destilação seca. O
óleo essencial se separa posteriormente da fase aquosa por procedimentos

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físicos nos dois primeiros modos de obtenção, pode passar por tratamentos
físicos que não originem trocas importantes na sua composição.

Entre as principais ações dos óleos essenciais cabe destacar a antiséptica,


antiespasmódica, expectorante, carminativa, eupéptica, etc. É preciso
lembrar que alguns óleos essenciais, sobretudo em doses elevadas, são
tóxicos, principalmente sobre o sistema nervoso central. Outros, como a
arruda possuem propriedades abortivas, outros também podem ocasionar
problemas tópicos, irritação ou alergias.

Alguns óleos essenciais presentes nas plantas

Felandreno: sementes de Piper nigrum.

Pineno: resina de Pinus sp.

Mentol: folhas de Mentha piperita.

Geraniol: pétalas de Rosa sp.

Citronelol: folhas de Cymbopogom nardus.

Santalol: madeira de Santalum sp.

Alcanfor: casca do tronco de Cinnamomum sp.

Aldehido cinâmico: casca e madeira de Cinnamomum (canela).

Eugenol: botões florais de Eugenia caryophyllata.

Eucaliptol: folhas de Eucalyptus sp.

Anetol: fruto de erva doce (Pimpinella anisatum), anis estrelado (Illicium


verum).

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Existem variadas formas de células vivas que secretam um grande numero


de substâncias para o exterior (secreção exotrofica) ou para dentro de
cavidades intercelulares (secreção endotrofica). O material secretado pode
conter sais, látex, graxas, lipídios, flavonóides, açucares, gomas, mucilagens,
óleos essenciais e resinas. Os tricomas presentes na superfície da folha e
outros tecidos de secreção são responsáveis pela produção destes compostos.

Óleos essenciais acompanhados ou não de resinas ou gomas, são comumente


encontrados em estruturas secretoras especiais tanto na superfície ou no
tecido da planta. O tipo de estrutura é especifica para a família ou espécie. A
sálvia (Salvia sclarea L., Lamiaceae) possui glândulas secretoras nos
tricomas do cálice.

A estrutura secretora mais simples é uma célula secretora que se distingue


das células não secretoras, pode ser mais largo que outras células ou pode
ser coberta por uma fina camada de cutícula. Este tipo de célula é encontrada
em diferentes tipos de tecidos de plantas como no rizoma e córtex do
gengibre (Zingiber officinale Roscoe, Zingiberaceae), são glóbulos de óleo
na membrana da célula secretora.

As cavidades secretoras são estruturas mais ou menos esféricas que podem


se originar das células do parênquima, que pode formar lacunas entre as
células ou uma célula pode se desintegrar e deixar uma cavidade dentro do
tecido. Esses espaços são preenchidos com células secretoras ou um epitélio,
que produz o óleo essencial, em plantas que produzem muito óleo muitas
camadas destas células secretoras são formadas. Essas cavidades podem se
alongar ou se unir a outras células. Superfície superior da folha da camomila
romana (Chamaemelum nobile (L.) All., Asteraceae) com glândulas
secretoras e tricomas não secretores.

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Dutos secretores são cavidades alongadas que podem se transformar em


redes se estendendo desde as raízes passando pelo caule até chegar às folhas,
flores e frutos. São formados por um epitélio que cobre a cavidade central.
Essas cavidades podem ser encontradas nas familias Apiaceae
(Umbelliferae), Asteraceae (Compositae), Clusiaceae (Hypericaceae) e
Pinaceae.

Óleos essenciais obtidos de células epidermais obtidos de flores não são


secretados por meio dos pelos, mas por glândulas difundidas através do
citoplasma, das paredes celulares e da cutícula. A produção de óleos
essenciais destas espécies geralmente é baixo como a rosa (Rosa sp.,
Rosaceae), acacia (Acacia sp., Fabaceae) e jasmim (Jasminum sp.,
Oleaceae).

Os tricomas glandulares são pelos epidermais modificados e podem ser


encontrados cobrindo folhas, caule e partes de flores como no cálice em
varias plantas da família Lamiaceae, como a lavanda (Lavandula sp.),
manjerona e orégano (Origanum sp.), e hortelã (Mentha sp.).

Compostos fenólicos

A maioria destes compostos faz parte da parede celular, são muitos os


compostos fenólicos que servem para proteger a planta, proporcionar uma
dureza para a madeira, dar a cor da flor ou contribuir para os sabores e
odores. Estas e outras funções são essenciais para a sobrevivência das plantas
vasculares, 40% do carbono orgânico presente na biosfera está na forma de
compostos fenólicos vegetais que derivam principalmente das vias
biossintéticas do shikimato ou malato/acetato.

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Alguns são solúveis em água outros não, são derivados do ácido shikimico
que é o caminho usado pelas plantas para produzir os três aminoácidos
aromáticos (fenilalanina, tirosina e triptofano).

Esses três aminoácidos são nutrientes essenciais nas dietas animais, porque
os animais não têm como sintetizar essas substâncias. O Glifosato (herbicida
do Roundup) mata as plantas obstruindo uma etapa na conversão do ácido
shikimico. A maioria dos fenóis é derivada do aminoácido fenilalanina. Os
compostos fenólicos, incluindo taninos e flavonóides, contêm um grupo
fenol, que é um anel aromático do benzeno mais um grupo hidroxila (OH).
Os flavonóides têm pelo menos dois anéis, quando os taninos forem
polímeros de unidades flavonóide.

As fitoalexinas são uma classe de agentes antimicrobianos que são definidos


por sua função biológica e não por sua estrutura. Algumas fitoalexinas, como
o resveratrol e a pinosilina pertencem ao grupo dos fenóis. O estilbeno é um
fenol encontrado no vinho (Vitis vinifera), amendoim (Arachis hypogea), e
pinho (Pinus sylvestris).

A planta transgênica de tabaco expressa a resistência aumentada aos


patógenos através da sinterização do estilbeno. Todos os vegetais, como
produto de seu metabolismo secundário, são capazes de biossintetizar um
elevado número de compostos fenólicos, alguns dos quais são indispensáveis
para suas funções fisiológicas e outros são de utilidade para defender-se ante
situações de estresse (hídrico, luminoso, etc). Apesar de que todos eles
apresentam uma estrutura fenólica, núcleo aromático que contem um grupo
hidroxílico livre ou substituído, se diferenciam de outros compostos que
também possuem esta estrutura fenólica (monoterpenos), em sua origem
biossintética.

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Os compostos fenólicos se originam principalmente através de duas rotas


biossintéticas: a ruta do ácido shikímico, através a síntese de aminoácidos
aromáticos (fenilalanina, tirosina), a dos ácidos cinâmicos e seus derivados
(fenóis, ácidos fenólicos e derivados, cumarinas, lignanos e derivados do
fenilpropano), e a rota dos poliacetatos pelo qual se originam quinonas,
xantonas, orcinóis, etc. Ao mesmo tempo, alguns dos compostos fenólicos
se originam de rotas mistas que combinam a via do shikimato e do acetato,
como por exemplo dos flavonóides, ou que surgem através da combinação
da via do mevalonato, origem dos compostos terpênicos, com a via do
shikimato (furano e piranocumarinas, etc.).

A lignina é um composto fenólico e é a substância orgânica mais abundante


nas plantas após a celulose. Ocorre nas paredes grossas do xilema e do
esclerênquima, fornece a rigidez e a força, e é considerado o fator principal
para as plantas permitindo a colonização da terra seca. A lignina é um
impedimento físico à alimentação porque reveste as células com celulose e
os outros polímeros, reduzindo a sua digestibilidade. É produzida em
resposta à infecção ou ao ferir-se, seja nas paredes do xilema ou do
esclerênquima. Há um interesse em usar a engenharia genética para
modificar a maneira que as plantas sintetizam a lignina, para tornar mais fácil
de remover a lignina da polpa da madeira e aumentar a digestibilidade das
espécies forrageiras.

Estes compostos são classificados de acordo com a sua origem.

Via shikimato:

Lignanos

Isoflavonoides: fitoalexinas, rotenoides, genisteína

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Neoflavonoides

Antocianósidos: pelargonidol, cianidol, delfinidol

Taninos

Flavonoides: flavonas, flavanonas, biflavonoides, chalconas, heterósidos,


flavanoídicos, citroflavonoides, hesperósido, rutósido

Derivados do fenilpropano: estirilpironas, estilbenoides, flavonoides,


isoflavonoides, xantonas;

Furanocumarinas: psoraleno, bergapteno, xantotoxina, aflatoxinas

Via acetato:

Quinonas;

Antraquinonas;

Orcinoles;

Compostos fenólicos alergizantes;

Cumarinas: esculósido, visnadina.

Nos ramos, troncos e sementes as ligninas reforçam as paredes celulares


especificas, permitindo suportar o próprio peso em terra e transportar água e
minerais desde a raiz até as folhas. Os lignanos podem variar desde dímeros

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a grandes oligômeros, ajudam a se defender de patógenos ou atuam como


antioxidantes em flores, sementes, frutos, caules, folhas e raízes. Os tecidos
suberizados contem cascas de substancias estruturais hidrofóbicas
(alifáticas) e hidrofílicas (fenólicas). Presente nos troncos, raízes e
determinados tecidos peridérmicos, essas substancias estruturais chamadas
suberinas, funcionam formando uma barreira protetora que limita os efeitos
da dissecação pelo contato com o ar e do ataque de patógenos.

Os flavonóides constituem um grupo atomicamente diverso com mais de


4.500 compostos. Entre eles estão as antocianinas (pigmentos),
proantocianidinas ou taninos condensados (repelente de herbívoros e
protetores da madeira), e isoflavonoides (produtos de defesa e moléculas de
sinalização). As cumarinas, furanocumarinas e estilbenos protegem contra o
ataque bacteriano e de fungos patógenos, repelem herbívoros e inibem a
germinação das sementes. Muitos outros compostos fenólicos também
possuem um papel defensivo, ou sabores e odores característicos de cada
material vegetal.

Os lignanos, para os humanos tem funções protetoras para a saúde, como o


secoisolariciresinol e o matairesinol, constituintes comuns de certas plantas
como Forsythia intermedia, vegetais e grãos, durante a digestão, as bactérias
intestinais convertem o secoisolariciresinol e o matairesinol em enterodiol e
enterolactona respectivamente. O enterodiol e a enterolactona são
responsáveis por prevenir e reduzir substancialmente as taxas de incidência
de cânceres de próstata e de mama.

Os flavonóides estão presentes principalmente nos vacúolos na maioria dos


tecidos vegetais e podem ser encontrados na forma de monômeros, dímeros
ou grandes oligômeros. Outros participam nas interações planta-animal,
como nas cores das flores e frutos, os quais normalmente funcionam para

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atrair os polinizadores e dispersores das sementes possuem antocianinas


presentes nos vacúolos celulares, tais como as pelargonodinas (laranja,
salmão, rosa e vermelho), as cianidinas (magenta e cresol), e as delfinidinas
(púrpura, malva e azul). Outros flavonóides como as flavonolas, as flavonas,
chalconas e auronas, também contribuem para a definição da cor.

Os compostos fenólicos das plantas contribuem com fragrâncias e sabores às


comidas e produtos industriais. Os capsaicinóides, como a capsaicina, são
responsáveis pelas propriedades irritantes das pimentas vermelhas e que os
piperinóides dão o sabor característico a pimenta negra. Os sabores da canela
e do gengibre são derivados do cinamato e do gingerol, respectivamente. Por
outro lado, os alifenoles estabelecem os sabores e odores característicos ao
óleo de cravo, habitualmente utilizado nos tratamentos de dores de dentes.
A vanilina, procedente das sementes de vanila, é extensamente utilizada em
confeitaria.

Os compostos fenólicos também dão aroma, sabor e cor a muitas bebidas, o


ácido clorogênico, protetor contra ataque da superfície de alguns vegetais,
constitui aproximadamente 4% do peso seco do grão de café. As folhas do
chá verde escuro contem outros fenóis tais como catequinas e outros taninos
que dão o sabor característico na bebida. A maioria das bebidas que são
consumidas seriam compostas basicamente de água se não tivessem na sua
composição compostos fenólicos como a vainilina, ácido ferúlico, taninos,
etc.

Flavonóides

Os Flavonóides são os compostos fenólicos que podem ser empregados por


plantas como atraentes visuais e olfativos. Os animais são usados por estas
plantas para a polinização e a dispersão das sementes. As antocianinas são
os flavonóides que são fontes da maioria das cores vermelhas, cor-de-rosa,

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roxas e azuis nas partes das plantas. A epiderme das folhas de todas as plantas
contem flavonóides que protegem da radiação ultravioleta (280-320
nanômetros). Estes compostos absorvem a luz na escala de ultravioleta, mas
permitem que a luz visível passe interruptamente para a fotossíntese.

Determinados flavonóides, como por exemplo, o kaempferol, pode prover a


planta proteção frente à radiação UV-B. Outros podem atuar como atraentes
de insetos, como no caso da isoquercitina, um fator implicado no
reconhecimento das espécies hospedeiras. Outros flavonóides como as
proantocianidinas dão sabor desagradável a certas partes da planta atuando
como repelentes de herbívoros. A apigenina e luteolina servem como
moléculas sinalizadoras nas interações simbióticas entre as leguminosas e as
bactérias fixadoras de nitrogênio. Por outro lado, os isoflavonoides estão
implicados em induzir resposta de defesa perante o ataque de fungos na
alfafa e outras espécies vegetais.

Os flavonóides possuem qualidades farmacológicas e protetoras para a


saúde, alguns regulam o sistema imune e as respostas inflamatórias, também
existem aqueles com qualidades anticancerígenas, antivirais, antitóxicas e
protetoras do fígado.

Existe um considerável interesse no uso dos isoflavonoides para a prevenção


do câncer, os isoflavonoides daidzeina e genisteina, os quais estão presentes
na soja, reduzem substancialmente a probabilidade da manifestação dos
cânceres de mama ou próstata em humanos.

Taninos

São flavonóides polimerizados, são usados para curtir o couro das peles
animais porque se ligam às proteínas que são suscetíveis ao ataque
microbiano, preservando as peles. As cascas das árvores são as principais

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fontes comerciais dos taninos. Os Taninos são toxinas que em geral reduzem
o crescimento e a sobrevivência dos herbívoros. Os repelentes que ligam
proteínas salivarias de alguns animais, e as concentrações elevadas dos
taninos nas plantas, ajudam a reconhecer o perigo de intoxicação e são
geralmente evitadas pelo gado e pelos cervos. Os taninos da planta se ligam
as proteínas nos sistemas digestivos dos herbívoros, que podem ter um efeito
negativo na nutrição. Os roedores e os coelhos lidam com os taninos
produzindo as proteínas salivares que têm uma afinidade elevada com os
taninos, diminuindo seu efeito tóxico. As maçãs, as amoras, o chá, e o vinho
vermelho contêm taninos, que fornecem um nível desejável de adstringência
(uma sensação de seca ou de enrugamento na boca).

ALCALÓIDES

Os alcalóides são os metabólitos secundários contendo nitrogênio que têm


potentes efeitos farmacológicos em animais vertebrados porque atravessam
as membranas celulares rapidamente. O átomo do nitrogênio nos alcalóides
é geralmente parte de um anel heterocíclico. Os alcalóides são assim
nomeados porque o grupo do nitrogênio geralmente é carregado
positivamente, tornando a molécula básica ou alcalina.

Alguns autores classificam entre alcalóides verdadeiros, protoalcalóides e


pseudoalcalóides. Os primeiros são compostos de origem vegetal, com
nitrogênio heterocíclico, com caráter básico e procedente de aminoácidos.
Os protoalcalóides são aminas simples, com nitrogênio não heterocíclico,
também com caráter básico e formados biogenéticamente a partir de
aminoácidos e os pseudoalcalóides tem as propriedades dos alcalóides mas
sua origem não seria a partir de aminoácidos.

São conhecidos mais de 12.000 alcalóides desde que se descobriu a morfina,


aproximadamente 20% das espécies de plantas com flor produzem alcalóides

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e cada uma destas espécies acumula alguns tipos de alcalóides. A planta


gasta nitrogênio e energia para produzir estas moléculas, mas em troca
adquire capacidade para defender-se (predadores, patógenos, competição e
proteção frente a danos ambientais).

A nicotina, é produzida pela planta de tabaco para intoxicar os insetos e


outros organismos, a nicotina foi um dos primeiros inseticidas utilizados pelo
homem. Outra toxina bastante efetiva contra os insetos é a cafeína, que se
encontra nas sementes e folhas de cacau, café, cola, erva-mate e chá verde.
A concentração presente no café ou chá verde que consumimos, a cafeína é
capaz de matar quase todas as larvas de Manduca sexta, praga do tabaco em
menos de 24 horas. Por outro lado, as batatas em germinação, produzem o
alcalóide solanina que é uma substancia tóxica.

A nicotina, é um estimulante do sistema nervoso central, e passa para o


cérebro mais rapidamente do que a heroína ou a cafeína e é a droga mais
psicologicamente ativa usada por seres humanos. O café, o chá e o chocolate
todos contêm a cafeína, que também age como um diurético suave. A cafeína
imita o sentimento produzido pelo hormônio adrenalina. O ópio, a morfina,
e a codeína são todos os alcalóides encontrados no látex da papoula. As
sementes da papoula contêm pouco alcalóide e podem ser usadas na
alimentação.

A heroína sintetizada da morfina foi desenvolvida na tentativa de encontrar


uma formula que não causasse dependência à morfina. A heroína é mais
eficiente em causar o vicio porque cruza as membranas celulares mais
rapidamente do que a morfina. A cocaína, um alcalóide da planta da coca,
foi usada originalmente pelos nativos andinos do Peru, que mastigavam as
folhas. A cocaína foi usada em uma vez tratar o alcoolismo e a depressão.

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Um italiano desenvolveu um vinho da coca que se tornou extremamente


popular. A coca-cola, que conteve originalmente a cocaína e a cafeína, foi
desenvolvida como um tratamento para a enxaqueca. Em 1904, a inclusão da
cocaína tornou-se ilegal, mas as folhas da coca, com a cocaína removida, são
usadas ainda como flavorizantes no xarope de que a cola é feita.

Vincristina e Vinblastina são alcalóides importantes isolados do


Catharanthus roseus. Ambos são antineoplasicos usado para tratar a doença
de Hodgkin e outros linfomas. São de grande importância econômica.

Os alcalóides de acordo com sua ação farmacológica podem ser empregados


como: depressores, estimulantes, simpaticomiméticos, simpaticolíticos,
anticolinérgicos, gangliopléjicos, curarizantes, anestésicos, antifibrilantes,
antitumorais, antipalúdicos, amebicidas.

Podem ainda ser classificados de acordo com a molécula de origem:

Derivados da ornitina e lisina:

Tropânicos: atropina, hiosciamina, escopolamina, cocaína (beladona,


estramônio, coca);

Pirrolizidínicos: borrago, tussilago, eupatório, Petasites hybridus, Crotalaria


retusa;

Quinolizidínicos: chuva-de-ouro, altramuz, Huperzia serrata;

Indolizidínicos;

Piperidínicos: lobelia, cicuta, pimenta.

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Derivados da fenilalanina e tirosina.

Fenetilaminas: efedra;

Isoquinoleínicos: fenetilisoquinoleínas (cólchico), isoquinoleín-


monoterpenos (ipecacuanha), curares, aporfinoides (boldo);

Protoberberina: coroa de Cristo, celidônia, amapola;

Morfinanos, morfina, codeína, papaverina: dormideira, ipecacuanha.

Derivados do triptófano:

Triptaminas: Virola elongata;

Ergolinas, ergotamina.

Derivados da histidina: jaborandi.

Derivados do metabolismo terpênico:

Indolmonoterpênicos (quinina): vinca, quina;

Diterpênicos: acônito;

Alcalóides esteroídicos: batata.

Derivados do ácido nicotínico: tabaco, areca.

Bases púricas (cafeína, teofilina): café, cacau, cola, erva mate, guaraná.

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Tabela 1. Relação de alcalóides com suas fontes vegetais e aplicações.

Alcalóide/Fonte vegetal/Aplicação
Ajmalina Rauwolfia serpentina Anti-arrítmico, inibe a captação de glicose
pelas mitocôndrias das células do coração.
Atropina (hiosciamina) Hyoscyamus niger Anti-colinérgico, antídoto
contra o envenenamento por gás nervoso.
Cafeína Coffea arabica Estimulante do sistema nervoso central.
Camptotecina Camptotheca acuminata Potente agente anti-cancerígeno
Cocaína Erythroxylon coca Anestésico tópico, potente estimulante do
sistema nervoso central, bloqueador adrenérgico, tóxico se utilizado em
excesso.
Codeína Papaver somniferum Analgésico relativamente antitussígeno.
Coniína Conium maculatum O primeiro alcalóide sintetizado,
extremamente tóxico, causa paralisia das terminações nervosas motoras,
utilizado na homeopatia em baixas doses.
Colchicina Gloriosa superba Potente veneno que leva a morte em poucas
horas.
Dicotralina Crotalaria retusa Acaba com o apetite e faz com que os animais
andem sem rumo.
Emetina Uragoga ipecacuanha Emético por via oral, agente amebicida.
Mimosina Leucaena leucochephala Poderoso abortivo causa gastrite e
morte de embriões.
Morfina Papaver somniferum Potente analgésico narcótico, droga causa
vicio.
Nicotina Nicotiana tabacum Altamente tóxico, causa paralisia respiratória,
inseticida para a horticultura.

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Pilocarpina Pilocarpus jaborandi Estimulante periférico do sistema


parassimpático, utilizado para tratar o glaucoma.
Ricina Ricinus communis Purgante gástrico.
Quinina Cinchona officinalis Antimalárica tradicional, importante para
tratar cepas de Plasmodium falciparum que são resistentes a outros agentes
antimaláricos.
Sanguinarina Eschscholzia californica Agente anti-bacteriano com
atividade anti-placa, utilizado em pastas de dentes e enxaguantes bucais.
Scopolamina Hyoscyamus niger Potente narcótico, utilizado como
sedativo.
Estrichnina Strychnos nux-vomica Violento veneno anti tetânico, veneno
para ratos, utilizado em homeopatia.
Tubocuranina Chondrodendron tomentosum Relaxante muscular,
utilizado como adjuvante para anestesias.
Vinblastina Catharanthus roseus Antineoplásico utilizado para tratar a
síndrome de Hodgkin e outros linfomas.

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